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Departamento de Matemática
APOSTILA DE
LABORATÓRIO DE
ESTUDOS
MATEMÁTICOS I
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
1ª Edição – Setembro de 2007
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro
2007
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: OBJETIVO DA APOSTILA ........................................................................................ 3
Texto Complementar: Um Pouco Mais Sobre a Matemática .................................... 3
CAPÍTULO 2: MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDO ......................................................................... 5
Compreensão e Retenção de Conteúdo ..................................................................... 5
Memorização .............................................................................................................. 8
Dicas Para Estudo ....................................................................................................... 11
Texto Complementar: A História do π ....................................................................... 12
CAPÍTULO 3: OBTENÇÃO DE CONTEÚDO DE APOIO ....................................................................... 17
Biblioteca Central ....................................................................................................... 17
Biblioteca Setorial ....................................................................................................... 17
Bibliotecas Virtuais .................................................................................................... 18
Sites de Pesquisa Acadêmica ..................................................................................... 19
Outros Sites Importantes .......................................................................................... 19
Texto Complementar: A Evolução do Conceito de Função ....................................... 20
CAPÍTULO 4: CONSTRUÇÃO DE CONCEITO MATEMÁTICOS ............................................................. 25
Terminologia Matemática ........................................................................................... 25
Teoremas Notáveis ...................................................................................................... 26
Texto Complementar: Número de Ouro e A Seqüência de Fibonacci ....................... 28
CAPÍTULO 5: MAPAS CONCEITUAIS E MENTAIS ........................................................................... 33
Mapas Conceituais ...................................................................................................... 33
Mapas Mentais .......................................................................................................... 38
Texto Complementar: Spira Mirabilis: A Espiral Logarítmica ..................................... 40
CAPÍTULO 6: RESUMOS .......................................................................................................... 47
O que é um Resumo? .................................................................................................. 47
Apresentação de Resumo .......................................................................................... 48
Exemplos de Resumos de Trabalhos ......................................................................... 49
Texto Complementar: Aplicações do Número de Ouro e Espiral Logarítmica ............ 51
CAPÍTULO 7: RESENHAS OU RESUMOS CRÍTICOS .......................................................................... 57
O que é um Resenha? .................................................................................................. 57
Estrutura da Resenha ................................................................................................... 57
Texto Complementar: O Problema da Quadratura do Círculo .................................. 60
CAPÍTULO 8: FICHAMENTOS .................................................................................................... 65
O que é um Fichamento? ............................................................................................ 65
Principais Tipos de Fichamentos ............................................................................... 66
Texto Complementar: Fractais ................................................................................. 68
CAPÍTULO 9: REFERÊNCIAS E CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 73
Referências Bibliográficas ........................................................................................... 73
Citações ..................................................................................................................... 78
Texto Complementar: Os Números Primos ............................................................... 81
CAPÍTULO 10: ARTIGOS E CONGRESSOS CIENTÍFICOS .................................................................... 85
Artigos Científicos ....................................................................................................... 85
Eventos Científicos ...................................................................................................... 92
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 1 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos
Matemáticos I
Texto Complementar: O Que é Etnomatemática? ..................................................... 97
CAPÍTULO 11: APRESENTAÇÃO ORAL DE TRABALHOS .................................................................... 103
Preparação da Apresentação Científica ...................................................................... 103
Estrutura de Apresentação Científica ......................................................................... 105
Recursos Visuais ......................................................................................................... 107
Sugestões Para Apresentação .................................................................................... 110
Texto Complementar: George Cantor e os Transfinitos ...................................... ...... 111
CAPÍTULO 12: PROJETO DE PESQUISA ........................................................................................ 117
O que é um Projeto de Pesquisa? ............................................................................... 117
Onde Usar um Projeto de Pesquisa? ........................................................................... 117
Estrutura de um Projeto de Pesquisa .......................................................................... 117
Classificação da Pesquisas .......................................................................................... 123
Etapas antecessoras à Redação do Projeto ................................................................. 124
Texto Complementar: Biografia de Matemáticos Famosos – Parte I ......................... 125
CAPÍTULO 13: INICIAÇÃO CIENTÍFICA ......................................................................................... 131
O que é Iniciação Científica? ....................................................................................... 131
Quais são os Possíveis Ganhos? .................................................................................. 131
Quem Pode Fazer? ...................................................................................................... 132
Como Obter Bolsas? ................................................................................................... 133
Como Publicar os Resultados Obtidos? ....................................................................... 135
Texto Complementar: Biografia de Matemáticos Famosos – Parte II ........................ 138
CAPÍTULO 14: RELATÓRIO TÉCNICO‐CIENTÍFICO ........................................................................... 143
Conceito de Relatório, Objetivos e Tipos .................................................................. 143
Fases de um Relatório ................................................................................................. 144
Estrutura de um Relatório ........................................................................................... 144
Apresentação Gráfica ................................................................................................. 147
Texto Complementar: Biografia de Matemáticos Famosos – Parte III ....................... 148
CAPÍTULO 15: MONOGRAFIA, DISSERTAÇÃO E TESE ..................................................................... 153
Monografia ................................................................................................................... 153
Dissertação e Tese ...................................................................................................... 153
Organização de Monografias, Dissertações ou Teses ................................................ 153
Quanto se Demora para Escrever uma Monografia? ................................................... 157
Dicas ........................................................................................................................... 158
Estrutura Geral .......................................................................................................... 159
Aspectos Gráficos ....................................................................................................... 159
Texto Complementar: Biografia de Matemáticos Famosos – Parte IV ....................... 160
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
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1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
CAPÍTULO 1
OBJETIVO DA APOSTILA
O principal objetivo do curso de Laboratório de Estudos Matemáticos I (LEMA
I) é introduzir o aluno na leitura e redação de textos científicos nas áreas acadêmicas
de Matemática Pura, Matemática Aplicada e Computacional e Educação matemática.
Apresentar técnicas de estudo e meios para busca de conteúdo que contribuam para
o desenvolvimento do aluno dentro do curso de graduação, também é um dos
objetivos desta disciplina, bem como proporcionar ao aluno uma visão global das
experiências extencionistas presentes em um ambiente universitário. Em cada aula
do curso de LEMA I, pretende‐se abordar um capítulo desta apostila.
TEXTO COMPLEMENTAR:
SAIBA MAIS UM POUCO SOBRE A MATEMÁTICA
A Matemática (do grego máthēma (μάθημα): ciência, conhecimento, aprendiza‐
gem; mathēmatikós (μαθηματικός): apreciador do conhecimento) é o estudo de pa‐
drões de quantidade, estrutura, mudanças e espaço.
Na visão moderna, é a investigação de estruturas abstratas definidas axiomati‐
camente, usando a lógica formal como estrutura comum. As estruturas específicas ge‐
ralmente têm sua origem nas ciências naturais, mais comumente na Física, mas os
matemáticos também definem e investigam estruturas por razões puramente
internas à matemática, por exemplo, ao perceberem que as estruturas fornecem uma
genera‐lização unificante de vários sub‐campos.
Muitos matemáticos estudam as áreas que escolheram por razões estéticas, sim‐
plesmente porque eles acham que as estruturas investigadas são belas em si mesmas.
Historicamente, as principais disciplinas dentro da matemática surgiram da neces‐
sidade de se efetuarem cálculos no comércio, medir terras e predizer eventos astronô‐
micos. Estas três necessidades podem relacionadas com as grandes subdivisões da
matemática: o estudo das estruturas, o estudo dos espaços e o estudo das alterações.
O estudo de estruturas começa com os números naturais e números inteiros. As
re‐gras que governam as operações aritméticas são as da Álgebra Elementar e as
proprie‐dades mais profundas dos números inteiros são estudadas na Teoria dos
Números. A investigação de métodos para resolver equações leva ao campo da
Álgebra Abstrata, que, entre outras coisas, estuda anéis e corpos, estruturas que
generalizam as propriedades possuídas pelos números. O conceito de vetor,
importante para a física, é generalizado no espaço vetorial e estudado na Álgebra
Linear.
O estudo do espaço se originou com a Geometria, primeiro com a Geometria Eu‐
clidiana e a Trigonometria; mais tarde foram generalizadas nas Geometrias não‐
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Euclidi‐anas, as quais cumprem importante papel na formulação da Teoria da
Relatividade. A Teoria de Galois permitiu resolverem‐se várias questões sobre
construções geométricas com régua e compasso. A Geometria Diferencial e a
Geometria Algébrica generalizam a geometria em diferentes direções: a geometria
diferencial enfatiza o conceito de sis‐temas de coordenadas, equilíbrio e direção,
enquanto na geometria algébrica os obje‐tos geométricos são descritos como
conjuntos de solução de equações polinomiais. A Teoria dos Grupos investiga o
conceito de simetria de forma abstrata e fornece uma ligação entre os estudos do
espaço e da estrutura. A Topologia conecta o estudo do espaço e o estudo das
transformações, generalizando es espaços, focando‐se no com‐ceito de continuidade.
Entender e descrever as alterações em quantidades mensuráveis é o tema co‐
mum das ciências naturais e o Cálculo foi desenvolvido como a ferramenta mais útil
para fazer isto. A descrição da variação de valor de uma grandeza é obtida por meio
do conceito de função. O campo das Equações Diferenciais fornece métodos para
resol‐ver problemas que envolvem relações entre uma grandeza e suas variações. Os
nú‐meros reais são usados para representar as quantidades contínuas e o estudo deta‐
lhado das suas propriedades e das propriedades de suas funções consiste na Análise
Real, a qual foi generalizada para Análise Complexa, abrangendo os números com‐
plexos.
Para esclarecer e investigar os fundamentos da matemática, foram desenvolvi‐
dos os campos da Teoria dos Conjuntos, Lógica Matemática e Teoria dos Modelos.
Uma teoria importante desenvolvida pelo ganhador do Prêmio Nobel de Econo‐
mia, John Nash, é a Teoria dos jogos, que possui atualmente aplicações nos mais
diver‐sos campos, como no estudo de disputas comerciais.
Um importante campo na matemática aplicada é a Estatística, que permite a
des‐crição, análise e previsão de fenômenos aleatórios e é usada em todas as ciências.
A Análise Numérica investiga os métodos para resolver numericamente e de forma
efici‐ente vários problemas usando computadores e levando em conta os erros de
arre‐dondamento. A Matemática Discreta é o nome comum para estes campos da
mate‐mática úteis na ciência computacional. A Otimização é um ramo que estuda
proble‐mas de otimização em conjuntos. O problema pode ser de minimização ou de
maxi‐mização desta função.
▪
Faz‐se ciência com os fatos, como se faz uma casa com pedras; mas uma acu‐
mulação de fatos não é ciência, assim como um monte de pedras não é uma casa.ʺ
Henri Poincaré
ʺBase oito é exatamente igual a base dez, se você não tiver dois dedos.ʺ
Tom Lehrer
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1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
CAPÍTULO 2
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDO
Obter bons resultados acadêmicos é o objetivo da maioria dos estudantes em
um ambiente universitário. Porém, estes bons resultados apenas se conseguem com
estratégias eficazes; desta forma é importante saber como e quando estudar. São
apresentadas neste capítulo algumas sugestões para que você possa otimizar o tempo
dedicado aos estudos.
A idéia de que chega assistir às aulas para se saber a matéria não é verdade. É
necessário estudar em casa, copiar os apontamentos das aulas, saber consultar os
cadernos ou outros livros auxiliares.
Não se deve estudar apenas para as disciplinas de que mais se gosta, muito me‐
nos estudar só nas vésperas das avaliações, mas se não houver outra alternativa, exis‐
tem algumas regras que poderão tornar uma noite de estudos relativamente bem
sucedida.
Deve evitar‐se estudar muitas horas seguidas antes dos testes, porque, devido à
falta de tempo e conseqüentes ansiedade e insegurança, começa‐se a ter dificuldades
de concentração e de memorização para organizar toda a informação estudada.
2.1 COMPREENSÃO E RETENÇÃO DE CONTEÚDOS1
Existem três formas de leitura:
1. Leitura na diagonal: É um tipo de leitura rápida, em que o objetivo é procu‐
rar uma informação específica ou identificar as idéias principais de um texto,
permitindo organizar melhor seu estudo. Outra utilidade desta forma de lei‐
tura é descobrir rapidamente se o texto em seu poder atende ou não suas
necessidades.
2. Leitura crítica: É um tipo de leitura mais pormenorizado, em que se procura
distinguir e relacionar idéias e conceitos.
3. Leitura estética: Faz‐se por entretenimento ou simplesmente para apreciar o
estilo e talento de um autor. Um bom exemplo seriam os romances.
As estratégias mais importantes que nos ajudam a compreender e a reter o que
estudamos são:
9 Leitura eficaz;
9 Notas na margem do texto;
9 Clarificar;
Responsáveis pelo texto: Innovagency Contraste e © EDUCARE ‐ Soluções Educacionais SA, 2000.
1
Pedidos de informação para info@edunau.net. Mantido por webmaster@edunau.net
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Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
9 Sublinhar;
9 Parafrasear;
9 Resumir.
LEITURA EFICAZ
Faça uma leitura na diagonal, isto é, dê olhada pela matéria buscando uma idéia
geral da informação que ela contém. Em seguida, leia atentamente os conteúdos refe‐
rentes à informação que interessa, sublinhando e tomando notas nas margens do
livro ou numa folha de caderno.
Escreva as definições dos conceitos que considerar essenciais para compreender
a matéria. Escreva as perguntas e respostas que julgar importante, para facilitar a
aquisição dos conhecimentos.
Não passe de uma parte para a outra de um texto sem que a primeira esteja bem
compreendida. Normalmente existe um fio condutor em um texto.
NOTAS À MARGEM DO TEXTO
Para evidenciar a estrutura de um texto, você poderá tomar notas em sua mar‐
gem. Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, etc. A
colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja
mais fácil identificar as partes que está estudando.
Pode‐se ainda colocar setas, sinais gráficos, mapas conceituais ou mentais2, para
relacionar idéias que se encontram dispersas nos textos. Pode‐se também utilizar a
margem para colocar comentários pessoais relacionados com o que está lendo.
Na margem, sobre as frases ou palavras que não compreendeu, coloque um
ponto de interrogação, para não se esquecer de esclarecer a dúvida posteriormente e
para uma mais fácil identificação da mesma.
CLARIFICAR
Não se deve tentar decorar as palavras exatas de um texto, quando não as com‐
preende. Deve sempre tentar compreender o que estás lendo, clarificando as palavras
ou os conceitos que não conhece.
Depois de identificar as palavras que não compreende, deve tentar inferir o seu
significado através do contexto ou usar outros elementos do texto, como gráficos,
figuras, mapas ou imagens. Se mesmo assim não conseguir, recorra a outras ajudas,
consultando um dicionário ou perguntando a outra pessoa.
SUBLINHAR
A maioria das pessoas conhece a estratégia de sublinhar os aspectos importan‐
tes com cores, mas poucas sabem como e quando a devem utilizar. São várias as
vantagens de sublinhar:
• Ajuda a estar mais atento, facilitando a elaboração de resumos e esque‐
2 Para mais informações sobre Mapas Conceituais e Mapas Mentais veja o Capítulo 5.
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1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
mas para estudo.
• Permite fazer revisões em menos tempo.
• Ajuda a desenvolver a capacidade de análise, facilitando o processo de
aprendizagem.
• Serve para chamar a atenção e reforçar os tópicos principais dos textos,
salientando visualmente os aspectos importantes, facilitando a sua com‐
preensão.
• O melhor momento para sublinhar é imediatamente após a compreensão
do texto e não depois de uma primeira leitura.
• Você não deve sublinhar a maioria das frases do texto, mas sim selecio‐
nar um número reduzido de informação do mesmo.
• Sublinhar palavras‐chave, fórmulas, datas e frases que resumem as idéias
principais.
• Use cores diferentes, mas não em grande variedade.
PARAFRASEAR
O parafrasear consiste em repetir com palavras suas o texto que acabaste de ler,
tendo como suas principais vantagens: ajuda a reter melhor a informação lida; ajuda
a compreender melhor os textos; facilita na elaboração dos resumos e promove a
focalização da atenção e concentração no conteúdo programático a estudar.
RESUMIR
O resumo consiste em escrever por palavras tuas, de uma forma sintética e com
sentido, as partes essenciais de uma determinada matéria3.
São várias as vantagens de fazeres eficazmente um resumo:
• Facilita aprendizagem;
• Melhora as suas capacidades de expressão oral e escrita;
• Ajuda na organização da matéria;
• Permite uma melhor memorização e assimilação da matéria;
• É uma forma de selecionar informação importante;
• Aumenta a tua capacidade de concentração.
• Permite revisão mais fácil da matéria;
NOTA: Cuidado para não distorcer uma idéia chave pelo não entendimento do seu
conteúdo. Leia o exemplo abaixo.
Em uma certa ocasião, uma família britânica foi passar as férias na Alemanha.
No decorrer de um passeio, os membros da referida família encontraram uma pe‐
quena casa no campo, que lhes pareceu ótima para passarem as férias de verão.
3 Existem várias formas e técnicas para se redigir um resumo. O capítulo 6 trata de forma mais deta‐
lhada dos critérios que se deve levar em consideração no momento de usar esta importante ferramen‐
ta de estudo.
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Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
2.2.1. VANTAGENS E DESVANTAGENS
As técnicas de memorização são, talvez, as mais fáceis de aprender e explicar,
pois a compreensão depende não tanto de técnicas, mas sim de ginástica mental, em
que só uma prática da matéria específica fornece os instrumentos necessários para a
apreensão dos conhecimentos.
Assim, concentrando na memorização, é necessário ter em consideração, em pri‐
meiro lugar que tem vantagens e desvantagens.
Vantagens:
• Permite abarcar um vasto leque de conhecimentos;
4 Texto extraído do canal Educação do Sapo. Produzido por Saber e Lazer, S.A. © 1998/1999/2000 Todos
os direitos reservados. Para mais informações utilize o endereço http://canais.sapo.pt/educacao/
estudante/
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• Permite a aquisição de mecanismo mentais que facilitam o desenvolvimento
intelectual;
• Cada pessoa segue o seu ritmo de aprendizagem, uma vez que existem mui‐
tos métodos que se ajustam com seu ritmo específico;
• É uma das formas mais eficientes de lembrar dados que se pretende ou ne‐
cessita de utilizar freqüentemente.
Desvantagens:
• Exige um grande nível de treino e esforço, pois a facilidade de memorização
é algo que se obtém ao fim de algum trabalho;
• Requer geralmente bastante tempo até se conseguir decorar todos os dados
de que se necessita;
• Muitas vezes os conhecimentos não ficam durante muito tempo na mente de
quem os decora, sem compreender;
• É uma técnica de aprendizagem muito intensa, que causa bastante desgaste
mental.
2.2.2. FATORES INFLUENCIADORES
No entanto, podemos identificar alguns que nos fornecem pistas para os meto‐
dos de memorização a explorar posteriormente:
1. Ligações afetivas: Naturalmente, é fácil lembrar‐nos daquilo que gostamos, do
aniversário dos nossos familiares ou amigos, das matérias ou dos assuntos que
nos agradaram quando os estudamos. Desta forma podemos pensar que não
vale a pena estar a tentar forçar a memorização de algo que nos desagrada
profundamente porque mesmo que se consiga com um grande esforço decorar
durante algum tempo, o esquecimento é extremamente rápido. Antes é mais
útil encontrar algo de que gostamos realmente de estudar, pois essas são as
matérias que manteremos mais facilmente e durante mais tempo na nossa
memória.
2. Utilidade: Quando pensamos que um conjunto de informações não tem utili‐
dade nenhuma, a motivação para o memorizar é baixa. Desta forma, é neces‐
sário que os dados possuam uma aplicação prática visível para que se consiga
novamente reter as informações por um período mais ou menos longo. Deste
modo, é necessário apelar bastante ao raciocínio e ao sentido prático para
encontrar alguma forma de aplicação dos conhecimentos, pois isso por si só já
nos dá algumas idéias de como conseguir memorizá‐los.
3. Compreensão: Assim como se devem encontrar afinidades e aplicações para os
conhecimentos, também a sua correta compreensão permite uma mais fácil
memorização. Assim, é sempre útil tentar enquadrar os dados numa seqüên‐
cia lógica e não tentar memorizá‐los imediatamente sem se estabelecer previa‐
mente relações de causalidade.
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4. Esquematização e Visualização: A memória funciona muitas vezes como uma
impressão que se tem de algo estudado anteriormente. Assim, como numa fo‐
tografia, é mais fácil lembrarmo‐nos da localização de um determinado tópico
na página em que o inserimos do que das explicações que se inseriam dentro
desse tópico. Quando lemos um jornal, aquilo que fixamos mais facilmente
são as fotografias e os títulos que nos chamam mais a atenção. Por esse moti‐
vo, quando se elaboram apontamentos se deve ter o cuidado de fazer uma
apresentação muito apelativa e organizada, e se possível gráfica, para que seja
mais fácil a memorização dos conceitos.
5. Necessidade e urgência: Quando um exame se aproxima, é mais urgente me‐
morizar a matéria que nele se insere, mas também a maior pressão faz com
que esse estudo tenha menor eficácia e dure menos. Por isso, a memorização e
compreensão com antecedência são mais benéficas para aplicações futuras dos
conceitos estudados.
2.2.3. TÉCNICAS DE MEMORIZAÇÃO
1. Repetição: A forma mais simples de decorar uma determinada informação é
exatamente repeti‐la um determinado número de vezes até que esteja total‐
mente apreendida. Esta técnica é muito utilizada, mas pode ser demasiado
fatigante ou mesmo pouco útil, uma vez que implica um esforço mental que
resulta no posterior esquecimento de tudo o que foi decorado.
2. Construção de Imagens mentais: Esta técnica baseia‐se na idéia da memória
fotográfica. Para as pessoas que tenham maior facilidade em decorar imagens,
aconselha‐se o recurso a páginas de informação estruturada e extremamente
visual que provoque uma impressão forte na memória e obrigue a uma recor‐
dação exata.
3. Técnica dos espaços: Nesta técnica pretende‐se utilizar a familiaridade da pes‐
soa com determinado espaço para recordar determinada informação. Assim,
por exemplo, pode‐se associar a cada rua de uma pequena cidade uma idéia e
o indivíduo, enquanto imagina passear‐se por esses espaços vai‐se recordando
das informações que associou a cada um deles. Esta técnica tem a desvanta‐
gem de implicar um bom conhecimento dos espaços, o que não acontece com
todos nós, mas também, que a matéria a estudar se associe com eles.
4. Palavras‐chave: O objetivo desta técnica é associar um tópico a cada palavra‐
chave, de modo que ao nos lembrarmos desse termo nos recordamos de todo
um raciocínio ou de toda uma matéria. Embora este método tenha nítidos
benefícios do ponto de vista da compreensão da matéria, também é pouco
confiável, pois a escolha de uma palavra‐chave é muito importante, e também
aqui o esquecimento de uma dessas palavras pode ser fundamental para a
perda de todo o raciocínio.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 11 .
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5. Elaboração progressiva: Por vezes pode ser útil encadear as informações de tal
maneira que elas sigam uma ordem lógica que nos permita recordar as
informações que elas encerram. Esta técnica mostra‐se bastante útil para des‐
crever processos, mas para enumerar listas de características ou outras infor‐
mações que pretendemos decorar, não é muito útil, devido à dificuldade de
encadear os diferentes dados.
6. Técnica dos números: Algumas pessoas têm uma maior facilidade em recor‐
dar números do que palavras, o que pode ser comprovado, por exemplo, com
os números de telefone. Para essas pessoas, a codificação de um conjunto de
informações em números pode ser a forma mais fácil de adquirir todos esses
dados. No entanto, esta técnica encerra também outros problemas como o
excesso de codificação que pode tornar as mensagens um conjunto de infor‐
mações sem sentido e de memorização ainda mais difícil.
2.3 DICAS PARA O ESTUDO
1. É importante ter um local destinado exclusivamente ao estudo, que seja com‐
fortável e com boa iluminação.
2. Ter todo o material necessário no local de estudo antes de começar a estudar é
muito importante, para não ter constantemente que levantar e interromper a
tua concentração. Assim, tenha sempre perto de você os livros, os cadernos, as
canetas, os dicionários e qualquer coisa para ir comendo ou mascando se for
daqueles que estão sempre interrompendo o estudo para comer.
3. Deve manter distância de tudo aquilo que já sabe que te distrai, como o rádio,
a televisão, os livros de romance, os jogos de computador, entre outros.
4. Para evitar ser interrompido por outras pessoas pode colocar um aviso na
porta para não ser incomodado, ou avisá‐las previamente.
5. Na sala de aula deve‐se evitar fazer barulho, falar com colegas ou ʺsonhar
acordadoʺ. Por outro lado, procure manter o interesse pela matéria participan‐
do na aula. Um pergunta inteligente é sempre bem vinda!
2.3.1 DICAS ESPECIAIS PARA MATEMÁTICA
1. Nem sempre é na aula onde o estudo começa. O aluno que tem o costume dar
uma folheada no conteúdo antes da aula sempre a aproveita melhor e sana
muito mais facilmente suas dúvidas. Além de estar sempre confiante e mais
receptivo ao conteúdo.
2. Não esqueça de registrar tudo o que for pedido a você e mais alguns aponta‐
mentos que considere útil.
3. Participe ativamente, pois assim se mantém atento, concentrado e aprende a
raciocinar.
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
4. Esclareça suas dúvidas. Nunca saia da sala com elas. Apresentar dúvidas revê‐
la interesse e empenho no aprendizado, ultrapassando as dificuldades. Obser‐
vação: atente ao fato de não confundir dúvidas com a empolgação de aparecer
constantemente. Chega uma hora em que as dúvidas acabam e as perguntas
passam a ser tolas e banais: isto atrapalha a aula, passando uma imagem pés‐
sima ao professor e aos colegas de curso. Não faça perguntas que você já sabe
a resposta para demonstrar seus conhecimentos, é fácil notar esta intenção!
Você interpretará um papel sofrível!
5. Observe que tal regra também vale para correção de erros provenientes da
aula. Uma variável com letra trocada ou um erro numérico provindo de um
exemplo resolvido em sala deve ser corrigido prontamente, com simplicidade.
Por outro lado, erros de ortografia, concordância e pontuação não compro‐
metem o conteúdo e podem ficar guardados com você.
6. Pouco tempo depois das aulas, reveja a matéria trabalhada, passe os aponta‐
mentos a limpo se for caso.
7. O mais importante, para se estudar matemática é preciso praticar:
7.1. Repetir exercícios antigos e verificar se há dúvidas usando um caderno
diário como referência.
7.2. Fazer exercícios novos (como exemplo, aqueles que o professor não faz
do livro – mas não se desespere, as propostas são tantas que seria impos‐
sível fazer tudo!) e verificar depois as soluções.
7.3. Uma sugestão: tenha sempre dois cadernos, um para a aula e o outro para
estudar (neste caso uma boa quantidade de folhas de rascunho já é o
suficiente), repita exercícios, resolva problemas, faça construções geomé‐
tricas, demonstre teoremas... Enfim, gaste seus neurônios...
NOTA: Se você for capaz de estabelecer horários de estudo adequados e organizar os
teus momento, obterá melhores resultados escolares, porque terá tempo para orga‐
nizar e rever as matérias estudadas. Desta forma, você vai se sentir mais confiante e
seguro dos teus conhecimentos quando tiver avaliações.
TEXTO COMPLEMENTAR:
A HISTÓRIA DO π
O QUE É O NÚMERO PI (π)?
O número pi (representado pela letra grega π) é o irracional mais famoso da his‐
tória, com o qual se representa a razão constante entre o perímetro de qualquer cir‐
cunferência e o seu diâmetro .
Se pensarmos que ao dar a volta à Lua seguindo um dos seus círculos máximos,
percorremos aproximadamente 10920 Km e se dividirmos este valor pelo diâmetro da
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 13 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Lua que é 3476 Km iremos verificar que esta razão é de 3,14154200…, este número
nos é familiar, aproximadamente 3,14.
Na realidade, como número irracional, pi é expresso por uma dízima infinita
não periódica, que nos dias de hoje com a ajuda dos computadores já é possível de‐
terminar com centenas de milhões de casa decimais.
Aqui aparecem as primeiras cinqüenta :
π = 3,14159 26535 89793 23846 26433 83279 50288 41971 69399 3751 ...
A HISTÓRIA DO π
A existência de uma relação constante entre a circunferência de um círculo e o
seu diâmetro era conhecido por muitas das civilizações antigas. Tanto os Babilônios
como os Egípcios sabiam que esta razão era maior que 3. Nas placas de argila dos
Babilônios verifica‐se que estes adotavam uma aproximação grosseira para o valor de
π, pois consideravam que a razão do círculo era dada por 3 ou
10 1
3 ≤ π ≤ 3 .
71 7
Por seu lado os Egípcios deram um valor diferente, mais exato, obtido através
da comparação da área de um disco circular com o quadrado do seu diâmetro. Nos
papiros Egípcios escritos antes de 1700 a. C., a área de um círculo é igual à de um
quadrado com 8/9 de diâmetro. Mas por exemplo o papiro de Ahmes, (cerca de 1600
a. C.) dá à relação existente entre a circunferência e o seu diâmetro, o valor 3,16, na
nossa notação; o papiro contém uma fórmula para se calcular a área da esfera, em que
é atribuído a π o valor de 3,14. Isto evidência que a medição Egípcia da circun‐
ferência tinha erro menor do que um por cento.
Se tomarmos o diâmetro como 2, a área é p e a regra Egípcia é dada por:
2
16 2 256
π = ⎛⎜ 2 ⋅ ⎞⎟ = 2 =
8
≈ 3 ,16 .
⎝ 9⎠ 9 81
O velho testamento descreve uma bacia circular ou a ʺfusão do marʺ feita por
Hiram de Tiro. A bacia é descrita como sendo um ʺlago de dez cúbitos, de margem a
margem, circular, cinco cúbitos de fundo, e trinta em redorʺ o que fazia π igual a 3.
Contudo, neste ponto da história já se sabia que o π era maior do que 3, e não há
razão para acreditar que o texto bíblico tinha a intenção de ser algo mais do que uma
descrição casual.
Tanto Hebreus como Babilônios se satisfizeram ao atribuir a π o valor de 3. Na
época em que, em Tennesse, se realizava o célebre julgamento da idéia
evolucionista, um dos estados agrícolas da União Americana introduziu na
legislação uma lei espe‐cial, destinada a restaurar o valor bíblico de π. Lei que
14
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
acabou por não ser aceita, pois teria ʺcomo conseqüência lógica, a extinção dos
tratores e dos automóveis Ford.ʺ
Embora muitas civilizações antigas tenham observado através de medições que
a razão do circulo é a mesma para círculos de diferentes tamanhos, os Gregos foram
os primeiros que explicaram porquê. É uma simples propriedade das figuras seme‐
lhantes. Os antigos Gregos foram provavelmente os primeiros a compreender que π
e 2 , são números muito diferente dos números inteiros ou dos números racionais
(razão de inteiros) que eles usavam nas suas matemáticas. Contudo, embora os Grgos
tenham conseguido provar que 2 é irracional, o mesmo não aconteceu com o π.
Arquimedes conseguiu melhorar um pouco a aproximação dada ao número π. Neste
caso, 3,14085 < π < 3,142857, obtendo uma aproximação com duas casas decimais
corretas.
No ano 400 d.C. o livro indiano ʺPaulisha Siddhântaʺ usa o valor 3177/1250 para
π, anos mais tarde, Tsu Chung‐Chi (430/501 d.C.) descobre que o valor de π se en‐
contra entre 3,1415926 e 3,1415927.
Por volta de 499 d.C., aparece, num tratado indiano sobre matemática e astro‐
nomia intitulado ʺãryabhataʺ, dados para a obtenção de π: ʺAdicione‐se 4 a 100, mul‐
tiplique‐se o resultado por 8 e adicione‐se 62.000. O resultado é aproximadamente o
comprimento da circunferência de diâmetro 20.000ʺ. De onde sai o valor aproximado
3,1416 para π, que é uma boa aproximação com 3 casas decimais corretas.
Mais tarde os investigadores obtiveram melhores aproximações para π usando
polígonos com mais lados do que aqueles que foram usados por Arquimedes. Um
impressionante cálculo Chinês com um polígono com mais de 3.000 lados deu cinco
décimas ao π. Os Chineses também encontraram uma fração simples 355/113 o que
difere do π por menos de 0.0000003. A aproximação racional 355/113 foi redescober‐ta
no século XVI pelo engenheiro alemão Adriaan Anthoniszoon. No mesmo século,
outro alemão, Adriaen van Rooman, usou o método de Arquimedes com 230 lados
para obter 15 casas decimais para π. Alguns anos mais tarde Ludolph Van Ceulen,
professor de matemática e ciências militares na Universidade de Leyden, obteve o
valor de π com 20 casas decimais, depois com 32 e mais tarde, em 1615, estendeu es‐te
resultado a 35 casas decimais. Os Alemães ficaram tão estupefatos com este cálculo
que durante anos chamaram ao π o número Ludolfino. Consta que essa sua apro‐
ximação de π teria sido gravada na pedra tumular do autor, pedra essa que se per‐
deu. Mais interessante ainda é o fato de, ainda hoje na Alemanha, π ser freqüente‐
mente designado como número ludolfino.
Viéte em 1593, obteve, pelo Método de Arquimedes, através do limite da suces‐
são de polígonos inscritos no círculo, o valor 3,1415926535. De sua autoria, temos a
seguinte forma a partir da qual π pode ser definido como:
π ⎛ 1 1 ⎞ ⎛⎜ 1 1 ⎞⎟ ⎛⎜ 1 1 1 ⎞⎟
= ⎜⎜ ⋅ ⎟⎟ ⋅ + ⋅⎜ + + ⋅ ...
2 ⎝ 2 2 ⎠ ⎜⎝ 2 2 ⎟⎠ ⎜ 2 2 2 ⎟⎟
⎝ ⎠
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 15 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Embora seja conhecido que π não é um número racional (isto é π não é a razão
de inteiros), há muitas fórmulas surpreendentes que o relaciona com os inteiros.
Em 1656, John Wallis (1616/1703), professor de Geometria da Universidade de
Oxford, provou que π /2 é igual ao produto infinito de números racionais. O nume‐
rador destas frações contém inteiros pares cada um repetindo‐se duas vezes, e o de‐
nominador contém inteiros ímpares, cada um repetindo‐se duas vezes (com exceção
do 1). O resultado obtido por Wallis pode escrever‐se da seguinte forma:
π 2 2 4 4 6 6 8
= ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ...
2 1 3 3 5 5 7 7
Wallis provou que o valor do limite dos produtos tende para π /2. Esta é a pri‐
meira fórmula para expressar p como o limite de seqüência de números racionais.
Uma fórmula mais simples, descoberta por James Gregory (1646/1716) em 1671,
expressa π /4 como uma série infinita. Ele provou que o limite desta série é π /4 :
π ∞
( −1) n
=∑ .
4 n = 0 2n + 1
O mesmo resultado foi descoberto independentemente, por Leibniz em 1674, e a
série é normalmente chamada de série Gregory‐Leibniz. Ele propõe o cálculo de π
pelos limites de séries.
Isaac Newton, por volta do ano 1666, através da série:
+ 24 ⋅ ⎛⎜ − − ... ⎞⎟
3 3 1 1 1 1
π= − −
⎝ 12 5 ⋅ 2 28 ⋅ 2 72 ⋅ 2 ⎠
5 7 9
4
obtém o valor de π com 16 casas decimais.
Embora as pessoas se tenham interessado durante séculos pela razão do círculo,
o uso da letra grega π como um símbolo que designa esta razão é relativamente re‐
cente. O inglês William Jones (1675/1749) é geralmente reconhecido como o primeiro
a usar o símbolo π para esta razão. O símbolo apareceu no seu livro Synopsis Palma‐
riarum Malheseos, publicado em 1706, o qual incluía 100 casas decimais para π calcu‐
lado por John Machin (1680/1752). A fórmula da autoria de Machin é dada por:
1 1
π = 16 ⋅ cot g − 4 ⋅ cot g .
5 239
A letra c (para circunferência) e p (para perímetro) foram muitas vezes usadas
para a razão do círculo, mas a letra grega π tornou‐se bastante aceite depois de Leo‐
nhard Euler usá‐la no seu famoso livro Introductio in Analysin Infinitorum,
publicado em 1748. Acredita‐se que a letra π foi escolhida por ser a primeira letra das
palavras gregas para perímetro e periferia.
16
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Em 1736 Leonhard Euler mostrou que o somatório da série :
π2 ∞
1 1 1 1 1
= ∑ 2 = 2 + 2 + 2 + 2 + ...
6 n =1 n 1 2 3 4
Ele também mostrou que esta série pode ser expressa como um produto infinito
envolvendo todos os números primos, 2, 3, 5, 7, 11...
Especialmente ele mostrou que:
π2 22 32 52 72 112
= 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + ...
6 2 − 1 3 − 1 5 − 1 7 − 1 11 − 1
As pessoas calculavam mais e mais casas decimais para π, procurando encon‐
trar padrões que se repetissem, mas nenhum foi encontrado. Em 1761 um matemá‐
tico Alemão, Johann Lambert usou uma fração contínua para a tangente trignomé‐
trica de um ângulo que mostra conclusivamente que π é irracional, isto é, π não é
razão de dois inteiros. Gauss (1777‐1855) é autor de três formulas a partir das quais π
pode ser definido:
π ⎛1
+ ... ⎞⎟ + ⎛⎜ − + ... ⎞⎟
1 1 1 1 1 1 1
=⎜ − + − + −
4 ⎝2 3⋅2 3
5⋅2 5
7⋅2 7
⎠ ⎝3 3⋅3
3
5⋅3 5
7⋅3 7
⎠
1 1 1
π = 48 ⋅ arctg + 32 ⋅ arctg ± 20 ⋅ arctg
7 57 239
∞
π = ∫ e − x dx
2
Em Outubro de 1996, o francês Fabrice Bellard de 25 anos, calcula o valor de π,
mas em numeração binária, atingindo sucessivamente as quantias de 400 bilhões,
mas em Setembro de 1997 ele consegue atingir 1.000 bilhão de casas decimais, ao fim
de 25 dias de cálculo intensivo em computadores ligados em rede através da Internet,
tendo sido usada uma fórmula desenvolvida em 1995 por matemáticos da Universi‐
dade Simon Fraser, mas aperfeiçoada por Bellard.
▪
“O estudo da Matemática é o mais indicado para desenvolver as faculdades,
fortalecer o raciocínio e iluminar o espírito”.
Sócrates
“A escada da Sabedoria tem os degraus feitos de números”.
Blavatsky
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 17 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Curiosidade:
Quando Albert Einstein era pesquisador e professor em Princeton, um grupo de
estudantes perguntou‐lhe onde se localizava seu laboratório. Ele então tirou do bolso
uma caneta e respondeu: “Aqui”.
18
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
CAPÍTULO 3
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 19 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
13:30 hs e 16:30 hs.
→ Documentação para o cadastro:
Carteira de Identidade;
Comprovante de Residência;
Planilha Atualizada, e
1 (uma) Foto 3×4.
→ Carteira: com os documentos acima em mãos é feita na hora, sem nenhum
custo. A carteira é válida por toda a duração do curso de graduação.
→ N° máximo de livros e/ou monografias emprestados por vez: 2
→ Tempo de devolução: 2 dias
3.3 BIBLIOTECAS VIRTUAIS
9 Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro (www.bibvirt.futuro.usp.br/) – Pro‐
jeto da Universidade de São Paulo que permite o acesso gratuito de um acervo
de recursos em texto (literatura e material didático) em língua portuguesa,
imagens, sons e atividades relacionadas ao ensino de primeiro e segundo graus
e cursos técnicos do Brasil.
9 Biblioteca Virtual de Estudos Culturais (www.prossiga.br/estudosculturais/
pacc) ‐ O site tem um caráter interdisciplinar e estuda questões da contempora‐
neidade. Possui links para museus, centros culturais e referências
bibliográficas.
9 Departamento de Bibliotecas Públicas (www.prodam.sp.gov.br/bib/) – Infor‐
mações sobre o acervo e horários da Biblioteca Municipal Mário de Andrade
(S.Paulo‐SP), além de links para outras bibliotecas municipais.
9 Internet Public Library (www.ipl.org) ‐ Exposições virtuais, links de revistas,
jornais e textos, segundo a área de interesse.
9 Bibliothèque Nationale de France (www.bnf.fr) ‐ Exposições virtuais, consulta
ao catálogo de obras e permite fazer o download de diversos arquivos. Versão
disponível também em inglês.
9 Bibliothèque Municipale de Lyon (www.bm‐lyon.fr) ‐ Acesso ao catálogo de
quadros e obras. É possível fazer o download de alguns textos. Versão dispo‐
nível também em inglês.
9 Biblioteca Virtual de Educação a Distância (www.cglobal.pucrs.br/~greptv/
bibead/) ‐ Site da PUC‐RS voltado para o estudo dos meios de educação a dis‐
tância. Possui links para outras bibliotecas virtuais.
9 Biblioteca Virtual do Instituto de Física ‐ USP (www.sbi.if.usp.br/) ‐ Permite a
consulta do catálogo de livros do Instituto.
9 Project Gutenberg (http://promo.net/pg/) ‐ Site trazendo um repositório de tex‐
20
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
tos eletrônicos, divididos em três categorias: literatura infantil, literatura adulta
e obras de referência (dicionários, enciclopédias, almanaques). Todos os textos
estão em inglês.
3.4 SITES DE PESQUISA ACADÊMICA
9 Portal Periódicos (CAPES) (www.periodicos.capes.gov.br/) ‐ Oferece acesso à
textos completos de artigos de mais de 2400 revistas nacionais e estrangeiras, e a
treze bases de dados com referências e resumos de documentos em todas as
áreas do conhecimento. Inclui também indicações de importantes fontes de
informação com acesso gratuito na Internet.
9 Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (www.ibict.br) ‐ O
IBICT, tem por finalidade contribuir para o avanço da ciência, da tecnologia e
da inovação tecnológica do País, por intermédio do desenvolvimento da comu‐
nicação e informação nessas áreas.
9 Scientific Electronic Library Online ‐ SciELO (www.scielo.br) ‐ Biblioteca ele‐
trônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasilei‐
ros. O Projeto tem por objetivo o desenvolvimento de uma metodologia comum
para a preparação, armazenamento, disseminação e avaliação da produção
científica em formato eletrônico.
9 Portal da Pesquisa (www.portaldapesquisa.com.br/databases/sites) – Produ‐
zido pela DotLib e permite acesso a milhares de bases de dados, livros e perió‐
dicos de diversas áreas do conhecimento.
9 Páginas Brasileiras (www.prossiga.br/paginasbrasileiras) ‐ É o portal de infor‐
mações brasileiras em Ciência, Tecnologia e Educação (CTE), que se integra ao
conjunto de serviços de informação, comunicação e educação à distância do
Programa Prossiga.
9 Web of Science (www.isiwebofknowledge.com/)‐disponível via plataforma ISI
Web of Knowledge, oferece acesso à web para os ISI Citation Indexes que
contêm informações de pesquisas multidisciplinares e de alta qualidade das
principais revistas especializadas em ciências, ciências sociais, artes e huma‐
nística. Site em inglês.
3.5 OUTROS SITES DE IMPORTANTES
9 Sociedade Brasileira de Educação Matemática (www.sbem.com.br)
9 The American Mathematical Society (www.ams.org)
9 Sociedade Brasileira de Matemática (www.sbm.org.br)
9 Sociedade Brasileira de Mat Aplicada e Computacional (www.sbmac.org.br)
9 Sociedade Brasileira de Pesquisa Operacional (www.sobrapo.org.br)
9 Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (www.impa.br)
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 21 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
9 Olimpíada Brasileira de Matemática (www.obm.org.br)
9 International Mathematics Olympiad (www.win.tue.nl/ioi/imo)
9 Centro de Divulgação Científica e Cultural CDCC (www.cdcc.sc.usp.br/)
9 Academia Brasileira de Ciências (www.abc.org.br/)
9 Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ)
(www.cnpq.br/)
9 Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
(www.capes.gov.br/)
9 Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ)
(www.faperj.br/)
9 Governo Federal (www.brasil.gov.br/)
9 Rede Nacional de Pesquisa (RNP) (www.rnp.br/)
9 Biblioteca Ufscar (www.bco.ufscar.br/)
9 Biblioteca Usp ‐ São Carlos (www.icmc.sc.usp.br/~biblio)
TEXTO COMPLEMENTAR:
A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE FUNÇÃO5
Por FRANCIELE CRISTINE MIELKE
A noção de dependência funcional surgiu da idéia de relacionar dois conjuntos
com alguma regra. A origem é incerta, mas desde tempos remotos, tabelas de corres‐
pondências obtidas da observação de fenômenos físicos, foram importantes na
evolu‐ção do que hoje conhecemos por função.
As operações com funções já tinham atingido um alto grau de perfeição na
época das primeiras tentativas de formalizar o conceito de função. O método analí‐
tico de se tratar funções revolucionou a matemática e assegurou para o conceito de
função um lugar de destaque nas ciências exatas.
Esse é o conceito de função que desde o século passado é aceito por todos: ʺUma
função y da variável x, y = f(x), é uma relação entre pares de elementos de dois
conjuntos X e Y, tal que a cada elemento x do conjunto X, um e apenas um elemento
y do conjunto Y é associado de acordo com alguma regra pré‐estabelecidaʺ.
ANTIGUIDADE
Duas civilizações aparecem como precursoras na utilização da idéia de depen‐
5 Resumo obtido a partir do texto de Geraldo Márcio de Azevedo Botelho.
22
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
dência funcional: os babilônios e os gregos. Contudo, se consideravam apenas casos
particulares de dependências entre duas quantidades, sem tentativas de generali‐
zação. A idéia de função matemática esteve sempre ligada historicamente com a evo‐
lução do conhecimento de correspondências físicas, e neste aspecto o progresso feito
pelos babilônios na tabulação e interpolação de dados astronômicos é notável.
As conquistas gregas no incremento do número de dependências funcionais por
eles usadas e no descobrimento de novos métodos de estudá‐las, foram realmente
substanciais e desempenharam um papel importante no desenvolvimento da mate‐
mática. Na geometria grega, podemos encontrar vários problemas fundamentalmen‐
te relacionados com a definição e existência de relações funcionais. E mesmo bem
cedo, entre os pitagóricos, problemas dessa natureza são encontrados.
Como quase todo o pensamento científico, com o declínio da civilização grega,
o conceito de função teve que esperar em torno de treze séculos para receber novas e
decisivas contribuições.
IDADE MÉDIA
O momento em que o conceito de função começou a ser visto como algo mais
geral foi no século 14. É nessa época que ocorre o ressurgimento da matemática como
objeto de preocupação dos cientistas. A associação da matemática com os fenômenos
naturais facilitou imensamente aos matemáticos o trabalho de generalizar o conceito
de função, tanto que já no século 14 os estudiosos possuíam uma clara noção de
função no seu sentido geral, entretanto não conseguiram formalizar adequadamente
tal conceito.
Embora seja a cinemática um ramo da mecânica mais claramente ligado à
geometria, seu desenvolvimento não pode ser desconectado da discussão sobre as
relações funcionais no mundo físico. Grande parte dessa discussão na idade média
se baseia puramente na especulação e não era sustentada por nenhum tipo de
investi‐gação empírica.
Oresme, por volta de 1361 fez um esboço daquilo que hoje chamamos de repre‐
sentação gráfica de funções, ao traçar um gráfico velocidade‐tempo para um corpo
que se move com velocidade constante. Pela primeira vez um sistema de coordena‐
das é utilizado para a representação de uma quantidade variável.
Já se percebe que o desenrolar dos acontecimentos sinaliza uma clara preocu‐
pação no sentido de se abstrair das funções estudadas isoladamente, e que as investi‐
gações e questionamentos serviram de preparação pra a grande revolução científica
que não tardaria a acontecer.
SÉCULOS 16 E 17
No início da Idade Moderna, as expressões analíticas das funções começaram a
prevalecer, e as funções analíticas, geralmente expressas por séries de potências infi‐
nitas, logo se tornaram as mais usadas.
Alguns fatores que tiveram lugar no século 16 foram responsáveis pelo desen‐
volvimento verificado no século 17. Alguns deles:
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 23 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
• O desenvolvimento dos primeiros métodos computacionais, que muito faci‐
litaram os cálculos feitos posteriormente;
• O grande avanço que este século representou na trigonometria;
• Os trabalhos de Viéte, que desempenhou um papel importantíssimo nesta
época, ao criar, em 1591, a álgebra simbólica, que deu origem a toda simbo‐
logia matemática usada até hoje.
• A descoberta dos logaritmos, cuja primeira tábua foi publicada em 1614 por
Napier, onde os cálculos são feitos sem o conceito de função, e são baseados
apenas na clara observação de uma relação funcional específica.
Fermat e Descartes, na primeira metade do século 17, inauguraram uma nova
era na matemática, ao apresentarem o método analítico para se introduzir função,
que consistia no uso de equações para representar e analisar as relações entre as
variáveis conectadas com uma curva.
A análise cartesiana era centrada basicamente nas curvas, e estas eram vistas
apenas como uma materialização da relação entre x e y e não como o gráfico de uma
função y = f(x).
Descartes restringiu o tratamento analítico às funções algébricas, deixando de
fora inclusive as curvas mecânicas. Essa restrição para a teoria de Descartes, uma vez
que uma maneira única para se representar todas as funções era um objetivo a ser
atingido. Uma solução temporária para este problema foi conseguida com o trabalho
de vários matemáticos que, independentemente uns dos outros, descobriram como
desenvolver funções em séries de potências infinitas, o que possibilitou a
representação analítica de todas as relações funcionais conhecidas na época.
A teoria de desenvolvimento de funções em séries de potências foi a mais
notável componente da nova matemática proposta por Newton e Leibniz. Um dos
principais trabalhos de Newton chama‐se ʺO Método dos Fluxos e Séries Infinitasʺ.
Importante também foi ʺDuas Novas Ciênciasʺ, de Galileu. Neste livro, as relações
funcionais eram expressas por palavras e na linguagem das proporções, mas Galileu
deixava claro o trato com variáveis e funções, tanto que bastou apenas a evolução do
simbolismo algébrico para que estas relações fossem escritas na forma simbólica.
Na época de Newton, as várias variáveis de uma curva não eram vistas como
dependentes de uma única variável independente, tendo sido Newton a única exce‐
ção, pois para ele o tempo era a variável independente da qual todas as outras
dependiam. Em termos físicos esta tese mostrou‐se bastante frágil, uma vez que foi
totalmente destruída pela teoria da inseparabilidade entre o espaço e tempo de
Einstein (só que mais de 200 anos depois). Contudo, ela teve uma importância crucial
no desenvolvimento do pensamento funcional, pois materializava as noções de
variáveis independentes e dependentes.
Leibniz, contemporâneo de Newton, trabalhou paralelamente, mas independen‐
temente de Newton, chegou às noções básicas do Cálculo desenvolvendo‐as a partir
24
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
da geometria das curvas. É claro que o conceito de função se encontra entre estas
noções básicas, e foi com Leibniz que a palavra função aparece impressa pela primei‐
ra vez, em 1676, particularmente no manuscrito ʹThe Methodus Tangentum Inversa,
Seu de ‘functionibusʹ. Leibniz se refere às funções como partes de linhas retas, isto é:
segmentos obtidos pela construção de linhas retas infinitas correspondentes a um
ponto fixo e a pontos de uma curva dada.
Jakob Bernoulli usa esse sentido no se ʹActa Eruditorumʹ. Leibniz quanto Jakob
gostariam de usar o termo função para representar expressões analíticas, tanto que o
próximo passo foi à compreensão de função como expressões analíticas arbitrárias. O
primeiro a fazer isso foi Johann Bernoulli que se reporta a função como uma expres‐
são analítica arbitrária em seu artigo sobre a solução do problema isoperimétrico.
Bernoulli introduz em 1697 a notação X para uma função da variável x, que teve
vida curta, graças a seu próprio criador.
SÉCULOS 18 E 19
Johann Bernoulli, em um artigo de 1718 revê sua posição e sugere a letra grega
ϕ para caracterizar funções. Porém o argumento ainda era escrito sem os atuais pa‐
rênteses: ϕ x. Neste mesmo artigo de 1718, Johann apresenta a definição explícita de
função mais remota de que se tem notícia: ʺDefinição: chama‐se função de uma
grandeza variável uma quantidade composta de qualquer modo da variável e de
constantes quaisquerʺ. Já estava bem claro que tal conceito era necessário. É neste
momento que entra em cena o matemático que pode ser considerado como o perso‐
nagem principal: Leonhard Euler.
De acordo com o seu método de trabalho, Euler diagnosticou esta necessidade
de uma formalização do conceito de função, e elaborou definições bem detalhadas:
• Constante: quantidade definida que assume sempre um e apenas um valor;
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Apesar de tratar apenas com funções analíticas no vol. 1 do seu “Introducio in
Analisis Infinitorum”, no vol. 2 Euler admite a existência de outros tipos de funções.
Neste trabalho ele cita o que seria a idéia de continuidade. Para Euler, continuidade
significava invariabilidade, imutabilidade da equação que determina a relação fun‐
cional sobre todo o domínio de valores da variável independente, enquanto que
descontinuidade significava uma alteração na lei analítica, a existência de pelo
menos duas leis diferentes em dois intervalos de seu domínio.
Esse conceito de continuidade gerou uma grande polêmica e discussão envol‐
vendo vários matemáticos. Em 1817, Bolzano define continuidade: ʹa função f(x) é
contínua em um intervalo se, em qualquer x do intervalo, a diferença f(x+w) ‐ f(x)
pode se tornar tão pequena quanto se desejeʹ. Definição parecida foi anunciada por
Cauchy em 1821. O grande passo dado por Bolzano e Cauchy foi ter dado à conti‐
nuidade o seu caráter local, ao contrário do caráter global a ela atribuído por Euler.
Em 1734‐35, Euler introduz a notação f(x) para a representação da função f da
variável x. E em 1755 se vê obrigado a rever seu conceito de função, e propõe: ʹSe
algumas quantidades dependem de outras quantidades de modo que uma alteração
nas segundas implique uma alteração nas primeiras, então as primeiras são chama‐
das de funções das segundasʹ.
Em 1780, o conceito de funções mistas de Euler é questionado por J. Charles,
que diz que algumas funções que pela definição de Euler seriam mistas podem ser
representadas por uma equação apenas.
Uma das principais conquistas matemáticas do século 19 foi a formalização
daquela área da matemática que trata dos processos infinitos (e infinitesimais), ou
seja, a separação da análise da geometria. Este processo teve em Weierstrass seu
maior expoente, e no conceito de função seu maior protagonista. Deve‐se ressaltar
também que o passo inicial da aritmetização da análise foi dado por Euler, que no
ʹIntroducioʹ identifica as funções como o objeto central de estudo, em detrimento das
curvas.
▪
“Não há ramo da matemática, por abstrato que seja, que não possa um dia vir a
ser aplicado aos fenômenos do mundo real.”
Lobachevsky
“A matemática apresenta invenções tão sutis que poderão servir não só para
satisfazer os curiosos como também, para auxiliar as artes e poupar trabalho aos ho‐
mens.”
Descartes
“Ouvi dizer que o governo iria cobrar impostos mais caros dos ignorantes em
Matemática. Engraçado! Eu pensei que a loteria já era justamente isso!“
Gallagher
26
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
CAPÍTULO 4
4.1 TERMINOLOGIA MATEMÁTICA6
Teorema: foi um termo introduzido por Euclides que significa uma ʺafirmação que
pode ser provadaʺ. Em grego, originalmente significava ʺespetáculoʺ ou ʺfestaʺ. A‐
tualmente, é mais comum deixar o termo teorema para apenas certas afirmações que
podem ser provadas e de grande importância matemática, o que torna a definição
um tanto quanto subjetiva. Provar teoremas é o principal ramo de atividade dos
matemáticos. Perceba que ʺteoremaʺ é diferente de ʺteoriaʺ.
Para que um teorema seja válido é preciso antes demonstrá‐lo (i.e., prová‐lo),
por mais que a demonstração em si não faça parte do teorema (um teorema consiste
em apenas uma implicação que pode ser provada, ou seja, um teorema em si é
apenas seu enunciado). Obviamente, um teorema pode ter mais de uma única de‐
monstração.
Modelo Axiomático: É extremamente comum agrupar várias hipóteses tidas como
verdadeiras numa teoria, sendo qualquer outra verdade, dentro da teoria, uma im‐
plicação destas, assim seguindo o chamado Modelo Axiomático.
Neste caso, as hipóteses que definirem alguma entidade nova são chamadas de
definições e as que tratarem das relações entre as entidades definidas e qualquer
outra definida como existente são denominadas axiomas ou postulados da teoria. É
dado o nome de Formalismo à corrente filosófica de se usar apenas modelos
axiomáticos.
Proposição: é uma sentença não associada a algum outro teorema, de simples prova e
de importância matemática menor.
Lema: é um ʺpré‐teoremaʺ, um teorema que serve para ajudar na prova de outro teo‐
rema maior. A distinção entre teoremas e lemas é um tanto quanto arbitrária, uma
vez em que grandes resultados são usados para provar outros.
Corolário: é uma conseqüência direta de outro teorema ou de uma definição, muitas
vezes tendo suas demonstrações omitidas, por serem simples.
Alguns outros termos também são usados, por mais que raros e com definição
menos rigorosa, basicamente quando não se quer usar a palavra ʺteoremaʺ:
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
9 Regra; Regra em metodologia pode ser um conjunto de coordenadas de fun‐
cionamento de um determinado sistema para fins de organização, ou seja
para manter a ordem do mesmo.
9 Lei; que também pode se referir a axiomas, regras de dedução e a distri‐
buições de Probabilidade.
9 Algoritmo; muito raro e diferente do conceito com o mesmo nome que é um
dos estudos centrais da Ciência da Computação.
9 Paradoxos; Alguns teoremas também são classificados como paradoxos, por
irem de encontro a que intuitivamente se esperaria. Entretanto, tal termo
também pode ser usado para afirmações falsas que aparentem ser verdadei‐
ras em um primeiro momento.
9 Conjecturas; Existem também certas afirmações que se acredita serem ver‐
dadeiras, mas nunca ninguém conseguiu prová‐las nem negá‐las.
4.2 TEOREMAS NOTÁVEIS
1) TEOREMA DE PITÁGORAS:
O “Teorema de Pitágoras” é provavelmente o mais célebre dos teoremas da
Matemática. Enunciado pela primeira vez pelo filósofo grego Pitágoras, estabelece
uma relação simples entre o comprimento dos lados de um triângulo retângulo.
Ele afirma que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos
catetos. Matematicamente, se c designar a hipotenusa e a e b os catetos, vem que: c² =
a² + b²
Existem centenas de demonstrações para o Teorema de Pitágoras. Na verdade
ele é o que possui mais demonstrações de todos os teoremas da matemática!
2) TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO:
O “Teorema Fundamental do Cálculo” é a base das duas operações centrais do
cálculo, diferenciação e integração, que são considerados como inversos um do
outro. Isto significa que se uma função contínua é primeiramente integrada e depois
diferenciada, volta‐se na função original. Este teorema é de importância central no
28
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
cálculo.
3) TEOREMA FUNDAMENTAL DA ÁLGEBRA:
Em Matemática, o “Teorema Fundamental da Álgebra” afirma que qualquer
polinômio p(z) com coeficientes complexos de uma variável e de grau n ≥ 1, possui
alguma raiz complexa.
4) TEOREMA DE TALES:
O “Teorema de Tales”, devido a Tales de Mileto, afirma que quando retas para‐
lelas são cortadas por retas transversais, as medidas dos segmentos corresponden‐tes
determinados nas transversais são proporcionais.
No teorema de Tales: as razões AD/AB, AE/AC e DE/BC são iguais.
5) O ÚLTIMO TEOREMA DE FERMAT
Esse, sem nenhuma dúvida, foi o problema mais famoso da Matemática, desde
que foi enunciado no século 17.
Pierre de Fermat, acreditem, foi mais um advogado que ficou famoso como ma‐
temático amador. E tanto fez que é considerado como um dos maiores craques da
teoria dos números. Para culminar, em toda sua vida só publicou um artigo, além do
mais anonimamente, como apêndice do livro de um colega. Seu nome só não foi
esquecido porque seu filho Samuel publicou, postumamente, sua enorme produção
matemática contida na forma de cartas a amigos, anotações, artigos inéditos e notas
rascunhadas em margens de livros.
Pois foi justamente em uma dessas notas, rabiscada na margem de uma cópia
do livro Aritmetica, de Diofantos, que Fermat deu partida ao mais intrigante proble‐
ma matemático dos últimos três séculos. A nota dizia:
ʺUma equação do tipo xn + yn = zn, onde x, y, z e n são inteiros, não tem
solução para valores de n maior que 2.ʺ
Para dar mais mistério ao caso, Fermat acrescentou:
ʺAchei uma prova verdadeiramente notável desse teorema mas essa margem
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 29 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
é muito pequena para contê‐laʺ.
Os matemáticos, hoje em dia, acham que Fermat se enganou e logo descobriu
que sua prova estava errada. Pois, se estivesse correta, ele a teria enviado em suas
cartas aos colegas, como costumava fazer. Aliás, é curioso notar que, em todo seu ex‐
tenso trabalho matemático, Fermat apenas enunciava os teoremas, todos muito im‐
portantes, sem demonstrá‐los.
Voltando ao teorema acima: praticamente todo matemático, ilustre ou não,
desde 1630 até hoje, gastou algum tempo tentando achar uma forma de demonstrá‐
lo. Gauss conseguiu prová‐lo apenas para o caso de n = 4. Euler, um gênio sem limi‐
tes, produziu uma prova que depois reconheceu como errônea. Vultosos prêmios
foram oferecidos por várias instituições a quem conseguisse a proeza, o que motivou
uma enxurrada de provas erradas.
Finalmente, em 1993, o matemático inglês Andrew Wiles apresentou uma de‐
monstração que, aparentemente, resolvia o problema. Como previsto, essa demons‐
tração era bastante complicada e não foi logo entendida pelos colegas. O próprio
Wiles, logo após sua apresentação, descobriu falhas na demonstração e achou me‐
lhor retirá‐la. Depois de trabalhar arduamente por mais um ano, em setembro de
1994, Wiles apresentou uma nova prova, mais simples que a primeira, que é consi‐
derada pela comunidade de matemáticos como correta.
TEXTO COMPLEMENTAR:
NÚMERO DE OURO E A SEQÜÊNCIA DE FIBONACCI
O número de ouro não é mais do que um valor numérico cujo valor aproxima‐
do é 1,618. Este número irracional é considerado por muitos o símbolo da harmonia.
A escola grega de Pitágoras estudou e observou muitas relações e modelos numé‐
ricos que apareciam na natureza, beleza, estética, harmonia musical e outros, mas
provavelmente a mais importante é a razão áurea, razão divina ou proporção divina.
Se quiséssemos dividir um segmento AB em duas partes, teríamos uma infinidade
de maneiras de o fazer. Existe uma, no entanto, que parece ser mais agradável à vista,
como se traduzisse uma operação harmoniosa para os nossos sentidos. Relativamen‐
te a esta divisão, o matemático alemão Zeizing formulou, em 1855, o seguinte prin‐
cípio:
“Para que um todo dividido em duas partes desiguais pareça belo do
ponto de vista da forma, deve apresentar a parte menor e a maior a mesma
relação que entre esta e o todo.ʺ
A HISTÓRIA DO NÚMERO DE OURO
A história deste enigmático número perde‐se na antiguidade. No Egito as pirâ‐
mides de Gizé foram construídas tendo em conta a razão áurea: a razão entre a altura
de uma face e a metade do lado da base da grande pirâmide é igual ao número de
30
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
ouro.
Outro exemplo da proporção áurea na antiguidade é o Papiro de Rhind (Egíp‐
cio) ou Ahmes que mede 5,5 metros de comprimento por 0,32 metros de largura,
datado aproximadamente no ano 1650 a.C. onde encontramos um texto matemático
na forma de manual prático que contém 85 problemas copiados em escrita hierática
pelo escriba Ahmes de um trabalho mais antigo. Refere‐se a uma «razão sagrada»
que se crê ser o número de ouro. Esta razão ou seção áurea também aparece em
muitas estátuas da antiguidade.
Figura 1 ‐ Partenon Grego.
Os Pitagóricos usaram também a seção de ouro na construção da estrela Penta‐
gonal. Os pitagóricos não conseguiram exprimir como quociente entre dois números
inteiros, a razão existente entre o lado do pentágono estrelado e o lado do pentágono
regular inscritos numa circunferência. Quando chegaram a esta conclusão ficaram
muito espantados, pois tudo isto era muito contrário a toda a lógica que conheciam e
defendiam que lhe chamaram irracional. Foi o primeiro número irracional de que se
teve consciência que o era. Este número era a seção de ouro apesar deste nome só lhe
ser atribuído 2000 anos depois.
Posteriormente, os gregos consideraram que o retângulo cujos lados possuía
esta relação apresentava uma especial harmonia estética e lhe chamaram retângulo
áureo ou retângulo de ouro, considerando esta harmonia como uma virtude excep‐
cional. Endoxus foi um matemático grego que se tornou conhecido devido à sua
teoria das proporções e ao método da exaustão, criou uma série de teoremas gerais de
geometria e aplicou o método de análise para estudar a seção que se acredita ser a
seção de ouro.
A RAZÃO ÁUREA E O NÚMERO DE OURO
De uma forma mais simplificada podemos chegar ao número de ouro e para isso
vamos utilizar o seguinte processo: Considere o segmento de reta, cujas duas
extremidades se denominarão de A e C, e colocando um ponto B entre A e C (neste
caso o ponto B estará mais perto de A) , de maneira que a razão do segmento de reta
mais pequeno (AB) para o maior (BC) seja igual à razão do maior segmento (BC) para
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 31 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
o segmento todo (AC):
A razão entre os comprimentos destes segmentos designa‐se habitualmente por
seção áurea. Então, tem‐se que:
(AB)/(BC) = (BC)/(AC)
Pode‐se então definir o número de ouro se fizer: AB = y, BC = x e AC = x + y.
O número de ouro vai ser a razão entre x e y (ou seja, será x/y):
y/x = x/( x + y )
Resolvendo tal igualdade chegamos a equação do segundo grau:
(x/y)² ‐ (x/y) ‐ 1 = 0
Resolvendo esta equação quadrática onde r = x/y, obtém‐se as soluções:
r1 = ( 1 + 5 ) / 2 e r2 = ( 1 ‐ 5 ) / 2
Não se irá considerar o segundo valor (r2), tendo em conta que o comprimento
de um polígono, nunca poderá ser negativo. Chega‐se então, ao que se pretende, isto
é, encontrou‐se o tão esperado número de ouro Ф (Phi):
Ф = ( 1 + 5 ) / 2 = 1.618033988749895...
Phi, tem este nome em homenagem ao arquiteto grego Phidias, construtor do
Parthenon e que utilizou o número de ouro em muitas de suas obras. Outras formas
de se representar o número Ф é através das seguintes séries infinitas:
1
Φ =1+ e Φ = 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + ...
1
1+
1
1+
1
1+
1 + ...
SEQÜÊNCIA DE FIBONACCI
O Matemático Italiano Leonardo de Pisa nasceu na Itália por volta de 1175 e fi‐
cou conhecido como Fibonacci (filho de Bonaccio). A partir da publicação do livro
Líber Abacci , (livro do Ábaco) em 1202, Fibonacci tornou‐se famoso, principalmente
devido aos inúmeros temas desenvolvidos nesse trabalho. Nele aparecem estudos
32
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
sobre o clássico problema envolvendo populações de coelhos, o qual foi a base para
o estabelecimento da célebre seqüência (números) de Fibonacci.
Quantos pares de coelhos podem ser gerados de um par de coelhos em um ano?
Um homem tem um par de coelhos em um ambiente inteiramente fechado. Deseja‐
mos saber quantos pares de coelhos podem ser gerados deste par em um ano, se de
um modo natural a cada mês ocorre a produção de um par e um par começa a
produzir coelhos quando completa dois meses de vida. Como o par adulto produz
um par novo a cada 30 dias, no início do segundo mês existirão dois pares de coelhos,
sendo um par de adultos e outro de coelhos jovens, assim no início do mês 1
existirão 2 pares: 1 par adulto + 1 par recém nascido.
Esse problema aparece esquematizado na Figura 2.
Figura 2 – Esquema do problema dos coelhos.
Tal processo continua através dos diversos meses até completar um ano. Obser‐
va‐se esta formação no gráfico com círculos, mas também se pode perceber que a
seqüência numérica, conhecida como a seqüência de Fibonacci, indica o número de
pares ao final de cada mês:
{1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, ...}
Pode‐se tomar a definição desta seqüência para todo n natural, como:
u(1)=1, u(2)=1 e u(n+1) = u(n‐1) + u(n).
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 33 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Esta seqüência não é limitada superiormente, mas existe um fato interessante:
Tomando as razões (divisões) de cada termo pelo seu antecessor, obtemos uma outra
seqüência numérica cujo termo geral é dado por:
F(n) = u(n+1) / u(n).
que é uma seqüência limitada. Se considerarmos a seqüência de Fibonacci como um
conjunto da forma {1,1,2,3,5,8,13,...} e a divisão de cada número pelo seu antecessor,
obteremos outra seqüência:
1/1 = 1, 2/1 = 2, 3/2 = 1.5, 5/3 = 1.666..., 8/5 = 1.6, ...
É fácil perceber o que ocorre quando colocamos estas razões sucessivas (alturas)
em um gráfico em que o eixo horizontal indica os elementos da seqüência de Fibona‐
cci:
As razões vão se aproximando de um valor particular, conhecido como Número
de Ouro (Número Áureo). Ou seja, quando n tende a infinito, o limite é exatamente o
número de ouro.
Ф = Lim u(n+1) = 1.618033988749895...
n → ∞
u(n)
▪
“A Matemática é como um moinho de café que mói admiravelmente o que se
lhe dá para moer, mas não devolve outra coisa senão o que se lhe deu”.
Faraday
“É das hipóteses simples que mais devemos desconfiar, porque são aquelas que
têm mais possibilidades de passar desapercebidas”.
Poincaré
“De que me irei ocupar no céu, durante toda a Eternidade, se não me derem
uma infinidade de problemas de Matemática para resolver?”
Augustin Louis Cauchy
34
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
CAPÍTULO 5
José Mariano Amabis. Centro de Estudos do Genoma Humano CEPID ‐ FAPESP/USP. Grupo de Pes‐
7
quisa no Ensino de Biologia Molecular. Depto de Biologia ‐ Instituto de Biociências USP.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 35 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
mento e organização de currículos;
5.1.2 ESTRUTURAS DE MAPAS
Os mapas conceituais podem assumir, por exemplo, dois tipos de estrutura:
9 Hierárquica:
o Configura o detalhamento de um conceito geral. Os conceitos fun‐
damentais colocados no topo e os conceitos subordinados, pro‐
gressivamente, em direção à base.
9 Em rede:
o Nós relacionados de forma livre, mas com possibilidade de assu‐
mir estruturas hierárquicas.
Figura 1: Exemplo de Mapa Conceitual hierárquico sobre funções.
5.1.3 TÉCNICA DE CONSTRUÇÃO DE MAPAS CONCEITUAIS
Uma possível técnica de construção de um mapa conceitual pode seguir as
seguintes etapas:
36
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
1. Ter, antes, uma boa pergunta inicial cuja resposta estará expressa no mapa
conceitual construído;
2. Escolher um conjunto de conceitos (palavras‐chave) dispondo‐os aleatória‐
mente no espaço onde o mapa será elaborado;
3. Escolher um par de conceitos para estabelecimento da(s) relação(ões) entre
eles;
4. Decidir qual a melhor e escrever uma frase de ligação para esse par de côn‐
ceitos escolhido;
5. A repetição das etapas c) e d) tantas vezes quanto se fizer necessário (em
geral até que todos os conceitos escolhidos tenham, ao menos, uma ligação
com outro conceito).
Resumidamente, os conceitos se relacionam da seguinte forma:
ʺconceitoʺ ‐ ligação ‐ ʺconceitoʺ
Podendo um mesmo conceito estar relacionado a diversos outros.
White e Gunstone, 1997, propõem uma seqüência de etapas em forma de
atividade que auxiliam a construção de um mapa conceitual:
1. Escreva os termos ou conceitos principais que você conhece sobre o tópico
selecionado. Escreva cada conceito ou termo em um cartão.
2. Revise os cartões, separando aqueles conceitos que você NÃO entendeu.
Também coloque de lado aqueles que NÃO ESTÃO relacionados com qual‐
quer outro termo. Os cartões restantes são aqueles que serão usados na
construção do mapa conceitual.
3. Organize os cartões de forma que os termos relacionados fiquem perto uns
dos outros.
4. Cole os cartões em um pedaço de papel tão logo você esteja satisfeito com o
arranjo. Deixe um pequeno espaço para as linhas que você irá traçar.
5. Desenhe linhas entre os termos que você considera que estão relacionados.
6. Escreva sobre cada linha a natureza da relação entre os termos.
7. Se você deixou cartões separados na etapa 3, volte e verifique se alguns deles
ajustam‐se ao mapa conceitual que você construiu. Se isto acontecer, assegu‐
re‐se de adicionar as linhas e relações entre estes novos itens.
5.1.4 AVALIAÇÃO DE MAPAS CONCEITUAIS
A idéia principal do uso de mapas na avaliação dos processos de aprendizagem
é a de avaliar o aprendiz em relação ao que ele já sabe, a partir das construções
conceituais que ele conseguir criar, isto é, como ele estrutura, hierarquiza, diferencia,
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 37 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
relaciona, discrimina e integra os conceitos de um dado mini‐mundo em observação,
por exemplo.
Isso significa que não existe mapa conceitual “correto”. Um professor nunca
deve apresentar aos alunos o mapa conceitual de um certo conteúdo e sim um mapa
conceitual para esse conteúdo segundo os significados que ele atribui aos conceitos e
às relações significativas entre eles. Da mesma maneira, nunca se deve esperar que o
aluno apresente na avaliação o mapa conceitual “correto” de um certo conteúdo. Isso
não existe. O que o aluno apresenta é o seu mapa e o importante não é se esse mapa
está certo ou não, mas sim se ele dá evidências de que o aluno está aprendendo
significativamente o conteúdo.
A análise de mapas conceituais é essencialmente qualitativa. O professor, ao
invés de preocupar‐se em atribuir um escore ao mapa traçado pelo aluno, deve
procurar interpretar a informação dada pelo aluno no mapa a fim de obter evidências
de aprendizagem significativa.
Explicações do aluno, orais ou escritas, em relação a seu mapa facilitam muito a
tarefa do professor nesse sentido.
Figura 2: Exemplo de um Mapa Conceitual construído sobre Mapas Conceituais.
38
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
5.1.5 CONSTRUÇÃO DE MAPAS CONCEITUAIS VIA SOFTWARE
Existe um programa grátis, que pode ser baixado da internet, e ensina o aluno a
pensar e serve como uma moderna ferramenta de avaliação.
Imagine um papel de página de revista feito com fibras de celulose extraídas de
pinheiros canadenses. É uma folha importada, que até chegar às suas mãos gerou
empregos e movimentou a economia. Agora, ela está servindo de suporte para infor‐
mações, assim como as escrituras do antigo Egito. Com uma diferença: os povos que
habitavam as margens do rio Nilo usavam o papiro.
Se pararmos para pensar, podemos ver que o papel se insere em diferentes
épocas e se relaciona com assuntos como celulose, pinheiro, emprego, economia,
Canadá, informação, comunicação, Egito, Nilo e papiro. Pois bem: esse tipo de rela‐
ção entre conceitos é trabalhado a todo instante.
Mas como compreender os conceitos de modo correto? As formas convencionais
de avaliação podem ajudar, mas ainda não permitem analisar, com clareza, o
processo de raciocínio. Uma alternativa para esse fim é o programa de informática
Cmaptool. Financiado originalmente pela Marinha Americana, ele também foi
desen‐volvido com objetivos educacionais pela Universidade de West Florida, nos
Estados Unidos.
O software trabalha com a montagem do mapa conceitual (veja Figura 3), espé‐
cie de organograma de idéias com um conjunto de substantivos interrelacionados.
Os grandes conceitos aparecem dentro de caixas — que podem ser linkadas com
imagens ou outros mapas — enquanto as relações entre eles são feitas por frases e
verbos de ligação.
ʺAo construir o mapa, o aluno analisa as relações possíveis entre as idéias que
tem sobre um temaʺ, explica Ítalo Dutra, professor do Colégio de Aplicação e
Pesquisador do Laboratório de Estudos Cognitivos da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS). Ele é um dos responsáveis pelo estudo do programa no
Brasil pela ótica da Espistemologia Genética de Jean Piaget.
Figura 3: Exemplo de mapa conceitual utilizando o software Cmaptool.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 39 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Hoje, já existe uma versão do programa em português, que pode ser baixada
para o computador, sem custos, no endereço http://ead.cap.ufrgs.br. Lá é possível
encontrar também as instruções de uso. Os comandos são bem simples, mas, para
rodar o Cmaptool é necessária uma memória de 128 Mb.
5.2 MAPAS MENTAIS8
Mapa mental, ou mapa da mente é o nome dado para um tipo de diagrama,
sistematizado pelo inglês Tony Buzan, voltado para a gestão de informações, de co‐
nhecimento e de capital intelectual; para a compreensão e solução de problemas; na
memorização e aprendizado; na criação de manuais, livros e palestras; como ferra‐
menta de brainstorming; e no auxílio da gestão estratégica de uma empresa ou nego‐
cio.
5.2.1 O MÉTODO
Os desenhos feitos em um mapa mental partem de um único centro, a partir do
qual são irradiadas as informações relacionadas. Eles podem ser feitos com um
software adequado ou com canetas coloridas e um bloco de papel, e podem ser
usados por todos os profissionais para gerenciar qualquer tipo de informação. Este
método de registro é cada vez mais usado por uma série de profissionais de todas as
áreas de conhecimento humano.
O sistema de diagrama dos mapas mentais funciona como uma representação
gráfica de como as idéias se organizam em torno de um determinado foco. Os Mapas
Mentais funcionam exatamente como o cérebro, segundo Buzzan. Quando um Mapa
Mental é elaborado, cada parte do mapa é associada com o restante, criando cone‐
xões entre cada conceito.
5.2.2. COMO USAR MAPAS MENTAIS?9
Uma vez que você disponha de um mapa mental, a maneira de usá‐lo varia
conforme a finalidade. Uma primeira diretriz para quando você for olhar um mapa
mental pela primeira vez é: Não olhe para todo o mapa de uma só vez! Olhe para o
tópico central, certifique‐se de que entende o contexto do mapa. Depois olhe os
tópicos de primeiro nível, dando‐se um tempo para criar uma visão geral desse nível.
Só depois passe aos níveis mais detalhados. Alguns mapas mentais com conteúdo
novo para você podem requerer, para que sejam bem compreendidos, que você
obtenha informações da fonte original, como um livro ou artigo.
Veja a seguir alguns usos e respectivas sugestões de estratégias.
9 Para planejamento: No caso de eventos, como festas, quando for escolher o
que vai ter ou acontecer, simplesmente olhe o mapa mental e faça suas esco‐
versos autores. Acesso em 10/07/2007.
40
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Figura 4: Exemplo de mapa mental para sinalização de trânsito.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 41 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
TEXTO COMPLEMENTAR:
SPIRA MIRABILIS: A ESPIRAL LOGARÍTMICA
Entre as muitas curvas que já intrigaram os matemáticos, desde que Descartes
apresentou a geometria analítica em 1697, houve uma que obteve um destaque espe‐
cial: a espiral logarítmica. Ela era a favorita de Jakob Bernoulli e já veremos porquê,
mas antes de falarmos sobre ela devemos dizer algumas palavras sobre a represen‐
tação através de coordenadas polares.
Foi idéia de Descartes localizar um ponto P no plano dando suas distâncias em
relação as duas linhas, os eixos dos x (abscissas) e dos y (ordenadas). Mas podemos
também representar um ponto P dando sua distancia r de um ponto fixo O, chamado
de pólo (geralmente escolhido como a origem do sistema de coordenadas), e o ângu‐
lo θ formado entre a linha OP e a linha de referência fixa, digamos o eixo dos x. Veja
na figura 1 esta representação.
Os dois números (r, θ ) são as coordenadas polares de P, assim como (x, y) são as
coordenadas retangulares. A princípio este sistema de representação pode parecer es‐
tranho, mas na realidade ele é muito comum, pense em como um controlador de
tráfego aéreo determina a posição de um avião na tela de um radar.
Figura 1: Representação por coordenadas polares.
Exatamente como a equação y = f(x) pode ser interpretada geometricamente co‐
mo a curva descrita por um ponto móvel, com coordenadas retangulares (x, y), a
equação r = g( θ ) pode ser considerada como uma curva descrita por um ponto mó‐
vel, com coordenadas polares (r, θ ). Devemos notar que a mesma equação descreve
curvas bem diferentes quando interpretadas em coordenadas retangulares e polares;
por exemplo, a equação y = 1 descreve uma reta horizontal, enquanto a equação r = 1
descreve um círculo de raio 1 centrado na origem.
42
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
De modo inverso, o mesmo gráfico tem equações distintas quando expresso em
coordenadas polares ou retangulares: o círculo que acabamos de mencionar tem e‐
quação polar r = 1, enquanto que o mesmo círculo em coordenadas retangulares é
expresso pela equação x2 + y2 =1. Logo o sistema de representação que usamos é
meramente fruto da conveniência. A figura 2 mostra uma curva conhecida como
lemniscata de Bernoulli, cuja equação polar é r2 = a2 cos (2 θ ) é muito mais simples do
que a equação retangular (x2 + y2 )2 = a2 (x2 ‐ y2 )2.
Figura 2: A lemniscata de Bernoulli.
A transformação em coordenadas polares permitiu a Bernoulli investigar nume‐
rosas curvas novas, o que ele fez com grande entusiasmo. Sua curva favorita era a
espiral logarítmica. Sua equação é ln r = a θ , onde a é uma constante e ln é o
logaritmo natural ou “hiperbólico”, como era então chamado. Hoje em dia esta
equação é escrita da forma inversa r = e aθ , porém na época de Bernoulli a função
exponencial não era considerada uma função independente (o número e ainda nem
tinha um sím‐bolo especial). Como é prática no cálculo, medimos o ângulo θ em
radianos, não em graus, que é uma medida circular.
Se plotarmos a equação r = e aθ , em coordenadas polares, obteremos a curva
mostrada na figura 3, a espiral logarítmica. A constante a determina a taxa de cresci‐
mento da espiral. Se a for positivo, a distância r em relação a origem aumenta em‐
quanto giramos no sentido contrário aos ponteiros do relógio, resultado em uma es‐
piral voltada para a esquerda. Se a for negativo, a distância r diminui e o resultado é
uma espiral voltada para a direita. As curvas r = e aθ e r = e − aθ , são imagens espelha‐
das uma da outra.
Talvez a característica individual mais importante da espiral logarítmica seja
que, se aumentarmos o ângulo θ em incrementos iguais, a distância r da origem
aumenta também em proporções iguais, isto é, em uma progressão geométrica. Isto
deriva da identidade e a(ϕ +θ ) = e aθ ⋅ e aϕ . Em especial, se levarmos a espiral através de
uma série de voltas completas (ou seja, aumentando θ por intermédio de múltiplos
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 43 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
de 2π, poderemos medir distâncias ao longo de qualquer raio emanando de O e ob‐
servar seu crescimento geométrico.
Figura 3: Espirais no sentido esquerdo e direito.
Se seguirmos a espiral para den‐
tro, a partir de qualquer ponto fixo P
sobre ela, teremos que descrever um
número infinito de rotações antes de
chegarmos a origem O, mas,
surpreendentemente, a distância total
coberta será finita. Este fato notável
foi descoberto por Evangelista
Torricelli em 1645, um discípulo de
Galileu bastante conhecido na época.
Ele mostrou que o comprimento do
arco de P ao pólo O é igual ao
comprimento da linha tangente à
espiral em P, isto é, a medida em
linha reta de P ao eixo dos y. Veja a
figura 4.
Torricelli tratou da espiral como
uma sucessão de raios, aumentando‐a
em progressão geométrica enquanto
θ aumentava de forma aritmética
(com o cálculo integral o resultado
torna‐se muito mais fácil). O
resultado foi a primeira retificação
conhecida de uma curva não
algébrica.
44
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Figura 4: Retificação da espiral logarítmica: a distância PT é igual a PO.
Algumas propriedades mais notáveis da espiral logarítmica dependem do fato
que a função e x é igual a sua derivada. Por exemplo, cada linha reta cortando a ori‐
gem O atravessa todas as camadas da espiral com o mesmo ângulo. Veja a figura 5.
Além disso, a espiral logarítmica é a única curva que possui esta característica; por
isto ela também é conhecida como espiral eqüiangular. Isto faz da espiral um parente
próximo do círculo, para o qual o ângulo de inserção é de 90o. De fato, o círculo é
uma espiral logarítmica cuja taxa de crescimento é 0: colocando a = 0 na equação r =
e aθ , teremos r = e 0 = 1, a equação do círculo unitário.
Figura 5: Propriedade Eqüiangular.
O que mais empolgava Jakob Bernoulli em relação a espiral logarítmica era o
fato dela parecer imutável, invariável, na maioria dasa transformações da geometria.
Considere os seguintes casos:
1. Inversa da espiral logarítmica: a transformação da inversão em coordena‐das
polares consiste em levar um ponto (r, θ ) em (1/r, θ ). Geralmente a forma de
uma curva muda muito em uma inversão: por exemplo, a inversa da hi‐
pérbole é a lemniscata. Isto não chega a surpreender já que mudar de r para
1/r significa levar pontos muito próximos a origem para longe e vice‐versa.
Mas isto não acontece com a espiral logarítmica, pois a mudança de equação
r = e aθ para r = 1/ e aθ = e − aθ , é a própria espiral invertida.
2. Evoluta da espiral logarítmica: a evoluta de uma função envolve o conceito
de centro de curvatura da curva original. A curvatura de cada ponto é a me‐
dida da taxa com que a curva muda de direção naquele ponto, sendo por‐
tanto função de uma variável independente. A evoluta de uma espiral loga‐
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 45 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
rítmica é a própria espiral.
3. A curva pedal de uma espiral logarítmica: é o encontro das projeções per‐
pendiculares da origem às linhas tangentes de uma dada curva. No caso da
espiral logarítmica ela é novamente a mesma espiral.
4. A cáustica de uma espiral logarítmica: é o invólucro formado pelos raios de
luz emanados pelo centro e refletidos pela curva, como se ela fosse espelha‐
da por dentro. Jakob descobriu que ela continua sendo a mesma espiral.
Jakob ficou tão impressionado com suas descobertas que desenvolveu uma re‐
verência mística em relação a sua amada curva. Ele a batizou de Spira Mirabilis (a es‐
piral maravilhosa) e expressou seu desejo de que uma espiral logarítmica fosse
escul‐pida em sua lápide com a inscrição: Eadem mutata resurgo (Embora mudado,
devo me erguer o mesmo). O desejo de Jakob foi quase atendido. Fosse por
ignorância ou para tornar sua tarefa mais fácil, o pedreiro de fato talhou uma espiral
na tumba, mas é uma espiral de Arquimedes e não uma espiral logarítmica (Na
espiral de Arquimedes, cada volta sucessiva aumenta sua distância em relação à
origem de forma constante ou linear). Os visitantes do claustro, na catedral de
Münster, ainda podem ver o resultado (veja a figura 6), que, sem dúvida, teria feito
Jakob rolar em sua tumba.
Figura 6: A lápide de Jakob Bernoulli em Basiléia.
ESPIRAL LOGARÍTMICA E O NÚMERO DE OURO
Se conectarmos determinadas seqüências de vértices de um pentágono regular,
46
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
obtemos algumas figuras conhecidas como triângulos áureos, como pode ser visto na
figura 7. Note que ambos os triângulos são isósceles e a razão entre o maior lado e o
menor lado é o número de ouro. O primeiro triângulo possui os lados em proporção
áurea com a base, e o segundo, a a base em proporção áurea com ambos os lados.
Figura 7: Triângulos áureos formados das diagonais de um pentágono regular.
Se tomarmos um triângulo isósceles cujos lados possuem a relação áurea e bis‐
seccionarmos um dos ângulos de 72o da base veremos que obteremos outro triângulo
com as mesmas características do original. Se continuarmos o processo com este novo
triângulo, e assim consecutivamente, obtemos uma seqüência de triângulos seme‐
lhantes.
Usando como base os vértices desta seqüência de triângulos, podemos construir
uma espiral logarítmica que converge para o ponto em que a seqüência de triângulos
também converge.
Figura 8: Espiral logarítmica construída a partir de triângulos áureos.
Perante um número tão fascinante, a seqüência de Fibonacci não poderia deixar
de nos surpreender novamente. A seqüência de Fibonacci está ligada ao número de
ouro, como vimos no texto complementar do capítulo 4.
Porém, com os termos da seqüência de Fibonacci se pode construir uma seqüên‐
cia de quadrados encaixados, em que os números dentro de cada quadrado corres‐
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 47 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
pondem ao comprimento do lado do respectivo quadrado, sendo simultaneamente
termos da sucessão de Fibonacci. Veja na figura 9.
Também a partir deste retângulo pode‐se construir uma espiral eqüiangular, de
centro O (ponto de intersecção das diagonais desenhadas na figura) :
Figura 9: Espiral construída através de quadrados de Fibonacci.
Note entretanto que esta espiral não é uma espiral logarítmica e sim a espiral de
Fibonacci, porém possui um comportamento muito semelhante. Para termos suficien‐
temente grandes, quando a espiral está tendendo ao infinito, tal semelhança tende a
se acentuar. Por outro lado, a espiral logarítmica também pode ser construída por
este mesmo critério, em que são usados retângulos de ouro ao invés de quadrados de
Fibonacci. Um retângulo é dito ser áureo ou de ouro se a relação entre a sua base e
sua altura é a proporção áurea.
▪
“Mas há uma outra razão que explica a elevada reputação das Matemáticas, é
que elas levam as ciências naturais exatas uma certa proporção de segurança que,
sem elas, essas ciências não poderiam obter”.
Albert Einstein
“Uma verdade matemática não é simples nem complicada por si mesma. É uma
verdade”.
Emile Lemoine
“Deus é o Geômetra Onipotente para quem o mundo é um imenso problema
matemático”.
Leibniz
48
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
CAPÍTULO 6
RESUMOS
6.1 O QUE É UM RESUMO?10
Resumo é uma condensação fiel das idéias ou dos fatos contidos no texto. Resu‐
mir um texto significa reduzi‐lo ao seu esqueleto essencial sem perder de vista três
elementos:
a. Cada uma das partes essenciais do texto;
b. A progressão em que elas se sucedem;
c. A correlação que o texto estabelece entre cada uma dessas partes.
Muitas pessoas julgam que resumir é reproduzir frases ou partes de frases do
texto original, construindo uma espécie de ʺcolagemʺ. Essa ʺcolagemʺ de fragmentos
do texto original NÃO É UM RESUMO! Resumir é apresentar, com as próprias pala‐
vras, os pontos relevantes de um texto. A reprodução de frases do texto, em geral,
atesta que ele não foi compreendido.
Para elaborar um bom resumo, é necessário compreender antes o conteúdo
global do texto. Não é possível ir resumindo à medida que se vai fazendo a primeira
leitura. É evidente que o grau de dificuldade para resumir um texto depende
basicamente de dois fatores:
a. Da complexidade do próprio texto (seu vocabulário, sua estruturação sinta‐
tico‐semântica, suas relações lógicas, o tipo de assunto tratado etc.);
b. Da competência do leitor (seu grau de amadurecimento intelectual, o reper‐
tório de informações que possui, a familiaridade com os temas explorados).
Alguns procedimentos para diminuir as dificuldades de elaboração do resumo:
1. Ler uma vez o texto, ininterruptamente, do começo até o fim: sem a noção do
conjunto, é mais difícil entender o significado preciso de cada uma das
partes. Essa primeira leitura deve ser feita com a preocupação de responder à
seguinte pergunta: do que trata o texto?
2. Uma segunda leitura é sempre necessária. Mas esta, com interrupções, com o
lápis na mão, para compreender melhor o significado de palavras difíceis (se
preciso, recorra ao dicionário) e para captar o sentido de frases mais
complexas (longas, com inversões, com elementos ocultos), bem como as
conexões entre elas;
10 SAVIOLI, F.P. & FIORIN, J.L. Para entender o texto. 7ª ed. São Paulo. Ática. 1993
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 49 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
3. Num terceiro momento, tentar fazer uma segmentação do texto em blocos de
idéias que tenham alguma unidade de significação. Em um texto pequeno,
normalmente pode‐se adotar como critério de segmentação a divisão em
parágrafos. Quando se trata de um texto maior (o capítulo de um livro, por
exemplo). É conveniente adotar um critério de segmentação mais funcional,
o que vai depender de cada texto.
4. Dar a redação final com suas palavras, procurando não só condensar os seg‐
mentos, mas encadeá‐los na progressão em que se sucedem no texto e
estabelecer as relações entre eles.
6.2 APRESENTAÇÃO DE RESUMO11
Resumo significa, em geral, condensar um texto mantendo suas idéias prin‐
cipais. Um resumo bem elaborado deve obedecer aos seguintes itens:
1. Apresentar, de maneira sucinta, o assunto da obra;
2. Não apresentar juízos críticos ou comentários pessoais;
3. Respeitar a ordem das idéias e fatos apresentados;
4. Empregar linguagem clara e objetiva;
5. Evitar a transcrição de frases do original;
6. Apontar as conclusões do autor;
7. Possibilitar a compreensão do assunto sem consulta ao original.
Há vários tipos de resumo, cada um pra uma especificidade:
RESUMO INDICATIVO OU DESCRITIVO:
Este tipo de resumo faz apenas referências às partes principais do texto. São
utilizadas frases curtas que correspondem a cada elemento fundamental do texto. Em
relação à extensão, não deve ultrapassar 15 ou 20 linhas. O resumo indicativo precisa
da leitura completa do texto ou obra, pois visa apresentar objetivamente a natureza
da obra e seus objetivos.
RESUMO INFORMATIVO OU ANALÍTICO:
O resumo informativo reduz o texto a aproximadamente 1/3 de sua extensão
original, abolindo gráficos, citações, exemplificações abundantes, mantendo‐se po‐
rém, a estrutura e os pontos essenciais.
A ordem das idéias e a seqüência dos fatos não devem ser modificadas.
As opiniões e os pontos de vista do autor devem ser respeitados, sem acréscimo
Texto de autiria da Prof. Ms. Dalmi Alves Alcântara. E‐mail: dalmialcantara@yahoo.com.br. Site:
11
www.uni.educacional.com.br/anh/dalmia.
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Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
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Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
TEXTO COMPLEMENTAR:
APLICAÇÕES DO NÚMERO DE OURO E DA ESPIRAL LOGARITMICA
NA NATUREZA
O número de ouro e a espiral logarítmica, aparecem na natureza, no comporta‐
mento da refração da luz, dos átomos, do crescimento das plantas, nas espirais das
galáxias, dos marfins de elefantes e chifes de bodes montanheses, nas ondas no ocea‐
no, furacões, etc.
(a) (b) (c)
Figura 1 – (a) Foto da Via Láctea, (b) Foto superior tirada via satélite do furação
Mirch em 1998 e (c) Bode Montanhês.
Vegetais
9 Semente de Girassol – A proporção em que aumenta o diâmetro das espirais
sementes de um girassol é a razão áurea (Forma espirais logarítimicas).
9 Achillea ptarmica – A razão do crescimento de seus galhos segue a sequencia
de Fibonacci, que possui uma ligação tênue com o número de ouro.
9 Folhas das Árvores – A proporção em que se diminuem as folhas de uma ár‐
vore à medida que subimos de altura.
(a) (b)
Figura 2 – (a) Sementes de Girassol, (b) Razão do crescimento da Achillea ptarmica.
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1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Animais
9 População de Abelhas – A proporção entre abelhas fêmeas e machos em qual‐
quer colméia.
9 Concha do Caramujo Nautilus – A proporção em que cresce o raio do interior
da concha desta espécie de caramujo. Este molusco bombeia gás para dentro
de sua concha repleta de câmaras pra poder regular a profundidade de sua
flutuação.
9 Outros – phi estão também nas escamas de peixes, presas de elefantes, listras
de trigres, chifres de bode, etc...
Figura 3 – Moluscos náuticos vistos em seção.
Corpo Humano
A excelência dos desenhos de Leonardo da Vinci revela os seus conhecimentos
matemáticos bem como a utilização da razão áurea como garante de uma perfeição,
beleza e harmonia únicas. É lembrado como matemático apesar da sua mente irre‐
quieta não se concentrar na aritmética, álgebra ou geometria o tempo suficiente para
fazer uma contribuição significativa. Representa bem o homem tipo da renascença
que fazia de tudo um pouco sem se fixar em nada. Leonardo era um gênio de pensa‐
mento original que usou exaustivamente os seus conhecimentos de matemática,
nomeadamente o número de ouro, nas suas obras de arte.
Um exemplo é a tradicional representação do homem em forma de estrela de
cinco pontas de Leonardo, a qual foi inspirada no pentágono regular e estrelado ins‐
crito na circunferência, conforme pode ser observado na Figura 4.
54
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Essas proporções anatômicas foram bem representadas pelo ʺHomem Vitruvia‐
noʺ, obra de Leonardo Da Vinci.
9 A altura do corpo humano e a medida do umbigo até o chão.
9 A altura do crânio e a medida da mandíbula até o alto da cabeça.
9 A medida da cintura até a cabeça e o tamanho do tórax.
9 A medida do ombro à ponta do dedo e a medida do cotovelo à ponta do dedo.
9 O tamanho dos dedos e a medida da dobra central até a ponta.
9 A medida da dobra central até a ponta dividido e da segunda dobra até a
ponta.
9 A medida do seu quadril ao chão e a medida do seu joelho até o chão.
NAS FIGURAS GEOMÉTRICAS
Um decágono regular, inscrito numa circunferência, tem os lados em relação
dourada com o raio da circunferência. O pentagrama é obtido traçando‐se as diago‐
nais de um pentágono regular. O pentágono menor, formado pelas interseções das
diagonais, está em proporção com o pentágono maior, de onde se originou o penta‐
grama. A razão entre as medidas dos lados dos dois pentágonos é igual ao quadrado
da razão áurea.
Figura 6 – Pentagrama regular.
Quando Pitágoras descobriu que as proporções no pentagrama eram a propor‐
ção áurea, tornou este símbolo estrelado como a representação da Irmandade Pitagó‐
rica. Este era um dos motivos que levava Pitágoras a dizer que ʺtudo é númeroʺ, ou
seja, que a natureza segue padrões matemáticos.
NA ARTE
A proporção áurea foi muito usada na arte, em obras como O Nascimento de
Vênus, quadro de Botticelli, em que Afrodite está na proporção áurea. Esta proporção
estaria ali aplicada pelo motivo do autor representar a perfeição da beleza. Em O
Sacramento da Última Ceia de Salvador Dalí, as dimensões do quadro (aproximada‐
mente 270 cm × 167 cm) estão numa Razão Áurea entre si. Na história da arte renas‐
centista a perfeição da beleza em quadros foi bem explorada com base nesta constan‐
te. Vários pintores e escultores lançaram mão das possibilidades que a proporção os
dava de retratar a realidade com mais perfeição.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 55 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
(a) (b)
Figura 7 – Quadros (a) A Monalisa e (b) O Nascimento de Vênus.
A Monalisa de Leonardo da Vinci utiliza o número áureo nas relações entre seu
tronco e cabeça, e também entre os elementos do rosto. Na pintura do renas‐cimento
destaca‐se um dos quadros mais célebres de Leonardo da Vinci, a Monalisa, que
apresenta o retângulo de Ouro em múltiplos locais:
(a) desenhando um retângulo à volta da face o retângulo resultante é um retân‐
gulo de Ouro;
(b) dividindo este retângulo por uma linha que passe nos olhos, o novo retân‐
gulo obtido também é de Ouro.
(c) as dimensões do quadro também representam a razão de Ouro. Isto tudo
pode ser verificado na Figura 7.
NA LITERATURA
Na literatura o número de ouro encontra sua aplicação mais notável no poema
épico grego Ilíada, de Homero, que narra os acontecimentos dos últimos dias da
Guerra de Tróia. Quem o ler notará que a proporção entre as estrofes maiores e as
menores dá um número próximo ao 1,618, o número de ouro.
Luís de Camões na sua obra Os Lusíadas, colocou a chegada à Índia no ponto
que divide a obra na razão de ouro.
NA ARQUITETURA
Pode‐se encontrar retângulos de ouro associados a numerosas obras de arqui‐
tetura tal como o Parthenon, em Atenas, as pirâmides do Egito e nas obras do arqui‐
teto Lê Corbusier.
Entre 1942 e 1948, Le Corbusier desenvolveu um sistema de medição que ficou
conhecido por “Modulor”. O Modulor está baseado na razão de ouro e nos números
de Fibonacci e usa também as dimensões médias humanas (dentro das quais 183 cm
é a altura standard). O Modulor é uma seqüência de medidas que Le Corbusier usou
para encontrar harmonia nas suas composições arquiteturais.
56
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Figura 8 – O Modulor de Lê Corbusier.
Le Corbusier esforçou‐se por usar a espiral de ouro inscrita no retângulo áureo
em alguns dos seus trabalhos arquitetônicos mas não obteve um resultado muito
brilhante, pelo menos quando comparados com os de outros arquitetos, como é o
caso de Tatlin o que pode ser visto nas Figuras 9 e 10, respectivamente.
Figura 9 – Um exemplo de um edifício Figura 10 – Torre de Tatlin
espiral, por Lê Corbusier.
NA MÚSICA
O número de ouro está presente nas famosas sinfonias como a 5ª e 9ª de Beetho‐
ven e em outras diversas obras. Outro fato interessante registrado na Revista Batera,
em um artigo sobre o grande baterista de Jazz Max Roach é que em seus solos curtos
aparece tal número, se considerarmos as relações que aparecem entre tempos de
bumbo e caixa.
Pitágoras de Samos (582 a.C. ‐ 497 a.C.) é considerado o fundador da geometria
teórica. Em seus pensamentos sobre a estrutura do universo, razões e proporções, ele
elaborou uma teoria que vinculava a música, o espaço e os números.
A proporção harmônica pode ser considerada uma subversão da proporção arit‐
mética, trabalhando o som de uma oitava em uma quarta e uma quinta. Na música,
existem artigos que relacionam as composições de Mozart, Bethoveen (Quinta Sinfo‐
nia), Schubert e outros com a razão áurea. Pode‐se verificar que até mesmo a constru‐
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 57 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
ção de instrumentos, como exemplo o violino, está relacionado com a proporção áu‐
rea. Os amantes da música podem ficar a saber que mesmo Stradivarius utilizava o
número de Ouro na construção dos seus famosos violinos.
Figura 11: Violino Stradivarius de Cremonese
▪
“Os números são o princípio, a fonte e a raiz de todas as coisas”.
Pitágoras
“O céu deve ser necessariamente esférico, pois a esfera, sendo gerada pela rota‐
ção do círculo, é, de todos os corpos, o mais perfeito”.
Aristóteles
“Os números governam o mundo”.
Platão
“A noção de infinito, de que é preciso se fazer um certo mistério em Matemáti‐
ca, resume‐se no seguinte princípio: depois de cada número inteiro existe sempre um
outro”.
J. Tannery
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
CAPÍTULO 7
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
empregado pelo autor.
9 Capacidade de juízo crítico para distinguir claramente o essencial do
supérfluo.
9 Independência de juízo; o que importa não é saber se as conclusões do autor
coincidem com as nossas opiniões, mas se foram deduzidas corretamente.
9 Correção e urbanidade; respeitando sempre a pessoa do autor e suas in‐
tenções.
9 Fidelidade ao pensamento do autor, não falsificando suas opiniões, mas
assimilando com exatidão suas idéias, para examinar cuidadosamente e com
acerto sua posição.
Evidentemente, uma resenha crítica bem feita pode converter‐se num pequeno
artigo científico e até mesmo num trabalho monográfico, podendo ser publicada em
revistas especializadas.
A resenha crítica compreende uma abordagem objetiva (onde se descreve o
assunto ou algo que foi observado, sem emitir juízo de valor) e uma abordagem
subjetiva (apreciação crítica onde se evidenciam os juízos de valor de quem está
elaborando a resenha crítica). O cientista formado tem uma capacidade de juízo
crítico mais desenvolvida, devido ao acumulo de informações e experiência adqui‐
rida. O estudante esforça‐se para o exercício de compreensão e crítica inicial.
Na introdução o acadêmico deve apresentar o assunto de forma genérica até
chegar ao foco de interesse, ou ao ponto de vista o qual será focalizado. Uma vez
apresentado o foco de interesse, o acadêmico procura mostrar a importância do
mesmo, a fim de despertar o interesse do leitor. Por último, deixa‐se claro, o caminho
/método que orienta o trabalho.
A descrição do assunto do livro, texto, artigo ou ensaio compreende a
apresentação das idéias principais e das secundárias que sustentam o pensamento do
autor. Para facilitar a descrição do assunto sugere‐se a construção dos argumentos
por progressão, que consiste no relacionamento dos diferentes elementos, mas
encadeados em seqüência lógica, de modo a haver sempre uma relação evidente
entre um elemento e o seu antecedente.
A apreciação crítica deve ser feita em termos de concordância ou discordância,
levando em consideração a validade ou a aplicabilidade do que foi exposto pelo
autor. Para fundamentar a apreciação crítica, deve‐se levar em conta a opinião de
autores da comunidade científica, experiência profissional, a visão de mundo e a
noção histórica do país.
Nas considerações finais, devem‐se apresentar as principais reflexões e
constatações decorrentes do desenvolvimento do trabalho. As referências
bibliográficas seguem a NBR‐6023 de 2000 da ABNT sobre referências bibliográficas.
60
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Ministério da Educação
Departamento da Educação
Básica ABRANTES, Paulo; SERRAZINA, Lurdes e OLIVEIRA,
Isolina. A Matemática na Educação Básica. Lisboa:
MEC/Departamento da Educação Básica, 1999. 130p. Coleção
A MATEMÁTICA Reflexão Participada. ISBN 972‐742‐123‐7
na Exemplo de uma resenha elaborada
Educação Básica
por Marcelo Almeida Bairral
A partir de uma solicitação do Departamento de Educação Básica do Minis‐
tério de Educação de Portugal, neste livro os autores, renomados professores‐pesqui‐
sadores, propõem reflexões para mudanças curriculares para a Matemática no
referido nível educativo. Na perspectiva de que todas as pessoas devem tornar‐se
matematicamente competentes e ao assumirem a Matemática e sua problemática
como um “assunto de todos” os autores acreditam, muito pertinentemente, que a
leitura do livro também seja útil a qualquer professor ou formador, aos pais, aos
pesquisadores e demais interessados no processo ensino‐aprendizagem.
Vista como o elo entre a teoria e a prática, a pesquisa é muito percebida e
evidenciada na obra, na medida em que os autores além de considerarem as
tendências curriculares atuais e os resultados – nacionais e internacionais ‐ recentes
da investigação em Educação Matemática, demonstram constante preocupação em
proporcionar aos professores mais um instrumento para o seu fazer pedagógico.
A obra, de linguagem acessível e leitura muito agradável, está estruturada em
quatro capítulos, além da bibliografia. No primeiro, os autores fazem uma
apresentação e justificativa para o livro e, no segundo, reacionam sobre o que
significa aprender matemática atualmente, apresentam onze idéias fundamentais
para a aprendizagem e que são consideradas por eles relevantes no processo de
desenvolvimento das competências matemática e, ao final do capítulo, inserem o
professor e a sua responsabilidade para a transformação da sala de aula em um
ambiente de aprendizagem que favoreça o progresso e o desenvolvimento das
competências matemáticas em todos os alunos. Ao afirmarem (p.31) que “o
conhecimento de termos e regras não pode ser identificado com a competência
matemática, mesmo a um nível elementar, e que esse conhecimento, embora seja
parte integrante e um produto inevitável de uma aprendizagem significativa da
Matemática ao longo de vários anos, apenas se torna relevante quando está integrado
a um conjunto mais amplo de capacidades e atitudes”, no terceiro capítulo os autores
apresentam capacidades e atitudes, bem como discutem o seu significado para a
Educação Básica. No capítulo 4 são apresentados os grandes e importantes temas
matemáticos ‐ números e cálculo; geometria; estatística e probabilidades; álgebra e
funções – seguidos de discussões e orientações didáticas que exemplificam e
justificam os pressupostos teórico‐filosóficos dos autores para um currículo atento ao
desenvolvimento das competências matemáticas.
Concluindo gostaria de ressaltar que apesar de nossas diferentes realidades
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 61 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
educacionais, as idéias e contribuições desta obra, também para o contexto educa‐
cional brasileiro, sem dúvida muito contribuirão, como os próprios autores enfati‐
zam, para que a Educação Matemática favoreça, “de um modo significativo e
insubstituível, a ajudar aos alunos a tornarem‐se indivíduos competentes, críticos e
confiantes nos aspectos essenciais em que a sua vida se relaciona com a matemática”.
Nesta busca e desafio, destacam Abrantes, Serrazina e Oliveira, compete também “às
escolas e aos professores a responsabilidade de tomarem as decisões mais adequadas
na gestão do currículo”.
Na página seguinte o leitor interessado poderá acessar ao livro, bem como a
outras publicações disponibilizadas pelo Departamento de Educação Básica do
Ministério de Educação de Portugal:
http://www.deb.min‐edu.pt/NewForum/publicacoes.htm
TEXTO COMPLEMENTAR:
O PROBLEMA DA QUADRATURA DO CÍRCULO12
Por CARLOS SÁ
O problema da quadratura do círculo consiste em, dado um círculo, construir
um quadrado que tenha a mesma área.
Julga‐se que o problema é muito antigo: o Papiro Rhind (também conhecido
como Papiro de Ahmes), dos começos do milênio II a.C., tem um enunciado que
muitos historiadores interpretam como uma proposta de solução do problema da
quadratura do círculo: dado um círculo, considera‐se o seu diâmetro; divide‐se o
diâmetro em 9 partes iguais; tomam‐se 8 delas; e, finalmente, constrói‐se um qua‐
drado cujo lado são essas oito nonas partes do diâmetro. Esta não é uma solução
exata do problema; é uma solução aproximada, que pode servir muito bem para uma
questão de natureza agrícola (por exemplo, para construir uma área quadrada que
leve tanto cereal como uma dada área circular), mas que dificilmente satisfará um
ourives (que queira fazer, por exemplo, duas bandejas de ouro equivalentes, uma
quadrada e uma circular...).
Interpretando este documento à luz dos conhecimentos de hoje, pode dizer‐se
que os antigos egípcios usavam 256/81 como valor de ʺpiʺ, ou seja, um valor ligeira‐
mente superior a 3,16. Mas nada permite supor que já naquela época se pensasse
ʺnum valor de piʺ, isto é, num fator pelo qual se devesse multiplicar o quadrado do
raio para obter automaticamente o valor da área.
Continuando a cometer este ʺabusoʺ histórico de considerar os ʺvalores de piʺ
de várias civilizações antigas, é de realçar que os hebreus e os mesopotâmicos
pensavam aparentemente mais no perímetro da circunferência do que na área do
Fichário da Associação Portuguesa de Matemática, obtido em http://www.apm.pt, acesso em 07/05/
12
2007.
62
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
círculo; aproximando a circunferência por um hexágono regular nela inscrito (cujo
lado é igual ao raio), tem‐se que o sêxtuplo do raio (ou o triplo do diâmetro) é uma
aproximação do perímetro, claramente por defeito, mas suficiente para muitas
aplicações práticas.
Há duas passagens da Bíblia em que se faz referência a um grande recipiente
para água, feito de metal fundido, que existia no Templo de Salomão, em Jerusalém,
tendo 10 côvados de diâmetro e 30 côvados de perímetro; por esta razão (e por se
pressupor que o recipiente tinha base circular) se diz que 3 é o ʺvalor bíblico de piʺ.
Quando se decifrou a escrita da Mesopotâmia, no século XX, encontraram‐se placas
de barro com indicações semelhantes e concluiu‐se, um tanto apressadamente, que os
mesopotâmios usavam também o ʺvalor bíblico de piʺ; mais tarde, porém, encon‐
traram‐se outras placas babilônicas contendo melhores aproximações para o perime‐
tro da circunferência e para a área do círculo.
Alguns séculos mais tarde, a questão interessou os geômetras da Grécia antiga.
Os gregos distinguiam entre soluções exatas e soluções aproximadas de problemas.
Independentemente da forma que os agricultores, os ourives, ou outros profissionais
tivessem para resolver os problemas práticos com que se deparavam, os geômetras
queriam saber como passar dum círculo a um quadrado exatamente com a mesma
área.
Esta palavra ʺáreaʺ presta‐se a equívocos que podem falsear a questão histórica.
Dadas uma certa unidade de área (que é arbitrária ‐ por exemplo: um metro
quadrado, ou um hectare, ou ...) e uma certa figura plana, nós estamos habituados a
associar à figura um número real não negativo, que mede a sua área; por exemplo,
dado um círculo com 5 polegadas de raio, dizemos que a sua área vale ʺpiʺ vezes 25
(polegadas quadradas).
Ora, os geômetras gregos não pensavam desta forma; viam no círculo uma certa
grandeza (que é uma entidade geométrica, e não medida por um número) e tenta‐
vam construir um quadrado equivalente. (Tentavam construí‐lo geometricamente, e
não numericamente).
Embora nunca definissem explicitamente o que entendiam por ʺgrandezaʺ (ou
por grandezas ʺequivalentesʺ), formularam alguns axiomas que indicam que apenas
esperavam que essa noção se regesse por leis muito sensatas (por exemplo, espera‐se
que duas figuras que coincidam tenham a mesma grandeza, assim como, se juntar‐
mos a mesma grandeza a duas grandezas iguais, se espera que obtenhamos gran‐
dezas iguais).
Uma vez aceite este conceito de grandeza, o procedimento grego relativamente à
quadratura do círculo pode formular‐se assim: dado um círculo, os geômetras gregos
queriam dar‐lhe uma nova forma (queriam transformar uma figura redonda numa
quadrada), mantendo‐lhe a grandeza.
Uma observação de passagem: este ʺprograma de trabalhoʺ é exatamente o
oposto do que levava esses geômetras a estudar figuras semelhantes (que são as que
têm a mesma forma, mas não necessariamente a mesma grandeza; por exemplo, dois
triângulos semelhantes mas não congruentes têm a mesma forma mas têm grandezas
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 63 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
diferentes).
O primeiro nome dum grego associado à questão da quadratura do círculo é o
de Hipócrates de Quios, no século V a.C. (não confundir com o médico Hipócrates de
Cós, no século seguinte, que deu o nome ao ʺjuramento de Hipócratesʺ).
O trabalho de Hipócrates de Quios é historicamente interessante, porque é o
primeiro que se conhece que se insere numa tradição que procura soluções exatas e
com uma restrição adicional importantíssima: para além do material de escrita ‐
geralmente um papiro ou uma pele de animal curtida para o efeito (o pergaminho) e
uma pena com tinta, ou então uma porção (mais ou menos plana) de chão arenoso e
uma vara – só é permitido usar régua (não graduada) e compasso! Outra restrição não
menos importante era: só é permitido usar régua e compasso um número finito de
vezes!
Hipócrates não foi bem sucedido. Mas, na procura de uma maneira de resolver o
problema, fez algumas descobertas interessantes. Por exemplo, conseguiu quadrar
das figuras a que se chama ʺlúnulasʺ (uma lúnula é uma porção de plano delimitada
por dois arcos de circunferência com a concavidade para o mesmo lado; a forma
duma lúnula depende das amplitudes dos dois arcos de circunferência que a delimi‐
tam; Hipócrates quadrou algumas delas e mostrou que quadrar outras é equivalente
a quadrar o círculo).
Aliás, com restrições assim tão drásticas, ninguém conseguiu resolver o proble‐
ma da quadratura do círculo, nem Hipócrates nem nenhum dos outros matemáticos
(e foram imensos...) que tentaram durante séculos. As tentativas sérias só terminaram
no século XIX, quando os algebristas conseguiram demonstrar que é
impossívelresolver o problema da quadratura do círculo usando régua e compasso
um número finito de vezes.
Mas nem todos os geômetras gregos quiseram submeter‐se a tais regras. E foram
sendo concebidos outros ʺinstrumentosʺ (em particular foram sendo inventadas
certas curvas, que podem considerar‐se instrumentos matemáticos, embora apenas
ʺideaisʺ por só existirem na mente humana) adequados à resolução do problema. No
século IV a.C., Dinóstrato de Atenas conseguiu quadrar o círculo com o auxílio de
três instrumentos: régua, compasso e uma certa curva (que, por essa razão, ganhou o
nome de quadratriz). No século III a.C., Arquimedes de Siracusa fez algo de seme‐
lhante: demonstrou que com régua, compasso e uma outra curva (chamada espiral)
também é possível quadrar o círculo.
A quadratriz de Dinóstrato por vezes também é chamada curva de Hípias (este
foi um matemático anterior a Dinóstrato, que usou a curva para trissectar o ângulo;
por esta razão, a curva também tem o nome de trissectriz). Pode ser vista no site
http://turnbull.dcs.st‐and.ac.uk/~history/Curves/Quadratrix.html
A espiral de Arquimedes pode ser vista no site
http://turnbull.dcs.st‐and.ac.uk/~history/Curves/Spiral.html
64
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
É também a Arquimedes que se deve um teorema muito importante ligado à
questão da quadratura do círculo: todo o círculo equivale (em grandeza) a um
triângulo cuja base é igual ao perímetro da circunferência do círculo e cuja altura é
igual ao raio do círculo.
Este teorema permite passar dum círculo a um triângulo com a mesma área;
passar dum triângulo a um quadrado com a mesma área não é difícil (os gregos
sabiam fazer isso); logo, pode passar‐se do círculo ao quadrado.
É claro que, de certa forma, este teorema não é grande ajuda: como é que se
constrói a base do tal triângulo? Ou seja, dada uma circunferência, como é que se
constrói um segmento de reta igual ao seu perímetro? Este problema chama‐se
retificação da circunferência. O que o Teorema de Arquimedes significa é que quem
souber resolver um destes dois problemas (quadratura do círculo ou retificação da
circunferência) também saberá resolver o outro.
Há outro aspecto do teorema de Arquimedes que é de grande importância
teórica; para o explicar será melhor adotar um ponto de vista mais moderno. Pode
talvez achar relativamente evidente que as áreas dos círculos sejam proporcionais às
áreas dos quadrados cujos lados são os raios (como diz a fórmula conhecida: área do
círculo = pi vezes quadrado do raio) e também que os perímetros das circunferências
sejam proporcionais aos comprimentos dos diâmetros (como diz a fórmula:
perímetro da circunferência = 2 vezes pi vezes raio). Mas quem nos garante que as
constantes de proporcionalidade são a mesma?
Ora, o teorema de Arquimedes garante isso: se chamarmos ʺpiʺ à constante de
proporcionalidade relativa aos perímetros, então o perímetro duma circunferência de
raio R será ʺ2 vezes pi vezes Rʺ e, por este teorema, a área do círculo será a área do
triângulo da base ʺ2 vezes pi vezes Rʺ e altura R, que vale ʺpi vezes o quadrado de
Rʺ. A constante de proporcionalidade relativa às áreas é pois ʺo mesmo piʺ.
Convém ainda referir que não foi só na Antiguidade e no século XIX que se
descobriram resultados interessantes relativos à quadratura do círculo.
Também no Renascimento, por exemplo, se investigou a questão. No número
66, de Janeiro /Fevereiro de 2002, da revista Educação Matemática, da Associação de
Professores de Matemática, pode ler‐se um artigo da autoria de Luís Reis sobre este
assunto, intitulado ʺO Segredo de Leonardoʺ. Aí se explica como a obra ʺO Homem
de Vitrúvioʺ de Leonardo da Vinci (um dos maiores artistas de sempre) poderá com‐
ter a idéia que permite obter uma solução aproximada da quadratura do círculo por
meio duma seqüência infinita de construções que usam apenas uma régua e um
compasso.
Uma última questão pode ainda ser pertinente: porquê esta idéia de mudar a
forma das figuras mantendo‐lhes as grandezas? Em particular, porquê transformar
figuras em quadrados? A resposta poderá ser mais uma tarefa para antropólogos do
que para matemáticos ou para historiadores.
Mas há aspectos da questão que a matemática pode ajudar a compreender.
Imaginemos duas figuras bem irregulares, de tal modo que não se perceba imedia‐
tamente se são ou não iguais e, no caso de serem diferentes, qual delas é maior. Se as
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 65 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
transformarmos em quadrados, a comparação das figuras torna‐se muito mais fácil: é
maior a que corresponde ao quadrado com maior lado. A figura quadrada parece ser,
de algum modo, privilegiada pelo gênero humano...
Nesta hipótese, o teorema de Pitágoras (que, à primeira vista, parece tão estra‐
nho... porque é que alguém havia de se lembrar de somar dois quadrados e obter
outro quadrado?!) ganha uma razão de ser inteiramente nova: permite‐nos adicionar
ou subtrair as duas figuras e, ainda por cima, a soma e a diferença vêm já no formato
ʺnormalizadoʺ, isto é, no formato quadrado!
▪
“Os poderes miraculosos dos cálculos modernos se devem a três invenções: a
notação arábica, as frações decimais e os logartimos”.
Florian Cajori
“Os sinais + e ‐ modificam a quantidade diante da qual são colocados como o
adjetivo modifica o substantivo”.
Cauchy
“Os números são as regras dos seres e a Matemática é o Regulamento do Mun‐
do”.
F. Gomes Teixeira
“Zero, esse nada que é tudo”.
Laisant
66
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
CAPÍTULO 8
FICHAMENTOS
8.1 O QUE É FICHAMENTO?
Fichamento é um recurso de memória imprescindível, sobretudo na elaboração
de projetos de monografias. É usado também em seminários e aulas expositivas. Para
monografia, usa‐se o fichamento após a leitura reflexiva e crítica de um texto,
respon‐dendo os itens abaixo e anotando, em cada informação, a página do
documento lido e o nome do autor.
Em outras palavras, fichamento consiste em armazenar em fichas informações
relevantes para a pesquisa. Ao conjunto de fichas denominamos arquivo.
Este trabalho pressupõe a anotação. Anotação é um procedimento de seleção de
dados para futura utilização. Uma das características marcantes de uma anotação
adequada é permitirem a redação. Deste modo, elas não podem ser sintéticas demais,
a ponto de serem incompreensíveis. Muitas vezes queremos reduzir a informação e
usamos códigos que não são lembrados posteriormente, inviabilizando a escritura a
partir deles.
As fichas compreendem: cabeçalho, corpo da ficha e referência bibliográfica. O
cabeçalho engloba título genérico ou específico e letra indicativa da seqüência das
fichas se for utilizada mais de uma. O corpo da ficha engloba as informações
própria‐mente ditas. A referência equivale à indicação da fonte bibliográfica do
material. Outro elemento de informação é a fonte, ou seja, a indicação da
procedência do material.
Para tornar o uso da biblioteca mais produtivo, apresenta‐se um método para
tomar notas:
1. Antes de começar a tomar nota, folhear a fonte de referência. É básica uma
visão do conjunto antes de se poder decidir o material a ser recolhido e
usado.
2. Manter em cada ficha um tema ou título determinado. Colocar o tema na
parte superior da ficha e, na parte inferior fazer a citação bibliográfica
completa.
3. Incluir somente um tema em cada ficha e, se as notas são extensas, usar
várias fichas numeradas consecutivamente.
4. Antes de guardá‐las, ter a certeza de que as fichas estão completas e são
compreendidas com facilidade.
5. Fazer distinção entre resumo, citação direta do autor, referência à fonte do
autor e a expressão avaliadora pessoal de quem faz a ficha.
6. Copiar cuidadosamente as notas da primeira vez, sem fazer projeto de passar
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 67 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
a limpo e nem de tornar a copiar, pois isto é perda de tempo e dá a
possibilidade a erros e confusões.
7. Procurar guardar as fichas sempre em ordem.
Segue abaixo um exemplo de modelo para registrar as impressões do leitor em
uma primeira e rápida visão de um livro:
Modelo de Ficha Literária
01 – Título da obra:
02 – Autor:
03 – Tradutor:
04 – Editor:
05 ‐ Edição / N° de páginas:
06 – Referência Bibliográfica:
07 – Dados extraídos da orelha e/ou apresentação:
08 – Apresentação, quadros e exercícios:
09 – Primeiras impressões do livro ou Resenha sobre o mesmo:
10 – Data:
As clássicas fichas de cartolina têm perdido espaço para programas de compu‐
tador que garantem economia de trabalho e tempo. A vantagem de se fichar o com‐
teúdo em computador é a facilidade de transposição delas para o texto. Basta digitar
o dado a ser anotado para um arquivo de documento e copiá‐lo e colá‐lo ao texto do
pesquisador quando for conveniente. Além disto, qualquer arquivo de documento
pode ser impresso e catalogado como se fosse uma ficha comum.
8.2 PRINCIPAIS TIPOS DE FICHAMENTOS ACADÊMICOS13
Você pode recorrer a dois tipos de fichamento para organizar o seu material.
FICHA BIBLIOGRÁFICA:
O primeiro tipo de fichamento é o mais simples, denominado de fichamento bi‐
bliográfico, e serve apenas como um guia de busca: você seleciona o material e faz
13 ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de
traba‐lhos na graduação. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2001.
68
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
um registro numa ficha, incluindo dados bibliográficos completos do texto, número
de registro na biblioteca (se for o caso) e um resumo do seu conteúdo, feito apenas a
partir do sumário. Quando se trata de revistas especializadas, os artigos, no geral, são
antecedidos de um resumo, que também deve ser anotado.
Veja o seguinte exemplo:
Modelo de Ficha Bibliográfica
Título da obra:
Autor(a):
Referência Bibliográfica:
Indicado Para:
Referências Importantes:
Anotações e Anexos:
Podemos dizer que essa é uma fase de reconhecimento, uma ʺpré‐leituraʺ que
permite uma primeira aproximação do assunto a ser investigado. Nessa fase, o pés‐
quisador examina prefácios, introdução, conclusão, sumários etc.
Esse tipo de fichamento é, na verdade, um guia bibliográfico para o aluno e tem
como objetivos:
a. evitar pesquisas com a mesma abordagem (a não ser os casos de verifica‐
ção ou confirmação);
b. pesquisar se existem outras abordagens do problema levantado e verificar
como foram pesquisadas,
c. quais os instrumentos utilizados e se há possibilidade de se aperfeiçoar
técnicas já existentes;
d. estabelecer uma visão global e critica a respeito do problema e das
hipóteses levantadas para sua solução;
e. iniciar (pré‐seleção) o guia bibliográfico, indicando a possível bibliografia
básica e a bibliografia complementar para o estudo da temática proposta.
FICHA DE LEITURA:
O segundo tipo de fichamento é mais elaborado é aquele que recorre à ficha de
leitura. Recomendamos que a ficha de leitura seja organizada em três partes:
1. O resumo das idéias do autor: apresentação por escrito da compreensão do
texto, por tópicos com vocabulário próprio;
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 69 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
2. Destaque de citações do autor: apresentação de algumas passagens do texto
consideradas mais relevantes e que representem cada tópico anteriormente
destacado (não esquecendo de registrar sempre o número da página);
3. Interpretação do texto: reconstrução mais livre do tema abordado no texto,
expressando um diálogo com o autor.
Você pode organizar esse tipo de fichamento da seguinte forma:
Modelo de Ficha de Leitura
Título da obra:
Autor(a):
Referência Bibliográfica:
Indicado Para:
Resumo:
Citações Importantes:
Comentários:
TEXTO COMPLEMENTAR:
FRACTAIS
Fractais (do latim fractus, fração, quebrado) são figuras da geometria não‐Eucli‐
diana. A geometria fractal é o ramo da matemática que estuda as propriedades e com‐
portamento dos fractais. Descreve muitas situações que não podem ser explicadas
facilmente pela geometria clássica, e foram aplicadas em ciência, tecnologia e arte
gerada por computador. As raízes conceituais dos fractais remontam a tentativas de
medir o tamanho de objetos para os quais as definições tradicionais baseadas na geo‐
metria euclidiana falham.
Um fractal (anteriormente conhecido como curva monstro) é um objeto geomé‐
trico que pode ser dividido em partes, cada uma das quais semelhante ao objeto
original. Diz‐se que os fractais têm infinitos detalhes, são geralmente auto‐similares
e independem de escala. Em muitos casos um fractal pode ser gerado por um padrão
repetido, tipicamente um processo recorrente ou iterativo.
O termo foi cunhado em 1975 por Benoît Mandelbrot, matemático francês nasci‐
do na Polônia, que descobriu a geometria fractal na década de 70 do século XX, a
partir do adjetivo latino fractus, do verbo frangere, que significa quebrar.
HISTÓRIA
70
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Durante séculos, os objetos e os conceitos da filosofia e da geometria euclidiana
foram considerados como os que melhor descreviam o mundo em que vivemos. A
descoberta de geometrias não‐euclidianas introduziu novos objetos que representam
certos fenômenos do Universo, tal como se passou com os fractais. Assim, considera‐
se hoje que tais objetos retratam formas e fenômenos da Natureza.
Em 1872, Karl Weierstrass encontrou o exemplo de uma função com a proprie‐
dade de ser contínua em todo seu domínio, mas em nenhuma parte diferenciável. O
gráfico desta função é chamado atualmente de fractal.
Em 1904, Helge von Koch, não satisfeito com a definição muito abstrata e analí‐
tica de Weierstrass, deu uma definição mais geométrica de uma função similar, atual‐
mente conhecida como Koch snowflake (ou floco de neve de Koch), que é o resultado
de infinitas adições de triângulos ao perímetro de um triângulo inicial. Cada vez que
novos triângulos são adicionados, o perímetro cresce, e fatalmente se aproxima do
infinito. Dessa maneira, o fractal abrange uma área finita dentro de um perímetro
infinito.
Figura 1: Floco de neve de Koch
Também houve muitos outros trabalhos relacionados a estas figuras, mas esta
ciência só conseguiu se desenvolver plenamente a partir da década de 60, com o au‐
xílio da computação. Um dos pioneiros a usar esta técnica foi Benoît Mandelbrot, um
matemático que já vinha estudando tais figuras. Mandelbrot foi responsável por
criar o termo fractal, e responsável pela descoberta de um dos fractais mais
conhecidos, o conjunto de Mandelbrot.
CATEGORIAS DE FRACTAIS
Os fractais podem ser agrupados em três categorias principais. Estas categorias
são determinadas pelo modo como o fractal é formado ou gerado:
9 Sistema de funções iteradas — Estas possuem uma regras fixa de substituição
geométrica. Conjunto de Cantor, tapete de Sierpinski, Sierpinski gasket, curva
de Peano, floco de neve de Koch, curva do dragão de Harter‐Heighway, T‐
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 71 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Square, esponja de Menger, são alguns exemplos deste tipo de fractal.
9 Fractais definidos por uma relação de recorrência em cada ponto do espaço (tal
como o plano complexo). Exemplos deste tipo são o conjunto de Mandel‐brot e
o fractal de Lyapunov. Estes também são chamados de fractais de fuga do
tempo.
9 Fractais aleatórios, gerados por processos estocásticos ao invés de determi‐
nísticos, por exemplo, terrenos fractais e o vôo de Lévy.
(a) (b) (c)
72
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Pelo fato do fractal possuir uma granulometria infinita, nenhum objeto natural
pode sê‐lo. Os objetos naturais podem exibir uma estrutura semelhante ao fractal,
porém com uma estrutura de tamanho limitado.
DEFINIÇÕES E EXEMPLOS
Os fractais podem ser definidos segundo algumas características intuitivas, pois
se torna difícil a conversão da definição matemática para a linguagem ordinária devi‐
da falta de termos adequados à sua tradução.
Mandelbrot definiu fractal como ʺum sistema organizado para o qual a dimen‐
são de Hausdorff‐Besicovitch excede a estritamente a dimensão topológica, onde
fractais cujas estruturas sejam ego‐semelhantes, ou a dimensão de Hausdorff é igual
a dimensão de Minkowski‐Bouligand.”
Árvores e samambaias (ou fetos) são fractais naturais que podem ser modela‐
dos em computadores que usam algoritmos recursivos. Esta propriedade de repiti‐
vidade está clara nestes exemplos, pois num ramo de uma árvore ou na folhagem de
uma samambaia pode ser observada uma réplica em miniatura do todo. Não idên‐
tico, porém semelhante na estrutura.
Figura 3: Feto fractal.
Os Fractais são geralmente corrugados na sua forma (tanto em cálculos quanto
nas imagens resultantes destes), Portanto, não são objetos definíveis pela geometria
tradicional. Isso quer dizer que os fractais tendem a ter detalhes significantes,
visíveis sob qualquer ponto de vista (ou seja, suas variações visuais são
perfeitamente mensu‐ráveis); quando houver uma ego‐semelhança, isto pode ocorrer
porque ao se obser‐var sob “zoom” figuras semelhantes observaremos a
recursividade, ou repitividade destas.
Os Fractais podem ser determinísticos ou estocásticos.
Aproximações de fractais (Fractais naturais) são encontrados freqüentemente na
natureza. Estes objetos exibem uma estrutura complexa próxima aos objetos mate‐
máticos, porém finitas se as observarmos em maiores escalas. Os fractais naturais
estão à nossa volta, basta observarmos as nuvens, as montanhas, os rios e seus
afluentes, os sistemas de vasos sanguíneos, os feixes nervosos, etc. Com maiores ou
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 73 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
menores graus, estas figuras estão classificadas em diversas magnitudes.
Os Fractais são normalmente gerados através de computadores com softwares
específicos. Através de seu estudo podemos descrever muitos objetos extremamente
irregulares do mundo real. Como exemplo de softwares temos o Xaos:
http://xaos.sourceforge.net/index.php
Os meteorologistas utilizam o cálculo fractal para verificar as turbulências da
atmosfera incluindo dados como nuvens, montanhas, a própria turbulência, os lito‐
rais, e árvores. As técnicas fractais também estão sendo empregadas para a compac‐
tação de imagens através da compressão fractal, além das mais diversas disciplinas
científicas que utilizam o processo.
Figura 4: Exemplos de Arte fractal gerado por computador.
Palavras‐chave para busca de mais conteúdos sobre fractais na internet: Efeito
borboleta, Teoria do Caos, Teoria constructal, Arte fractal, Paisagem fractal, Metafí‐
sica fractal, Graftal, Dimensão Hausdorff, Dimensão Fractal e Benoît Mandelbrot.
▪
“Um matemático é uma máquina para transformar café em teoremas.”
Paul Erdős
“Nunca será um verdadeiro matemático aquele que não for um pouco poeta”.
Karl Weierstrass
“Matemática, de modo algum, são fórmulas, assim como a música não são
notas”.
Y. Jurquim
“A música é um exercício inconsciente de cálculos”.
Leibniz
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
CAPÍTULO 9
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
(quando existirem mais de três autores, indica‐se apenas o primeiro, acrescen‐
tando‐se a expressão et. al.)
MARCONDES, R. (Org.). Dietas em pediatria clínica. 4. ed. Rio de Janeiro:
Saraiva, 1998.
(refere‐se a uma coletânea de vários autores onde se referencia somente o nome
do organizador (Org.), coordenador (Coord.) ou do editor (Ed.) da coletânea)
SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Diretrizes para a política
ambiental do Estado de São Paulo. São Paulo, 1993. 35 p.
(o título fica com o nome da entidade)
FRANCO, I. Discursos: outubro de 1982 a 1997. Brasília, DF: [s.n.], 1998. 107 p.
(em casos em que a editora não é identificada, utiliza‐se a expressão s.n. entre
colchetes)
GONÇALVES, F. B. A história de Mirador. [S.I.:s.n.], 1998.
(em casos em que o local [S.I.] e o editor [s.n.] não puderem ser identificados na
publicação)
FLORENZIANO, E. Dicionário de idéias semelhantes. Rio de Janeiro: Ediouro,
[1993]. 383 p.
(a data é um elemento obrigatório na referenciação, se a mesma não aparecer
utiliza‐se uma das seguintes opções: [1971 ou 1972] um ano ou outro; [1969?]
data provável; [1973] data certa, não indicada no item; [ca. 1960] data aproxi‐
mada)
2 – CAPÍTULO DE LIVRO
AUTOR DO CAPÍTULO. Título do capítulo. In: AUTOR DO LIVRO. Título do
livro (em negrito): subtítulo do livro. n.º de edição. Local de publicação (Cidade
): Editora, data. Indicação de volume, capítulo ou páginas inicial‐final da parte.
Exemplos:
SANTOS, J. R. dos. A colonização da terra do Tucujus. In: ________. História do
Amapá, 1º grau. 2. ed. Macapá: Valcan, 1994. cap. 3, p. 15‐24.
(neste caso o autor do capítulo é o mesmo do livro; somente o nome do livro é
destacado em negrito)
ROMANO, G. Imagens da juventude na era moderna. In: LEVI, G.; SMITH, J.
(Org.). História dos jovens 2: a época contemporânea. São Paulo, Companhia
das Letras, 1996. p. 7‐16.
(neste caso o autor do capítulo não é o mesmo do livro; somente o nome do livro
é destacado em negrito)
76
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
3 – MONOGRAFIA, DISSERTAÇÃO E TESE
AUTOR. Título (em negrito): subtítulo. Ano de apresentação. n.º de folhas ou
volumes. Categoria (grau e área de concentração) ‐ Instituição, local.
Exemplos:
MORGADO, M. Implante dentário. 1990. 51 f. Monografia (Especialização) ‐
Faculdade de Odontologia, Universidade Camilo Castelo Branco, São Paulo,
1990.
ARAUJO, J. A. Máscaras inteiriças Tukúna: possibilidades de estudo de
artefatos de museu para o conhecimento do universo indígena. 1986. 108 p.
Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) ‐ Fundação Escola de Sociologia e
Política de São Paulo, São Paulo. 1986.
BARBOSA, C. G. Alterações clínicas, hematológicas, bioquímico‐séricas e
imunológicas determinadas por larvas de Dermatobia hominis (L. Jr., 1781)
(Diptera: Cuterebridae) em infestação experimental de bovinos. 1997. 121 p.
Tese (Doutorado em Medicina Veterinária ‐ Parasitologia Veterinária) – Univer‐
sidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 1997.
4 – GUIA
TÍTULO: subtítulo. Local (cidade) de publicação: editora, data, n.º de páginas.
Anexos.
Exemplo:
BRASIL: roteiros turísticos. São Paulo: Folha da Manhã, 1995. 319 p., il.
(Roteiros turísticos Fiat). Inclui Mapa rodoviário.
5 – MANUAL
Autor. Título (em negrito): subtítulo. Local de publicação, data. n.º de páginas.
(Nome e/ou n.º da série).
Exemplo:
São Paulo (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Coordenadoria de Planeja‐
mento Ambiental. Estudo de impacto ambiental ‐ EIA, Relatório de impacto
ambiental ‐ RIMA: manual de orientação. São Paulo, 1989. 48 p. (Série Ma‐
nuais).
6 – PARTES DE UMA PUBLICAÇÃO PERIÓDICA
6.1 – FASCÍCULO DE REVISTA
TÍTULO DO PERIÓDICO: subtitulo. Local de publicação (cidade): Editora,
volume, n.º do fascículo, data de publicação. n.º de páginas.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 77 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Exemplo:
DINHEIRO: revista semanal de negócios. São Paulo: Ed. Três, n. 148, 28 jun.
2000. 98 p.
(citação de toda a revista sem menção de parte desta)
6.2 – ARTIGO DE REVISTA
AUTOR. Título do artigo. Título do periódico (em negrito), Local de publicação
(cidade), n.º do volume, n.º do fascículo, páginas inicial‐final, mês (abreviado),
ano.
Exemplo:
GURGEL, C. Reforma do Estado e segurança pública. Política e Administração,
Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 15‐21, set. 1997.
6.3 ‐ ARTIGO E/OU MATÉRIA DE JORNAL
AUTOR. Título do artigo. Título do Jornal (em negrito), Local, dia, mês, ano.
Número ou título do caderno, seção ou suplemento, páginas inicial‐final.
Exemplo:
NAVES, P. Lagos andinos dão banho de beleza. Folha de São Paulo. São Paulo,
28 jun. 1999. Folha Turismo, Caderno 8, p. 13.
7 – REFERENCIAÇÃO DE MATERIAL DE MEIO ELETRÔNICO
AUTOR. Denominação ou título e subtítulo (se houver) do serviço ou produto,
indicação de responsabilidade (em negrito), endereço eletrônico entre os sinais
< > precedido da expressão – Disponível em: – e a data de
7.1 –ARTIGO DE REVISTA
RIBEIRO, P. S. G. Adoção à brasileira: uma análise sócio‐jurídica. Datavenia,
São Paulo, ano 3, n. 18, ago. 1998. Disponível em:
<http://www.datavenia.inf.br/frameartig.html>. Acesso em: 10 set. 1998.
7.2 – MATÉRIA DE REVISTA NÃO ASSINADA
WINDOWS 98: o melhor caminho para atualização. PC World, São Paulo, n. 75,
set. 1998. Disponível em: <http://www.idg.com.br/abre.htm>. Acesso em: 10 set.
1998.
7.3 – MATÉRIA DE JORNAL ASSINADA
SILVA, I. G. Pena de morte para o nascituro. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 19
set. 1998. Disponível em: <http://www.providafamilia.org/pena_morte_nasci‐
turo.htm>. Acesso em: 19 set. 1998.
7.4 – ARTIGO DE JORNAL CIENTÍFICO
78
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
KELLY, R. Electronic publishing at APS: its not just online journalism. APS
News Online, Los Angeles, Nov. 1996. Disponível em:
<http://www.aps.org/apsnews/1196/11965.html>. Acesso em 25 nov. 1998.
7.5 – MATÉRIA DE JORNAL NÃO ASSINADA
ARRANJO tributário. Diário do Nordeste Online, Fortaleza, 27 nov. 1998. Dis‐
ponível em: <http://www.diariodonordeste.com.br>. Acesso em: 28 nov. 1998.
8 – DOCUMENTO JURÍDICO
8.1 – CONSTITUIÇÃO FEDERAL
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF, Senado, 1988.
8.2 – MEDIDA PROVISÓRIA
BRASIL. Medida Provisória n.º 1.569‐9, de 11 de dezembro de 1997. Estabelece
multa em operações de importação, e dá outras providências. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 14 dez. 1997.
Seção 1, p. 29514.
8.3 – DECRETO
SÃO PAULO (Estado). Decreto n.º 42.822, de 20 de janeiro de 1998. Dispões
sobre a desativação de unidades administrativas de órgãos da administração di‐
reta e das autarquias do Estado e dá providências correlatas. Lex‐Coletânea de
Legislação e Jurisprudência, São Paulo, v. 62, n. 3, p. 217‐220, 1998.
8.4 – CÓDIGO
BRASIL. Código civil. Organização dos textos, notas remissivas e índices por
Juarez de Oliveira. 46 ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
9 – TRABALHO APRESENTADO EM EVENTO
AUTOR DO TRABALHO. Título: subtítulo. In: NOME DO EVENTO, n.º, ano,
local de realização. Título da publicação (em negrito): subtítulo. Local da
publicação: Editora, data. Páginas inicial e final do trabalho.
9.1 – RESUMO DE TRABALHO DE CONGRESSO
MARTIN NETO, L.; BAYER, J.; THOMAS, P. J. Alterações qualitativas da
matéria orgânica e os fatores determinantes da sua estabilidade num solo
podzólico vermelho escuro em diferentes sistemas de manejo. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 26., 1997, Rio de Janeiro.
Resumos... Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1977. p. 443,
ref. 6‐141.
9.2 – TRABALHO PUBLICADO EM ANAIS DE CONGRESSO
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 79 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
BRAYNER, A. R. A.; MEDEIROS, C. B. Incorporação do tempo em SGBD
orientado a objetos. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE BANCO DE DADOS, 9.,
1994, São Paulo. Anais... São Paulo: USP, 1994. p. 16‐29.
10 – EVENTO EM MEIO ELETRÔNICO
10.1 – TRABALHO DE CONGRESSO
SILVA, R. N.; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos do paradigma da
qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
DA UFPe, 4., 1996, Recife. Anais eletrônicos... Recife, UFPe, 1996. Disponível
em: <http:www. propesq.ufpe.br/anais/anais/educ/ce04.htm>. Acesso em: 21 jan.
1997.
10.2 – TRABALHO DE SEMINÁRIO
GUNCHO, M. R. A educação à distância e a biblioteca universitária. In:
SEMINÁRIO DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 10., 1998, Fortaleza. Anais
... Fortaleza: Tec Treina, 1998. 1 CD.
9.2 CITAÇÕES
Segundo a norma NBR 10520:2002, elaborada pelo Comitê Técnico 014 (Infor‐
mação e Documentação) da Associação Brasileira de Normas Técnicas, citação numa
produção textual é a ʺMenção de uma informação extraída de outra fonteʺ, tais como
(livros, periódicos, vídeos, sites e etc).
As citações na produção textual são feitas para apoiar uma hipótese, sustentar
uma idéia ou ilustrar um raciocínio. Sua função é oferecer ao leitor o respaldo neces‐
sário para que ele possa comprovar a veracidade das informações fornecidas e Possi‐
bilitar o seu aprofundamento.
Ressalva‐se que a referência bibliográfica, isto é, os dados que identificam uma
publicação citada, tais como autor, título, local, editora ou data, deve aparecer no
final do trabalho sob o título de REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ou de BIBLIO‐
GRAFIA, pois desta maneira o leitor poderá identificar a obra e, assim, facilitar sua
localização em catálogos, índices bibliográficos, bibliotecas, Internet, entre outros
locais. Conforme a NBR 10520 especifica, todas as citações apresentadas devem ser
acompanhadas da indicação da autoria das mesmas, podendo‐se utilizar um dos for‐
matos abaixo:
9.2.1 SISTEMA AUTOR‐DATA
Neste sistema a indicação da fonte no texto é feita colocando‐se o sobrenome do
autor ou o nome da entidade responsável ou ainda a primeira palavra do título
(quando a obra não possuir autoria), seguida da data de publicação. Ao final do
trabalho relacionam‐se as referências completas em ordem alfabéticas.
Exemplo no texto:
(VIEIRA, 1993)
80
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Citação também é usada como termo jurídico. É um ato Jurídico formal para que
o réu tome conhecimento do processo e, querendo, defenda‐se.
Exemplo na referência:
VIEIRA, Márcio Infante. Carne e pele de coelho : produção, comércio,
preparo. São Paulo INFOTEC 1993. 64p.
9.2.2 SISTEMA NUMÉRICO
Neste sistema a indicação da fonte no texto é realizada por uma numeração
única consecutiva que remete à uma lista de referências ao final do trabalho
organizadas em ordem seqüencial, numérica e crescente.
Exemplo no texto:
ʺO sistema numérico não deve ser usado quando há notas de rodapéʺ [1]
Exemplo na Referência:
[1] ‐ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520:
informação e documentação ‐ citações em documentos ‐ apresentação. Rio
de Janeiro: ABNT, 2002. 7p.
9.2.3 CITAÇÃO DIRETA
A citação direta refere‐se à transcrição integral de uma parte do texto pesqui‐
sado. Essa transcrição literal deverá ser apresentada entre ʺaspasʺ, (se for até 3 linhas,
caso contrário, aparecerá recuada 4 cm da margem esquerda, utilizando‐se fonte
menor e espaçamento simples) seguida do sobrenome do autor, ano da publicação,
sendo indispensável indicar o número da página de onde foi extraída a transcrição.
Exemplo no texto:
Segundo Vieira (1998, p.5) o valor da informação está ʺdiretamente ligado
à maneira como ela ajuda os tomadores de decisões a atingirem as metas
da organizaçãoʺ.
Ou
Segundo Vieira, o valor da informação está ʺdiretamente ligado à maneira
como ela ajuda os tomadores de decisões a atingirem as metas da orga‐
nizaçãoʺ. (2)
Outra variação é quando o sobrenome é colocado entre parênteses juntamente
com o ano e página; neste caso, porém, o sobrenome aparece todo com letras maiús‐
culas.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 81 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Exemplo na referência:
O valor da informação está ʺdiretamente ligado à maneira como ela ajuda
os tomadores de decisões a atingirem as metas da organizaçãoʺ (VIEIRA,
1998, p.5).
9.2.4 CITAÇÃO INDIRETA
É a transcrição das idéias do autor consultado, porém usando as suas palavras,
ou seja, parafraseando. A idéia expressa continua sendo de autoria do autor que você
consultou, por isso, é necessário citar a fonte: dar crédito ao autor da idéias, sendo
desnecessário indicar o número da página de onde a idéia foi extraída.
Exemplo no texto:
O valor da informação está relacionado com o poder de ajuda aos toma‐
dores de decisões a atingirem os objetivos da empresa (VIEIRA, 1998).
9.2.5 APRESENTAÇÃO DAS CITAÇÕES NO TEXTO
1. Citação com até três linhas: aparece fazendo parte normalmente do texto
(entre aspas, se for citação direta, mas em fonte 12).
2. Mais de três linhas: (deslocamento) recuo de 4 cm para todas as linhas, a par‐
tir da margem esquerda, espaçamento simples entre as linhas, fonte tama‐
nho 10 e sem aspas, sendo que o parágrafo que introduz a citação (o autor,
com ano e página) deve aparecer em fonte normal (12) e espaçamento como
no restante do texto.
Exemplo no texto:
Drucker (1984, p.17) comenta sobre o a prática administrativa afirmando
que:
A administração tem de ser analisada como um exercício, e não como
ciência. Por este ponto de vista, ela pode comparar‐se com a medicina,
a advocacia e a engenharia. Neste caso, o bom profissional não é aque‐
le que retém o maior conhecimento, mas sim aquele que mostra um
melhor desempenho no que faz.
Exemplo da referência:
DRUCKER, Peter Ferdinand. Introdução à administração. São Paulo:
Pioneira, 1984.
9.2.6 USO DE CITAÇÕES EM EXCESSO
O uso excessivo de citações em teses e artigos acadêmicos prejudica a criação de
82
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
conhecimento novo. Isto se daria pelo fato de ao utilizar as citações de outros autores
para legitimar o seu conteúdo, o escritor estaria deixando de lado a sua própria
capacidade de argumentação, o que termina favorecendo a cópia de conhecimentos já
consolidados ao invés de criar novos.
TEXTO COMPLEMENTAR:
OS NÚMEROS PRIMOS
Um número primo é um número inteiro maior que 1 que é divisível apenas por
si mesmo e por 1. Os primeiros 10 números primos são 2, 3 , 5 , 7, 11, 13, 17, 19, 23 e
29. Um inteiro positivo maior que 1 que não é primo é denominado múltiplo ou
composto. O número 1 não é considerado nem primo, nem múltiplo. A importância
dos nú‐meros primos na teoria dos números, e em toda a matemática, se deve ao fato
de todo número inteiro maior que 1 poder ser fatorado (ou seja, escrito como um pro‐
duto) em números primos de forma única. Este fato importante é conhecido como o
Teorema Fundamental da Aritmética.
Uma das poucas coisas que sabemos sobre os números primos é que existe uma
quantidade infinita deles. Este fato se encontra demonstrado no Livro IX dos Elemen‐
tos de Euclides. O menor número primo é 2, que também é único número primo par.
Atualmente o maior número primo encontrado é 232.582.657 − 1 descoberto pelo time de
colaboradores formado pelos doutores Curtis Cooper e Steven Boone no dia 4 de
setembro de 2006, num projeto de computação distribuída pela Internet, que usa o
tempo ocioso do processador de computadores pessoais, procurando por números
primos específicos, do tipo 2 n − 1, em que n é primo, chamados primos de Mersenne.
Este último primo encontrado é o primo de Mersenne de número 44 e tem 9.808.358
dígitos. Seria necessário um livro de quase 5000 páginas para conter este número.
Um número n natural é chamado perfeito se e somente se n for igual a soma de
todos os seus divisores positivos (sem ser, é claro, contado o próprio n). Como exem‐
plos temos 6 = 1 + 2 + 3 e 28 = 1 + 2 + 4 + 7 + 14. Assim,
6,
28,
496,
8128,
33550336,
8589869056,
137438691328,
2305843008139952128,
2658455991569831744654692615953842176,
191561942608236107294793378084303638130997321548169216...
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 83 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
são os primeiros 10 números perfeitos.
Os quatro primeiros números perfeitos já eram conhecidos antes da época de
Cristo. Vejamos eles como exemplos e façamos as suas respectivas decomposições:
6 = 2 x 3,
28 = 4 x 7,
496 = 16 x 31,
8128 = 64 x 127.
Observe que todos são da forma ( 2 n−1 ) x ( 2 n ‐1) (para n = 2, 3, 5, e 7 respectiva‐
mente). Considere agora o seguinte teorema: Um número K é um número perfeito
par se e somente se ele puder ser escrito na forma ( 2 n−1 ) x ( 2 n ‐1), com 2 n ‐1 um
número primo. Assim, a busca dos números perfeitos acaba sendo paralela à busca
dos primos de Mersenne.
Antigamente, a descoberta de um novo número primo costumava a ser cele‐
brada com garrafas de champanhe e lançamento de selos postais comemorativos;
hoje em dia, é alardeada por fabricantes de computadores e companhias de softwares
com fins de marketing. Isto porque os números primos, outrora assuntos da mate‐
mática pura, recentemente encontraram uma utilidade em questões de segurança
nacional. A grande dificuldade de ser fatorar o produto de dois números primos bem
grandes, se estes números forem desconhecidos pelo usuário, é a base da criptografia
de chave pública.
A título de oferecer um pouco mais de sabor à sua curiosidade, a The Electronic
Frontier Foundation oferece um prêmio de US$ 100.000,00 à primeira pessoa ou ao
grupo que descobrir um número primo de 10 milhões de algarismos.
Muitas questões sobre números primos permanecem sem resposta, daí a aura de
mistérios que os cerca. Por exemplo, os primos têm a tendência de se arrumar em
pares da forma p e p+2; alguns exemplos sendo 3 e 5; 5 e 7; 11 e 13; 17 e 19, 101 e 103.
Encontramos estes pares mesmo entre os números primos maiores: 29.879 e 29.881,
140.737.448.353.699 e 140.737.448.353.701. O maior par conhecido até 1990 era o 1.706.
595 x 211.235 ± 1, cada um deles com 3.389 dígitos cada. Não se sabe se existem infi‐
nitos destes “números primos gêmeos”, a maioria dos matemáticos acredita que sim,
mas ninguém conseguiu provar esta conjectura até o momento.
Tabela: 500 primeiros primos; em negrito se destaca os primos gêmeos.
2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, 59, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97, 101,
103, 107, 109, 113, 127, 131, 137, 139, 149, 151, 157, 163, 167, 173, 179, 181, 191, 193, 197,
199, 211, 223, 227, 229, 233, 239, 241, 251, 257, 263, 269, 271, 277, 281, 283, 293, 307, 311,
313, 317, 331, 337, 347, 349, 353, 359, 367, 373, 379, 383, 389, 397, 401, 409, 419, 421, 431,
433, 439, 443, 449, 457, 461, 463, 467, 479, 487, 491, 499, 503, 509, 521, 523, 541, 547, 557,
563, 569, 571, 577, 587, 593, 599, 601, 607, 613, 617, 619, 631, 641, 643, 647, 653, 659, 661,
84
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
673, 677, 683, 691, 701, 709, 719, 727, 733, 739, 743, 751, 757, 761, 769, 773, 787, 797, 809,
811, 821, 823, 827, 829, 839, 853, 857, 859, 863, 877, 881, 883, 887, 907, 911, 919, 929, 937,
941, 947, 953, 967, 971, 977, 983, 991, 997, 1009, 1013, 1019, 1021, 1031, 1033, 1039, 1049,
1051, 1061, 1063, 1069, 1087, 1091, 1093, 1097, 1103, 1109, 1117, 1123, 1129, 1151, 1153,
1163, 1171, 1181, 1187, 1193, 1201, 1213, 1217, 1223, 1229, 1231, 1237, 1249, 1259, 1277,
1279, 1283, 1289, 1291, 1297, 1301, 1303, 1307, 1319, 1321, 1327, 1361, 1367, 1373, 1381,
1399, 1409, 1423, 1427, 1429, 1433, 1439, 1447, 1451, 1453, 1459, 1471, 1481, 1483, 1487,
1489, 1493, 1499, 1511, 1523, 1531, 1543, 1549, 1553, 1559, 1567, 1571, 1579, 1583, 1597,
1601, 1607, 1609, 1613, 1619, 1621, 1627, 1637, 1657, 1663, 1667, 1669, 1693, 1697, 1699,
1709, 1721, 1723, 1733, 1741, 1747, 1753, 1759, 1777, 1783, 1787, 1789, 1801, 1811, 1823,
1831, 1847, 1861, 1867, 1871, 1873, 1877, 1879, 1889, 1901, 1907, 1913, 1931, 1933, 1949,
1951, 1973, 1979, 1987, 1993, 1997, 1999, 2003, 2011, 2017, 2027, 2029, 2039, 2053, 2063,
2069, 2081, 2083, 2087, 2089, 2099, 2111, 2113, 2129, 2131, 2137, 2141, 2143, 2153, 2161,
2179, 2203, 2207, 2213, 2221, 2237, 2239, 2243, 2251, 2267, 2269, 2273, 2281, 2287, 2293,
2297, 2309, 2311, 2333, 2339, 2341, 2347, 2351, 2357, 2371, 2377, 2381, 2383, 2389, 2393,
2399, 2411, 2417, 2423, 2437, 2441, 2447, 2459, 2467, 2473, 2477, 2503, 2521, 2531, 2539,
2543, 2549, 2551, 2557, 2579, 2591, 2593, 2609, 2617, 2621, 2633, 2647, 2657, 2659, 2663,
2671, 2677, 2683, 2687, 2689, 2693, 2699, 2707, 2711, 2713, 2719, 2729, 2731, 2741, 2749,
2753, 2767, 2777, 2789, 2791, 2797, 2801, 2803, 2819, 2833, 2837, 2843, 2851, 2857, 2861,
2879, 2887, 2897, 2903, 2909, 2917, 2927, 2939, 2953, 2957, 2963, 2969, 2971, 2999, 3001,
3011, 3019, 3023, 3037, 3041, 3049, 3061, 3067, 3079, 3083, 3089, 3109, 3119, 3121, 3137,
3163, 3167, 3169, 3181, 3187, 3191, 3203, 3209, 3217, 3221, 3229, 3251, 3253, 3257, 3259,
3271, 3299, 3301, 3307, 3313, 3319, 3323, 3329, 3331, 3343, 3347, 3359, 3361, 3371, 3373,
3389, 3391, 3407, 3413, 3433, 3449, 3457, 3461, 3463, 3467, 3469, 3491, 3499, 3511, 3517,
3527, 3529, 3533, 3539, 3541, 3547, 3557, 3559, 3571
Para encontrar listas sempre atualizadas com os maiores números primos, visite
o site da GIMPS ‐ Great Internet Mersenne Prime Search, iniciado por Woltman no
iní‐cio de 1996.
Outra questão insolúvel, envolvendo os primos, é a conjectura de Goldbach,
que recebeu este nome de Christian Goldbach (1690‐1764), um matemático alemão
que mais tarde se tornou ministro do exterior da Rússia. Em uma carta para Euler
(1742) ele conjecturou que cada número par ≥ 4 pode ser decomposto na soma de
dois nú‐meros primos, como por exemplo: 4 = 2 + 2, 6 = 3 + 3, 8 = 5 + 3, 10 = 5 + 5, 12 = 5
+ 7, 16 = 11 + 5, etc... Até onde se sabe Euler não demonstrou esta estimativa, mas nem
ele, nem mais ninguém, encontrou um contra‐exemplo para ela. A conjectura já foi
tes‐tada computacionalmente para todos os pares até 1010, e se descobriu que ela é
cor‐reta, porém isto não é garantia que ela seja verdadeira para todos os pares. Este é
um dos grandes problemas sem solução da matemática.
Existem alguns tipos especiais de números primos, dos quais os mais conhe‐
cidos são:
9 Primos de Mersenne: têm a forma 2 n ‐ 1. Observe que os últimos maiores pri‐
mos encontrados são deste tipo. Isto se deve ao fato de que existe um teste de
primalidade muito eficiente para este tipo de primo, o teste de Lucas‐Lehmer
para Primos Mersenne.
n
9 Primos de Fermat: têm a forma 2 2 + 1.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 85 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
9 Primos Sophie Germain: são os números primos p onde 2p + 1 também é um
número primo.
9 Primos de Wieferich: são números primos p onde p2 divide 2 p −1 ‐ 1. Foram des‐
critos por Wieferich em 1909 e existem apenas dois conhecidos: 1093 e 3511.
9 Primos de Wilson: são os primos p onde p2 divide (p ‐ 1)! + 1. Os únicos conhe‐
cidos são 5, 13 e 563.
9 Primos Fatoriais: têm a forma (n! ± 1). (n! – 1) é primo para n = 3, 4, 6, 7, 12, 14, 30,
32, 33, 38, ... e (n! + 1) é primo para n = 1, 2, 3, 11, 27, 37, 41, 73, 77, 116, ...
O Teorema dos Números Primos é um importante resultado sobre a distribuição
dos mesmos. Este resultado foi primeiramente demonstrado independentemente por
dois matemáticos franceses Jacques Hadamard e Charles Jean de la Vallée‐Poussin
através do estudo da função zeta de Riemann. Um demonstração elementar sem
apelo à teoria analítica dos números foi dada posteriormente por Atle Selberg e Paul
Erdös.
Enunciado:
Seja Π(n) , a função de contagem de números primos, que retorna o número de
núme‐ros primos entre 1 e n. Então vale o limite:
Π(n)
lim =1
n→∞ n ⋅ ln( n)
▪
“Depois de vermos estes números temos a sensação de estarmos na presença de
um dos inexplicáveis segredos da criaçãoʺ.
Zagier
“Os conceitos mais simples são os mais abstratos”.
Ostwald
“O grande arquiteto do Universo começa a parecer‐nos um puro matemático”.
James Jeans
“O livro da natureza foi escrito exclusivamente com figuras e símbolos mate‐
máticos”.
Galileu
86
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
CAPÍTULO 10
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 87 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
novas descobertas, e o desenvolvimento de novos materiais, técnicas e meto‐
dos de análise nas diversas áreas da ciência.
9 Aumentar o prestígio do autor ‐ Pesquisadores com um grande volume de
publicações desfrutam do reconhecimento técnico dentro da comunidade
científica, alcançam melhores colocações no mercado de trabalho, e
divulgam o nome da instituição a qual estão vinculados.
9 Apresentação do seu trabalho ‐ Muitas instituições de ensino e/ou pesquisa,
e várias empresas comerciais freqüentemente requerem que os seus profis‐
sionais apresentem o progresso de seu trabalho e/ou estudo através da publi‐
cação de artigos técnico‐científicos.
9 Aumentar o prestígio da sua instituição ou empresa ‐ Instituições ou em‐
presas que publicam constantemente usufruem do reconhecimento técnico
de seu nome, o que ajuda a atrair maiores investimentos e ganhos para esta
organização.
9 Se posicionar no mercado de trabalho ‐ O conhecido ditado em inglês
ʺPublish or perishʺ, ou seja, ʺPublique ou pereçaʺ, provavelmente nunca foi
tão relevante como nos dias de hoje. Redigir um artigo técnico lhe trará uma
boa experiência profissional, e contribuirá para enriquecer o seu currículo,
aumentando assim suas chances de obter uma melhor colocação no mercado
de trabalho.
10.1.2 O QUE ESCREVER EM CADA ETAPA?
1. Título: Faça um título curto, que chame a atenção, e além de tudo, que reflita
o tema principal do artigo.
2. Nome do autor e afiliação: Escreva o seu nome e a sua afiliação de forma
uniforme e sistemática em todas as suas publicações para que seus artigos
possam ser citados de forma correta por outros autores.
3. Resumo: As pessoas se baseiam no Resumo ou no Abstract para decidirem
ler ou não o restante de um artigo. Assim, resuma de maneira precisa os
tópicos principais do artigo e as conclusões obtidas através do seu trabalho.
Não utilize mais que 100 a 150 palavras. Limite o número de tópicos para
evitar confusão na identificação da mensagem principal do artigo. Caso você
possua um número elevado de tópicos importantes a serem discutidos,
reserve alguns para um artigo futuro. Não inclua referências, figuras ou
equações nesta seção.
4. Abstract: O Abstract é a versão do Resumo em inglês. Por uma questão de
coerência, ele deve possuir tamanho e significado compatíveis com o resu‐
mo. Algumas línguas são mais concisas que outras, mas é inaceitável que o
Resumo e o Abstract contenham divergências. Além disso, a versão em
inglês não deverá ser apenas uma tradução literal ou convencional do resu‐
88
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
mo, mas sim uma tradução científica, com a tradução precisa dos termos e
expressões técnicas, ou o seu trabalho poderá ser rejeitado para publicação.
5. Palavras‐chave: Por vezes, editores solicitam a inclusão de um conjunto de
palavras‐chave que caracterizem o seu artigo. Estas palavras serão usadas
posteriormente para permitir que o artigo seja encontrado por sistemas
eletrônicos de busca. Por isso, você deve escolher palavras‐chave abran‐
gentes, mas que ao mesmo tempo identifiquem o artigo. Um bom critério é
selecionar as palavras que você usaria para procurar na Web um artigo
semelhante ao seu.
6. Introdução: A introdução é um apanhado geral do conteúdo do seu artigo
científico sem entrar em muitos detalhes. Apenas poucos parágrafos são o
suficiente. Descreva brevemente a importância da área de estudo.
Especifique a relevância da publicação do seu artigo, ou seja, explique como
o seu trabalho contribui para ampliar o conhecimento em uma determinada
área da ciência, ou se ele apresenta novos métodos para resolver um pro‐
blema. Apresente uma revisão da literatura recente (publicada nos últimos 5
anos), específica sobre o tópico abordado, ou forneça um histórico do
problema. Para se escrever uma introdução informativa para o seu artigo,
você deverá estar familiarizado com o problema. A introdução deve apre‐
sentar a evolução natural de sua pesquisa. Ela pode ser elaborada após você
escrever Discussão e Conclusões. Assim você terá uma boa idéia do que
incluir na sua introdução.
7. Corpo do artigo:
7.1.Definição do problema ‐ Defina o problema ou tópico estudado, expli‐
que a terminologia básica, e estabeleça claramente os objetivos e as
hipóteses. Note que artigos são freqüentemente rejeitados para publi‐
cação porque os autores apresentam apenas os objetivos, mas não as
hipóteses.
7.2.Formulação teórica, materiais e métodos ‐ Apresente as formulações
teóricas e hipóteses. Liste de forma abrangente todos os materiais e a
metodologia utilizada de forma que os leitores sejam capazes de repro‐
duzir o seu estudo. Em trabalhos experimentais, não faça um diário de
eventos, mas reorganize os procedimentos de uma forma coerente. Você
deverá explicar claramente os procedimentos usados para solucionar o
problema e explicar cada etapa destes procedimentos. Não omita deta‐
lhes importantes. Tudo o que você puder escrever que irá validar o seu
estudo deverá ser incluído nesta seção. Utilize métodos eficientes e pré‐
cisos ao invés de técnicas ultrapassadas. Dê crédito ao trabalho de outras
pessoas através de referências: forneça detalhes de conceitos discutidos
e/ou refira‐se às fontes.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 89 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
90
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
texto principal como, por exemplo, questionários ou software utilizado.
10.1.3 DICAS DE REDAÇÃO
9 Anexe todos os gráficos e tabelas ao documento. Use as cores branca, preta
ou tons de cinza em suas figuras uma vez que muitos congressos e jornais
técnicos não publicam em cores.
9 Muitas vezes o tamanho dos artigos é limitado entre 6 a 10 páginas
(incluindo figuras). Escreva concisamente.
9 Use um manual técnico de redação e estilo para ajudá‐lo com a estrutura de
parágrafos e sentenças, utilização de palavras, estilo de redação, elaboração
de figuras e tabelas, etc.
9 Confira a ortografia e a gramática com o auxilio de seu editor de texto.
9 Imprima ou copie os ʺRegulamentos para Publicaçãoʺ do congresso ou jornal
onde você deseja ver o seu artigo publicado. É extremamente importante
reconhecer o formato básico exigido. O seu artigo pode ser rejeitado por não
se encontrar no formato padrão, mesmo que apresente um bom conteúdo.
Margens, espaçamentos, numeração de páginas e figuras, e o estilo das refe‐
rências são todos aspectos importantes. Pode ser útil ter cópia de alguns
artigos publicados em anais ou exemplares anteriores para se ter uma boa
idéia do formato de apresentação de publicações aceitas.
9 Quanto à linguagem científica é importante que sejam analisados os seguin‐
tes procedimentos no artigo científico:
9 Impessoalidade: redigir o trabalho na 3ª pessoa do singular;
9 Objetividade: a linguagem objetiva deve afastar as expressões: “eu
penso”, “eu acho”, “parece‐me” que dão margem a interpretações
simplórias e sem valor científico;
9 Estilo científico: a linguagem científica é informativa, de ordem racio‐
nal, firmada em dados concretos, onde pode‐se apresentar argumentos
de ordem subjetiva, porém dentro de um ponto de vista científico;
9 Vocabulário técnico: a linguagem científica serve‐se do vocabulário
comum, utilizado com clareza e precisão, mas cada ramo da ciência
possui uma terminologia técnica própria que deve ser observada;
9 Correção gramatical: é indispensável, onde se deve procurar relatar a
pesquisa com frases curtas, evitando muitas orações subordinadas,
intercaladas com parênteses, num único período. O uso de parágrafos
deve ser dosado na medida necessária para articular o raciocínio: toda
vez que se dá um passo a mais no desenvolvimento do raciocínio,
muda‐se o parágrafo.
9 Recursos ilustrativos: como gráficos estatísticos, desenhos, tabelas são
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 91 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
considerados como figuras e devem ser criteriosamente distribuídos no
texto, tendo suas fontes citadas em notas de rodapé.
10.1.4 AONDE PUBLICAR ?
Existem diferentes formas para avaliar relevância um periódico científico (veí‐
culo responsável pela edição e publicação de seu artigo), mas o fator de impacto das
publicações vem sendo priorizado pelas agências de fomento e pelos pesqui‐sadores.
FATOR DE IMPACTO
O fator de impacto começou a ser considerado como uma maneira de avaliar as
revistas científicas a partir da década 60 do século XX, quando Eugene Garfield, dire‐
tor do Institute of Scientific Information (ISI) e criador da base de dados
bibliográfica Science Citation Index (SCI), elegeu esse instrumento, que determina a
freqüência com que um artigo é citado, como forma de classificar e avaliar as revistas
incluídas na referida base de dados.
O Science Citation Index é uma base de dados multidisciplinar de onde se pode
recuperar os resumos, em inglês, de todas as revistas da literatura científica inde‐
xadas à base de dados, o que corresponde a cerca de 100% dos artigos científicos.
Nesta base estão indexadas 5.330 revistas que cobrem 160 campos do conhecimento
científico, onde estão disponibilizadas, para os usuários, aproximadamente 300.000
referências por semana, que foram citadas em cerca de 17.000 artigos. Hoje, a base de
dados do SCI contém aproximadamente 14 milhões de artigos científicos.
Anualmente essa base elabora o Journal Citation Report (JCR) que é uma publi‐
cação que se dedica a avaliar o impacto científico (Fator de impacto) de um grupo de
5.330 periódicos.
O fator de impacto (FI) corresponde ao número de citações que um periódico
recebe em dois anos anteriores ao ano do cálculo , dividido pelo número de todos os
artigos neles publicados neste mesmo período.
Ex: Gastroenterology
* Citações em 1998 para artigos publicados em:
1996 = 4.524
1997 = 4.422
1996 + 1997 = 8.946
* Número de artigos publicados em:
1996 = 392
1997 = 474
1996 + 1997 = 866
* Cálculo: Citações a artigos recentes / Número de artigos recentes
8.946 / 866 = 10.330,000 FI = 10,33
Na internet existem alguns sites que disponibilizam o fator de impacto porém, a
92
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
maioria desatualizado, pois o ISI comercializa a base atualizada em CD‐ROM.
Um endereço na qual pode consultar o fator de impacto atualizado é o portal de
periódicos da CAPES para as instituições que tem acesso, não são todas as revistas da
área médica, mas as mais relevantes estão representadas nesse portal.
http://www. periodicos.capes.gov.br
Outra forma de pesquisar online é no site russo Molbiol no seguinte link:
http:// www.molbiol.ru/eng/jounals/
Não são todas as revistas que estão representadas, apenas uma parcela, esse site
por vezes encontra‐se for a do ar, porém é um site atualizado.
QUALIS CAPES
Um dos indicadores utilizados e aceitos, no Brasil, pela maioria dos pesquisa‐
dores, instituições de ensino e pesquisa e agências financiadoras de pesquisa e pós‐
graduação, particularmente pelo CNPq e pela Capes, tem sido o Science Citation
Index (SCI) através da publicação do JCR.
A CAPES recentemente criou o QUALIS ‐ que é o processo de classificação dos
periódicos utilizados pelos programas de pós‐graduação para a divulgação da pro‐
dução intelectual de seus docentes e alunos. Tal processo foi concebido para atender
a necessidades específicas do sistema de avaliação e baseia‐se nas informações
fornecidas pelos Programas mediante a Coleta de Dados. Esta classificação é feita ou
coordena‐da pelo representante de cada área (Matemática, Educação física, Enferma‐
gem Farmácia, Medicina, etc..) e passa por processo anual de atualização.
O QUALIS está dividido em: Internacional e Nacional. Ambos subdivididos em
categorias indicativas de qualidade em A, B e C. As combinações dessas categorias
compõem nove alternativas indicativas da importância do periódico utilizado, e, por
inferência, do próprio trabalho divulgado. No entanto, não se pretende, com essa
classificação, que é específica para um processo de avaliação de área, definir quali‐
dade de periódicos de forma absoluta.
O mesmo periódico, ao ser classificado em duas ou mais áreas distintas, pode
receber diferentes avaliações. Isto não constitui inconsistência, mas expressa o valor
atribuído, em cada área, ao que o periódico publica de sua produção.
O QUALIS utiliza como referencial para o cálculo das categorias indicativas de
qualidade internacional o Fator de Impacto do ISI.
Maiores informações consulte o endereço eletrônico: http://qualis.capes.gov.br
10.1.5 PROCESSO DE SUBMISSÃO
A via de submissão dos artigos normalmente é eletrônica, ou seja, o arquivo
contendo o trabalho deve ser enviado para a editora responsável pela publicação do
trabalho, podendo ser uma comissão editorial para periódicos ou um comitê orga‐
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 93 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
nizador para eventos.
Data para submissão:
9 Periódico ‐ fluxo contínuo, isto é, o envio pode ser feito a qualquer data
do ano, porém a publicação fica sujeita ao tamanho da fila de espera. Al‐
guns periódicos exigem que ao menos um dos autores sejam assinantes
da revista.
9 Eventos ‐ data de submissão vence bem antes do evento. Geralmente é
exigido que o autor pague a taxa de inscrição do evento após o parecer de
aceito do trabalho, porém antes da apresentação do mesmo.
A contribuição do trabalho deve ser original e inédita, e não está sendo avaliada
para publicação por outra revista; não sendo o caso, justificar em ʺComentários ao
Editorʺ. Em ambos os casos a formatação dos artigos é própria, ou seja, depende de
cada veículo. Para garantir tal individualidade são disponibilizados arquivos para
submissão em formato próprio, em geral encontrados no respectivo site de divulga‐
ção.
10.1.6 AVALIAÇÃO DO VALOR E RELEVÂNCIA DO TRABALHO
Todos os artigos antes de ser publicados passam por uma comissão científica
própria da Revista ou Evento e esta, encaminha o artigo a referis (revisores, em geral
pesquisadores já conhecidos da área sobre o tema principal do trabalho) capacitados
e analisarem os conteúdos e metodologias científicas aplicadas.
Os critérios de avaliação dos artigos estão disponíveis no site do veículo de pu‐
blicação e qualquer pesquisador interessado em publicar seus artigos inéditos
deverá segui‐los. Após a submissão o processo para a publicação pode demorar de
alguns meses até anos...
10.2 EVENTOS CIENTÍFICOS
Um Evento é considerado uma ação extensionista, que implica na apresentação
e exibição pública e livre ou também com clientela específica, do conhecimento ou
produto cultural, científico e tecnológico desenvolvido, conservado ou reconhecido
pela Universidade. Para atividade de 8 h ou mais, com avaliação, classificar como
Curso.
Tipos de eventos:
9 Ciclo de Palestras: Série de palestras pronunciadas por especialistas, sempre
com um tema específico. É menos formal que uma conferência pela
exigência na formação do palestrante que, no caso é um especialista. O
grupo que compõe a platéia já possui um conhecimento sobre o assunto,
havendo perguntas no decorrer ou no final da apresentação.
9 Conferência: Consiste na exposição de um tema de interesse geral, por espe‐
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 95 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
ponto de vista e posições diferenciadas. Em geral, o debate é dirigido por
entidade oficial e dirigido para técnicos estudantes de maior nível. Existe a
necessidade de um moderador para a coordenação do debate. Pode ser
aberto ao público, entretanto, nunca a platéia participa. (em geral promovido
por partidos, sindicatos, etc...)
9 Encontro: Reunião de pessoas de uma categoria para debater sobre temas
antagônicos, e/ou polêmicos apresentados por representantes de grupos
participantes, necessitando de um coordenador para resumir e apresentar as
conclusões do grupo. As características básicas dos encontros são seme‐
lhantes à do congresso, porém com menor abrangência de público; enquanto
o congresso reúne todos os profissionais que têm interesse em determinada
área, o encontro reúne somente um segmento específico, tendo a produção
de anais.
9 Estudo de Caso: Encontros que são discutidos soluções frente a um proble‐
ma peculiar que aflige determinada área, demanda a produtos ou serviços.
Podem ser direcionadas em qualquer área de atuação. Quanto à organização
de uma reunião de estudo de caso, é necessário que haja: agendamento,
convocação, distribuição de pautas, estrutura de receptivo (se for o caso),
disponibilizarão de equipa‐mentos. O coordenador apresenta o caso e
determina um tempo para seu estudo, que depende da sua complexidade.
9 Feiras: São eventos geralmente de caráter comercial e de grande porte, que
reúnem fornecedores, expositores, compradores, clientes, usuários, entida‐
des de fomento, financeiras, bancos, para estabelecer contatos comerciais ou
lançamento de novos produtos, serviços ou tecnologias. O objetivo principal
de uma feira é proporcionar contato com os canais de comercialização.
Semelhante às feiras encontra‐se as Exposições com a diferença de vender as
mercadorias ou os objetos expostos.
9 Fórum: É um evento organizado por entidade oficial para discussão e deba‐
te, de forma ampla, de temas específicos e de atualidade bastante comum,
principalmente pela necessidade crescente de se sensibilizar a opinião
pública para certos problemas sociais, contando com a presença e partici‐
pação ativa de elevado número de pessoas interessadas. É livre e as opiniões
são escolhidas por um coordenador que, ao considerar o grupo esclarecido,
apresenta a conclusão.
9 Jornada: Encontro de grupos profissionais, de âmbito regional para discutir
assuntos de interesse comum. Esses encontros são promovidos por entida‐
des de classe, e as conclusões podem servir de diretrizes para o segmento.
Caracteriza‐se por seu caráter prático e objetivo. Possui publicação dos
trabalhos em anais, mas em geral tem peso e relevância menores por seu
caráter regional.
96
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
9 Oficinas: Muito parecidas com os workshops, às oficinas geralmente são
destinadas à área educacional, para conhecer novos produtos, dinâmica, com
o intuito de disseminar o conhecimento e práticas ao tema abordado. O
coordenador ou diretor da oficina compõe um comitê de planejamento e
define os especialistas consultores e os assessores dos grupos de trabalho.
Os participantes são divididos em grupos ou equipes com objetivos determi‐
nados. Cada grupo é provido de local adequado, materiais de trabalho e um
instrutor assessor que acompanha o trabalho. O programa pode incluir
estudo individual, consulta bibliográfica, palestras por instrutores e especia‐
listas consultores, discussão em grupos pequenos e em plenário, exercícios
práticos, redação de trabalhos, relatórios e atividades de avaliação, saídas de
campo e até realização de pesquisas.
9 Semana: Reunião de pessoas pertencentes a uma categoria profissional que
visam discutir temas de interesse comum, seguindo o mesmo esquema do
congresso, com palestras, conferências e painéis; nos segmentos acadêmico e
empresarial. O acadêmico é caracterizado pela reunião de estudantes, coor‐
denado por professores e profissionais da área, objetivando informar aos
estudantes de hoje assuntos pertinentes à suas áreas de atuação.
9 Seminário: Evento técnico ou profissional administrado por um coorde‐
nador, tendo a discussão de aspectos técnicos de um mesmo tema, para
participantes que possuem conhecimento prévio do assunto a ser exposto.
Após a apresentação dos temas, são promovidos debates de casos práticos e
experiências entre os participantes e formulam‐se conclusões, podendo os
relatórios finais ficar disponíveis aos interessados.
9 Simpósio: Promovido habitualmente por entidades profissionais e técnico‐
científicas é destinado à divulgação de experiências, pesquisas ou inovações
tecnológicas em determinada área profissional, para a discussão e debate
sobre a sua aplicação prática. De pequeno porte e curta duração, são mais
liberais do que os congressos, tornando o simpósio mais interessante para as
empresas que querem realizar um evento com fim comercial. Os custos são
normalmente pagos pelo promotor, por meio das verbas destinadas ao
marketing do produto/serviço.
9 Mesa‐redonda: É a reunião do tipo clássico, preparada e conduzida por um
moderador orientando a discussão para que ela se mantenha sempre em
torno do tema principal, com um número reduzido (de no máximo 10 pes‐
soas), com elevado nível profissional e técnico para debater coletivamente o
tema preestabelecido e com um tempo limitado. O êxito da mesa‐redonda
depende, em grande parte, do coordenador, que tem a missão de conduzir os
trabalhos de forma que os verdadeiros objetivos sejam atingidos.
9 Painel: Consiste na discussão e analise informal de um problema ou tema
pré‐selecionado, normal‐mente um assunto técnico, por um palestrante,
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 97 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
A Plataforma Lattes representa a experiência do CNPq na integração de bases de dados de currículos
14
e de instituições da área de ciência e tecnologia em um único Sistema de Informações, cuja
importância atual se estende, não só às atividades operacionais de fomento do CNPq, como também
às ações de fomento de outras agências federais e estaduais. O Currículo Lattes registra a vida
pregressa e atual dos pesquisadores e estudantes sendo elemento indispensável à análise de mérito e
competência dos pleitos (pedidos de auxílios: bolsas, despesas e equipamento) apresentados à
Agência. A coleta dos dados e atualização dos mesmos não é automática, e deve ser feita pelo autor do
currículo. Veja mais em http://lattes.cnpq.br/index.htm.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 99 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Em primeiro lugar o prefixo Etno se refere a Etnia, isto é, a um grupo de pessoas
de mesma cultura, língua própria, ritos próprios, etc., ou seja características culturais
bem delimitadas para que possamos caracterizá‐los como um grupo diferenciado. No
Brasil, por exemplo, temos uma quantidade muito grande de grupos étnicos, se pen‐
sarmos somente os índios, hoje tem‐se como certo a existência de 153 tribos diferen‐
tes, 153 culturas com línguas próprias, ou seja 153 etnias indígenas conhecidas.
Cada etnia constrói a sua Etnociência no seu processo de leitura do mundo. É a
construção do conhecimento para a explicação do fenômeno, e, logicamente, cada
uma dessas leituras é feita de forma bem diferente. Atualmente, o termo Etnociência
propõe a redescoberta da ciência de outras etnias, que não a nossa cuja ciência advêm
da cultura ocidental. Etno, então, refere‐se ao sistema de conhecimentos e cognições
típicas de uma dada cultura.
ETNOCIÊNCIA
No dicionário etnológico de Panoff e Perrina aparece duas definições de Etno‐
ciência: a primeira diz que “é o ramo de etnologia, que se dedica a comparar os com‐
ceitos positivos das sociedades exóticas com os que a ciência ocidental formalizou no
quadro das disciplinas constituídas”.
Chamamos a atenção para os termos “positivo” e “exótico”, que caracterizam
uma posição eurocentrista e, mesmo, preconceituosa, típicas do início do século pás‐
sado, imbuída da corrente positivista. Quando Levis‐Strauss se refere a Etnozoologia
escreveu que: “é o conhecimento positivo que os nativos (da região estudada) pos‐
suem a respeito de animais, a técnica e rituais usados com os quais eles trabalham e
as crenças que têm em relação a elas.” Isto nos coloca de imediato frente as seguintes
perguntas: O que são conhecimentos positivos? O que seria um conhecimento nega‐
tivo? O que seria uma sociedade exótica? Existe uma ciência ocidental diferente de
outras ciências, digamos oriental, astral, etc...?
A segunda definição de Etnociência dada por Panoff e Perrina como sendo “to‐
da e qualquer aplicação das disciplinas científicas ocidentais aos fenômenos naturais
que são apreendidos de outra forma pelo pensamento indígena”. Todas estas concep‐
ções advêm dos trabalhos de Malinovisk e Boas, que foram os pioneiros na etnogra‐
fia, em um contexto de uma época colonialista. Mas continua ainda sendo um concei‐
to aceito por muitos pesquisadores, como por exemplo o casal Acher quando se refe‐
re a Etnomatemática explicita como sendo a matemática de povos não letrados,
“reconhecendo, como pensamento matemático, noções que de alguma maneira cor‐
respondem ao que temos em nossa cultura”.
Mas o que são povos letrados? Alguns pesquisadores afirmam não existirem
povos não letrados, pois o conceito de escrita é muito amplo. Qualquer forma de
registrar algum conhecimento pode ser visto como um letramento, assim os Guaranis
registram suas vidas em seus cocares, pode‐se ler um cocar guaraní e saber pratica‐
mente toda a vida do seu proprietário. Por outro lado as pinturas corporais, habito
bem difundido em quase todas tribos indígenas, também é uma forma de escrita,
pois cada uma delas tem uma representação bem explicita. Todo artesanato admite
100
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
uma leitura quer no seu desenho, que na sua forma.
Não é conhecida nenhuma etnia que não tenha alguma maneira de representar
seus conhecimentos. Por outro lado esses autores também acreditam que a matemá‐
tica só passou a existir com a escrita, no sentido de representar por letras as palavras
e que a Etnomatemática não faz parte da História da Matemática ocidental. Se lem‐
brarmos o quanto a matemática egípcia, portanto oriental, contribuiu para a matemá‐
tica grega, teríamos que perguntar como esta matemática egípcia não estaria dentro
do que para eles seria a matemática ocidental? Isto sem deixarmos também de leva‐
rem conta todo conhecimento matemático mesopotânico, que também foi fortemente
usado na construção da matemática grega.
O NASCIMENTO DA ETNOMATEMÁTICA
Depois do fracasso da Matemática Moderna, na década de 70, apareceram, entre
os educadores matemáticos, várias correntes educacionais desta disciplina, que ti‐
nham uma componente comum – a forte reação contra a existência de um currículo
comum e contra a maneira imposta de apresentar a matemática de um só visão, como
um conhecimento universal e caracterizado por divulgar verdades absolutas. Além
de perceberem que não havia espaço na Matemática Moderna para a valorização do
conhecimento que o aluno traz para a sala de aula, proveniente do seu social, estes
educadores matemáticos voltaram seus olhares para este outro tipo de conhecimento:
o do vendedor de rua, estudado por Nunes e Caraher, das bricadeiras, dos pedreiros,
dos artesões, dos pescadores, das donas de casas na suas cozinhas, etc..
Nasce, então termos metafóricos para designar esta matemática de diferenciá‐la
daquela estudada no contexto escolar:
1. Cláudia Zalavski, em 1973, chama de Sociomatemática as aplicações da ma‐
temática na vida dos povos africanos e, inversamente, a influência que insti‐
tuições africanas exerciam e ainda exercem sobre a evolução da matemática,
sendo esta a abordagem mais significativa de seu trabalho.
2. D´Ambrosio, em 1982, denominou de Matemática Espontânea os métodos
ma‐temáticos desenvolvidos por povos na sua luta de sobrevivência.
3. Posner, também em 1982, designa de Matemática Informal aquela que se
transmite e aprende fora do sistema de educação formal, isto levando em
conta também o processo cognitivo. Também neste ano os Caraher e Schlie‐
mann introduzem o termo Matemática Oral, em seu livro “Na Vida Dez, Na
Escola Zero”, quando trata do meninos vendedores de rua no Recife.
4. Ainda neste ano Paulus Gerdes chamou de Matemática Oprimida aquela de‐
senvolvida em países subdesenvolvidos, onde pressupunha a existência do
elemento opressor: sistema de governo, pobreza, fome, etc..
5. Mais tarde, em 1987, Gerdes, Caraher e Harris utilizaram o termo Matemá‐
tica Nâo‐Estandartizada para diferenciar da “standar” ou acadêmica.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 101 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
6. Outro termo usado por Gerdes em 1985 foi de Matemática Escondida ou
Com‐gelada, quando estudava as cestarias e os desenhos em areia dos
moçambicanos.
7. Mellin‐Olsen, em 1986, chama de Matemática Popular aquela desenvolvida
no dia a dia e que pode ser ponto de partida para o ensino da matemática
dita acadêmica.
Ubiratan D´Ambrosio, se utiliza em 1985, pela primeira vez o termo Etnomate‐
mática, isto no seu livro: “Etnomathematics and its Place in the History of Mathe‐
matics”, onde o termo esta inserido dentro da História da Matemática. Este autor cita
que em 1978 utilizou este termo em conferência, que pronunciou na Reunião Anual
da Associação Americana para o Progresso da Ciência, que infelizmente não foi
publicada.
Um fato importante foi a criação, em 1986, do Grupo Internacional de Estudo
em Etnomatemática (IGSEm) congregando pesquisadores educacionais de todo o
mundo que estavam, de alguma maneira, pensando digamos nesta área do conhe‐
cimento e, principalmente, em como utilizá‐la em sala de aula.
PRIMEIRAS TENTATIVAS DE CONCEITUAÇÃO
Já no primeiro Newsletter do IGSEm de 1986, temos uma definição aproximada
da Etnomatemática como a “zona de confluência entre a matemática e a antropologia
cultural”, mas ainda persistem as metáforas como Matemática‐no‐Contexto‐Cultural
ou Matemática‐na‐Sociedade. Outra definição de Etnomatemática que se tem neste
mesmo jornal é uma definição particular (ou peculiar): “caminho que grupos parti‐
culares específicos encontraram para classificar, ordenar, contar e medir”.
O primeiro pesquisador que tentou agrupar as várias tendências foi Huntig di‐
zendo que Etnomatemática “é a matemática usada por um grupo cultural definido na
solução de problemas e atividades do dia a dia”. Outro pesquisador que deu uma
ótima aproximação foi D´Ambrosio quando, em 1987, escreveu: “...as diferentes for‐
mas de matemática que são próprias de grupos culturais, chamamos de Etnomate‐
mática”.
Figura 1: Concepção da “zona de confluência entre a matemática e a antropologia
cultural”.
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Ainda se discute muito este termo, para os antropólogos é parte da Etnologia de
um grupo, para os educadores é um método educacional da matemática e para outros
pesquisadores, como D´Ambrosio e Gerdes é um sub‐conjunto da Educação, que
contém a Matemática como sub‐conjunto. Toda esta polêmica leva os pesquisadores
a terem certa prudência no uso deste termo, levando a explicitar sempre que usar a
que conceito esta se referindo.
Figura 2: Concepção de D´Ambrosio e de Gerdes
Mas, mesmo com estas três inclusões, ainda é difícil precisar um conceito para
Etnomatemática, foi pensando nisto que Bishop escreveu: “... é um conceito que ain‐
da não encontrou sua definição. Em face das idéias e afirmações que temos, talvez
fosse mais apropriado não usar ainda este termo na busca de um melhor enten‐
dimento – ou, se optarmos por utilizá‐lo, devemos precisar claramente a conceitua‐
ção que estiver sendo a ele aplicada.”
Nesta linha prudência, Gerdes chama, então, de Acento Etnomatemático refe‐
rindo‐se a pesquisa em si e de Movimento Etnomatemático quando for utilizado pe‐
dagogicamente. Para ele “Etnomatemáticos salientam e analisam as influências de
fatores socioculturais sobre o ensino, a aprendizagem e o desenvolvimento da mate‐
mática.”, isto para se referir aos pesquisadores nesta área de conhecimento.
Este estudo leva a ver a Matemática como um produto cultural, e, então, cada
cultura, e mesmo sub‐cultura, produz sua matemática específica, que resulta das ne‐
cessidades específicas do grupo social. Como produto cultural tem sua história, nasce
sob determinadas condições econômicas, sociais e culturais e desenvolve‐se em de‐
terminada direção.
A ETNOMATEMÁTICA COMO MODELO PEDAGÓGICO.
Uma primeira pergunta que se coloca é: Porque se ensina Matemática? Ou mais
precisamente: Porque a Matemática aparece em todos os currículos escolares do
mundo? Todo Educador Matemático tem sua própria resposta para essa indagação,
isto se deve ser esta ciência a que permite mais rapidamente chegar a abstração. Por
outro lado, o avanço cognitivo do ser humano passa necessariamente pela abstração.
É evidente que temos outras disciplinas que aprofundam mais a abstração, como por
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 103 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
exemplo a filosofia, mas a matemática chega mais rápido, à uma criança de 7 anos já
se solicita que abstraia números, por exemplo.
A matemática, então, é um componente cultural muito importante, solicitado no
desenvolvimento da inteligência humana. Por outro lado, se pretendemos, por esta
componente, conduzir uma criança à abstrair conceitos, isto terá que ser feito numa
pedagogia adequada para essa finalidade.
O excesso de trabalho com materiais concretos acaba por desfazer essa função
primordial da matemática, que é levar a criança à abstração. Logicamente, a criança
necessita partir do concreto, isto é, daquela realidade com a qual está impregnada. O
concreto para a criança é aquilo que ela sabe fazer; o abstrato é aquilo que se
configura e que, a qualquer momento, ela possa se servir. A pedagogia, que deve
propiciar o ato cognitivo da criança na sala de aula, tem necessariamente que levar
em conta todas essas premissas. É verdade que muitas vezes, para se chegar ao
abstrato, o professor tem que demonstrar, isto é, desenvolver encadeamentos lógicos,
tão comum na matemática acadêmica, mas isto feito dentro de uma metodologia que
inicia com o concreto da criança, passando por outros concretos, que serão
incorporados por ela, é uma postura bem diferenciada da de demonstrar por
demonstrar.
▪
ʺEntendo por razão, não a faculdade de raciocinar, que pode ser bem ou mal uti‐
lizada, mas o encadeamento das verdades que só pode produzir verdades, e uma
verdade não pode ser contrária a outra.ʺ
Gottfried Leibniz
“Se A é o sucesso, então é igual a X mais Y mais Z. O trabalho é X; Y é o lazer; e
Z é manter a boca fechada”.
Albert Einstein
“Na maior parte das ciências, uma geração põe abaixo o que a outra construiu e
o que uma estabeleceu a outra desfaz. Somente na Matemática é que cada geração
constrói um novo andar sobre a antiga estrutura”.
Hermann Hankel
“As abelhas, em virtude de uma certa intuição geométrica, sabem que o hexá‐
gono é maior que o quadrado e o triângulo, e conterá mais mel com o mesmo gasto
de material”.
Papus de Alexandria
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
CAPÍTULO 11
Texto de autoria de Dayan Adionel Guimarães, obtido em http://cict.inatel.br/nova2/docentes/
15
dayan/Academic/Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20oral%20de%20trabalhos%20cient%C3%ADficos.
doc, acesso em 15/05/2007.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 105 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Toda apresentação consiste de três partes bem definidas: (1) a introdução ofere‐
ce as bases e as perspectivas necessárias à apreciação do restante da apresentação; (2)
o corpo da apresentação, que normalmente corresponde à maior parte, comunica
novas informações ao público e (3) a conclusão faz um sumário da apresentação e
deixa a platéia com uma mensagem para levar com ela. Uma regra empírica pode ser:
numa apresentação de 60 minutos, reserve 10 minutos para a introdução, 30 minutos
para o corpo principal e 5 minutos para a conclusão.
Quando usar slides, uma boa regra empírica sugere reservar cerca de 2 minutos
por slide.
Prepare um resumo com cuidado, um conjunto de slides ou transparências e
uma folha com títulos ou algo similar que o ajude a se organizar e a não perder o “fio
da meada” durante a apresentação.
11.1.3 CONHEÇA O ASSUNTO SOBRE O QUAL IRÁ REALIZAR A APRESENTAÇÃO
Freqüentemente, especialmente no caso de apresentadores iniciantes, a auto‐
confiança extremada e injustificada leva a crer que a eloqüência e o estilo vão subs‐
tituir o conhecimento. O falso sentimento de superioridade intelectual em relação à
audiência, motivada pelo convencimento de que ninguém mais na platéia conhece
tão bem o assunto quanto você, freqüentemente faz com que o apresentador está
“viaje”, embora ele tenha a impressão de estar pisando em solo firme. Infeliz‐mente
tarde, o apresentador descobre que seu público consiste de pessoas altamente quali‐
ficadas e conhecedoras do assunto.
A decisão de não fazer uma apresentação é às vezes mais benéfica à reputação
de uma pessoa que a realização de uma apresentação superficial, sem dados compro‐
batórios de suas idéias e com o uso do tempo disponível para falar sobre resultados
planejados de experimentos não realizados.
Tome cuidado com afirmações sobre as quais nem mesmo você tem total
convicção. Em vez de dizer “isto é assim”, diga “presume‐se ou cogita‐se que isto
seja assim”. A descrição de dados científicos de forma precisa, completa e bem
elabo‐rada coloca o apresentador como uma fonte confiável e fundamentada de
informa‐ção. Ao contrário, frases imprecisas e abertas a uma multiplicidade de
interpretações gradualmente fazem aflorar o ceticismo de desinteresse da platéia.
11.1.4 REVISÃO E ENSAIO
Não importa quão experiente você seja, é sempre uma boa idéia revisar e em‐
saiar uma apresentação. Uma mesma apresentação serve a várias ocasiões, mas não
sem adaptações. A apresentação deve estar em sintonia com cada platéia e ser re‐
preparada para cada ocasião.
Não deixe a revisão para a última hora. Isto pode levar a uma apresentação
aceitável, mas dificilmente levará a uma apresentação memorável. Uma apresentação
científica é uma expressão de criatividade; e criação toma tempo!
Um ensaio realizado para um colega que possa lhe dar úteis e sinceras realimen‐
tações é uma iniciativa valiosa. Preferencialmente esse colega deve ser representativo
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
do tipo de audiência da sua apresentação oficial.
Um gravador de áudio e vídeo pode revelar vícios na comunicação oral e
também vícios de postura.
11.2.5 PREPARE SUA APRESENTAÇÃO ‐ DEPOIS RELAXE
Tenha a consciência de que as etapas preliminares foram seguidas com cautela.
Você deve estar confiante sobre o perfil de sua audiência, sobre seus conhecimentos,
sobre os dados, informações e contribuições que irá apresentar e sobre a organização
e qualidade de apresentação do material de apoio. Agora somente resta relaxar. Para
que você possa realizar uma grande apresentação, o relaxamento é essencial.
11.2.6 A VESTIMENTA
O modo adequado de se vestir para uma apresentação científica revela ao me‐
nos duas mensagens: respeito pela platéia e aceitação dos padrões vigentes neste
contexto.
Lembre‐se que às vezes torna‐se necessário o uso de algum microfone de lapela
e o transmissor desse microfone deverá ser afixado em alguma parte de sua vesti‐
menta. Esta é uma dica importante principalmente para as mulheres.
11.2 ‐ A ESTRUTURA DE UMA APRESENTAÇÃO CIENTÍFICA
11.2.1 ‐ O TÍTULO
O título deve ser breve e deve descrever da melhor maneira possível o conteúdo
da apresentação. Deve também buscar dar importância ao trabalho, motivando a
platéia. O título, embora tenha que ser breve, precisa ser tão abrangente quanto
possível, não sendo, entretanto, abrangente por demais a ponto de perder seu
significado e sobre‐dimensionar o conteúdo real do trabalho.
11.2.2 ‐ CONTEXTO E IMPORTÂNCIA
Caminhar gradativamente em sua apresentação, de uma abordagem mais
abrangente para outra mais específica (zomming in) e depois retornar através do
processo de zooming out, representa uma das mais eficientes técnicas de
apresentação oral de temas científicos. A apresentação deve sempre começar com a
descrição de princípios importantes e gerais, focando gradualmente no modelo
experimental ou idéia que o apresentador pretende comunicar. Chegando próximo
ao final da apresentação, o processo de zooming out leva a platéia à conclusão que
incorpora um sumário da apresentação e uma mensagem “para casa”.
O processo de zooming in pode ser precedido por, por exemplo, uma abordagem
histórica que mostre os estágios de desenvolvimento do tema da apresentação. Mas
não se esqueça de atribuir os créditos aos pesquisadores que contribuíram em cada
estágio desse desenvolvimento! Lembre‐se que algum desses pés‐quisadores pode
estar na platéia. E não deixe para atribuir os crédito ao final da apresentação,
mostrando um slide com uma lista de pesquisadores não imediata e visivelmente
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 107 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
associados às respectivas contribuições.
11.2.3 ‐ CONTANDO UMA ESTÓRIA
Há uma notável diferença entre apresentar o sumário de uma coleção de fatos,
idéias e dados e contar uma estória interessante sobre suas conquistas em termos
desses fatos, idéias e dados.
A habilidade de falar de forma coerente está intimamente relacionada à
habilidade de pensar coerentemente. A forma coerente de pensar ajuda a separar os
aspectos realmente importantes numa apresentação daqueles meramente periféricos
e informativos. Essa forma de pensar coerentemente colabora para que a linha de
raciocínio na se quebre quando tiver que ser momentaneamente abandonada
durante os “parêntesis” ou “apêndices”.
Uma estória deve ter um foco e comunicar uma única mensagem principal.
Nunca interrompa o fluxo normal da apresentação, endereçando tópicos diferentes e
descorrelacionados. Isto normalmente ocorre quando não se tem volume de dados
suficiente para preencher o período alocado para a apresentação. É melhor usar
metade do tempo que tentar preenchê‐lo com inutilidades do ponto de vista da
mensagem “para casa” que se quer comunicar.
Apresente resultados já alcançados. Não é aconselhável comunicar resultados
de trabalhos em andamento e muito menos de trabalhos a serem realizados.
11.2.4 ‐ FORMULAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO
Para se comunicar eficazmente, evite sempre que possível o uso de jargões e
siglas próprios de sua área de conhecimento. Em geral torna‐se bastante difícil para
os participantes absorverem as novas informações e ao mesmo tempo tentar traduzir
os jargões e siglas.
A precisão na formulação de seus argumentos é um outro pré‐requisito a uma
boa apresentação científica. A voz reflete seu processo de pensamento; e um apresen‐
tador impreciso demonstra imprecisão ou falta de coerência em seu processo de
pensamento. Uma apresentação oral difere em muito de um artigo escrito que é
revisado, lido e relido. A partir do momento que as palavras deixaram sua boca e
ecoaram na audiência tudo passa a estar fora de seu controle.
Seja cuidadoso e discreto quando se referir a dados ou hipóteses de outros
pesquisadores que estão em desacordo com as suas idéias. Há formas elegantes e
suaves de discordar sem desmerecer o trabalho de outrem e tentar elevar o mérito do
seu trabalho. Um cientista deve sempre “lutar como um cavalheiro”, pois, afinal de
contas, as idéias ou hipóteses do seu “competidor” podem estar corretas!
Para apresentar argumentos convincentes ao longo de sua apresentação, sempre
reflita sobre as questões: quão sólidos e confiáveis são meus dados? Justifica‐se tirar
estas conclusões a partir dos fatos que estou apresentando? Há interpretações
alternativas para meus dados? Uma avaliação crítica de sua própria apresentação é
essencial para obter credibilidade da platéia e tornar sua apresentação memorável.
Reconhecendo as limitações de seus experimentos e claramente definindo as
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
condições em que as conclusões tiradas a partir deles são válidas você ganha respeito
e credibilidade de sua platéia.
11.2.5 ‐ A CONCLUSÃO: BREVE E FOCALIZADA
Assim como o processo de progressivamente ir de um foco mais genérico para
outro mais específico ‐ o zooming in ‐ é uma estratégia útil no início da apresentação,
o processo reverso, o zooming out, é bastante útil nas proximidades do final da
apresentação, quando queremos lembra aos ouvintes, mais uma vez, que os dados ou
idéias que foram apresentados se relacionam com um princípio científico ou uma
idéia mais abrangente ou principal. Isto ajuda a platéia a apreciar o significado do
trabalho num contexto mais amplo.
A conclusão de uma apresentação científica deve ser firme e decisiva. Ela
representa o momento mais importante, durante o qual comunica‐se aos ouvintes a
“mensagem para casa”, o que realmente ficará nas suas lembranças. Ela determina a
impressão final e o impacto que irá causar em sua audiência. A conclusão deve ser
reduzida a uma sentença concisa, preferencialmente apresentada como um texto ou
um diagrama simples em um slide ou transparência.
A conclusão deve consistir de uma única sentença principal, com não mais que
duas ou três conotações (se absolutamente necessário). A conclusão deve ser clara e
demarcar o final da apresentação. Após apresentar a conclusão apenas diga
“obrigado” e pare de falar. Uma regra importante a ser observada em apresentações
científicas é terminar no tempo certo e com uma mensagem clara e ressonante.
11.3 ‐ RECURSOS VISUAIS
11.3.1 – SLIDES, TRANSPARÊNCIAS, VÍDEO, ÁUDIO, ANOTAÇÕES E QUADRO‐NEGRO.
Podemos agrupar as formas de apresentação visual mais comuns em projeções
multimídia, uso de transparências e uso de flip‐charts. Embora cada uma apresente
suas vantagens em determinadas situações, as projeções multimídia se destacam por
permitirem uma apresentação mais “limpa” e com melhor estética. Entretanto, a
apresentação de slides via projetores multimídia tende a ser cansativa em eventos
longos e o apoio de recursos como o “velho” quadro negro ou um simples flip‐chart
podem quebrar a monotonia e atrair a atenção da platéia. As transparências conven‐
cionais, embora permitam ilustrações e anotações “em tempo real”, tendem a estar
mais susceptíveis à desorganização e à estética debilitada. De qualquer forma vale a
dica: cheque com antecedência a organização do material de apoio.
A iluminação do ambiente merece atenção. Quando há alguma forma de com‐
trolar a luminosidade, escureça a sala apenas o suficiente para que as projeções
fiquem com boa nitidez.
Há três pré‐requisitos básicos quando da preparação de slides. Eles devem ser
“limpos” simples e devem, necessariamente, estar em sintonia com a “estória” que
você se propôs a contar.
Assim como a apresentação em si, cada slide ou transparência deve ter um único
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1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
foco. Imagens mostradas em uma apresentação oral diferem de figuras Regis‐tradas
em um trabalho escrito, como um artigo, por exemplo. Em uma apresentação oral as
imagens se prestam a comunicar conceitos e dados a um público que está ouvindo e
vendo ao mesmo tempo. Durante uma apresentação a platéia tem uma oportunidade
limitada para examinar os dados apresentados e ao mesmo tempo ouvir o que o
apresentador tem a dizer. Por esta razão, resultados complexos devem ser separados
e apresentados cada um de uma vez. Posteriormente você pode mostrar resultados
compostos de forma a estabelecer algum tipo de comparação.
Evite mostrar tabelas. Elas são excelentes para documentar seus dados, mas não
para apresentações. Procure uma forma mais simples de mostrar os efeitos dos vários
valores ou atributos da sua tabela. Um gráfico de barras pode ser uma saída.
Evite o uso de expressões matemáticas complexas. Embora grande parte dos
ouvintes possa entendê‐las sem dificuldade, outra parcela pode simplesmente dês‐
viar a atenção na primeira aparição de uma dessas expressões. Quase sempre o
significado de uma expressão pode ser descrito verbalmente.
Nos gráficos faça uso da simplicidade e da clareza e não exagere no tamanho do
gráfico, nem para menos nem para mais. Evite escalas complexas ou termos que
demandem “tradução” por parte da platéia. Lembre‐se: se alguém tiver que perder
tempo em decifrar alguma sigla ou unidade, inevitavelmente perderá o “fio da
meada”.
O tamanho das letras dos slides não deve ser muito grande e tão pouco muito
pequeno. Uma boa regra empírica e considerar como adequado aquele tamanho de
letra que permite uma visualização do slide em seu tamanho natural a cerca de dois
ou três metros de distância.
Mantenha uniformidade na elaboração dos seus slides. Isto ajuda a acentuar e a
destacar o fluxo e a coerência da apresentação. E lembre‐se: tudo que não colaborar
para que sua estória seja comunicada deve ser excluído da apresentação.
Procure não tentar descrever o que um slide não está realmente permitindo
interpretar. Em outras palavras, se sua fala tender a criar alguma interpretação, é
melhor não apresentar o slide duvidoso.
Uma forma de mostrar conceitos complexos é usar uma seqüência de slides
mostrando o mesmo conceito, porém elevando‐se gradativamente sua complexidade.
O uso de cores pode ajudar neste processo, no qual cores diferentes destacam níveis
de complexidade diferentes. Novas imagens ou conceitos vão se sobrepondo à
medida que se avança na complexidade da abordagem.
Ao final da apresentação é aconselhável incluir um slide com uma sentença
conclusiva, enfatizando a mensagem que se pretende seja levada na memória dos
ouvintes. Uma lista de conclusões inevitavelmente não será assimilada pela platéia e
a fará se desviar do propósito principal de seu trabalho.
Em algumas apresentações tem‐se que referir freqüentemente a um diagrama,
figura ou conceito. Nestes casos é melhor deixar o citado diagrama, figura ou
conceito sempre visível. Se isto não for possível é melhor repetir o diagrama, figura
ou conceito que voltar slides e mais slides à sua procura.
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Quando usar dois projetores, cuide para que um deles apresente slides que são
trocados com pouca freqüência e o outro para apoiar o fluxo normal da apresentação.
O primeiro projetor deve ser desligado sempre que sua imagem não estiver em
sendo utilizada. Apresentadores inexperientes devem evitar esta “sofisticação”.
É sempre vantajoso manter anotações sobre sua apresentação disponíveis antes
que ela ocorra, de forma a permitir que os interessados saibam apriori do que se trata
o evento que está por vir. Essas anotações podem conter informações que não
poderiam ser cobertas durante a apresentação ou podem corresponder a resumos
focados nos principais pontos da apresentação. A primeira opção é preferível se a
apresentação faz parte de algum processo de ensino; a segunda opção é mais
adequada em eventos como congressos e seminários.
O quadro‐negro pode ser utilizado efetivamente se combinado com slides e
anotações em papel. Uma visão geral sobre a apresentação comunicada através do
quadro pode auxiliar a platéia a se manter sintonizada à medida que a “estória” da
apresentação se desenrola. Além disso, algum diagrama ou conceito pode ser
registrado no quadro nos casos em que tal diagrama ou conceito deve ser referen‐
ciado por várias vezes. Neste caso deve‐se atentar para que a informação registrada
no quadro esteja visível mesmo com o projetor ligado.
Procure verificar com antecedência se a quantidade e variedade de giz ou pincel
está disponível.
11.3.2 – APRESENTAÇÕES EM PÔSTER
Um pôster é um espaço físico no qual são afixadas folhas que comunicam os
resultados de seu trabalho. Este espaço físico varia em dimensões, sendo que
tipicamente tem‐se aproximadamente 1,2m de largura por 2m de altura. As folhas
afixadas são marcadas através de algum sinal que permita uma identificação fácil da
seqüência apresentada. Os caracteres utilizados têm tamanhos suficientes para que
uma pessoa consiga ler o conteúdo a cerca de 2 ou 3 metros de distância. Um título
destacado e os nomes dos autores identificam claramente o trabalho.
As apresentações em pôster proporcionam uma oportunidade de troca de
informações com colegas do ramo, sem grande pressão. Em contraste com
apresentações em slides, elas permitem contato direto e individual com o público.
Principalmente para pesquisadores pouco experientes, essa forma de apresentação
permite a criação de um clima de crítica construtiva e sugestões que valorizam ainda
mais a sessão.
As apresentações em pôster (poster apresentation) têm cada vez mais despertado
interesse nas apresentações científicas. O caráter até certo ponto informal e a
possibilidade de uma troca mais efetiva de conhecimentos, opiniões e idéias têm
transformado esse tipo de apresentação em um dos mais eficientes. Prova disto é a
crescente importância dada à apresentação em pôster em congressos e simpósios, até
o ponto de não serem agendadas apresentações convencionais em paralelo, forma de
motivar a participação maciça do público e destaque para esse tipo de forma de
comunicação.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 111 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Um pôster é um mostrador visual sujeito às mesmas recomendações para apre‐
sentação de dados em slides ou transparências. Um pôster deve ser estética‐mente
planejado e “limpo”. Evite cores de fundo muito fortes. Prefira o branco, o bege, o
azul claro ou o cinza.
Se o pôster for composto de pequenos painéis (folhas) cuide para que eles te‐
nham o mesmo tamanho e, assim, se encaixem precisa e esteticamente no espaço a
eles reservado.
As figuras e diagramas apresentados em um pôster devem ser dimensionados
de forma a poderem ser vistos a distância, de forma clara e legível. Cada imagem
deve endereçar um único ponto ou foco. Detalhes em legendas e descrições devem
ser mantidos num mínimo.
Como qualquer apresentação científica, o pôster deve “contar uma estória”.
Escolha um título breve e informativo e forneça, no canto superior esquerdo do
pôster, uma introdução que indique porque o seu trabalho é importante no contexto
de um princípio científico ou idéia mais abrangente. O canto inferior direito do pôs‐
ter deve conter um número pequeno de conclusões bem elaboradas e uma sentença
mais abrangente que resuma o trabalho e apresente a principal conclusão.
Um pôster deve se concentrar em um único foco. Inclua somente informações
úteis e relevantes à “linha melódica” da estória.
O apresentador deve estar adequadamente e visivelmente identificado e sempre
disponível. Ele deve se portar como um garçom em um restaurante de primeira
classe, estando disponível sempre que for solicitado sem, contudo, importunar os
clientes para perguntar se precisam de alguma coisa ou se estão gostando da comida.
Esteja preparado para fazer uma breve descrição sobre seu pôster quando for
solicitado.
Mantenha um conjunto de alfinetes, fita adesiva ou cola para reparos de
emergência.
Os observadores devem estar livres para observar seu pôster sem nenhum tipo
de pressão ou “propaganda”. Se alguém não lhe fizer perguntas é porque não se inte‐
ressou ou porque não conseguiu receber a comunicação visual que você esperava.
Não é o número de pessoas que visita seu pôster que determina seu sucesso e sim a
qualidade das interações com essas pessoas.
11.4 – SUGESTÕES PARA APRESENTAÇÃO
Preparação do Material Apresentação
1. Ser generalista – não estatístico. 1. Verificar antecipadamente a ordem dos
2. Usar gráficos, esquemas, figuras, preferencial‐ slides ou transparências, o estado do
mente aos textos. retroprojetor e do microfone.
3. Tentar manter a uniformidade do material. 2. Ser polido.
4. Não colocar muitos dados em uma só transpa‐ 3. Não complicar, não ficar atendo‐se aos deta‐
rência, não usar texto normal. lhes.
5. Explorar a possibilidade das cores. Use fundo 4. Concentrar‐se no que fala e não nos detalhes.
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
TEXTO COMPLEMENTAR:
GEORG CANTOR E OS TRANSFINITOS
Qual é o tamanho do infinito? Um infinito pode ser maior que outro? Essas per‐
guntas, que parecem saídas da boca de uma criança, são indagações matemáticas
perfeitamente legítimas. E, o que é melhor, já têm respostas. Quem primeiro teve a
idéia de fazer essas perguntas e conseguiu respondê‐las de forma precisa foi o mate‐
mático russo / alemão Georg Cantor (1845 ‐ 1918).
Antes dele, os matemáticos queimaram as pestanas para entender os números
ʺinfinitamente pequenosʺ, ou ʺinfinitesimaisʺ, na tentativa de dar bases sólidas ao
cálculo diferencial e integral. Um dos matemáticos que mais contribuíram para esse
entendimento dos ʺinfinitesimaisʺ foi Karl Weirstrass, professor de Cantor na Ale‐
manha.
Georg Cantor bolou um processo simples mas rigoroso de ʺcontarʺ o número de
elementos de uma coleção infinita. Como conseqüência, mostrou que os chamados
números transfinitos, usados para medir o tamanho de um conjunto com infinitos
ele‐mentos, têm uma hierarquia de tamanho, uns sendo maiores que outros.
NÚMEROS NATURAIS, RACIONAIS, IRRACIONAIS E REAIS.
Para facilitar, vamos levar em consideração apenas de números positivos. Co‐
meçamos com os NÚMEROS NATURAIS: 0, 1, 2, 3, 4, ... Esses números se agrupam
em um conjunto que é, claramente, um conjunto infinito, isto é, tem um número ili‐
mitado de elementos.
Os números naturais são ótimos para contar elementos. Por exemplo, se quere‐
mos contar os dedos de uma mão, associamos o número 1 ao dedo mindinho, o 2 ao
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1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
seu vizinho, o 3 ao maior de todos, o 4 ao fura‐bolos e o 5 ao cata‐piolhos. Resultado:
uma mão tem 5 dedos. Esse processo simples de contar os elementos de um conjunto
foi usado por Cantor para medir o ʺtamanhoʺ de um conjunto infinito, como veremos
adiante.
Temos, também, os NÚMEROS RACIONAIS, obtidos pela divisão (ou ʺrazãoʺ,
daí o nome) entre dois números naturais inteiros. Exemplos: 1/2, 3/3, 7/18, etc. Acon‐
tece que existem números que não podem ser escritos como a divisão de dois intei‐
ros. Isto é, não são racionais. Esses números são chamados de NÚMEROS IRRA‐
CIONAIS. O exemplo clássico de número irracional é √2 = 1,41421... Outros irracio‐
nais famosos são π = 3,14159..., o número e = 2,71828... e o número Ф = 1,6 1803...
Todos eles acabam em três pontinhos para indicar que têm um número ilimitado de
algarismos depois da vírgula.
Juntando os números racionais com os irracionais obtemos o conjuntos dos NÚ‐
MEROS REAIS. Já dá para desconfiar que existem mais números reais que números
naturais, pois todo número natural é real mas nem todo número real é natural. Mas,
cuidado! Comparar conjuntos infinitos é tarefa escorregadia que pode levar a resul‐
tados inconsistentes. Por exemplo, todo número natural (inteiro) é um número racio‐
nal, mas, nem todo número racional é natural. Será que existem mais números racio‐
nais que naturais? A seguir, veremos como Cantor atacou essa questão.
COMO CONTAR OS NÚMEROS NATURAIS.
Para começar, vamos voltar ao conjunto dos NÚMEROS INTEIROS
NATURAIS N: {0, 1, 2, 3, 4, ...} Agora, considere o conjunto dos NÚMEROS
INTEIROS PARES, P: {0, 2, 4, 6, ...}. É claro que ambos são infinitos. Também é claro
que todo elemento de P, isto é todo número par, está contido no conjunto N. Mas,
nem todo elemento de N faz parte do conjunto P.
Sabendo disso, será que o número de elementos de N é maior que o número de
elementos de P? Para responder essa questão, Cantor propôs um critério bastantes
simples e intuitivo. Segundo esse critério, dois conjuntos são equivalentes, isto é,
têm o mesmo número de elementos, se houver um modo de associar cada elemento
de um conjunto com um, e só um, elemento do outro conjunto. Para tornar a coisa
um pouco mais técnica, diremos que, se isso se dá, os dois conjuntos têm a mesma
CARDINALIDADE.
No caso dos conjuntos N (naturais) e P (pares) é bem fácil fazer essa associação,
como mostramos abaixo:
N : 1 2 3 4 5 6 ... n ...
P : 2 4 6 8 10 12 ... 2n ...
Portanto, a cada elemento de N corresponde um, e só um, elemento de P, que é
exatamente o dobro desse elemento de N. E a cada elemento de P corresponde um, e
só um, elemento de N, que é sua metade. Segundo o critério de Cantor, isso mostra
que N e P têm a mesma cardinalidade, ou, mais corriqueiramente, têm o mesmo ta‐
114
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
manho. Observe que todo elemento de P está contido em N, mas, nem todo elemento
de N está contido em P. Pois foi exatamente essa interessante propriedade que Can‐
tor e seu amigo Richard Dedekind usaram para caracterizar um conjunto infinito, em
contraste com outros conjuntos finitos. Isto é:
“Em um conjunto infinito, o todo pode ser igual a uma de suas partes”.
É bem interessante (e paradoxal) que podemos ʺdiluirʺ infinitamente um com‐
junto infinito e ele continua sempre do mesmo tamanho, isto é, com a mesma cardi‐
nalidade. Esses conjuntos que têm a mesma cardinalidade do conjuntos dos números
naturais, N, são chamados de ʺcontáveisʺ. Cantor escolheu um símbolo para a cardi‐
nalidade desses conjuntos contáveis: ℵ0 . Essa é a primeira letra do alfabeto hebreu e
chama‐se alef. Com o índice 0, ele é chamado de alef zero, símbolo da cardinalidade
dos conjuntos contáveis. Esse índice já prenuncia a possibilidade de haver conjuntos
com cardinalidade maior que ℵ0 , como veremos adiante.
A CARDINALIDADE DOS NÚMEROS REAIS.
Recordando: todo conjunto cujos elementos podem ser colocados em correspon‐
dência um‐a‐um com os números inteiros (naturais) é dito contável e tem a mesma
cardinalidade do conjuntos dos números naturais, isto é, ℵ0 .
A seguir, Cantor mostrou que o conjunto dos números racionais também é
contável, com cardinalidade ℵ0 . Para isso, Cantor organizou os racionais na forma de
uma tabela. Cada linha tem frações com o mesmo numerador, começando de 1 e
seguindo a ordem crescente, e cada coluna tem frações com o mesmo denominador. É
fácil constatar que essa tabela contém todos os números racionais.
Começando na ponta onde fica 1/1, basta seguir as setas e associar cada racional
com um inteiro, em ordem crescente. Desta forma, a cada inteiro corresponde um ra‐
cional e a cada racional corresponde um inteiro.
N : 1 2 3 4 5 6 ...
R : 1/1 2/1 1/2 1/3 2/2 3/1 ...
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 115 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Mas, como sabemos desde Pitágoras, nem todo número é racional. Existem nu‐
meros que não podem ser escritos como uma fração entre dois inteiros. Pois bem,
Cantor conseguiu mostrar que o conjunto dos números reais não é contável, isto é,
tem cardinalidade maior que ℵ0 . Em outras palavras, não é possível fazer uma cor‐
respondência um‐a‐um entre todos os inteiros e todos os reais pois sempre sobrarão
números reais não contados.
Para mostrar isso, Cantor nem usou todos os números reais. Basta considerar os
números reais que existem entre 0 e 1, o segmento unitário. Qualquer número entre 0
e 1 pode ser escrito como um decimal com um número infinito de algarismos depois
da vírgula. Exemplos: 0,33333 ... ; 0,707 ... ; 0,785398 ... etc. É claro que existem núme‐
ros reais com um número finito de algarismos depois da vírgula. Por exemplo: 2/4 =
0,5. Ou, 3/8 = 0,375. Então, para esses, colocaremos uma infinidade de zeros após o
último algarismo. Isto é, fazemos 2/4 = 0,50000 ... e 3/8 = 0,3750000 ...
Agora, suponha que você faz uma lista de números reais diferentes, associando
cada um deles a um número inteiro. Isto é, você faz uma lista como essa, vista abaixo,
por exemplo:
1 ↔ 0,23897065385...
2 ↔ 0,31568453347...
3 ↔ 0,33333333333...
4 ↔ 0,27599905371...
5 ↔ 0,19453827560...
A pergunta é: será que, fazendo essa lista para todos os inteiros que existem,
usaremos todos os reais que existem, sem esquecer nenhum? A resposta, achada por
Cantor, foi: não! Mesmo que a lista inclua todos os inteiros, ainda sobrarão infinitos
números reais que não foram incluídos na lista. Como sabemos disso?
Basta considerar um certo número real X formado da seguinte maneira: escre‐
vemos o 0 e a vírgula e o primeiro algarismo após a vírgula deve ser diferente de 2,
que é o primeiro algarismo depois da vírgula no real associado ao inteiro 1. O se‐
gundo algarismo depois da vírgula, nesse real X, deve ser diferente de 1, que é o
segundo algarismo depois da vírgula no real associado ao inteiro 2. E, assim por
diante. Por exemplo, o real obtido poderia ser: 0,39758...
Esse real X, portanto, não foi contado na lista de correspondências com os in‐
teiros pois o algarismo em uma posição qualquer n depois da vírgula sempre difere
do algarismo na mesma posição da lista acima. É claro que podemos obter um
número infinito de números reais, usando esse processo, que não estão contidos na
lista de associação com os inteiros. Portanto, a cardinalidade do conjunto dos núme‐
ros reais é maior que ℵ0 . Entretanto, Cantor não quis dizer que a cardinalidade dos
reais é ℵ1 , pois não tinha certeza se poderia haver algum conjunto com cardinalidade
intermediária entre a cardinalidade dos naturais e a cardinalidade dos reais. Cha‐
mou, então, a cardinalidade dos reais de C, significando ʺcontínuoʺ.
A demonstração foi feita com os reais no intervalo entre 0 e 1, mas, não há
116
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
nenhuma diferença se tomarmos o intervalo de ‐∞ a +∞. Isso fica evidente na figura
abaixo, onde vemos que existe uma correspondência um‐a‐um entre os pontos do
semi‐círculo que representa o intervalo (0, 1) e a reta infinita.
ℵ
Além disso, Cantor conseguiu mostrar que ℵ0 0 = C. Isto significa que, elevando
o número transfinito ℵ0 a uma potência ℵ0 , obtemos um número transfinito ainda
maior, que é C. Por sua vez, CC dá, como resultado, um transfinito maior que C. Esse
novo transfinito é a cardinalidade do conjunto de todas as curvas possíveis de serem
desenhadas em um plano.
O mesmo surpreendente resultado que vimos para o conjunto N dos números
naturais, isto é, que pode ser ʺdiluídoʺ em outros conjuntos que têm a mesma cardi‐
nalidade, também acontece com o conjunto do contínuo, C. Por exemplo, foi mos‐
trado que o conjuntos dos números irracionais tem a mesma cardinalidade que os
reais, C, mesmo quando sabemos que os irracionais são apenas parte dos reais.
▪
“Infinidades e indivisibilidades transcendem nossa compreensão finita, as pri‐
meiras devido à sua magnitude, as últimas devido à sua pequenez; imagine como são
quando elas se combinam”.
Galileu Galilei
“A geometria é uma ciência de todas as espécies possíveis de espaços”.
Kant
“A Matemática é a honra do espírito humano”.
Leibniz
“Uma geometria não pode ser mais verdadeira do que outra; poderá ser apenas
mais cômoda”.
Hemri Poincaré
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 117 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
CAPÍTULO 12
PROJETO DE PESQUISA
12.1 O QUE É UM PROJETO DE PESQUISA?
“Planejar significa traçar um curso de ação que podemos seguir para que nos
leve às nossas as nossas finalidades desejadas.”
Churchman, in Rudio (1992)
A pesquisa científica deve ser planejada, antes de ser executada. Isso se faz atra‐
vés de uma elaboração que se denomina “projeto de pesquisa”. O projeto de
pesquisa é um documento que descreve os plano, fases e procedimentos de um
processo de investigação científica a ser realizado.
12.2 ONDE USAR UM PROJETO DE PESQUISA?
Em geral, deve existir ao menos um profissional efetivamente vinculado a uma
instituição de ensino (professor) na gerência do projeto, sendo o mesmo o principal
responsável por ele. Um estudante não pode submeter um projeto sozinho; quando o
projeto for de origem acadêmica deve haver um orientador, e quando a origem for o
custeio da pesquisa, deve existir um coordenador do projeto.
Algumas ocasiões onde a redação de um projeto de pesquisa é necessário:
1. Para solicitação de bolsa de iniciação científica junto à instituição de ensino.
2. Para concorrer na admissão em cursos de pós‐graduação.
3. Para solicitação de apoio financeiro à grupos de pesquisa, através de insti‐
tuições de fomento governamentais ou privadas.
12.3 ESTRUTURA DE UM PROJETO DE PESQUISA
Bibliografia
Recursos
Cronograma
Metodologia
Objeto
Justificativa
Objetivos
Introdução
Sumário
Folha de Rosto
Capa do Projeto
118
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
CAPA DO PROJETO:
Consiste de Instituição, Título, Autor, Local e data.
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA
PROJETO DE PESQUISA
<COLOQUE AQUI O TÍTULO DO PROJETO >
AUTOR(A): < COLOQUE AQUI SEU NOME >
UFRRJ, < MÊS > DE < ANO >
PÁGINA DE ROSTO:
Consiste de Instituição, Título, Autor, Orientador e Natureza do projeto.
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA
< COLOQUE AQUI O TÍTULO DO PROJETO >
< Insira neste campo uma descri‐
ção sucinta do objetivo do pro‐
jeto, bem como a finalidade do
mesmo. >
AUTOR(A): < Coloque aqui seu nome completo >
ORIENTADOR : < Coloque aqui o nome do orientador >
CO‐ORIENTADOR: < Caso exista, insira o nome >
UFRRJ, < MÊS > DE < ANO >
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 119 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
SUMÁRIO:
Enumeração das principais divisões seções e outras partes da obra, indicando o
número da página. Geralmente é uma das últimas partes a ser feita.
INTRODUÇÃO:
Constitui em uma introdução bem estruturada:
1. Indicar as principais razões que levaram ao estudo, quais seriam os proble‐
mas que ele pretende resolver ou amenizar.
2. Indicar porque o assunto é importante, em suma, sua relevância.
3. Fazer referências a trabalhos anteriores, ou seja, elaborar uma contextua‐
lização ou ambiente no qual o trabalho proposto no projeto está inserido.
4. Indicar a abordagem que será dada ao assunto.
5. Indicar os objetivos, gerais e específicos, do trabalho.
OBJETIVOS (PARA QUÊ?):
Atenção! Os objetivos devem ser sempre expressos em verbos de ação.
1. Objetivo Geral: Está ligado a uma visão global e abrangente do tema. Rela‐
ciona‐se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenômenos e eventos, quer das
idéias estudadas. Vincula‐se diretamente à própria significação da tese pro‐
posta pelo projeto. Deve iniciar com um verbo de ação.
2. Objetivos Específicos: Apresentam caráter mais concreto. Têm função inter‐
mediária e instrumental, permitindo de um lado, atingir o objetivo geral e,
de outro, aplicar este a situações particulares.
Exemplos de verbos aplicáveis quando a pesquisa tem o objetivo de ...
120
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
JUSTIFICATIVA (POR QUÊ?):
É o único item do projeto que apresenta respostas à questão por quê? De suma
importância, geralmente é o elemento que contribui mais diretamente na aceitação
da pesquisa pela(s) pessoa(s) ou entidades que vai financiá‐la. A justificativa
consiste em uma exposição sucinta, porém completa, das razões de ordem teórica e
dos motivos de ordem prática que tornam importante a realização da pesquisa. Deve
enfatizar:
1. O estágio em que se encontra a teoria respeitante ao tema;
2. As contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer: confirmação geral, con‐
firmação na sociedade particular em que se insere a pesquisa, especificação
para casosparticulares, clarificação da teoria, resolução de pontos obscuros;
3. A importância do tema do ponto de vista geral;
4. A importância do tema para casos particulares em questão;
5. Possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade abarcada pelo
tema proposto;
6. Descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares. A justificativa di‐
fere da revisão da bibliografia e, por este motivo, não apresenta citações de
outros autores.
OBJETO (O QUÊ)?:
O objeto da pesquisa responde a questão “o quê?” e engloba os seguintes com‐
ponentes:
METODOLOGIA (COMO?):
A metodologia deve descrever as formas e técnicas que serão utilizadas para
executar o projeto. A especificação da metodologia do projeto é a que abrange núme‐
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 121 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
ro de itens, pois responde, a um só tempo, as seguintes questões “como?”, “com
que?” e “onde?”.
A metodologia deve responder às seguintes questões:
a) Como o projeto vai atingir seus objetivos?
b) Como começarão as atividades?
c) Como serão coordenadas e gerenciadas as atividades?
d) Como e em que momentos haverá a participação e envolvimento direto de
cada participante do grupo de pesquisa?
Deve se descrever o tipo de atuação a ser desenvolvida: pesquisa, diagnóstico,
intervenção ou outras; que procedimentos (métodos, técnicas e instrumentos, etc.) se‐
rão adotados e como será sua avaliação e divulgação. É importante pesquisar meto‐
dologias que foram empregadas em projetos semelhantes, verificando sua aplicabi‐
lidade e deficiências, e é sempre oportuno mencionar as referências bibliográficas.
Um projeto pode ser considerado bem elaborado quando tem metodologia bem
definida e clara. É a metodologia que vai dar aos avaliadores/pareceristas, a certeza
de que os objetivos do projeto realmente tem condições de serem alcançados.
Devem constar na seção de metodologia: questionários, entrevistas, caracteriza‐
ção dos dados usados, pesquisas na internet, visitas, viagens, testagens, tratamentos
estatísticos, procedimentos, entre outros...
CRONOGRAMA (QUANDO?):
A elaboração do cronograma responde à pergunta “quando?”. A pesquisa deve
ser divida em partes, fazendo‐se a previsão do tempo necessário para passar de uma
fase para outra. Não esquecer que, se determinadas partes podem ser executadas
simultaneamente, pelos vários membros da equipe, existem outras que dependem
das anteriores, como é o caso da análise e interpretação, cuja realização depende da
codificação e tabulação, só possíveis depois de colhidos os dados.
Sugestão de cronograma para seis meses de pesquisa:
ETAPA MÊS 01 02 03 04 05 06
Escolha do Tema de Pesquisa X
Seminários do projeto16 X
Definição dos capítulos X
Seminário – desenvolvimento da proposta X X X
Redação preliminar X X
Ajustes metodológicos, conceituais. Formatação. X X X
Preparação para a defesa X
16
Justificativa, objetivos, problemática, metodologia e estrutura do trabalho.
122
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Apresentação do trabalho final X
RECURSOS (QUANTO?):
Normalmente as monografias, as dissertações e as teses acadêmicas não neces‐
sitam que sejam expressos os recursos financeiros. Os recursos só serão incluídos
quando o Projeto de Pesquisa for apresentado para uma instituição financiadora de
Projetos de Pesquisa, como por exemplo a Capes, a FINEP, o CNPq ou a FAPERJ.
Os recursos financeiros podem estar divididos em Material Permanente, Mate‐
rial de Consumo e Pessoal, sendo que esta divisão vai ser definida a partir dos crité‐
rios de organização de cada um ou das exigências da instituição onde está sendo
apresentado o Projeto.
Material Permanente:
São aqueles materiais que têm uma durabilidade prolongada. Normalmente
de‐finidos como bens duráveis, ou seja, que não são consumidos durante a
realização da pesquisa. Ao final da pesquisa ou vigência do projeto os bens podem
voltar para a instituição financiadora ou fazer parte do acervo permanente da
instituição de ensino ao qual está vinculada a pesquisa.
Podem ser classificados como bens permanentes: geladeiras, ar refrigerados,
computadores, impressoras, livros, licenças de softwares etc.
Exemplo:
ITEM CUSTO (R$)
Computador 3.000,00
Impressora a Laser 1.000,00
Multifuncional 500,00
Mesa para Computador 200,00
Livro – “Programação Orientada a Objeto” 150,00
Licença Software – Visual Basic 6.0 2.000,00
TOTAL 6.850,00
Material de Consumo e Pessoal:
São aqueles materiais que não têm uma durabilidade prolongada.
Normalmente são definidos como bens que são consumidos durante a realização da
pesquisa.
Podem ser: papel, tinta para impressora, gasolina, material de limpeza, caneta,
inscrições em eventos, passagens áreas, bolsas de estudo etc.
Exemplo:
ITEM CUSTO (R$)
10 cartuchos de impressora 900,00
10 resmas de papel A4 100,00
Bolsa de iniciação científica – 12 meses 4.200,00
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 123 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
QUANTO A FORMA DE ABORDAGEM (SEGUNDO GIL, 1991):
1. Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que sig‐
nifica traduzir em números opiniões e informações para classificá‐los e
anali‐sá‐los. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem,
média, moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação, análise de
regressão, etc...).
2. Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mun‐
do real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e
a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A inter‐
pretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicos no
processo de pesquisa qualitativa. Não requer os uso de métodos e técnicas
estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o
pesquisador é o instrumento chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a
analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos
principais de abordagem.
QUANTO AOS OBJETIVOS:
1. Pesquisa Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o proble‐
ma com vistas a torná‐lo explícito ou a construir hipóteses. Envolvem levan‐
tamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências
124
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a
compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Es‐
tudos de caso.
2. Pesquisa Descritiva: visa descrever as características de determinada popu‐
lação ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envol‐
vem o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e
observação sistemática. Assume, em geral, a forma de Levantamento.
3. Pesquisa Explicativa: visa identificar os fatores que determinam ou contri‐
buem para a ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da reali‐
dade porque explica a razão, o “porquê” das coisas. Quando realizada nas
ciências naturais requer o uso do método experimental e nas ciências sociais
requer o uso do método observacional. Assume, em geral, a formas de Pes‐
quisa Experimental e Pesquisa “Ex‐post‐facto”.
QUANTO AOS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS:
1. Pesquisa Bibliográfica: quando elaborada a partir de material já publicado,
constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com
material disponibilizado na Internet.
2. Pesquisa Documental: quando elaborada a partir de materiais que não rece‐
beram tratamento analítico.
3. Pesquisa Experimental: quando se determina um objeto de estudo, selecio‐
na‐se as variáveis que seriam capazes de influenciá‐lo, define‐se as formas
de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.
4. Levantamento: quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas
cujo comportamento se deseja conhecer.
5. Estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou
poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhe‐
cimento.
6. Pesquisa Ex‐Post‐Facto: quando o “experimento” se realiza depois dos fatos.
12.5 ETAPAS ANTECESSORAS À REDAÇÃO DO PROJETO
DEFINIÇÃO DO TEMA:
O tema é o assunto que se deseja provar ou desenvolver. Pode surgir de uma
dificuldade prática enfrentada pelo coordenador, da sua curiosidade científica, de
desafios encontrados na leitura de outros trabalhos ou da própria teoria. Pode ter
surgido pela entidade responsável, portanto, “encomendado”, o que, no entanto não
lhe tira o caráter científico. Independente de sua origem, o tema é, nessa fase, neces‐
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 125 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
sariamente ampla, precisando bem o assunto geral sobre o qual se deseja realizar a
pesquisa.
TEORIA DE BASE:
A finalidade da pesquisa científica não é apenas um relatório ou descrição de
fatos levantados empiricamente, mas o desenvolvimento de um caráter interpreta‐
tivo, no que se refere aos dados obtidos. Para tal, é imprescindível correlacionar a
pesquisa com o universo teórico, optando‐se por um modelo que serve de embasa‐
mento à interpretação do significado dos dados e fatos colhidos ou levantados. Todo
projeto de pesquisa deve conter as premissas ou pressupostos teóricos sobre os quais
o pesquisador (o coordenador e os principais elementos de sua equipe) fundamen‐
tará sua interpretação.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DA PESQUISA:
Alguma parte hoje da estaca zero. Mesmo que exploratória, isto é, de avaliação
deu ma situação concreta desconhecida, em um dado local, alguém ou um grupo, em
algum lugar, já deve ter feito pesquisas iguais ou semelhantes ou mesmo comple‐
mentares de certos aspectos da pesquisa pretendida. Uma procura de tais fontes,
documentais ou bibliográficas, torna‐se imprescindível para a não‐duplicação de
esforços, a não “descoberta” de idéias já expressas, a não‐inclusão de “lugares‐co‐
muns” no trabalho. A citação das principais conclusões a que outros autores chega‐
ram permite salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições
ou reafirmar comportamentos e atitudes.
DEFINIÇÃO DOS TERMOS:
A ciência lida com conceitos, isto é, termos simbólicos que sintetizam as coisas e
os fenômenos perceptíveis na natureza, no mundo psíquico do homem ou na socie‐
dade, de forma direta ou indireta. Para que se possa esclarecer o fato ou fenômenos
que se está investigando a ter possibilidade de comunicá‐lo, de forma não ambígua,
é necessário defini‐lo com precisão. Os termos precisam ser especificados para a
com‐preensão de todos.
TEXTO COMPLEMENTAR:
BIOGRAFIAS DE MATEMÁTICOS FAMOSOS – PARTE I
ARISTÓTELES (384 A.C. – 322 A.C.)
Aristóteles nasceu em Estagira, uma cidade da Macedônia, cerca de 320 quilô‐
metros ao norte de Atenas no ano 384 a.C. e morreu no ano 322 a.C. Foi matemático,
escritor, filósofo e biólogo. Autor do mais antigo conjunto de trabalhos científicos
que resistiu fisicamente até nosso tempo e, também, considerado o homem mais
erudito de todos os tempos. Filho de um físico amigo de Amyntas, rei macedônico e
126
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
avô de Alexandre, inicialmente praticou medicina em Estagira antes de ir para
Atenas, onde passou a estudar filosofia durante vinte anos como discípulo de Platão.
Chegou a Atenas (367 a.C.) e, com a morte do mestre Platão, instalou‐se em As‐
so, na Eólida, e depois em Lesbos, até ser chamado à corte de Filipe da Macedônia
para encarregar‐se da educação de seu filho ( 343 a. C.), que passaria à história como
Alexandre o Grande que na época tinha treze anos de idade.
Voltou a Atenas ( 337 a.C.) e, durante 13 anos seguintes, dedicou‐se ao ensino e
à elaboração da maior parte de suas obras. Infelizmente perderam‐se todos os origi‐
nais das obras publicadas por ele, com exceção da Constituição de Atenas, descoberta
no fim do século XIX (1890). Fundador, juntamente com Teofrasto e outros, do Liceu
Aristotélico ( 334 a. C.), Escola Peripatética de Atenas, onde se ensinava a quase
totalidade das ciências, notadamente biologia e ciências naturais.
Embora a Matemática não fosse uma matéria prioritária de ensino no Liceu,
promoveu discussões sobre o infinito potencial e a atual aritmética e geometria e es‐
creveu sobre retas indivisíveis, onde questionava a doutrina dos indivisíveis defen‐
dida por Xenócrates, um sucessor de Platão na Academia.
Tornou‐se o criador das doutrinas do aristotelismo, publicadas em oito volumes
com escritos sobre física, matemática, biologia, metafísica, psicologia, política, lógica
e ética, uma volumosa obra especulativa e não Matemática por excelência. Além
deste tratado escreveu centenas de trabalhos (para alguns historiadores, mais de mil),
sobre lógica (Categorias, Tópicos, Analítica, Proposições, etc.), trabalhos científicos
(A física, Sobre o céu, Sobre a alma, Meteorologia, História natural, As partes dos
animais, A geração dos animais, etc), sobre estética (Retórica e Poética) e por último
os estritamente filosóficos (Ética, Política e Metafísica). Elaborou os primeiros argu‐
mentos sobre a teoria ondulatória de propagação da luz, que muito tempo depois
prosseguiria com Da Vince e Galileu.
Com a morte repentina de Alexandre, tornou‐se impopular em virtude de sua
ligação com conquistador morto. Tratado então como estrangeiro, deixou Atenas
fugindo para Calsis, onde morreu no ano seguinte.
AUGUSTIN LOUIS CAUCHY (1789 – 1857)
Augustin Louis Cauchy nasceu em 21 de agosto de 1789, e morreu dia 23 de
maio de 1857. Foi um matemático francês e físico‐matemático que provou (1811) que
os ângulos de um poliedro convexo são determinados por suas faces (as superfícies
planas que formam um sólido geométrico).
Númerosos termos em matemática possuem o nome dele, por exemplo, o
teorema integral de Cauchy, na teoria de funções complexas, e o Cauchy‐Kovalev‐
skaya, teorema existente para a solução de equações diferenciais parciais. Cauchy foi
o primeiro a fazer um estudo cuidadoso das condições para convergência de série
infinita; ele também deu uma definição rigorosa de uma integral independente do
processo de diferenciação e desenvolveu a teoria matemática da elasticidade. Os
textos dele, Cours dʹanalyse (Curso em Análise, 1821) e os 4 volumes Exercises dʹana‐
lyse et de physique mathematique (Exercícios em Análise e em Físicas Matemáticas,
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 127 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
1840‐47) foram altamente influentes.
AUGUSTUS DE MORGAN (1806 – 1871)
Augustus de Morgan nasceu em 1806 na Índia e morreu em 1871. Foi mate‐
mático e professor indiano radicado na Inglaterra, um dos fundadores da BAAS.
Estudou no Trinity College, graduando‐se em quarto lugar, não entrando para Cam‐
bridge e Oxford por se recusar a participar do exame religioso. Porém, foi ensinar
Matemática, aos 22 anos, na recém‐fundada Universidade de Londres, que mais tarde
viria a ser chamada de University College.
Era cego de um olho, porém um autor e professor de excepcional qualidade, te‐
ve muitos problemas durante sua vida profissional em virtude de posições radicais
em defesa da liberdade religiosa, intelectual e acadêmica. Uma de suas obras mais
interessantes, Budget of paradoxes, uma sátira aos quadradores de círculo, só foi
publi‐cada após sua morte.
Escreveu trabalhos sobre os fundamentos de álgebra, calculo diferencial, lógica
e teoria das probabilidades. Juntamente com George Boole, tornou‐se um dos
respon‐sáveis pela criação da lógica simbólica moderna.
GEORG FRIEDRICH BERNHARD RIEMANN (1826 – 1866)
Georg Friedrich Bernhard Riemann, nasceu em 17 de setembro de 1826, e mor‐
reu em 20 de julho de 1866. Foi um dos matemáticos alemães mais influentes século
19. Ele desenvolveu os assuntos de equações diferenciais parciais, teoria das variá‐
veis complexas, geometria diferencial, teoria do número analítico e pôs as fundações
para a topologia moderna.
Seu paper ʺUber die Hypothesen, welche der Geometrie zu Grunde liegenʺ
(Nas hipóteses que mentem à fundação da Geometria), apresentado em 1854, se
tornou um clássico da matemática, e seus resultados foram incorporados na teoria
relativís‐tica de Albert Einstein de gravitação.
BLAISE PASCAL
Blaise Pascal foi um Filósofo e Matemático francês, nasceu em Clermont em
1623 e morreu em 1662 na cidade de Paris. Era filho de Etienne Pascal, também Mate‐
mático. Em 1632, toda a família foi viver em Paris.
O pai de Pascal, que tinha uma concepção educacional pouco ortodoxa, decidiu
que seria ele próprio a ensinar os filhos e que Pascal não estudaria Matemática antes
dos 15 anos, pelo que mandou remover de casa todos os livros e textos matemáticos.
Contudo, movido pela curiosidade, Pascal começou a trabalhar em Geometria a
partir dos 12 anos, chegando mesmo a descobrir, por si, que a soma dos ângulos de
um triângulo é igual a dois ângulos retos. Então o seu pai resignou‐se e ofereceu a
Pascal uma cópia do livro de Euclides.
Aos 14 anos, Pascal começou a acompanhar o seu pai nas reuniões de Mersenne,
onde se encontravam muitas personalidades importantes. Aos 16 anos, numa das
reuniões, Pascal apresentou uma única folha de papel que continha vários teoremas
128
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
de Geometria Projetiva, incluindo o hoje conhecido como ʺHexagrama místicoʺ em
que demonstra que ʺse um hexágono estiver inscrito numa cônica, então as intersec‐
ções de cada um dos 3 pares de lados opostos são colinearesʺ. Em Fevereiro de 1640
foi publicado este seu trabalho – ʺEnsaio sobre secções cônicasʺ, no qual trabalhou
durante 3 anos.
Em 1639 a família de Pascal deixou Paris e mudou‐se para Rouen, onde o seu pai
tinha sido nomeado coletor de impostos da Normandia Superior.
Aos dezoito anos e com o objetivo de ajudar o pai na tarefa de cobrar impostos,
Pascal inventou a primeira máquina digital, chamada Pascalinne para levar a cabo o
processo de adição e subtração, e posteriormente organizou a produção e comercia‐
lização destas máquinas de calcular (que se assemelhava a uma calculadora mecânica
dos anos 40).
Quando o seu pai morreu em 1651, Pascal escreveu a uma das suas irmãs uma
carta sobre a morte com um profundo significado cristão em geral e em particular
sobre a morte do pai. Estas suas idéias religiosas foram a base para a sua grande obra
filosófica ʺPenséesʺ que constitui um conjunto de reflexões pessoais acerca do sofri‐
mento humano e da fé em Deus.
Em Física destacou‐se pelo seu trabalho ʺTratado sobre o equilíbrio dos líqui‐
dosʺ relacionado com a pressão dos fluídos e hidráulica. O princípio de Pascal diz
que a pressão em qualquer ponto de um fluido é a mesma, de forma a que a pressão
aplicada num ponto é transmitida a todo o volume do contentor. Este é o princípio
do macaco e do martelo hidráulicos.
Pascal estudou e demonstrou no trabalho do ʺTriângulo aritméticoʺ, publicado
em 1654, diversas propriedades do triângulo e aplicou‐as no estudo das probabilida‐
des. Antes de Pascal, já Tartaglia usara o triângulo nos seus trabalhos e, muito antes,
os matemáticos árabes e chineses já o utilizavam. Este famoso triângulo que se pode
continuar indefinidamente aumentando o número de linhas, é conhecido como
Triângulo de Pascal. Trata‐se de um arranjo triangular de números em que cada nu‐
mero é igual à soma do par de números acima de si. O triângulo de Pascal apresenta
inúmeras propriedades e relações, por exemplo, ʺas somas dos números dispostos ao
longo das diagonais do triângulo geram a Sucessão de Fibonacci.
Em correspondência com Fermat, durante o Verão de 1654, Pascal estabeleceu os
fundamentos da Teoria das Probabilidades. O seu último trabalho foi sobre a
Ciclóide – a curva traçada por um ponto da circunferência que gira, sem escorregar,
ao longo de uma linha reta. Durante esse ano desinteressou‐se pela ciência; passou
os últimos anos da vida a praticar caridade e decidiu dedicar‐se a Deus e à religião.
Fa‐leceu com 39 anos devido a um tumor maligno que tinha no estômago se ter
esten‐dido ao cérebro.
JEAN BERNOULLI (1667 – 1748)
Os irmãos Jacques e Jean Bernoulli foram discípulos importantes de Leibniz.
Nenhuma família na história da humanidade produziu tantos matemáticos quanto a
família Bernoulli, doze ao todo, que contribuíram de modo inigualável na criação e
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 129 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
desenvolvimento do cálculo diferencial e integral.
Foram os Bernoulli que usaram pela primeira vez a palavra integral (1669) e,
pouco depois, Leibniz concordaria que Cálculus Integralis seria um nome melhor
que Cálculus Sommatorius. A família Bernoulli teve sua origem na Holanda, na
cidade da Antuérpia, fugindo para a Suíça, por serem protestantes. Jean Bernoulli
nasceu na cidade da Basiléia, Suíça, no dia 07 de agosto de 1667. Filho de Nicolau
Bernoulli, também pai de outros dois matemáticos : Jacques e Nicolau. Embora o Sr
Nicolau tivesse proporcionado muito conhecimento de matemática aos filhos, não
pretendia que os mesmos se dedicassem a ela. Esperava que seus filhos fossem mi‐
nistros religiosos ou médicos. De início, Jean segue o caminho estipulado pelo pai,
chegando a escrever uma tese de doutoramento em medicina sobre fermentação, com
apenas 23 anos de idade.
A partir de 1691, Jean tornou‐se um apaixonado pela teoria do cálculo dife‐
rencial e integral, escrevendo dois livros sobre cálculo, em 1692, Jean encontrava‐se
em Paris e, para ganhar a vida, tornou‐se professor particular de um jovem, Guilher‐
me François LʹHospital, Marquês de St Mesme, Com o qual fez um pacto : em troca
de um salário mensal dado pelo marquês, Jean concordaria em passar para o mesmo
suas descobertas matemáticas para serem usadas como o marquês desejasse.
O resultado deste acordo foi que uma das mais importantes contribuições de
Jean Bernoulli, datada de 1694, para resolução de limites indeterminados, passou a
ser conhecida mundialmente como regra de LʹHospital, Analysis des Infinites Petits
(Análise dos Infinitamente Pequenos), publicado em Paris em 1699. A publicação é
tida como primeiro livro de cálculo diferencial e Integral editado no mundo, cuja
importância foi enorme para a divulgação do cálculo entre os estudiosos do século
XVIII. Neste livro, LʹHospital demonstra ser um escritor exímio expondo de maneira
ordenada, através de seus dotes pedagógicos, toda a evolução das principais idéias‐
suportes das integrais e derivadas. Este livro teve um sucesso tão grande, que du‐
rante dois séculos foi publicado com tiragens de milhares de exemplares. No prefá‐
cio, LʹHospital agradece de maneira especial a Jean Bernoulli e a Leibniz.
Em 1695, Bernoulli foi convidado a ser professor da Universidade de Gro‐
ningen e, em 1696, começa a interessar‐se pelo o que seria o cálculo variacional. Nes‐
ta época, propôs, na revista Acta Eruditorium, o célebre problema do tempo mínimo
de descida de um corpo sob ação do campo gravitacional, problema este resolvido
por Euler e por vários matemáticos, inclusive pelo próprio Jean.
Em 1694, casa‐se com Marie Euler, sobrinha do grande Euler, com a qual teve
três filhos, todos gênios : Nicolau I, Daniel I e Jean II. Estes fariam grandes trabalhos
dentro da física e da matemática e não seria por menos, pois em suas veias corria o
sangue de duas grandes famílias: os Euler e os Bernoulli.
Em 1704, após a morte de LʹHospital, acusa‐o a outros matemáticos de ter
plagiado vários de seus resultados, o qual foi considerado infundado por seus com‐
temporâneos. No entanto, anos depois, quando tornou‐se pública a correspondência
entre ele e LʹHospital, os matemáticos perceberam que todas as grandes idéias do
segundo, foram dadas pelo primeiro.
130
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Em 1711, Jean Bernoulli era conhecido no mundo todo devido a seus impor‐
tantes trabalhos dentro da matemática, da física e da engenharia, principalmente
pelos seus estudos sobre as propriedades da catenária, sendo homenageado, várias
vezes, por reis e rainhas. Diz a lenda em torno de seu nome que ao se apresentar
onde não era conhecido, as pessoas respondiam: se você é Bernoulli, então nós somos
Newton.
Em 1712, demonstra sinais nítidos de loucura, ao expulsar de casa seu filho Daniel,
por ele ter conquistado um prêmio da Academia de Ciências de Paris, ao qual Jean
também concorreu. O fato de o filho ter sido melhor do que ele, provocou‐lhe uma
inveja que perdurou até o final de sua vida. Recusava‐se a conversar com as pessoas
em sua volta e, se estas conhecessem matemática, afirmava que eram ladras de suas
idéias. Todos estes sintomas de paranóia tornar‐se‐iam agudos com o passar dos
anos. No ano de 1747, fica praticamente sozinho no mundo, abandonado inclusive
pela própria família.
Jean Bernoulli morreu vítima da loucura na cidade de Basiléia, no dia 03 de
janeiro de 1748, com 81 anos de idade.
DAVID HILBERT (1862 – 1943)
David Hilbert nasceu em 23 de janeiro de 1862, e morreu em 14 de fevereiro de
1943. Foi um matemático alemão cujo trabalho em geometria teve a maior influência
no campo desde Euclides. Depois de fazer um estudo sistemático dos axiomas da
geometria Euclidiana, Hilbert propôs um conjunto de 21 axiomas e analisou o signi‐
ficado deles.
Hilbert recebeu o seu Ph.D. da Universidade de Konigsberg e serviu em sua
faculdade de 1886 a 1895. Ele se tornou (1895) professor de matemática na Univer‐
sidade de Gottingen, onde ele permaneceu pelo resto de sua vida. Entre 1900 e 1914,
muitos matemáticos dos Estados Unidos que depois representaram um papel impor‐
tante no desenvolvimento da matemática foram para Gottingen para estudar com ele.
▪
“Um problema que vale a pena ser atacado prova seu valor contra‐atacando”.
Piet Hein
“Felizes aqueles que se divertem com problemas que educam a alma e elevam o
espírito”.
Fenelon
“Na Matemática, se a experiência não intervém depois que se deu o primeiro
passo, é porque não é mais preciso”.
Pontes de Miranda
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 131 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
CAPÍTULO 13
INICIAÇÃO CIENTÍFICA
13.1 O QUE É INICIAÇÃO CIENTÍFICA?
A Iniciação Cientifica (IC) é um instrumento que permite introduzir os estudan‐
tes de graduação, potencialmente mais promissores, na pesquisa cientifica. É a possi‐
bilidade de colocar o aluno desde cedo em contato direto com a atividade científica e
engajá‐lo na pesquisa. Nesta perspectiva, a iniciação científica caracteriza‐se como
instrumento de apoio teórico e metodológico à realização de um projeto de pesquisa
e constitui um canal adequado de auxílio para a formação de uma nova mentalidade
no aluno. Em síntese, a iniciação científica pode ser definida como um instrumento
de formação.
A Iniciação Científica é um dever da instituição e não uma atividade eventual
ou esporádica. Isso permite tratá‐la separadamente da bolsa de iniciação científica, já
que se toma a IC como um instrumento básico de formação, ao passo que a bolsa de
iniciação científica é um incentivo individual que se operacionalizar como estratégia
exemplar de financiamento seletivo aos melhores alunos, vinculados a projetos de‐
senvolvidos pelos pesquisadores no contexto da graduação.
Pode‐se considerar a bolsa de iniciação científica como um instrumento abran‐
gente de fomento à formação de recursos humanos. Nesse sentido, não se pode que‐
rer que todo aluno em atividade de IC tenha bolsa. É fundamental compreender que
a iniciação científica é uma atividade bem mais ampla que sua pura e simples reali‐
zação mediante o pagamento de uma bolsa.
O aluno de Iniciação Científica atua no apoio técnico e metodológico à realiza‐
ção de um projeto institucional de pesquisa, ao mesmo tempo que desenvolve suas
atividades em seu curso de graduação. A Iniciação Científica deve ser realizada em
um tema relevante em sua área de atuação, seguindo um projeto com objetivo, meto‐
dologia e cronograma específicos. Para tal, é necessário que haja um professor
orientador capacitado na área escolhida.
13.2 QUAIS SÃO OS POSSÍVEIS GANHOS ?
A Iniciação Científica é direcionada aos alunos que se destacam pelo desempe‐
nho, em termos de média global, na graduação. Como tal, a Iniciação Científica é um
diferencial no currículo acadêmico do aluno. Alguns ganhos gerais que ela propor‐
ciona ao aluno podem ser enumerados, como por exemplo:
1. Possibilitar a diminuição do tempo de permanência do bolsista na pós‐gra‐
duação;
2. Preparar os melhores alunos para a pós‐graduação;
3. Despertar vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes
132
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
de graduação, mediante sua participação em projetos de pesquisa,
4. Introduzindo o jovem universitário no domínio do método científico;
5. Proporcionar ao bolsista, orientado por pesquisador qualificado, a aprendi‐
zagem de técnicas e métodos, bem como estimular o desenvolvimento do
pensar cientificamente e da criatividade decorrentes das condições criadas
pelo confronto direto com os problemas de pesquisa;
6. Despertar no bolsista uma nova mentalidade em relação à pesquisa.
Ganhos em relação aos orientadores:
1. Estimular pesquisadores produtivos a engajarem estudantes de graduação
no processo acadêmico, otimizando a capacidade de orientação à pesquisa da
instituição;
2. Estimular o aumento da produção científica;
3. Estimular o envolvimento de novos pesquisadores na atividade de forma‐
ção;
Como decorrência dos ganhos que a Iniciação Científica proporciona ao aluno,
os programas de mestrado e doutorado mais concorridos no País, bem como as em‐
presas que trabalham com pesquisa e tecnologias avançadas, têm dado prioridade
aos candidatos que comprovem o desenvolvimento destas atividades para o preen‐
chimento de vagas em seus quadros, discente ou funcional, respectivamente.
13.3 QUEM PODE FAZER?
A Iniciação Científica é uma atividade voltada aos alunos que apresentam me‐
lhores índices acadêmico, incluindo:
a) Excelente histórico escolar;
b) Co‐autoria em artigos científicos;
c) Participação como bolsistas ou alunos voluntários em pesquisas anteriores;
d) Participação em eventos científicos ou tecnológicos;
e) Estágios, com aproveitamento, em área científica ou tecnológica.
Todavia, estão aptos a fazer Iniciação Científica todos os alunos que:
a) Estejam regularmente matriculados em um Curso de Graduação;
b) Ter cursado o primeiro ano do curso de graduação e, não estar no último ano
do mesmo para ingresso no programa.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 133 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
c) Não ter sido reprovado em disciplinas do seu curso durante a vigência da
bolsa (para os casos de renovação);
d) Ter Índice de Aproveitamento Acumulado (IAA) igual ou superior a 1,70, ou
equivalente;
e) Não ter vínculo empregatício nem receber salário ou remuneração decor‐
rente do exercício de atividades de qualquer natureza, inclusive de outras
modalidades de bolsa, estágios remunerados e monitorias, dentre outros,
durante a vigência da bolsa.
13.4 COMO OBTER BOLSAS?
A maneira mais simples é participando do Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação Científica (PIBIC) ou Programa Interno de Bolsas de Iniciação Científica
(PROIC), ambos dentro da própria UFRRJ17. Porém, estes programas só abrem anual‐
mente e a obtenção da bolsa está vinculada à distribuição das cotas pelos Institutos e
Departamentos, o que reduz muito o número de oportunidades.
É possível buscar recursos externos nos órgãos que fomentam a Iniciação Cien‐‐
tífica no País. Dentre esses órgãos se destacam o Conselho Nacional de Desenvol‐
vimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). O valor da Bolsa está atualmente em R$ 241,51 e
o procedimento para sua obtenção está condicionado às regras estabelecidas pelo
órgão de fomento em questão. Maiores informações podem ser encontradas nos sites
dos respectivos orgãos18.
O aluno de Iniciação Científica deve solicitar ao Orientador que avalie as Possi‐
bilidades de obtenção da bolsa perante os órgãos de fomento. A solicitação de bolsas
aos órgãos pode, em alguns casos, ser efetuada em qualquer período do ano (deno‐
minadas de fluxo contínuo).
É importante lembrar, entretanto, que a Iniciação Científica pode ser realizada
em regime de voluntariado, independente da existência de uma bolsa
13.4.1 DOCUMENTOS NECESSÁRIOS:
1. Ficha de Inscrição devidamente preenchida (à disposição na Coordenação do
NAAP);
2. Curriculum vitae do orientador (modelo Lattes/CNPq‐completo, em todo o
período de atuação profissional). Comprovar com documentação as publica‐
ções a partir de 2004 (apenas a primeira página de artigos em periódicos
especializados indexados, livro e capítulo de livro, cadastrados no ISSN ou
ISBN);
3. Curriculum vitae do aluno (modelo Lattes/CNPq‐completo) com documen‐
17
Os respectivos editais do Pibic e Proic, podem ser encontrados no Anexo 2 – Editais, desta apostila.
18
Vide o capítulo 3 para se informar sobre os endereços eletrônicos destas organizações.
134
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
tação comprobatória;
4. Projeto de pesquisa do orientador, em uma via, contendo os seguintes itens:
título, introdução / revisão temática, objetivos, justificativa, metodologia,
cronograma de execução, referências bibliográficas, viabilidade financeira
(recursos) e equipe executora;
5. Plano de Atividades em uma via, com no máximo três páginas, contendo as
atividades a serem desenvolvidas pelo aluno e cronograma de execução,
6. Cópia do CPF do aluno;
7. Histórico escolar atualizado do aluno , assinado pelo Coordenador do Curso
ou autoridade equivalente;
13.4.2 REQUISITOS DO ORIENTADOR:
1. O professor deverá estar em pleno exercício de suas atividades na Univer‐
sidade, exercendo suas funções em regime de Dedicação Exclusiva (DE) e
cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq;
2. O professor deverá apresentar titulação de doutor;
3. Produção Científica com o mínimo de 2 (duas) publicações (artigos em pe‐
riódicos especializados indexados, livro e capítulo de livro, cadastrados no
ISSN ou ISBN), a partir dos 4 últimos anos.
4. Pesquisadores visitantes e/ou aposentados poderão concorrer, desde que a‐
tendam aos itens 2 e 3 do presente edital e comprovem permanência na ins‐
tituição durante o período de vigência da bolsa;
13.5 COMPROMISSOS DO BOLSISTA
Após a divulgação do resultado, os bolsistas selecionados deverão comparecer a
Sala 116/NAAP‐Pavilhão Central para assinar um Termo de Compromisso junto ao
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para, assim, efetivar o seu
in‐gresso / permanência no referido Programa.
O bolsista ao aceitar a Bolsa de Iniciação Científica deverá se comprometer cum‐
prir com a Bolsa pelo período total. Os cancelamentos destas bolsas causam grandes
dificuldades à Instituição e somente são considerados em casos excepcionais.
Os bolsistas deverão apresentar à Divisão de Bolsas de Iniciação Científica,
relatórios de atividades, a saber:
1. Relatório Parcial, após completados os 6 (seis) primeiros meses de vigência
do Programa, com tolerância de 1 (um) mês para a entrega;
2. Relatório Final, após completados 12 (doze) meses de vigência da bolsa, ou
seja, no final do Programa, também com tolerância de 1 (um) mês para a
entrega.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 135 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Os relatórios devem ser anexados aos respectivos formulários Folha de rosto de
Identificação do Relatório Parcial ou Folha de Identificação do Relatório Final que
conterão, além dos dados do bolsista, o parecer do orientador.
13.6 COMO PUBLICAR OS RESULTADOS OBTIDOS?
A UFRRJ, no incentivo e valorização das atividades de Iniciação Científica, pro‐
vê a todos os alunos desta categoria, devidamente cadastrados e com aprovação do
Orientador, a oportunidade de apresentação dos resultados de seus trabalhos na Jor‐
nada de Iniciação Científica da UFRRJ.
Os alunos que apresentarem trabalhos na Jornada recebem um certificado, em
papel timbrado, de apresentação e comprovação de que foram alunos de Iniciação
Científica da UFRRJ durante o período indicado. As apresentações geralmente são
em formato de pôster.
13.7 TEXTOS DIVERSOS
CIÊNCIA E EDUCAÇÃO: APRENDENDO A SER CIENTISTA
Por FRANCISCO POSSEBOM19
Quando se pede à maioria das pessoas para que descrevam um cientista, elas
costumam falar em um homem de cabelos despenteados, usando guarda‐pó branco e
óculos de lentes grossas, com prancheta e caneta na mão, no interior de uma sala
fechada e cheia de frascos de vidro. Nada mais equivocado! É considerado cientista
quem pratica Ciência, de qualquer área do saber. O problema é definir Ciência.
Vários autores já se debruçaram sobre o tema e chegaram a conceitos diferentes,
embora parecidos. Apenas como exemplo, um deles, João Álvaro Ruiz, em seu livro
Metodologia Científica, enumerou cinco definições de Ciência: “conhecimento certo
do real pelas suas causas”, “conjunto orgânico de conclusões certas e gerais metodi‐
camente demonstradas e relacionadas com objeto determinado”, “atividade que se
propõe demonstrar a verdade dos fatos experimentais e suas aplicações práticas”,
“conhecimento sistemático dos fenômenos da natureza e das leis que os regem, obti‐
do através da investigação, pelo raciocínio e pela experimentação intensiva” e “estu‐
do de problemas solúveis, mediante método científico”.
Não importa a definição adotada. A maioria dos autores associa a definição de
Ciência a quatro idéias básicas: conhecimento, sistematização, experimentação e de‐
monstração. É um conhecimento de algo verdadeiro, como o é também o conheci‐
mento empírico; mas é sistematizado, ou seja, organizado, ordenado, metódico. É
fruto da experimentação, é verificado, testado, até ser confirmado. Finalmente, é
demonstrável, pode ser reproduzido e confirmado por outros pesquisadores.
Como se pode ver, não é tão difícil ser cientista. Basta procurar, de forma orga‐
19
Mestre em Letras e Professor de Metodologia Científica.
136
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Entrevista com GERALDINA PORTO WITTER20
Faça uma avaliação do ensino de ciência na formação superior. Do ponto de vista de
formação científica, trace um perfil do graduando hoje.
A graduação deve dar uma válida formação científica quer para formar o pés‐
quisador da área, quer para formar o consumidor crítico de ciência e tecnologia que é
o mínimo que se espera de um profissional. O ideal é que todo profissional seja tam‐
20
Graduada em Pedagogia, Doutora em Ciências, e Livre Docente em Psicologia Escolar Atualmente,
é coordenadora do curso de Psicologia da Universidade de Mogi das Cruzes, faz parte da presidência
da ABRAPEE – Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 137 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
bém um pesquisador. Hoje, a formação científica não é sequer capaz de fornecer uma
base científica mínima. Uns poucos cursos e uns poucos privilegiados é que acabam
tendo uma formação científica melhor.
A pesquisa realizada na graduação, a título de aprendizagem, consegue despertar no
estudante uma consciência científica? Por quê?
Sim, quanto mais envolvimento do aluno em pesquisa, melhor a formação, a
“consciência científica” e crítica. Esta formação dá a base para a formação de atitudes
mais compatíveis com o que se espera do cientista e do profissional hoje, em termos
de competências e habilidades.
É sabido que o ensino superior, antes mesmo de despertar uma consciência cientifica,
também tem por objetivo formar profissionais para atuar no mercado de trabalho. A
partir desta filosofia, até que ponto a ciência e o ensino superior estão vinculados?
Em áreas de atividade profissional em que o fazer deve estar alicerçado no co‐
nhecimento científico, como a Psicologia, dissociar uma formação da outra é, de par‐
tida, esperar uma formação insuficiente, desatualizada e cristalizada para o profissio‐
nal. Não optaria por contratar um profissional sem sólida formação científica nem
que tivesse prática, preferiria um profissional sem prática, mas com sólida formação
científica, pois a ciência mostra que este último rapidamente supera a ausência de
pratica, usando a ciência no seu fazer, sendo um profissional pesquisador.
Como a senhora avalia a freqüência das pesquisas realizadas na graduação, que são
apresentadas nos congressos científicos?
Ela vem crescendo muito lentamente, espera‐se que, com a maior exigência de
formação científica, isto cresça em breve.
Ao longo de sua experiência como pesquisadora, qual foi o maior desafio?
Pesquisar é sempre um desafio, qual o maior é difícil especificar... mas, certa‐
mente, conseguir que o aluno de graduação ou pós se apaixone pela pesquisa e se
torne um pesquisador autônomo é o que mais desafia um orientador. Também é a
maior fonte de reforço ou recompensa que se pode ter é ver o aluno de ontem ser o
grande pesquisador de hoje.
138
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
TEXTO COMPLEMENTAR:
BIOGRAFIAS DE MATEMÁTICOS FAMOSOS – PARTE II
RENÉ DESCARTES
René Descartes nasceu na França, de família nobre, recebeu suas primeiras ins‐
truções no colégio jesuíta de La Flèche, graduando‐se em Direito, em Poitier. Foi
participante ativo de várias campanhas militares como a de Maurice, o Príncipe de
Nassau, a do Duque Maximiliano I da Baviera e a do exército francês no cerco de La
Rochelle. Foi amigo dos maiores sábios da época como Faulhaber, Desargues e
Mersenne e é considerado o ʺPai da Filosofia Modernaʺ.
Em 1637 escreveu seu mais célebre tratado, o ʺDiscurso do Métodoʺ, onde expõe
sua teoria de que o universo era todo feito de matéria em movimento e qualquer fé‐
nômeno poderia ser explicado através das forças exercidas pela matéria contígua. Es‐
ta teoria só foi superada pelo raciocínio matemático de Newton. Suas idéias filosó‐
ficas e científicas eram muito avançadas para a época mas sua matemática guardava
características da antigüidade tendo criado a Geometria Analítica numa tentativa de
volta ao passado.
Durante o período em que Descartes permaneceu com o exército bávaro, em
1619, descobriu a fórmula sobre poliedros que usualmente leva o nome de Euler: v +
f = a + 2 onde v, f e a são respectivamente o número de vértices, faces e arestas de um
poliedro simples. Em 1628 já estava de posse da Geometria Cartesiana que hoje se
confunde com a Analítica, embora es objetivos do autor fossem diferentes tanto que
em seu ʺDiscursoʺ se mostra imparcial quando discute os méritos da Geometria e da
Álgebra. Seu objetivo era por processos algébricos libertar a Geometria da utilização
de tantos diagramas que fatigavam a imaginação, e dar significado às operações da
Álgebra, tão obscura e confusa para a mente, através de interpretações geométricas.
Descartes estava convencido de que todas as ciências matemáticas partem do
mesmo princípio básico e aplicando seus conceitos conseguiu resolver o problema
das três e quatro retas de Pappus. Percebendo a eficiência de seus métodos publicou
ʹʹA Geometriaʺ, que consta de três livros, onde dá instruções detalhadas para resolver
equações quadráticas geometricamente, por meio de parábolas; trata das ovais de
Descartes importantes em óptica e ensina como descobrir raízes racionais e achar
solução algébrica de equações cúbicas e quadráticas. Em 1649, convidado pela Raí‐
nha Cristina da Suécia, estabeleceu uma Academia de Ciências em Estocolmo e como
nunca gozou de boa saúde não suportou o inverno escandinavo, morrendo prema‐
turamente em 1650.
EUCLIDES
Em tempos muito remotos, um jovem, resolvendo ser espirituoso, perguntou a
seu mestre qual o lucro que poderia lhe advir do estudo da geometria.
Idéia infeliz: o mestre era o grande matemático grego Euclides, para quem geo‐
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 139 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
metria era coisa muito séria. E a sua resposta à ousadia foi arrasadora: chamando um
escravo, passou‐lhe algumas moedas e mandou que as entregasse ao aluno que a
partir daquele momento deixou de ser aluno de Euclides.
Esse rapaz ‐ é preciso dizê‐lo ‐ não foi o único a sofrer nas mãos de Euclides por
causa da geometria. Além dele, muita gente passou maus bocados com o grande gre‐
go, inclusive o próprio faraó do Egito. Os problemas de Ptolomeu I surgiram no dia
em que pediu a Euclides que adotasse um método mais fácil para ensinar‐lhe geome‐
tria e recebeu a lacônica resposta: ʺnão existem estradas reais para se chegar à
geometriaʺ.
Muito antes de Euclides, a geometria já era assunto corrente no Egito. Agrimen‐
sores usavam‐na para medir terrenos, construtores recorriam a ela para projetar suas
pirâmides e com ela se infernizava a juventude, no momento de aprender a manejar
a constante Pi ‐ dor de cabeça séria também para os estudantes daquela época. Tão
famosa era a geometria egípcia, que matemáticos gregos de nome, como Tales de
Mileto e Pitágoras, se abalavam de sua terra para ir ao Egito ver o que havia de novo
em matéria de ângulos e linhas. Foi com Euclides, entretanto, que a geometria do
Egito se tornou realmente formidável, fazendo de Alexandria o grande centro mun‐
dial do compasso e do esquadro, por volta do século III a.C.
Tudo começou com os ʺElementosʺ, um livro de 13 volumes, no qual Euclides
reuniu tudo que se sabia sobre matemática em seu tempo ‐ aritmética, geometria
plana, teoria das proporções e geometria sólida. Sistematizando a grande massa de
conhecimentos que os egípcios haviam adquirido desordenadamente através do tem‐
po, o matemático grego deu ordem lógica e esmiuçou a fundo as propriedades das
figuras geométricas, das áreas e volumes, e estabeleceu o conceito de lugar geomé‐
trico. Depois, para completar, enunciou o famoso ʺPostulado das Paralelasʺ, que afir‐
ma: ʺSe uma reta, interceptando duas outras, forma ângulos internos do mesmo lado,
menores que dois retos, estas outras, prolongando‐se ao infinito, encontrar‐se‐ão no
lado onde os ângulos sejam menores do que dois retos.ʺ
Para Euclides, a geometria era uma ciência dedutiva que operava a partir de
certas hipóteses básicas ‐ os ʺaxiomasʺ. Estes eram considerados óbvios e, portanto,
de explicação desnecessária. O ʺPostulado das Paralelasʺ, por exemplo, era um axio‐
ma ‐ não havia porque discuti‐lo. Acontece, porém, que no século XIX os matemá‐
ticos resolveram começar a discutir os axiomas. E tantas fizeram que acabaram
verificando um fato surpreendente: bastava por de parte o ʺPostulado das Paralelasʺ ‐
a viga mestra do sistema euclidiano ‐ para tornar possível o desenvolvimento de
novos sistemas geométricos. O matemático Lobatchevsky foi o primeiro a declarar
sua independência, criando a sua própria teoria. Um outro mestre da geometria,
Riemann, seguiu o exemplo e criou um sistema diferente.
Essas novas concepções, que se tornaram conhecidas pelo nome de ʺteorias não‐
euclidianasʺ, permitiram às ciências exatas do século XX uma série de avanços, entre
os quais a elaboração da Teoria da Relatividade de Einstein, o que veio provar que
essas teorias, ao contrário do que muitos afirmavam, tinham realmente aplicações
práticas.
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
LEONHARD EULER (1707 – 1783)
Leonhard Euler, nasceu em 15 de abril de 1707, e morreu em 18 de setembro de
1783. Foi o matemático mais prolífico na história. Os 866 livros e artigos dele repre‐
sentam aproximadamente um terço do corpo inteiro de pesquisa em matemática, teo‐
rias físicas, e engenharia mecânica publicadas entre 1726 e 1800. Em matemática
pura, ele integrou o cálculo diferencial de Leibniz e o método de Newton em análise
matemática; refinou a noção de uma função; criou muitas notações matemáticas co‐
muns, incluindo o e, i, o símbolo do pi e o símbolo do sigma; e pôs a fundação para a
teoria de funções especiais, introduzindo as funções trancendentais beta e gamma.
Euler também trabalhou nas origens do cálculo de variações, mas reteve o seu
trabalho em deferência para Lagrange. Ele foi um pioneiro no campo da topologia e
fez teoria dos números em uma ciência, declarando o teorema do número primo e a
lei da reciprocidade biquadrática. Em Física, ele articulou dinâmica Newtoniana e
colocou a fundação de mecânica analítica, especialmente na sua Teoria dos Movi‐
mentos de Corpos Rígidos (1765). Como seu professor Johann Bernoulli, ele elaborou
mecânica contínua, mas ele também trabalhou com a teoria cinética de gases com o
modelo molecular. Ele também fez pesquisa fundamental em elasticidade, acústica, a
teoria de onda de luz, e o hidromecânica de navios.
Euler nasceu em Basel, Suíça. Seu pai, um pastor, queria que o filho seguisse os
passos dele e o enviou para a Universidade de Basel para prepará‐lo para o minis‐
tério, mas geometria se tornou logo o assunto favorito dele. Pela intercessão de
Bernoulli, Euler obteve o consentimento de seu pai para mudar para a matemática.
Depois de não conseguir uma posição de físico em Basel em 1726, ele se uniu a St.
Academia de Ciência de Petersburg em 1727. Quando foram retidos capitais da aça‐
demia, ele serviu como médico‐tenente na marinha russa de 1727 a 1730. Ele se tor‐
nou o professor de Física na academia em 1730 e professor de Matemática em 1733,
quando ele casou e deixou a casa de Bernoulli. A reputação dele cresceu depois da
publicação de muitos artigos e o seu livro Mechanica (1736‐37), que apresentou
extensivamente pela primeira vez dinâmica Newtoniana na forma de análise mate‐
mática.
Em 1741, Euler se juntou à Academia de Ciência de Berlim, onde ele perma‐
neceu durante 25 anos. Em 1744 ele se tornou o diretor da seção de matemática da
academia. Durante a permanência dele em Berlim, ele escreveu mais de 200 artigos,
três livros em análise matemática, e uma popularização científica, Cartas para Prin‐
cesa de Alemanha (3 vols., 1768‐72). Em 1755 ele foi eleito um membro estrangeiro da
Academia de Ciência de Paris; durante sua carreira ele recebeu 12 desses prêmios
bienais prestigiosos.
Em 1766, Euler voltou à Rússia, depois de Catherine a Grande fazer‐lhe uma
oferta generosa. Na ocasião, Euler estava tendo diferenças com Frederick o Grande
em cima da liberdade acadêmica e outros assuntos. Frederick ficou enfurecido na
partida dele e convidou Lagrange a substituí‐lo. Na Rússia, Euler se tornou quase
completamente cego depois de uma operação de catarata, mas pôde continuar com
sua pesquisa e escrevendo. Ele teve uma memória prodigiosa e pôde ditar tratados
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 141 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
em óticas, álgebra, e movimento lunar. Em sua morte em 1783, ele deixou uma
reserva vasta de artigos. A Academia de St.Petersburg continuou a publicá‐los du‐
rante os próximos 50 anos.
JEAN BAPTISTE JOSEPH FOURIER (1768 – 1830)
Jean Baptiste Joseph Fourier, nascem em 21 de março de 1768, e morreu em 16
de maio de 1830. Foi um matemático francês conhecido principalmente pela sua
contribuição à análise matemática do fluxo de calor. Treinado para o sacerdócio, Fou‐
rier não fez os seus votos. Ao contrário, dirigiu‐se em direção a matemática. Ele
estudou primeiro (1794) e depois ensinou matemática na recentemente criada Escola
Normal. Ele se uniu (1798) ao exército de Napoleão em sua invasão do Egito como
aconselhador científico, para ajudar a estabelecer instalações educacionais lá e levar
a cabo explorações arqueológicas.
Depois do seu retorno para a França em 1801 ele foi designado prefeito do
departamento de Isere por Napoleão. Ao longo de sua vida Fourier demonstrou o seu
interesse em matemática e físicas matemáticas. Ele ficou famoso pela sua Theorie
analytique de la Chaleur (1822), um tratamento matemático da teoria de calor. Ele
estabeleceu a equação diferencial parcial administrando a difusão de calor e resolveu
isto usando série infinita de funções trigonométricas. Embora estas séries terem sido
usadas antes, Fourier as investigou em detalhe muito maior. A pesquisa dele, inicial‐
mente criticada por sua falta de rigor, foi mostrada depois para ser válida. Proveu o
ímpeto para o mais recente trabalho em séries trigonométricas e a teoria de funções
de uma variável real.
ÉVARIST GALOIS (1812 – 1832)
Évarist Galois nasceu nas proximidades de Paris, na aldeia de Bourg la‐Reine,
onde seu pai era prefeito. Aos 12 anos mostrava pouco interesse por Latim, Grego e
Álgebra mas a Geometria de Legendre o fascinava. Aos 16 anos, julgando‐se em com‐
dições, procurou entrar na Escola Politécnica mas foi recusado por falta de preparo e
isto marcou o seu primeiro fracasso. Aos 17 anos escreveu um artigo onde expôs suas
descobertas fundamentais entregando‐o a Cauchy para que o apresentasse na Acade‐
mia. Cauchy perdeu seu trabalho e com isto veio o seu segundo fracasso marcante.
Logo mais perdeu o pai que, devido a intrigas clericais, se suicidou. Desiludido,
Gaiois entrou na Escola Normal para preparar‐se a fim de ensinar, sempre conti‐
nuando com suas pesquisas.
Em 1830 escreveu um artigo para o concurso de Matemática da Academia
entregando‐o para Fourier, que morreu logo depois e o artigo foi perdido. Com tan‐
tas frustrações Galois acabou por aderir às causas da revolução de 1830, foi expulso
da Escola Normal e mais tarde entrou para a guarda nacional. Galois iniciou suas
pesquisas com um trabalho de Lagrange sobre permutações de raízes, o que lhe deu
condições necessárias e suficientes para concluir que equações polinomiais são reso‐
lúveis por radicais e, baseado nas provas de Abel, descobriu que as equações algé‐
bricas irredutíveis são resolúveis por radicais somente se o grupo de permutações
142
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
sobre suas raízes também é resolúvel. Sobre isso forneceu um algoritmo para achar
essas raízes, assim como outros postulados sempre voltados mais para a estrutura
algébrica do que para casos específicos, dando um tratamento aritmético à Álgebra.
Em suas obras está ímplícito o conceito de ʺcorpoʺ que mais tarde Dedekind
definiria de forma explícita.
Na época Galois entregou a Poisson um artigo contendo sua teoria e este o
classificou de ʺincompreensívelʺ mas hoje o que chamamos de ʺMatemática Moder‐
naʺ nada mais é do que as idéias de Galois que estão chegando até nós.
Em 1832, envolvendo‐se com uma mulher, em nome de um código de honra,
não pode evitar um duelo. Na noite anterior passou as horas rascunhando notas para
a posteridade numa carta a seu amigo. Na manhã de 30 de maio encontrou seu
adversário recebendo um tiro fatal. Socorrido por um camponês, morreu num hos‐
pital para onde foi levado, aos 20 anos de idade.
▪
“Sem a Matemática, não poderia haver astronomia; sem os recursos maravilho‐
sos da Astronomia, seria completamente impossível a navegação. E a navegação foi o
fator máximo do progresso da humanidade”.
Amoroso Costa
“A Geometria faz com que possamos adquirir o hábito de raciocinar, e esse há‐
bito pode ser empregado, então, na pesquisa da verdade e ajudar‐nos na vida”.
Jacques Bernoulli
“Entre dois espíritos iguais, postos nas mesmas condições, aquele que sabe geo‐
metria é superior ao outro e adquire um vigor especial”.
Blaise Pascal
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 143 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
CAPÍTULO 14
RELATÓRIOS TÉCNICOS-CIENTÍFICOS
14.1. CONCEITO DE RELATÓRIO
O Relatório é um registro escrito de uma atividade desenvolvida. No particular
de uma pesquisa, visa “relatar” esta atividade em toda sua dimensão, desde o plane‐
jamento até as conclusões, de maneira concisa. Assim, o relatório de pesquisa encon‐
tra‐se entre os meios de divulgação de maior circulação nas Universidades, Congres‐
sos, Associações diversas, além de outros.
Entretanto, existem normas padronizadas para a apresentação de relatórios de
pesquisa e de desenvolvimento de trabalhos, se bem que no caso de relatórios inter‐
nos, algumas organizações adotam regras específicas.
Por outro lado, a elaboração de um relatório não é inerente apenas ao pesqui‐
sador. O aluno de curso superior, o iniciante na investigação científica e o profis‐
sional, periodicamente, se utilizam desse meio de comunicação para divulgar os re‐
sultados de suas atividades.
Definição:
ʺÉ a exposição escrita na qual se descrevem fatos verificados mediante pesqui‐
sas ou se historia a execução de serviços ou de experiências. É geralmente acom‐
panhado de documentos demonstrativos, tais como tabelas, gráficos, estatísticas e
outros.ʺ
(UFPR, 1996)
14.2. OBJETIVOS
De uma maneira geral, podemos dizer que os relatórios são escritos com os
seguintes objetivos:
9 divulgar os dados técnicos obtidos e analisados;
9 registrá‐los em caráter permanente.
14.3. TIPOS DE RELATÓRIOS
Os relatórios podem ser dos seguintes tipos:
9 técnico‐científicos; iniciação cientifica, estagio supervisionado, prestação de
contas de projetos de pesquisa;
9 de viagem;
9 de estágio;
9 de visita;
9 administrativos;
9 e fins especiais.
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
14.4. RELATÓRIO TÉCNICO‐CIENTÍFICO
É o documento original pelo qual se faz a difusão da informação corrente, sendo
ainda, o registro permanente das informações obtidas. É elaborado principalmente
para descrever experiências, investigações, processos, métodos e análises.
14.5. FASES DE UM RELATÓRIO
Geralmente a elaboração do relatório passa pelas seguintes fases:
a) plano inicial: determinação da origem, preparação do relatório e do progra‐
ma de seu desenvolvimento;
b) coleta e organização do material: durante a execução do trabalho, é feita a
coleta, a ordenação e o armazenamento do material necessário ao desenvol‐
vimento do relatório.
c) redação: recomenda‐se uma revisão crítica do relatório, considerando‐se os
seguintes aspectos: redação (conteúdo e estilo), seqüência das informações,
apresentação gráfica e física.
14.6. ESTRUTURA DE UM RELATÓRIO TÉCNICO‐CIENTÍFICO
Os relatórios técnico‐científicos constituem‐se dos seguintes elementos:
CAPA
Proteção externa do trabalho, contendo informações básicas. Sua apresentação
varia a depender do tipo de trabalho (trabalhos acadêmicos ou trabalhos para a ob‐
tenção de um título universitário). Deve conter os seguintes elementos:
1. Nome da organização responsável, com subordinação até o nível da autoria;
2. Título;
3. Subtítulo se houver;
4. Local;
5. Ano de publicação, em algarismo arábico.
FALSA FOLHA DE ROSTO
Precede a folha de rosto. Deve conter apenas o título do relatório. Parecer do
orientador ou responsável pela pesquisa, quando for o caso.
ERRATA (OPCIONAL)
Lista de erros tipográficos ou de outra natureza, com as devidas correções e in‐
dicação das páginas e linhas em que aparecem. É geralmente impressa em papel
avulso ou encartado, que se anexa ao relatório depois de impresso.
FOLHA DE ROSTO
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 145 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
É a fonte principal de identificação do relatório, devendo conter os seguintes
elementos:
1. nome da instituição
2. nome da unidade (Departamento, Instituto, Faculdade)
3. título do trabalho (sub título, se houver), por extenso
4. indicação do tipo de trabalho (relatório parcial /final) apresentado por (nome
do autor)
5. indicação do programa (PIBIC, Bolsa Institucional)
6. orientador /Titulação
7. lugar e data (mês e ano)
OBS.: as informações comuns à capa e folha de rosto devem aparecer em posições si‐
milares. Dica: sobreponha as duas impressas e analise contra a luz.
PREFÁCIO OU APRESENTAÇÃO (OPCIONAL)
Deve conter um breve histórico da origem do trabalho, suas características e
finalidades, principais dificuldades encontradas.
SUMÁRIO
Denominado por Contents em inglês, Table des Metières em francês, Contenido
em espanhol, é a relação dos capítulos e seções no trabalho, na ordem em que
aparecem. Não deve ser confundido com:
a) índice: relação detalhada dos assuntos, nomes de pessoas, nomes geográ‐
ficos e outros, geralmente em ordem alfabético;
b) resumo: apresentação concisa do texto, destacando os aspectos de maior
interesse e importância;
c) listas: é a enumeração de apresentação de dados e informação (gráficos, ma‐
pas, tabelas) utilizados no trabalho.
LISTAS DE TABELAS, ILUSTRAÇÕES, ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
Listas de tabelas e listas de ilustrações são as relações das tabelas e ilustrações
na ordem em que aparecem no texto. As listas têm apresentação similar a do sumá‐
rio. Quando pouco extensas, as lis‐tas podem figurar seqüencialmente na mesma
página.
RESUMO
Denominado Resumé em francês, Abstracts em inglês, Resumen em espanhol, é
a apresentação concisa do texto, destacando os aspectos de maior importância e inte‐
resse. Não deve ser confundido com Sumário, que é uma lista dos capítulos e seções.
No sumário, o conteúdo é descrito pôr títulos e subtítulos, enquanto no resumo, que
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
é uma síntese, o conteúdo é apresentado em forma de texto reduzido. Deve conter no
máximo 500 palavras.
TEXTO
Parte do relatório em que o assunto é apresentado e desenvolvido. Conforme
sua finalidade, o relatório é estruturado de maneira distinta. Deve ser dividido em
seções e subseções intituladas e numeradas. Sua estrutura varia de acordo com a área
do conhecimento e a natureza do trabalho.
O texto dos relatórios técnico‐científicos contém as seguintes seções funda‐
mentais:
a) Introdução: Apresentação clara do problema, seu relacionamento com o tra‐
balho, contendo os antecedentes que justificam a realização da pesquisa.
Deve incluir a formulação de hipóteses, delimitação do assunto e os objeti‐
vos propostos.
b) Revisão da Literatura: Deve informar sobre o estágio atual do problema,
aspectos ainda não estudados ou resultados que necessitam de complemen‐
tação ou confirmação. Esta revisão não é apenas uma seqüência impessoal
de trabalhos já realizados, mas deve incluir a contribuição do autor, demons‐
trando que os trabalhos foram lidos e criticados.
c) Material e Método (ou Metodologia): Descrição da metodologia utilizada
permitindo a compreensão e interpretação dos resultados e que possibilitem
a repetição do experimento por outro pesquisador. Deve ser apresentado na
seqüência cronológica de realização do trabalho. O uso de organismos vivos,
exige a identificação dos mesmos segundo as normas preconizadas.
d) Resultados: Esta seção deve ser escrita com o verbo no tempo passado e
conter uma exposição clara sobre o que foi observado, com apoio de tabelas,
quadro comparativos e ou figuras em geral (gráficos, desenhos, mapas, es‐
quemas, fotografias, modelos, fórmulas, símbolos, diagramas, etc.). As ilus‐
trações são numeradas com algarismos arábicos, seqüencialmente e devem
conter uma legenda nas tabelas, a legenda é colocada acima e nas figuras, é
colocada sob as mesmas. Os dados numéricos devem ser submetidos a uma
análise estatística. Neste item devem‐se evitar comentários e interpretações.
Também se devem relatar os experimentos mal sucedidos, os quais podem
acontecer em qualquer investigação.
e) Discussão: Nesta seção o autor deve fazer uma consideração objetiva dos
resultados apresentados, ligando os novos fatos aos conhecimentos anterio‐
res. Deve também, esclarecer as exceções, modificações e contradições das
hipóteses, teorias e princípios relacionados diretamente com o trabalho
realizado. E, finalmente, apontar possíveis aplicações dos resultados obtidos,
bem como suas limitações.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 147 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
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Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
c) expressões de referência como ver, vide;
d) letras ou palavras que mereçam destaque ou ênfase, quando não seja pos‐
sível dar esse realce pela redação;
e) nomes de espécies em botânica, zoologia (nesse caso não se usa negrito);
f) os títulos de capítulos (nesse caso não se usa itálico).
MEDIDAS DE FORMATAÇÃO DO RELATÓRIO
Margem superior:............ 2,5 cm
Margem inferior:.............. 2,5 cm
Margem direita:................ 2,5 cm
Margem esquerda:............3,5 cm
Entre linhas (espaço):........1,5 cm
Tipo de letra....................... Times New Roman ou Arial
Tamanho de fonte:............ 12
Formato de papel:............. A4 (210 X 297 mm)
TEXTO COMPLEMENTAR:
BIOGRAFIAS DE MATEMÁTICOS FAMOSOS – PARTE III
JOHANN FRIEDERICH CARL GAUSS
Johann Friederich Carl Gauss nasceu em Brunswick, Alemanha. De família hu‐
milde mas com o incentivo de sua mãe obteve brilhantismo em sua carreira. Estu‐
dando em sua cidade natal, certo dia quando o professor mandou que os alunos
somassem os números de 1 a 100, imediatamente Gauss achou a resposta ‐ 5050 –
aparentemente sem cálculos. Supõe‐se que já aí houvesse descoberto a fórmula de
uma soma de uma progressão aritmética.
Gauss foi para Gõttingen sempre contando com o auxílio financeiro do duque
de Brunswick, decidindo‐se pela Matemática em 30 de março de 1796, quando se
tornou o primeiro a construir um polígono regular de dezessete lados somente com o
auxilio de régua e compasso. Gauss doutorou‐se em 1798, na Universidade de
Helmstãdt e sua tese foi a demonstração do ʺTeorema fundamental da Álgebraʺ, pro‐
vando que toda equação polinomial f(x)=0 tem pelo menos uma raiz real ou imagi‐
nária e para isso baseou‐se em considerações geométricas. Deve‐se a Gauss a repre‐
sentação gráfica dos números complexos pensando nas partes real e imaginária como
coordenadas de um plano.
Seu livro ʺDisquisitiones Arithmeticaéʹ (Pesquisas Aritméticas) é o principal
res‐ponsável pelo desenvolvimento e notações da Teoria dos Números, nele apresen‐
tando a notação b=c (mod a), para relação de congruência, que é uma relação de
equivalência. Ainda nesta obra Gauss apresenta a lei da reciprocidade quadrática
classificada por ele como a ʺjóia da aritméticaʺ e demonstrando o teorema segundo o
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 149 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
qual todo inteiro positivo pode ser representado de uma só maneira como produto
de primos descreveu uma vez a Matemática como sendo a rainha das Ciências e a
Aritmética como a rainha da Matemática. No começo do séc. XIX abandonou a Arit‐
mética para dedicar‐se à Astronomia, criando um método para acompanhar a órbita
dos satélites, usado até hoje, e isto lhe proporcionou em 1807, o cargo de diretor do
observatório de Gôttingen, onde passou 40 anos.
Suas pesquisas matemáticas continuaram em teoria das funções e Geometria
aplicada à teoria de Newton. Em Geodésia inventou o helìtropo, aparelho que trans‐
mite sinais por meio de luz refletida e em Eletromagnetismo inventou o magnetô‐
metro bifiliar e o telégrafo elétrico. Sua única ambição era o progresso da
Matemática pelo que lutou até o momento em que se conscientizou do fim por sofrer
de dilatação cardíaca. Gauss morreu aos 78 anos e é considerado o ʺpríncipe da
Matemáticaʺ.
JOHN NAPIER (1550 – 1617)
John Napier nasceu em 1550, e morreu dia 4 de abril de 1617. Era um matemá‐
tico escocês. Foi o inventor dos logaritmos. Ele foi educado na universidade de St.
Andrew na Europa. Em 1571, Napier voltou à Escócia e se dedicou à sua corrente
propriedade e tomou parte nas controvérsias religiosas do tempo. Ele era um pro‐
testante fervente e publicou a influente Descoberta de Plaine de toda revelação de
St.John (1593). Seu estudo de matemática era, portanto, só um passatempo.
Em 1614, Napier publicou o seu Mirifici logarithmorum canonis descriptio (Uma
Descrição do Maravilhoso Cânon de Logaritmos) que conteve uma descrição de loga‐
ritmos, um conjunto de tabelas, e regras para o uso deles. Napier esperou que, por
meio dos seus logaritmos, ele salvaria os astrônomos por muito tempo e os livraria
dos erros de cálculos. Suas tabelas de logaritmos de funções trigonométricas foram
usadas durante quase um século.
Napier apresentou outro método de simplificar cálculos no seu Rabdologiae
(1617). Nesse ele descreveu um método de multiplicação que usa barras com núme‐
ros marcados nelas. As barras de Napier, às vezes foram feitas de marfim, então elas
pareciam ossos, e conduziram ao nome de ossos de Napier (Napierʹs bones). Multi‐
plicação eram feitas colocando os ossos apropriados lado a lado, e lendo os produtos
apropriados. Essencialmente este dispositivo era uma tabela de multiplicar com par‐
tes móveis. Napier também fez contribuições à trigonometria esférica, achou expres‐
sões exponenciais para funções trigonométricas, e foi influente na introdução da
notação decimal para frações.
JOHN VON NEUMANN (1903 – 1957)
John Von Neumann foi um matemático húngaro de origem judaica, que foi na‐
turalizado americano nos anos 30 do século XX. Nasceu em 28 de dezembro de 1903.
Desenvolveu contribuições importantes em Mecânica Quântica, Teoria dos conjun‐
tos, Ciência da Computação, Economia, Teoria dos Jogos e praticamente todas as
áreas da Matemática. Faleceu no dia 8 de Fevereiro de 1957, vítima de um tumor no
150
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
cérebro. Foi também professor na Universidade de Princeton e um dos construtores
do ENIAC (o primeiro computador eletrônico).
Von Neumann foi o mais velho das três crianças da família e nasceu com o no‐
me de Neumann János Lajos Margittai em Budapeste. Era filho de Neumann Miksa
(Max Neumann), um advogado que trabalhava em um banco, e Kann Margit
(Margaret Kann). Com apenas 3 anos de idade já conseguia decorar a maior parte dos
números de telefones de quase todos membros da sua família e com 6 contava piadas
em grego ao pai.
John Von Neumann é conhecido principalmente por ter formalizado o projeto
lógico de um computador. Em sua proposta, sugeriu que as instruções fossem arma‐
zenadas na memória do computador. Até então elas eram lidas de cartões perfurados
e executadas, uma a uma. Armazená‐las na memória, para então executá‐las, tornaria
o computador mais rápido, já que, no momento da execução, as instruções seriam
obtidas com rapidez eletrônica. A maioria dos computadores de hoje em dia segue
ainda o modelo proposto por Von Neumann.
Esse modelo define um computador seqüencial digital em que o processamento
das informações é feito passo a passo, caracterizando um comportamento determi‐
nístico (ou seja, os mesmos dados de entrada produzem sempre a mesma resposta).
JOSEPH LOUIS DE LAGRANGE (1736 – 1813)
O físico francês Joseph Louis de Lagrange, nasceu em 25 de janeiro de 1736, e
morreu em 10 de abril de 1813. Foi um dos cientistas matemáticos e físicos mais
importantes do final do século 18. Ele inventou e trouxe à maturidade o cálculo de
variações e depois aplicou a nova disciplina para mecânica celestial, especialmente
para achar soluções melhoradas para o problema de três corpos.
Lagrange também contribuiu significativamente à solução numérica e algébrica
de equações e para a teoria do número. No seu clássico analytique de Mecanique
(Mecânica Analítica, 1788), ele transformou a mecânica em um ramo da análise mate‐
mática. O tratado resumiu os resultados principais conhecidos em mecânica no sécu‐
lo 18 e é notável para isso, o uso da teoria de equações diferenciais. Outra preocu‐
pação central de Lagrange era as fundações do cálculo. Em um livro de 1797 ele
acentuou a importância de série de Taylor e o conceito de função. A procura dele
para fundações rigorosas e generalizações fixou a fase de Augustin Cauchy, Niels
Henrik Abel, e Karl Weierstrass no próximo século.
Lagrange serviu como professor de geometria na Escola de Artilharia Real em
Turin (1755‐66) e lá ajudou fundar a Academia Real de Ciência, em 1757. Por causa
do excesso de trabalho e pagamento baixo, sofreu com a sua saúde, ficando com uma
constituição debilitada para vida. Quando Leonhard Euler deixou a Academia de
Ciência de Berlim, Lagrange sucedeu ele como diretor da seção matemática em 1766.
Em 1787 ele deixou Berlim para se tornar um membro da Academia de Ciência de
Paris, onde ele permaneceu pelo resto de sua carreira. Um homem diplomático e
ameno, Lagrange sobreviveu à Revolução francesa. Nos anos 90 (1790), ele trabalhou
no sistema métrico e defendeu uma base decimal. Ele também ensinou na Escola
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 151 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
Politécnica, que ele ajudou fundar. Napoleão o nomeou para a Legião de Honra e
Conta do Império em 1808.
PIERRE SIMON LAPLACE (1749 – 1827)
O famoso matemático francês Jean dʹAlembert não deu a menor importância ao
jovem de dezoito anos que o procurava. O rapaz enviara várias cartas de recomen‐
dação de cientistas e de políticos, e isso já bastava para deixar dʹAlembert irritado.
Mas ele não contava com a teimosia de Pierre Simon Laplace que, em pouco tempo,
escreveu um pequeno tratado sobre os princípios gerais da Matemática e enviou‐o ao
professor.
Agora dʹAlembert teria de mudar de opinião. Leu o trabalho do jovem Laplace e
dois dias mais tarde mandou chamá‐lo, dizendo‐lhe: ʺNão costumo dar crédito a reco‐
mendações, e você não precisa delas. Você demonstrou que é digno de ser conhecido e eu
lhe darei o meu apoioʺ. Laplace conseguira a oportunidade que queria; daí em diante
ele mostraria ao mundo científico que era, realmente, ʺdigno de ser conhecidoʺ.
O menino Pierre Simon Laplace revelou logo em Beaumont‐en‐Auge, cidade‐
zinha da Normandia onde nascera em Março de 1749, extraordinária inteligência. Por
isso um tio seu, padre, levou‐o para completar os estudos numa abadia beneditina.
Daí Pierre seguiu para um colégio de Caen, onde se acentuou seu interesse pela Ma‐
temática. Aos dezoito anos, vai para Paris e, com a ajuda de dʹAlembert, em pouco
tempo, consegue o cargo de professor de Matemática na Escola Militar. Começa a
realizar pesquisas, sobretudo em Astronomia, que impressionam a Academia de
Ciências.
Estudou a fundo um dos problemas então mais atuais: a perturbação dos movi‐
mentos planetários. Temia‐se, na época, que um planeta pudesse aproximar‐se de‐
mais de outro, provocando uma catástrofe. Mas, com base em cálculos, Laplace
demonstrou em uma série de trabalhos apresentados à Academia de Ciências que
não havia motivo para tais temores, pois as irregularidades do sistema solar se corri‐
giram por si, durante tempos infinitamente longos.
Esses trabalhos, além de outros sobre assuntos similares, tornaram respeitado o
nome de Laplace. Convidado a participar de várias academias e a lecionar nas me‐
lhores escolas, aceitava. Mas continuava estudando: dedicou‐se à Química, à Física e
até à Medicina, sem abandonar a Matemática e a Astronomia.
Muitas de suas teorias até hoje são válidas. Contudo, freqüentes descobertas
que anunciou eram baseadas em trabalhos de outros cientistas, e Laplace escondia
esse fato. Isso não desmente em nada o seu gênio, confirmado por descobertas
autênticas e bastante importantes; mas revela o caráter ambicioso desse homem, que
usava de todos os meios para obter fama e, com ela, honras e posição social. Laplace
servia‐se dos grandes e os adulava. Assim, conseguiu atravessar, coberto de glórias,
um tu‐multuado período da História francesa. O prefácio das sucessivas edições de
suas obras mostra que ele fazia qualquer coisa para conseguir o beneplácito de quem
estava no poder. Num prefácio de 1796, dedica seus trabalhos ao Conselho dos Qui‐
nhentos; em 1802, cobre de louvores a figura de Napoleão ‐ que havia suprimido o
Conselho ‐ e por isso é distinguido com vários cargos políticos, entre os quais o de
152
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
ministro do Interior. Mas Napoleão cai em 1814, e agora Laplace dirige suas
reverências aos Bourbons, que ocupam o trono, e isso lhe vale o título de marquês,
conferido por Luís XVIII. Mas era capaz também de gestos de bondade, tanto assim
que ajudou vários pesquisadores pobres.
Ao morrer, a 5 de março de 1827, Laplace tinha conseguido seu objetivo: era
famoso e deixara uma obra importante.
Na Matemática, fez estudos profundos sobre a teoria das probabilidades ‐ na
obra ʺTeoria Analítica das Probabilidadesʺ ‐ e foi quem primeiro demonstrou inte‐
gralmente o teorema de dʹAlembert sobre as raízes das equações algébricas. Como
físico, deixou estudos sobre refração, pêndulos, efeitos capilares, medidas baromé‐
tricas, velocidade do som e dilatação dos corpos sólidos. E, com seu colega Lavoisier,
construiu um calorímetro (instrumento para medir o calor específico dos corpos).
▪
ʺDuvidar de tudo ou crer em tudo. São duas soluções igualmente cômodas, que
nos dispensam ambas de refletir.”
Henri Poincaré
“A Matemática é a mais simples, a mais perfeita e a mais antiga de todas as
ciências”.
Jacques Hadarmard
”Um bom ensino da Matemática forma melhores hábitos de pensamento e habi‐
lita o indivíduo a usar melhor a sua inteligência”.
Irene de Albuquerque
“A Matemática é uma ciência poderosa e bela; problemiza ao mesmo tempo a
harmonia divina do universo e a grandeza do espírito humano”.
F. Gomes Teixeira
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 153 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
CAPÍTULO 15
154
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
mento final de um curso de graduação. Para saber como organizar um documento de
monografia, devemos primeiro entender o que é pesquisa de graduação.
O QUE É PESQUISA EM GRADUAÇÃO?
A marca que distingue uma pesquisa de graduação é ser uma contribuição rele‐
vante, mas não original para o conhecimento. Caso seja original, tanto melhor. A mo‐
nografia é um documento formal com o propósito de provar que o que você tem feito
é uma contribuição para o conhecimento. Falhas na prova de que você fez tal contri‐
buição, geralmente, leva a um fracasso.
Para provar uma contribuição, sua monografia deve mostrar dois fatos impor‐
tantes:
1. que você identificou um problema (ou pergunta) significativo.
2. que você resolveu o problema (ou respondeu a pergunta).
O QUE É A SUA MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO?
O propósito da sua monografia é provar que você fez uma contribuição útil pa‐
ra o conhecimento, os examinadores lêem a sua monografia para encontrar respostas
para as seguintes questões:
1. qual é o problema da pesquisa do estudante?
2. é um bom problema? (ele já tinha sido resolvido, anteriormente? ele é um
problema útil para ser trabalhado?)
3. o estudante me convenceu que o problema tem foi adequadamente resol‐
vido?
4. o estudante tem feito uma contribuição significativa e adequada ao co‐
nhecimento?
Uma definição clara do problema é essencial para provar que você tem feito
uma contribuição relevante ao conhecimento. Para provar a originalidade e o valor
da sua contribuição, você deve apresentar uma breve revisão da literatura já existente
sobre o tema, e também sobre assunto diretamente ligados ao tema. Então, fazendo
referências diretamente aos trabalhos revistos, você deve demonstrar que é impor‐
tante respondê‐lo.
Descrever como você resolveu o problema é usualmente mais fácil que escrever
sobre o problema, porque você esteve intimamente envolvido nos detalhes da solu‐
ção durante o curso de seu trabalho de graduação.
Se a sua monografia não responde adequadamente as perguntas listadas acima,
você enfrentará problemas com os requisitos do seu curso e com a defesa de sua mo‐
nografia. Por estas razões, um esqueleto genérico para uma monografia, dado abaixo,
foi desenhado para enfatizar as respostas para as questões (organizando a mono‐
grafia em seções com títulos).
Este esqueleto pode ser usado para qualquer monografia. Alguns professores
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 155 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
podem preferir outra organização, mas os elementos essenciais em qualquer mono‐
grafia devem ser os mesmos. Outras notas seguem o esqueleto.
Sempre lembre que uma monografia é um documento formal: cada item deve
estar no lugar apropriado, e a repetição de material em diferentes locais deve ser eli‐
minada.
1. INTRODUÇÃO
Esta é uma introdução geral sobre o assunto da monografia – ela não é apenas
uma descrição do que contém cada seção. Brevemente resuma o problema (você em‐
trará nos detalhes do problema depois), algumas das razões justificando a utilidade
do problema, e talvez dar uma visão geral dos resultados. Esta é uma visão com
“olhos‐de‐pássaros” para as principais perguntas, sobre a monografia, comentadas e
listadas acima.
2. INFORMAÇÃO DE CONTEXTO (OPCIONAL)
Uma breve seção dando a informação que pode ser necessária para o enten‐
dimento do trabalho, especialmente se o seu trabalho envolve dois ou mais áreas de
pesquisa. O que significa que os seus leitores podem não ter experiência com algum
material necessário para entender a sua monografia, então este material deve ser
fornecido.
3. REVISÃO DO ESTADO‐DA‐ARTE
Aqui você revisa o estado‐da‐arte que é relevante para a sua monografia. Um
título diferente é provavelmente mais apropriado; A idéia é apresentar (uma análise
crítica vem um pouco depois) as maiores idéias no estado‐da‐arte até o presente mo‐
mento, mas não incluído, as suas pessoais e brilhantes idéias.
Você deve organizar esta seção por idéias, e não por autor ou por publicação.
4. PROBLEMA DE PESQUISA (DEFINIÇÃO DO PROBLEMA)
Na área de engenharia normalmente fala‐se num problema a ser resolvido, em
outras áreas fala‐se sobre um pergunta a ser respondida pela monografia. Em ambos
os casos, esta seção tem três principais partes:
1. uma formulação concisa do problema que sua monografia aborda;
2. justificativa, referenciando diretamente a seção 3, que seu problema ain‐
da não foi resolvido;
3. discussão de porque é útil resolver este problema.
No item 2 é onde você analisa a informação que você apresentou na Seção 3. Na
última parte desta seção você explica porque problemas é útil; por exemplo, des‐
crevendo aplicações para ele. Uma vez que esta é uma das seções que os leitores
estão definitivamente buscando, enfatize‐a pelo uso da palavra “problema” no título
156
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
ʺDefinição do Problemaʺ, ou talvez algo mais específico.
5. DESCREVENDO COMO VOCÊ RESOLVEU O PROBLEMA
Esta parte da monografia é muito mais livre no seu formato. Ela pode ter uma
ou várias seções e subseções. Mas todas elas têm apenas um propósito: convencer os
examinadores que você resolveu o problema que foi enunciado na Seção 4. Então
mostre o que você fez que é relevante para resolver o problema: se no contexto da
solução existem furos e subproblemas [existe uma Seção para isto – trabalhos futuros
e limitações] em aberto não os inclua aqui, a não ser que sejam relevantes para de‐
monstrar que você resolveu o problema.
6. CONCLUSÕES
Você geralmente cobre três pontos nas conclusões, e cada um, usualmente, me‐
receuma subseção:
1. Conclusões
2. Resumo das Contribuições
3. Trabalhos Futuros
Conclusões não são um rápido sumário da monografia: elas são declarações cur‐
tas, concisas inferidas a partir do seu trabalho. Como auxilio, pode‐se organizá‐las
como pequenos parágrafos enumerados, ordenados do mais importante ao menos
importante. Todas as conclusões devem estar diretamente relacionadas ao problema
definido na Seção 4.
O resumo das contribuições será sempre visto e lido com cuidado pelos exami‐
nadores. Aqui você lista as contribuições que a sua monografia fez para o novo co‐
nhecimento. Claro, que a monografia em si deve substantivar todos os argumentos
feitos aqui. Existem sempre uma sobreposição com as conclusões, que é aceitável.
Novamente, parágrafos concisos, enumerados, são uma boa opção. Organize‐os do
mais importante para o menos importante
A seção sobre Trabalhos Futuros inclui as idéias (ou problemas) que você em‐
controu (ou visualizou) durante o seu trabalho e que podem ser exploradas no futu‐
ro. Novamente, um lista de parágrafos concisos é usual.
7. REFERÊNCIAS
A lista de referências é fortemente ligada a revisão do estado‐da‐arte, dado na
Seção 3. Muitos examinadores vasculham a lista de referencias buscando os
trabalhos mais importantes da área, então assegure‐se que eles estejam listados e
referenciados na Seção 3. Deve ser conhecido que muitos examinadores procuram
por suas publi‐cações se elas se enquadram na área tópico da monografia, então liste‐
as também. Além disso, lendo os trabalhos dos seus examinadores você terá uma
visão do tipo de pergunta que eles poderão fazer.
Todas as referências devem ser citadas no corpo principal da monografia. Note
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 157 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
158
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
esta sujeito a complicações justo na hora da defesa.
15.7 DICAS
Mantenha sempre a lembrança de quem serão os seus leitores. Quem é a sua au‐
diência? O quanto você pode razoavelmente esperar que eles já conhecem sobre o
assunto da sua monografia, antes de lerem a mesma? Normalmente eles são bons co‐
nhecedores da problemática geral, mas dificilmente eles estão intimamente envolvi‐
dos com novos avanços que aconteceram nos últimos dois anos; portanto, descreva
claramente os novos conceitos que estão sendo utilizados. Algumas vezes, ajuda
criar um cenário mental onde você esta explicando o problema para uma pessoa que
tem o conhecimento necessário para entender a sua problemática.
Não faça os leitores trabalharem demais! Isto é de fundamental importância.
Escolha títulos de seções e palavras que facilitem a entrega da resposta para estas
perguntas. Quanto mais duro é o trabalho para eles entender o problema, a sua defe‐
sa do problema, a sua resposta para o problema, as suas conclusões e contribuições,
pior sentimento eles terão em relação ao seu trabalho, como conseqüência, mais
condições de ajustes e revisões serão propostas na defesa. Como um corolário ao que
foi exposto: é impossível ser claro demais! Diga as coisas com cuidado, realçando a
partes mais importantes com títulos apropriados, etc. Existe uma imensa quantidade
de informação numa monografia: assegure‐se que você esteja guiando os leitores
diretamente para as respostas das perguntas importantes.
Lembre que uma monografia não é uma história: usualmente ela não segue uma
ordem cronológica das coisas. Ela é um documento formal para responder as princi‐
pais questões.
Evite usar frases como “Claramente, este é o caso...” ou “Obviamente, este é ...”;
dizendo isso, significa que se o leitor não entendeu então ele deve ser ignorante (ou
estúpido). Ele pode não ter entendido por que a sua explicação estava pobre demais.
Evite “red flags”, declarações (tipo ʺ...o software é a parte mais importante de
um sistema de computação”) que são apenas uma opinião pessoal e não estão substa‐
nciadas pela literatura especializada ou pela sua solução. Os examinadores, basea‐
dos nestas afirmações, gostam de fazer perguntas do tipo: Você pode demonstrar que
software é a parte mais importante de um sistema de computação?
O propósito de sua monografia é mostrar claramente a sua contribuição ao
conhecimento. Você pode desenvolver programas de computador, protótipos, e ou‐
tras ferramentas como meios auxiliares nas provas dos pontos, mas lembre, a mono‐
grafia não é sobre a ferramenta, é sobre a contribuição ao conhecimento.
Ferramentas como programas de computadores são produtos bons e úteis, mas
você não pode obter um grau avançado de (conhecimento) apenas pelo
desenvolvimento de uma ferramenta. Você deve usar a ferramenta para mostrar que
você fez uma contribuição original ao conhecimento; i.e., através do seu uso ou das
idéias por traz dela.
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 159 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
15.8 ESTRUTURA GERAL
Anexos
Apêndices
Bibliografia
Conclusão
Corpo da Obra
Introdução
Sumário
Listas
Resumo
Agradecimento
Dedicatória
Aprovação
Folha de Rosto
Capa
15.9 ASPECTOS GRÁFICOS
Folhas e margens
Papel branco A4 (210x297mm).
Fonte 12 para o texto e 10 para transcrições longas (mais de três
linhas) e notas de rodapé.
Tipo de letra: Times New Roman ou Arial
Papel branco A4 (210x297mm).
Somente verso.
Espaço duplo para todo o texto. Espaço simples para os resumos,
transcrições longas, notas de rodapé, referências bibliográficas.
Parágrafo no 10° espaço.
Margem superior e esquerda 3,5cm.
Margem inferior e direita 2,5cm.
Alíneas e citações a 4cm da margem .
Paginação e numeração de capítulos
Páginas antes do sumário numeradas em romanos minúsculos.
Folha de rosto e sumário, contadas mas não numeradas.
Capa não contada nem numerada.
160
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
Apresentação e introdução, contadas mas não numeradas.
A partir da introdução, numeração em arábicos.
Abreviaturas e siglas:
Quando aparecem pela primeira vez, primeiro por extenso e depois
abreviatura ou sigla entre parênteses.
Ilustrações:
FIGURAS: identificação na parte inferior seguida de seu número arábi‐
co e seu título.
TABELAS: identificação na parte superior seguida de seu número
arábico e seu título. Devem ser inseridas o mais próximo possível do
trecho a que se refere.
Lombada: (obrigatório para encadernação capa dura)
Nome do autor com impressão longitudinal (e legível) do alto para o
pé da lombada; Título do trabalho com a impressão na mesma forma
em que se fizer a do Nome do Autor;
Elementos alfanuméricos de identificação, pé lombada: local e ano.
TEXTO COMPLEMENTAR:
BIOGRAFIAS DE MATEMÁTICOS FAMOSOS – PARTE IV
GOTTFRIED WILHELM VON LEIBNIZ (1646 – 1716)
O matemático e filósofo alemão Gottfried Wilhelm von Leibniz, nasceu em 1º
de julho de 1646, e morreu em 14 de novembro de 1716. Foi um gênio universal e um
fundador de ciência moderna. Ele antecipou o desenvolvimento de lógica simbólica
e, independentemente de Isaac Newton, inventou o cálculo com uma notação supe‐
rior, incluindo os símbolos para integração e diferenciação. Leibniz também defen‐
deu ecumenismo Cristão na religião, leis romanas codificadas e lei natural em júris‐
prudência, propôs a lei metafísica de otimismo (satirizada por Voltaire em Candide)
que nosso universo é o ʺmelhor de todos os possíveis mundosʺ, e transmitiu o pen‐
samento chinês para a Europa. Para o seu trabalho, ele é considerado um progenitor
de idealismo alemão e um pioneiro do Esclarecimento.
Leibniz era o filho de um professor de filosofia moral em Leipzig. Uma juven‐
tude precoce, Leibniz aprendeu sozinho o latim e algum grego aos 12 anos de idade,
podendo então ler os livros na biblioteca de seu pai. De 1661 a 1666 ele esteve na
Universidade de Leipzig. Quando recusou admissão a seu programa doutoral em lei
de 1666, ele foi para a Universidade de Altdorf que lhe premiou com o doutorado em
jurisprudência em 1667. Na tradição de Cícero e Francis Bacon, Leibniz escolheu pro‐
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 161 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
curar a vida ativa de um cortesão. Ele recusou um cargo de professor a Altdorf por‐
que ele tinha ʺcoisas muito diferentes à vistaʺ.
Depois de servir como secretário da Sociedade de Rosicrucian em Nuremberg
em 1667, ele se mudou para Frankfurt para trabalhar em reforma legal. De 1668 a
1673 ele serviu o eleitor‐arcebispo de Mainz. Enviaram‐lhe para Paris em 1672 para
tentar dissuadir Louis XIV de atacar áreas alemãs. Leibniz propôs uma campanha
contra o Egito e também para construir um canal pelo Istmo de Suez. Embora suas
propostas fossem despercebidas, Leibniz permaneceu até 1676 em Paris, onde ele
praticou leis, examinou pensamento Cartesiano com Nicolas Malebranche e Antoine
Arnauld, e estudou Matemática e Física com Christian Huygens.
De 1676 até a sua morte, Leibniz serviu a família de Brunswick em Hanover
como bibliotecário, juiz e ministro. Depois de 1686 ele serviu principalmente como
historiador, preparando uma genealogia dos Hanovers baseada no exame crítico de
materiais de fonte primária. À procura de fontes, ele viajou para a Áustria e Itália de
1687 a 1690. Por causa de seu fundo luterano, ele recusou a posição de guarda da
Biblioteca Vaticana que requeria a conversão dele ao Catolicismo. Nos seus últimos
anos, Leibniz tentou construir uma armação institucional para as ciências na Europa
central e Rússia. Ao urgir dele, a Sociedade de Brandenburg (Academia de Ciência
de Berlim) foi fundado em 1700. Ele encontrou‐se várias vezes com Peter o Grande
para recomendar reformas educacionais na Rússia e propôs o que depois se tornou a
Academia de Ciência de Saint Petersburg.
Embora tímido e livresco, Leibniz não conheceu nenhum mestre em disputa.
Depois de 1700 ele opôs a teoria de John Locke que a mente é uma tabula rasa
(tablete em branco) no nascimento e que nós só aprendemos pelos juízos. Ele
protestou forte‐mente a carga da Sociedade Real (1712‐13) de plágio contra ele
relativo à invenção do cálculo. No debate final dele com Samuel Clarke, que
defendeu ciência Newtoniana, Leibniz discutiu que espaço, tempo e movimento são
relativos.
Os trabalhos mais importante de Leibniz são: o de Essais Theodicee (1710) em
que muito de sua filosofia geral é achada, e o Monadology (1714). O trabalho dele foi
siste‐matizado e foi modificado no século 18 pelo filósofo alemão Christian Wolff.
ISSAC NEWTON (1550 – 1617)
Curiosamente, Isaac Newton nasceu menos de um ano apôs a morte de Gali‐
leu (que, por sua vez, nascera três dias antes da morte de Michelangelo, um dos
maiores artistas do Renascimento). Teve saúde extremamente frágil nos primeiros
meses de vida e cedo perdeu o pai, sendo criado pelos avós quando a mãe casou‐se
novamente. Consta que não se destacava muito nos estudos antes da adolescência e
que adorava ficar inventando e construindo pequenos objetos, desde pipas até
relógio solares e de água.
Um tio que trabalhava na Universidade de Cambridge percebeu suas tendências
e conseguiu levá‐lo para estudar nessa universidade. Durante os anos em que lá per‐
maneceu, Newton não foi considerado excepcionalmente brilhante, mas, mesmo as‐
162
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
sim, desenvolveu um recurso matemático que ainda hoje leva seu nome: o binômio
de Newton. (Com esse recurso, pode‐se obter rapidamente as potências da soma de
dois termos.)
Na época em que se formou, uma epidemia de peste assolava Londres, o que o
fez retirar‐se para a fazenda da mãe. Foi ali que fez sua observação mais famosa: viu
uma maça cair de uma árvore. Esse fenômeno corriqueiro o levou a pensar que have‐
ria uma força puxando a fruta para a Terra e que essa mesma força poderia também
estar puxando a Lua, impedindo‐a de escapar de sua órbita, espaço afora. (Só bem
mais tarde, levando em conta os estudos de Galileu e Kepler, além de suas próprias
experiências e cálculos, Newton formularia essa idéia no seguinte princípio: ʺA
velocidade da queda é proporcional à força da gravidade, e inversamente propor‐
cional ao quadrado da distância até o centro da Terraʺ.)
Essa teria sido a primeira vez em que se cogitava que uma mesma lei física (a
atração dos corpos) pudesse se aplicar tanto a objetos terrestres quanto a corpos
celestes. Até então, seguindo o raciocínio de Aristóteles, achava‐se que esses dois
mundos ‐ Terra e céu ‐ tivessem naturezas completamente diferentes, sendo cada um
regido por um conjunto específico de leis.
As experiências de Newton com a luz também possibilitaram descobertas sur‐
preendentes. A mais conhecida delas foi conseguida quando deixou um pequeno
feixe de luz do Sol penetrar numa sala escura e atravessar um prisma de vidro. Veri‐
ficou que o feixe se abria ao sair do prisma, revelando ser constituído de luzes de
diferentes cores, dispostas na mesma ordem em que aprecem no arco‐íris. Para que
essas cores não fossem acrescentadas pelo próprio vidro, Newton fez o feixe colorido
passar por um segundo prisma. Como resultado, as cores voltaram a se juntar, pro‐
vando que sua reunião formava outro feixe de luz branca, igual ao inicial.
O fenômeno da refração luminosa ocorria, de fato, sempre que a luz atravessava
prismas ou lentes (de modo menos pronunciado), o que limitava a eficiência dos
telescópios. Newton projetou então um telescópio refletor, no qual a concentração da
luz, em vez de ser feita com uma lente, era obtida pela reflexão num espelho para‐
bólico. Esse princípio é utilizado até hoje na maioria dos telescópios.
Já conhecido por suas experiências ópticas, Newton retornou a Cambridge,
onde se tornaria professor catedrático de Matemática ( um posto altíssimo), com ape‐
nas 27 anos. Mais tarde, foi eleito membro da Royal Society. Nesta sociedade de
estudos científicos, passou a enfrentar a freqüente inimizade de Robert Hooke. Esse
relacionamento belicoso era piorado pela extrema suscetibilidade de Newton às críti‐
cas. A maior contenda entre os dois (dentre as muitas ocorridas ao longo dos anos)
dizia respeito à natureza da luz: Newton acreditava ser ela composta por partículas;
já para Hooke, a luz era feita de ondas, tal como o som, (Essa disputa prosseguiria até
muito depois da morte de ambos. Podemos hoje considerar, à luz dos conhecimentos
mais avançados, que essa partida resultou, por assim dizer, num empate com dois
vendedores: a luz tem uma natureza simultaneamente ondulatória e corpuscular.)
Outra disputa, desta vez internacional, envolveu Newton e o matemático
alemão Leibniz. Ambos criaram, independentemente ‐ e, para complicar as coisas,
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 163 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
quase ao mesmo tempo ‐ o cálculo infinitesimal, com base nos estudos feitos pelo
francês Pierre de Fermat.
Em 1687, Newton publicou sua mais importante obra, Philosophiae naturalis
principia athematica [Princípios matemáticos da filosofia natural]. Nessa obra, ele
in‐clui todos os seus conhecimentos científicos. Ali constam, por exemplo, suas
famosas três leis do movimento, que lhe permitiram formular matematicamente o
valor da força de atração entre dois corpos quaisquer, em qualquer parte do
universo. Embora Newton soubesse que a gravidade era constante, esse valor ainda
permaneceria desconhecido por um século, até ser determinado por Cavendish.)
Com essa relação, conhecida como lei da gravitação universal, conseguia‐se, por
fim, descrever adequadamente os movimentos de todos os corpos do Sistema So‐lar,
incluindo as menores irregularidades de seus trânsitos. Estas podiam agora ser
explicadas como resultantes da influência gravitacional dos vários corpos entre si.
Se Copérnico costuma ser visto como o iniciador de um período de progresso inte‐
lectual chamado Revolução Científica, Newton pode ser considerado o ápice dessa
ascensão. Suas conclusões explicavam maior número de fenômenos com o menor
número possível de elementos. (isto é o que muitos estudiosos
chamam de ʺsolução eleganteʺ.)
Certa vez, o astrônomo Edmund Halley (o descobridor do cometa que leva seu
nome) perguntou a Newton como conseguia realizar tantas descobertas notáveis. Ele
respondeu que as atribuía mais a um esforço contínuo do pensamento do que à
inspiração ou à percepção súbita. Esse esforço mental, porém, devia deixá‐lo tão
consumido que, aos 50 anos de idade, precisou interromper sua produção por dois
anos, devido a um esgotamento nervoso. (Diz‐se que uma vela teria caído sobre um
calhamaço de cálculos desenvolvidos por vários anos.) Isso não o impediu, porém de
retornar seu trabalho, nem de se tornar membro do Parlamento inglês ou ser diretor
da Casa da Moeda.
Em 1703, foi eleito presidente da Royal Society (quando Hooke já estava morto),
cargo para o qual foi reeleito anualmente, enquanto viveu. Em 1704, publicou Opti‐
cks, livro que versa sobre suas descobertas no campo da Óptica. Curiosamente, New‐
ton ficou grisalho com apenas 30 anos, mas se manteve em atividade mental por toda
a vida. Aos 80 anos, orgulhava‐se de enxergar e ouvir bem e de ainda possuir todos
os dentes!
PEANO (1858 – 1932)
Peano nasceu no dia 27 de agosto de 1858 em Cuneo, Piemont, Itália, e morreu
em 20 de abril de 1932 em Turin, Itália. Foi o fundador da lógica simbólica e o centro
de seus interesses foram os fundamentos da matemática e o desenvolvimento de
uma linguagem lógica formal. Estudou matemática na Universidade de Turin e se
uniu ao de pessoal lá em 1880, sendo designado a uma cadeira em 1890. Em 1889,
Peano publicou os seus axiomas famosos, chamados axiomas de Peano, que defini‐
ram os números naturais em termos de conjuntos. Em 1891 ele fundou a Rivista di
164
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I 1ª Edição – Setembro 2007
matematica, um diário dedicado principalmente à lógica e aos fundamentos da mate‐
mática.
Em 1886 Peano provou que se f(x,y) é contínua então a equação diferencial de
primeira ordem dy/dx=f(x,y) tem uma solução. A existência de soluções com fortes
hipóteses em f tinha sido mais cedo determinada por Cauchy e então Lipschitz. Qua‐
tro anos depois Peano mostrou que as soluções não eram únicas, dando como um
exemplo a equação diferencial dy/dx=3y, com y(0)=0.
Peano introduziu os elementos básicos de cálculo geométrico e deu definições
novas para o tamanho de um arco e para a área de uma superfície encurvada. Ele
inventou as curvas ʹspace‐fillingʹ em 1890, estas são cartografias de [0,1] sobre a
unidade quadrado. Hilbert, em 1891, descreveu similarmente curvas ʹspace‐fillingʹ.
Ele produziu uma definição axiomática do sistema de número natural e mostrou
como o sistema de número real pode ser derivado destes postulados.
Peano estava também interessado em linguagens universais, ou internacionais,
e criou a linguagem artificial Interlingua em 1903. Ele compilou o vocabulário levan‐
do palavras de inglês, francês, alemão e latim. Foi desenvolvido mais adiante por
Alexander Gode. Porém, Peano considerou o seu trabalho em análise matemática ser
de grande significado.
SIMÉON DENIS POISSON (1749 – 1827)
Siméon Denis Poisson foi um engenheiro e matemático francês, famoso por
suas equações. Nasceu em Pithiviers no dia 21 de Junho de 1781. Morreu em Paris, no
dia 25 de Abril de 1840. Filho de um administrador público, entrou para a École
Poly‐technique em 1798, em Palaiseau, onde se formou, estudando com professores
como Lagrange, Laplace e Fourier, dos quais se tornou amigo pessoal.
Poisson foi considerado o sucessor de Laplace no estudo da mecânica celeste e
da atração de esferóides. Desenvolveu também o Expoente de Poisson, que é usado
na transformação adiabática de um gás. Esse expoente é a razão entre a capacidade
térmica molar de um gás à pressão constante e a capacidade térmica molar de um gás
a volume constante. A lei de transformação adiabática de um gás diz que o produto
entre a pressão de um gás e o seu volume elevado ao expoente de Poisson é cons‐
tante.
Contribuiu também para as teorias da eletricidade e do magnetismo e estudou o
movimento da lua. Desenvolveu pesquisas sobre mecânica, eletricidade (a constante
de Poison), elasticidade (razão de Poison), calor, som e estudos matemáticos (integral
de Poison na teoria do potencial e o colchete de Poison nas equações diferenciais)
com aplicação na medicina e na astronomia. Produziu ainda escritos sobre movi‐
mentos de ondas em geral e coeficientes de contração e a relação entre estes e a
extensão.
Em 1812, publicou trabalhos que ajudaram a eletricidade e o magnetismo a tor‐
narem‐se um ramo da física matemática. Na hidrodinâmica, seu mais notável traba‐
lho foi Mémoire sur les équations générales de lʹéquilibre et du mouvement des corps
solides élastiques et des fluides (1829), relacionando equilíbrio de sólidos elásticos e
Professor Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos 165 .
1ª Edição – Setembro 2007 Apostila de Laboratório de Estudos Matemáticos I
▪
ʺSe enxerguei além dos outros, é por que estava no ombro de gigantes.ʺ
Isaac Newton
ʺTenho a impressão de ter sido uma criança brincando à beira‐mar, divertindo‐
me em descobrir uma pedrinha mais lisa ou uma concha mais bonita que as outras,
enquanto o imenso oceano da verdade continua misterioso diante de meus olhosʺ.
Isaac Newton
“A Matemática possui uma força maravilhosa capaz de nos fazer compreender
muitos mistérios de nossa fé”.
São Jerônimo
166
Rodrigo Neves Figueiredo dos Santos
ANEXO 1
• Estudo melhor em casa / biblioteca / sala de estudos / outro lugar?
• Estudo melhor à noite / de manhã / de tarde / aos fins de semana / ao longo da semana?
• Estudo melhor sozinho / com amigo / em grupo?
• Estudo melhor sob pressão ou antecipadamente?
• Estudo melhor com música / em algum lugar sossegado / em algum lugar barulhento?
• Preciso de um intervalo de 30 em 30 minutos / de hora a hora / de duas em duas horas / sem
interrupção?
Preencha um quadro como no modelo em anexo com a previsão de seu estudo para uma
sema‐na genérica.
Registre em cada dia, os intervalos destinados a:
1. Despertar, higiene e a primeira refeição;
2. Horários de aula e horários de trabalho (se for o caso);
3. Deslocamentos e transporte;
4. Alimentação;
5. Pequenos períodos de descanso;
6. Estudo. (Neste item apresente quais matérias você faz, quantas horas irá dedicar a
cada uma delas e como dividirá seu tempo de estudo em tória e prática (exercícios)).
Analise o tempo necessário ao estudo de cada disciplina. Leve em conta seu maior ou menor
co‐nhecimento sobre elas; a extensão de seus programas e os possíveis graus de dificuldade.
Importante: acrescente esta análise na sua avaliação.
Preencha o quadro minuciosamente fornecendo a cada disciplina intervalos próprios,
diferen‐ciando o tempo gasto com o estudo teórico ou revisão, e a prática de exercícios.
Tem de constar no quadro: Cálculo I, Álgebra I, Computação I e LEMA I.
Seja persistente e... flexível. Tenha força de vontade de seguir seus planos de estudo. Não se
esqueça de tirar uma cópia do plano para você. Siga‐os com inteligência e bom senso, modificando‐
os quando for necessário.
NÃO ENTREGAR ESTA FICHA! SOMENTE O ANEXO.
Nome: ______________________________________________________________________________________________________________________________
Matrícula: _______________________________________ Data: _______________________
Estudo melhor em casa / biblioteca / sala de estudos / outro lugar?
__________________________________________________________________________ Estudo melhor à noite / de manhã / de tarde / aos fins de semana
/ ao longo da semana? _______________________________________________________ Estudo melhor sozinho / com amigo / em grupo?
_________________________________________________________________________________________ Estudo melhor sob pressão ou
antecipadamente? _________________________________________________________________________________________ Estudo melhor com música /
em algum lugar sossegado / em algum lugar barulhento? ________________________________________________________ Preciso de um intervalo de
M
A
N
H
Ã
Almoço
T
A
R
D
E
Janta
N
O
I
T
E
Nome: ___________________________________________________________________________________
Matrícula: ________________________________________________ Data: __________________________
FICHA DE AVALIAÇÃO DO CAPÍTULO 03 – EXTRA‐CLASSE
Como parte das atividades desta aula, haverá uma breve visita a Biblioteca Central, com
direção e supervisão de um(a) funcionário(a) capacitado para apresentação dos recursos oferecidos
pela mes‐ma.
Como avaliação será solicitada uma redação, explicitando os recursos apresentados no roteiro
da visita. Como parte complementar da avaliação, será solicitada também a apresentação das
carteiras da Biblioteca Central e Biblioteca Setorial, que devem ser confeccionadas entre o dia da
visita e o dia da entrega da avaliação.
OBSERVAÇÃO: Avaliação composta por 3 itens!
NÃO PREENCHER ESTE QUADRO! □ Carteirinha da BC □ Carteirinha da BS
Redação:
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Nome: ___________________________________________________________________________________
Matrícula: ________________________________________________ Data: __________________________
FICHA DE AVALIAÇÃO DO CAPÍTULO 04 – AULA
Você conhece um trianquad? Escreva a palavra ou frase que a palavra trianquad lhe faz
pensar.
Trianquad me lembra ______________________________________________________________________
Na atividade seguinte (adaptada de Hershkowitz, 1994), você irá conceituar e definir o que é
um trianquad através de exemplos e contra‐exemplos. Observe a seqüência de figuras de 1 a 19 e
apre‐sente dois ou mais atributos relevantes do trianquad. À exceção dos quadros 1 e 2, nos demais
você encontrará informações que vão ajudá‐lo a definir o trianquad. A partir dos atributos listados,
como você definiria um trianquad?
7 não é um 13 não é um
trianquad ! trianquad !
Isto é 8 é um 14 é um
um trianquad ! trianquad ? trianquad ?
1 8 Sim/Não 14 Sim/Não
2 é um 8 não é um 14 é um
trianquad ? trianquad ! trianquad !
9 é um 15 é um
trianquad ? trianquad ?
2 não é um 9 não é um 15 é um
trianquad ! trianquad ! trianquad !
3 é um 10 é um 16 é um
trianquad ? trianquad ? trianquad ?
3 é um 10 é um 16 é um
trianquad ! trianquad ! trianquad !
4 é um 11 é um 17 é um
trianquad ? trianquad ? trianquad ?
4 é um 11 não é um 17 é um
trianquad ! trianquad ! trianquad !
5 é um 12 é um 18 é um
trianquad ? trianquad ? trianquad ?
12 não é um 18 não é um
5 é um trianquad !
trianquad ! trianquad !
13 é um 19 é um
6 é um
trianquad ? trianquad ?
trianquad ?
6 Sim/Não
13 Sim/Não 19 Sim/Não
6 não é um
trianquad !
19 não é um
7 é um
trianquad!
trianquad ? Defina trianquad.
7 Sim/Não
Defina trianquad:
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Nome: ___________________________________________________________________________________
Matrícula: ________________________________________________ Data: __________________________
FICHA DE AVALIAÇÃO DO CAPÍTULO 04 – EXTRA‐CLASSE
Faça uma lista contendo 2 definições, 1 teorema e 1 corolário sobre a matéria de Álgebra I ou
Cálculo I (podem ser sobre conjuntos, funções, limite, derivada, integral, etc...), que ainda não
foram dados em sala de aula. Não é necessário transcrever as demonstrações, somente os
enunciados. Para tal fim, usem seus próprios livros, ou procurem nas bibliotecas Central e Setorial.
Não se esqueçam anotar na lista de qual livro foi tirado cada um e sua respectiva página.
Definição 1:
Referência:
Definição 2:
Referência:
Teorema:
Referência:
Corolário:
Referência:
Nome: ___________________________________________________________________________________
Matrícula: ________________________________________________ Data: __________________________
FICHA DE AVALIAÇÃO DO CAPÍTULO 05 – EXTRA‐CLASSE
Faça um mapa conceitual versando sobre conjuntos, com ao menos 10 conceitos chave. Apre‐
sente uma listagem dos conceitos usados. Atente para o fato de um mapa conceitual bem
organizado, possibilita que o professor consiga entender com mais clareza os conceitos expressos
no mesmo.
Listagem dos Conceitos
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Desenho do Mapa Conceitual
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Matrícula: ________________________________________________ Data: __________________________
FICHA DE AVALIAÇÃO DO CAPÍTULO 06 – EXTRA‐CLASSE
Faça um resumo indicativo ou descritivo, de no máximo 1 (uma) página, sobre algum dos
textos complementares que estão distribuídos ao longo da apostila. O resumo pode ser feito à mão
ou digi‐tado. Mas a entrega terá de ser impressa. Use apenas 1 (um) parágrafo para cada temática do
texto.
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FICHA DE AVALIAÇÃO DO CAPÍTULO 07 – EXTRA‐CLASSE
Faça um resumo crítico ou resenha, de no máximo 1 (uma) página, sobre algum dos textos
com‐plementares que estão distribuídos ao longo da apostila (não use o mesmo texto para o qual
você fez o resumo). A resenha pode ser tanto feito à mão quanto digitada. Mas a entrega terá de ser
impressa.
Não se esqueça de deixar bem claras suas opiniões sobre o tema.
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Matrícula: ________________________________________________ Data: __________________________
FICHA DE AVALIAÇÃO DO CAPÍTULO 08 – EXTRA‐CLASSE
Escolha um livro técnico, preferencialmente de nível universitário (Cálculo, Álgebra, etc...),
do qual você já tenha tido um contato substancial e faça o fichamento do mesmo. Um livro
paradidático, de nível fundamental ou médio, necessariamente versando sobre matemática,
também será aceito.
Ficha Bibliográfica
01 – Título da obra:
02 – Autor:
03 – Tradutor:
04 – Editor:
05 ‐ Edição / N° de páginas:
06 – Referência Bibliográfica do Livro no Formato ABNT (Veja na folha de rosto do livro):
07 – Dados extraídos da orelha e/ou apresentação:
08 – Apresentação, quadros e exercícios:
09 – Primeiras impressões do livro ou Resenha sobre o mesmo:
10 – Data:
Nome: ___________________________________________________________________________________
Matrícula: ________________________________________________ Data: __________________________
FICHA DE AVALIAÇÃO DO CAPÍTULO 09 – EXTRA‐CLASSE
Faça uma lista contendo 4 referências completas de livros de cálculo, 4 referências completas
de livros de álgebra, e 4 referências completas de artigos de revistas matemáticas ou livros
paradidáticos (neste caso, pode ser artigos de congresso, periódicos ou revista de olimpíada,
contanto que versem sobre o universo matemático). NOTA: As referências devem estar formatadas
segundo os critérios da ABNT, como apresentado na apostila.
Referências sobre livros de Cálculo I
Referência 1
Referência 2
Referência 3
Referência 4
Referências sobre livros de Álgebra I
Referência 1
Referência 2
Referência 3
Referência 4
Referências sobre livros paradidáticos, periódicos, ou monografias
Referência 1
Referência 2
Referência 3
Referência 4
FICHA DE AVALIAÇÃO DO CAPÍTULO 10 – EXTRA‐CLASSE
Durante a aula serão distribuídos artigos versando sobre diversos temas matemáticos.
Grupos de, no máximo, 4 alunos devem ler estes artigos em casa, e montar um resumo no formato
do presente no Anexo 2 ao final desta apostila, como se fossem eles os autores. Caso o grupo se
interesse por outro trabalho, fora os apresentados em sala, fica a critério do professor avaliar se o
artigo se adequa ou não as exigências da avaliação. O trabalho tem que ser feito necessariamente
em Word e impresso para ser entregue ao professor. Entregar junto com o artigo, uma ficha desta
preenchida, por grupo.
Nota para formatação do artigo (*):
Título do Artigo:
Autores Originais:
Informações sobre os componentes dos grupos na apresentação
2º Integrante:
3º Integrante:
4º Integrante:
Caso o grupo opte por um artigo alternativo, adicione neste campo sua referência no formato
ABNT:
(*) Favor não preencher estes campos.
FICHA DE AVALIAÇÃO DO CAPÍTULO 11 – EXTRA‐CLASSE
Durante a aula do capítulo 10 foram distribuídos artigos. Grupos de 4 alunos leram estes
artigos em casa, e montaram um resumo dos mesmos, como se fossem eles os autores. Esta avaliação
constará da apresentação oral, do mesmo grupo, deste resumo. Para tal fim, serão disponibilizados
os recursos do retroprojetor (para apresentações em transparências) e do data show (para
apresentações em Po‐werPoint, com disquete, cd‐rom ou pen‐drive).
Cada grupo terá 12 min de apresentação, onde todos os componentes do grupo devem
demons‐trar uma participação igualitária. Sugere‐se que as dicas sobre apresentações do capítulo 11
da apos‐tila sejam consideradas.
Farão parte desta avaliação:
1. Porcentagem de participação na apresentação em relação ao grupo.
2. Desenvoltura de expressão e domínio conteúdo do artigo.
3. Confiança e segurança com as respostas para os questionamentos ao final da
apresentação.
Para esta avaliação não haverá justificativa, nem meios de compensar o atraso.
NÃO ENTREGAR ESTA FICHA!
SOMENTE A FICHA DO CAPÍTULO 10 E O ARTIGO NO FORMATO DO ANEXO 2.
Nome: ____________________________________________________Matrícula: ______________________
Nome: ____________________________________________________Matrícula: ______________________
Data: __________________________
FICHA DE AVALIAÇÃO DO CAPÍTULO 12 – AULA
No final da aula serão distribuídos diversos projetos de monografia elaborados por ex‐alunos
de graduação do curso de licenciatura em matemática da UFRRJ. Estes projetos devem ser avaliados
por uma dupla de alunos, onde as principais características da formatação e objetivos dos projetos
devem ser ressaltadas e criticadas.
Tempo para leitura e avaliação do projeto: 40 min.
Título do Projeto:
Autor(a):
O projeto segue a estrutura padrão apresentada em sala? ( ) Sim ( ) Não
Em caso negativo, aponte suas falhas:
1. ___________________________________________________________________________
2. ___________________________________________________________________________
3. ___________________________________________________________________________
4. ___________________________________________________________________________
Escreva, com suas palavras, quais os objetivos do projeto:
1. ___________________________________________________________________________
2. ___________________________________________________________________________
3. ___________________________________________________________________________
4. ___________________________________________________________________________
Os objetivos foram bem claros e condizem com a justificativa? Por quê?
_________________________________________________________________________________________
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_________________________________________________________________________________________
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_________________________________________________________________________________________
Com sinceridade, as justificativas do projeto convenceram sobre sua relevância? Por quê?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
Qual o tipo de pesquisa sugere este projeto de monografia,
Quanto à sua natureza: _______________________________________________________________
Quanto à abordagem: ________________________________________________________________
Quanto aos objetivos: ________________________________________________________________
Quanto aos procedimentos técnicos: ____________________________________________________
Nome: ____________________________________________________Matrícula: ______________________
Data: __________________________
FICHA DE AVALIAÇÃO DO CAPÍTULO 13 – EXTRA‐CLASSE
Procure informações sobre 3 (três) professores do Departamento de Matemática ou do
Instituto de Educação da UFRRJ. Reúna dados sobre a titulação máxima de cada um (Mestrado,
Doutorado ou Pós‐Doutorado), em qual área e qual sub‐área esta titulação foi obtida, e quais as 3
principais áreas de atuação em que eles vem desenvolvendo seus trabalhos no momento.
Existem duas formas de obter estas informações:
1. Diretamente com os professores escolhidos;
2. Através da pesquisa de seus currículos pelo banco de dados do CNPq. Para isto,
acesse o site http://lattes.cnpq.br/index.htm, e selecione “Buscar Currículos”. Depois
basta digi‐tar o nome completo do professor que deseja obter informações. Para obter
o nome com‐pleto dos professores, procure a secretaria ou coordenação do Demat.
Antes de se informar sobre os professores, responda a seguinte pergunta:
Quais os ramos da graduação da UFRRJ lhe despertam mais interesse (no máximo 2 (dois))?
□ Matemática Pura
□ Matemática Aplicada e Computacional
□ Computação Pura
□ Educação Matemática
□ Estatística
NOTA: A pesquisa sobre os professores, ficará restrita, necessariamente, aos que atuam no ra‐
mo indicado pelo aluno na resposta acima.
Professor 1
Nome completo do professor:
Titulação:
Em qual área:
Em qual sub‐área:
Em que atua no momento:
1. ________________________________________________________________________________
2. ________________________________________________________________________________
3. ________________________________________________________________________________
Professor 2
Nome completo do professor:
Titulação:
Em qual área:
Em qual sub‐área:
Em que atua no momento:
1. _______________________________________________________________________________
2. _______________________________________________________________________________
3. _______________________________________________________________________________
Professor 3
Nome completo do professor:
Titulação:
Em qual área:
Em qual sub‐área:
Em que atua no momento:
1. ________________________________________________________________________________
2. ________________________________________________________________________________
3. ________________________________________________________________________________
Dentre as áreas que atuam os 3 professores, qual que lhe chamou mais atenção? Explique.
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Classifique as matérias que você faz pelo nível de dificuldade que está tendo na sua assimilação:
Cálculo I □ Muito fácil □ Fácil □ Normal □ Difícil □ Muito difícil
Álgebra I □ Muito fácil □ Fácil □ Normal □ Difícil □ Muito difícil
Computação I □ Muito fácil □ Fácil □ Normal □ Difícil □ Muito difícil
LEMA I □ Muito fácil □ Fácil □ Normal □ Difícil □ Muito difícil
Qual conteúdo das disciplinas lhe dá mais prazer em estudar fora de aula, e o que lhe dá menos:
Nome: ___________________________________________________________________________________
Matrícula: ________________________________________________ Data: __________________________
FICHA DE AVALIAÇÃO DO CAPÍTULO 14 – EXTRA‐CLASSE
Faça dois fichamentos bibliográficos resumidos sobre livros de metodologia científica,
normati‐zação de trabalhos científicos, etc...
Ficha Bibliográfica Resumida
01 – Título da obra:
02 – Autor(es):
03 ‐ Edição / N° de páginas:
04 – Referência Bibliográfica do Livro no Formato ABNT (Veja na folha de rosto do livro):
05 – Primeiras impressões do livro ou Resenha sobre o mesmo:
Ficha Bibliográfica Resumida
01 – Título da obra:
02 – Autor(es):
03 ‐ Edição / N° de páginas:
04 – Referência Bibliográfica do Livro no Formato ABNT (Veja na folha de rosto do livro):
05 – Primeiras impressões do livro ou Resenha sobre o mesmo:
Nome: ___________________________________________________________________________________
Matrícula: ________________________________________________ Data: __________________________
FICHA DE AVALIAÇÃO DO CAPÍTULO 15 – EXTRA‐CLASSE
Faça dois fichamentos bibliográficos resumidos de monografias encontradas na biblioteca
seto‐rial. Os assuntos podem ser a sua escolha, mas devem ter sido redigidas por alunos da
matemática.
Ficha Bibliográfica da Monografia 1
01 – Título da monografia
02 – Autor / Orientador:
03 – Ano / Período/ N° de páginas:
04 – Resumo da Monografia:
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Ficha Bibliográfica da Monografia 2
01 – Título da monografia
02 – Autor / Orientador:
03 – Ano / Período/ N° de páginas:
04 – Resumo da Monografia:
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Por qual razão você optou por estas duas monografias? O que lhe chamou atenção nos títulos?
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Modelo de artigo para a formatação do trabalho da Aula 10 de LEMA I Prof. Rodrigo
Sicrano A. da Silva
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - Departamento de Matemática
88040-900, Br 465, km 49, Campus Seropédica, RJ
E-mail: sicrano@ufrrj.br
RESUMO