Diagnóstico de Orlando Dias

Ja
SEMANÁRIO GRATUITO
ANO I • N.º 9 • 17 Setembro 2010
Director: Vlademiro Marçal
Propriedade: Medi@Capital, SA
Sistema Nacional de Saúde:
à beira
do colapso
Orlando Dias, especialista em Saúde Pública e Presidente da
Comissão Especializada para a Saúde no Parlamento, sem
papas na língua, analisa o Sistema Nacional de Saúde e
faz diagnóstico:atravessa momento particularmente
difícil e está à beira do colapso. Hospitais sem
oxigénio, desmotivação e falta de pessoal,
dívidas e muito mais…
Pág. 4

Sem perdão Braço-de-ferro põe demagogia a descoberto

Juiz expulsa
advogado da sala
de audiências
Mais um caso bicudo para a justiça re-
solver. Desta vez é um advogado a ser
expulso da sala de audiências em pleno
julgamento, por alegada desobediência
ao juiz. Laurindo Neves defende-se e
vai avançar com queixa ao Conselho
Superiores de Magistratura Judicial e
do Ministério Público
Pág. 5

Notas soltas

Cabo Verde entre

“Casa para todos” ou
os últimos na
competitividade “Programa de Emergência
mundial
Ao contrário do que acontece quando
as organizações internacionais elogiam
Cabo Verde e o Governo põe-se em bi-
Habitacional”
cos de pé, ninguém no Palácio da Vár-
zea comenta agora os dados clamoro-
O programa “Casa para Todos” já é visto por muitos cabo-verdianos e observadores da nossa
sos e desastrados divulgados pelo Fó- realidade como um logro e pura demagogia. Ninguém acredita nele, em particular os jovens e as
rum Económico Mundial (FEC) e que
colocam o nosso País na posição 117 camadas mais desfavorecidas: “Um pobre conseguir uma casa dessas? Não brinquem. Deixem-se
do ranking de competitividade entre
139 países. Nem o Governo, nem a co-
de fantochadas”, - esta é a reação do povo às cantigas de Sara Lopes
municação social obediente e rastejan- Centrais
te fizeram a festa de costume. José Ma-
ria Neves coloca a “Nação Vencedora”
entre os últimos... Sem perdão O que por aí vai
Pág. 13
Serviços Sociais pagam parque de veículos apreendidos Caso Incineradora
Cá se fazem
Elísio Freire pede
Nasce uma estrela em Cabo Verde Lívio Lopes “desvia” dinheiro explicações a José
dos agentes da Polícia Maria Neves
Depois da histeria coletiva tambarina
no Parlamento, o silêncio. Líder parla-

Mercedes-Benz abre
P or capricho de Lívio Lopes, o Governo foi buscar dinheiro dos Serviços
Sociais da Polícia Nacional, financiados pelos seus agentes, para obras no
Parque de Recolha dos Automóveis apreendidos na cidade da Praia. Em causa
mentar ventoinha quer ouvir as expli-
cações do Primeiro Ministro sobre o
negócio “camarada” entre a Câmara de
concessionário na 9 mil contos, quando era o Estado quem devia pagar as intervenções na antiga
Transcor. Alguns agentes ponderam levar o caso a Tribunal. É mais uma do
Filú, o Governo e amigos do PAICV,
agora que resolveu extinguir a incine-
Praia inqualificável ministro
radora e dar razão ao MpD
Pág. 6 e 7 Pág. 5
Pág. 8
2 • Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010
marco do correio
O Já reserva-se o direito de seleccionar e, eventualmente, reduzir os textos não solicitados,
Enquanto os
taxímetros não
entram em vigor…
Continuamos a mercê da
consciência dos taxistas, ou
melhor…da falta dela.
Escrevo-vos não pelo facto de me
terem recebido um valor a mais por
uma corrida, mas sim por esta
situação se prolongar por muito
tempo. É habitual, no meu percurso
para o trabalho, pagar 200$ no
período diurno e 250$ no período
nocturno (sim, porque até onde eu
sei, essa é a tarifa estipulada pela
Câmara Municipal do Mindelo) mas
o que se verifica é que os taxistas
recebem o que lhes der na telha, 300,
350 e até 400$ numa corrida da
Cidade do Mindelo até Lazareto.
Quer dizer, o cliente fica sujeito a
pagar não o estipulado pela câmara
municipal, mas sim, o que a
consciência do taxista pedir, e se a
consciência não é dos que pesa
depressa, convém termos à mão um
cartão multibanco ou sermos bons
com ameaças e saber dos nossos
direitos, senão o dinheiro não nos
chega.
O caso que mais me irritou foi o
seguinte: Estava atrasado para ir
trabalhar, eram 23h15 da noite
quando mandei parar um táxi de
Anuncie Já
no jornal de
maior tiragem
do País
Aproveite os preços promocionais. Ligue 260 14 14 e reserve o seu espaço
As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor,
bem como um número telefónico de contacto.
nem se prestará informação postal sobre eles.
matrícula SV-86-CE. Entrei no táxi e
pedi ao taxista que me conduzisse
até Lazareto, onde trabalho e que se
possível se apressasse pois estava
atrasado. Para além de estar uma
pessoa no táxi (alguém que pareceu
ser um amigo, pois conversavam
muito), ele parece que não me ouviu
pois continuou circulando à mesma
velocidade. Chegando aí, tirei 500$ e
entreguei-lho. Tal foi meu espanto
quando ele me entregou 100$ de
troco. Daí eu disse-lhe: olha, eu
dei-lhe 500$ e ele disse-me “Sim,
são 400$”. E Eu disse-lhe que nunca,
durante 1 ano e meio de trabalho
tinha pagado tal quantia. É que
normalmente pagava até 300$. Mas
o taxista não quis saber de me
devolver os 150$. Nisto eu pedi uma
factura/recibo (factura esta que ainda
guardo). Ao entregar-me a tal
factura, estava tão seguro que fez
questão de colocar no canto superior
direito o número de telemóvel e
acrescentou com um ar cínico:
“Tchám pô quel 400$ lá redondim”.
Saí do táxi e tanto era a minha
revolta que no dia seguinte peguei
uma cópia da factura e telefonei para
o Presidente da Associação dos
Taxistas. O Presidente realmente
achou o preço excessivo e me
encaminhou à ADECO que
posteriormente devia contactá-lo.
Chegando aí, expus-lhes o meu caso
e ficaram para fazer algo nesse
sentido. Até agora, estou a espera de
uma resposta.
Por duas vezes, já cobraram-me
350$, mas ameacei ir à câmara e
foi-me devolvido 50$. Outra vez,
cobraram-me esse valor por falta de
troco. Eu até pago 300$ sem
reclamações, mas se estou com
pressa e o taxista empenha-se para
que eu chegue depressa, tudo bem.
(Não estou a dizer que os taxistas
deviam voar com o carro, mas que
mantivessem uma velocidade
aceitável, tanto para mim, como pelo
estipulado pelas normas de trânsito,
pois neste caso, estamos a falar da
estrada para o aeroporto de São
Pedro).
Não estou a escrever isto por causa
dos 150$. É porque, se essa situação
não for denunciada, vamos continuar
a mercê dos taxistas, digamos,
“pouco honestos”, que pensam que
devem fazer o seu dia de trabalho à
custa de coitados. Somos todos
pobres, sim, mas pobreza está em
todo o lado e não aceito que um
grupo de aproveitadores tentem tirar
proveito dos outros.
Para além disso, há casos de pessoas
que costumam pagar quase o dobro
por trajectos, pelo simples facto de
não conhecerem as tarifas. É o caso
de estrangeiros em que alguns
taxistas triunfam sobre a ignorância
destes. É que dá mesmo raiva ver
alguém a pagar 500, 600 ou 700$,
por não conhecer as tarifas, quando o
preço certo seria 250$. Basta verem
algum branco, olhos azuis ou não e
pensam que é turista, mas muitos
têm azar, pois já estão cá há tanto
tempo que já estão por dentro da
situação.
Fica, no entanto, um alerta às
pessoas: Antes de entrarem num
táxi, tenham sempre dinheiro
trocado e justo. Mantenham-se
actualizados sobre as tarifas
estipuladas pela Câmara Municipal.
Nunca entreguem 1000$ ou 2000$
para um taxista tirar 150, 200, 250
ou mais, pois a desculpa da falta de
troco vai te levar pelo menos 100$
acima do custo justo.
Espero que as câmaras municipais
possam fazer algo para, se não pôr
cobro, minimizar esta situação.
Waldim Silva
20 000
exemplares!
Já SEMANÁRIO GRATUITO
Administração e Redação:
Largo Eusébio Ferreira da Silva,
Achada de Santo António, Cidade da Praia,
Ilha de Santiago, Cabo Verde C.P. 669
editorial
Vlademiro
Osvaldo Marçal
A alternativa
O
cidadão, em perigo, pensa duas vezes antes de chamar a po-
lícia: o pedido é uma inutilidade (o mais das vezes, apela-se
à prepto lançado ao Governo, na passada semana, por
Ulisses Correia e Silva apanhou todo o mundo de surpresa: perante o
colapso eminente de uma boa parte do parque habitacional da Praia,
a Câmara da capital desafiou José Maria Neves para um Programa de
Emergência que reabilite as mais de quatro mil casas a ameaçar ruína
nas próximas chuvas! É incumbência, óbvia, do Governo acudir a
esta situação, o que implica elevado investimento: mais de um mi-
lhão e duzentos mil contos.
A situação habitacional existente A situação habitacional
é fruto da enorme pobreza dos ha- existente é fruto da enorme
bitantes. Não têm meios para
construir casas condignas. Por is-
pobreza dos habitantes.
so, elas são erguidas em condi- Não têm meios para
ções deficientes, muitas vezes em construir casas condignas.
leitos de ribeiras e em encostas. A
má habitação retrata o pauperis-
Por isso, elas são erguidas
mo das gentes, o desemprego ge- em condições deficientes,
neralizado, os limitadíssimos ren- muitas vezes em leitos de
dimentos de muitos milhares de
ribeiras e em encostas.
pessoas. O que se vê na Praia, vê-
-se noutros Municípios: S. Do- A má habitação retrata
mingos, Ribeira Grande de San- o pauperismo das gentes,
tiago (aqui é 60 por cento do par- o desemprego generalizado,
que habitacional que está em peri-
go) – só para falar em autarquias os limitadíssimos
confinantes com a capital. Este é rendimentos de muitos
o verdadeiro Estado da Nação. milhares de pessoas
As campanhas habitacionais lan-
çadas pelo Governo são balofas demagogias: “Casa para todos”? Pa-
ra todos, como? Se a maioria dos que procuram aproveitar a oportu-
nidade vêem-se excluídos porque a sua situação social não lhes
garante resposta às condições prévias desse programa. Fala-se de
“casa para todos”, escondendo a realidade de “casa só para alguns”.
Esta campanha está, portanto, longe de responder às carências que,
dizem-no as Câmaras Municipais, são muitas e graves.
Enquanto a população necessita de casas (com o mínimo de quali-
dade) para nelas se instalar, o Governo dispõe-se canalizar avultadas
verbas e hipotecar o País por gerações para instalar-se numa faraóni-
ca “cidade administrativa”. Com o repto atirado pela Câmara da Praia
fica o Governo perante uma tremenda alternativa: ou instalar as pes-
soas (a população, os cidadãos) ou instalar o Governo. É preciso
decidir e provar se este Executivo tem ou não sensibilidade social. Se
é ou não “amigo do povo”.
Esta é a questão de fundo com a qual o Governo de José Maria Neves
agora se confronta. Com a certeza de que, optando por virar as costas
aos cidadãos, este Governo irremediavelmente se condena a receber
mais que justificada “ordem de despejo” nas eleições do próximo
ano. Pelas reações do governo, dos Lopes (Sara e Lívio) fica a
impressão que este governo não é “amigo do povo”.

Telefone: (00238) 2601415
E-mail: semanarioja@gmail.com
Propriedade: Medi@capital, SA
Director: Vlademiro Marçal
Design e Paginação: Medi@capital, SA
Impressão: Grafedisport SA
Tiragem: 20.000 exemplares

na rota dos dias
A elevação à categoria de Cidade por Decreto
Governo não conseguiu
os votos que pretendia
Políticos e cidadãos dizem que o Governo deveria ter avançado com a medida numa outra
altura para que o debate não fosse inquinado. Assim, o governo não se livra da fama de tentar
“catar votos com uma medida que também faz perder muitos votos”. Uma vez que já semeou
vento, colherá tempestade
A
elevação à categoria de ci-
dade de todas as sedes de Mu-
nicípio por decreto, não rece-
beu os aplausos que José Maria Neves
esperava da população. Como troco o
Primeiro Ministro foi alvo de muita
chacota por parte dos cabo-verdianos.
Já recolheu algumas das frases que
encontrou no Mundo da Internet: “pa-
lhaçada final de Zé Maria Neves”, “só
pode ser piada de mau gosto”, “é troça,
João Teves Tchada Igreja, Mosteiro
cidades, xuxadera”, “o Governo de
JMN está desorientado e não sabe que
medidas mais tomar”, “mais uma
medida eleitoralista”, “imaginem, um
país como a França tem cerca de 30 e
tal cidades, agora Cabo Verde tem
mais de 22 cidades”, JMN pode ter o
cérebro envenenado”, “Isto é de malu-
cos”, “é o PAICV em agonia e JMN
“Chacota” diz António Monteiro
O líder da UCID, António Mon-
teiro, disse em Santo Antão que
a elevação das sedes dos municípios à
categoria de cidades é “troça ou cha-
cota”. Defende que não se deve criar
cidades por decretos. As cidades de-
vem resultar sim de um processo nor-
mal de desenvolvimento das locali-
dades.
Para Monteiro, tratou-se de uma deci-
com a morte prematura”, “governo do
PAICV demonstra claramente canseira
e esgotamento de ideias”. Muitas ou-
tras reações podem ser encontradas
nos diversos jornais on-lines.
Da parte dos políticos, como era de se
esperar, as reações também foram de
incompreensão. O MpD acusou o go-
verno de eleitoralista e que “essa medi-
da tem apenas como objectivo ganhar
votos”. António Monteiro, líder da
UCID, classificou a medida de “chaco-
ta”. Os sanvicentinos que não foram
chamados para o assunto e passam a
ser a única ilha que tem apenas uma
cidade, encaram o assunto com ironia
dizendo “que bairros como Monte
Sossego ou Madeiralzinho têm mais
condições para serem cidades que
muitas vilas que foram elevadas a
cidade”.
são política com objetivos meramente
eleitoralistas. E quer ver se o Estado
tem condições para responder às de-
mandas que as cidades exigem por-
que “sabe de antemão que o País não
tem condições para materializar essas
decisões”. A UCID vai esperar para
que os responsáveis por essa medida
respondam perante a Nação pela
“tamanha barbaridade” que fizeram.
Para Monteiro, tratou-se de
uma decisão política com
objetivos meramente
eleitoralistas. E quer ver se
o Estado tem condições
para responder às
demandas que as cidades
exigem
Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010 • 3
Opinião
Milton Paiva
http://paiva-politicoisas.blogspot.com
Cabo Verde passou a ter
mais 18 cidades?
“Cabo Verde passou a ter mais 18 cidades, com a entrada em
vigor da lei n.º 77/VII/2010, que eleva à condição de cidade
todas as sedes dos municípios do país.”
E sta é a frase de abertura de uma notícia de jornal mas, pior
do que isso… foi uma decisão do Governo de José Maria
Neves! Ando há vários dias a tentar perceber a razoabilidade da
coisa, algum ângulo escondido que não tenha percebido ou
alguma visão genial escondida ao alcance de poucos.
Definitivamente, não consigo vislumbrar nenhum rasgo de
genialidade.
Só quem nunca andou pelo país é que não conhece a realidade das
nossas sedes de município e o quão longe andam do que deve ser
uma cidade com condições mínimas. Aliás, as que já tínhamos,
chegam lá com avaliação muito precária em aspectos essenciais.
Até ao momento, apenas o Primeiro-Ministro veio defender a
medida. Está claro, a julgar por comentários de corredor, que nem
no governo, nem no seu partido a medida colhe apoio.
Toda a gente sabe, e o PM sabe melhor do que nós, que as
cidades que decretou no papel não vão sê-las nem daqui a 50/100
anos (mais?). Qual é a ideia? Virmos dizer daqui a 50/100 anos
que foi o governo de JMN que criou tais cidades? Reserva
antecipada de direitos de autor? Claramente uma manobra de
pretender “criar” aquilo que na verdade, pela lógica material das
coisas, o direito apenas “reconhece” o investimento feito.
Uma tal decisão é contraditória com o próprio espírito da lei que
a formaliza. Pois bem, se o que carateriza uma cidade, nos termos
dessa regulamentação, “é a existência de equipamentos relevantes
como serviços de saúde, protecção civil, correios e
telecomunicações, farmácia, corporação de bombeiros,
estabelecimento de ensino, esquadra policial, estabelecimentos
hoteleiros, bibliotecas, serviços de transporte urbano e
suburbanos” uma tal decisão é, desde logo, “ilegal” relativamente
à maioria das sedes de município existentes.
Finalmente, reconhecendo que o seu governo tem maltratado de
todas as formas o poder local e, por descargo de consciência
(pré-eleitoral), tenta desesperadamente reconciliar-se com as
regiões e localidades do país que abandonou e atacou durante uma
década. Num golpe de mágica, em vez de usar dos bons ofícios e
do poder de um PM para investir a sério nas sedes dos
municípios, brincou de arquiteto visionário.
Já agora, proponho ao PM que na próxima semana arquitete um
Decreto-lei que declare todos os cabo-verdianos “empregados”.
Pode ser que resulte, a fórmula é a mesma. Já agora venham mais
decretos declarando resolvidos o défice, a dívida externa, o
isolamento das ilhas, os apagões, o 117º lugar (139 países) no
ranking da competitividade em 2010/11, a política económica e
fiscal anti-empresarial, o sistema de saúde vulnerável, a queda da
liberdade de imprensa no ranking dos Repórteres sem Fronteiras,
a tremenda partidarização da administração pública, enfim…
principalmente um DL que declare os municípios extintos por não
se enquadrarem no programa do governo.
4 • Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010

na rota dos dias

O diagnóstico de Orlando Dias Hospital da Praia
Sistema Nacional de Saúde Central de Consultas
e nova Maternidade
à beira do colapso permitirão novo fôlego
Orlando Dias, médico,
deputado, Mestre em Saúde
Publica e Presidente da
Comissão Especializada para
a Saúde no Parlamento, sem
papas na língua, analisa o
Sistema Nacional de Saúde e
é categórico: está a
atravessar um momento
particularmente difícil. Está
a beira do colapso. Hospitais
sem oxigénio, desmotivação
e falta de pessoal, dívidas e
muito mais…

A
quele especialista diz ser evacuações para Portugal. “Neste que a realidade ora reclama deve
urgente a revisão da Carta Sa- momento a precariedade é tal que só o ascender aos 12%. A compartici-
nitária que data de 1999, e Hospital Agostinho Neto precisa mais pação dos utentes não significa que o
que neste momento já não corresponde 50 enfermeiros e o país no seu todo Estado abdique das suas funções”, A rebentar pelas costuras, a direção do HAN faz o que pode
aos desafios da realidade do país. Falta reclama cerca de 100 clínicos gerais”, explica. pela vida. Procura novas soluções para servir e agradar os
de oxigénio e reagentes nos hospitais, diagnostica esse especialista que Relativamente à morosidade dos utentes. Para já, a nova Central de Consulta e a Maternidade
falta de meios técnicos e humanos, acusa o governo de falta de sensibili- exames complementares dos pa-
a inaugurar, vão dar novo fôlego àquela unidade que serve
desmotivação da classe são as fragili- dade para investir numa área tão fun- cientes, Dias está apreensivo, pois o
dades que estão a transformar o Sis- damental e vital para o país. tempo de espera já está ultrapassar 75 por cento da população santiaguense
O médico aponta o dedo ao governo os limites do razoável. E aponta
tema Nacional de Saúde, para pior.
Para Orlando Dias, o actual governo
confunde a descentralização com a
que continua a nomear Delegados de
Saúde com base em critérios par-
exemplos: 3 a 4 meses; Neurologia
três meses; Pneumologia 1 a 2 meses,
A direção do Hospital Agostinho
Neto (HAN) continua a espera
que as obras do novo bloco onde irá
profissionais, o problema já ficou
resolvido e Artur Correia garante a Já
que a direcção do hospital já providen-
desconcentração. E essa confusão só tidários. “Há clínicos gerais que e exames complementares de diag- funcionar a nova Central de Consultas ciou novas unidades suplementares de
atrapalha o sistema. “O que existe em chegaram de Cuba já como delegados nóstico 1 a 2 meses. Igualmente, os e a maternidade sejam entregues para reserva para o Bloco.
Cabo Verde é a desconcentração dos de saúde. E a lei diz que para o exercí- episódios de ruptura de oxigeno no que uma nova qualidade de serviços Ciente das reclamações dos utentes em
serviços de saúde, porque descentrali- cio desse cargo o titular tem de ter pelo bloco operatório são problemas que seja prestada aos utentes. relação à demora dos serviços de labo-
zação pressupõe atri- menos 5 anos de expe- inquietam o especialista, para quem é Enquanto isso, os cerca de 320 interna- ratório do HAN para responder à
buição de mais compe- riência. Pode-se com- urgente a adoção de medidas que dos e os 250 a 300 doentes que todos demanda da população, o diretor
tências e recursos aos preender perfeitamente ponham cobro a esta situação calami- dias procuram os serviços do Banco de responde que o problema das análises
municípios para desen- a falta de quadros, mas tosa. Urgências irão continuar dependentes vai conhecer uma nova era com o pro-
volvimento da saúde é possível encontrar “A desarticulação acentuada entre os das instalações até então existentes. jecto-piloto que agora vai ter início. As
pública. Criaram-se pelo menos um quadro sectores público e privado de Mas os problemas do HAN não se colheitas para as análises nas zonas de
serviços dependentes com 3 anos de experi- prestação de cuidados de saúde não reduzem somente ao espaço físico. São Domingos e Santiago Norte pas-
do Ministério da Saúde ência”, admite. mereceu atenção do actual executi- Situações envolvendo roturas de sam a ser feitas nas instalações de
com grande dependên- Apontando números, vo”, sublinha, desafiando as autori- oxigénio bem como a manutenção dos saúde dessas zonas e os resultados
cia ao centro, tipo os Orlando Dias sublinha dades a comparar os ganhos dos anos equipamentos também estão na lista de entregues também no local, sem que
Hospitais Regionais. que a taxa de ocupação 90 com os resultados atuais”. Agora preocupações dos utentes e de quem para isso seja necessário aos pacientes
Os diretores não têm dos Hospitais da Praia é preciso “evitar o colapso”, que no gere o hospital. se deslocarem à Praia.
tantos poderes, não têm e do Mindelo está seu entender “pode ser feito”. A rutura de stock de oxigénio – muito Em jeito de resposta às críticas sobre o
orçamento autónomo e acima dos 108%, quan- Dessas recomendações Orlando Dias por culpa da deficiente ligação maríti- funcionamento do HAN, Correia
ficam limitados na to- do o razoável seria destaca a actualização da Carta ma entre ilhas – que tem obrigado o reconhece dificuldades, mas faz
mada de qualquer de- 80%, o que é uma Sanitária, redefinição e reforço do hospital a cancelar sine die as cirurgias questão de lembrar que essa unidade
cisão. É desta forma “Há clínicos gerais que grande sobrecarga para sistema de financiamento, reforço programadas, está prestes a ser resolvi- hospital serve mais de 75 por cento da
que os hospitais cen- chegaram de Cuba já aquelas duas unidades das medidas de politicas de recursos do, segundo o director daquela população e com uma média de 12
trais ficam com uma como delegados de de saúde. O HAN deve humanos através de qualificação dos unidade hospitalar, Artur Correia. Isto partos por dia.
grande sobrecarga, neste momento cerca mesmos; aposta forte na motivação porque em breve entrará em funciona- Não será por demais relembrar que
pois os ditos hospitais
saúde. E a lei diz que de 100 mil contos à dos profissionais de saúde, revisão mento uma empresa nacional de pro- esta estrutura hospitalar há muito se
regionais não têm re- para o exercício desse EMPROFAC, o que das carreiras médicas e de enfer- dução de oxigénio, na Praia, e a pos- encontra desajustada da realidade da
cursos nem humanos, cargo o titular tem de demonstra ser funda- magem, requalificação dos agentes sível abertura, também na capital, de ilha, como ficou patente aquando da
nem técnicos”, revela,
acrescentando que os
ter pelo menos 5 anos mental que o Estado
reforce o financiamen-
sanitários, construção de um novo
hospital regional na Praia, requalifi-
uma sucursal da empresa que até então epidemia da dengue no país há um
ano, e que obrigou o hospital a montar
vem fornecendo oxigénio, com sede
cuidados primários da de experiência” to do sistema de Saú- cação de todos hospitais regionais de em São Vicente. tendas na rua para atender as pessoas
saúde foram secunda- de, pois estamos aquém saúde, centros de saúde e postos de No caso da manutenção dos equipa- que ali procuravam os cuidados médi-
rizados criando assim disfunções no do financiamento necessário. Se em saúde, realização de um estudo sobre mentos, principalmente do sistema de cos. Na net, já circulou inclusive uma
sistema. 2000 tínhamos um financiamento na a possibilidade de construção de um ar condicionado do bloco operatório petição para solicitar ao Governo a
Dias revela que Cabo Verde gasta ordem de 9%, agora baixou para 8%, hospital regional leste em Santa que vinha apresentando anomalias e construção de mais um hospital na
cerca de 200 mil contos anuais com as o que é insuficiente. Esse aumento Cruz, entre outras medidas. que estava a dificultar o trabalho dos Cidade da Praia.
 Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010 • 5

sem perdão
Na ex-Transcor Justiça de mal a pior na Comarca da Praia

Serviços Sociais da PN Juiz expulsa Advogado

financiam Parque de da sala de audiências
O advogado Laurindo Neves acaba de mente ao juiz Antero Varela que ditou o despa-

Veículos apreendidos
endereçar aos presidentes dos conselhos
superiores de Magistratura Judicial e do
Ministério Público, com conhecimento ao pres-
idente do Conselho Superior da Ordem dos
Advogados de Cabo Verde (OACV), uma
extensa participação contra o Procurador da
República, Evandro Carvalho e o juiz de direito
do Tribunal da Comarca da Praia, Antero
Varela.
Tudo porque, de acordo com um documento a
que Já teve acesso, os dois magistrados o terão
expulso da sala de audiência do Tribunal,
enquanto advogado do arguido José Carlos
Almeida, fiscal da Câmara Municipal da Praia
(CMP), no dia 7 de Setembro, durante o julga-
mento do Processo Sumário, que correm os
seus tramites no primeiro Juízo Crime da
Comarca da Praia.
Segundo o advogado, logo após a sua expulsão,
foi nomeada defensora oficiosa a advogada
estagiária Dúlia Simone Ferreira para o subs-
tituir no processo. Em carta endereçada à co-
lega, Laurindo Neves já fez saber que “a no-
meação é ilegal, na medida em que há um de-
fensor escolhido e que foi afastado ilegalmente
em violação clara, das garantias constitucionais
previstas no nº 3 do artigo 35 da CRCV, que
permite a todo o arguido escolher o seu defen-
sor”, assevera Neves condenando, veemente-
mente, as atitudes dos dois magistrados.
Ninguém pára Lívio Lopes. O ministro continua a fechar os lhos às denúncias dos Recorde-se que o fiscal da CMP foi detido no
cidadãos e de magistrados sobre os alegados abusos policiais nas esquadra e não passado dia 30 de Agosto pelo Agente da
Polícia Nacional (PN), Adilson Semedo, por
só. Mas o governante faz fuga em frente – não se decide por abrir inquéritos a fim
alegada ameaça com arma de fogo a um
de se apurar as responsabilidades ou não dos agentes e muito menos esclarece a cidadão da localidade de Achada de São Filipe,
imprensa sobre esta ação musculada da Polícia contra os cabo-verdianos na Praia.
De acordo com o advogado, está-se, mais uma
cho da sua expulsão da sala de audiência, a
pedido do Procurador da República, Evandro
Carvalho. Aquele magistrado judicial, prosse-
gue o advogado, não permitiu que a testemunha
respondesse às suas perguntas, tendo mesmo
afirmado que ele (a testemunha) já tinha
respondido àquela pergunta, dizendo que ‘tinha
que salvar a minha cabeça, uma vez que estava
sozinho no local”. O advogado queria sim era
ouvir as respostas da “boca de Adilson
Semedo”. Uma estratégia defensiva que não
agradou ao juiz Antero Varela. Foi então que
Laurindo Neves afirmou que, quem estava a
responder era o juiz e não a testemunha Adilson
Semedo.
“Objectivo era evitar o recurso
para instância Suprema”
Estas declarações de Neves motivou, imediata-
mente, a intervenção do Procurador a favor da
testemunha e a reforçar a tese do juiz, dizendo
que o agente da PN não era obrigado a respon-
der às perguntas do advogado de defesa e que
Laurindo Neves estava a afrontar um agente de
autoridade.
A partir daí, a situação agudizou-se tendo o
advogado exigido ao juiz que lhe fosse faculta-
da a acta da audiência, a fim de certificar se as
respostas da testemunha estavam ou não regis-
tadas. “O escrivão de direito, nomeado para
essa sessão, leu os registos integralmente e,
pude constatar que a resposta à pergunta, for-
mulada por mim, não constava da acta”, garante
o jurista para quem toda a manobra dos dois
magistrados visavam evitar o recurso para
instância suprema, como de resto, foi confessa-
do pelo representante do Ministério Público, na

O
Ministro de desman-
dos. Desmando aqui,
desmando ali, agora os
agentes da corporação policial
estão “lixados” com Lívio
Lopes. O Ministro ordenou que
se construísse o atual Parque de
Recolha dos Veículos Apre-
endidos na zona de Tira-
-Chapéu. Imagine-se como!
Com dinheiro dos Serviços
Sociais (SS) da Polícia Nacional
(PN), ou seja, dos agentes. Em
causa estão 9 mil contos aplica-
dos na referida infra-estrutura,
“por capricho” de Lívio Lopes,
para a recuperação das antigas
instalações da Transcor. Lem-
bram-se do saco azul no Mi-
nistério da Justiça? A escola do
Ministro Lívio Lopes.
Segundo apurou Já, o descon-
tentamento é generalizado. Os
agentes dizem que quem tinha
de suportar a obra era o Estado e
nunca os agentes. Os Serviços
Sociais são financiados pelo
dinheiro dos agentes descontado
mensalmente no vencimento de
cada um. E Lívio Lopes não ti-
nha autorização para tal. dinheiro que era seu. Dos 9 mil sala de audiências na presença de mais de 15
vez, perante uma grave violação dos direitos
“Muitas vezes temos dificul- contos houve quem conseguisse testemunhas.
constitucionais e de uma afronta ao poder local,
dades em obter um empréstimo material suficiente para constru- Já sabe que depois da expulsão de Laurindo
através de mecanismos ad hocs contra todos,
do fundo dos SS e se não for ir uma casa à amante. “Um Neves e, uma vez nomeada a advogada es-
através daqueles que cumprem as ordens dos
recusado só com muito custo e graduado visigodo”, dizem. tagiária, o fiscal da CMP foi julgado e condena-
Presidentes das Câmaras.
humilhação decidem nos dar Perante esta situação há um gru- do a pagar multa, custas e emolumentos à
“No decorrer do julgamento do arguido, meu
crédito”, queixa-se po de agentes que
um agente bastante
Em causa estão pretende consultar constituinte, perguntei à testemunha, Adilson defensora oficiosa.
Semedo, porque é que na qualidade de agente Até ao fecho desta edição, tentamos ouvir os
desgastado com a 9 mil contos um advogado para dois magistrados, os presidentes dos conselhos
da polícia não deteve o arguido no dia 29 de
situação porque aplicados na ver a legalidade
Agosto, no momento em que o mesmo efetuou superiores do Ministério Público e da
defende que ele e desta decisão do
os colegas não
referida Governo, apesar do
o disparo, que se referiu e só veio a detê-lo no Magistratura Judicial, bem como o presidente
dia seguinte”, 10 horas depois do incidente, lê- da OACV, mas todas as tentativas foram
podem substituir o infra-estrutura, clima de medo ins-
-se na extensa exposição de Laurindo Neves. infrutíferas. Ainda assim, prometemos voltar a
Património e o Es- “por capricho” de talado na PN. “To- este assunto logo que possível ouvir as outras
De acordo com Neves, o interrogatório, decer-
tado. “Construíram Lívio Lopes e que dos temos medo de partes envolvidas.
to, não caíra bem aos magistrados, principal-
aquele espaço com falar. Temos medo
o nosso dinheiro. E foi aplicado na de represálias”, con-
agora? A quem per- recuperação das fessa um dos agen-
tence o Parque? É antigas instalações tes.
nosso ou é do patri- Abordamos o Co-
mónio?”, questio-
da Transcor mandante Geral pa-
nam. ra reagir às várias situações
No segundo semestre de 2009, o envolvendo a Polícia, mas
referido espaço foi beneficiado Carlos Graça remeteu-se ao si-
com novo calcetamento e cerca- lêncio. Explica-se dizendo que a
do com arame farpado. Diz-se Polícia não deve fazer declara-
que foram aí aplicados cerca de ções. Entretanto, ouvimos de-
9 mil contos. Mas há quem diga clarações de policiais todos os
que houve gente que não deixou dias. “Só quando interessa”, avi-
que Lívio Lopes lhe retirasse sou-nos um dos agentes.
6 • Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010
cá se fazem
A Mercedes-Benz no Hotel Trópico
E assim nasceu uma estrela em
Cabo Verde: Mercedes-Benz
E
ram perto de 300 convidados. Todos
ávidos para apreciar a nova gama de
veículos de passageiros da Mercedes-
-Benz que desde sexta-feira, 10 de Setembro,
foi colocado no mercado cabo-verdiano
através da Hiperpeças, o concessionário da
marca em Cabo Verde. Quem lá esteve gostou
do que viu.
Empresários, bancários, seguradoras, jornalis-
tas e mulheres, muitas mulheres bonitas não
quiseram perder a oportunidade de ver, no
Hotel Trópico, logo à entrada, um modelo
No passado dia 10 de
Setembro, foi colocada no
mercado cabo-verdiano,
através da Hiperpeças,
a nova gama de veículos
de passageiros
da Mercedes-Benz
Classe E Coupé e no recinto mais 5 veículos:
o Classe C, o Classe E, um cabriolet Classe
SLK e os modelos Grand Sports Classe GLK
ou o portentoso Classe ML, este último com
motor de 6 ou 8 cilindros, já disponíveis no
concessionário.
Na apresentação, Tó Alves deu música e o
hotel fez o resto com o cocktail. Tudo prepara-
do com requinte para agradar os convidados
cabo-verdianos e os responsáveis da Mer-
cedes-Benz em Portugal: o Administrador
Carsten Oder, o Diretor de Desenvolvimento
da Rede Mercedes-Benz/Portugal, Pedro
Duarte, o Diretor Comercial, Bernardo Villa e
o acionista português, Carlos Ferreira, sócio
de Jorge Semedo na Hiperpeças. O Secretário
de Estado Humberto Brito fez o showmício
habitual.
Emocionado, Jorge Semedo lá foi dizendo que
este investimento não fica por aqui. No futuro
virão outros tipos de veículos: os camiões e os
Smarts, para encher as nossas estradas de
novas estrelas. Porque se no mundo já existem
100 mil milhões de estrelas, Cabo Verde vai
certamente contribuir para aumentar a per-
formance desta marca de qualidade Premium.

O Director Mário Amaro faz as honras da casa
Elegância e Glamour
na apresentação
da Mercedes-Benz
Timas, o primeiro cliente da Mercedes
François e Jocelyn Fortes
Graça Andersen, Semedo e Villa
Gilyto com as amigas Cláudia e Mira
François em ação a vender Mercedes
Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010 • 7
notícias do jet-set
Jorge Semedo emocionado e feliz
Os pesos pesados da Mercedes Cabo Verde/Portugal
Apesar do calor e da humidade
que se fez sentir na noite da
Mercedes em Cabo Verde, os
homens e as mulheres
vestiram-se a rigor para o cocktail
de apresentação do
concessionário na Praia.
A Hiperpeças não se fez rogada.
Soube marcar o momento.
Um evento de qualidade na
apresentação de uma marca com
vários atributos: segurança,
conforto e elegância e onde não
faltaram figuras ilustres como a
Embaixadora de Portugal, Graça
Andersen, o Administrador da
Mercedes-Benz em Portugal,
Carsten Oder ou a Miss Cabo
Verde, Jocelyn Fortes. Carlos Ferreira e a Miss Cabo Verde 2010
Maria Brito (à direita) entre a assistência Carsten Oder e Humberto Brito
8 • Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010
o que por aí vai
Decisão de JMN é um escândalo nacional
“O Governo do PAICV
vive na sombra de lobbies”
O líder da bancada do MpD, Fernando Elísio Freire, convocou a imprensa na segunda-
-feira para reagir à decisão do Governo em extinguir a empresa Unidade Incineradora
da Praia, e exige explicações de José Maria Neves
D
e acordo com o líder da
bancada do maior partido
da Oposição, o Governo do
PAICV vem agora, de forma discre-
ta, envergonhada e quase às escon-
didas dar razão ao MpD que sempre
considerou o negócio da UIP,
empresa de gestão de resíduos sóli-
dos, um negócio recheado de indí-
cios de favorecimento, para além de
lesivo aos interesses dos praienses,
dos municípios de Santiago e de
Cabo Verde”. Por isso, o MpD exige
uma explicação pública do Pri-
meiro-Ministro aos cabo-verdianos.
“Era um negócio pouco transpa-
rente porque o Governo decidiu nas
costas dos munícipes de Santiago
pela incineradora, assinando, em
2008, um protocolo leonino e lesivo
aos interesses de Cabo Verde com
uma empresa – GLOBALE – sem
concurso público e sem qualquer
estudo que demonstrasse que a
incineradora seria a melhor opção
para o País”, adverte Freire para
quem o seu partido considera que a
opção do Governo de José Maria
Neves continua a ser um grosseiro
escândalo nacional.
A decisão do Governo veio confir-
mar, mais uma vez, a sua sistemáti-
ca incongruência na governação
deste País. “Na realidade o Governo
assinou três protocolos sobre a
mesma matéria: recolha e tratamen-
to de resíduos tóxicos – num espaço
de cinco meses: um protocolo de
intenção com o Grupo ORAN,
Era um negócio pouco
transparente porque o
Governo decidiu nas
costas dos munícipes de
Santiago, pela
incineradora, assinando
em 2008, um protocolo
leonino e lesivo aos
interesses de Cabo
Verde com uma
empresa – GLOBALE –
sem concurso público
dando-lhe a exclusividade das
actividades, na recolha, reciclagem
e tratamento de resíduos sólidos
urbanos e de tratamento de águas
residuais nas áreas geográficas de
Santiago, S.Vicente e Sal; outro em
20 de Março com a União Europeia
para gestão integrada de resíduos
sólidos urbanos na Ilha de Santiago
em que se previa a criação de duas
empresas municipais, uma para
zona Norte e outra para Sul e a uti-
lização de aterro sanitária”, explica
o deputado que, ainda, recordando
que é o mesmo Grupo Globalee de
Nelson Gregory, a empresa dona do
FAST FERRY que assinou em 6 de
Maio um Protocolo em que compro-
metia a instalar duas unidades de
incineração em Santiago.
Recorde-se que aquando das assi-
naturas destes protocolos o Pri-
meiro-Ministro afirmou publica-
mente que o “Governo iria varrer o
lixo de Cabo Verde. Na sequência e
confrontado pelo MpD, através do
seu líder, na altura, Jorge Santos,
com a “tamanha irresponsabilidade
e incongruência que se transfor-
maram num verdadeiro escândalo
nacional” José Maria Neves
chamou de “irresponsáveis” as
declarações do líder ventoinha e que
por isso, mereceriam “todo o repú-
dio da classe política cabo-ver-
diana.”.
Por tudo isto, Fernando Elísio Freire
defende que “o País não pode con-
tinuar a sofrer com as incongruên-
cias de um Governo sem rumo,
esgotado e que vive na sombra de
lobbies de alguns empresários do
PAICV”.
Ponto de mira
João Dono
Janira e o show off
político na Igreja
do Maio
A Ministra da Juventude esteve de visita
à ilha do Maio, há duas semanas.
Aproveitando de um lugar de culto, a Igreja
Matriz da Paróquia de Nossa Sra da Luz,
onde os fiéis católicos se reúnem todos os
domingos, Janira Almada surpreendeu tudo
e todos. Após a celebração da missa, o
pároco deu a palavra à tão “ilustre
visitante” para cumprimentar os presentes.
Mas a ministra fez o que nem ao diabo
passaria pela cabeça fazer na casa de Deus:
uma operação de puro show-off político.
Em vez de cumprimentar a boa gente do
Maio preferiu disfarçar-se de boa cristã,
subiu ao altar para fazer propaganda
política e mentir, sem o mínimo pudor,
naquele local sagrado, perante o sacrário,
na presença de todos os santos e dos fiéis.
Foi muito grave o comportamento de Janira
que deveria então dizer aos cristãos
presentes por que caminhos tinha andado
durante essa noite.
Mas Janira, numa linguagem puramente
oportunista e eleitoralista, em vez de
agradecer a Deus a oportunidade por estar
com o povo do Maio, preferiu repisar nas
mentiras de um governo que não vê a
meios para se manter no Poder, até de
enganar os mais incautos de que Deus é
P.A.I. Foi dizer que o governo vai resolver
de vez o problema de transporte marítimo
na ilha. Dez anos depois vem repetir a
cantilena.
Nos últimos 10 anos não foi feito nenhum
investimento no porto do Maio; e os únicos
barcos que operam para a ilha são navios
adquiridos durante a governação do MPD;
Há 10 anos que estamos à espera de uma
grua de 50 toneladas para movimentação de
contentores porque é do conhecimento do
governo que os barcos de longo curso
operam com dificuldades neste porto; e há
5, esperamos por um estudo do Plano
Director Portuário.
A seis meses do fim do mandato, é altura
de fazer um balanço e o governo assumir os
seus erros, e a politica de abandono e
esquecimento a que tem votado a ilha, pois
continuamos à espera de um liceu, do
centro de saúde, entre outros.
O PAICV sabe que o seu ciclo chegou ao
fim, mas não o quer aceitar. Este episódio
insólito na Igreja Católica é uma
demonstração clara do desespero deste
partido. Por isso, exortamos à Diocese que
esteja mais atenta às manobras do PAICV
que de forma subtil quer utilizar utilizar e
instrumentalizar as Igrejas para fins
puramente eleitoralistas.

sem tirar nem pôr
Partidos preparam listas em São Vicente
Quem não tem medo
de Isaura Gomes?
Se Isaura Gomes avançar como cabeça de lista do MpD, em São Vicente, os outros partidos vão
ter que rever a sua estratégia. Afinal quem não tem medo de Isaura Gomes?
E
m S. Vicente, os bastidores dos
partidos políticos já começam
a ferver com a preparação das
listas para as próximas eleições legis-
lativas. Do lado do PAICV e do MpD
existem mais dúvidas do que certezas.
Quanto à UCID é António Monteiro, o
todo-o-terreno, mais uma vez candida-
to a deputado; a vereador, a presidente
do Partido, e sabe lá Deus o que mais.
Outra certeza é o divórcio do PTS de
Onésimo Silveira com o PAICV.
Fizemos uma infiltração aos bastidores
das forças políticas em São Vicente. É
um jogo do gato e o rato.
No MpD, Isaura Gomes é a desejada
para encabeçar a lista do partido na
ilha. Há quem tenha isso como uma
certeza. Mas a edil mindelense não tem
tantas certezas. E Já sabe que Zau es-
tará disponível “apenas se o MpD não
encontrar uma solução vencedora”.
Mas os defensores da “solução Zau”
não vêm outro caminho. E justificam:
“a alta popularidade da Presidente nas
sondagens; o seu desempenho eleito-
ral; a sua fibra e carisma demonstrados
em campanhas eleitorais vitoriosas”
são razões mais do que suficientes para
tal apoio. Quem será o número dois e
restantes, pouco se sabe. A bolsa de
especulações aponta na lista nomes
como Américo Silva, Rui Figueiredo e
João Santos.
PAICV à espera de Manuel
Inocêncio
Em relação ao PAICV, a única dúvida
para o cabeça de lista reside em saber-
-se da disponibilidade de Manuel
Inocêncio Sousa, mesmo sabendo-se
que é o candidato preferido de José
Maria Neves para o cargo de Presiden-
te da República. Mas, Inocêncio pode-
rá fazer as duas coisas: disputar as le-
gislativas à frente da lista do seu parti-
do por São Vicente e depois lançar a
sua candidatura presidencial. E se Zau
avançar como cabeça de lista do MpD,
Inocêncio fica com poucas alternativas
de não avançar também. O certo é que
os adversários políticos de Manuel
Inocêncio, no seio do PAICV, querem
que ele defina já e agora a sua posição.
Só que os outros também têm que de-
finir se são ou não candidatos a depu-
tados na Boavista e em Santiago. As al-
ternativas a MI são Filomena Martins e
João do Carmo. Parece que Filomena
Martins leva vantagem, mas João do
Carmo também tem ambições pol-
íticas.
UCID: o António Monteiro
de sempre
No que toca à UCID, as águas estão
claras e calmas. Até porque não exis-
tem alternativas a António Monteiro e
Lídio Silva. E “na equipa que ganha
não se mexe “. É que não existem su-
plentes na equipa. Daí que a UCID es-
teja mais preocupada com Santiago e
Santo Antão, onde promete “rever” o
protagonismo político e conquistar pe-
lo menos uma Câmara Municipal nas
Autárquicas de 2012, e na esperança
ainda de conseguir os deputados sufi-
cientes para formar um grupo parla-
mentar.
Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010 • 9
Onésimo Silveira consuma divórcio
com o PAICV
“Este governo
ouve o seu partido
(PAICV), não ouve
os cidadãos de São
Vicente”
Já se sabia que Onésimo estava em rota de colisão com o
PAICV. O que não se esperava é que fizesse, tão cedo,
acusações tão duras aos seus camaradas. Silveira acusa o
Governo de apenas ouvir o seu partido. Fica claro que o
PAICV já perdeu pelo menos mais um voto em São Vicente
E stá consumado o divórcio entre
Onésimo Silveira e o PAICV.
E, Aristides Lima foi testemunha da
do PAICV com pretensões a ser o
candidato presidencial.
Mas Onésimo foi mais longe e disse
consumação que aconteceu durante que “o povo não tem possibilidade
o debate sobre “A Oposição no de fazer ouvir a sua voz”. Recor-
Sistema Constitucional de Cabo damos também que Onésimo já foi
Verde”, promovido pelo PTS, em deputado eleito nas listas do PAICV.
São Vicente. Divorcio há muito anunciado
No debate, Silveira teceu duras críti- Mas a posição de ruptura de Oné-
cas ao PAICV. Sob simo Silveira com
fortes aplausos, o Onésimo foi mais PAICV só apanha de
antigo companheiro surpresa os distraí-
disse que “este gover- longe e disse que dos. Desde a derrota
no ouve o seu partido “o povo não tem nas autárquicas que
(o PAICV), não ouve possibilidade de fazer as relações de Oné-
os cidadãos de São simo com o PAICV
Vicente”. Recorda-
ouvir a sua voz” tinham ficado aba-
mos que Onésimo ladas e a caminho do
Silveira, há dois anos, era candidato divórcio. Aliás Silveira tinha anun-
do PAICV à presidência da Câmara ciado caminhos diferentes do
Municipal de São Vicente. PAICV num programa da RCV e o
Também não deixa de ter importân- esforço para colocar o PTS em
cia, o facto de estas acusações serem condições de participar no novo
feitas na presença de um deputado ciclo eleitoral é prova disso
10 • Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010
isto vimos
Tira-Chapéu
Governo e Municípios não se entendem
“Casa para Todos” não
Governo e
A
s divergências entre autarcas
ficaram vincadas, mais uma
Autarquias não se vez, em S. Domingos, onde
Sara Lopes se deslocou no passado
entendem também sábado para testemunhar a entrada da-
na questão da quele município no Sistema de Infor-
mação Municipal (SIM). “Estamos a
habitação em Cabo propor que identifiquemos uma área
onde seja possível construir casas no-
Verde. A troca de vas, porque há muitas casas que estão
identificadas como precárias e que rea-
galhardetes entre a bilitá-las pode custar muito mais do
que fazer uma casa nova”, disse a go-
Câmara Municipal vernante a Já.
da Praia e o Em S. Domingos, Sara Lopes diz que
o governo vai construir cerca de 325
Governo põe a nu casas.
O Presidente da Câmara, Fernando
as divergências. Jorge Borges, foi logo avisando que
este número de casas é insuficiente pa-
Enquanto que a ra as necessidades reais do seu Con-
Câmara defende um celho, pois segundo disse, a população
de São Domingos vive “numa situação
“Programa de dramática”. O concelho, neste mo-
mento, necessita, com urgência, de in-
Emergência tervenção imediata nas casas de pelo
menos 1100 famílias. Destas 1100 fa-
Habitacional”, o mílias, “cerca de 600 encontram-se em
situação clamorosa e dramática”, ex-
Governo defende plicou o autarca. “São casos prioritá-
programa “Casa rios porque muitas dessas casas estão
prestes a ruir, colocando várias vidas
para Todos” em perigo”, disse Borges quase que
suplicando ao Governo para que tenha
bom senso na resolução deste proble-
ma. É que, continuou, com as chuvas a
tendência é para piorar a situação.
Fernando Jorge apela
ao Governo para ajudar
população pobre
A responsabilidade da dramática situa-
ção habitacional em São Domingos
não pode ser da Câmara Municipal.
Mais de 600 famílias já foram benefi-
ciadas nos últimos anos pela autarquia
e anualmente são quase 70 inter-
venções em casas degradas. “O que
nós estamos a exigir é que haja uma
concertação estratégica entre o Go-
verno e as Câmaras Municipais para
que possamos definir as prioridades”,
desafia Borges. O problema, na ótica
do autarca, é que muitas vezes traba-
lha-se pensando no protagonismo,
“esquecendo que é preciso todos nós
juntos (Câmara e Governo) para tra-
balhar e vencer esse desafio que é
enorme”.
O edil de S. Domingos deixou claro
que a prioridade do seu Município,
neste momento, são as intervenções
em habitações degradadas, para ajudar
as famílias que não têm posse. “Estão
na situação de desemprego e não têm
Achada Grande Frente
meios para fazer a reparação das suas
casas”. E estão a correr sérios riscos de
desabamento a qualquer momento.
No caso de São Domingos, o autarca
deixou claro que o Governo nem se
pode desculpar de falta de planeamen-
to do município para exigir melhor
implementação do programa. Não em
relação a S. Domingos. É o único, no
país, com o Plano Director Municipal,
aprovado e homologado pelo Go-
verno. A autarquia já tem o Plano de
Desenvolvimento Urbano que vai
desde a Circular da Praia até à locali-
dade de Água de Gato, passando por
Praia Baixo. Os planos urbanísticos Marrocos (Achada Grande Trás)
detalhados já estão a ser executados e
assinou-se no sábado o acordo de
financiamento para a conclusão do
Plano Urbanístico Detalhado (PUD)
de Ribeirão Chiqueiro que é neste
momento uma “zona de pressão”,
tendo em conta os muitos pedidos de
quadros formados que neste momento
procuram o concelho para construir as
suas casas. Terminado o PUD de
Ribeirão Chiqueiro, a CMSD vai ini-
ciar a distribuição de lotes.
Apesar do desaguisado, Sara Lopes
considera, entretanto, que começa a
haver maior compreensão e maior
colaboração dos municípios, nos últi- Tira-Chapéu
mos dias.

Marrocos (Achada Grande Trás)
é solução
Neusa Veiga, 31 anos,
desempregada, reside no
bairro do Brasil, na Achada
Santo António, e vive
debaixo do limiar da
pobreza. Muitas vezes, não
consegue sequer ter uma
refeição por dia e vai
assim dependendo da mão
solidária dos vizinhos. Vive
numa barraca de papelão
A população de São Domingos vive “numa situação dramática”
O concelho, neste momento, necessita, com urgência,
de intervenção imediata nas casas de pelo menos 1100 famílias.
Destas 1100 famílias, “cerca de 600 encontram-se em situação clamorosa e dramática”
“Casa para todos”, uma verdadeira utopia
Como viver em barraca
de papelão
O projecto “Casa para Todos” já é visto por muitos
cabo-verdianos e observadores da nossa realidade
como um verdadeiro mito, e a descrença é de tamanha
monta, sobretudo junto das camadas mais desfavoreci-
das.
Na semana passada, em Achada Grande Frente, assistiu-
se ao desabamento de pelo menos duas casas. A primeira
pertencente a uma senhora de 78 anos que responde por
Sabu. Com uma perna amputada e sobre uma cadeira de
rodas, a septuagenária que também é cega, agora vive
dentro de um pequeno quarto sem qualquer tipo de con-
forto, e sob cuidados de uma filha que é desempregada
(imaginem só). “Não tenho nada, absolutamente nada,
vivo da caridade dos vizinhos”, desabafa Celestina Tava-
res, que se mostra decepcionada com a realidade a que foi
votada. “Não tinha nada, agora fico com nada de nada,
porque já não tenho teto”, diz à nossa reportagem com os
olhos em lágrimas.
Outra situação similar é a da Mariazinha, ela que viu há
alguns dias um dos poucos quartos da sua casa ruir.
“Éramos oito dentro de casa. Felizmente ninguém foi
atingido”, conta assim a sua história com um misto de
amargura e desencanto, alegando que todo esse desnorte
advém do facto de não ter meios para recuperar a sua
casa. “Fiquei triste, e agora só desejo uma mão caridosa
para ajudar-me, pois muita falta está a fazer-me esse
quarto”.
Mas há muitos outros casos por este País. Por exemplo,
Neusa Veiga, 31 anos, desempregada, reside no bairro do
Brasil, na Achada Santo António, e vive debaixo do limi-
ar da pobreza. Muitas vezes, não consegue sequer ter
uma refeição por dia e vai assim dependendo da mão
Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010 • 11
solidária dos vizinhos. Vive numa barraca de papelão que
não chega para lhe proteger convenientemente do sol e
da chuva. “É um Deus-nos acuda”, desabafa a nossa
interlocutora que diz não acreditar nessa história de “Casa
para todos”, até porque se algum pobre conseguir um teto
no quadro deste programa será obra de acaso. Neusa
Veiga diz que já chegou a pedir um teto ao Estado, mas
não conseguiu. Hoje, com quatro filhos por criar, em cir-
cunstâncias em que desdobra-se no papel de mãe e de
pai, esta senhora diz estar desapontada com a sua situa-
ção de vida.
Abordado pelo Já o edil praiense, Ulisses Correia e Silva,
mostra-se apreensivo relativamente à questão das
condições de habitação neste concelho. “Só na Praia há
cerca de 4 mil habitações prestes a ruir, e para responder
a este desafio”, diz, “são necessários mais de um milhão
e duzentos mil contos”, acrescentando que o projecto
“Casa para Todos” devia ter a componente reabilitação
que é uma prioridade. “É uma emergência”, garante,
“mas o governo acha que as Câmaras é que devem
resolver esta questão”. Então o Governo serve apenas
para receber receitas, cobrar impostos, encher os cofres e
passear o Mundo? Pergunta que nos foi feita durante a
nossa reportagem pelos bairros.
Correia e Silva considera ainda que esse programa devia
estar melhor adequado à realidade. Que assim como foi
formatado não vai resolver os problemas prementes da
habitação.
Refira-se que o Governo apresentou no passado mês de
Maio, o Programa Casa Para Todos e pretende-se cons-
truir mais de 8 mil novas moradias e intervir em perto de
20 mil habitações.
12 • Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010

isto vimos
Maria das Dores Gomes defende:

“Magistrados do STJ
devem ser escolhidos
por mérito”
“A justiça cabo-verdiana não pode funcionar bem enquanto não forem
resolvidas as várias questões pendentes, entre elas, o estatuto e a carreira dos
magistrados”, assevera Maria das Dores Gomes, presidente de Associação
Cabo-verdiana de Mulheres Juristas na recente entrevista que concedeu a J á
e onde falou também dos direitos humanos em Cabo Verde e da agressão
policial contra os cidadãos. Pela sua importância retomamos aqui parte da
entrevista publicada na edição n.º 7, de 3 de Setembro

O
Supremo Tribunal de Justi-
ça (STJ), que faz as vezes
do Tribunal Constitucional
(TC) é apontado, pela responsável da
ACMJ, como paradigma da escolha e
não de mérito dos magistrados, para
o exercício das suas funções naquele
órgão de soberania. “Temos de resol-
ver, urgentemente, a questão da no-
meação dos magistrados para o STJ.
Creio que todo o colégio de juristas
defende o princípio do mérito,
assente em concursos públicos, para
esses cargos. Não podemos continuar
com a lógica de nomear as pessoas só
porque gostamos delas e/ou pelas
suas cores político-partidárias”,
defende, reconhecendo no entanto o
mérito de alguns colegas que fazem
parte daquele coletivo judiciário.
Gomes diz que a autonomia do ma-
gistrado judicial deve obedecer ao
primado da sua consciência e da lei.
O juiz quando inicia as suas funções
presta um juramento assente na defe-
sa da Constituição da República e no
compromisso ético. Embora pense
que nem todos os seus colegas con-
sigam despir a veste do móbil que
levou à sua nomeação. “Fui vogal do
Conselho Superior de Magistratura
durante 6 anos e daquilo que pude
apreender é que o juiz faz o seu tra-
balho, independentemente de ter sido
indicado pelo partido A ou B, pelo
Parlamento ou pelo Presidente da
República”.
“Estou preocupada com
a situação dos direitos
humanos em Cabo Verde”
Maria das Dores Gomes, ativista dos
direitos humanos em Cabo Verde,
desde os primórdios da independên-
cia nacional afirma estar preocupada
com a situação dos direitos humanos
no nosso País. Por isso, abraçou o
projecto da ACMJ, em ordem a aju-
dar os cidadãos, mas sobretudo as
mulheres e as crianças, a se conscien-
cializarem pelas causas dos seus di-
reitos. “Comemorámos no dia 31 de
Julho, 10 anos de existência. Mas
sabe que estamos a trabalhar há mais
de 20 anos, e com apoio da Embai-
xada dos Estados Unidos da América
conseguimos uma sede onde nos
encontramos hoje”, conta a juíza
colocando assento tónico no combate
à violência baseada nos géneros, co-
mo sendo um dos principais objec-
tivos da ACMJ.
Além da Embaixada dos EUA, a
ACMJ recebeu em 2004, do primeiro-
-ministro, uma chave do edifício da
Fundação Amílcar Cabral (FAC), para
onde ia, supostamente, instalar-se a
nova sede da associação, “mas depois
tivemos que devolver as chaves, por
razões que desconhecemos até hoje”,
lamenta a líder associativa para quem
o Governo optou em ceder o espaço à
fundação, porque entre a FAC e
ACMJ, o executivo preferiu a pri-
meira, já que aquela é mais estratégi-
ca, do ponto de vista político, para Jo-
sé Maria Neves, do que a segunda.
Ainda assim, “neste momento temos
três grandes projectos em curso. Um
que é financiado pela cooperação
espanhola e direcionada ao combate
à violência baseada no género, cuja
abordagem assenta em deslocar às
comunidades para informá-las sobre
este fenómeno social”.
Para além disso, ACMJ realiza brie-
fings na sua sede, com temáticas inte-
ressantes sobre esta situação e minis-
tra ainda formações na Cadeia de São
Martinho às reclusas para uma maior
reinserção social. “Formámos os
agentes da Guarda Prisional de forma
a estarem mais capacitados para lida-
rem com o género dentro do estabele-
cimento prisional”, diz, ciente que
desta forma, a associação estará a de-
senvolver um excelente trabalho, em
prol do equilíbrio e do desenvolvi-
mento social do País. E deverá esten-
der essa abordagem à Polícia Nacio-
nal, à Polícia Judiciária e formar psi-
cólogos forenses para lidarem com
casos mais difíceis da violência do-
méstica, apoiando tecnicamente os
magistrados judiciais na tomada das
suas decisões finais.
“Cidadãos são vítimas
de agressão da Polícia
Nacional”
Toda a estratégia de comunicação da
ACMJ visa, justamente, salvaguardar
os direitos humanos em Cabo Verde.
Contudo, a ativista afirma não vislum-
brar grande engajamento das auto-
ridades nacionais para esta causa.
“Não se tem feito muita coisa a pro-
pósito dos direitos humanos em Cabo
Verde. Dou-lhe o exemplo da PN. A
polícia, muitas vezes, por falta de for-
mação humana e técnica presta um
mau serviço à comunidade. Ela é a
primeira entidade que lida com as
questões dos direitos humanos. Por
isso, deveria merecer maior confiança
e carinho dos cidadãos”, observa a
magistrada para quem a polícia, con-
trariamente, ao que parece, goza de
uma péssima imagem junto da opinião
pública.
De acordo com a presidente da ACMJ,
muitas vezes os cidadãos chegam aos
tribunais com hematomas profundos
“A situação da pobreza
em Cabo Verde é muito
complicada. Acho que o
Governo tem que mudar
o rumo da sua política
social, diferente da que
tem vindo a desenvolver
nos últimos anos”
infligidos por agentes da PN. “A polí-
cia não deve infligir nenhuma
agressão a um cidadão depois de deti-
do”, afirma MDGomes defendendo
que um arguido uma vez detido e com
uma algema, já não tem nenhuma
força. Por isso, continua, o dever da
polícia é proteger e não agredi-lo.
“Mas, infelizmente, o que acontece no
nosso País é que a maioria dos argui-
dos, sobretudo aqui na Comarca da
Praia é agredida nas celas”, conclui a
magistrada mostrando-se preocupada
com esta situação que está perfeita-
mente identificada. “Trata-se de um
grupo de elementos da PN, cujas quei-
xas dos arguidos vão sendo dado pro-
vimento e remetidas aos seus res-
pectivos comandos, para eventuais
procedimentos criminais e/ou discipli-
nar”, explica a juíza alertando para a
imagem do País que pode ser belisca-
da por causa de comportamentos
nocivos de alguns elementos da PN.
Para Gomes, algo falhou no nosso
processo de socialização. Os agentes
da PN são, no fundo, o produto do
nosso património educativo e um
bom profissional é reflexo de uma
boa educação, que assenta no berço
da pessoa. “Você não pode dar aquilo
que não tem porque não lhe foram
incutidos os valores da família e da
boa educação. Portanto, a educação
caseira não andou de mãos dadas
com a formação académica”, conclui.
Mas os direitos humanos têm ainda
que ver com as questões da de-
sigualdade social em Cabo Verde.
Deste modo, a responsável da ACMJ
considera que o Governo falhou re-
dondamente nas políticas sociais
durante, praticamente, 10 anos. “A
situação da pobreza em Cabo Verde
é muito complicada. Acho que o
Governo tem que mudar o rumo da
sua política social, diferente da que
tem vindo a desenvolver nos últimos
anos”, afirma em jeito de conclusão,
acrescentando que se o Governo não
apostar numa política social mais
virada para as pessoas “é como se
tivéssemos uma casa com alicerce e
nos faltasse as janelas, as portas e a
cobertura”.
 Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010 • 13

nota$ solta$
Os dados são do Fórum Económico Mundial

Cabo Verde no “raboteco”

da competitividade Mundial
Ao contrário do acontece quando as organizações internacionais elogiam Cabo Verde, desta vez, o Governo continua calado (pelo
menos até o fecho desta edição), sem dar um pio sobre os dados divulgados na passada quinta-feira, 9, pelo Fórum Económico
Mundial (FEC) e que colocam o nosso país na posição 117 do ranking de competitividade entre 139 países.
Nem o Governo, nem a comunicação social obediente e rastejante fizeram a “festa” de costume

S
e a máquina propagandística do tividade de um país. Por seu lado, o estruturas a cair nos 2.8. “A bazófia do (104), Kenia (106), Camarões (111), de S Vicente e, no fim, termos um
Governo quis que o assunto pas- nível de produtividade determina o ní- Senhor José Maria Neves com as Tanzânia (113), e Zâmbia (115). aeroporto internacional a funcionar 12
sasse despercebido no país, só vel sustentável de prosperidade que po- infra-estruturas mereceu nota negati- É que muitos destes países e de outros horas por dia com problemas de apro-
conseguiu os seus objetivos, em parte. de gerar uma economia. Por outras pa- va”, sublinha JL Livramento, com a que estão muito à frente de nós, perten- ximação noturna. Ou, ainda, o aero-
Porque o impacto da notícia nalgumas lavras, economias mais competitivas qualidade da oferta em eletricidade a cem ao nosso grupo estratégico, isto é, porto do Sal, o mais antigo e mais
pessoas de bom senso chamaram aten- são mais capazes de produzir níveis ficar no lugar 131 (quase a pior eletri- competem diretamente connosco na internacional de Cabo Verde que,
ção para o descalabro mais altos de rendi- cidade do mundo), a disponibilidade captação do investimento externo, na desde 2005, anda às voltas com a ilu-
que o país caminha e “José Maria Neves mentos aos seus cida- de assentos de avião por quilómetro emissão de turistas (alojamento, minação da pista, enterrando centenas
veio reforçar a posi- dãos. O nível de pro- em 107ª e a qualidade das infra-estru- restauração e lazer) e na imobiliária de milhares de contos (452 mil contos
ção de muita gente continua a vender ilusões, dutibilidade também turas portuárias na 102 posição. turística (segunda habitação). num anterior contrato que não deu em
que defende ser esta a enquanto a economia do determina as taxas de Mesmo na qualidade das estradas, Tudo isso num cenário de uma econo- nada), com a consequência de que, dos
hora de mudar o ru- País se vai afundando. retorno obtidas pelos onde o governo já enterrou dezenas de mia endividada (cada cabo-verdiano já quatro, é o único sem certificação da
mo deste país. investimentos (físi- milhões de contos, a nossa pontuação é deve 250 contos), a crescer 3% em Agência da Aviação”, expressou ainda
O que o FEC nos veio
Inaugura um simples cos, humanos e tec- de 3.8, ficando na 68ª posição. 2009 e previsão de 4% em 2010, com Livramento naquele jornal on line.
dizer é muito sim- parque de nológicos) ”, diz Li- um governo gastador (361 milhões de O antigo ministro da Educação finali-
ples: Cabo Verde se estacionamento de vramento, concluin-
Mediocre no Secundário e contos em dez anos, zou dizendo que “an-
encontra entre os últi- aeroporto, mas assobia do que José Maria pagos com 220 “Andamos a passos de damos a passos de
mos 30 países, no que Neves, também mi- Formação Profissional milhões em impostos tartaruga, enquanto tartaruga, enquanto
diz respeito à compe- para o lado em relação a nistro da Economia, Nos Indutores de Eficiência, tivemos e o resto com endivi-
titividade mundial, incompetências, muitas “esteve e está a brin- medíocre no ensino secundário e for- damento) resultando
outros são verdadeiras outros são verdadei-
ras lebres! Com o
que é retrato “de num incompetências mesmo” car com o potencial mação profissional, com 3.3 e nas tec- num défice nas con- lebres! Com o governo do governo do PAICV,
país sem grandes do rendimento das nologias com 3.4 e muito mau na di- tas públicas de PAICV, gordo, cansado e gordo, cansado e
famílias, sejam trabalhadores ou inves- mensão do mercado, com 1.1. No 14,9% em 2010; e já
poupanças, sem muita margem de endi-
agregado destas três grandes áreas,
sem ideias, Cabo Verde sem ideias, Cabo
vidamento, com financiamentos muito tidores” e que perante estes dados, “as- não bastava uma Verde ficará cada vez
mais caros no futuro e com um défice sobia, mais uma vez, para o lado e pre- ficamos com a pontuação de 3.5, o que expectativa negativa ficará cada vez mais para mais para trás”, avisa
crónico da balança comercial (expor- fere os holofotes dos telejornais!”, dis- nos colocou na citada 117ª posição do dos empresários ou trás” aquele militante do
tações a decrescer 13,2% em 2009) e, se. ranking mundial. uma má posição no MpD no seu artigo,
por isso, a precisar, mais do que nunca, O ranking de competitividade do FEC “Para além desta vergonhosa posição ranking de Índice de Desenvolvimento utilizando a expressão “Mon pays va
do investimento externo, e do aumento cobre três grandes áreas e a classifica- absoluta, também nos envergonha a Humano, 121ª posição. mal” para caraterizar o estado atual da
das exportações”, como escreveu José ção vai de 1 a 7: em “Requisitos Bási- nossa posição relativa”, refere o enge- nossa economia.
Luís Livramento no Liberal. cos”, Cabo Verde fica com uma pon- nheiro Livramento, acrescentando que Neves vende ilusões Segundo os dados do FEC, o ranking
tuação de 4.1, ocupando o lugar 96 en- mesmo comparando com a África, co- “José Maria Neves continua a vender global é liderado pela Suíça, os EUA
Negativa a José Maria tre os 139 países; Em “Eficiência”, Ca- mo costuma fazer com pouca ambição ilusões, enquanto a economia do País que ocupavam o 2.º lugar, desceram
bo Verde obteve 3.2 e ficou na posição José Maria Neves, ficamos atrás de se vai afundando. Inaugura um sim- para o 4.º, tendo sido ultrapassados
Neves, Ministro da 129; Em “Inovação”, Cabo Verde países como a Tunísia (32), África do ples parque de estacionamento de pela Suécia (2º) e pela Singapura (3º).
Economia obteve apenas 2.8, ficando na posição Sul (54), Maurícias (55), Namíbia aeroporto, mas assobia para o lado em A Alemanha melhorou, comparado
“Definimos competitividade como o 128. Menos mal foram os requisitos (74), Marrocos (75), Botswana (76), relação a incompetências, muitas com o ano de 2009, duas posições,
conjunto de instituições, políticas e fac- básicos, com a saúde e ensino básico a Ruanda (80), Egipto (81), Argélia (86), incompetências mesmo. Passa quatro atingindo o quinto lugar, mas é o pri-
tores que determinam o nível de produ- ser avaliado em 5.4 mas com as infra- Gâmbia (90), Líbia (100), Senegal anos para uma ampliação do aeroporto meiro país da zona euro.
14 • Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010
coisas do mundo
Recordando o 11 Setembro
Obama aponta
ao único
caminho viável
Obama parece apostado em enterrar de vez os clamorosos erros do seu antecesor George W.
Bush: é o primado da inteligência sobre a boçalidade cowboy. O terrorismo não é derrotável
pelos “rambos”...
A
s celebrações do 11 de Setem-
bro, nos Estados Unidos (em
particular, em Nova Iorque)
ficaram este ano marcadas pela con-
trovérsia, mas sobretudo pela muito
importante declaração de Obama de
que “Os Estados Unidos não são
inimigos do Islão”. Fazer esta decla-
ração no preciso momento em que os
norte-americanos dão por finda a guer-
ra no Iraque e se pretendem media-
dores para a busca de um solução pací-
fica para a questão palestiniana (a mais
difícil proposta diplomática da actual
Administração norte-americana) ga-
nha um significado relevante, para
mais sendo feita no próprio local onde
foi cometido o mais hediondo crime
dos fundamentalistas islâmicos contra
os Estados Unidos: em termos de
ignomínia, o crime de bin Laden colo-
ca-se ao mesmo nível do que foi o
ataque japonês a Pearl Harbour.
A manobra de bin Laden (partindo-se
do princípio de que o 11 de Setembro
foi totalmente congeminado pela
alQaeda – como se sabe, há teses que
põem em causa esta perspectiva) foi
em grande parte gorada: conseguiu de
fato criar o alarme no Ocidente e quase
tornar cada muçulmano um “suspeito”
aos olhos ocidentais. No entanto, não
conseguiu criar um embate entre
Ocidente e Islão, não conseguiu “fa-
bricar” uma guerra religiosa, pesem
embora os erros da Administração
Bush e pese a persistência da ameaça
fundamentalista contra o Ocidente.
A declaração do Presidente Obama soa
a poderosa proclamação da derrota dos
fundamentalistas da alQaeda. Derrota
que pode começar a desenhar-se mili-
tarmente no Afeganistão/Paquistão se
aí, finalmente, a guerra for assumida
como questão inadiável e apenas com
um objetivo de que não pode haver
demissionismo: liquidar a alQaeda,
neutralizar os taliban. Isso passa ne-
cessariamente pela mobilização de
todos os meios militares indispen-
sáveis e pela adoção das mais ade-
quadas estratégias e táticas. Passa pela
articulação entre o guerra no Afe-
ganistão e o combate no Paquistão,
outro dos cancros que a inépcia da
Administração Bush deixou apo-
drecer.
A mesquita da zona zero
A construção de uma mesquita na zona
zero (na dolorosa área das Torres
Gémeas) foi recebida como uma
provocação pelos setores mais radicais
da sociedade norte-americana, tão
perigosamente fundamentalistas como
os fundamentalistas islâmicos. No
entanto, pode e deve ser vista de um
outro ângulo: o respeito de larguíssi-
mos setores islâmicos pelas vítimas de
um criminoso genocídio perpetrado
pelo bando terrorista de bin Laden,
que não pode ter qualquer perdão por
parte da Humanidade.
Foi em intenção da enorme maioria
dos muçulmanos, que estão contra a
criminosa ação da alQaeda, que Oba-
ma fez a sua declaração. A derrota do
terrorismo islâmico só será possível se
o mundo ocidental souber conjugar-se
com a enorme maioria da chamada
“Nação islâmica”.
A opção político-militar da Adminis-
tração Obama parece agora enveredar,
com firmeza, pelo único caminho que
pode isolar os terroristas e implacavel-
mente liquidá-los.
O caldeirão espanhol
Fumo pode
trazer fogo
O s nacionalismos afirmam-se em
Espanha. Grandes manifestações
na Catalunha, largas dezenas de mi-
arremedos culturais e afirmações lin-
guísticas, estava mais ou menos abafa-
da. De súbito, entornou-se pelas cida-
lhares nos “callers” e “ramblas” de des da Catalunha com inusitada
Barcelona, reclamando a independên- veemência.
cia desta “autonomia histórica”, são Enquanto isso, na Galiza, assiste-se a
aquilo que o Governo socialista de uma perigosa repressão dos valores
Madrid menos desejava e parece ates- galegos: há arremedos de interdição da
tar uma das “fatalidades” do PSOE, de língua galega no discurso do dia a dia,
Zapatero: afirmando-se, por ideário, o anulando-se o subterrâneo entendi-
mais autonomista dos partidos políti- mento entre a direita de Fraga Iribarne
cos espanhóis, revelar-se o mais cen- e o Bloco Nacionalista. Pela mão dos
tralista – o que, no conjunto de Es- socialistas são os valores históricos
panha, pode ter consequências graves. consagrados nos ideários de Castelao e
A “questão catalã” é uma ferida em de Rosalia, de Manoel Maria, apare-
aberto. A convergência da Esquerra cem agora cercados e abafados.
Catalana com os socialistas pareciam No Euzkadi, com a ETA encurralada,
ter moderado os ímpetos nacionalistas criavam-se agora condições para debe-
e confinado o quadro político ao lar a conspiração etarra. No entanto,
modelo das chamadas “autonomias parece que os socialistas se dispõem a
históricas” (Catalunya, Galícia, Euskal perder a oportunidade.
Herria) que, reivindicando significa- Entretanto, o caldeirão ferve, com
tivos antecedentes e marcas históricas, novas águas a agitarem-se: o País
atribuíam a cada uma destas regiões Valencia a despertar para a reivindi-
um estatuto muito especial: na prática, cação de ser considerada “autonomia
não é carne nem é peixe – reconhece histórica”, enquanto a região maragata
que têm identidades que podiam valer- (León), recordando o seu reino, reivin-
-lhes a independência, mas recusa-lhes dica autonomias relativamente a
esse direito. Castilla. É um barril se pólvora pronto
A verdade é que, no caso catalão, a a estoirar se o PSOE não arrepiar
questão nacional, apesar de alguns caminho.
Médio Oriente: paz adiada
E ra esperado: mais troca de tiros
na faixa de Gaza, mais feridos e
mais mortos, mais ataques de Israel
às posições palestinianas, mais flage-
lações do Hamas a unidades mi-
litares sionistas: nada de novo. A ten-
tativa de, mais uma vez, sentar
israelitas e palestinianos à mesma mesa por intermediação norte-americana
parece condenada ao fracasso. Ainda não estão criadas as condições da paz
para a paz no Médio Oriente.
 Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010 • 15

polichinelo
kasu-bodi
A
Q
casa do crime
ue era mentira, diziam. Podia lá ser, comenta- ca, “Brisa do Mar”, situada precisamente na tal casa !?!
!!
vam. Que se estava a ver fantasmas onde eles clandestina – não licenciada, não autorizada e sem
não existiam, acusavam. Pois bem: a 27 e 28 de vistoria (mais crime). Com isso apenas confirmou
Agosto (Festas de S. Roque, na Cidade Velha) – as quanto a Câmara Municipal da Ribeira Grande de
dúvidas ficaram desfeitas. O tristemente célebre Santiago denunciara e que os tambarinas negavam a
Claudino, que decidiu desafiar tudo e todos para pé juntos: que a casa era para habitação do “coitadi-
construir casa clandestina ao pé das ruínas da Sé (cri- nho” que não tinha onde morar, diziam eles. E, ago-
me), para isso demolindo e atirando ao mar parcelas ra, como reagem? Finalmente terão vergonha pela “Estamos num país
ainda existentes do antigo Paço Episcopal, do séc. sua cumplicidade criminosa? Vá lá: desta vez, a Po- de desenvolvimento
XVII/XVIII (crime), que recusou pagar multas e lícia esteve à altura. Alertada, comunicou ao famige-
aceitar o embargo (crime) e resistiu pela arruaça à rado Claudino que se a discoteca fosse aberta, a Polí- médio? Parece mais
tentativa de demolição legal (novo crime), anunciou cia a encerrava. O que se espera para punir exemplar-
profusamente nos hiaces a abertura da “sua” discote- mente quem é criminoso contumaz e relapso? uma bandalheira,
de pessoas que não
têm respeito pela
vida humana. A
boka bedjo TACV é mesmo o
espelho da boa
Dá cá mais cinco, governação deste
Zé Maria. Consegues Ó, meu! Tens que me ensinar o
mentir mais do teu truque: como é que consegues país.”
que eu… evitar que o teu nariz não cresça?
São exageros teus. Eu ando sempre com medo que me António Brito,
Tenho aprendido aconteça como ao Pinóquio…
muito contigo. emigrante, ao Notícias
do Norte

“O Armindo
Mauricio
é o ilusionista de
serviço do
Governo.”
Jorge Santos
Bem te lixaram
com essa coisa do caso
Freeport

Promessómetro

“A partir de 2005,
Não te rias, pá: Olha,
nenhum município
que também te apanharam com
a história do lixo tóxico…
do País terá menos
Andaste por aí a fazer das
bonitas…
que dois médicos.”
José Maria Neves em
Só não te conto como Não te acanhes,
22 de Novembro de
é que tirei o curso de Cala-te, pá.
Olha que ainda Zé Maria: os meus 2004
engenheiro, porque eras boys são teus, os
capaz de querer podem pensar que
também eu… teus boys são meus
aproveitar a ideia.
Polichinelo,
16 Setembro 2010:
“Estou cansado.
Ando há 5 anos à
procura e não os
encontro”

AVISO À NAVEGAÇÃO: polichinelo é sátira e xuxadera. Aqui não se respeita ninguém: são ditas as coisas sem recato. É o reino da má-
-língua, pura e dura. A quem tenha temores e pudores, um conselho: não leia. Quem goste de rumores e tenha bons humores, leia, leia!
16 • Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010
em jogo
Apuramento para Afrobasket 2011 é miragem
Kitana quer solução para
basket cabo-verdiano equipa com
O presidente da Federaçãomais adeptos
está desgastado com a falta
de apoio e de condições para
boa prática da modalidade
na Europa
que já atingiu um patarmar
superior na nossa sub-região
e que não se coaduna com o
amadorismo. E deixa um
recado: “quando as coisas
correm bem não falta gente
para pousar para a
fotografia. Mas quando há
problemas toda a gente
desaparece”
O
falhanço da Selecção Nacio-
nal de Basquetebol no apura-
mento para o Afrobasket
2011 (apesar da remota possibilidade
de ainda ser repescada) continua a ser
mal digerido pelos dirigentes federa-
tivos que procuram dar respostas ao
desaire de Cabo Verde no Torneio da
Zona II que decorreu em Dakar, no
mês passado.
Para o presidente da Federação Cabo-
-verdiana de Basquetebol, Kitana
Cabral, já não se pode falar em alta
competição sem ter os meios adequa-
dos para se preparar uma equipa
nacional para uma competição do
género. E quando se fala de meios
fala-se, por exemplo, no orçamento de
26 mil contos anuais disponibilizados
pela Direção Geral dos Desportos
(DGD) eque até agora só diponibilizou
pouco mais de 7 mil contos. Aliada á
falta de dinheiro acrescente-se a falta
de infra-estruturas desportivas que
respondam às exigências da modali-
dade, como se sabe, depois do futebol,
é aquele com mais adeptos em Cabo
Verde.
O pavilhão Vává Duarte “há muito
que deixou de dar respostas ás deman-
das da capital em matéria de com-
petições, e no tocante aos treinos aí
nem falaremos”, disse ao Já, Kitana
Cabral, dando como exemplo, o facto
de a Seleção Nacional ter treinado
apenas durante 5 dias antes de partir
para o Senegal, porque não havia
condições no citado pavilhão.
“Partimos sem um jogo de treino e
mesmo assim conseguimos ganhar o
segundo jogo, contra o Mali”, embora
insuficiente para as aspirações da
nossa equipa.
“É lamentável que uma empresa seja
selecionada para fazer a renovação do
piso do pavilhão e que depois de tanto
tempo á espera se chegue á conclusão
Futebol
Barcelona de Espanha:
C om as principais ligas eu-
ropeias ao rubro e a dar os
primeiros passos na atual época
Apesar da distância do primeiro para
o segundo colocado, o terceiro apa-
rece muito próximo do Real Madrid.
desportiva, fazem-se as contas e O Manchester United (Inglaterra)
quebram-se alguns mitos. Qual é o tem 30,6 milhões de aficionados e a
clube com mais adeptos na Europa? uma boa distância para os outros
Será de Portugal, da Inglaterra, da classificados. O Chelsea (Inglaterra)
Itália, da França, da Espanha ou da aparece na quarta posição, com 21,4
Alemanha? milhões de adeptos, seguido de
O instituto de pesquisa alemão muito perto pelo Bayern de Mu-
de que o piso que trouxeram não opinião que se deve regressar ao passa- Sport+Mark realizou um estudo nique, da Alemanha, (20,7 milhões)
chegou para se concluir os trabalhos, e do, ou seja, começar-se a cobrar taxas para descobrir quais os clubes e pelo Arsenal, de Inglaterra, (20,3
ter de se remendar o chão com materi- ás bebidas alcoólicas e tabaco e rever- europeus com mais adeptos. O Bar- milhões),
al comprado no nosso mercado”, ter essas verbas directamente para os celona (Espanha) ficou em primeiro, Entre os 20 clubes com mais adeptos
repisa o dirigente sobre este assunto, cofres da DGD e, dessa forma, apoiar com uma diferença esmagadora do Velho Continente, quatro são
avançado em pri- o desporto. “Isso per- sobre os outros clubes. ingleses, quatro são italianos, três
meira mão pelo nos- mitiria terminar com A equipa catalã tem 57,8 milhões de são russos, dois espanhóis (e logo os
so semanário há um O pavilhão Vává Duarte a postura de pedinte adeptos no território europeu, de dois primeiros), dois franceses, dois
mês. “há muito que deixou de que se é obrigado a acordo com a pesquisa, e é seguida turcos e um alemão, um holandês e
Tudo isto, mais a fal- dar respostas às ter para realizar qual- pelos arqui-rivais do Real Madrid um ucraniano. Atenção aos benfi-
ta de profissionalis-
mo que se vive em
demandas da capital em quer evento despor-
tivo” em Cabo Verde
(Espanha), que tem apenas 31,3 mi- quistas: não há nenhum clube portu-
lhões. guês.
todas as áreas do matéria de competições, ou fora do país, a fim
desporto Cabo-ver- e no tocante aos treinos de participarmos nos
diano, “desde os di- torneios internacio-
aí nem falaremos”
rigentes passando nais. E deixa um re-
pelos atletas e todo o cado: “quando as
pessoal afeto, leva-me a acreditar que coisas correm bem não falta gente pa-
é necessário parar e repensar tudo”, ra pousar para a fotografia. Mas quan-
avança Kitana, defendendo que “o do há problemas toda a gente desa-
patamar que Cabo Verde já atingiu no parece”.
basquetebol, não tem espaço para Instado a pronunciar-se sobre o con-
práticas amadoristas. Um atleta não tencioso que opõe a federação a uma
pode ganhar um jogo á tarde, e embe- empresa nacional de eventos, que
bedar-se na mesma noite. A alta com- segundo as nossas fontes devem mais
petição tem as suas regras e elas têm de 1200 contos a um hotel na ilha do
de ser respeitadas sob pena de se falhar Sal, o presidente da FCB afirma que
os objetivos pretendidos”, concluiu. esta é uma matéria que está entregue
Para haver outras formas de financia- ao tribunal e que de momento nada
mento para a FCB, Kitana Cabral é de mais pode adiantar ao Já.

olhem para elas
Saúde bucal na nha terra
Onde estão os
Dados Epidemiológicos?
Zarina Barbosa dos Santos, graduanda em Odontologia na Faculdade de Odontologia de Piracicaba, São Paulo,
Brasil – tida como umas das melhores universidades do Mundo na área –, é uma das alunas mais dedicadas do
curso, o que já a fez merecer, por duas vezes consecutivas, de bolsa de mérito do Governo Brasileiro, bem
como destaque em jornais brasileiros. Lamenta, o fato de o Governo de Cabo Verde não valorizar o mérito dos
cidadãos: com média aproximada a 18, Zarina foi para o curso por conta própria porque o Governo considerou-a
inapta para qualquer bolsa de estudo – sua família não joga no “clube governamental”
Zarina Santos
Graduanda em Odontologia
A
“saúde bucal” segundo
Narvai, trata-se de um
estado tal que o ser hu-
mano consegue mastigar, deglu-
tir e falar, sem se esquecer da es-
tética que possibilita o relacio-
namento social sem inibição ou
constrangimento. Bonito não
acham?
Desde logo, precisa-se de deixar
de lado o pensamento que “saú-
de bucal” é “coisa do dentista”,
pois ela não está apenas relacio-
Os benefícios do beijo
O beijo potencia o desejo sexual e diminui o stress: é o que experiências de cientistas parecem demonstrar.
O que não quer dizer que o beijoqueiro seja necessariamente menos stressado… Mas lá que ajuda…
N
ormalmente, as coisas
doces são pouco saudá-
veis. Esse não é o caso
do beijo. O ósculo (beijo) au-
menta o desejo sexual e alivia o
stress. O amor não é a única ra-
zão que torna um beijo doce e ex-
citante – as hormonas também
ajudam.
Um estudo, feito há alguns anos,
nada com a assistência odonto-
lógica. É algo muito mais amplo.
Já em 1986, o Brasil entendia
que as acções de “saúde bucal”,
sejam de assistência odontológi-
ca às pessoas ou acções sobre o
meio ambiente que tenham re-
percussões sobre a “saúde bu-
cal”, deviam ser orientadas atra-
vés de Programas de Saúde
Bucal governamentais.
Mas…, programas de “saúde
bucal” não nascem do nada. De-
vem nascer de diagnósticos re-
ais sobre a “saúde bucal”. Deve,
evidentemente, ser feito estudos
epidemiológicos.
A título de exemplo, a OMS, sa-
bendo que a cárie dentária e do-
enças da gengiva (doenças
periodontais) atingem o mundo
inteiro, sendo que em algumas
comunidades chegam a 99%,
criou então para a carie, tema
que me interessa para esta sema-
na, uma forma de avaliar a sua
incidência no planeta, aceite por
toda a comunidade internacio-
nal, o CPO-D, um indicador que
mostra numa pessoa os benefí-
cios de beijar, medindo a ativida-
de do coração e do cérebro. Du-
rante o beijo, a alteração da
atividade do coração e do cérebro
é menor do que a alteração que
ocorre ao comer chocolate: o
investigador conseguiu provar
que a troca de beijos potencia
maior transferência de testostero-
na entre os parceiros, o que au-
menta do desejo sexual em
ambos.
Lute contra o stress
Um outro estudo mediu o nível
da hormona ocitocina (hormona
que promove contrações muscu-
lares durante o parto e ejeção do
leite durante a amamentação),
estima a experiência presente e
passada do ataque da cárie den-
tal à dentição permanente.
Dados de 1999 indicam que por
indivíduo, no mundo, existem
pelo menos 2,2 dentes cariados.
Cabo Verde também fez parte
desse levantamento, ficando
com um CPOD de 2,8, conside-
rado como moderado. A grande
preocupação seria o facto de a
maioria desses dentes encontra-
rem-se na boca com o processo
carioso activo e sem qualquer
tratamento, demonstrando que
99% dos pacientes, até aos 12
anos, nunca tinham frequentado
um consultório odontológico.
A OMS tem disseminado várias
medidas preventivas tendo co-
mo meta para 2010 reduzir o
CPEO-D para 1. Segundo a di-
rectora, Margaret Chan, “as do-
enças bucais são áreas negligen-
ciadas da saúde” mesmo saben-
do do impacto económico, prin-
cipalmente, para países em
desenvolvimento.
Destaco algumas “medidas pre-
que está associada à excitação
sexual, aos sentimentos de pro-
ximidade e ao comportamento
maternal, e o nível da hormona
do stress, e do cortisol (aumenta
a pressão arterial e o açúcar), no
sangue e na saliva.
O estudo, conduzido por W. Hill,
professor de Psicologia, incluiu
15 casais, e mostrou que a alegria
sentida durante o beijo é re-
sultado de um processo químico.
Os investigadores mediram os
níveis de ocitocina e cortisol nos
casais antes de darem as mãos e
de se beijarem enquanto ouviam
música e depois disso. A experi-
ência durou 15 minutos.
Nas 30 pessoas testadas, o nível
de cortisol baixou e o nível de
ventivas” divulgadas tanto pela
OMS, dentistas e governos de
todo mundo, sendo que algumas
delas foram testadas e os relatos
encontram-se no site da organi-
zação: Escovar adequadamente;
aplicação tópica de flúor pelo
dentista; pasta de dente com
flúor; flúor na água de consumo
público, estabelecimentos, esco-
las; flúor no leite, sal de cozi-
nha; dieta alimentar saudável.
Mas essas medidas só têm surti-
do efeito em países desenvolvi-
dos. Em países como o nosso
Cabo Verde, a OMS vem esti-
mulando que sejam desenvolvi-
dos programas e estratégias pró-
prias, impossíveis de serem fei-
tas sem os tais benditos dados
epidemiológicos.
Dados de 1999 indicam que
Cabo Verde tem um CPOD
de 2,8 dentes por indivíduo e
que 99% dos pacientes, até
aos 12 anos, nunca tinham
frequentado um consultório
odontológico
ocitocina só tinha aumentado nos
homens.
Aumenta a excitação
Ocorreram alterações semelhan-
tes, mas menos vincadas, na
experiência em que os casais
ficavam apenas de mãos dadas.
A experiência foi repetida numa
atmosfera mais romântica e,
nesse caso, o nível de ocitocina
mostrou-se mais elevado nas
mulheres. Assim, as mulheres
necessitam de uma atmosfera
mais apropriada, e não apenas de
um toque, para originar o proces-
so químico que faz aumentar o
nível da hormona responsável
pela excitação e pelos sentimen-
tos de proximidade.
Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010 • 17
Cuidados a ter
com a sua coluna
As pessoas queixam-se de dores nas costas
ou têm problemas de coluna, muitas vezes
causados por erros de postura ou atividade
física. A equipa de Já alerta-a para
procedimentos que não são os mais
adequados e devem ser corrigidos.
Como prevenir ou aliviar problemas ou dores na
coluna?
Erros de postura podem causar dores no dia-a-dia, cau-
sando muitas vezes problemas sérios na coluna. 80% da
população mundial sofre ou sofrerá de problemas na co-
luna, talvez percentagem igual se relacione com o stress.
São dois problemas que afetam pessoas de várias classes
sociais, idades e sexos.
Alguns tipos de problemas na coluna são resolvidos com
atividades preventivas, ou procurando um médico especia-
lista em RPG (Reeducação Postural Global) ou um fisioter-
apeuta. Os vícios de postura podem ter consequências irre-
versíveis não só para a aparência física mas também para a
respiração, o andar, a fala, o humor e até mesmo o raciocínio.
O salto (de sapato) alto acarreta problemas para a coluna, o
joelho e pode provocar o encurtamento da panturrilha (mús-
culo situado na parte superior e traseira da perna). E contribui
para aumentar a lordose (curvas normais da coluna) e, com
ela, causar dores nas costas e pés. O salto grosso dá mais sus-
tentação aos pés, ao contrário do salto agulha, que provoca
desequilíbrio e deve ser evitado. O mais correto é fazer
alternância entre o tipo de saltos a utilizar, para os pés não se
acostumarem.
Dicas que ajudam a manter boa postura
Espreguice o seu corpo sempre que puder.
Pratique atividade física com orientação, e sempre que o fizer
aqueça e alongue bem o corpo antes da atividade. Alongue
também ao final dela.
Em atividades domésticas ou profissionais, evite manter a
mesma posição por mais de uma hora; a musculatura cansa-
se e passa a estabelecer compensações posturais, além de
provocar diminuição de raciocínio e de concentração.
A cada hora trabalhada, espreguice o corpo, levante-se ou
movimente-se de forma diferente da que estava fazendo. Os
segundos que você "perde", são ganhos em eficiência e
saúde.
Verifique se o monitor de seu computador está numa altura
em que 1/3 superior da tela esteja na altura de seus olhos,
estando você com a postura ereta ao sentar-se.
Não veja TV deitado na cama ou no sofá.
Evite, ao falar ao telefone, segurá-lo com o ombro, principal-
mente se, durante o seu dia, isso se repetir muitas vezes ou
por muito tempo.
Atividades domésticas simples podem trazer uma sobrecarga
para a base da sua coluna – região lombar;
Ao arrumar a cama, procure ajoelhar-se para acertar o lençol
de baixo;
E se lavar louça, fique o mais próximo da pia para não ter que
inclinar tanto o corpo para frente, já que normalmente as pias
são muito bai-
xas;
Ao lavar o rosto
de manhã ou ao
debruçar-se
sobre o banhei-
ro, faça-o sem-
pre semi-fletin-
do os joelhos;
Atividades físi-
cas não devem
provocar dores
insistentes. Se
isso ocorrer in-
forme o seu
professor. Caso
não tenha um,
consulte um or-
topedista.
18 • Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010

cachupada
Conto infantil

Horóscopo
Carneiro
21-3 a 20-4
Carta Dominante: 7 de Espadas, que
significa Novos Planos, Interferências.
Amor: Sentir-se-á liberto para expressar os
seus sentimentos e amar espontaneamente.
Que a juventude de espírito o faça ter o mais
belo sorriso!
Saúde: Estará melhor do que habitualmente.
Dinheiro: Boa altura para pedir aquele
aumento ao seu chefe.
Número da Sorte: 57
Números da Semana: 14, 27, 23, 5, 10, 36
Dia mais favorável: sexta-feira
Lema da Semana: Ponho os meus planos em
prática sem desistir com os obstáculos.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 11
Touro
21-4 a 21-5
Carta Dominante: O Eremita, que significa
Procura, Solidão.
Amor: Irá sentir necessidade de se isolar para
fazer uma análise à sua relação. Oiça o seu
coração... descubra dentro de si o caminho
para a felicidade.
Saúde: Tendência para se sentir um pouco
febril e sem energia.
Dinheiro: O seu rendimento poderá não ser
tão bom quanto deseja.
Número da Sorte: 9
Números da Semana: 4, 17, 45, 13, 23, 10
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: A voz do meu coração
ensina-me o caminho que devo seguir.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 12
Gémeos
21-5 a 20-6
Carta Dominante: 2 de Espadas, que
significa Afeição, Falsidade.
Amor: Ignore comentários maldosos de
pessoas indesejáveis. Não dê ouvidos a
calúnias e intrigas!
Saúde: Poderá sentir-se debilitado e febril.
Dinheiro: Procure não desistir dos seus
objectivos.
Número da Sorte: 52
Números da Semana: 14, 23, 38, 44, 16, 7
Dia mais favorável: segunda-feira
Lema da Semana: Sei reconhecer as
amizades sinceras e retribuo com o mesmo
afecto.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 13
Leão
23-7 a 22-8
Carta Dominante: 7 de Copas, que significa
Sonhos Premonitórios.
Amor: Ponha em prática os sonhos e as
fantasias que tem tido. Nunca desista dos seus
sonhos!
Saúde: Faça um exame à vista.
Dinheiro: Poderá receber a notícia de uma
promoção profissional.
Número da Sorte: 43
Números da Semana: 22, 13, 10, 47, 15, 3
Dia mais favorável: domingo
Lema da Semana: Estou atento aos meus
sonhos, sei que tenho o poder de os tornar
reais!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 15
Virgem
23-8 a 22-9
Carta Dominante: Os Enamorados, que
significa Escolha.
Amor: Seja mais consciencioso para não
criar mal-entendidos com o seu par.
Preocupe-se em ser bom e justo pois será
feliz!
Saúde: Proteja a sua pele.
Dinheiro: Prevê-se estabilidade na sua vida
financeira.
Número da Sorte: 6
Números da Semana: 37, 29, 46, 10, 1, 22
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: Escolho com o coração, e
sei que faço as escolhas certas.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 16
Balança
23-9 a 22-10
Carta Dominante: Ás de Paus, que significa
Energia, Iniciativa.
Amor: Dê mais liberdade ao seu parceiro.
Não ponha de parte aqueles que ama, cuide
deles com carinho.
Saúde: Cuide do seu sistema digestivo.
Dinheiro: Esteja atento às novidades no seu
local de trabalho.
Número da Sorte: 23
Números da Semana: 14, 33, 12, 25, 4, 17
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: Tenho energia e espírito
de iniciativa para realizar os meus projectos.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 17
Por Maria Helena
De 19 a 25 de Setembro
Sagitário
21-11 a 20-12
Carta Dominante: Valete de Copas, que
significa Lealdade, Reflexão.
Amor: Seja sincero com a sua cara-metade.
Fale sobre o que é verdade, necessário e
carinhoso.
Saúde: Momento indicado para fazer a
introspecção que tanto necessita.
Dinheiro: Altura de maior lucidez sob o
ponto de vista financeiro.
Número da Sorte: 47
Números da Semana: 14, 36, 28, 44, 16, 1
Dia mais favorável: sexta-feira
Lema da Semana: Sou leal aos outros e a
mim mesmo.
Horóscopo Diário - Ligue já! 760 30 10 19
Capricórnio
21-12 a 20-1
Carta Dominante: Ás de Ouros, que
significa Harmonia e Prosperidade.
Amor: Não deixe que a sua teimosia deixe
marcas numa amizade. O seu bem-estar
depende da forma como encara os problemas.
Saúde: Poderá sentir sintomas que denunciam
uma gripe.
Dinheiro: O seu desempenho profissional e
agilidade poderão estar a ser postos à prova.
Número da Sorte: 65
Números da Semana: 17, 42, 35, 19, 2, 23
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: Cultivo a harmonia
diariamente na minha vida.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 20
Aquário
21-1 a 18-2
Carta Dominante: Ás de Espadas, que
significa Sucesso.
Amor: Respeite os sentimentos do seu par,
não seja tão narcisista. Procure intensamente
sentimentos sólidos e duradouros, espalhando
em seu redor alegria e bem-estar!
Saúde: Uma ligeira dor de cabeça poderá
afectar o seu dia.
Dinheiro: Estabeleça as prioridades a que
deseja dar seguimento.
Número da Sorte: 51
Números da Semana: 3, 25, 46, 11, 27, 46
Dia mais favorável: sábado
Lema da Semana: Sigo o meu caminho
rumo ao sucesso!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 21
Mia,
a baleia do Bairro
Manguí - IX
N
o bairro Manguí não se fala noutra coisa que não seja a baleia pratea-
da que os miúdos dizem ter salvo com o avô Irondino. Mas a maior
parte das vezes fala-se com alguma desconfiança e até dúvida da
veracidade da história.
– Estes miúdos têm cá uma lata! Depois, o avô Irondino está velho e põe-se a
contar-lhes as suas histórias do mar… e dá nisto… se já se viu, uma baleia de
pele de prata! – comenta-se à boca cheia no bar do Zeca Cachupa, entre copi-
nhos de grogue e batidas de funaná.
Nas casas dos quatro amiguinhos do bairro Manguí surgem perguntas atrás de
perguntas, na esperança de esclarecer o mistério. Seria imaginação dos miúdos
e do velho Irondino, ou algo de realmente novo estava a acontecer?
Nixon, Nádi, Iva e Juninho mantinham a sua história firme e verdadeira, sen-
tiam-se protagonistas de uma grande façanha, mas ao mesmo tempo tristes
porque havia quem duvidasse por completo da sua história. Com os adultos era
sempre a mesma coisa… Foi preciso que o nhô César entrasse no bar do
Cachupa e dissesse alto e bom som que era verdade sim senhor, que foi no
barco dele que os miúdos e o avô Irondino encontraram uma baleia diferente,
que ele também a tinha visto e que andava por perto do Porto Velho.
Pousaram-se os copos de grogue no balcão, calaram-se os críticos e a verdade
espalhou-se pelo bairro.
– Ela aparece mais pela noite e quase sempre quando está lua cheia – esclare-
ceu o nhô César aos groguistas calados e de boca aberta – amanhã é noite de
ter tcheu luar e quem quiser que vá até ao cais.
As confirmações de nhô César espalharam-se depressa, como tudo o que dava
para falar naquele bairro, e no dia seguinte logo depois do jantar juntaram-se
homens e mulheres para ir até ao cais do Porto Velho ver a baleia prateada e
tirar as dúvidas que ainda persistiam. Nixon, Nádi e Iva também iriam, mas
estavam cheios de receios de qual seria a reacção das pessoas.
– Se Mia aparece, toda a gente vai querer ser dono da descoberta, ou, pior que
isso, ainda alguém a tenta matar para vender… – dizia Iva
– Ou então vão tentar apanhá-la para mandar para aquelas piscinas grandes
onde põem os animais raros e bonitos para as pessoas irem ver. – opinou Nixon
– Ou ainda trazem para aqui as televisões a filmar tudo e os fotógrafos a dis-
parar luzes para a Mia e ela assusta-se e vai-se embora para sempre – dizia a
Nádi.
Entretanto, entreolharam-se os três e perceberam o outro lado da questão. Se
ela não aparecesse na noite do dia seguinte, todos passariam por mentirosos, o
avô Irondino passaria por louco, nhô César também, e tudo iria ser muito com-
plicado lá no bairro.
Quem não tinha ainda aparecido no grupo era Juninho! Onde estaria o
guardião do segredo que nem os seus amiguinhos sonhavam?!
E a baleia prateada Mia? Iria aparecer às pessoas de Manguí?

Caranguejo
21-6 a 22-7
Carta Dominante: O 9 de Ouros, que
significa Prudência.
Amor: Anda muito nervoso, o que poderá
provocar algumas discussões com os seus
familiares mais chegados. Reúna a sua família
com o propósito de falarem sobre os
problemas que vos preocupam.
Saúde: Sentir-se-á muito bem física e
espiritualmente.
Dinheiro: Previna-se contra tempos difíceis.
Número da Sorte: 73
Números da Semana: 12, 46, 33, 25, 6, 22
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: Tenho a prudência
necessária nos passos que dou.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 14
Escorpião
23-10 a 21-11
Carta Dominante: 10 de Paus, que significa
Sucessos Temporários, Ilusão.
Amor: O egoísmo é uma característica que
deve moderar. Combata a sua fraqueza e
fortaleça as suas virtudes.
Saúde: Procure com maior frequência o seu
dentista.
Dinheiro: Tente conter-se um pouco mais nos
seus gastos.
Número da Sorte: 32
Números da Semana: 11, 23, 44, 26, 24, 49
Dia mais favorável: segunda-feira
Lema da Semana: Construo o meu sucesso
passo a passo, para que ele seja seguro e
duradouro.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 18
José Braga-Amaral
Peixes
19-2 a 20-3
Carta Dominante: 6 de Copas, que significa
Nostalgia.
Amor: Evite conflitos familiares, tente
acalmar a situação. Procure ter uma vida de
paz e amor.
Saúde: Ao jantar opte por comer uma sopa.
Dinheiro: Vá trabalhar tranquilamente e
deixe o stress em casa.
Número da Sorte: 42
Números da Semana: 12, 28, 33, 41, 47, 70
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: Vivo o presente com
confiança, o que passou, passou!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 22
 Já • Sexta-feira 17 Setembro 2010 • 19

Telenovelas CURIOSIDADES
Farmácias
RECORD • Ribeirão do Tempo de serviço
O “mito” da pulseira Praia
17/09: Farmácia

do equilíbrio Moderna
18/09: Farmácia Central

É o acessório do momento:
celebridades, atletas e mi-
lhões de pessoas em todo o
19/09: Farmácia Santo
António
20/09: Farmácia
mundo usam esta pulseira de Africana
Filomena e Querêncio serão declarados herdeiros de que se diz beneficiar a resistên-
21/09: Farmácia
Madame Durrel cia, o equilíbrio, a flexibilidade
Avenida
E m Ribeirão do Tempo, tudo vai mudar para Querêncio (Taumaturgo Ferreira)
e Filomena (Liliana Castro) depois da descoberta de que o artista plástico é o
filho desaparecido de Eleonora Durrel (Jacqueline Laurence).
e a força de quem a usa.
No site da Power Balance, a 22/09: Farmácia Santa
marca mais conhecida que co- Isabel
Na sequência prevista para ir ao ar nesta semana, pai e filha vão ao solar, onde
morava a ricaça, para uma reunião. Na ocasião, eles serão anunciados herdeiros da mercializa o produto, a pulseira 23/09: Farmácia 2000
milionária, que morreu assassinada pelo professor Flores (Antônio Grassi). é descrita como possuindo "um No entanto, de acordo com o 22/09: Farmácia
Chegando lá, eles decidem que só irão participar do encontro, que contará com a holograma que contém frequên- físico brasileiro Pablo Venegas,
presença de várias pessoas importantes da cidade, durante a leitura do testamento. Moderna
cias que reagem positivamente citado pelo site brasileiro Minha
Os dois sobem então para o quarto de Durrel, onde está a pintura dela feita por
Querêncio. com o campo magnético do vida, não há nada de científico
Eles olham para o quadro, emocionados, e conversam sobre a reunião. O conheci- corpo para amplificar a comuni- na propaganda feita a pulseira: S. Vicente
do bebum da trama de Marcílio Moraes diz que se acalmou ao entrar no local e cação de cada célula. Quando as "Hologramas não interagem 17/09: Farmácia Jovem
Filomena assume que está nervosa. Querêncio a abraça e diz que vai protegê-la. células se comunicam melhor, o com o nosso corpo e não têm
Depois de receber um telefonema de Arminda (Bianca Rinaldi), Joca (Caio 18/09: Farmácia
Junqueira) vai até ao solar e consegue entrar no quarto da executiva sem ser nota- corpo trabalha melhor, apri- nada a ver com emissão de fre-
Higiene
do. Mais uma vez, o detetive tem seus serviços contratados por Arminda e o assun- morando o equilíbrio, força, quências e o campo magnético
to entre os dois não fica só no âmbito profissional. flexibilidade e circulação san- não tem relação com aumento 19/09: Farmácia Jovem
No entanto, antes que aquece o ambiente de verdade, o casal é surpreendido por guínea". da força da pessoa", diz. 20/09: Farmácia
uma “visitinha” inesperada de Teixeira (Victor Fasano).
Mas o que é um holograma e o O que pode estar a acontecer em Mindelo
O detetive atrapalhado esconde-se no armário e a rapariga consegue dispensar o
advogado, depois de alguns minutos de conversa. Por fim, ela não resiste e se que isso tem a ver com o corpo? muitos utilizadores da pulseira 21/09: Farmácia
entrega a Joca. Holograma é a representação de que acreditam na sua eficácia é Avenida
um objecto que reproduz uma um efeito psicológico. "A
22/09: Farmácia Leão
SIC • Passione imagem em formato tridimen- crença que algo vai fazer bem
23/09: Farmácia Nena
sional. No caso da pulseira, é pode aumentar as hipóteses de
um símbolo que fica no centro sentir os possíveis benefícios", 24/09: Farmácia
do bracelete. diz Raul. Higiene

Diana encontra-se com Mauro e os dois se beijam
S tela avisa a Bete sobre a viagem que Saulo pretende fazer para a Itália. Ela
tenta impedir que o filho viaje, os dois brigam e Saulo segura Bete pelo braço,
mas a mãe reage e chega a lhe dar uma bofetada.
Clara faz-se de vítima com Totó e afirma que vai voltar ao Brasil. Melina fica
furiosa com Diana e jura que vai tirá-la do seu caminho. Jackie e Clô fazem as
pazes.
Berilo tem mais uma visão com Totó e sai apressado da casa de Agostina. Clara con-
ta a Totó que foi namorada de Fred e ele fica chocado. Clara mente para Totó fa-
zendo-o acreditar que voltará para o sítio. Fred pede para Agnello avisar a Totó que
Saulo pretende enganá-lo, mas o italiano diz que não falará nada com o pai.
Bete tenta convencer Saulo a não viajar. Clara escreve uma carta para Totó dizendo
que voltará ao Brasil e vai-se embora enquanto o marido ainda dorme. Saulo chega
ao aeroporto e descobre que está sem o seu passaporte. Stela queima todos os do-
cumentos do marido. Fred comemora ao saber que Saulo não conseguiu viajar.
Lorena ouve Sinval perguntar a Danilo a razão pela qual foi expulso de Itália.
Mimi telefona para a corretora e pergunta sobre a venda da sua casa. Alfredo
mostra Gemma um jornal com a notícia de que o incêndio no celeiro foi provoca-
do pela máfia, mas ela não acredita. Totó acorda e desespera ao encontrar a carta
de Clara. Fortunato procura Candê e ela fica irritada.
Fátima tenta consolar Danilo e Sinval tem um crise de ciúmes. Lorena beija
Chulepa para provocar Agnello. Diana resolve tentar convencer Mauro a desistir
do casamento. Diana encontra-se com Mauro e os dois se beijam. Totó avisa aos
filhos que vai para o Brasil em busca de Clara.
Boa Mesa
Nova
Casinha
Velha
S ituada na Achada Santo António e com 14 anos de exis-
tência, a Nova Casinha Velha nome que veio substituir a
antiga Casinha Velha, é hoje uma casa totalmente renovada.
Embora conservando a matriz inicial, este restaurante apre-
senta uma variedade de pratos quer portugueses quer
nacionais, fugindo assim ao modelo antigo de só servir pratos
de peixe na brasa.
No tocante aos pratos portugueses destaca-se o Cozido à
Portuguesa, a Açorda de Gambas e o Bacalhau à Lagareiro.
A Barriga de Atum continua a ser dos pratos nacionais, o
mais procurado.
Ao nível da confeção, este restaurante é, com certeza, um dos
melhores da cidade. Apostando na qualidade, quer dos pratos
quer do serviço, esta casa tem hoje um público diferente e
com outro poder de compra.
Outra particularidade da Nova Casinha Velha é que todo o
pessoal é formado pela atual gerência. “A questão é que a
maioria dos restaurantes da cidade são geridos por pessoas
sem formação na área, facto este que nos diferencia dos
outros”, diz-nos Ricardo Rodrigues.
Com o prato mais barato a 650 escudos (prato do dia) e o
mais caro a 2600 escudos (arroz de marisco) este restaurante
optou pelos vinhos Portugueses sendo o nacional re-
presentado pelo não menos famoso Manecon (vinho do
Fogo).
Boa mesa e bom serviço são os trunfos da Nova Casinha
Velha, na Rua da Capela da Achada, ou melhor, na Rua
Eusébio da Silva Ferreira.
PUB

Achada São Filipe - Pedregal

Ilha de Santiago - Praia
Tel.: +238 260 21 88