Existem várias maneiras de se produzir materiais cerâmicos, porém todas
elas envolvem uma etapa de tratamento térmico a altas temperaturas (vulgarmente conhecido como queima), que promove a sinterização. A sinterização nada mais é do que a densificação do material devido á conversão de interfaces entre partículas do pó cerâmico em contornos de grão (a maioria dos materiais cerâmicos é constituída por cristais minúsculos separados por fronteiras que denominam-se contornos de grão).
Figura 1-Processo de sinterização.
Os corpos cerâmicos antes da queima que promove a sinterização são
extremamente quebradiços. A resistência mecânica destes é adquirida após o processo, que será mais eficiente quanto maior for a redução da porosidade, ilustrada na Figura 1. A resistência mecânica de um corpo é medida a través da tensão de ruptura, que á a força que se aplica até a ruptura (quebra da corpo) por unidade de área (válido ressaltar que tensão e pressão são coisas diferentes, inclusive tensão é uma grandeza tensorial, enquanto pressão é uma grandeza escalar, embora ambas possuam a mesma unidade de medida, que é o pascal, porém toda esta discussão acerca de mecânica dos sólidos está além do escopo deste texto). A equação 1, proposta por Rishkewitch [1] fornece a variação da tensão de ruptura com a porosidade (que pode ser medida pelo volume total de poros). σ é a tensão de ruptura, k uma constante que varia para cada material, e P é a porosidade. Observa-se decréscimo exponencial com o aumento da porosidade, mostrando o quão importante é a redução da mesma. Em decorrência desta importância, torna-se necessária a existência de técnicas para medir a porosidade. 𝜎 = 𝜎0 𝑒 −𝑘𝑃 (1)
Estas técnicas utilizam-se do princípio de Arquimedes e de densimetria.
O que mede-se é a fração volumétrica de poros abertos (a grande maioria dos poros forma uma rede de poros abertos). A técnica consiste em deixar um corpo de prova cerâmico imerso em água por vinte e quatro horas (ou em água fervente por um tempo menor). Este corpo deve ser pesado logo após a queima, antes de ser colocado na água, obtendo- se a massa seca Ms, e logo após a retirada da água, obtendo-se a massa úmida Mu . A massa úmida é a soma da massa seca com a massa de água absorvida nos poros, logo, denotando-se por Vp o volume de poros, podemos escrever: 𝑀𝑢 = 𝑀𝑠 + 𝜌á𝑔𝑢𝑎 𝑉𝑃 (2) O corpo é então colocado dentro de um recipiente com água, preso a uma haste em contato com uma balança para que se meça o que se denomina peso imerso. O peso imerso é o peso do corpo (úmido) subtraído do empuxo que age sobre o mesmo. Assim é possível escrever: 𝑀𝐼 . 𝑔 = 𝑀𝑢 . 𝑔 − 𝜌á𝑔𝑢𝑎 . 𝑔. 𝑉𝑐 (3)
Onde Vc é o volume do corpo de prova.
Unindo-se a equação (2) com a equação (3), obtêm-se a fração volumétrica de poros: 𝑉𝑃 𝑀𝑢 − 𝑀𝑆 %𝑃 = = 𝑉𝐶 𝑀𝑢 − 𝑀𝐼