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Projeto Diretrizes

Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

Incontinência Urinária: Propedêutica

Autoria: Sociedade Brasileira de Urologia


Elaboração Final: 27 de junho de 2006
Participantes: D’Ancona CAL, Castro N, Sabaneff J, Querne FAO

O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal


de Medicina, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar
condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas
neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta
a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente.

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DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA:


Revisão da literatura.

GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA:


A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência.
B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência.
C: Relatos de casos (estudos não controlados).
D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos
fisiológicos ou modelos animais.

OBJETIVO:
Oferecer um guia prático, adequado à realidade brasileira, destacando as
melhores evidências disponíveis relacionadas à incontinência urinária:
propedêutica.

CONFLITO DE INTERESSE:
Nenhum conflito de interesse declarado.

2 Incontinência Urinária: Propedêutica


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INTRODUÇÃO

Devido à existência de diferentes tipos e graus de incontinência


urinária, portadores desta afecção apresentam sintomas e sinais co-
muns para cada tipo de incontinência. Infelizmente, pacientes que
apresentam esses sintomas freqüentemente são imprecisos em defi-
nir a natureza e a gravidade da perda urinária1(D). Por esse motivo, é
fundamental que se faça o diagnóstico preciso da incontinência urinária
e vários instrumentos podem ajudar no diagnóstico:

• História clínica;
• Exame físico;
• Exames complementares;
• Teste do absorvente;
• Diário miccional;
• Resíduo pós-miccional;
• Cistoscopia;
• Avaliação radiológica;
• Avaliação urodinâmica.

HISTÓRIA CLÍNICA

Sintomas de incontinência urinária são comuns nos idosos,


mas acometem indivíduos de todas as idades e de ambos os sexos. A
história da incontinência urinária deve informar aspectos relativos
ao início dos sintomas, freqüência, gravidade, hábito intestinal e
impacto na qualidade de vida2(D). A qualidade de vida pode ser
avaliada por diversas maneiras, mas somente questionários
psicométricos e auto-aplicáveis podem medir a condição e a pers-
pectiva do paciente. Questionários específicos em avaliar a Quali-
dade de Vida, em pacientes com incontinência urinária, traduzidos
e validados para a língua portuguesa são o “King’s Heath
Questionnaire” e o “International Consultation On Incontinence
Questionnaire -Short Form” (ICIQ – SF)3,4(C). Os fatores de riscos
que devem ser avaliados são: obesidade, paridade, fumo, ingestão de
líquidos, medicamentos que atuam no sistema nervoso central e no
trato urinário, hipoestrogenismo e cirurgia pélvica prévia, como se
pode observar na tabela 1. Outras condições que levam à inconti-
nência, que devem ser investigadas, são: infecções do trato urinário,
neoplasia vesical, litíase vesical, obstrução infravesical, fatores emo-
cionais e sinais que podem sugerir doenças neurológicas5(D).

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Tabela 1

FATORES DE RISCO PARA INCONTINÊNCIA URINÁRIA NA MULHER

FATORES PREDISPONENTES Sexo


Genéticos
Raça
Cultura
Neurológicos
Anatômicos
Status de colágeno

FATORES DESENCADEANTES Paridade


Cirurgias
Lesões de nervo pélvico ou
muscular
Radiação

FATORES PROMOTORES Disfunção intestinal


Irritantes dietéticos
Tipo de atividade
Obesidade
Menopausa
Infecção
Medicamentos
Estado de doença pulmonar
Estado de doença psiquiátrica

FATORES TRANSITÓRIOS e REVERSÍVEIS Idade


Delírio
Infecção
Vaginite atrófica
Ação medicamentosa
Distúrbios psicológicos
Poliúria
Capacidade de movimentação
limitada
Obstipação intestinal

Na avaliação do paciente idoso, devem-se EXAME FISÍCO


verificar os mesmos sintomas e sinais descritos
anteriormente, acrescidos de avaliação da fun- O exame físico do paciente com sinto-
ção cognitiva e comorbidades. mas de incontinência urinária inclui o exa-

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me do abdome, do dorso, da pelve e testes a atividades funcionais motoras e sensitivas dos


neurológicos. membros e mãos. Deve ser avaliada a condição
da pele dos genitais e região perineal. A pesqui-
Na criança, é necessário investigar a pre- sa do reflexo bulbocavernoso, anal, cremastérico,
sença de bexiga palpável, anomalias genitais, patelar e tendão de Aquiles é importante para
dermatite amoniacal, deformidades ósseas, ava- delimitar o nível da lesão8(D).
liação do dorso e membros inferiores.
EXAMES COMPLEMENTARES
A mulher deve ser examinada na posição de
litotomia e ortostática, de preferência com a bexi- Exame de urina com sedimentoscopia e
ga cheia1(D). A integridade do períneo e a força urocultura, dosagem de creatinina sérica e
muscular são pesquisadas. O exame vaginal é rea- glicemia devem fazer parte da avaliação de todo
lizado utilizando-se espéculo e a parede vaginal e paciente com incontinência urinária8(D).
colo uterino são avaliados. Importante investigar
a presença de sinais de atrofia vaginal, fístula e TESTES DO ABSORVENTE
cicatrizes. Deve ser inspecionada a parede vaginal
anterior para identificar a presença de cistocele e, Esse teste tem demonstrado sua importân-
na parede vaginal posterior, a retocele. Por meio cia na avaliação do volume de urina perdido em
do toque retal testa-se a força da parede vaginal determinado período. Diversos testes do absor-
posterior e a presença de retocele ou enterocele, vente de curta duração têm sido descritos, mas
bem como o tônus do esfíncter anal. Nesse mo- nenhum conseguiu aprovação. A causa é a
mento, é pesquisado o reflexo bulbocavernoso. O ausência de reprodução dos resultados, quando
fundo de saco vaginal, o colo uterino e os anexos reaplicado ao mesmo paciente. Testes de longa
devem ser palpados para verificar presença de duração, como de 24, 48 ou 72 horas, têm apre-
tumores ou outras alterações, o que constitui na sentado consistência nos resultados, quando
avaliação ginecológica completa. Este procedimen- reaplicado nos mesmos pacientes9(D). A prin-
to é mais fácil após esvaziamento da bexiga1(D). cipal razão do teste do absorvente é estimar a
As distopias vaginais devem ser avaliadas e classi- gravidade da incontinência. O absorvente deve
ficadas segundo recomendação da Sociedade ser pesado para estimar o volume de perda. Con-
Internacional de Continência6(D). Na presença sidera-se teste do absorvente positivo quando o
de cistocele de alto grau e prolapso uterino, a volume medido é superior a 8 gramas10(C).
redução para sua posição anatômica pode revelar Valores inferiores a esse não são considerados
incontinência urinária de esforço7(D). porque o aumento de peso do absorvente pode
ser devido à sudorese e/ou corrimento vaginal.
No homem, o exame perineal avalia a
presença de cicatrizes e atonia muscular. O DIÁRIO MICCIONAL
reflexo bulbocavernoso é pesquisado e, nesse
procedimento, avalia-se também a próstata. O diário miccional é um importante teste
que fornece informação imparcial sobre o ritmo
Nos pacientes com lesão neurológica, deve miccional do paciente, podendo ser confrontado
ser dada atenção ao estado mental do paciente e com a história clínica. Testes de validação têm

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Tabela 2

CLASSIFICAÇÃO DAS DISTOPIAS GENITAIS FEMININAS

OBSERVAÇÃO:
• O exame físico deve ser feito durante o esforço;
• A paciente deve confirmar que o grau de distopia obtido é o mesmo que ela observa em suas atividades
de rotina;
• O prolapso será expresso em centímetros acima (nº negativo) ou abaixo do hímen (nº positivo);
• Definem-se seis pontos de referência na figura.

Pontos de referência para classificação do prolapso genital (Aa, Ba, C, D, Ap, Bp), hiato genital (GH), corpo
perineal (PB) e comprimento total da vagina (YVL)
1. Ponto Aa: localizado na linha média da parede vaginal anterior, 3 cm acima do meato externo da uretra.
Em relação ao hímen, sua posição pode variar +3 cm a -3 cm.
2. Ponto Ba: localizado na parede vaginal anterior, no ponto mais distal em relação ao ponto Aa quando há
distopia. Na posição normal (sem prolapso), a posição do ponto Ba é de -3 cm e quando há prolapso
total, sua posição equivale ao comprimento total da vagina.
3. Ponto C: localiza-se na porção mais distal do colo uterino ou da cúpula vaginal, nos casos de
histerectomia total.
4. Ponto D: localizado no fórnice posterior da vagina, quando há útero. É descrito para diferenciar o prolapso
do alongamento hipertrófico do colo. Quando o ponto C está muito mais positivo do que o ponto D, há
indicação de alongamento do colo. O ponto D é omitido nas pacientes com histerectomia total.
5.e 6. Pontos Ap e Bp: análogos aos pontos Aa e Bb, porém situam-se na parede vaginal posterior.

CLASSIFICAÇÃO DO PROLAPSO GENITAL:


1. Estágio 0: não há prolapso (os pontos Aa, Ap, Ba, Bp estão em -3 cm e os pontos C e D estão entre o
comprimento vaginal total e o comprimento vaginal total menos 2 cm);
2. Estágio I: o ponto de maior prolapso está localizado até a 1 cm acima do hímen (-1cm)
3. Estágio II: a porção mais distal do prolapso está entre 1 cm acima e 1 abaixo do hímen (-1 cm a +1 cm)
4. Estágio III: a porção mais distal do prolapso está entre 1 cm abaixo do hímen (+1 cm), porém não se
desloca mais do que o comprimento vaginal da vagina menos 2 cm.
5. Estágio IV: inversão completa. A porção mais distal do prolapso desloca-se, no mínimo, o comprimento
total da vagina menos 2 cm.

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demonstrado que o diário de 24 horas é sufi- aumento dos custos médicos e que possam tra-
ciente para a maioria dos propósitos, mas no zer poucos benefícios em casos simples de in-
período de três dias é mais preciso. Estudo rea- continência, sugerindo que este método deva ser
lizado por sete dias demonstrou que o período reservado para pacientes com suspeita de doen-
dos três primeiros dias correlaciona-se bem com ças do trato urinário inferior15(D).
os quatro dias do final do teste, e concluiu-se
que o diário de três dias foi reproduzido e é sufi- AVALIAÇÃO RADIOLÓGICA
ciente para validar a informação coletada11(C).
Outro estudo demonstrou que o método é váli- Avaliação do trato urinário superior deve
do para medir sintomas de bexiga hiperativa em ser realizada em pacientes com incontinência
homens e mulheres12(C). Importantes variáveis urinária de origem neurológica e incontinên-
podem ser extraídas do diário miccional: o débito cia extra-uretral (fístulas e ureter ectópico),
urinário diurno e noturno, a capacidade vesical devido à elevada associação com alterações do
funcional, o número de micções durante o dia e trato urinário superior 16 (D). Casos com
a noite e o número de episódios de incontinência prolapso genital e retenção urinária crônica
urinária. também devem fazer avaliação do trato
urinário superior16(D), sendo o ultra-som o
RESÍDUO PÓS-MICCIONAL método preferido 2(D). Nos pacientes com
lesão neurológica, deve ser realizada também
Resíduo pós-miccional é utilizado como a cistouretrografia miccional com finalidade
medida de estimativa do esvaziamento vesical. de avaliar a presença de refluxo vésico-ureteral,
Pode ser medido durante exame de ultra-som sinais de bexiga de esforço, divertículo vesical,
ou por cateterismo vesical. O resíduo pós- refluxo para os ductos prostáticos e verificar
miccional é conhecido por ser pouco reprodutível a abertura do esfíncter uretral externo duran-
e variar no mesmo paciente em diferentes situ- te a micção.
ações. Menos que 50 ml de resíduo é conside-
rado normal, enquanto que resíduo urinário AVALIAÇÃO URODINÂMICA
superior a 200 ml é considerado inadequado,
devendo ser investigado13(D). A presença de Os principais objetivos do estudo
grande volume pós-miccional pode sugerir obs- urodinâmico são: determinar a causa dos sinto-
trução infravesical ou hipocontratilidade do mas, avaliar a função do detrusor e dos
detrusor. Investigações clínicas adicionais são esfíncteres e identificar fatores de risco para o
necessárias para confirmar o diagnóstico. comprometimento do trato urinário superior.

CISTOSCOPIA Avaliação Urodinâmica em Crianças


Incontinentes
Em estudo de mulheres incontinentes, a Em crianças com enurese noturna, a
investigação com cistoscopia demonstrou ou- avaliação urodinâmica deve ser realizada quan-
tros achados que levaram a uma mudança na do existirem outros sintomas urinários, além
conduta em 7% dos casos14(C). Outros autores da perda de urina durante o sono, ou nos casos
acreditam que o exame traz desconforto e de enurese noturna primária monossintomática

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que não apresentaram melhora após um ano não apresentam hiperatividade do detrusor na
com tratamento clínico17(D). avaliação urodinâmica20(C). Em 10% desses
casos, o estudo urodinâmico mostrou disfunção
Estudo em 47 pacientes adultos com enurese miccional ou dificuldade miccional com resí-
noturna primária mostrou que 93% apresenta- duo elevado (>100 ml)20(C). O tratamento
vam hiperatividade do detrusor e 73% demons- empírico, nessas pacientes, com medicação
travam obstrução infravesical funcional, como anticolinérgica poderia provocar retenção
incoordenação detrusor-esfincteriana, justifican- urinária. Deve ser salientado que o padrão-ouro
do a investigação urodinâmica em adultos com não está definido quando é feita a comparação
enurese noturna18(C). dos sintomas e avaliação urodinâmica21(C).

Recomendação: realizar avaliação urodi- Outro aspecto importante é se a avaliação


nâmica em crianças com enurese noturna com urodinâmica poderia predizer os resultados pós-
sintomas miccionais associados, na falha do tratamento. Em estudo controlado e alocado ao
tratamento da enurese noturna e na enurese acaso, comparando tratamento clínico de mu-
noturna e diurna. Todos os adultos com enurese lheres incontinentes, não se verificou diferença
noturna devem fazer estudo urodinâmico. nos resultados entre mulheres que realizaram
estudo urodinâmico ou não22(A). Estudo com
Avaliação Urodinâmica na Mulher In- 232 mulheres com incontinência urinária tra-
continente tadas cirurgicamente demonstrou melhor resul-
Na mulher incontinente, foi observado que tado entre as que realizaram estudo urodinâmico
quando a única queixa é perda de urina aos es- prévio 23(C). Mulheres com incontinência
forços e consegue-se verificar a perda de urina urinária de esforço que apresentam contração
durante o exame físico, a avaliação urodinâmica do detrusor fraca ou ausente durante a micção
confirma o diagnóstico de incontinência urinária (menor que 12 cmH2O) têm maior chance de
de esforço em mais de 90% dos casos19(D). retenção urinária após tratamento cirúrgico uti-
Quando existe outro sintoma além de inconti- lizando técnica de “sling”24(C).
nência urinária de esforço, a proporção de mu-
lheres com diagnóstico urodinâmico de incon- A pressão de perda sob manobra de esforço
tinência urinária de esforço diminui para cerca tem sido utilizada para classificar o tipo de incon-
de 60%16(D). Estudo em mulheres com sinto- tinência urinária de esforço na mulher, sendo pre-
mas do trato urinário inferior mostrou que ape- dominante por hipermobilidade uretral ou insufi-
nas 27,5% das mulheres com hiperatividade do ciência esfincteriana intrínseca. Com a difusão
detrusor apresentavam sintomas de aumento da do tratamento da incontinência urinária de esfor-
freqüência e urgência miccional20(C). Inversa- ço pela técnica de “sling”, esta classificação perdeu
mente, os sintomas urinários também não se um pouco sua importância. Esse método conti-
correlacionam com o diagnóstico urodinâmico. nua a ser de grande valia para o diagnóstico da
Alguns autores têm sugerido que mulheres com incontinência urinária de esforço25(C).
bexiga hiperativa podem ser tratadas sem ne-
cessidade de avaliação urodinâmica. Porém, cer- A avaliação urodinâmica deve ser reali-
ca de 50% das mulheres com bexiga hiperativa zada em pacientes incontinentes que apre-

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sentam dificuldade miccional, lesão neuro- Avaliação Urodinâmica em Homens In-


lógica ou falha do tratamento anterior, por- continentes
que apresentam piores resultados quando A principal causa de incontinência no
esses casos são tratados sem avaliação homem é a cirurgia da próstata, com incidência
urodinâmica26(D). de 1% a 2% após ressecção endoscópica da prós-
tata e de 3% a 9%, causada pela prostatectomia
Recomendação: Em mulheres com sin- radical. O estudo urodinâmico avalia a função
toma de incontinência urinária de esforço e do detrusor e a atividade dos esfíncteres.
ao exame físico observa-se perda de urina du-
rante manobra de esforço, a avaliação Avaliação Urodinâmica em Idosos In-
urodinâmica é opcional, mas não obrigató- continentes
ria. Nas pacientes com sintomas atípicos de Em idosos, a avaliação urodinâmica pode
incontinência urinária de esforço ou que re- elucidar o diagnóstico quando a história clínica
alizaram tratamento cirúrgico sem sucesso, é confusa27(D). Esse exame deve ser solicitado
é recomendável realizar avaliação urodinâ- quando houver falha do tratamento clínico,
mica previamente ao tratamento cirúrgico. quando existem riscos no tratamento clínico ou
Em mulheres com sintoma de bexiga quando se planeja tratamento cirúrgico27(D).
hiperativa, a avaliação urodinâmica é reco-
mendável antes do tratamento clínico. Paci- Recomendação: o estudo urodinâmico no
entes com incontinência urinária de esforço paciente idoso deve ser realizado na falha do
e pressão do detrusor durante a micção infe- tratamento inicial, quando a história é confu-
rior a 12 cmH 2O apresentam maior risco de sa, antes do tratamento cirúrgico e quando o
desenvolveram retenção pós-operatória após tratamento clínico apresenta risco.
cirurgia de “sling”.
VIDEOURODINÂMICA
Avaliação Urodinâmica em Pacientes In-
continentes com Lesão Neurológica Nos pacientes com disfunção do trato
Existe consenso em realizar avaliação urinário inferior de origem neurológica, a
urodinâmica em todos os pacientes incontinen- videourodinâmica pode ser importante na defi-
tes com doença neurológica8(D). nição da causa da incontinência. Nos casos nos
quais não se conseguiu classificar a incontinên-
Recomendação: a todo paciente com lesão cia urinária com o emprego da avaliação
neurológica é recomendada avaliação urodinâmica convencional e na falha do trata-
urodinâmica antes do tratamento clínico ou mento com base em exames mais simples, está
cirúrgico. indicada a realização da videourodinâmica26(D).

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