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Monografia:
Comportamento Reológico de
Emulsões de água em óleo na Indústria
Petrolífera
1
1- INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------------------------- 3
2- REOLOGIA---------------------------------------------------------------------------------------- 4
3- CONCEITOS SOBRE REOLOGIA ---------------------------------------------------------- 5
3.1 - Viscosidade------------------------------------------------------------------------------------ 5
Fluidos Newtonianos: ------------------------------------------------------------------------------ 8
Fluidos não-Newtonianos:------------------------------------------------------------------------- 9
Fluidos não-Newtonianos independentes do tempo: ----------------------------------------- 10
Fluidos não-Newtonianos dependentes do tempo: ------------------------------------------- 13
Emulsões: ------------------------------------------------------------------------------------------ 15
3.2- Viscosidade de Emulsões:------------------------------------------------------------------ 18
3.3- Microestrutura e Reologia:----------------------------------------------------------------- 20
3.4 - Efeitos do Tamanho da Partícula: -------------------------------------------------------- 22
4- EQUIPAMENTOS PARA MEDIÇÃO DE VISCOSIDADE--------------------------- 22
Tubo Capilar:-------------------------------------------------------------------------------------- 23
Viscosímetro Rotacional: ------------------------------------------------------------------------ 23
Figura 12 – Viscosímetro rotacional ----------------------------------------------------------- 24
Viscosímetro Cilíndrico Concêntrico Rotativo: ---------------------------------------------- 24
Viscosímetro Cone e Placa: --------------------------------------------------------------------- 25
Viscosímetro de Placas Paralelas: -------------------------------------------------------------- 25
5- EXPERIMENTAL------------------------------------------------------------------------------ 25
Modelagem Experimental ----------------------------------------------------------------------- 25
Procedimento Experimental --------------------------------------------------------------------- 26
Procedimento Para medição da Viscosidade -------------------------------------------------- 26
Procedimento Para medição do Tamanho e Distribuição das Gotas ----------------------- 28
Descrição dos Ensaios---------------------------------------------------------------------------- 29
6- CONCLUSÕES---------------------------------------------------------------------------------- 33
6- BIBLIOGRAFIA-------------------------------------------------------------------------------- 34
2
1- INTRODUÇÃO
As emulsões consistem de uma ou mais fases líquidas dispersas em outra fase líquida
chamada de fase contínua que é imiscível com o líquido da fase dispersa.
Encontram-se emulsões nos mais variados segmentos da indústria como, por exemplo:
na industria alimentícia; farmacêutica; nos defensivos agrícolas; na industria do petróleo etc.
Em todos estes segmentos é muito comum no processamento e na manipulação das
emulsões que se depare com problemas de escoamento destas e para que seja possível
resolver de forma conveniente estes problemas, é importante que se conheça o
comportamento reológico das emulsões.
Os parâmetros básicos que devem ser considerados na caracterização reológica de uma
emulsão são: a reologia da fase contínua, a natureza das gotas (tamanho e distribuição,
deformabilidade, viscosidade interna, concentração e natureza da interação partícula-
partícula).
Uma emulsão pode apresentar um comportamento Newtoniano ou não-Newtoniano
dependendo da sua composição. Para valores de concentração da fase dispersa variando de
baixo a moderado, as emulsões geralmente apresentam características Newtonianas. A altas
concentrações (tipicamente acima de 60 % e em alguns casos acima de 40 %), as emulsões
comportam-se como fluidos pseudoplásticos.
Se a estrutura da fase dispersa é destruída com o tempo enquanto ele é cisalhado, têm-
se características de um fluido cujas propriedades reológicas são dependentes do tempo.
Neste trabalho serão apresentados conceitos sobre a reologia de emulsões e realizadas
medidas de viscosidade em algumas emulsões para verificar o comportamento reológico
destas.
3
2- REOLOGIA
Conforme literatura existente (Pal et al, 1992; Fox et al, 1992; Barnes, 1994;
Brookfield) são mostrados alguns conceitos básicos de reologia.
Em linhas gerais, reologia é a ciência que estuda a viscosidade, plasticidade,
elasticidade e o escoamento da matéria, ou seja, um estudo das mudanças na forma e no fluxo
de um material, englobando todas estas variantes. Podemos então concluir que é a ciência
responsável pelos estudos do fluxo e deformações decorrentes deste fluxo, envolvendo a
fricção do fluido. Sendo assim, a reologia é muito utilizada na elucidação de sistemas
coloidais e poliméricos.
Esta fricção ocorre internamente no material, onde uma camada de fluido possui uma
certa resistência ao se deslocar sobre outra. Tudo isto envolve uma complexidade de fatores.
O tamanho e geometria de cadeia é um exemplo possível. Enquanto temos os solventes que
possuem uma viscosidade desprezível, temos também as resinas, com uma viscosidade
elevada, graças ao tamanho de sua cadeia polimerizada. Ambos são compostos orgânicos, mas
seus comportamentos são totalmente diferentes.
O termo “reologia” foi introduzido por Eugene Cook Bingham a partir de suas
publicações da década de vinte.
A preocupação com o aspecto de fluência da matéria remonta um passado distante e os
anais da história da reologia registram como conceito primordial a observação de ser um
material mais espesso do que outro, e assim mais resistente à fluência do que outro, porém
que: tudo flui.
O dístico atribuído a Heráclito (540-475 A. C.): (/panta rhei/=tudo flui) tem sido lema
emblemático associado à Reologia. A definição de reologia acima permitiria considerar todos
os materiais com capacidade de deformação ou escoamento, mas tanto os sólidos hookeanos
como os fluidos newtonianos (de características constitutivas que se representam
matematicamente como lineares) não são considerados como fazendo parte dos interesses da
Reologia; somente materiais que exibam comportamentos entre esses dois extremos.
Assim, materiais com comportamentos de sólidos não hookeanos e fluidos não
newtonianos têm privilégio das atenções da Reologia.
Diversos ramos da Reologia se podem identificar e com o aperfeiçoamento dos novos
materiais a quantidade desses ramos tem crescido nos últimos tempos.
4
Os materiais podem ser classificados quanto ao seu comportamento reológico da
seguinte forma:
Quanto à deformação, podem ser classificados em: Reversíveis ou elásticos e
Irreversíveis ou viscosos.
Quanto aos sistemas ideais: Sólido ideal e Fluido Ideal.
Os fluidos independentes do tempo são classificados em: Newtoniano, Fluido de
Bingham, Fluidos pseudoplásticos e Fluidos dilatantes.
Os fluidos dependentes do tempo podem ser classificados como: tixotrópicos e
reopexos.
3.1 - Viscosidade
5
Isaac Newton definiu viscosidade considerando o modelo representado na Figura 1.
Dois planos paralelos de fluido de área igual a “A”, estão separados por uma distância “dx” e
se movem na mesma direção com velocidades diferentes “V1” e “V2”. Newton assumiu que a
força requerida para manter essa diferença na velocidade era proporcional à diferença de
velocidade ou ao gradiente de velocidade. Para expressar isso, Newton escreveu:
F dv
=η (Equação 1)
A dx
O termo F A indica a força por unidade de área necessária para produzir a ação
cisalhante. É chamado de “tensão de cisalhamento” e pode ser simbolizada por “ F´ ”. Sua
unidade de medida é uma unidade de força dividida por uma área, no sistema CGS [dina/cm2].
F′ (Equação 2)
η=
S
6
muito mais próximas que num gás, existem forças de coesão muito maiores que nos gases. A
coesão parece ser a causa predominante da viscosidade num líquido e, como a coesão diminui
com a temperatura, a viscosidade segue o mesmo comportamento. Por outro lado, num gás
existem forças de coesão muito pequenas. Sua resistência ao cisalhamento é principalmente o
resultado da transferência da quantidade de movimento molecular.
A viscosidade pode ser dividida em três tipos: Viscosidade Aparente, Viscosidade
Cinemática e Viscosidade Absoluta.
• Viscosidade Absoluta: é aquela que é medida por um sistema de geometria que não
sofre influência da gravidade para a obtenção desta medida.
Viscoelasticidade:
Suspensões:
7
são: o grau de concentração da fase sólida, o formato das partículas que compõem essa fase
bem como sua orientação, o grau de atividade das partículas, a composição química do meio
líquido e, também, o formato por onde escoa a suspensão.
Esses fatores influenciam primordialmente a viscosidade da suspensão e também fazem com
que elas tenham comportamentos não newtonianos. Em alguns casos, como em suspensões
em meio newtoniano, é necessário atingir certo valor crítico de concentração da fase dispersa
para que efeitos não newtonianos se manifestem.
A maioria das suspensões de interesse comercial apresenta comportamento
pseudoplástico, explicado, de maneira sucinta, pela degradação estrutural das ligações de
partículas ou dos pontos de ligação das cadeias do meio de dispersão. A dilatância também
pode se manifestar, mas é um caso mais raramente encontrado. Suspensões com alto grau de
concentração, dependendo do grau de atividade química envolvido, podem dar lugar a
características viscoplásticas, em que um valor de tensão limite poderá existir para que
transformações estruturais ocorram.
Algumas suspensões podem apresentar características tixotrópicas, em que o equilíbrio
entre as colisões de partículas que tentam restaurar a estrutura, que fora degradada por ações
cisalhantes, se processa de maneira não instantânea. A viscoelasticidade também é um efeito
muito verificado em suspensões de partículas em meio viscoelástico, ou bem dependendo das
características das partículas como nos casos em que elas sejam fibrosas, por exemplo.
Fluidos Newtonianos:
8
Figura 2 - Comportamento de Fluidos Newtonianos
Isso significa na prática que, para uma dada temperatura, a viscosidade permanecerá
constante durante sua medição, independentemente do tempo e da taxa de cisalhamento
empregada.
Fluidos não-Newtonianos:
9
Fluidos não-Newtonianos independentes do tempo:
O modelo Power Law pode ser usado para caracterizar os fluidos não-Newtonianos
independentes do tempo. A equação do modelo Power Law é mostrada a seguir:
n (Equação 3)
⎛ dv ⎞
τ = m⎜ ⎟
⎝ dx ⎠
onde
n −1 (Equação 4)
⎛ dv ⎞
µ = m⎜ ⎟
⎝ dx ⎠
10
com:
Pseudoplástico:
11
Figura 4 - Comportamento de Fluidos Pseudoplásticos
Dilatante:
Plástico de Bingham:
12
Um fluido de Bingham apresenta um comportamento Newtoniano, a partir de uma
determinada tensão limite de escoamento, ou seja, valores de tensão de cisalhamento
inferiores não acarretarão nenhum escoamento ao material.
Este tipo de fluido comporta-se como um sólido sobre condições estáticas. É
necessária a aplicação de uma pequena força para que o fluido escoe; esta força é chamada de
“tensão de escoamento”. Uma vez excedido esse valor e iniciado o escoamento, os plásticos
podem apresentar características de fluidos newtonianos, pseudoplásticos ou dilatantes. O
mesmo é representado na Figura 6.
Tixotrópico e Reopético
Tixotrópico:
Sistemas tixotrópicos são sistemas cuja viscosidade diminui com o tempo para uma
taxa de cisalhamento constante e aumenta quando esta taxa de cisalhamento diminui por
recuperação estrutural do material (reversível), como mostrado na Figura 7. Quando a taxa de
cisalhamento é acrescida gradualmente de zero a um valor máximo e depois, imediatamente,
decrescida novamente a zero, uma curva de histerese é formada. O formato da curva de
histerese também é função da razão pela qual a taxa de cisalhamento é variada.
13
Figura 7- Comportamento de Fluido Tixotrópico
Reopético:
Sistemas reopexos são sistemas cuja viscosidade aumenta com o tempo a uma taxa de
cisalhamento constante, como pode ser visto na Figura 8.
14
depois, imediatamente diminuída até o valor inicial. Pode-se notar que as curvas de subida e
descida não coincidem. Esta histerese é causada pelo decréscimo na viscosidade do fluido
com o aumento do tempo de cisalhamento. Tais efeitos podem ou não ser reversíveis; alguns
fluidos tixotrópicos, se mantidos em repouso por um tempo retornarão a sua viscosidade
inicial, outros nunca voltarão. Os que retornam são chamados de viscoelásticos.
F'
Emulsões:
15
outro, havendo uma pequena coalescência (união de partículas de um mesmo liquido). A
estabilidade da emulsão é determinada pelo tipo e pela quantidade de agentes superficiais, que
agem como agentes emulsificantes na formação das gotas. Estes agentes emulsificantes agem
nas interfaces das gotículas, impedindo o coalescimento, mantendo assim uma fase dispersa
em outro líquido.
Uma emulsão é constituída basicamente de duas fases, a fase externa ou fase contínua
que é a fase onde estão dispersas as gotas e a porção da emulsão que se constitui em pequenas
gotículas chamadas de fase interna ou fase dispersa ou fase descontinua (Bradley[ ]).
Três condições são necessárias para a formação de uma emulsão: (1) os dois líquidos
que formam a emulsão precisam ser imiscíveis, (2) precisam ser suficientemente agitados para
haver uma dispersão de um líquido em outro e (3) é necessária à presença de um agente
emulsificante na mistura. Óleo e água apresentam estas características e, se gentilmente
agitados, rapidamente se separam.
Quando se fala em emulsão de óleo cru, geralmente considera-se uma emulsão do tipo
água/óleo, também chamada de emulsão normal na indústria do petróleo. A emulsão de
óleo/água na indústria do petróleo é chamada de emulsão inversa.
O óleo cru apresenta tendência a se emulsificar e algumas emulsões são mais difíceis de
serem separadas do que outras. A estabilidade da emulsão varia de acordo com a quantidade
e a natureza do emulsificante. Se no óleo cru não existir agentes emulsificantes, a
instabilidade contribuirá para o coalescimento, facilitando a separação dos líquidos. Caso
haja a presença de um agente emulsificante, haverá uma maior estabilidade das gotículas
dificultando a separação natural das fases.
16
Mesmo sem o tratamento da emulsão, esta irá se separar naturalmente devido à
diferença de densidade entre os fluidos. Alguns processos de tratamento são utilizados para
uma completa separação, entretanto, haverá ainda uma pequena porcentagem de líquido
pesado dispersa no liquido leve após todo processo, sendo estas gotas restantes separadas por
gravidade naturalmente.
Agente Emulsificante:
Prevenção de Emulsão:
Se toda a água do óleo pudesse ser retirada e/ou se toda agitação no fluido pudesse ser
prevenida não haveria emulsão. Retirar toda água seria muito difícil ou impossível e prevenir
a agitação seria quase que impossível.
Na produção e no transporte é onde ocorre a mistura dos fluidos dificultando muito o
tratamento. Turbulências no escoamento são causadas desnecessariamente bombeando o
fluido, enquanto poderiam ser usados métodos gravitacionais para o deslocamento. Algumas
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operações utilizam o bombeamento por deslocamento positivo como as bombas de cavidade
progressiva minimizando a turbulência.
Coloração da emulsão:
A coloração da emulsão no petróleo pode ser bem escura, dependendo do tipo do óleo
e da quantidade de água em emulsão na mistura. A cor mais comum é o preto meio
avermelhado, mas pode-se encontrar desde cores como verde claro ou amarelo, ao cinza ou
preto. Brilho na superfície é um indicativo da presença de um emulsificante.
Estabilidade da emulsão:
18
A viscosidade de uma emulsão é diretamente proporcional à viscosidade da fase
contínua, e, portanto, todas as equações propostas para viscosidade na literatura são escritas
em termos da viscosidade relativa.
A fração de volume da fase dispersa é o fator mais importante que afeta a viscosidade
das emulsões. Quando partículas são introduzidas dentro de um dado campo de escoamento,
este campo começa a ficar distorcido, e conseqüentemente a taxa de dissipação de energia
aumenta, levando a um aumento da viscosidade do sistema. Einstein (apud Pal. R. et al, 1992,
p.141) mostrou que o aumento da viscosidade de um sistema devido a adição de partículas é
função da fração de volume das partículas dispersas. Como a fração de volume das partículas
aumenta, a viscosidade do sistema também aumenta.
Diferente de uma suspensão de sólido em liquido, a viscosidade de uma emulsão pode
depender da viscosidade da fase dispersa. Esta dependência é especialmente verdadeira
quando a circulação interna ocorre através das gotas dispersas. A presença de circulação
interna reduz a distorção do campo de escoamento ao redor das gotas, e conseqüentemente a
viscosidade total de uma emulsão é menor que de uma suspensão para uma mesma fração de
volume. Com o aumento na viscosidade da fase dispersa, a circulação interna é reduzida, e a
viscosidade da emulsão aumenta. O fenômeno de circulação interna é importante somente
quando o emulsificador não está presente na superfície da gota. A presença de um
emulsificador inibe fortemente a circulação interna e, as gotas da emulsão parecem-se mais
com partículas rígidas.
Para sistemas monodispersos (emulsões ou dispersões), algumas literaturas indicam
que a viscosidade relativa é independente do tamanho da partícula. Esses resultados são
aplicáveis quando as forças hidrodinâmicas são dominantes. Geralmente essas forças são
dominantes quando as partículas sólidas são relativamente grandes (diâmetro > 10µm). Para
partículas com diâmetro menor que 1µm, as forças coloidais de superfície e o movimento
Browniano podem ser dominantes.
Em sistemas onde o movimento Browniano é significante, a viscosidade relativa
diminui com o aumento do tamanho da partícula.
O efeito da distribuição do tamanho de partícula na viscosidade das emulsões vem
sendo estudado. A maior parte desses estudos mostra que o efeito da distribuição do tamanho
de partícula é muito importante para altos valores de concentração da fase dispersa. Para
concentrações menores, no entanto, o efeito é bem menor.
19
A taxa de cisalhamento influencia a viscosidade das emulsões muito
significativamente quando esta possui características de um fluido não-Newtoniano. Como
mostrado anteriormente, para baixos valores de concentração da fase dispersa, a emulsão
apresenta características de fluido Newtoniano e, conseqüentemente, a taxa de cisalhamento
não afeta a viscosidade da emulsão. Para altos valores de concentração, as emulsões exibem
características não-Newtonianas e a viscosidade aparente diminui significativamente com o
aumento na taxa de cisalhamento.
A natureza química e a concentração de um agente emulsificante também podem ser
importantes na determinação da viscosidade das emulsões. O tamanho médio da partícula, a
distribuição do tamanho da partícula e a viscosidade da fase contínua depende, sobretudo, das
propriedades e concentração do agente emulsificante. Emulsificadores iônicos causam efeitos
eletroviscosos principalmente causando aumento na viscosidade da emulsão.
A viscosidade das emulsões está fortemente ligada à temperatura; se a temperatura
aumenta a viscosidade diminui. O aumento na temperatura também pode afetar o tamanho
médio das partículas e a distribuição do tamanho de partícula.
A maneira mais simples de se proceder é primeiro limitar a uma situação onde se tem
essencialmente uma dispersão composta por partículas sólidas esféricas que não-interagem. A
melhor aproximação para esta condição é o de uma emulsão formada por partículas pequenas
com uma camada estabilizadora com grande força. A reologia de alguns sistemas assim vem
sendo bem estudada e pode servir como uma boa base para o desenvolvimento. É preciso
ressaltar que o progresso na pesquisa de emulsão está hoje prejudicado pela falta de dados das
emulsões monodispersas bem definidas.
20
A viscosidade de um sistema disperso de partículas, pode ser bem descrito por uma
forma simplificada da equação chamada de Krieger-Dougherty:
−2
⎛ φ ⎞
η = η c ⎜⎜1 − ⎟⎟ (Equação 5)
⎝ φm ⎠
21
(4) Acima de 70% de fase interna: trata-se de emulsões de alto conteúdo de fase
interna. Tal proporção de fase interna, o contato entre gotas é muito freqüente auxiliando no
coalescimento.
Quando a quantidade de fase interna se aproximar de 90-95%, observa-se uma
deformação das gotas. Tal sistema não se prepara diretamente, somente por segregação
gravitacional.
A viscosidade do fluido não é uma propriedade que pode ser medida diretamente,
portanto a força, torque e rotação a que o fluido está submetido é que fornecem o valor da
viscosidade através de modelos desenvolvidos para tratar estes dados.
A seguir são mostrados alguns dos equipamentos utilizados na medição de
viscosidade.
22
Tubo Capilar:
Viscosímetro Rotacional:
23
5) A amostra pode ser cisalhada em qualquer intervalo de tempo.
6) Uma tensão de cisalhamento uniforme é imposta ao fluido, principalmente devido ao
uso de um recipiente com formato adequado.
7) Pode ser usado em suspensões não sedimentadas.
8) Pode ser adaptado para medir tensão normal de fluidos viscoelásticos.
9) Pode ser adaptado para o uso com alta temperatura e pressão.
Uma das maiores desvantagens deste equipamento é que, um fluido muito viscoso, não
pode ser submetido a uma alta tensão de cisalhamento por um longo período de tempo sem
que sua temperatura seja aumentada. Este efeito se deve ao fato de que, o sistema de controle
de temperatura não pode abaixar a temperatura do fluido tão rápido de modo a se opor a
geração de calor interna devido ao escoamento do fluido.
Este instrumento é projetado para que o fluido de teste se mantenha na coroa circular
entre dois cilindros concêntricos, que estão submetidos ao cisalhamento devido à rotação ou
do cilindro interno, ou do externo. O torque requerido para por em rotação um dos cilindros é
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a variável medida. A partir da geometria dos cilindros e da velocidade de rotação, a taxa de
cisalhamento pode ser determinada.
5- EXPERIMENTAL
Modelagem Experimental
Os ensaios foram realizados utilizando-se dois tipos de petróleo: o Albacora (um óleo
leve, de grau API alto) e o Jubarte (um óleo extremamente pesado, de grau API baixo).
Como se sabe, a melhor forma de analisar uma emulsão é comparar suas propriedades
reológicas com as da fase contínua. Portanto, antes de qualquer ensaio com as emulsões,
realizou-se uma caracterização e análise do comportamento do petróleo puro em diferentes
temperaturas ao longo do tempo.
Para a realização deste trabalho, foi necessária a geração de quatro tipos de emulsões,
de acordo com a concentração de água e o tamanho de gota, tais como:
¾ Concentração de água de 2 % e gotas pequenas;
¾ Concentração de água 2 % e gotas grandes;
25
¾ Concentração de água 10 % e gotas pequenas;
¾ Concentração de água 10 % e gotas grandes.
Ambas as emulsões foram geradas através de um agitador, não tendo sido utilizado nenhum
tipo de estabilizante.
Procedimento Experimental
26
dois valores de viscosidade serão diferentes porque estes foram feitos com diferentes forças
de cisalhamento. Quanto maior for a velocidade do SDC, maior será a Taxa de cisalhamento.
Para a realização das medidas foram utilizados os spindles 18 e 31 devido às
características de viscosidade das amostras. A Figura 13 ilustra o spindle 31. Como as
amostras utilizadas tinham pequeno volume, foi utilizado um Adaptador para Pequenas
Amostras Jaquetado. Esse adaptador comporta um volume de amostra de até 16 mL dentro da
câmara de amostras e mede viscosidade entre 15 e 300000 cP e permite, em função de seu
pequeno volume, que condicione a temperatura da amostra com grande rapidez.
11,76 mm
O Adaptador para Pequenas Amostras utilizado foi o tipo Jacketa SC4-45Y com uma
câmara de amostras modelo SC4-*R, com capacidade para 10 mL de amostra, que é
encaixada dentro da Jacketa. A câmara possui um sensor de temperatura na parte inferior que
está conectado ao viscosímetro através de um cabo de modelo SC4-**RPY. A Jacketa possui
duas conexões com diâmetro interno de 5/16”, uma para entrada e outra para saída do banho
termostático. O equipamento para o banho termostático usado foi o TECNAL, modelo Te-
184, com faixa de temperatura entre -10,0 a 99,9ºC e vazão máxima da bomba de 12 l/min.
O viscosímetro possui uma interface com um programa para aquisição de dados na
base MS-Windows, o Wingather. Neste programa é possível coletar os dados do viscosímetro
para depois salvar, ver, imprimir, plotar ou analisar esses dados. Suas características são:
27
• Executa o capturamento de dados em background;
Painel
Banho
Termostático
Câmara de
Amostras
a) Preparação da Amostra:
1) Cerca de 100 ml de óleo EMCA foi colocado em um béquer de 1000 ml.
2) Colocou-se, então, a barra de agitação no béquer
3) Adicionaram-se gotas de emulsão no óleo EMCA (1) até se obter uma obscurecência
aceitável pelo MALVERN.
4) Para a homogeneização desta emulsão, o béquer foi colocado no agitador magnético,
em uma rotação média para se evitar a introdução de ar. Uma vez homogeneizada, o
que leva aproximadamente 5 minutos, a mistura estará pronta para a medição no
MALVERN.
28
b) Medição no MALVERN Mastersizer (MAF 5000):
Utilizou-se a célula para medição em linha (célula com alimentação externa) e um
funil de vidro, que foi montado em um suporte a uma altura aproximada de 600 mm acima da
célula de medição, de forma que a solução a ser analisada escoasse, por gravidade, para uma
mangueira cristal que interconectava o funil à célula de medição. Na saída, uma mangueira
cristal ligava a célula ao recipiente de rejeito. Nesta mangueira colocou-se um obstrutor de
linha, de garras ajustáveis, que possibilita o controle do escoamento e, portanto, a velocidade
de escoamento na célula de medição.
c) Procedimento de medição:
O MALVERN foi calibrado (ajustado o Background) com o escoamento do óleo
EMCA puro com petróleo diluído utilizando-se o funil de vidro para alimentação da célula.
Colocou-se a emulsão no funil de vidro e executou-se o procedimento de medição do
MALVERN.
29
Viscosidade [cP] X Temperatura [°C]
40
35
Viscosidade [cP]
30
25
20
15
10
5
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura [°C]
3500
3000
Viscosidade [cP]
2500
2000
1500
1000
500
0
0 20 40 60 80
Temperatura [°C]
30
Para a geração das emulsões, com gotas pequenas e grandes, foi montado um agitador
com uma furadeira manual marca Bosch, modelo Super Hobby, 400W-3/8”, 2800 rpm, um
suporte e um dispositivo agitador acoplado à furadeira. A água e o petróleo a serem agitados
foram colocados dentro de um béquer de plástico com capacidade para 1000 ml e agitados por
aproximadamente 4 minutos.
Todas as emulsões, geradas à temperatura ambiente, tinham um volume total de 300
ml e a concentração era medida em volume.
Após a geração de cada emulsão, pequenas amostras eram retiradas para que fossem
feitas as medidas de concentração, viscosidade e tamanho e distribuição das gotas.
No viscosímetro, funcionando com temperatura controlada, era registrado o
comportamento da emulsão ao longo do tempo para uma mesma rotação. Eram usadas duas
rotações para verificar se a emulsão também estava se comportando como um fluido
Newtoniano.
Para as emulsões de Jubarte, os resultados obtidos foram:
Pelo tempo dado para a realização dos testes, não foi possível obter a tempo os
resultados, porém nossa conclusão será em cima da emulsão de Albacora.
44
43
Viscosidade [cP]
42
41
Gota grande
40
39
38
0% 2% 4% 6% 8% 10% 12%
Concentração (%)
31
Emulsão Gota Pequena
44
Viscosidade [cP]
42
40
38 Gota pequena
36
34
32
0% 2% 4% 6% 8% 10% 12%
Concentração (%)
44
V is c o s id a d e [c P ]
42
40
Gota Grande
38
Gota Pequena
36
34
32
0% 2% 4% 6% 8% 10% 12%
Concentração (%)
32
6- CONCLUSÕES
Ao analizar as curvas para gotas pequenas e grandes e, fazendo uma comparação com
o petróleo puro, pode-se dizer que para baixas concentrações o tamanho da gota não tem
grande influência na viscosidade. À medida que a concentração vai sendo aumentada parece
que para gotas pequenas há um grande aumento na viscosidade e, para gotas grandes, um
grande aumento na concentração causa pouca variação na viscosidade.
As gotas pequenas se comportam como partículas sólidas dentro da fase contínua, pois
não há circulação interna. Então, quando o fluido está em escoamento, elas provocam uma
grande resistência dificultando o escoamento e aumentado a viscosidade. Já nas gotas
grandes, por terem uma área maior e circulação interna, o escoamento da fase contínua é
facilitado porque as gotas se deformam de acordo com a velocidade de escoamento
diminuindo a viscosidade.
Em trabalhos futuros poderiam ser realizados ensaios nas mesmas condições destes,
mas com tamanhos de gotas menores e também de valores intermediários aos usados. Com
isso se teria mais segurança nos resultados obtidos.
Uma outra possibilidade seria usar algum emulsificante e fazer uma comparação entre
emulsões com e sem emulsificante, analisando qual a influência que eles provocam na
viscosidade e no tamanho e distribuição das gotas.
Outra sugestão seria prosseguir com os ensaios referentes ao petróleo Jubarte para se
ter uma análise final de seu comportamento.
33
6- BIBLIOGRAFIA
BROOKFIELD. More solutions to Sticky Problems: a guide to getting more from your
Brookfield Viscometer. Brookfield Engineering Labs. 40p.
FOX, R.W., MC DONALD, A.T. Introdução a Mecânica dos Fluidos. 4ª Edição. Editora
LTC, 1992. 662p.
PAL, R.; YAN, Y.; MASLIYAH, J. Rheology of Emulsions In: SCHRAMM, L.L. Emulsions
– Fundamentals and Applications in the Petroleum Industry. Washington DC: American
Chemical Society, 1992. 428p. p.131-170.
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