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Baudrillard: A Precessão dos Simulacros

O início da leitura se dá com o capítulo A Precessão dos Simulacros que irá abordar os
seguintes tópicos:

- A Irreferência Divina das Imagens;


- Ramsés ou A Ressurreição Cor-De-Rosa;
- Hiper-real e Imaginário;
- O Encantamento Político;
- A Negatividade em Espiral - Moebius;
- A Estratégia do Real;
- O Fim do Panóptico;
- O Orbital e O Nuclear;

Baudrillard introduz este capítulo com uma fábula de Borges, que conta que uma vez os
cartógrafos do Império desenham um mapa, que de tão detalhado acaba por cobrir toda a
extensão do território, sendo que ele mesmo não pode mais ser reconhecido. Porém com a
queda do Império, o mapa se fragmenta de tal modo que restam apenas alguns vestígios, que
podem ser encontrados nos desertos.

Esta fábula, da forma que está, pode ser discretamente inserida como um simulacro de
segunda categoria¹. Veja que, neste caso, é possível abstrair o conceito de "território" a partir
do conceito de "mapa". Ou seja, o território precede, necessariamente, o mapa, sendo
impossível que o mapa exista sem ele. De certo, há um relacionamento entre os dois, porém é
possível distinguirmos um do outro, de tal maneira que sabemos o que é um e o que é outro.
Se formos abstrair ainda mais, podemos chegar ao solo, que é a substância do território.

Porém, em nosso tempo a coisa acontece de maneira diferente. Há uma inversão dos papéis.
Se antes o território precedia o mapa, hoje é o mapa que precede o território. Isto porque a
simulação perdeu a sua referência - ela não simula alguma coisa a partir de outra. A simulação
agora acontece em modelos de geração de um real sem origem, e visto que este real simulado
não tem origem, não há exatamente uma realidade, o que há é o que Baudrillard chama de
hiper-real - ou seja, não é que a coisa seja falsa, mas é o que o real nunca mais poderá ser
produzido novamente.

Observe que aquilo que precede o mapa não é mais o território, mas sim o simulacro. É o
simulacro que "cria" o território que satisfaça ao mapa, cobrindo, aos poucos, os últimos
fragmentos do real. Os vestígios do real ainda subsistem no deserto, que não é mais o deserto
do Império, mas o nosso deserto. O deserto do próprio real².

Desta forma a fábula não pode ser mais utilizada. Perceba que os simuladores coincidem o real
com os seus modelos de simulação de tal maneira que não conseguimos mais perceber as
diferenças. A diferença, que antes permitia a abstração das coisas, já não existe. É o fim da
coexistência imaginária. Segundo Baudrillard, a simulação é indivisível, ou seja, não
coexistência simulada. O real é produzido a partir de memórias, matrizes e de modelos de
comando. A partir daí, pode ser reproduzido infinitamente.

Estes modelos combinatórios são o próprio hiper-real. Todos os seres referenciais são
exterminados, não há real, nem uma única verdade, além da volta do sistema de signos, são
características do início da era da simulação.

Os signos, que podem ser medidos e calculados, inseridos em sistemas binários e modelos de
álgebras, são utilizados em modelos combinatórios para substituir e dissuadir o seu sentido
real pelo seu duplo equivalente, ,ou seja, aquilo o signo também poderia representar, além do
próprio real. Enfim, há uma substituição do significado real do signo para um outro significado
e isto acontece de forma programática, como se fosses modelos gerados através de máquinas
e computadores, onde o real de um signo vai sendo substituído pelo seu equivalente, e
quando isto acontece o real é destruído para nunca mais ser recuperado.

A Irreferência Divina das Imagens


Afinal de contas, o que é simular? Segundo palavras de Baudrillard "Simular é fingir ter o que
não se tem". No contexto de sua filosofia, não é tão simples definir o termo "simular", tanto é
que Baudrillard vai se valer de exemplos para elucidar o que ele quis dizer com isto.

Pois "simular" não é simplesmente "fingir" ter o que não se tem, pois você pode fingir
qualquer coisa, como por exemplo, fingir que está doente e faltar ao trabalho. No caso da
simulação, você não finge: você simplesmente passa a sentir os sintomas de uma doença real,
ou seja, temos aí a doença simulada.

O grande problema na simulação é como saber o que é verdadeiro e o que é falso? Visto que
os simuladores podem produzir sintomas "verdadeiros", como a medicina - que só trata de
doenças "reais" - poderá distinguir se aquilo que o seu paciente diz sentir é real ou imaginário?
Enfim, ela não sabe! Neste contexto, a medicina perde totalmente o seu sentido.
É baseado na afirmação acima que a psicossomática irá investigar o que passa com estas
pessoas. Recentemente, numa palestra, eu ouvi um médico afirmar que mais de 90% das
doenças têm origem psicossomática, ou seja, são simuladas pela mente de seu criador
(simulador).

Outro exemplo citado por Baudrillard é do alistamento no exército. Teoricamente os


simuladores deveriam ser punidos, mas como saber se um reservista, para escapar de suas
obrigações militares, é homossexual ou apenas simula ser homossexual? Afinal, ele "tem" as
mesmas características de um homossexual "verdadeiro". Pela impossibilidade de saber, ela
acaba dispensado.

Na religião, um bom exemplo de simulacro de divindade são os ícones, que representam


simbolicamente deuses e outras crenças. O que estes ícones podem representar para a religião
monoteísta? Na própria bíblia, há um trecho que Deus proíbe as imagens nos templos
sagrados, isto porque os ícones sustentam o seu próprio poder de vislumbre, substituindo a
possibilidade de se conhecer um Deus puro.

Ou seja, estes ícones tem a propriedade de afirmar que Deus nunca existiu, pois seu poder de
fascínio é tão grande que o que existe é o ícone e a simulação de sua própria divindade. Neste
caso, o ícone prova que Deus é um simulacro de si mesmo. A proibição da religião cristã de não
manter estes ícones em templos é justamente por saber que estes não apenas fingem ou
disfarçam religiosidade, mas são simuladores perfeitos de divindade, e por isto mesmo são
objetos de adoração!

Perceba que quem deu força e poder a estes ícones foram as pessoas que sempre foram
contra ao seu uso, pois enquanto eles eram combatidos e mal vistos ele foi adquirindo um
potencial de simulador. Pois qual é era a força de um ícone enquanto ninguém citava nada a
respeito dele? Pois as pessoas que se contentavam com o ícone estavam simplesmente
satisfeitas em se encontrar com o seu deus num pequeno objeto e não estavam fazendo nada
demais, ainda que estes deus já estivessem mortos e a transcendência já não servia para nada.
Ou seja, para que cultuar estes tipos de deuses, representados por ícones?

Vemos que as imagens têm a propriedade de aniquilar o real e gerar o seu próprio real. Para a
religião monoteísta, os signos podem nos remeter a um sentido - o que representa a troca de
um signo por um significado - porém o próprio Deus pode ser simulado, visto que para
conhece-lo, devemos reduzi-lo aos próprios signos que o provam. Wittgenstein já havia
levantado esta questão antes, ao dizer que jamais deveríamos falar das coisas que não
conhecemos, pois teríamos que reduzi-las à meros objetos e palavras, e que esta combinação
de palavras jamais poderia provar a existência do que não conhecemos, visto que as coisas que
estão no absoluto não podem ser relativizadas. Assim sendo, tudo isto faz parte de um grande
simulacro, pois jamais poderemos saber o que é real. O que ocorre é a substituição de um
simulacro por outro simulacro num processo infinito que faz com que percamos todo o
referencial.

Na simulação, o papel do signo não é valorizar ou dar um significado, mas de reverter e


aniquilar toda a referência. Toda a representação é um simulacro.

Para finalizar, Baudrillard irá apresentar as sucessivas fases da imagem:

Representar um segredo, uma ideologia uma teologia da verdade:

1) Reflexo de uma realidade profunda. Ou seja, uma boa aparência. Do domínio do


sacramento.

2) Deformação de uma realidade profunda. Nesta caso, temos uma má aparência. Do domínio
do malefício.

Inicia a fase dos simulacros e simulações:

3) Disfarce da ausência de uma realidade profunda. Finge ser uma aparência. Do domínio do
sortilégio.

4) Não tem relação com qualquer realidade. É o seu próprio simulacro puro. Do domínio da
simulação.

Quando chega no estágio final, temos a passagem de signos que dissimulam alguma coisa para
signos que dissimulam que não há nada. E aí surgirá uma série de problemas visto que Deus já
não está lá para reconhecer os seus, e aí quem dá sentido para as coisas é a nostalgia. Daí
temos a sobrevalorização dos mitos de origem e da verdade, que inicia a fabricação
desenfreada de realidades e de referenciais. Isto desencadeia a fase máxima da simulação, que
é o hiper-real, ou seja, diversas realidades coexistem como uma macro estratégia de dissuasão
do real.

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