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“No Paraíso não existe nem ética e nem política; somente estética” (N. Berdjaev)
Às vezes é difícil calar, porque os ritos, palavras, gestos e imagens que nos
rodeiam não estão semeados de beleza e, portanto, não convidam ao silêncio.
A beleza não consiste em adornar artificialmente as coisas, mas em descobrir
nelas a dimensão da eterni-dade. Escondido no mais profundo da realidade
existe um pulsar de beleza; basta que o coração o vislumbre por um instante,
para que o silêncio o inunde.
A beleza não obriga ao silêncio; limita-se a convidar a ele.
Para uma pessoa recolhida e pacificada, a beleza torna-se eloqüente. Ela começa a falar.
Um artista pode escutar o que a pedra lhe fala, quando ela ainda não é estátua. Outras pessoas, atentas e
silenciosas, poderão depois ouvir o que a estátua vai lhes falar, vai lhes contar dos segredos do mundo.
Assim, criando ou contemplando a arte, a existência é tocada por ela.
A obra de arte tem poder para comunicar. Frente a uma obra de arte, um horizonte de sentido se abre
diante de nós. A obra de arte manterá aberta a questão do “sentido” para novos espectadores. Ela os
convida a sair de “seu próprio amor querer e interesse” cada vez que os surpreende.
Quando diante de uma escultura, uma tela, uma música, o espectador escuta
aquela fala, mesmo sem saber explicitar o que foi dito, ele se sente tocado,
mobilizado, e passa a ter uma relação de respeito para com aquela obra. Não é
a fala do artista, mas a “fala” daquilo que o artista possibilitou que fosse
compartilhado.
Diante da obra não se trata de tentar descobrir o que o artista quis dizer.
Talvez tenhamos de permanecer na pergunta: “o que a obra quis dizer por intermédio do
artista que, a serviço dela, fez esse dizer chegar até mim, que não sou artista?”
Na oração: O cristão se cala diante da beleza, mas, às vezes, guiado pelo Espírito que é o Silêncio, não
aguen-
ta e grita, louva, agradece...