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Este texto tem por objetivo apoiar os estagiários no estudo das

matérias que fazem parte do módulo de Técnicas de Salvamento


e Desencarceramento, complementando o estudo do Manual de
Formação Inicial do Bombeiro “Salvamento e Desencarceramento”
com atualização de alguns conceitos.

EDIÇÃO:

Escola Nacional de Bombeiros


Direção Pedagógica
julho 2016.

MAQUETIZAÇÃO E ILUSTRAÇÕES:

Victor Hugo Fernandes

 © ESCOLA NACIONAL DE BOMBEIROS – 2016


UNIDADE
M500U1
Salvamento sistematizado

SESSÃO 1
Conceitos, organização e equipamentos

PROGRAMA

• Acidente, salvamento e encarceramento;


• Tipos de encarceramento;
• Desencarceramento de vítimas;
• Organização das operações de socorro;
• Equipamento de desencarceramento.

ObjetivoS ESPECÍFICOS

No final da sessão os estagiários deverão ser capazes de:

• Definir acidente, salvamento e encarceramento;


• Classificar o salvamento em acidentes rodoviários;
• Categorizar os diferentes tipos de encarceramento;
• Explicar o conceito de desencarceramento;
• Descrever os princípios do estacionamento defensivo;
• Enumerar e descrever as zonas de trabalho associadas à organização de um
acidente;
• Reconhecer as diferentes funções de uma equipa de desencarceramento;
• Distinguir as tarefas a executar pelos elementos de uma equipa de salva-
mento e desencarceramento;
• Identificar diversos tipos de equipamento de desencarceramento.

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1.
Acidente, salvamento Um acidente pode definir-se como o evento inesperado ou indesejável que causa
e encarceramento danos ou perdas a um número reduzido de indivíduos e/ou danos reduzidos ou
limitados em estruturas. Esta definição, porém, não se aplica, exclusivamente
aos acidentes rodoviários. Na verdade, o termo acidente deve ser utilizado para
identificar todos os eventos do dia-a-dia que obrigam à intervenção de socorro
por parte dos corpos de bombeiros, como por exemplo, os incêndios.
Os acidentes resultam, muitas vezes, no salvamento de pessoas, isto é, retirar
alguém de uma situação de perigo, procurando, não só salvar, mas também
garantir a qualidade de vida da vítima.
No caso dos acidentes rodoviários, os salvamentos podem classificar-se da
seguinte forma:
• Salvamento ligeiro: quando é efetuado em veículos ligeiros;
• Salvamento médio: quando é efetuado em veículos ligeiros de nove lugares,
de mercadorias e mistos;
• Salvamento pesado: quando é efetuado em veículos pesados de
mercadorias;
• Salvamento especial: quando é efetuado em veículos pesados de
passageiros.

O salvamento de pessoas em acidentes rodoviários está diretamente ligado ao


encarceramento, isto é, à situação em que a vítima do acidente se encontra
confinada a um espaço do qual não pode sair pelos seus próprios meios, quer
devido a lesões sofridas, quer por estar presa nas estruturas envolventes.

2.
Tipos de encarceramento São três os tipos de encarceramento que podem resultar de um acidente:
• Encarceramento mecânico;
• Encarceramento físico tipo I;
• Encarceramento físico tipo II.

O encarceramento mecânico é a situação em que a vítima, embora possa


não apresentar lesões, está impossibilitada de sair pelos seus próprios meios
devido à deformação do veículo.
Por seu lado, o encarceramento físico tipo I, é a situação em que a vítima
apresenta lesões que requerem a criação de espaço adicional para que, em
condições de segurança, lhe sejam prestados os cuidados pré-hospitalares
necessários à sua estabilização e a extração seja o mais controlada possível.
Quanto ao encarceramento físico tipo II, é a situação em que a vítima
apresenta lesões devido ao contacto físico com as estruturas do veículo, que
podem incluir a penetração de componentes no corpo da vítima.

Fig. 1.
Ilustração iconográfica dos
três tipos de encarceramento.

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3.
Quando as vítimas se encontram encarceradas, devem ser efetuadas manobras Desencarceramento
de desencarceramento, isto é, de extração de vítimas encarceradas, retirando- de vítimas
as nas mesmas condições ou em condições mais estáveis, do que aquelas em
que se encontravam quando as ações de socorro se iniciaram.

4.
A organização das operações de socorro é determinante na qualidade do Organização das
socorro prestado e divide-se em: operações de socorro
• Organização do local do acidente (teatro de operações);
• Organização da equipa de desencarceramento.

No primeiro caso, O primeiro veículo a chegar ao local deve assumir um


estacionamento defensivo, por forma a proteger a equipa de socorro e os
envolvidos no acidente, colocando-se:
• A um mínimo de 15 metros antes do acidente;
• Em posicionamento defensivo (estacionamento feito no sentido do trânsito).

Para se exercer controlo sobre o local do acidente, é necessário que se


estabeleçam as seguintes zonas de intervenção, que envolvem a área do
acidente:
• Zona de sinistro (ou zona de trabalho interior);
• Zona de apoio (ou zona de trabalho exterior).

A zona de sinistro, também designada por zona de trabalho interior, é uma


área imaginária de mais ou menos cinco metros, em redor da área do acidente,
à qual só têm acesso:
• A equipa de desencarceramento;
• A equipa pré-hospitalar.

Todos os destroços devem ser removidos para fora desta zona.


Por seu lado, a zona de apoio, também designada por zona de trabalho exterior,
de amplitude variável e adaptável à configuração do acidente, nunca inferior à
zona de sinistro, é a área definida pelo chefe de equipa, que engloba:
• Depósito de destroços;
• Equipamento de desencarceramento;
• Equipamento pré-hospitalar;
• Equipamento complementar.

No local do acidente comparecem todos os meios de socorro que intervêm na


operação, como:
• Equipa de desencarceramento;
• Equipa pré-hospitalar;
• Forças de segurança;
• Meios complementares especializados (reboques, etc.).

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A equipa de desencarceramento é composta por seis bombeiros designados e
numerados da seguinte forma:
• Chefe de equipa (n.º 1);
• Operadores de ferramentas (n.º 2 e n.º 3);
• Assistente de segurança (n.º 4);
• Socorrista (n.º 5);
• Assistente geral (n.º 6).

Fig. 2.
Ilustração iconográfica dos elementos
da equipa de desencarceramento.

Ao chefe de equipa (n.º1) que, preferencialmente deve estar identificado para


que seja facilmente reconhecido, compete:
• Efetuar o reconhecimento;
• Formular o plano de ação;
• Chefiar os elementos da sua equipa;
• Ser o elemento de referência para as outras equipas que intervêm.

Os operadores de ferramentas (n.º 2 e n.º 3) executam todas as manobras


técnicas:
• Estabilização do(s) veículo(s) e cargas;
• Operação com as ferramentas;
• Abertura de acessos;
• Criação de espaço.

Ao assistente de segurança (n.º 4) compete:


• Efetuar o reconhecimento com o chefe de equipa, de modo a avaliar os
aspetos de segurança;
• Controlar os riscos;
• Zelar pela segurança das vítimas, equipa de socorro e curiosos;
• Controlar a estabilização, remover os destroços e aplicar as proteções nos
pontos agressivos.

O socorrista (n.º 5) é o elemento de referência para a vítima, competindo-lhe:


• Estabelecer contacto com a vítima o mais precocemente possível;
• Efetuar o exame da vítima;
• Prestar os cuidados pré-hospitalares;
• Proceder à extração;
• Colaborar com a equipa pré-hospitalar.

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Ao assistente geral (n.º 6) compete:
• Preparar a área de equipamento;
• Providenciar o equipamento aos operadores;
• Garantir o funcionamento do grupo energético e demais equipamento;
• Atuar em caso de incêndio.

O quadro seguinte resume a distribuição de tarefas pelo pessoal da equipa de


desencarceramento:

5.
A utilização de equipamento de desencarceramento requer treino adequado. Equipamento de
O conhecimento geral do manuseamento e características do equipamento desencarceramento
permite rentabilizá-lo e operar em segurança.
O equipamento de desencarceramento agrupa-se da seguinte forma:
− Equipamento hidráulico;
− Equipamento pneumático;
− Equipamento mecânico.

Para além destes conjuntos de equipamento e de acordo com o Regulamento


de Especificações Técnicas de Veículos e Equipamentos Operacionais dos
Corpos de Bombeiros, existem, ainda, o equipamento de estabilização e o
equipamento diverso.

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SESSÃO 2
Método SAVER®

PROGRAMA

• Fases do método SAVER®;


• Fase 1 - Reconhecimento;
• Fase 2 - Estabilização e controlo de riscos;
• Fase 3 - Abertura de acessos;
• Fase 4 - Cuidados pré-hospitalares;
• Fase 5 - Criação de espaço;
• Fase 6 - Extração;
• Fase 7 - Avaliação e treino;
• Método SAVER® aplicado aos veículos pesados.

ObjetivoS ESPECÍFICOS

No final da sessão o estagiário deverá ser capaz de:

• Identificar os princípios associados à fase do reconhecimento;


• Descrever os princípios associados à fase da estabilização e controlo dos
riscos;
• Reconhecer os princípios associados à fase da abertura de acessos;
• Identificar os princípios associados às fases dos cuidados pré-hospitalares
e da criação de espaço;
• Descrever os princípios associados à fase da extração;
• Definir os princípios associados à fase da avaliação e treino;
• Enumerar os procedimentos do Método SAVER® em veículos pesados.

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1.
Fases do método SAVER® O método SAVER (Systematic Approach to Vital Emergency Response),
consiste na abordagem sistematizada em resposta a situações de emergência,
através das sete fases seguintes:
• Reconhecimento;
• Estabilização e controlo de riscos;
• Abertura de acessos;
• Cuidados pré-hospitalares;
• Criação de espaço;
• Extração;
• Avaliação e treino.

Fig. 3.
Fases do método SAVER®.

2.
Fase 1 - Reconhecimento O reconhecimento inicia-se na receção do pedido de socorro, na qual se
procura identificar:
• Localização do acidente;
• Veículos (número e tipo);
• Vítimas (número e lesões aparentes);
• Riscos presentes.

E prossegue na aproximação ao local do acidente, onde se deve avaliar:


• Posicionamento dos veículos de socorro;
• Condições de segurança do local;
• Necessidade de meios adicionais.

Continua no local do acidente, de modo a:


• Garantir a segurança da equipa;
• Distribuir as tarefas a realizar;
• Efetuar o ponto de situação.

Com o reconhecimento, pretende-se identificar todos os riscos e solicitar apoio


específico, em caso de necessidade.

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3.
A estabilização e controlo de riscos tem por objetivo: Fase 2 - Estabilização e
controlo de riscos
• Garantir a segurança no local do acidente para:
− Equipas de socorro;
− Vítimas;
− Curiosos.
• Criar as condições de segurança:
− Em redor do veículo acidentado;
− No interior do veículo acidentado.

Com vista à segurança no local do acidente e à minimização dos riscos, devem


ser adotadas as seguintes medidas:
• Utilizar equipamento de proteção individual;
• Adotar o estacionamento defensivo;
• Organizar o local do acidente;
• Afastar os curiosos.

A criação de condições de segurança pressupõe:


• Estabilização do local;
• Estabilização dos veículos acidentados;
• Estabilização progressiva.

A estabilização do local implica controlar os riscos existentes antes de o


salvamento se iniciar. São exemplos:
• Controlar o risco de incêndio;
• Estabilizar postes ou árvores em risco de queda.

A estabilização dos veículos é fundamental para prevenir lesões causadas


por movimentos desnecessários dos veículos. São exemplos:
• Anular o efeito de suspensão;
• Prevenir ativação dos sistemas de segurança do veículo;
• Estabilizar um veículo em plano inclinado.

Ter em atenção que, para veículos em posições diferentes, devem ser utilizados
métodos e equipamentos diferentes. Por outro lado, na aplicação do material
de estabilização, garantir que a sua aplicação não interfere na operação de
salvamento.
A estabilização progressiva procura garantir a completa estabilização durante
a operação de salvamento. São exemplos:
• Verificar a estabilização durante as operações;
• Estabilizar um veículo capotado;
• Estabilizar uma carga durante e após a sua movimentação.

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4.
Fase 3 - Abertura de acessos A abertura de acessos tem por objetivo colocar o socorrista ou equipa
pré-hospitalar junto da vítima, utilizando o caminho mais fácil e seguro:
• Através das janelas;
• Através das portas/teto de abrir.

Na abertura de acessos, quando se utiliza equipamento de desencarceramento,


inicia-se a abertura pelo ponto mais distante da vítima.

5.
Fase 4 - Cuidados A fase de cuidados pré-hospitalares visa manter a vítima na mesma ou em
pré-hospitalares melhor condição do que aquela em que se encontrava no início da operação
de socorro.
Atuar na fase de cuidados pré-hospitalares envolve:
• Efetuar a avaliação da vítima (ABCDE);
• Estabelecer prioridades;
• Efetuar os protocolos adequados à condição clínica da vítima.

A avaliação da vítima implica:


A – Via aérea;
B – Ventilação;
C – Circulação;
D – Disfunção neurológica;
E – Exposição com controlo de temperatura.

Fig. 4.
Avaliação da vítima.

Na fase de cuidados pré-hospitalares, o chefe de equipa define o plano de


ação com base nas indicações sobre o estado clínico da vítima dadas pelo
responsável da equipa pré-hospitalar. Este, por seu lado, mantém o chefe da
equipa de desencarceramento informado do estado clínico da vítima e comunica
possíveis alterações do tempo disponível para a criação de espaço.
A comunicação entre os membros da equipa deve ter em conta o seguinte:
• Não gritar;
• Falar calmamente na presença das vítimas;
• Utilizar preferencialmente linguagem gestual;
• Ter em atenção que pode ser necessário interromper as operações (período
de silêncio).

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6.
A criação de espaço tem por objetivos: Fase 5 - Criação de espaço
• Prestar os cuidados pré-hospitalares de forma continuada;
• Remover as vítimas do veículo com o menor número de movimentos possível.

A criação de espaço desenvolve-se em simultâneo com a fase 4, cuidados pré-


hospitalares. Na criação de espaço há uma constante “negociação” entre o
responsável da equipa pré-hospitalar e o chefe da equipa de desencarceramento.
Quando se atua na criação de espaço:
− As ações devem seguir o plano estabelecido, que deve ser do conhecimento
de toda a equipa;
− Devem ser tidos em conta o tempo e as necessidades.

O objetivo será aliar a qualidade da manobra ao tempo disponível – Qualitempo


– isto é, otimizar o tempo disponível face ao estado clínico da vítima, ou seja, o
estado clínico da vítima influencia as técnicas e o espaço a criar.
As técnicas de criação de espaço são as seguintes:
• Remoção do tejadilho (parcial/total);
• Abertura forçada da porta pela fechadura;
• Abertura forçada da porta pelas dobradiças.
• Levantamento do tablier;
• Afastamento do tablier;
• Abertura do painel lateral;
• Abertura da 3.ª porta;
• Abertura à retaguarda em concha;
• Abertura lateral em concha.

7.
A extração de vítimas é uma fase que requer a coordenação de um médico ou Fase 6 - Extração
de técnico de emergência pré-hospitalar mais diferenciado. É essencial que as
vítimas não sejam extraídas antes de serem prestados os cuidados necessários
à sua estabilização.
A extração de uma vítima implica a comunicação permanente entre a equipa e
o chefe. As ordens para movimentar a vítima devem ser definidas previamente,
nomeadamente quanto à direção da movimentação e ao espaço que a vítima vai
percorrer. É necessário garantir que toda a equipa compreendeu as indicações
antes de movimentar a vítima.
Na extração podem ser utilizadas as seguintes opções:
− Extração controlada;
− Extração rápida;
− Extração imediata.

Fig. 5.
Tipologias de extração.

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A extração controlada é efetuada quando as condições clínicas da vítima
permitem ter tempo para proceder à necessária criação de espaço e prestação
dos cuidados pré-hospitalares adequados.
A extração rápida efetua-se quando não é possível estabilizar o ABC da
vítima no local, mas a situação permite criar algum espaço para se proceder à
extração.
A extração imediata é efetuada quando existe compromisso de ABC sem
resolução (ex.: paragem cardiorrespiratória), pelo que a vítima tem que ser
imediatamente removida do veículo para lhe serem prestados os cuidados
pré-hospitalares adequados. A presença de perigo para a equipa de socorro
ou para a vítima é também um indicador para este procedimento. A extração
imediata deve ser:
− Executada de forma a prevenir novas lesões;
− Considerada como a última opção.

Ter em atenção que não é possível de executar perante um encarceramento


físico tipo II.

8.
Fase 7 – Avaliação e treino A avaliação deve ser efetuada, preferencialmente no local com todos os
intervenientes, salientando-se:
• O que correu bem;
• O que fazer de forma diferente;
• Lições para o futuro.

O treino deve contemplar os seguintes aspetos:


• Ser multidisciplinar;
• Recorrer a vítimas simuladas;
• Utilizar veículos deformados;
• Envolver comunicações.

9.
Método SAVER aplicado
®
Os veículos pesados de mercadorias, classificam-se da seguinte forma:
aos veículos pesados • Camião (com ou sem reboque);
• Semirreboque (trator e galera);
• Veículos especiais (ex: transporte de cavalos, transporte de ferro, gruas).

Os veículos pesados de mercadorias possuem as seguintes características:


• Cabina avançada com zonas de deformação limitadas;
• Habitáculo reforçado;
• Revestimento da cabina (fibra de vidro, polyester);
• Dormitório na cabina;
• Estrutura da cabina reforçada;
• Dobradiças resistentes e de difícil acesso;

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• Airbags (opcional);
• Baterias (diferentes localizações);
• Depósitos de combustível (grande capacidade);
• Líquido de arrefecimento do motor (grande capacidade);
• Dispositivo de acoplamento (semirreboques);
• Sistema de travões (bloqueio do veículo).

Um em cada onze acidentes fatais envolve veículos pesados de mercadorias,


que envolvem uma grande quantidade de energia cinética.
Quanto ao mecanismo de lesão, a maior probabilidade vai para o encarceramento
físico tipo II.
Na cabina dos veículos pesados de mercadorias podem identificar-se as
seguintes partes:

Pilar A
Barra de reforço Coluna de direção
Pilar B

Barra de reforço

Para-choques

Degrau

Fig. 6.
Estrutura do veículo pesado
de mercadorias.

Na fase 1 – reconhecimento, é necessário ter em conta o seguinte:


• Verificar o compartimento de carga (refrigeração);
• Desligar o motor (perguntar ao condutor se possível);
• Carga e documentação (em caso de dúvida confirmar pela guia de
transporte);
• Veículo tombado NÃO abrir o compartimento de carga;
• Localizar as baterias;
• Confirmar a presença de outros passageiros (dormitório na cabina).

Quanto à fase 2 – estabilização e controlo de riscos, deve ser verificada


a altura do veículo para identificar a necessidade de plataforma e, ainda, os
perigos específicos na cabina, como:
• Máquina de café;
• Televisor;
• Ar condicionado/aquecimento;
• Circuito elétrico (220 – 230V);
• Armas de fogo carregadas.

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Na fase 3 – abertura de acessos, quanto à remoção de portas, ter em
atenção:
• As dobradiças;
• O peso;
• O risco de queda (altura).

Na fase 4 – cuidados pré-hospitalares, é necessário avaliar os mecanismos


de lesão - na generalidade lesões torácicas, abdominais e nos membros
inferiores - e o espaço da cabina.

Na fase 5 – criação de espaço, o afastamento parcial do tablier, implica:


• Corte na barra de reforço do tablier;
• Colocar extensor-RAM entre pilares em tensão;
• Corte inferior no pilar A;
• Corte superior no pilar A;
• Atenção às estruturas reforçadas.

Por vezes, é necessário remover o tejadilho pela retaguarda.


Na fase 6 – extração, face aos condicionalismos da altura, as vítimas são
imobilizadas em plano duro, em cima da plataforma, para se proceder à sua
deslocação.

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UNIDADE
M500U2
Operações de salvamento
e desencarceramento

SESSÃO 1
Estabilização de veículos

PROGRAMA

• Sistemas de segurança ativos e passivos;


• Estrutura dos veículos ligeiros;
• Veículos diferenciados;
• Componentes dos veículos;
• Segurança na ação;
• Estabilização de veículos;
• Estabilização dos sistemas passivos de segurança.

ObjetivoS ESPECÍFICOS

No final da sessão os estagiários deverão ser capazes de:

• Identificar os sistemas de segurança de um veículo e a sua forma de funcio-


namento;
• Enumerar as diferentes partes de um veículo;
• Citar os procedimentos em acidente rodoviários com veículos de diferentes
formas de propulsão;
• Definir os tipos de vidros existentes num veículo e as diferentes formas de
os trabalhar;
• Definir os princípios da estabilização de veículos nas diversas posições;
• Citar o material de estabilização;
• Descrever os princípios de estabilização dos sistemas passivos de seguran-
ça.

© ESCOLA NACIONAL DE BOMBEIROS – 2016 17


1.
Sistemas de segurança Os veículos são concebidos por forma a garantir a máxima proteção possível
ativos e passivos aos seus ocupantes em caso de acidente, pelo que estão providos de sistemas
de segurança, que podem ser:

Fig. 7.
Sistemas de segurança

São sistemas de segurança ativos:


• ABS (Anti-lock Braking System);
• ASR (Anti-Slip Regulation);
• ESP (Electronic Stability Program).

São sistemas de segurança passivos estáticos:


• Zonas de deformação;
• Sistemas defletores de energia;
• Estrutura que não permite a penetração do habitáculo;
• Bancos traseiros em HSLA.

Quanto aos sistemas de segurança passivos dinâmicos, identificam-se:


• Sistemas de proteção lateral (SIPS – side impact protection system);
• Sistemas de proteção da cabeça (HPS – head protection system);
• Cortina de impacto lateral (ITS – inflated tubeless structure).

2.
Estrutura dos veículos Nos veículos ligeiros podem identificar-se as seguintes partes:
ligeiros

Fig. 8.
Estrutura de veículo ligeiro. Fonte: adaptado de ©Volvo Car Group

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3.
De entre os veículos diferenciados, podem identificar-se os veículos ligeiros a Veículos diferenciados
gás natural, que é armazenado em reservatórios na bagageira.
Nos veículos pesados de passageiros (autocarros), o reservatório encontra-se
no tejadilho.
Este tipo de veículos classificam-se em:
• Bi-fuel (gasolina e gás natural);
• Dual-fuel (gasóleo e gás natural);
• Dedicado (gás natural).

Quanto aos veículos híbridos, elétricos e a combustível líquido, não se deve


manusear o módulo de baterias.

4.
Os vidros que equipam os veículos podem ser do tipo laminado ou do tipo Componentes dos veículos
temperado.
Para manusear os vidros, utilizam-se as seguintes técnicas:
• Quebrar (punção quebra vidros);
• Remover (cortando as borrachas);
• Cortar (serras adequadas).

A quebra de vidros aplica-se ao vidro temperado. A remoção de vidros é feita


através do corte das borrachas. Por seu lado, o corte de vidros é utilizado no
vidro laminado.
Os vidros são removidos para permitir o acesso e progredir na criação de
espaço.
Os airbags podem ser encontrados nos seguintes locais:
• Volante;
• Porta luvas;
• Portas;
• Encostos de cabeça;
• Junto aos pedais;
• Coluna do volante;
• Bancos;
• Pilares;
• Tejadilho.

A ativação dos airbags tem as seguintes consequências:


• Ruído intenso (140 a 180 dB);
• Pode induzir crise asmática (pós e gases);
• Queimaduras provocadas por partículas em combustão e por fricção;
• Lesões faciais provocadas por óculos ou pelas mãos;
• Penetração de corpos estranhos na boca;
• Fraturas dos pulsos provocadas pela projeção dos membros superiores;
• Lesões do ouvido interno provocadas pela onda de choque;

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• Possibilidade de lesões crânio-encefálicas e/ou vertebro-medulares como
resultado da falha de contacto ou contacto parcial do airbag com o ocupante
do veículo.

Os pré-tensores dos cintos de segurança têm como finalidade fixar o


ocupante do veículo ao banco no momento do embate. Existem dois tipos de
pré-tensores dos cintos de segurança:
• Sistema mecânico;
• Sistema pirotécnico.

Os pré-tensores dos cintos de segurança podem possuir limitador de força


G, que tem como finalidade evitar que a energia libertada para o habitáculo no
momento da colisão, seja absorvida pelo ocupante do veículo que se encontra
fixo ao banco.
Estes dois sistemas de segurança acionam a uma velocidade pré
estabelecida:
• A menos de 35 Km/h, apenas o pré-tensor do cinto de segurança;
• Entre 35 a 45 Km/h, o airbag de pequeno volume + o pré-tensor do cinto de
segurança;
• A mais de 45 Km/h, o airbag de grande volume + o pré-tensor do cinto de
segurança.

5.
Segurança na ação É essencial que o pessoal utilize o equipamento de proteção individual (EPI),
incluindo capacete, proteção ocular, botas e luvas de trabalho sobre luvas de
latex.
Quem estiver no interior do veículo deve ser resguardado com a proteção
maleável. Por outro lado, a proteção rígida deve ser sempre colocada entre o
objeto a cortar e quem estiver dentro do veículo.

6.
Estabilização de veículos A estabilização do veículo visa assegurar que a equipa ou a vítima não
sofrem lesões durante a operação de desencarceramento. Antes de efetuar
a estabilização é necessário garantir que está disponível equipamento
suficiente.
Na estabilização de veículos deve-se ter em atenção os seguintes pontos
mínimos de estabilização:
• Veículo assente nas quatro rodas: quatro pontos de estabilização;
• Veículo tombado lateralmente: quatro pontos de estabilização;
• Veículo capotado: seis pontos de estabilização.

Na estabilização podem ser utilizados os seguintes materiais e equipamentos:


• Calços, blocos e cunhas;
• Almofadas pneumáticas e macacos mecânicos;

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• Guincho manual (Tirfor) e cintas de lona;
• Barrotes ou escoras;
• Extensores.

7.
Na estabilização dos sistemas passivos de segurança, deve ser tido em conta Estabilização de sistemas
o seguinte: passivos de segurança
• Não colocar nada nem ninguém entre o airbag não ativado e a vítima;
• Ter atenção ao sistema de energia auxiliar, desligando a bateria quando
possível;
• Ter atenção à desativação de todos os dispositivos elétricos e à ativação do
sistema de alarme;
• Manter as seguintes distâncias mínimas de segurança na abordagem
inicial:
– Passageiro: 90cm;
– Volante: 60cm;
– Lateral: 30cm.
• Desligar os equipamentos de comunicações;
• Aplicar a proteção do airbag;
• Avisar aquando da utilização de ferramentas hidráulicas em locais
estratégicos.

8.
Com a “leitura” do acidente pretende-se determinar quais as possíveis lesões Abordagem às vítimas
da vítima como resultado das forças e movimentos envolvidos e baseia-se na encarceradas “Leitura”
cinemática e na mecânica do movimento. Na “leitura” do acidente deve do acidente
considerar-se:
• Pré-impacto;
• Impacto;
• Pós-impacto.

Através da “leitura“ do acidente e antes de tocar na vítima, é possível prever


90% das lesões, tendo em conta:
• O tipo de colisão;
• A possível velocidade;
• As deformações dos veículos;
• A utilização do cinto de segurança;
• A localização da vítima mais grave.

9.
Mecânica do movimento
“Um corpo em repouso permanecerá em repouso e um corpo em movimento
permanecerá em movimento a não ser que seja atuado por uma força exterior”

Isaac Newton

© ESCOLA NACIONAL DE BOMBEIROS – 2016 21


A energia não pode ser criada ou destruída, mas sim alterada na sua forma.
A energia é transformada quando o movimento tem início ou é interrompido,
podendo assumir a forma de energia mecânica, térmica, elétrica ou
química.
A conjugação entre a massa e a velocidade vai definir a energia cinética, que
é igual a metade da massa vezes o quadrado da velocidade:
EC = 1/2 m x v2
Exemplo:
Qual a energia cinética envolvida num embate sabendo que uma pessoa de 85
kg se desloca a 40 km/h? Resposta: EC = 68 000 unidades de energia.
Se aumentarmos a massa em 10 kg:
(85kg+10kg) x 40Kg => 47,5kg x 1600km/h => EC = 76 000 unidades de energia
(+ 10,53%)
Se aumentarmos a velocidade em 10 km/h:
85kg x (40km/h+10km/h) => 42,5kg x 2500km/h => 106 250 unidades de
energia (+ 156,25%)

10.
Colisão nos acidentes A energia libertada numa colisão é inicialmente absorvida pela estrutura do
rodoviários veículo. Se a quantidade de energia libertada for superior à capacidade de
absorção das zonas de deformação do veículo, o resultado é a invasão do
habitáculo. Quanto maior for a invasão do habitáculo, maior é a quantidade
de energia transmitida à vítima.
Na verdade, são quatro as colisões sofridas pela vítima:
• 1.ª colisão: veículo / vítima contra o obstáculo;
• 2.ª colisão: vítima contra o interior do veículo;
• 3.ª colisão: órgãos internos contra a estrutura óssea;
• 4.ª colisão: contra reação ao impacto.

11.
Indicadores de gravidade A gravidade de uma colisão pode ser identificada através dos seguintes
indicadores:
• Colisão a velocidade inferior a 35 km/h, sem cinto de segurança;
• Colisão a velocidade superior a 45 km/h, com cinto de segurança;
• Veículo afastado a mais de sete metros para além do ponto de colisão;
• Invasão do habitáculo pelas rodas ou motor;
• Deformação do volante;
• Deformação do habitáculo:
– Mais de 35 cm do lado da vítima;
– Mais de 50 cm do lado oposto;
• Recuo do eixo dianteiro do veículo;
• Marca no para-brisas (estrela), causada pela vítima;
• Cabelos e/ou sangue no espelho retrovisor;

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• Veículo capotado;
• Vítima projetada do veículo;
• Encarceramento físico do tipo II;
• Deformação do habitáculo na longarina, no tejadilho, no pilar B.

12.
O conceito de “período de ouro” refere que o tempo útil para o tratamento Prestação de socorro
definitivo na unidade hospitalar varia de vítima para vítima, de acordo com as à vítima encarcerada
lesões apresentadas.
A atuação pré-hospitalar é crucial neste processo. A avaliação e estabilização
da vítima não deve exceder os 10 minutos.
Na prestação de socorro à vítima encarcerada, devem ser seguidos os seguintes
procedimentos:
• Verificar as condições de segurança;
• Avaliar o estado de consciência;
• Garantir a permeabilização da via aérea e estabilizar a coluna cervical;
• Pesquisar se a ventilação está presente e é adequada, se necessário
administrar oxigénio;
• Pesquisar sinais de circulação, controlar qualquer hemorragia externa grave
e pesquisar sinais evidentes de choque;
• Avaliar o nível de consciência;
• Expor a vítima, considerando a possibilidade de hipotermia.

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