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Curitiba
Junho de 2017
O texto "Sonata Dialética" contido no livro “O Som e o Sentido” de José Miguel
Wisnik, descreve o desenvolvimento da sonata como forma, bem como o seu processo de
“construção” a partir da oposição de temas melódicos e fatores harmônicos contrastantes.
Após uma introdução sobre a transformação do papel da música em relação ao público,
Wisnik trata de aspectos mais técnicos sobre as partes constituintes da forma sonata.
1
WISNIK, José Miguel. O Som e o Sentido: Uma Outra História das Músicas. São Paulo. Cia das Letras,
2001. p.151.
material temático e harmônico para a construção de variações, multiplicação de temas e
construção de desenvolvimentos mais amplos, por exemplo. Tudo isso torna o esquema
das sonatas tão variado. A forma sonata é “a integração exaustiva das partes ao todo,
portada aqui pelas novas possibilidades abertas pela tonalidade em música, que permite
um encadeamento cerrado e progressivo de materiais diferentes.”2
O autor cita o filósofo alemão Hegel3 que deu uma definição do sistema tonal ao
escrever sobre a definição da música em oposição às artes plásticas. Hegel escreveu sobre
o desenvolvimento dos temas e como estes geram outros temas e se sucedem, se
transformam, aparecem e desaparecem, gerando um conteúdo maior por causa dessas
relações.
Após uma breve citação a Mozart (1756 - 1791) e sua obra (Fantasia K475), o
autor discorre amplamente sobre Beethoven (1770 – 1827). Sua primeira fase
composicional teve grande influência de Haydn (1732 – 1809), porém em meados de
1804, ocorrem as primeiras manifestações do que o autor chama de “imensa expansão”,
presentes na Terceira Sinfonia (“Heróica”) e a Sonata op. 53 (“Waldstein”). O
desenvolvimento, com Beethoven, atinge um nível de centro da obra (sendo que
anteriormente era uma pequena parte da sonata), conservando os temas através da
modificação dos mesmos ao longo da peça.
2
WISNIK, José Miguel. O Som e o Sentido: Uma Outra História das Músicas. São Paulo. Cia das Letras,
2001. p.152.
3
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (Stuttgart, 27 de agosto de 1770 – Berlim, 14 de novembro de 1831).
temático, em mi maior, tem uma textura coral e mostra-se mais definido. O contraste
entre os dois temas servirá como matéria ao desenvolvimento.
Beethoven não parou por aí. Em sua terceira fase ele levou essa expansão a
maiores níveis, dominando completamente o código tonal, apesar da completa surdez. Os
exemplos que o autor traz são a grande fuga do Quarteto op.133 e o último movimento
da Sonata op.106 (“Hammerklavier”), onde Beethoven utilizou-se do encontro da
homofonia e da polifonia. O autor também cita o Scherzo vivace do Quarteto op.135 onde
o roçar do arco nas cordas em um rápido ritmo faz transcender o limite da fragilidade do
instrumento.