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EDUCACIONAIS E
ORGANIZAÇÃO DA
EDUCAÇÃO BÁSICA
PROFESSORAS
NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Direção Executiva de Ensino Janes Fidélis Tomelin, Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho,
Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha, Direção de Operações Chrystiano Mincoff,
Direção de Polos Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção
de Relacionamento Alessandra Baron, Gerência de projetos especiais Daniel F. Hey, Supervisão do
Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Contéudo Mara
Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da Silva,
Designer Educacional Lilian Vespa, Qualidade Textual Hellyery Agda, Ilustração Bruno Pardinho,
Fotos Shutterstock.
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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas
Fabrício Lazilha
Diretoria de Planejamento de Ensino
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autoras
Professora Doutora
Mara Cecília Rafael Lopes
Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/2016). Mestre
em Educação pela UEM (2009). Graduada em Educação Física pela Universidade
Estadual de Maringá (1996). Graduada em Pedagogia pela Unicesumar (2016). Co-
ordena o curso de Educação Física Licenciatura e Bacharelado na EAD Unicesumar.
Tem experiência na área de Educação e Educação Física, investigando, principal-
mente, nos seguintes temas: políticas públicas educacionais, financiamento da
educação e as políticas públicas de esporte e lazer.
Link: <http://lattes.cnpq.br/5472896495130234>.
Professora Doutora
Vânia de Fátima Matias de Souza
Possui Doutorado em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação
pela Universidade Estadual de Maringá-UEM (2014); Mestrado em Educação Física
pela Universidade Estadual de Maringá (2009); graduação em Pedagogia pela Fa-
culdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí (2000) e graduação
em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina (2000). É professora
Adjunta do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá;
Professora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual
de Maringá; Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física Escolar
(GEEFE/CNPq) e tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação
Física Escolar, atuando principalmente nos seguintes temas: infância, trabalho
docente, formação profissional e políticas públicas.
Link: <http://lattes.cnpq.br/7642081335847897>.
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autoras
Professora Mestre
Caroline Mari de Oliveira
Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Univer-
sidade Estadual de Maringá (2013). Especialista em Docência do Ensino Superior
pela Faculdade Tecnológica América do Sul (2012). Graduada em Pedagogia pela
Universidade Estadual de Maringá (2010). Atua como Professora no curso de Peda-
gogia da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT - campus de Sinop/MT.
É Professora orientadora do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Docência
do Ensino Superior, Educação a Distância e Novas Tecnologias e Gestão Educacio-
nal na modalidade a distância (UNICESUMAR) (desde 10/2013). Pesquisadora do
Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas e Gestão Educacional (GEPPGE/CNPq)
(desde 2008). Revisora de periódicos da Revista Cadernos de Pedagogia da UFSCar
(desde 06/2014) e parecerista ad hoc da Revista Eventos Pedagógicos - UNEMAT/
Sinop (desde 05/2015). Atua e pesquisa nas áreas de Políticas e Gestão Educacional;
Educação do, no e para o Campo; Movimentos Sociais e Educação; Organização da
Educação Brasileira; Avaliação da Aprendizagem; EAD e Novas Tecnologias; Me-
todologia e Técnica de Pesquisa. Tem experiência na Educação Básica; no Ensino
Superior e na Pós-Graduação na modalidade presencial e a distância.
Link: <http://lattes.cnpq.br/2216258795802689>.
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apresentação
Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) aos estudos sobre Políticas Educacionais
e Organização da Educação Básica. Este livro foi organizado de modo especial
para você que, no nosso entendimento, tem buscado com excelência compreen-
der os desafios que envolvem o setor educacional e que influenciam no processo
de ensino-aprendizagem das modalidades de ensino.
Agora pare e responda: o que vem à sua mente quando você pensa em políti-
ca? E Política Pública Educacional? Supomos, pela nossa caminhada na docência,
que muitos adjetivos negativos possam ter invadido seu pensamento, como: difí-
cil, chato, complicado; ou algumas imagens, como: livros de legislação, Brasília,
Câmara dos Deputados, alguns políticos. Em geral, o tema leva a nos sentirmos
incomodados, pois sabemos que o pleno exercício da cidadania pressupõe o co-
nhecimento das políticas públicas.
Apesar de alguns incômodos com o tema, é bom lembrar que o conheci-
mento sobre as políticas educacionais é urgente e que, a partir de nosso estudo
e discussão na disciplina, teremos condições mais efetivas de participar das po-
líticas educacionais, de cobrar com propriedade as prescrições da legislação, de
aprimorar os processos participativos na escola, no município, assim como nos
âmbitos estadual e federal.
A educação e a política são distintas e possuem especificidades, porém são
inseparáveis. A educação depende, para sua materialização, do aporte legal, de
financiamento, infraestrutura, plano de educação, entre outros. A política e sua
prática dependem da educação para a formação de cidadãos, acesso à informa-
ção, desenvolvimento da consciência ecológica, prevenção de doenças, efetivação
da democracia, divulgação de propostas políticas, entre outros.
Esses comentários, caro(a) aluno(a), foram propositais, para percebermos
que a educação perpassa a política e vice versa. Assim, necessitamos de seu co-
nhecimento para completar nossa formação, pois a fim de formarmos cidadãos
temos, antes, que ser cidadãos; exercer a cidadania para além do ato de votar;
participar ativamente das discussões e debates sobre a política educacional, das
instâncias colegiadas, num processo constante de luta por direitos.
EDUCAÇÃO FÍSICA
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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
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sum ário
UNIDADE I
POLÍTICA EDUCACIONAL CONCEITOS E CONTEXTOS
16 Estado, Governo e Políticas Públicas: Concepções e Princípios
22 Reforma da Educação a Partir de 1990 e o Neoliberalismo
30 Organizações Internacionais: Propostas para a Educação Brasileira
UNIDADE II
ASPECTOS LEGAIS DA POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA
48 A Educação na Constituição Federal de 1988
58 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996
72 Financiamento da Educação
UNIDADE III
SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO: NÍVEIS, MODALIDADES E OS DESAFIOS
CENTRAIS DA ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DA EDUCAÇÃO ESCOLAR
92 Níveis da Educação Escolar no Brasil: Educação Básica e Educação Superior
114 Modalidades da Educação Nacional
UNIDADE IV
AVALIAÇÃO NO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO
150 Avaliação no Sistema Educacional Brasileiro: Um Foco na Educação Básica
162 INEP e as Avaliações Nacionais da Educação Básica: SAEB - IDEB; ENEM E ENCCEJA
168 Sistema de Avaliação do Ensino Superior: SINAES
172 Avaliações Internacionais
UNIDADE V
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (2014-2024)
188 A Estrutura do PNE (2014-2024), Aspectos Legais e Históricos
192 Metas do Pne (2014-2024) com Foco Para a Educação Básica e Suas Modalidades
207 Anexo
241 Conclusão Geral
POLÍTICA EDUCACIONAL
CONCEITOS E CONTEXTOS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Estado, governo e políticas públicas: concepções e
princípios
• Reforma da educação a partir de 1990 e o neoliberalismo
• Organizações internacionais: propostas para a educação
brasileira
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender os conceitos primários da organização das
políticas públicas no Brasil: Estado, governo, sociedade e
políticas públicas.
• Analisar as influências do neoliberalismo na educação
brasileira a partir da Reforma Educacional iniciada na
década 90.
• Compreender as propostas para a educação das
organizações internacionais na educação brasileira.
unidade
I
INTRODUÇÃO
C
aro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Políticas
Educacionais e Organização da Educação Básica. Estamos ini-
ciando a discussão de um tema relevante e significativo para a
prática docente e para as relações cotidianas estabelecidas no
diálogo com o campo da educação básica.
Nesta unidade, trataremos dos conceitos e das relações entre sociedade,
Estado e educação, as perspectivas e influências neoliberais nas políticas
nacionais e as interferências das organizações internacionais na educação
brasileira. Apresentamos vários termos utilizados na política educacional,
assim como a ambiguidade de seus significados: desenvolvimento huma-
no ou desenvolvimento de capital humano? Educação integral ou, apenas,
mais tempo na escola? Participação da sociedade na educação ou dimi-
nuição da responsabilidade do Estado com a educação? Formação para o
trabalho ou para a cidadania? Igualdade ou equidade? Políticas públicas ou
projetos e programas? Regime de colaboração ou responsabilização social?
Amigos da escola ou assistencialismo? Calma, discutiremos esses e outros
assuntos, mas, antes, iniciaremos com alguns apontamentos históricos
para perceber avanços e retrocessos na política educacional no Brasil.
Participar da política educacional inicia com o processo de conhecer,
ler, discutir, analisar e assumir para si a responsabilidade de contribuir
para uma educação democrática, pois a escola não nasceu democrática, e
para torná-la, necessitamos estudar, participar e lutar por uma sociedade
e uma educação democrática.
Traremos uma análise do estudo analítico das políticas educacionais
no Brasil com destaque para a política educacional no contexto das po-
líticas públicas sociais, bem como a organização dos sistemas de ensino,
considerando as peculiaridades nacionais e os contextos internacionais,
incorporação dos ideais neoliberais no Brasil, impasses e perspectivas
das políticas atuais em relação à educação.
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Estado, Governo e
Políticas Públicas:
Concepções e Princípios
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Para compreender as políticas públicas para a edu- entanto, isso não significa que antes da formação do
cação, assim como a estrutura e organização da edu- Estado moderno, não existissem outras formas de
cação básica, necessitamos entender a relação entre governo e de poder. Não há uma definição única de
sociedade, Estado e educação. Cabe lembrar que a Estado, há vários autores, cada um com uma con-
análise da educação parte do exame do contexto em cepção diferente.
que ela está inserida. Trataremos, então, de alguns Sendo assim, trataremos acerca de duas visões
conceitos e definições. de Estado: uma pela perspectiva da burguesia e ou-
Caro(a) aluno(a), cabe aqui uma importante tra pela teoria do materialismo histórico, pois cada
pergunta: em que Estado a política e a legislação qual configura a educação a partir de concepções
educacional foram pensadas? próprias. Contudo, “Deve ficar claro que qualquer
O conceito de Estado, na forma como o entende- tentativa de definir liberalismo é como buscar um
mos hoje, é recente, uma definição moderna. Nem alvo móvel. O significado de “liberalismo” muda não
sempre o Estado, do modo como o conhecemos, apenas como o seu nível de abstração e com o passar
existiu. Foi apenas no início da Idade Moderna (sé- do tempo, mas também de país para país” (BOTTO-
culos XVI-XVII) que tornou-se uma realidade; no MERE; OUTHWAITE, 1996, p. 420).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Nesse sentido, o Estado capitalista desenvolve, como ações durante certo período. O governo é transitório,
parte da sua função, a manutenção da ordem interna, formado por grupos que se alternam no poder e “[...]
a garantia do direito à propriedade e os contratos esta- assume e desempenha as funções de Estado por um
belecidos no mercado. Poulantzas (2000) aponta que determinado período” (HÖLFLING, 2001, p. 31).
o Estado não pode ser visto como um poder externo
imposto à sociedade, ele é um produto de uma so- O Estado não pode ser reduzido à burocracia
pública, aos organismos estatais que concebe-
ciedade em determinado estágio de desenvolvimento.
riam e implementariam as políticas públicas.
Os dois conceitos de visão do Estado estão pre- As políticas públicas são aqui compreendidas
sentes nas políticas educacionais em um palco de como as de responsabilidade do Estado – quan-
disputas pela hegemonia do Estado. to à implementação e manutenção a partir de
um processo de tomada de decisões que envol-
vem órgãos públicos e diferentes organismos
Dessa forma, a educação escolar no contexto
e agentes da sociedade relacionados à política
capitalista monopolista pode contribuir tan-
implementada. Neste sentido, políticas públi-
to para a reprodução das relações sociais de
cas não podem ser reduzidas a políticas estatais
produção como para transformá-la. As pro-
(HÖLFLING, 2001, p. 34, grifos nossos).
postas educacionais são elaboradas, portanto,
tanto na ótica do capital como na do trabalho
(NEVES, 2010, p. 208). Em geral, dizemos que as políticas de Estado são for-
temente institucionalizadas, conseguem ultrapassar
Segundo Christopher Ham e Michael Hill (1993), o o período de um governo e são de difícil mudança.
Estado pode ser definido tanto a partir das institui- As políticas de governo não são tão fortes em sua
ções quanto das funções que as instituições desem- institucionalização e possuem menor durabilidade.
penham. As instituições constitutivas do Estado são O conceito de Estado é fundamental, pois nos per-
os órgãos encarregados de suas funções executivas, mite exercer a crítica à medida que compreendemos
legislativas e judiciárias: Ministérios, Secretarias e suas contradições. Como esclarece Bourdieu (1996),
Departamentos governamentais; Assembleias parla- o Estado é dotado de “mão direita” (defensora dos
mentares e instituições subordinadas voltadas à ela- interesses privados) e “mão esquerda” (interesses
boração de leis; e todo o sistema de cortes judiciais e públicos e sociais).
órgãos associados, responsáveis por obrigar o cum- O que podemos observar, nesse sentido, é que
primento da lei e por aperfeiçoá-la. O Estado, nesse temos um Estado que age, de forma significativa,
sentido, se constitui de instituições permanentes, atendendo ora às necessidades provenientes da so-
órgãos legislativos, tribunais, Exército, entre outros. ciedade civil, ora às demandas mercadológicas e/ou
O Estado pode ser definido como o “[...] conjun- da globalização, para estabelecer as diretrizes e leis
to de instituições permanentes [...] que possibilitam que vão normatizar as relações que são estabelecidas
a ação do governo” (HÖLFLING, 2001, p. 31). Ne- no contexto educacional, no que se refere ao finan-
cessitamos, assim, de uma conceituação de governo: ciamento, como na gestão e administração escolar.
grupo responsável pelo planejamento e condução de Agora sim, caro(a) aluno(a), podemos definir
determinadas políticas e do conjunto de programas e políticas públicas:
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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Políticas públicas são aqui entendidas como o E políticas sociais se referem a ações que deter-
“Estado em ação”; é o Estado implantando um minam o padrão de proteção social implemen-
projeto de governo, através de programas, de tado pelo Estado, voltadas, em princípio, para
ações voltadas para setores específicos da socie- a redistribuição dos benefícios sociais visando
dade (HÖLFLING, 2001, p. 31). a diminuição das desigualdades estruturais
produzidas pelo desenvolvimento socioeconô-
mico. As políticas sociais têm suas raízes nos
Então, políticas públicas sempre viriam do Esta- movimentos populares do século XIX, voltadas
do ou governo? As políticas públicas são autua- aos conflitos surgidos entre capital e trabalho,
das pelo governo quanto à sua implementação e no desenvolvimento das primeiras revoluções
industriais (HÖLFLING, 2001, p. 31).
manutenção, mas emergem da sociedade, dos pro-
blemas ou demandas que podem ser econômicos,
políticos ou de bem-estar. As políticas públicas Políticas educacionais são aqui entendidas como
são o resultado de uma interação complexa entre o processo que envolve negociação e luta entre
o Estado e a sociedade. diferentes grupos, configuradas no âmbito da in-
ternacionalização do capital. Portanto, para com-
O processo de definição de políticas públicas preendermos políticas educacionais, é necessário
para uma sociedade reflete os conflitos de inte-
analisarmos o projeto social do Estado. A educa-
resses e os arranjos feitos nas esferas de poder
que perpassam as instituições do Estado e da ção, como parte da política social, é apresentada
sociedade como um todo. Um dos elementos com uma aparência humanitária com apelo ao
importantes deste processo diz respeito aos voluntariado, o que mistifica a própria educação
fatores culturais, àqueles que, historicamente, como um direito social de todos.
vão construindo processos diferenciados de
É importante entendermos o significado da
representações, de aceitação, de rejeição, de in-
corporação das conquistas sociais por parte de educação, já que, para Ney (2008, p. 16), “a educa-
determinada sociedade. ção não é neutra, pois é o Estado ou o educador que
traça valores, princípios, objetivos e políticos espe-
A relação entre sociedade e Estado, o grau
de distanciamento ou aproximação, às for-
rados para a educação!”. Logo, o educador precisa
mas de utilização (ou não) de canais de co- compreender que:
municação entre os diferentes grupos da so-
ciedade e os órgãos públicos – que refletem Visão de mundo: é o conjunto de ideias sobre
e incorporam fatores culturais, como acima o homem, a sociedade, a história e sua relação
referidos – estabelecem contornos próprios social com a sociedade e a natureza. Ela é cons-
para as políticas pensadas para uma socieda- tituída de acordo com a situação e os interesses
de (OFFE 1984, p.41-42). de grupos e classes sociais em que o indivíduo
está identificado. Todos nós temos uma. Valo-
A educação, no campo das políticas públicas, é ca- res: significam princípios, normas ou padrões
sociais aceitos ou mantidos por indivíduos,
racterizada como uma política social:
grupos, classes e sociedades. São padrões éticos
que norteiam nossas vidas. Crenças: são ideias,
pensamentos, dogmas, etc., em que acredita-
mos (NEY, 2008, p. 17).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Ressaltamos que a escola é uma instituição social e Escola de qualidade é aquela que possui clare-
que, portanto, recebe diferentes funções de acordo za quanto à sua finalidade social. Percebemos duas
com as diversas concepções de sociedade, em con- forças conflitantes que defendem, respectivamente,
textos históricos diferentes, ou no mesmo contexto; a manutenção ou a transformação social por meio
logo, a compreensão quanto ao papel da escola não da educação. No quadro a seguir, João Ferreira de
é a única que gera diferentes propostas para as polí- Oliveira (2009) aponta as seguintes finalidades para
ticas educacionais. a educação escolar com orientação capitalista-liberal
e pelos movimentos sociais (a maioria da sociedade).
Assim, as políticas educacionais precisam ser pen- (OLIVEIRA, 2009, p. 238). Os alunos que possuem
sadas, implementadas e avaliadas com base em um condições materiais aprenderão na escola e fora dela,
projeto social que atenda aos interesses da maioria da pois possuem acesso à cultura, à arte, a livros, cursos,
população, que se efetive como um direito universal viagens, entre outros, mas, “[...] para os trabalhado-
básico e um bem social público. A educação é “con- res, a escola se constitui no único espaço de relação
dição para a emancipação social e deve ser concebida intencional e sistematizada com o conhecimento”
numa perspectiva democrática e de qualidade [...]” (OLIVEIRA, 2009, p. 237, grifos nossos).
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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Reforma da Educação
a Partir de 1990 e o
Neoliberalismo
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Portanto, o que aparentemente seria uma proposta duos desde que sejam valorizados economicamente
de “Estado mínimo, configura-se como realidade de - uma escola que cada vez mais se insere na ordem
Estado mínimo para as políticas sociais e de Estado competitiva de uma economia globalizada. “Na nova
máximo para o capital” (PERONI et al., 2006, p. 14). ordem educativa que se delineia, o sistema educati-
vo está a serviço da competitividade econômica, está
O Estado é máximo para o capital, porque além estruturado como um mercado deve ser gerido ao
de ser chamado a regular as atividades do ca-
modo das empresas” (LAVAL, 2004, p. 20).
pital corporativo, no interesse da nação, tem,
ainda, de criar um “bom clima de negócios”, O conhecimento passa a ser visto como eixo
para atrair o capital financeiro transnacional da produção, dessa forma, adquire “força produti-
e conter (por meios distintos dos controles de va” quando produzido e incorporado aos processos
câmbio) a fuga de capital para “pastagens” mais produtivos, possibilitando o aumento da produtivi-
verdes e lucrativas (HARVEY, 1989, p. 160).
dade, o rendimento e assegurando a acumulação de
capital. Esses conceitos privados passam, também,
O Brasil, nesse contexto, vem implementando, desde pelo âmbito da educação, no qual a escola privada
a década de 90, políticas de ajustes para se inserir torna-se modelo para a escola pública.
no mundo globalizado. O discurso de modernização
põe em evidência o progresso tecnológico e o cientí- A crise da sociedade capitalista que eclodiu na
década de 1970 conduziu à reestruturação dos
fico, assim como a otimização dos processos produ-
processos produtivos, revolucionando a base
tivos, aliados à implementação de novas formas de técnica da produção e conduzindo à substi-
gestão do trabalho. Esse conjunto de medidas faz-se tuição do fordismo pelo toyotismo. O modelo
presente nas políticas educacionais, no discurso da fordista apoiava-se na instalação de grandes
modernização educativa. fábricas operando com tecnologia pesada de
base fixa, incorporando os métodos tayloris-
Assim, observa-se, nas reformas educacionais,
tas de racionalização do trabalho; supunha a
implementadas na década de 90, a racionalidade estabilidade no emprego e visava à produção
presente na própria reforma do Estado brasileiro. em série de objetos estandardizados, em larga
A reforma educacional teve como principal ob- escala, acumulando grandes estoques dirigidos
ao consumo de massa. Diversamente, o modelo
jetivo a expansão da escolaridade, com foco no
toylorista apoia-se em tecnologia leve, de base
ensino fundamental, por meio de políticas de pla- microeletrônica flexível, e opera com trabalha-
nejamento e financiamento. A etapa da educação dores polivalentes visando à produção de ob-
básica que teve recursos seguros no governo FHC jetos diversificados, em pequena escala, para
atender à demanda de nichos específicos do
foi o ensino fundamental.
mercado, incorporando métodos como o just
A escola republicana francesa, voltada à forma- in time que dispensam a formação de estoques;
ção do cidadão, que destaca o saber não somente requer trabalhadores que, em lugar da estabili-
pelo seu valor profissional, mas por seu valor social, dade no emprego, disputem diariamente cada
cultural e político, está, agora, sendo substituída por posição conquistada, vestindo a camisa da em-
presa e elevando constantemente sua produtivi-
uma escola voltada à formação de “capital humano”,
dade (SAVIANI, 2007, p. 427).
ou seja, de conhecimentos apreendidos pelos indiví-
25
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
A denominação utilizada no âmbito econômico e ser de cada indivíduo, já que a educação é compreen-
político é “neoliberalismo”, uma retomada atualiza- dida como investimento em capital humano indivi-
da dos princípios do liberalismo do século XIX, sob dual, no qual possibilita ao indivíduo se tornar em-
o signo ultraliberalismo, de Friedrich Hayek, e do pregável. O Estado progressivamente retira-se da área
monetarismo, de Milton Friedman. Hayek herdou social, modifica seu modo de intervir com “[...] me-
pensamentos de John Stuart Mill e Ludwig von Mi- nos responsabilidade direta, mais pilotagem à distân-
ses, no qual enfatiza o caráter abstrato e generalista cia em parceria com os atores da sociedade civil, mais
da teoria diante do elevado grau de complexidade avaliação da eficácia e da eficiência da ação pública” (
dos assuntos econômicos, o alvo de suas críticas foi TARDIFF e LESSARD, 2011, p. 54-55).
o pensamento keynesiano (socialdemocracia). Mil-
ton Friedman (1912-2006), economista liberal (con-
SAIBA MAIS
servador), representa a escola de Chicago com The-
odore Schultz e Gary Beckerque. Friedman atuou
no Departamento de Economia da Universidade de Quando se utiliza a expressão “liberal” no
continente europeu, o que se tem em vista
Chicago, recebeu o Prêmio Nobel de Economia em é aquele pensador ou político que defende
1976. O ponto fundamental para nosso estudo na as ideias econômicas do livre mercado e cri-
obra de Friedman são as sugestões direcionadas na tica a intervenção estatal e o planejamento.
São aqueles que se opõem ao socialismo, à
área educacional. socialdemocracia, ao Estado de bem-estar
social, mas a palavra “liberal” nos Estados
Os indivíduos devem ser responsabilizados Unidos quer dizer quase o contrário: ela se
pelo custo de seu investimento e receber as re- aplica principalmente a políticos e intelectuais
compensas. [...] Uma agência governamental alinhados com o Partido Democrata e que
apoiam a intervenção reguladora do Estado
poderia financiar ou ajudar a financiar o trei-
e a adoção de políticas de bem-estar social,
namento de qualquer indivíduo [...] Em troca,
programas que os neoliberais recusam.
o indivíduo concordaria em pagar ao governo
[...] (FRIEDMAN, 1984, p. 99). Fonte: Moraes (2001, p. 3).
26
EDUCAÇÃO FÍSICA
O papel do Estado fica em segundo plano, ao prio- os ditames neoliberais segundo os quais a educação
rizar a concorrência de mercado por meio da ini- deve responder ao desenvolvimento da economia.
ciativa privada, o que corresponde à desobrigação Caro(a) aluno(a), agora que já conhecemos um
paulatina do Estado com a educação pública. Com pouco sobre os ideais neoliberais, cabe a seguinte
um olhar crítico e reflexivo sobre as políticas educa- questão: como as políticas neoliberais interferem na
cionais na atual realidade, percebemos a prioridade educação? São vários aspectos a serem colocados.
do Estado na inserção do país no mercado globali- A transferência dos referenciais econômicos
zado, à medida que incorpora em sua política social para a educação - atualmente a educação se orga-
27
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
niza sob o “paradigma da liberdade econômica, da to estimula a formação de técnicos, pois o foco é no
eficiência e da qualidade” (LIBÂNEO, 2003, p. 92). trabalhador.
Assim, a competição deve regular o sistema escolar, Temos também a contradição centralização X
o que evidencia os mecanismos de controle de quali- descentralização; “centralizadora do controle pe-
dade, realizados por meio das constantes avaliações dagógico (em nível curricular, de avaliação do sis-
nacionais, e estas apresentam os resultados em for- tema e de formação docente) e descentralização dos
ma de ranking, estimulando o mérito, a competição mecanismos de financiamento e gestão do sistema”
e o mercado educacional. (GENTILI, 1998, p. 25). A descentralização é utili-
A ótica neoliberal visa ao “preparo polivalente zada como estratégia de racionalização de recursos,
apoiado no domínio de conceitos gerais, abstratos, e a centralização incorpora também as orientações
de modo especial aqueles de ordem matemática” dos organismos internacionais para a educação.
(SAVIANI, 2007, p. 427). A partir das avaliações O olhar dos autores neoliberais para a educação é,
nacionais, disciplinas são privilegiadas na escola, a princípio, responsabilizar o Estado, escola e o pro-
como o caso de português e matemática, consequen- fessor pela ineficiência e falta de qualidade. Os sis-
temente algumas escolas se tornam um “cursinho”, temas educacionais contemporâneos não enfrentam,
que treina os alunos para as avaliações. sob a perspectiva neoliberal, uma crise de democrati-
A educação é entendida não mais como um di- zação, de acesso e permanência dos alunos na escola,
reito social, mas como uma mercadoria a ser con- de falta de recursos, mas uma crise gerencial.
sumida individualmente, portanto, quem tiver mais A grande estratégia do neoliberalismo consis-
poder econômico “compra” uma educação de me- te em transferir a educação da esfera da política
lhor qualidade. para a esfera do mercado, distorcendo, assim, seu
caráter de direito do cidadão e reduzindo-a a sua
[...] Daí a crise do sistema público de ensino, condição de propriedade. Gentili (1999) denomi-
pressionado pelas demandas do capital e pelo
na esse processo de “mcdonaldização da escola”;
esgotamento dos cortes dos recursos dos orça-
mentos públicos. Talvez nada exemplifique me- a educação como mercadoria oferecida deve ser
lhor o universo instaurado pelo neoliberalismo, produzida de forma rápida e de acordo com nor-
em que “tudo se vende, tudo se compra”, “tudo mas de controle da eficiência e da produtividade,
tem preço”, do que a mercantilização da educa- ou seja, racionalizada.
ção. Uma sociedade que impede a emancipação
A noção de privatização da educação é extre-
só pode se transformar em shopping centers,
funcionais à sua lógica do consumo e do lucro mamente relevante na compreensão dos aspectos
(SADER apud MÉSZÁROS, 2005, p. 16). neoliberais na política educacional. Lembre-se, ca-
ro(a) aluno(a), de que a privatização constitui uma
A retórica neoliberal adota a adequação do ensino estratégia global da reestruturação capitalista, nesse
à competitividade do mercado internacional, e é sentido, a educação é privatizada de forma similar a
conforme a demanda do mercado de trabalho que das empresas estatais e dos serviços da área social.
se estabelecem os objetivos e currículos educacio- Gentili (1999, p. 109) aponta três aspectos da priva-
nais. Assim, podemos observar que o atual momen- tização educacional:
28
EDUCAÇÃO FÍSICA
29
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Organizações Internacionais:
Propostas para a Educação Brasileira
As reformas educacionais no Brasil e na América ções Unidas para a Educação, Ciência e a Cultu-
Latina realizaram-se sob forte impacto de avalia- ra – UNESCO, a Organização para a Cooperação
ções diagnósticas, relatórios e documentos, gerados e Desenvolvimento Econômico – OCDE, o Fundo
no âmbito dos organismos internacionais, como das Nações Unidas para a Infância – UNICEF, o
as agências que compõem a ONU: BIRD – Banco Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi-
Mundial (Banco Internacional de Reconstrução e mento – PNUD, entre outras.
Desenvolvimento); CEPAL – Comissão Econômi- Trabalhos produzidos por autores, tais como
ca para a América Latina e Caribe; FMI – Fundo Oliveira (2004), Rosemberg (1998; 1999; 2000),
Monetário Internacional; OIT – Organização In- Mello e Costa (1995), Torres (2001), Coragio
ternacional do Trabalho; Instituições voltadas para (1996), entre outros, apontam as influências das
a cooperação técnica, como o Programa das Na- organizações multilaterais (OMs) na política para
30
EDUCAÇÃO FÍSICA
educação brasileira, e tais influências se originam O principal evento diretamente relacionado com
da subordinação do Estado a esses organismos, as políticas educacionais foi a Conferência Mundial
pois dependem de seus financiamentos para proje- sobre Educação para Todos (1990) e, em sequência
tos na área educacional; em contrapartida, devem a ela, a Conferência de Cúpula de Nova Delhi, Índia
estar em sintonia com as ideologias e recomenda- (1993), e Cúpula Mundial de Educação para Todos,
ções dessas organizações internacionais. Dakar (2000), com os objetivos de avaliar e modifi-
Ao realizar empréstimos, os organismos inter- car os termos definidos na Conferência de Jomtien
nacionais propõem os ajustes estruturais, que são que é, ainda hoje, o documento de referência para as
diretrizes econômicas e políticas, elaboradas pelas políticas educacionais dos países pobres e em desen-
organizações multilaterais e recomendadas como volvimento, como o Brasil. O Banco Mundial, por
modelo ou receituário a ser seguido pelos países en- sua vez, elabora regularmente relatórios técnicos so-
dividados. No entanto, ajustes estruturais implicam bre suas atividades. Os documentos originados des-
cortes de verbas em áreas sociais, tradicionalmente sas conferências, assinados pelos países membros, e
atendidas pelo Estado, como a educação. Como for- as orientações políticas e técnicas do Banco Mundial,
ma de compensar os cortes no orçamento destinado vêm servindo de referência às políticas educacionais
às áreas sociais, definem-se programas focalizados do Brasil: Plano Decenal Educação para Todos (1993-
na população mais pobre (SOARES, 2000). 2003), Plano Nacional de Educação (2001-2010),
LDB de 1996 e outras diretrizes para a educação.
REFLITA Cabe registrar que, no Brasil, as orientações interna-
cionais são assumidas pelo Movimento Todos pela
Educação (SHIROMA; GARCIA; CAMPOS, 2011).
As políticas focadas na população extrema-
mente pobre não garante cidadania porque O marco da Conferência Mundial sobre Educa-
propõe o mínimo necessário. Mas estas po- ção para Todos (1990) por iniciativa e patrocínio dos
líticas não contribuem para a diminuição da organismos internacionais - UNICEF, UNESCO,
desigualdade social?
PNUD E BM - serviu de marco para o delineamen-
Fonte: Abranches (1998). to, planejamento e execução de políticas públicas
educativas em nível global. A partir da conferência
e o próprio documento “Declaração Mundial de
É preciso entender, caro(a) aluno(a), que as or- Educação para Todos”, os governos utilizam e assu-
ganizações multilaterais possuem como objetivos mem os conceitos, interpretações e orientações que
principais definir e estabelecer os direitos de pro- são traduzidas em políticas e programas. Entretanto,
priedade dos atores internacionais. De acordo com o “modelo de educação para todos” possibilita di-
Rosemberg (2000), para alguns países é preferível ferentes interpretações. A Educação para Todos foi
financeiramente participar de uma organização se voltando para os enfoques minimalistas, o curto
multilateral a ter representação diplomática em prazo, a solução fácil e rápida, a quantidade acima
todos os países. da qualidade (TORRES, 2001, p. 29).
31
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
A visão minimalista proposta está vinculada à sig- assimilar determinados conhecimentos. O im-
nificativa influência dos organismos internacionais, portante é aprender a aprender, isto é, aprender
demonstram um modelo com ênfase nos aspectos a estudar, a buscar conhecimentos, a lidar com
situações novas. E o papel do professor deixa de
administrativo por vias da descentralização, tanto ser o daquele que ensina para ser o de auxiliar
do sistema escolar como da capacitação de docen- o aluno em seu processo de aprendizagem (SA-
tes. A aprendizagem, em geral, é interpretada como VIANI, 2007, p. 429).
resultado, por isso a proposta de avaliar constante-
mente e remunerar os docentes conforme a aprendi- Essa crítica ao “aprender a aprender” também está
zagem de seus alunos. presente nas pesquisas de Newton Duarte, no livro
Saviani (2007), denomina esse processo de neo-es- Vigotski e o “aprender a aprender”: crítica às apro-
colanivismo, que tem como lema “aprender a apren- priações neoliberais e pós-modernas da teoria vi-
der”, tão difundido na atualidade. Como resultado, te- gotskiana. A análise de seu livro teve como fonte o
mos várias mudanças no eixo do processo educativo: relatório da comissão internacional da UNESCO,
conhecido como Relatório Jacques Delors e o volu-
[...] do aspecto lógico para o psicológico; dos me I dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o
conteúdos para os métodos; do professor para o
Ensino Fundamental. Em seu livro, evidencia qua-
aluno; do esforço para o interesse; da disciplina
para a espontaneidade, configurou-se uma teo- tro posicionamentos valorativos contidos no lema
ria pedagógica em que o mais importante não “aprender a aprender”.
é ensinar e nem mesmo aprender algo, isto é,
32
EDUCAÇÃO FÍSICA
[...] são mais desejáveis as aprendizagens que o O quarto posicionamento valorativo “[...] é o
indivíduo realiza por si mesmo, nas quais está de que a educação deve preparar os indivíduos para
ausente a transmissão, por outros indivíduos,
acompanharem a sociedade em acelerado processo
de conhecimentos e experiências. [...] Não dis-
cordo da afirmação de que a educação escolar de mudança” (DUARTE, 2001, p. 37). Os alunos de-
deva desenvolver no indivíduo a capacidade e a vem ser preparados para um mundo mutante, de-
iniciativa de buscar por si mesmo novos conhe- senvolver habilidades, competências para se adaptar
cimentos, a autonomia intelectual, a liberdade
e ser flexível, ajustando-se às condições de trabalho
de pensamento e de expressão. [...] trata-se do
fato de que as pedagogias do “aprender a apren- ou desemprego.
der” estabelecem uma hierarquia valorativa Qual relação podemos fazer sobre neoliberalis-
na qual aprender sozinho situa-se num nível mo, os organismos internacionais e o “aprender a
mais elevado do que a aprendizagem resultante aprender”? Os organismos internacionais utilizam
da transmissão de conhecimentos por alguém
(DUARTE, 2001, p. 36).
das ideias neoliberais e pós-modernas em seus do-
cumentos e orientações. A concepção pós-moder-
Passa a ser mais importante o aluno desenvolver na de sujeito híbrido, plural e centrado na expe-
um método de aquisição do conhecimento do que riência imediata da vida valoriza o conhecimento
aprender os conhecimentos descobertos historica- cotidiano, não mais o conhecimento construído
mente. Aprender sozinho na perspectiva do “apren- historicamente e sistematizado na escola. Portan-
der a aprender” é mais importante do que a apren- to, as teorias pedagógicas do “aprender a aprender”
dizagem resultante da transmissão de conhecimento devem ser analisadas “[...] como parte de um pro-
por outra pessoa (DUARTE, 2001). cesso ideológico mais amplo, o de avanço do pen-
samento neoliberal e de seu aliado, o pós-moder-
São, portanto, duas ideias intimamente asso- nismo” (DUARTE, 2001, p. 71).
ciadas: 1) aquilo que o indivíduo aprende por
Em suma, o pensamento pós-moderno e neo-
si mesmo é superior, em termos educativos e
sociais, àquilo que ele aprende através da trans- liberal apresenta um “recuo da teoria” o que torna
missão por outras pessoas e 2) o método de ilusório a apropriação do conhecimento objetivo;
construção do conhecimento é mais importan- pressuposto básico para a formação de sujeitos polí-
te do que o conhecimento já produzido social- ticos, críticos que lutem pela possibilidade de trans-
mente (DUARTE, 2001, p. 37).
formações sociais.
Caro(a) aluno(a), cabe nos questionarmos: que
O terceiro posicionamento valorativo analisado pelo visão de sociedade e de indivíduo essas teorias pe-
autor se refere a atividade educativa do aluno, a qual dagógicas do “aprender a aprender” assumem e pro-
deve ser impulsionada e orientada conforme os inte- pagam na escola? Para Duarte (2003, 2004, 2006 e
resses e necessidades da própria criança, uma educa- 2007), teorias pedagógicas do “aprender a aprender”
ção funcional, com base na concepção de educação propagam argumentos, como:
funcional de Claparède (1954).
33
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
34
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), na Unidade I, o objetivo foi tratar conceitos básicos
da disciplina a partir da relação entre sociedade, Estado e educação; a
interferência neoliberal na educação, os organismos internacionais e
suas propostas para a educação brasileira.
Ao longo da história da educação no Brasil, os objetivos educacionais são
redefinidos, adaptam-se aos modos de produção e organização do trabalho e da
vida. Ao sintetizarmos aspectos históricos da educação, observamos as tendên-
cias educacionais em cada período.
Percebemos, caro(a) aluno(a), que no contexto da reestruturação do capi-
tal - a globalização, a reforma do Estado, a política neoliberal e os organismos
internacionais - a educação é culpabilizada por uma crise que é da estrutura
social e é convocada a responder ativamente para a saída da crise, atendendo
às demandas do mercado.
As inúmeras políticas e projetos educacionais nas últimas décadas colocaram,
para o sistema de ensino, aquilo que ele, por si só, não é capaz de resolver. Nós,
educadores, precisamos ter clareza da função social da escola em socializar o
saber sistematizado historicamente, o saber científico. Esteja atento(a), caro(a)
aluno(a), às tendências postas pelo mercado para a educação, elas são sedutoras,
tratam a desigualdade social como natural, como se o sucesso escolar e profis-
sional dependesse apenas de cada um. Não estamos afirmando que os esforços
individuais não seja um elemento fundamental, mas a estrutura social é o fator
básico para garantir os direitos de cidadania.
Portanto, a educação deve ter como objetivo a formação integral do ser hu-
mano, que permita o conhecimento e desenvolvimento de suas potencialidades,
ancoradas nos conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade. To-
dos os indivíduos devem ter a oportunidade educacional de se tornar consciente
e crítico do mundo no qual ele vive.
35
atividades de estudo
1. De acordo com a discussão abordada nesta Está correto apenas o que se afirma em:
unidade, reflita sobre a seguinte questão: a a. I e II.
reestruturação econômica interfere de que
b. I, II e III.
forma na educação a partir da década de 90?
c. III e IV.
2. Apresente as principais características do ideá-
d. I, II e IV.
rio neoliberal e sua influência nas políticas pú-
blicas educacionais. e. II e III.
36
LEITURA
COMPLEMENTAR
[...]
37
LEITURA
COMPLEMENTAR
38
LEITURA
COMPLEMENTAR
De forma clara e simples: a escola funciona mal porque as pessoas não reconhecem o
valor do conhecimento; os professores trabalham pouco e não se atualizam, são pre-
guiçosos; os alunos fingem que estudam quando na realidade perdem o tempo, etc.
Enfim, para os neoliberais trata-se de um problema cultural provocado pela ideologia
dos direitos sociais.
39
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Apresentação: em 1995, teve início a Reforma da Gestão Pública, iniciada pelo MARE, que
existiu entre 1995 e 1998. Nos primeiros quatro anos do governo FHC, enquanto Luiz Carlos
Bresser-Pereira foi o ministro, a reforma foi executada ao nível Federal.
Disponível em: <http://www.bresserpereira.org.br/Documents/MARE/PlanoDiretor/planodi-
retor.pdf>.
40
referências
41
referências
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08 dez. 2017.
42
gabarito
43
ASPECTOS LEGAIS DA
POLÍTICA EDUCACIONAL
BRASILEIRA
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• A educação na Constituição Federal de 1988
• A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996
• Financiamento da educação
Objetivos de Aprendizagem
• Estudar as relações históricas estabelecidas entre a
sociedade, o Estado e a educação no Brasil.
• Compreender a educação na legislação como um bem
individual e coletivo.
• Refletir acerca dos contextos legais de legitimação e
contradições das leis: Constituição Federal de 1988 e LDB
de 1996.
unidade
II
INTRODUÇÃO
C
aro(a) aluno(a), nesta segunda unidade, abordaremos questões
da legislação das políticas educacionais e da organização edu-
cacional; para tanto, nosso enfoque será as leis que regulamen-
tam a educação básica brasileira, traçando paralelos que nos
levem a refletir acerca dos contextos legais de legitimação e consolidação
no campo educacional.
A organização e a estrutura do sistema de ensino brasileiro sofreram mu-
danças significativas a partir da Constituição Federal de 1988, em sua termi-
nologia, assim como em sua abrangência nas esferas administrativas; União,
estados e municípios. Sendo a política educacional constituinte de uma polí-
tica geral, deve-se considerar que a política educacional está articulada a um
projeto de sociedade que se deseja implantar em cada momento histórico.
As políticas educacionais materializadas em leis e diretrizes possuem
intencionalidades, ideias, valores e contradições. Portanto, necessitam
ser analisadas criticamente no quadro mais amplo das mudanças econô-
micas, políticas, culturais e globais, à medida que possamos articular o
espaço escolar, a organização do ensino com o sistema social. Negar a
estrutura social, a totalidade das relações são princípios centrais das pe-
dagogias contemporâneas, negam a universalidade e a objetividade do co-
nhecimento, e apresentam como solução para a educação as “metodolo-
gias inovadoras” e deixam em segundo plano o conhecimento científico.
Discutiremos a educação como um direito do cidadão e dever do
Estado na Constituição Brasileira de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional de 1996, assim como seus desdobramentos em mais
de duas décadas. Por fim, apontaremos as principais preconizações do
financiamento da educação. Os textos legais apresentados são tratados
além de suas características legalistas e formais, para atermos ao contexto
e as entrelinhas dos documentos. Lembramos novamente que esta é uma
leitura inicial, entretanto, sinta-se à vontade em buscar outras fontes que
possam sanar as dúvidas durante os momentos de estudo.
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
A Educação na
Constituição Federal de 1988
A Constituição de 1988 representa um marco para as A Constituição Federal enuncia a educação como
políticas educacionais e consolida diversas reivindica- direito de todos, dever do Estado e da família; a
ções da sociedade civil no cenário de redemocratização educação, neste artigo, representa tanto mecanismo
do país como democratização da educação; efetivação de desenvolvimento pessoal do indivíduo, como da
do direito à educação para todos; universalização do própria sociedade em relação à cidadania e ao traba-
ensino; maior participação da comunidade na gestão lho. Resumindo, a educação possui a tríplice função:
escolar, entre outras. A CF/1988 representa, também, • De garantir a realização plena do ser humano;
a construção de uma sociedade com vistas a se adaptar • De preparar para o exercício da cidadania;
ao novo contexto socioeducacional mundial.
• De qualificar para o mundo do trabalho.
A importância de conhecer a base legal decorre Os três objetivos expressam o sentido que a Constitui-
do fato de que esta, embora por si não altere a
ção concedeu à educação como direito fundamental no
fisionomia do real, indica um caminho que a
sociedade deseja para si e quer ver materializa- contexto dos direitos sociais, econômicos e culturais.
do (VIEIRA, 2005, p. 29).
[...] os direitos fundamentais ou direitos huma-
nos são direitos históricos, ou seja, são fruto de
Constituição Federal de 1988 circunstâncias e conjunturas vividas pela hu-
manidade e especificamente por cada um dos
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Es-
diversos Estados, sociedades e culturas. Portan-
tado e da família, será promovida e incentivada com a
to, embora se alicercem numa perspectiva jus-
colaboração da sociedade, visando ao pleno desen-
volvimento da pessoa, seu preparo para o exercício naturalista, os direitos fundamentais não pres-
da cidadania e sua qualificação para o trabalho. cindem do reconhecimento estatal, da inserção
no direito positivo (BOBBIO, 1992, p. 5).
48
EDUCAÇÃO FÍSICA
O Estado de direito é fruto do liberalismo, mas o em vista a construção de uma sociedade mais
Estado, chamado de Estado de direito democrático, justa e igualitária. Qualidade é, pois, conceito
implícito à educação e ao ensino (LIBÂNEO;
inclui o princípio da participação e soberania popu-
OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 132-133).
lar; exige o voto de todos como forma de garantir
a soberania popular, e envolve o controle social da O artigo 205, além de tratar a educação como di-
própria administração pública. Quanto mais coleti- reito de todos, afirma ser também um dever do
va é uma decisão, mais democrática ela é, portanto, Estado e da família, isso significa que eles têm o
possui maior possibilidade de garantir os direitos dever de proporcionar condições reais para que to-
fundamentais. Veja os outros direitos fundamentais, dos possam ter acesso à escola. O dever do Estado
prescritos na CF 88. é construir e prover vagas nas escolas com políticas
públicas que possibilitem o acesso e a permanência
Constituição Federal de 1988 do aluno na escola.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil: [...] ao estabelecer que a educação seja direito de
I. construir uma sociedade livre, justa e solidária;
todos, a Constituição está dizendo que ninguém
II. garantir o desenvolvimento nacional;
pode ser excluído dela, ninguém pode ficar fora
III. erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
da escola e ao desabrigo das demais instituições
as desigualdades sociais e regionais;
IV. promover o bem de todos, sem preconceitos de e instrumentos que devem promover a educa-
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras ção do povo (HERKENHOFF, 2001, p. 219).
formas de discriminação.
Porém, o que ocorre se não houver vagas para os
alunos? Pode-se recorrer ao Ministério Público, que
Os direitos fundamentais, presentes na CF\1988, já tem como uma das suas funções defender os inte-
constavam na Declaração Universal de Direitos de resses coletivos e os interesses individuais homogê-
1948, da qual o Brasil é signatário. Cabe aqui, ca- neos. O Ministério Público poderá entrar com uma
ro(a) aluno(a), a seguinte questão: em uma socieda- ação civil pública ou com um mandado de seguran-
de capitalista como a nossa, é possível efetivar uma ça contra o ente federativo (União, estado, Distrito
sociedade livre, justa e solidária? Dentre inúmeras Federal ou município), exigindo esse direito.
possibilidades de resposta, podemos pensar o quan- E quando a família se recusa a matricular o fi-
to a educação de qualidade é fundamental para o al- lho na escola? Vejamos, se o aluno estiver em idade
cance de tais objetivos. escolar para frequentar o ensino obrigatório, essa
recusa é considerada abandono intelectual, confor-
[...] a educação de qualidade é aquela median- me artigo 246 do Código Penal (BRASIL, 2000). É
te a qual a escola promove, para todos, o do-
importante lembrar que o ensino obrigatório é dos
mínio de capacidades cognitivas e afetivas in-
dispensáveis ao atendimento de necessidades quatro aos dezessete anos, por meio da Emenda
individuais e sociais dos alunos, bem como a Constitucional nº 59/09. A criança deve ser matri-
inserção no mundo e a constituição da cidada- culada na pré-escola aos quatro anos e cursar os ca-
nia também como poder de participação, tendo torze anos de escolaridade obrigatória no Brasil.
49
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Diante do dever do Estado com a oferta da educa- Este artigo explicita o caráter obrigatório e gratuito
ção, como se efetiva essa garantia? Vamos, assim, para da educação escolar em seus níveis e modalidades de
a discussão do artigo 208 da Constituição Federal: ensino, incluindo o indivíduo que não teve acesso à
escola na idade própria, ou seja, a oferta da modali-
dade de Educação de Jovens e Adultos.
Constituição Federal de 1988
Art. 208. O dever do Estado com a educação será O inciso IV foi uma grande conquista para a
efetivado mediante a garantia de: educação infantil, pois a legislação deixa claro que
I. educação básica obrigatória e gratuita dos as creches e pré-escolas são dever do Estado; em
4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
constituições anteriores, o atendimento a essa faixa
assegurada inclusive sua oferta gratuita para
todos os que a ela não tiveram acesso na idade etária caracterizava a assistência e o amparo e não,
própria; (Redação dada pela Emenda Constitu- necessariamente, um dever. “[...] as conquistas ga-
cional nº 59, de 2009)
rantidas pela CF 88 não se deram sem uma forte e
II. progressiva extensão da obrigatoriedade e gra-
tuidade ao ensino médio; necessária mobilização e sem que as condições his-
II. progressiva universalização do ensino médio gra- tóricas as favorecessem [...]” (CORRÊA, 2007, p.
tuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional 18). Durante o movimento da Constituinte, vários
nº 14, de 1996)
III. atendimento educacional especializado aos grupos organizados da sociedade civil apresenta-
portadores de deficiência, preferencialmente na ram importantes debates em prol das crianças de
rede regular de ensino; zero a seis anos.
IV. educação infantil, em creche e pré-escola, às
A modalidade de educação especial deve ser
crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) preferencialmente oferecida na rede regular de en-
V. acesso aos níveis mais elevados do ensino, da sino; cabe informar que, na redação do Plano Na-
pesquisa e da criação artística, segundo a capaci-
cional de Educação (2014-2024), a palavra prefe-
dade de cada um;
VI. oferta de ensino noturno regular, adequado às rencialmente é substituída por obrigatoriamente, o
condições do educando; que é motivo de muitos debates entre a oferta da
VII. atendimento ao educando, em todas as etapas
educação pública e a privada, assim como a quali-
da educação básica, por meio de programas
suplementares de material didático escolar, dade dessa oferta.
transporte, alimentação e assistência à saúde. O inciso V traz, claramente, a responsabilidade
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº de cada indivíduo quanto à educação superior, por
59, de 2009)
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é
estar atrelada à capacidade de cada um, em uma
direito público subjetivo. estreita relação com a política econômica neolibe-
§ 2º- O não-oferecimento do ensino obrigatório ral que compreende a educação como uma opor-
pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, impor-
tunidade e não como direito. Sabemos que não há
ta responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º- Compete ao Poder Público recensear os vagas para todos no ensino superior público; nesse
educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a sentido, o aluno não passa no vestibular por sua
chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis,
insuficiente capacidade e não pela falta de vagas
pela frequência à escola.
oferecidas pelo Estado. Percebemos o princípio da
50
EDUCAÇÃO FÍSICA
“autorregulação” incorporada nas políticas educa- Os princípios norteadores do ensino são trata-
cionais, mas já implementadas no processo de fle- dos no artigo 206, a seguir.
xibilização do trabalho, no qual, “[...] o trabalhador
tem mais responsabilidade pela sua própria efici- Constituição Federal de 1988
ência, produtividade ou permanência no trabalho” Art. 206. O ensino será ministrado com base nos
seguintes princípios:
(CARVALHO, 2012, p. 210).
I. igualdade de condições para o acesso e perma-
Programas suplementares de material didático nência na escola;
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divul-
gar o pensamento, a arte e o saber;
são condições básicas para se efetivar o acesso e a
III. pluralismo de ideias e de concepções pedagó-
permanência do aluno na escola. Contudo, muitas gicas, e coexistência de instituições públicas e
vezes, os municípios mais pobres não conseguem privadas de ensino;
IV. gratuidade do ensino público em estabelecimen-
atender toda demanda educacional e dependem da
tos oficiais;
complementação da União. V. valorização dos profissionais do ensino, garanti-
No parágrafo 1º, do art. 208, temos a seguinte do, na forma da lei, plano de carreira para o ma-
gistério público, com piso salarial profissional e
redação: “O acesso ao ensino obrigatório e gratuito
ingresso exclusivamente por concurso público de
é direito público subjetivo”. Assim, o que significa provas e títulos, assegurado regime jurídico único
direito público subjetivo? Quer dizer que o aces- para todas as instituições mantidas pela União;
V. valorização dos profissionais do ensino, garan-
so ao ensino fundamental é obrigatório e gratuito;
tidos, na forma da lei, planos de carreira para o
havendo o não oferecimento do ensino obrigatório magistério público, com piso salarial profissional
pelo Poder Público (federal, estadual, municipal) e ingresso exclusivamente por concurso público
de provas e títulos; (Redação dada pela Emenda
ou sua oferta irregular, a autoridade competente
Constitucional nº 19, de 1998)
pode ser responsabilizada. V. valorização dos profissionais da educação
escolar, garantidos, na forma da lei, planos de
Entretanto, se por um lado a legislação apre- carreira, com ingresso exclusivamente por con-
curso público de provas e títulos, aos das redes
senta alguns elementos de avanço nesse aspec-
públicas; (Redação dada pela Emenda Constitu-
to, por outro, as medidas e os projetos imple-
cional nº 53, de 2006)
mentados pelas reformas educativas a partir VI. gestão democrática do ensino público, na
dos anos 1990 desencadeiam um movimento forma da lei;
oposto, isto é, de desresponsabilização do esta- VII. garantia de padrão de qualidade.
do (HIDALGO, 2009, p. 9). VIII. salarial profissional nacional para os profissionais
da educação escolar pública, nos termos de lei
federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
Cabe ressaltar que tanto os avanços da obrigatorie- 53, de 2006)
dade e gratuidade no aspecto legal quanto sua efeti- Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias
de trabalhadores considerados profissionais da
vação dependem do acompanhamento e da cobran-
educação básica e sobre a fixação de prazo para a
ça da sociedade civil ao poder público. A política elaboração ou adequação de seus planos de car-
educacional, para além da retórica, efetiva-se com a reira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda
participação da sociedade civil, que dá movimento Constitucional nº 53, de 2006)
ao processo de democratização da educação.
51
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
A Constituição Federal, como posto no artigo 206, I a homogeneização dos discursos. A gestão demo-
“igualdade de condições para o acesso e permanên- crática não deve ser instrumento de legitimação das
cia na escola”, apresenta sintonia com o momento políticas com características neoliberais e orientadas
de abertura política; o espírito do texto é o de uma pelos organismos internacionais com foco na for-
“Constituição Cidadã” que propõe a incorporação mação para o trabalho.
de sujeitos historicamente excluídos do direito à O governo tem utilizado o apelo da participação
educação (VIEIRA, 2007). da comunidade escolar como justificativa de sua po-
Entre os princípios básicos do ensino, artigo lítica de descentralização. Sob essa perspectiva, ofe-
206, VI, está a “gestão democrática do ensino pú- rece condições para a participação da comunidade
blico na forma da lei”, a chamada “democratização” nas questões da escola, entretanto, essa participação
da gestão nas escolas públicas. A gestão democrática não deve ser justificativa para a desobrigação do Es-
no processo de desburocratização do Estado e suas tado com a educação. À medida que a comunidade
instituições aparecem como parceiras na divisão de assume cada vez mais a escola, torna-se responsável
responsabilidades entre a escola e a comunidade. “A também pelo seu sucesso ou fracasso, o que se carac-
comunidade externa tem assumido cada vez mais o teriza como uma pseudo democratização.
ônus deixado pelo Estado [...]” (CZERNISZ, 2001, O inciso III, do artigo 206, reconhece a “coe-
p. 205). É urgente a discussão sobre a gestão demo- xistência” entre estabelecimentos de ensino públi-
crática e sua implantação nas escolas, necessitamos cos e privados. Esse reconhecimento implica uma
verificar se ela atende a um projeto de sociedade de- alteração significativa nas políticas educacionais
mocrática ou a um projeto do capitalismo democrá- no processo de reforma da administração públi-
tico, com uma roupagem humanizadora. ca a partir dos anos 1990. Esse processo tem se
desenvolvido por meio da oferta privada de ser-
[...] a gestão da escola neste enfoque se caracte- viços públicos. O redirecionamento do Estado em
rizará por aspectos fortemente descentralizado-
relação às políticas públicas nesse contexto segue
res, com ênfase em aspectos administrativos. A
função da comunidade fica reduzida e restrita ao as seguintes estratégias, de acordo com Carvalho
gerenciamento de um mínimo de recursos, ou (2012, p. 214-216):
ao levantamento de recursos mínimos para ma- • Estimular soluções fora do setor público, ter-
nutenção da escola (CZERNISZ, 2001, p. 205). ceirizando, estabelecendo parcerias e contra-
tando serviços de mercado;
A participação necessária da sociedade civil pas- • Fornecer a participação crescente do traba-
sa pela socialização do próprio conceito de gestão lho voluntário e do “terceiro setor” na provi-
são dos serviços públicos;
democrática e seus desdobramentos, para que pos-
• Combater a prática monopolista, privilegian-
samos compartir ativamente do planejamento e das
do a liberdade de escolha e estimulando a
decisões que envolvem todo o âmbito da escola. As- competição (público e/ou privada) entre os
sim, pensar em gestão democrática implica superar que prestam serviços públicos;
52
EDUCAÇÃO FÍSICA
• Controlar e fiscalizar a qualidade dos servi- As escolas privadas também são subdivididas, na
ços prestados, adotando mecanismos de ava- CF/88, em escolas privadas com fins lucrativos e es-
liação da satisfação do cliente e de reconhe- colas privadas sem fins lucrativos. É necessário en-
cimento de sua opinião e vontade, a fim de
tender que o primeiro setor é o próprio Estado, e
regular o sistema, orientar suas ações e orien-
sua oferta dos serviços públicos, o segundo setor; o
tar as ações da gestão.
mercado oferece um serviço público, com objetivo
• Descentralizar, delegando autoridade, confian-
do poder e atribuindo responsabilidades aos de qualquer empresa privada, o lucro; o terceiro se-
cidadãos, em lugar de simplesmente servi-los; tor (público não estatal) se constitui como privado,
• Orientar as ações segundo os mecanismos de organizado pela sociedade civil, oferece um serviço
mercado (competição, livre escolha, opção público, mas sem objetivar o lucro. No terceiro se-
do consumidor, tomadas de decisão baseadas tor, temos como exemplo as associações laicas ou
nos melhores resultados), estruturar o mer- religiosas, institutos, fundações e organizações não
cado (estabelecer regras, orientar as decisões governamentais.
dos agentes privados) e induzi-lo a mudan-
Lembre-se, caro(a) aluno(a), de que para a te-
ças (divulgar informações sobre a qualidade
dos serviços, estimular a demanda, catalisar a oria neoliberal, quem está em crise não é o capita-
formação de novos setores do mercado e con- lismo, mas o Estado, assim como suas instituições,
ceder incentivos para influenciar a oferta de dentre outros fatores, pelo gasto com as questões
preços e serviços); sociais. Dessa forma, a abertura para o setor priva-
• Abrandar ou reverter o crescimento do setor do na área educacional é justificada por reduzir os
administrativo, diminuindo as despesas pú- gastos estatais e atender a uma grande parcela da
blicas e o número de funcionários. população, o que o Estado não consegue fazer. Na
O Estado, ao assumir esse novo perfil, delega fun- perspectiva neoliberal, é o próprio mercado que
ções, estabelecendo “parcerias” (instâncias do pró- possui a capacidade de suprir as falhas do Estado
prio governo, sociedade civil e setor privado), incen- (LEHER, 2003).
tivando a “gestão compartilhada”. A oferta educacional pelo terceiro setor compen-
sa as políticas sociais não atendidas pelo Estado, e as
Assim, observa-se que, na tentativa de equacio- instituições privadas que compõem o setor do mer-
nar as exigências populares de maior acesso aos
cado tornam-se referência, ou melhor, um padrão
serviços públicos e a necessidade de responder
por maior eficiência no já ofertados, o governo para a escola pública. Considerando que as políti-
brasileiro tem conduzido mudanças nos aspec- cas públicas foram redesenhadas a partir da refor-
tos gerenciais das políticas públicas, orientado ma do Estado e da educação na década de 90, temos
por critérios de racionalidade administrativa o compartilhamento das funções estatais quanto à
fundados na economia privada (OLIVEIRA;
educação, em caráter privado com fins lucrativos e
DUARTE, 2005, p. 288).
em caráter privado sem fins lucrativos.
53
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
SAIBA MAIS
54
EDUCAÇÃO FÍSICA
O Brasil é uma República Federativa, composta por A Constituição Federal de 1988 caracterizou-se
três níveis de governo: o governo federal (União), pela descentralização financeira com maior parti-
os governos estaduais e os municipais. Entre as três cipação de estados e, principalmente, dos municí-
esferas, no que se refere à divisão de competências, pios na arrecadação tributária e na receita disponí-
a descentralização está presente na esfera da União, vel (ROSSINHOLI, 2010). No início da década de
especialmente em matéria de educação. 80, a redemocratização do país colocou em ques-
tão o modelo centralizador e autoritário. No início
Constituição Federal de 1988 desse processo de redemocratização, a educação e
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e outras políticas sociais foram sustentadas pelo dis-
os Municípios organizarão em regime de colabora- curso da descentralização, denominada, principal-
ção seus sistemas de ensino.
mente, como municipalização.
§ 1º A União organizará o sistema federal de
ensino e o dos Territórios, financiará as insti-
tuições de ensino públicas federais e exercerá, [...] podem-se demarcar dois movimentos na
em matéria educacional, função redistributiva configuração da federação brasileira. Com a
e supletiva, de forma a garantir equalização de Constituição de 1988, o arranjo federativo ca-
oportunidades educacionais e padrão mínimo de racteriza-se pela não-centralização do poder
qualidade do ensino mediante assistência técnica político, pelo reconhecimento dos municípios
e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos como componentes da Federação, pelo forta-
Municípios; (Redação dada pela Emenda Constitu- lecimento do poder dos estados, pela descen-
cional nº 14, de 1996)
tralização fiscal e em políticas públicas. Desde
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente a segunda metade dos anos 1990, contudo, es-
no ensino fundamental e na educação infantil. tados e municípios sofreram restrições na sua
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
autonomia de implementação de políticas, cujo
14, de 1996)
principal fator foi seu enquadramento na estra-
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão tégia – nacional de ajuste fiscal – privatizações,
prioritariamente no ensino fundamental e mé-
renegociação das dívidas, geração de superá-
dio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14,
vit primário, disciplina fiscal (FARENZENA,
de 1996)
2010, p. 3).
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino,
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
cípios definirão formas de colaboração, de modo A educação é uma tarefa a ser compartilhada em
a assegurar a universalização do ensino obrigató- um regime denominado, na CF/1988, de coopera-
rio. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
59, de 2009) ção; nem a União, nem qualquer ente federado pode
§ 5º A educação básica pública atenderá priorita- atuar de forma isolada, mas todos devem exercer
riamente ao ensino regular. (Incluído pela Emenda sua competência com os demais. Assim, o que nor-
Constitucional nº 53, de 2006)
teia a repartição de competência entre as entidades
componentes do Estado Federal é o da predominân-
cia do interesse, segundo o qual, caberá à União as
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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
universidades, entre outros), denominada de educa- não poderia manter sua continuidade sem a presen-
ção escolar. Caro(a) aluno(a), é importante se apro- ça do complexo social da educação (COSTA, 2007).
priar da tipologia específica da legislação que, além Na sociedade contemporânea, quanto mais se
de ser cobrada nos concursos, permeia os textos, do- consolidam os aspectos globais baseados na pro-
cumentos, pareceres e diretrizes educacionais. dução para o consumo, mais se colocam exigências
O § 2º do artigo 1º estabelece a relação da e objetivos para a educação, como o de conteúdos
educação escolar com o mundo do trabalho e da mínimos para o processo de trabalho. Porém, com
prática social. conteúdos mínimos, aprender a ler, escrever e con-
tar pode atingir a formação integral para que o indi-
A escola, desde suas origens, foi posta do lado víduo possa exercer sua cidadania e participar ativa-
do trabalho intelectual; constituiu-se num ins-
mente da sociedade?
trumento para a preparação dos futuros diri-
gentes que se exercitavam não apenas nas fun- Para tanto, é necessário estar atento à oferta da
ções da guerra (liderança militar), mas também educação conforme as classes sociais, pois muitos
nas funções de mando (liderança política), por projetos educacionais são focalizados para as classes
meio do domínio da arte da palavra e do conhe- pobres e voltados para o desenvolvimento de com-
cimento dos fenômenos naturais e das regras de
petências de ordem prática, desvinculada da refle-
convivência social. A formação dos trabalhado-
res dava-se com o concomitante exercício das xão e do domínio do conhecimento científico. Para
respectivas funções (SAVIANI, 1994, p. 162). Braverman (1980), quanto maior o conteúdo cien-
tífico incorporado nos processos e instrumentos de
A educação cumpre papel de transmissão da cultura trabalho no contexto do desenvolvimento tecnoló-
humana. As competências teóricas e práticas, acu- gico, menor é o acesso do trabalhador a ele.
muladas pelo gênero humano, necessárias ao pro- Além do trabalho, outro conceito estruturante
cesso de trabalho, são transmitidas aos indivíduos do processo educativo é a prática social. A prática
por meio da educação. Esta, ao mesmo tempo, é o social, ou práxis, é a unidade da teoria e da prática
mecanismo por meio do qual as concepções acer- que são categorias filosóficas. A prática baseia-se na
ca do funcionamento da sociedade são transmitidas concepção marxista de que as ideias não mudam a
aos indivíduos. Por meio da educação são transmiti- realidade material, e só o material, que é a prática,
dos aos homens os conhecimentos e saberes neces- é capaz de transformar a realidade objetiva (TRI-
sários à reprodução do processo de trabalho, o qual VIÑOS, 2006).
60
EDUCAÇÃO FÍSICA
CF/1988 LDB/1996
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspi-
Estado e da família, será promovida e incentivada com rada nos princípios de liberdade e nos ideais de solida-
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desen- riedade humana, tem por finalidade o pleno desenvol-
volvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da vimento do educando, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho. cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Artigo 206 trata dos princípios da educação nacional. O artigo 3º, além de trazer os princípios já estabeleci-
dos na CF, acrescenta dois novos princípios: o inciso X
“valorização da experiência extra-escolar” e o inciso XI
“vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
práticas sociais”.
XII– consideração com a diversidade étnico-racial
(lei nº 12.796, de 4-4-2013).
61
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
LDB/1996
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:
I. educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos dezessete anos de idade, organizada da seguinte forma:
(Inciso acrescido pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013)
a. pré-escola; (Alínea acrescida pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013)
b. ensino fundamental; (Idem)
c. ensino médio; (Idem)
II. educação infantil gratuita às crianças de até cinco anos de idade; (Inciso com redação pela Lei nº 12.796, de 4-4-
2013)
III. atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades,
preferencialmente na rede regular de ensino; (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013)
IV. acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os que não os concluíram na idade
própria; (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013)
V. acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada
um;
VI. oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII. oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às
suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso
e permanência na escola;
VIII. atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suple-
mentares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; (Inciso com redação
dada pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013)
IX. padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno,
de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem;
X. vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental mais próxima de sua residência a
toda criança a partir do dia em que completar quatro anos de idade (Inciso acrescido pela Lei nº 11.700,
de 13-6-2008)
Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo
de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída
e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo (Parágrafo com redação dada pela Lei nº
12.796, de 4-4-2013)
§ 1º O poder público, na esfera de sua competência federativa, deverá: (Parágrafo com redação dada pela Lei
nº 12.796, de 4-4-2013)
I. recensear anualmente as crianças e adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e adultos que
não concluíram a educação básica; (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013).
Inciso com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013.
II. fazer-lhes a chamada pública;
III. zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4
(quatro) anos de idade.
62
EDUCAÇÃO FÍSICA
63
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
A LDB, em seu artigo 7º, trata da oferta do en- 20º e 77º, no próximo tópico, sobre financiamento
sino pelo setor privado, conforme os artigos 206 e da educação.
209 da CF/88, assim como no PNE (2011-2020). Já Do artigo 8º ao artigo 20º da LDB/1996 estão es-
discutimos anteriormente, nesta mesma unidade, tabelecidas disposições que tratam da organização da
os artigos da CF, e analisaremos os artigos 7º, 19º, Educação Nacional, do regime de colaboração, bem
como das normas que regem seu funcionamento.
64
EDUCAÇÃO FÍSICA
LDB/1996
Responsabilidades da Escola Responsabilidade do Professor
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I. participar da elaboração da proposta peda-
I. elaborar e executar sua proposta pedagógica; gógica do estabelecimento de ensino;
II. administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; II. elaborar e cumprir plano de trabalho, se-
III. assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabe- gundo a proposta pedagógica do estabeleci-
lecidas; mento de ensino;
IV. velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; III. zelar pela aprendizagem dos alunos;
V. prover meios para a recuperação dos alunos de menor ren- IV. estabelecer estratégias de recuperação para
dimento; os alunos de menor rendimento;
VI. articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos V. ministrar os dias letivos e horas-aula esta-
de integração da sociedade com a escola; belecidos, além de participar integralmente
dos períodos dedicados ao planejamento, à
VII. informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se
avaliação e ao desenvolvimento profissional;
for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendi-
mento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta VI. colaborar com as atividades de articulação
pedagógica da escola (Inciso com redação dada pela Lei nº da escola com as famílias e a comunidade.
12.013, de 6-8-2009);
VIII. notificar ao conselho tutelar do município, ao juiz competente
da comarca e ao respectivo representante do Ministério Públi-
co a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas
acima de cinquenta por cento do percentual permitido em lei
(Inciso acrescido pela Lei nº 10.287, de 10-9-2001).
65
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
O artigo 13º discorre sobre as especificações dos en- ciadas às condições materiais da escola, ao aumento
cargos dos professores; elaboração do plano indivi- do número de alunos por sala, à delegação de tarefas
dual conforme o PPP (Projeto Político Pedagógico); de programação e gestão de recursos ou à ampliação
cuidado da aprendizagem dos alunos; estabeleci- das tarefas de tipo assistencial, contribuíram para
mento do plano de recuperação com a escola (art. intensificar o tempo de trabalho extraclasse que his-
12, inciso V); participação do planejamento e ava- toricamente tem permanecido invisível na remune-
liação escolar; assim como o cumprimento dos dias ração da jornada de trabalho (BIRGIN, 1999).
e horas letivas e cooperação na articulação escola, A escola, assim como toda a educação, integra
família e comunidade. Entendemos que zelar pela todo o sistema social e tanto afeta a estrutura eco-
aprendizagem é um tanto vago na lei, portanto, vale nômica e social como é afetada por ela em maior
discutirmos a função do professor. medida. “Isso demonstra uma relação de influência
mútua entre a sociedade, o sistema de ensino, a ins-
Tais atribuições assumem variações e são in- tituição escolar e os sujeitos [...]” (LIBÂNEO; TOS-
fluenciadas por múltiplas determinações do
CHI; OLIVEIRA, 2012, p. 415).
contexto histórico-social, em permanente mu-
tação. Comumente é própria da função docente As determinações do artigo 12 da LDB para a es-
a socialização de saberes produzidos historica- cola são burocráticas e pedagógicas. Muito se fala em
mente pela humanidade e o desenvolvimento autonomia da escola, mas a escola, fazendo parte de
de atividades correlatas a esse processo e que
um sistema de ensino, possui uma autonomia rela-
dão sustentação ao ensino e à operacionaliza-
ção do currículo escolar, tais como: seleção dos tiva. As normativas da escola são necessárias desde
conteúdos a serem ensinados; criação de meca- que não deixem em segundo plano o aprendizado e
nismos para relacionar os conteúdos curricu- o desenvolvimento integral do aluno. A organização
lares às experiências culturais e concretas dos
da escola é apenas um meio para atingir seu objetivo,
estudantes; elaboração e/ou planejamento de
metodologias de ensino; construção dos planos pois o processo de ensino depende de boas condições
de ensino; participação na elaboração do pro- organizacionais e de gestão da escola. O ideário da
jeto político pedagógico e dos conselhos esco- reforma educacional também contempla a otimiza-
lares; elaboração dos processos de avaliação da
aprendizagem (SILVA, 2010, p. 2).
ção e racionalização dos processos de trabalho, e al-
guns autores, como Libâneo, Toschi e Oliveira (2012),
O exercício profissional do professor compreende Shiroma, Moraes e Evangelista (2007) têm destinado
ao menos três atribuições: a docência, a atuação na críticas quanto ao fato de as questões administrativas
organização e na gestão da escola e a produção de estarem se sobrepondo aos aspectos pedagógicos.
conhecimento pedagógico (LIBÂNEO; TOSCHI;
OLIVEIRA, 2012, p. 431). [...] os professores necessitam ter consciência
das determinações sociais e políticas, das rela-
Evidentemente, é preciso lembrar que para uma
ções de poder implícitas nas decisões adminis-
educação de qualidade, necessitamos de uma remu- trativas e pedagógicas do sistema e da maneira
neração de qualidade para os professores e profis- pela qual elas afetam as decisões e ações levadas
sionais do ensino. Os processos de intensificação do a efeito na escola e nas salas de aula (LIBÂNEO;
trabalho, ou seja, as novas cargas de trabalho, asso- TOSCHI; OLIVEIRA, 2012, p. 416).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
LDB/1996
LDB - Anterior a Reforma do Ensino Médio LDB - Atualizada com a Reforma do Ensino Médio - 2017
Art. 62. A formação de docentes para atuar na edu- Art. 62. A formação de docentes para atuar na edu-
cação básica far-se-á em nível superior, em curso de cação básica far-se-á em nível superior, em curso de
licenciatura, de graduação plena, em universidades licenciatura plena, admitida, como formação mínima
e institutos superiores de educação, admitida, como para o exercício do magistério na educação infantil
formação mínima para o exercício do magistério e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental,
na educação infantil e nos cinco primeiros anos do a oferecida em nível médio, na modalidade normal.
ensino fundamental, a oferecida em nível médio na (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº 13.415,
modalidade normal. de 16/2/2017)
§ 1º A União, o Distrito Federal, os estados e os mu- § 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Muni-
nicípios, em regime de colaboração, deverão promo- cípios, em regime de colaboração, deverão promover a
ver a formação inicial, a continuada e a capacitação formação inicial, a continuada e a capacitação dos pro-
dos profissionais de magistério (Caput com redação fissionais de magistério. (Parágrafo acrescido pela Lei nº
dada pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013). 12.056, de 13/10/2009)
§ 2º A formação continuada e a capacitação dos § 2º A formação continuada e a capacitação dos profissio-
profissionais de magistério poderão utilizar recursos nais de magistério poderão utilizar recursos e tecnologias
e tecnologias de educação a distância (Parágrafo de educação a distância. (Parágrafo acrescido pela Lei nº
acrescido pela Lei nº 12.056, de 13-10-2009). 12.056, de 13/10/2009)
§ 3º A formação inicial de profissionais de magistério § 3º A formação inicial de profissionais de magistério
dará preferência ao ensino presencial, subsidiaria- dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamen-
mente fazendo uso de recursos e tecnologias de te fazendo uso de recursos e tecnologias de educação
educação a distância (Parágrafo acrescido pela Lei nº a distância. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.056, de
12.796, de 4-4-2013). 13/10/2009)
§ 4º A União, o Distrito Federal, os estados e os muni- § 4º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municí-
cípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e pios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e per-
permanência em cursos de formação de docentes em manência em cursos de formação de docentes em nível
nível superior para atuar na educação básica pública superior para atuar na educação básica pública. (Parágra-
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013). fo acrescido pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
69
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
70
EDUCAÇÃO FÍSICA
No art. 62, que trata da formação dos profissionais O artigo novo 62-B estabelece um processo se-
da docência, o § 8º é novo e determina que, além dos letivo diferenciado para os professores da rede pú-
currículos da educação básica e as avaliações nacio- blica de educação básica, no entanto, só poderão
nais, os respectivos cursos de formação de docen- participar do processo seletivo os professores das
tes tenham por referência a Base Nacional Comum redes públicas municipais, estaduais e federais que
Curricular - BNCC. Contudo, caro(a) aluno(a), o ingressaram por concurso público, tenham pelo me-
que é a Base Nacional Comum Curricular? nos três anos de exercício da profissão e não sejam
portadores de diploma de graduação.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é Na primeira versão da LDB, no Título IX Das
um documento de caráter normativo que define
Disposições Transitórias, ao instituir a Década da
o conjunto orgânico e progressivo de aprendiza-
gens essenciais que todos os alunos devem de- Educação a partir de 1996 no § 4º, “Até o fim da
senvolver ao longo das etapas e modalidades da Década da Educação somente serão admitidos pro-
Educação Básica. Aplica-se à educação escolar, fessores habilitados em nível superior ou formados
tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de por treinamento em serviço”. Esse parágrafo não foi
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB,
cumprido e, pior, com todas as alterações realizadas
Lei nº 9.394/1996), e indica conhecimentos e
competências que se espera que todos os estu- até 2017 ainda se mantém a possibilidade de forma-
dantes desenvolvam ao longo da escolaridade. ção na modalidade normal para atuar na educação
Orientada pelos princípios éticos, políticos e infantil e anos iniciais do ensino fundamental. “Es-
estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares
sas são práticas conservadoras do mundo do sistema
Nacionais da Educação Básica (DCN), a BNCC
soma-se aos propósitos que direcionam a edu- que impedem ultrapassar o caráter emergencial e
cação brasileira para a formação humana inte- provisório de certas políticas de formação de profes-
gral e para a construção de uma sociedade justa, sores que contribuem para a desprofissionalização
democrática e inclusiva (BRASIL, 2016, p. 7).
docente” (BRZEZINSKI, 2014, p. 120).
Você, como acadêmico(a) de uma licenciatura,
A BNCC não consiste em um currículo, mas um do- pode refletir sobre as contradições presentes na for-
cumento de base, norteador e uma referência para mação de profissionais da educação e compreender
que as escolas elaborem os seus currículos. Ela de- que a política educacional é um campo de disputa.
fine as competências essenciais para a formação de Tenha a certeza que a luta dos educadores na qual
todos os alunos da Educação Básica. Nesse sentido, você fará parte é um motivo de conquistas históricas
o Projeto Político Pedagógico deve estar alinhado ao para a educação.
documento; certamente, as avaliações, após a imple-
mentação da BNCC, irão verificar este alinhamento,
portanto todos os cursos de formação de docentes
necessita incluir as orientações do documento.
71
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Financiamento
da Educação
Caro(a) aluno(a), qualquer nação que decida ofere- O FUNDEF foi aprovado em 1996 e vigorou de
cer educação escolar pública e gratuita deve se res- 1º de janeiro de 1998 até 31 de dezembro de 2006,
ponsabilizar em financiá-la. Quando paramos para tal Fundo, de natureza contábil e de âmbito estadual,
pensar em que gastamos nosso salário, conseguimos reunia automaticamente 15% (60% dos 25% consti-
perceber nossas prioridades. O que o financiamento tucionalmente vinculados à educação) de impostos
nos esclarece é se realmente o Brasil trata a educação e transferências (ICMS, FPE, FPM, IPI - Exportação
com prioridade. No Brasil, até os anos 1980, poucos e LC 87/96) pertencentes a cada estado e seus res-
eram os pesquisadores que se debruçaram sobre o fi- pectivos municípios, aos quais retornavam propor-
nanciamento da educação, sendo diminuta a quanti- cionalmente ao número de alunos matriculados nas
dade de estudos e pesquisas voltados para a temática redes de ensino fundamental.
(VELLOSO, 2001). Inspirado na orientação de organismos interna-
Entretanto, em função do advento do Fundo de cionais, notadamente o Banco Mundial, o FUNDEF
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Funda- voltou-se exclusivamente ao financiamento do ensi-
mental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) no fundamental e acabou inviabilizando a manuten-
ampliou-se consideravelmente o interesse pela pes- ção e desenvolvimento, em quantidade e qualidade,
quisa acerca do financiamento da educação no país, da educação infantil, da educação de jovens e adultos
acompanhado do correspondente aumento da pro- e do ensino médio, que ficaram órfãos de recursos
dução nessa área nas duas últimas décadas. com a implantação desse Fundo (MILITÃO, 2011).
72
EDUCAÇÃO FÍSICA
Durante sua vigência, foi sempre minúscula a Para Callegari (2007), Davies (2008), Oliveira
contribuição do governo federal, tanto na gestão de (2007) e Saviani (2008), a diferença fundamen-
FHC quanto na de Lula, na complementação dos tal do FUNDEB em relação ao FUNDEF é que o
Fundos estaduais, que não conseguiram alcançar o atual Fundo ampliou a área de abrangência para
valor mínimo por aluno/ano fixado pelo Presidente além do ensino fundamental e passou a contem-
da República. Descumprindo o disposto no pará- plar todas as etapas e modalidades que compõem
grafo 1º do artigo 6º da Lei nº 9.424/96, o governo a educação básica.
federal subdimensionou sistematicamente tal valor, Apesar do avanço representado pelo FUNDEB
fazendo com que a complementação da União fosse ao “constitucionalizar” a complementação da União,
“[...] sempre em menor volume e atingindo menos a contribuição financeira do governo federal, além
estados” (OLIVEIRA, 2007, p. 116). de muito aquém da sua participação na receita tribu-
A EC nº 53/06 modificou o artigo 60 do Ato das tária nacional, ainda não é suficiente para a garantia
Disposições Constitucionais Transitórias da Carta da universalização de uma educação de qualidade
Magna de 1988 e criou o FUNDEB em substituição em todo o país (CAMARGO; PINTO; GUIMA-
ao FUNDEF. Mantendo, contudo, a sua mecânica RÃES, 2008; DAVIES, 2008). Não se pode esque-
de captação e distribuição de recursos nos mesmos cer, também, que os recursos da União aplicados no
moldes do FUNDEF, por um tempo determinado, novo Fundo destinam-se a toda a educação básica,
o novo Fundo prevê, no âmbito de cada estado e do não apenas ao ensino fundamental como ocorria no
Distrito Federal, para a manutenção e desenvolvi- FUNDEF, sendo, portanto, menos significativo o pa-
mento da educação básica, a subvinculação de par- tamar mínimo de 10% dos recursos totais do Fundo.
te (80% de 25%) dos recursos constitucionalmente Repetindo a fórmula do FUNDEF, a legislação
destinados à educação, que retornam para os entes do FUNDEB prevê que pelo menos 60% dos recur-
federados em valores proporcionalmente relativos sos totais do Fundo sejam destinados ao pagamento
ao número de alunos matriculados nas respectivas dos profissionais do magistério da educação básica
redes de ensino (MILITÃO, 2011). em efetivo exercício na rede pública. Tal montante
De acordo com Militão (2011), respondendo às representa um retrocesso, que frustrou as expecta-
críticas que haviam sido feitas ao FUNDEF, o FUN- tivas das entidades representativas do magistério
DEB, apesar das gritantes semelhanças, apresenta (DAVIES, 2008; SOUSA JUNIOR, 2006), uma vez
duas diferenças marcantes em relação ao Fundo que a primeira Proposta de Emenda Constitucional
extinto, a saber: composição e abrangência. Além relativa à criação do FUNDEB (PEC 112/99) previa
dos impostos e transferências que já faziam parte do o aumento desse valor para 80%.
FUNDEF (ICMS, FPE, FPM, IPI - Exportação e LC Caro(a) aluno(a), é importante para a discussão
87/96), o FUNDEB incorporou outros três: IPVA, sobre financiamento da educação conhecer alguns
ITCMD e ITR. Ademais, no Fundo em vigor, o per- detalhes dos tributos, porque eles incidem sobre a
centual da subvinculação (de 15%, no FUNDEF) vida financeira e econômica da sociedade. Tributo,
subiu para 20% dos recursos arrecadados com os de um modo genérico, é toda receita pública captada
impostos e transferências elencadas. compulsoriamente junto à sociedade, que contribui
73
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
para a formação da receita orçamentária da União, tribuições de melhoria. Há, ainda, as contribuições
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. sociais e econômicas. Os tributos podem ser classifi-
Os tributos classificam-se em impostos, taxas e con- cados conforme o quadro a seguir.
Os tributos são classificados de acordo com a for- cias para a oferta de educação no Brasil. Compre-
ma como são recolhidos, apresentam três categorias: endê-los significa nos apropriarmos das condições
imposto, taxa e contribuição. Esse arcabouço jurídi- materiais para viabilizar a implementação das polí-
co fixa a estrutura de responsabilidades e competên- ticas educacionais.
74
EDUCAÇÃO FÍSICA
Com base nas informações anteriores, vamos entender os impostos que compõem o Fundeb, em vigor desde
janeiro de 2007 e se estenderá até 2020.
Características Fundeb
Composição de recursos ICMS + FPE + FPM + IPI + IPVA + ITR + ITCD
Alíquota 20%
R$ 4,5 bi em três anos (depois mínimo de 10% da contribuição
Complemento da União
dos estados e municípios)
Critério de repartição de recursos (estados e Alunos da educação básica presencial pública + conveniadas
municípios) [creche e pré-escola (por 4 anos) e educação especial exclusiva
Recursos da complementação da União para
Até 10% para os estados que recebem a complementação
projetos
Profissionais do magistério 60%
Lei n° 11.738 de 16 de julho de 2008.
A Resolução nº 7, de 26 de abril de 2012 do Ministério da Educa-
ção e 27/02/2013, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a Lei
Piso salarial nacional
11.738/2008, que regula o piso salarial nacional dos profissionais
do magistério público da educação básica, passou a ter validade
a partir de 27 de abril de 2011
Com a aprovação do PNE na Câmara dos Deputados e sancio-
nado pela presidente dia 25/06/2014, o Governo Federal se
Custo-aluno qualidade
compromete a complementar a verba para Estados e municípios.
Até o ano de 2017 o CAQi não foi definido e implementado.
Fonte: Pinto (2007, p. 888).
75
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Uma das principais iniciativas do Fundeb foi a ex- valor. Em 2011, o gasto mínimo por estudante
tensão do fundo a todas as etapas e modalidades era de R$ 1.722,05; em 2017, esse valor foi de R$
da educação básica, antes limitado ao Ensino Fun- 2.875,03, um reajuste de 21%. O valor mínimo de
damental, mas os problemas de distribuição dos R$ 2.875,03 possui uma variação conforme a eta-
recursos se mantém, especialmente os referentes pa e a modalidade do ensino, é multiplicado por
à complementação da União. O Fundeb deve ga- um número chamado “fator de ponderação”. Veja,
rantir que o investimento para cada aluno da Edu- a seguir, quais são os impostos que são destinados à
cação Básica não seja inferior a um determinado educação, cada qual com suas porcentagens.
Trasferência para
CATEGORIA DE IMPOSTOS Natureza
Estados Municípios
Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) Estadual 25
Imposto sobre a transmissão "causa mortis" e doação de bens e direito
Estadual
(ITCM)
Imposto sobre operações de relativas à circulação de mercadorias e sobre
a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de Estadual 25
comunicação (ICMS)
Imposto sobre importação (II) Federal
Imposto sobre exportação (IE) Federal
Imposto Sobre a propriedade territorial rural (ITR) Federal 50
Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza (IR) Federal 21,5 22,5
Imposto sobre grandes fortunas (IGF) Federal
Imposto sobre produtos industrializados (IPI) Federal 21,5 22,5
Imposto sobre operação de de crédito, câmbio e seguro ou relativa a a títu-
Federal
los e valores mobiliários (IOF)
Imposto sobre a propriedade territorial urbano (IPTU) Municipal
Imposto sobre a transmissão "Inter vivos" dos bens imóveis e de direitos
Municipal
reais/imóveis (ITBI)
Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS) Municipal
Impostos extraordinários
(DOURADO, L. F. BRASIL da Educação. Secretária de Educaçãp Básica. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Conselho
Escolar e o Financiamento da Educação no Brasil. Brasília, 2006)
Fonte: Dourado (2006)
76
EDUCAÇÃO FÍSICA
Monlevade (2004 e 2007) e Pinto (2007) apontaram, ART. 212 - CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
entre os aspectos problemáticos do fundo: a dificul- Art. 212 § 4º Os programas suplementares de
dade operacional e político-institucional da inclusão alimentação e assistência à saúde previstos no art.
de impostos municipais na cesta do fundo; o equi- 208, VII, serão financiados com recursos prove-
nientes de contribuições sociais e outros recursos
líbrio-desequilíbrio federativo pela transferência do orçamentários.
ente federado, em geral, mais “fraco” (município) § 5º A educação básica pública terá como fonte
para o mais “forte” (Estado); a corrida desenfreada adicional de financiamento a contribuição social
do salário-educação, recolhida pelas empresas na
por matrículas, ao propor a universalização com
forma da lei. (Parágrafo com redação dada pela
responsabilidade; o aumento da matrícula, muitas Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
vezes, superior à arrecadação; a receita dos impos- § 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação
tos federais que sofre alterações; o custo-aluno que da contribuição social do salário-educação serão
distribuídas proporcionalmente ao número de alu-
até então não se tornou referência de uma educação
nos matriculados na educação básica nas respecti-
de qualidade; e a qualidade da educação – embora vas redes públicas de ensino. (Parágrafo acrescido
anunciada por seus formuladores, continua subme- pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
tida à razão contábil.
Ao concluir sobre as fragilidades dos fundos,
pontua: A garantia do direito à educação está, também,
nas contribuições sociais relacionadas ao salário-e-
Por fim, um dos principais nós é a imensa de- ducação. A base para esse valor do salário-educação
sigualdade tributária entre as diferentes esferas
é a folha de contribuição da empresa para a previ-
de governo (federal, estadual e municipal), en-
tre estados e municípios de um mesmo estado, dência social. O valor dessa contribuição é de 2,5%
desigualdade esta que impõe um limite objetivo sobre o total de remunerações pagas aos emprega-
à constituição de um sistema nacional de edu- dos segurados no INSS.
cação com um padrão de qualidade razoável Cabe dizer que a efetividade sobre o financia-
(DAVIES, 2008, p. 70).
mento dependem do acompanhamento e fiscaliza-
ção dos órgãos colegiados aos respectivos sistemas
Além dos impostos citados, no quadro anterior, por de ensino federal, estaduais e municipais. A comu-
cada ente federado, há previsão de outras fontes de nidade educacional precisa ser efetiva no acompa-
captação de recursos para a educação definidas na nhamento do destino das verbas públicas, exigindo
Constituição Federal e na LDB. o máximo de transparência no desenvolvimento e
expansão da educação pública de qualidade.
77
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), na Unidade II, trouxemos especificações dialógicas
acerca das relações estabelecidas na constituição das principais leis que
regem o setor educacional brasileiro, a partir da premissa do contexto
social e da historicidade que marcaram cada período.
Vimos que o Estado, ao redefinir seu papel, alterou a legislação educacional
com o pressuposto de adotar um novo modelo de gestão pública. Destaca-se, nas
políticas educacionais, uma política de descentralização por meio da ampliação
da participação local e comunitária na escola, como também a divisão de res-
ponsabilidades com o terceiro setor e o setor privado, a influência da lógica do
mercado na gestão da educação e a (des)construção dos princípios universais e
públicos da educação.
A compreensão das políticas e da legislação, em especial a Constituição Fe-
deral de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, pode levá-lo(a)
a discernir as relações postas na sociedade, no Estado e na educação. Com tais
conhecimentos, podemos assumir uma posição de sujeitos desta história e pen-
sarmos alternativas de enfrentamento para os problemas educacionais do país.
Em face ao exposto sobre o financiamento da educação, o identificamos como
um dos principais nós para o alcance da qualidade educacional. Nosso sistema
de financiamento possui uma desigualdade entre as diferentes esferas do governo
(federal, estadual e municipal), pois a esfera que mais recolhe impostos é a que
menos destinam recursos à educação, ou seja, a União. A própria legislação sobre
a valorização dos profissionais do magistério, da educação ou dos trabalhadores
da educação apresenta fragilidades.
As legislações não foram exploradas até esgotarem as possibilidades de se
refletir sobre o assunto, procuramos, ao contrário, trazer subsídios para que você
possa caminhar ao encontro de outras possibilidades de ação, e para que seja
possível compreender, na próxima unidade, como são regidas e regulamentadas
as ações práticas das políticas e da organização educacional no país.
78
EDUCAÇÃO FÍSICA
1. Durante esta unidade, apresentamos os as- 5. No Art. 205, lemos que “A educação, direito
pectos legais da educação nacional descrita de todos e dever do Estado e da família, será
na CF/1988. Conforme nosso estudo, expli- promovida e incentivada com a colaboração da
que o objetivo da educação, de acordo com sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
o artigo 205. da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho”
2. Com base nas reformas educacionais imple- (BRASIL, 1988).
mentadas a partir da década de 90, ocorreu a
De acordo com o artigo 205 da Constituição Federal, a
abertura para o setor privado na área educa-
educação é um direito de todos e dever do Estado e
cional, justificada por reduzir os gastos estatais
da família e possui três finalidades essenciais, que são:
e atender a uma grande parcela da população
a. Formação intelectual, física e para o trabalho.
que o Estado não consegue suprir. Conforme
essa consideração, explique o primeiro, se- b. Pleno desenvolvimento da pessoa, preparo
gundo e terceiro setor e de um exemplo do para o trabalho e formação religiosa.
terceiro setor.
c. Preparo para o trabalho, exercício da cidada-
nia e pleno desenvolvimento da pessoa.
3. Justifique a importância de conhecer os aspec-
tos legais que legitimam e direcionam o setor d. Exercício da cidadania, formação ética e moral.
educacional. e. Formação sócio emocional para lidar com os
problemas da vida cotidiana.
4. Sobre os níveis da educação de nosso país, a
LDB de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases) declara
que a educação Escolar Nacional se compõe
de dois níveis, conforme o Art. 21: Educação
básica e Educação superior. Em relação à Edu-
cação Básica, assinale a alternativa que cor-
responde às suas três etapas.
a. Educação Infantil, Ensino Fundamental e En-
sino Médio.
b. Educação Infantil, ensino médio e graduação.
c. Creche, ensino médio e pré-escola.
d. Ensino fundamental, educação especial e
educação infantil.
e. ) Pré-escola, educação de jovens e adultos e
ensino fundamental.
79
LEITURA
COMPLEMENTAR
CUSTO-ALUNO QUALIDADE
A falta de qualidade é um problema que atinge a escola ção de oportunidades educacionais e padrão mínimo
brasileira desde as suas origens. Em relato pioneiro, fei- de qualidade de ensino mediante assistência técnica e
to originalmente em 1889, Almeida (1989) já relatava as financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-
mazelas da educação pública brasileira, atribuindo-as ao pios”. Define-se assim o princípio do Custo-Aluno Quali-
subfinanciamento e aos baixos salários dos professores. dade (CAQ) e a quem cabe garanti-lo: a União em colabo-
Durante o século XX, o país apresentou um impressio- ração com os estados e municípios. Porém, como chegar
nante crescimento do atendimento escolar nas diferen- ao valor do CAQ? A LDB oferece um caminho ao definir
tes faixas etárias. Contudo, essa expansão foi feita sem “padrões mínimos de qualidade de ensino” como “a va-
qualquer preocupação com a garantia da qualidade. riedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos
É nesse contexto que surge a demanda pelo direito a indispensáveis ao desenvolvimento do processo de en-
uma escola pública de qualidade para todos. Desde sino-aprendizagem” (art. 4º, inc. IX). Portanto, o caminho
1988, a Constituição Federal já estabelece, em seu art. apontado pela legislação é o que a qualidade de ensino
206, como princípio, a “garantia de padrão de qualida- está associada aos insumos.
de”. Contudo, a CF avançava pouco na forma de viabilizar Embora essa correlação entre insumos e qualidade pa-
essa norma, uma vez que o princípio que regulava o fi- reça natural, há um grupo de pesquisadores, em espe-
nanciamento da educação era o dos recursos disponíveis cial nos EUA, que a contesta (sobre a discussão insumos
por aluno, tendo por base os percentuais mínimos vin- x qualidade recomenda-se: BURTLESS, 1996; BROOKE;
culados. Não havia a preocupação em se verificar se os SOARES, 2008). Um segundo passo importante para se
valores assim disponibilizados garantiam um padrão mí- atingir o CAQ foi dado com a aprovação do Plano Nacio-
nimo de qualidade para o ensino oferecido. Nesse sen- nal de Educação (PNE), em 2001 (Lei no 10.172). Essa lei,
tido, produziu-se um rico debate sobre a relação entre que fixou diretrizes e metas para a educação nacional
o padrão de financiamento e a qualidade do ensino que na primeira década deste século, arrolou um conjunto
perdura até hoje (ver, entre outros, PINTO, 1991; MELLO, extremamente detalhado de insumos e de condições de
1991; MELLO; COSTA, 1993; MONLEVADE, 1997; FAREN- funcionamento que deveriam ser assegurados em todas
ZENA, 2005; VERHINE; MAGALHÃES, 2006; GOUVEIA et as escolas dos país, em suas diferentes etapas e modali-
al., 2006). dades. Mais do que isso, o plano fixou também os meios
Um passo importante foi dado, com a nova redação para se atingir essa metas, ao determinar a ampliação
dada ao § 1º do art. 211 da CF pela Emenda Constitucio- dos gastos públicos com educação de forma a atingir 7%
nal 14/96, a mesma que criou o Fundef, segundo a qual do PIB. Contudo, essa determinação, fundamental para
cabe à União, em matéria educacional, exercer “função viabilizar o PNE, foi vetada pelo então presidente Fernan-
redistributiva e supletiva, de forma a garantir equaliza- do Henrique Cardoso.
80
LEITURA
COMPLEMENTAR
Foi nesse contexto que a Campanha Nacional pelo Direi- campo), estabelecendo-se padrões de construção, equi-
to à Educação, em 2002, iniciou um movimento de mo- pamentos, número de profissionais, padrões de remune-
bilização social para a construção do CAQ. A ideia cen- ração, alunos/turma. Todos esses insumos foram precifi-
tral norteadora do processo foi: qual deve ser o recurso cados em valores de 2005, e as tabelas podem ser obtidas
gasto por aluno para se ter um ensino de qualidade? Já no sítio da entidade (www.campanhaeducacao.org.br).
a metodologia para a construção do CAQ envolveu uma Na proposta, foram ainda previstos recursos para que
ampla participação. Nesse sentido, foram organizadas as escolas possam desenvolver projetos especiais, assim
oficinas de trabalho que contaram com a presença de como recursos para formação profissional (toda a equi-
profissionais da educação, de especialistas, de pais e alu- pe) e para a administração central dos sistemas de ensi-
nos e de gestores educacionais. no. A proposta da Campanha entende ainda que, no que
Nessas oficinas, em coerência com a legislação, buscava- se refere a modalidades específicas como Educação de
-se definir os insumos que deveriam compor uma escola Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Indígena,
com padrões básicos de qualidade. Nesse sentido, firmou- Educação Quilombola, Educação Profissional e mesmo
-se o consenso de que o que se discutiria seria um ponto Educação do Campo (para a qual foi feita uma proposta
de partida, um padrão mínimo de qualidade, que deveria de CAQi), seriam necessários estudos específicos para
ser assegurado a todas as escolas do país, até porque os uma melhor definição do respectivo CAQi. A proposta su-
critérios de qualidade evoluem com o tempo. Daí surgiu o gere ainda a criação de adicionais do CAQi como forma
conceito de Custo-Aluno Qualidade Inicial (CAQi), entendi- de destinar mais recursos para as escolas que atendam
do como um primeiro passo rumo à educação pública de crianças em condições de maior vulnerabilidade social.
qualidade no Brasil (CARREIRA; PINTO, 2007). Finalmente, em 05/05/2010, a Câmara de Educação Bá-
Portanto, o conceito de qualidade que norteou a propos- sica do Conselho Nacional de Educação aprovou a Reso-
ta referenciou-se em uma perspectiva democrática e de lução 08/2010, definindo o CAQi como referência para a
qualidade social. Não se visa a uma escola de qualidade construção da matriz de Padrões Mínimos de Qualidade
para uma pequena elite de crianças e jovens, mas para para a Educação Básica Pública no Brasil. Os valores fixa-
o conjunto da população brasileira. Parte-se também do dos, tendo por base os percentuais do PIB (Produto In-
pressuposto que a qualidade é um conceito em constru- terno Bruto) per capita, são os seguintes: creche - 39,0%,
ção e que o próprio processo de debatê-la já é um de pré-escola - 15,1%, ensino fundamental urbano de 1ª a
seus componentes. 4ª séries - 14,4% (no campo - 23,8%), ensino fundamental
Partiu-se então para a construção de escolas típicas (cre- urbano de 5ª a 9ª séries - 14,1% (no campo - 18,2%) e
che, pré-escola, séries iniciais do ensino fundamental, sé- ensino médio - 14,5%.
ries finais do ensino fundamental, ensino médio, séries
Fonte: Pinto (2010).
iniciais e finais do ensino fundamental na educação do
81
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
82
referências
BASSI, M. E. Financiamento da educação no Bra- ção e desenvolvimento do ensino de que trata o art.
sil: subsídios para entender as regras do jogo e forta- 212 da Constituição Federal, dá nova redação aos
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84
referências
85
gabarito
1. O artigo 205 possui três funções: o pleno desenvolvimento do educando em seus as-
pectos físicos, psicológicos, sociais, culturais, políticos, filosóficos e profissional, seu
preparo para o exercício da cidadania; o educando necessita compreender o mundo
em que vive como condição básica para o exercício da cidadania, sua qualificação
para o trabalho; em um processo onde a ciência e o trabalho coincidem, ao ultrapas-
sar os aspectos técnicos do “aprender a fazer”.
2. O primeiro setor é formado pelo Estado, o segundo setor é formado pelas empresas
privadas, e o terceiro setor são as associações sem fins lucrativos. O terceiro setor
é organizado pela sociedade civil para oferecer um serviço público, portanto pode
receber recursos públicos. Como exemplo, o Programa Amigos da Escola, criado pela
Rede Globo de Televisão, em 1999, como uma realização do “Projeto Brasil 500 Anos”
faz parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), instituiu, em
2003, o “Selo Escola Solidária”, que identifica quando e em qual escola está se reali-
zando o trabalho voluntariado.
3. O conhecimento das determinações legais e políticas envolvem objetivos diversos
como resultado das relações de poder. Os aspectos legais possuem questões admi-
nistrativas e pedagógicas, no qual afetam as decisões e ações na escola e nas salas
de aula.
4. A.
5. B.
86
UNIDADE
III
SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO:
NÍVEIS, MODALIDADES E OS DESAFIOS
CENTRAIS DA ORGANIZAÇÃO E
ESTRUTURA DA EDUCAÇÃO ESCOLAR
Professora Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza
Professora Dra. Mara Cecilia Rafael Lopes
Professora Me. Caroline Mari de Oliveira
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Níveis da Educação Escolar no Brasil: Educação Básica e
Ensino Superior
• Modalidades da Educação Nacional
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer a organização e a forma em que o Sistema
de Ensino no Brasil foi historicamente organizado/
estruturado.
• Compreender os níveis e modalidades da educação,
bem como seus limites e especificidades centrais que se
articulam com os aspectos socioeconômicos, políticos
e históricos que estabelecem o cenário das políticas
educacionais brasileiras.
unidade
III
INTRODUÇÃO
C
aro(a) aluno(a), após ter compreendido nossa sociedade, o Estado e
as relações que permeiam a educação, bem como sua função social no
contexto pós 1990, é importante que compreenda um assunto muito
relevante e significativo à sua formação acadêmica e prática docente que
é o Sistema Educacional Brasileiro, seus níveis, modalidades, seus limites e espe-
cificidades centrais que articulam-se com os aspectos socioeconômicos, políticos
e históricos que estabelecem o cenário das políticas educacionais brasileiras.
Por isso, toda leitura sobre este assunto deve ser feita de maneira atenciosa
e crítica, a fim de compreender todo o processo das políticas educacionais que
auxilia na organização e estruturação do Sistema Nacional de Ensino no Brasil.
Além disso, você, acadêmico(a), deve sempre buscar mais fontes de leitura e não
ficar restrito apenas a algumas obras; fazendo isso, seu horizonte de conheci-
mentos ampliará sobre qualquer assunto relacionado ao seu curso. Além disso,
sempre teremos os impasses históricos e legislativos, sendo assim, fique sempre
atento(a) às legislações aprovadas em nosso país, as quais norteiam nossa política
educacional. Lembre-se que a cada ano algo novo surge ou é aprovado, por isso
preste bastante atenção em quais são os mecanismos de acesso a essas informa-
ções do Ministério da Educação.
Agora, convido você para ler e se aprofundar sobre o contexto das políti-
cas públicas para a educação básica e a organização do Sistema Educacional
Brasileiro. Mesmo exercendo uma análise crítica da educação e suas políti-
cas no Brasil, não podemos deixar de reconhecer os avanços no campo da
legislação, fruto de intensa mobilização popular, desde a promulgação da
Constituição de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB) em 1996.
Primeiro, chamamos a sua atenção para os dois níveis da educação no
Brasil: educação básica e educação superior. A educação básica possui suas
etapas: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, por sua vez
a educação infantil se divide em: creches (0 a 3 anos) e pré-escola (de 4 a
5 anos), com esta estrutura em mente, vamos aos estudos deste conteúdo.
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Nós entendemos que é fundamental ao acadêmi- educação, de acordo com a necessidade do país. A
co(a) entender as políticas educacionais, a partir da referida lei também constitui, conforme Carneiro
organização e da estrutura da Educação Brasileira, (2004), a materialização de diversas conquistas do
com seus diferentes níveis e modalidades. Lembra- jogo político e ideológico aplicados à educação.
mos, ainda, que a LDB - Lei nº 9.394/96, conforme Este tópico será organizado em dois momen-
foi visto na unidade anterior, tem o papel de regu- tos para que você compreenda melhor a questão
lamentar, disciplinar e estabelecer os sistemas, as dos níveis e modalidades da educação nacional. No
estruturas e os recursos para o desenvolvimento da primeiro momento, explicitamos os níveis da Edu-
92
EDUCAÇÃO FÍSICA
93
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
lecidos, principalmente, no Artigo 206, como você declara que a Educação Escolar Nacional compõe-
viu na unidade anterior. A LDB Lei nº 9.394/96 -se em dois níveis, conforme o Art. 21: Educação
regulamentou pontos em comum sobre os artigos Básica e Educação Superior. A Educação Básica
destinados à educação na CF/1988, ocupando-se está dividida em Educação Infantil, Ensino Fun-
da educação escolar e também da educação que damental e Ensino Médio. A explicação sobre os
acontece fora dos âmbitos escolares, como as que níveis da Educação Básica estão dispostos no Ca-
são ministradas em igrejas, famílias, movimentos pítulo II do Art. 22 ao Art. 27, conforme pode ser
sociais, clubes, entre outros. consultado artigo por artigo em qualquer exem-
No Título V “Dos Níveis e das Modalidades plar atualizado da LDB – Lei nº 9.394/96. Obser-
de Educação e Ensino” da LDB – Lei nº 9.394/96, ve a figura a seguir para compreender como está
o qual envolve grande parte dos artigos desta lei, organizada a Educação Nacional:
EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO
BÁSICA SUPERIOR
composto
formado formado
EDUCAÇÃO
ESCOLAR
EDUCAÇÃO INFANTIL
GRADUAÇÃO
ENSINO FUNDAMENTAL
PÓS-GRADUAÇÃO
ENSINO MÉDIO
diz que
ARTIGO 21
LDBEN 9.394/96
Fonte: as autoras.
De acordo com o que explicitamos no início deste as idades próprias de cada um. Depois, apresentare-
tópico, passaremos a apresentar a estrutura do siste- mos todas as modalidades em que a educação brasi-
ma organizacional do país, com os dois níveis e suas leira pode ser ministrada.
principais características, com as séries/anos e com
94
EDUCAÇÃO FÍSICA
EDUCAÇÃO BÁSICA
Se perguntarmos a você por que e para quê a Edu- acesso, a inclusão, a permanência e a conclusão
cação Básica é um nível importante na educação com sucesso das crianças, dos jovens e adultos na
brasileira, você saberia nos responder? Muito bem, instituição educacional, a aprendizagem para con-
por isso, com base na LDB, Lei nº 9.394/96, con- tinuidade dos estudos e a extensão da obrigatorie-
sideramos que a Educação Básica é importante dade e da gratuidade da educação básica (Art. 1).
porque tem como objetivo o desenvolvimento do Para a Educação Básica brasileira é direcionado o
educando, assegurando-lhe a formação comum in- currículo escolar, critério que vislumbra a organi-
dispensável para o exercício da cidadania e forne- zação do trabalho escolar, avaliações nacionais em
cendo-lhe meios para progredir no trabalho e em larga escala e financiamento próprio garantido por
estudos posteriores. meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Devido a essa importância, a Educação Bási- Educação (FNDE) .
ca possui, a partir do ano de 2010, as Diretrizes Algumas características das etapas da Educação
Curriculares Nacionais para a Educação Básica Básica serão demonstradas na figura a seguir. Aten-
(DCNEB), que apresenta como fundamento a res- te-se à nomenclatura níveis, etapas e modalidades
ponsabilidade que o Estado brasileiro, a família e de ensino, este conteúdo é sempre requerido nos
a sociedade têm de garantir a democratização do concursos públicos para as licenciaturas.
Educação Creche
Infantil 0 a 3 anos
Educação de Jovens e Adultos
Ensino Pré-escola
Etapas Fundamental 4 a 5 anos Educação Especial
Ensino
Médio Educação Profissional e Tecnológica
95
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
96
EDUCAÇÃO FÍSICA
97
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Em relação à pré-escola, o Censo da Educação Bási- Art. 208. O dever do Estado com a educação será
ca de 2017 trouxe dados como: “Há 105,3 mil uni- efetivado mediante a garantia de:
dades com pré-escola no Brasil: 57,4% estão na zona I. educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (qua-
tro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegura-
urbana, 72,8% são municipais e 26,3% são privadas; da inclusive sua oferta gratuita para todos os que
a União e os estados têm participação de 1% nesta a ela não tiveram acesso na idade própria;
etapa de ensino” (BRASIL, 2017, p. 6). Quanto aos
pontos de melhora na pré-escola, segue conforme
elencado no censo: Desta forma, a obrigatoriedade da educação envolve:
98
EDUCAÇÃO FÍSICA
horas ou 3.200 horas conforme a Resolução CNE/ é admitido a formação em nível médio, na modali-
CP nº 2, de 1º de 2015. Já as licenciaturas curtas são dade normal, mais conhecido como magistério.
voltadas a profissionais de nível superior, com grau Libâneo, Toschi e Oliveira (2012) afirmam que a
de bacharel ou tecnólogo, em todas as áreas do co- exigência acadêmica dos professores que atuam ou
nhecimento; eles fazem a licenciatura curta para se que atuarão com a Educação Infantil é benéfica, uma
habilitarem a trabalhar como professor. vez que tira das creches e pré-escolas a ideia de um
Os cursos de licenciatura curta são também co- estabelecimento meramente tutelar. Dessa forma,
nhecidos como: cursos de formação pedagógica, de a ideia de que as crianças são merecedoras de pre-
formação de professores ou de complementação pe- ocupações educativas desde a mais tenra idade vai
dagógica. Para a atuação na educação infantil, ainda ganhando força em toda nossa extensão territorial.
Superior em
8,9% (23.087)
andamento
Normal/magistério
20,0% (52.152)
completo
Ensino médio
6,2% (16.121)
completo
Fundamental
0,5% (1.355)
completo
Fundamental
0,1% (358)
incompleto
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Figura 4 - Distribuição dos docentes que atuam na creche por nível de escolaridade
Fonte: Censo da Educação Básica (2016, on-line)1.
99
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa- nas, é necessário investimento, não só na etapa de
ção Infantil (DCN) – Resolução CNE/CEB nº 5, de ensino da educação infantil, mas também na forma-
17 de dezembro de 2009 - fixou as diretrizes para a ção de professores que atuam nessa área.
educação infantil, visando orientar as instituições de
educação infantil dos sistemas brasileiros de ensino Ensino fundamental
na organização, na articulação, no desenvolvimento O ensino fundamental é a etapa da educação básica
e na avaliação de suas propostas pedagógicas. Estas obrigatória destinada à criança e ao adolescente com
têm como fundamento norteador alguns princípios duração de nove anos, seu ingresso deve ser realiza-
éticos, políticos e estéticos de forma que as institui- do a partir dos 6 anos de idade, garantida pela Lei
ções de educação infantil desenvolvam propostas nº 11.274/2006 que alterou a redação do Art. 32 da
pedagógicas que cumpram plenamente com sua LDB – Lei nº 9.394/96, sua redação também reafir-
função sociopolítica e pedagógica. No Art. 3º e 4º ma o caráter obrigatório e gratuito na escola pública.
da DCN, Resolução nº5/2009, temos as orientações Contudo, de onde veio essa ideia de obrigatorie-
quanto ao currículo e as propostas pedagógicas que dade de uma etapa de ensino? Antes de iniciarmos a
devem nortear a educação infantil no Brasil. O cur- explicação sobre como a conquista do ensino funda-
rículo da educação infantil é mental obrigatório e gratuito passou a ser ofertado
pelo Estado nacional, vamos relembrar que a ideia
concebido como um conjunto de práticas que da necessidade de escolarização básica da população
buscam articular as experiências e os saberes
remonta aos tempos da reforma protestante. Marti-
das crianças com os conhecimentos que fazem
parte do patrimônio cultural, artístico, ambien- nho Lutero, no século XVI, colocou a educação como
tal científico e tecnológico de modo a promo- questão de política pública, embora já houvesse indí-
ver integral de crianças de 0 a 5 anos de idade cios da luta pela escolarização básica antes de Lutero.
(BRASIL, 2009). Enfim, para ele, a alfabetização das massas populares
servia como requisito para que os fiéis tivessem acesso
Já as propostas pedagógicas da educação infantil de- direto às escrituras sagradas e, no seu entender, cabe-
verão considerar que ria aos príncipes cristãos a responsabilidade pela ofer-
ta dessa escolarização (OLIVEIRA; ADRIÃO, 2007).
[...] a criança, centro de planejamento curri- Segundo Oliveira e Adrião (2007), a primeira lei
cular, é sujeito histórico e de direitos que, nas
que garantiu a educação elementar foi sancionada
interações, relações e práticas cotidianas que
vivencia constrói sua identidade pessoal e cole- nos Estados Unidos, na Colônia de Massachusetts,
tiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, em 1647. Esta lei ficou conhecida como a lei do velho
observa, experimenta, narra, questiona e cons- enganador, Satanás prescrevia que toda cidade com
trói sentidos sobre a natureza e a sociedade, 50 residências deveria contratar um professor para
produzindo cultura (BRASIL, 2009, Art. 4º).
ensinar leitura e escrita; e toda cidade com 100 resi-
dências deveria prover uma escola de gramática para
Observem que, para atender tantas especificidades preparar os jovens para a universidade, o não cum-
da formação e desenvolvimento das crianças peque- primento desta lei implicava em uma pena de 5 libras.
100
EDUCAÇÃO FÍSICA
Essa lógica de que a leitura poderia afastar os defendida em importantes documentos internacio-
cristãos de Satanás era a preocupação que os pro- nais, como a Declaração Universal dos Direitos do
testantes tinham com a população, diferentemente Homem, de 1948 e a Declaração Universal da Edu-
do catolicismo, que não via necessidade do cristão cação para Todos, assinada pelo Brasil em Jomtien
ler diretamente as escrituras sagradas, pois esta era (Tailândia), em 1990. Esta última passou a ser um
oferecida pelo padre, tradutor ou o intermediário documento importante porque os países signatá-
entre o fiel e Deus. Oliveira e Adrião (2007, p. 32) rios, como vimos nos tópicos anteriores, assumi-
afirmam que: ram o compromisso de garantir às crianças, jovens
e adultos a satisfação das necessidades básicas de
[...] mesmo nos países de capitalismo avançado, aprendizagem. Temos, ainda, a Declaração dos Di-
porém de maioria católica, a garantia da esco-
reitos da Criança, de 1998, além das constituições
larização para a população, quando compara-
da aos países de orientação protestante, fez-se nacionais de cada país e as leis que regem a educa-
mais lentamente, posteriormente à Revolução ção em cada território nacional.
Francesa, e ao longo do século XIX. Os autores ainda ressaltam que, apesar do con-
senso existente para a oferta da escolarização ele-
E no Brasil quando aconteceu? Um país eminente- mentar para todos os cidadãos, não há consenso
mente agrário e que passou pelo processo de inser- sobre o ministrar a esses cidadãos com relação aos
ção da industrialização e urbanização entre as dé- conteúdos, valores e habilidades a serem oferecidos.
cadas de 20 e 30, apenas a partir de 1930 se viu a Entretanto, é claro que o elementar, como leitura,
necessidade de implantar a escolarização obrigatória escrita, aritmética, novas linguagens informacio-
oferecida pelo Estado à população. Por aqui, a ideia nais devem ser oferecidos pelo ensino fundamental,
não era baseada em princípios cristãos, mas na ideia porque essas habilidades constituem o mínimo para
de que a escola seria o instrumento de redução das garantir a todos o contato e a compreensão dos bens
desigualdades sociais e da moldagem da identidade culturais e científicos da humanidade.
nacional, também era necessário incutir nas novas No Brasil, a educação obrigatória e gratuita pas-
gerações comportamentos exigidos para o desem- sou a ser garantida a partir da Constituição de 1934,
penho das funções e ocupações emergentes ao pro- com o que se denominava de Ensino Primário de
cesso de industrialização e urbanização. Outra ideia cinco anos que, posteriormente, passou a ser de qua-
que se fazia presente era de que a escola poderia ser tro anos. A partir da LDB Lei nº 5.692/71 passou a
o espaço para controlar a conduta e implementar abranger as oito primeiras séries, sob a denominação
um trabalho disciplinar. de ensino de primeiro grau, resultado da fusão entre
Para Oliveira e Adrião (2007, p. 32), a defesa o ensino primário e o ginasial. A partir da Constitui-
da escolarização básica, ao mesmo tempo em que ção Federal de 1988, passou a ser chamado de ensi-
tinha um caráter emancipador, também tinha um no fundamental, e sua redação inicial prescrevia que
caráter disciplinador. Contudo, em ambas as ideias, o ingresso neste se daria a partir dos 7 anos de idade.
a necessidade dessa escolarização obrigatória é Com a aprovação da Lei nº 11.114/2005 estabeleceu
consenso no mundo ocidental, até porque esta é que o ensino fundamental é obrigatório a partir dos
101
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
6 anos de idade, e a Lei nº 11.274/2006 complemen- fundamental aumentou, a partir dos marcos legais
tou a lei anterior, afirmando a idade mínima para iniciais e complementares para a garantia dessa eta-
o ingresso e a duração do ensino fundamental de pa de ensino obrigatória. Contudo, as possibilidades
oito para nove anos, concedendo até o ano de 2010 de acesso à escolaridade, entendida como matrícula,
para que os sistemas de ensino público e privados se permanência e conclusão com sucesso, continuam
adaptem a nova orientação legal. sendo um impasse para a população concluir o en-
Dos marcos legais até o presente momento, obser- sino fundamental e também um impasse para o go-
va-se que o objetivo da etapa do ensino fundamental verno federal.
no Brasil é a formação básica do cidadão por meio O novo Plano Nacional de Educação – Lei nº
dos seguintes aspectos descritos no Art. 32 da LDB. 13.005, de 25 de junho de 2014 – prevê na meta 02
a universalização do ensino fundamental de nove
I – o desenvolvimento da capacidade de apren- anos até o último de ano de vigência desta lei, ou
der, tendo como meios básicos o pleno desen-
seja, ano de 2024, e que pelo menos 95% dos alunos
volvimento da leitura, da escrita e do cálculo;
concluam essa etapa de ensino na idade apropriada
II – a compreensão do ambiente natural e social, que envolve a população entre 6 a 14 anos de idade.
do sistema político, da tecnologia, das artes e
A jornada de trabalho escolar no ensino funda-
dos valores em que se fundamenta a sociedade;
mental deve ser de pelo menos quatro horas diárias
III – o desenvolvimento da capacidade de de efetivo trabalho em sala de aula, sendo progressi-
aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
vamente ampliada para tempo integral, a critério dos
conhecimentos e habilidades e a formação de
atitudes e valores; sistemas de ensino. A proposta de ampliação da car-
ga horária do ensino fundamental deriva do Progra-
IV – o fortalecimento dos vínculos de família,
ma Mais Educação e também cumprir com a meta
dos laços de solidariedade humana e de tole-
rância recíproca em que se assenta a vida social 06 do Plano Nacional de Educação para o decênio
(BRASIL, 1996). 2014-2024, a qual prevê que, no mínimo, 50% das
escolas públicas oferecem educação em tempo inte-
Dessa forma, o ensino fundamental regular deve ser gral de forma a atender pelo menos 25% dos alunos
ministrado em língua portuguesa, assegurando às da educação básica. Quanto à essa proposta de am-
comunidades indígenas o direito à utilização de suas pliação da carga horária, há que se considerar que,
línguas maternas e os processos próprios de apren- para realizá-la, é necessário um aumento significati-
dizagem, como a Constituição também assegura. vo dos recursos financeiros a serem destinados para
Esta etapa da educação básica pode ser organizada manutenção e ao desenvolvimento do ensino, uma
por séries/anos, períodos semestrais, ciclos, perío- vez que pressupõem a construção de novas escolas,
dos de estudos, grupos não seriados, idade, compe- novas salas de aula, contratação de mais professores
tência ou qualquer outra forma que o processo de e outros profissionais, além de outros custos.
aprendizagem requer. O currículo do ensino fundamental também pas-
Podemos observar, por meio dos últimos dados sou por alterações em virtude da Lei nº 11.274/2006
do IBGE, que o aumento das matrículas no ensino que alterou artigos da LDB de 1996 e ampliou a du-
102
EDUCAÇÃO FÍSICA
ração do ensino fundamental para nove anos. Para O ensino fundamental também prevê algumas
tanto, foi feita uma revisão nas Diretrizes Curricula- resoluções para sua oferta em algumas modalidades,
res para o Ensino Fundamental de nove anos – Re- como: educação do campo; indígena; quilombola;
solução nº 7, de 14 de dezembro de 2010 - a qual especial, educação de jovens e adultos; e educação
traz no parágrafo único do Art. 14 que as escolas que profissional. Contudo, essas modalidades serão me-
ministram essa etapa da Educação Básica deverão: lhor apresentadas nos tópicos seguintes, após a apre-
sentação dos níveis da educação escolar brasileira.
Trabalhar considerando essa etapa da educação A reforma do ensino médio, efetivada pela Lei
como aquela capaz de assegurar a cada um e a
nº 13.415, trouxe uma mudança para o ensino fun-
todos o acesso ao conhecimento e aos elemen-
tos da cultura imprescindível para o seu desen- damental, descrita no § 5º do Art. 26 da LDB.
volvimento pessoal e para a vida em socieda-
de, assim como benefícios de uma formação Art. 26. Os currículos da educação infantil, do en-
comum, independentemente da grande diver- sino fundamental e do ensino médio devem ter
sidade da população escolar e das demandas base nacional comum, a ser complementada, em
sociais (BRASIL, 2010). cada sistema de ensino e em cada estabelecimento
escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas
Para que esta etapa consiga trabalhar com a garantia características regionais e locais da sociedade, da
cultura, da economia e dos educandos.
de assegurar a todos os cidadãos brasileiros o acesso § 5º No currículo do ensino fundamental, a par-
ao conhecimento e aos elementos da cultura impor- tir do sexto ano, será ofertada a língua inglesa.
tantes para o seu desenvolvimento pessoal e para a (Parágrafo com redação dada pela Medida Pro-
visória nº 746, de 22/9/2016, convertida na Lei nº
vida em sociedade, o Art. 9º da Resolução de 2010, 13.415, de 16/2/2017)
refere-se ao currículo no ensino fundamental como:
[...] constituído pelas experiências escolares A obrigatoriedade da língua inglesa traz impactos
que se desdobram em torno do conhecimento,
para o sistema educacional público; já para o ensino
permeadas pelas relações sociais, buscando ar-
ticular vivências e saberes dos alunos com os privado, não é novidade. Para que a implementação
conhecimentos historicamente acumulados e da legislação se efetive com qualidade, é necessário
contribuindo para construir as identidades dos que o governo invista na formação dos professores
estudantes (BRASIL, 2010). que, em geral, possuem certificados de cursos de in-
glês, mas não a formação pedagógica.
Mesmo que a BNCC divulgada pelo MEC não seja o Caro(a) aluno(a), gostaríamos que percebesse
sinônimo de currículo, ela é uma referência nacional que o assunto sobre o ensino fundamental não se es-
fundamental para o processo de ensino e aprendiza- gota nessas linhas, por isso é importante que fiquem
gem nas escolas públicas e privadas brasileiras, pois sempre atentos às legislações que são aprovadas com
o documento define os conhecimentos essenciais, relação a esta etapa da educação básica. Não percam
direitos e objetivos de aprendizagem de todos os es- a discussão sobre o financiamento, responsabilida-
tudantes do país. des, currículo, ampliação da jornada de trabalho,
103
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
formação de professores que atuam ou atuarão no brasileira receberem uma formação adequada para
futuro, modalidades, bem como os avanços e os de- concluir os estudos superiores na Europa. Segundo
safios que o ensino fundamental ainda tem que en- Pinto (2002, p. 48)
frentar em nosso país.
o ensino médio no Brasil já nasce com um ca-
ráter seletivo, propedêutico, com um currículo
Ensino médio
centrado nas Humanidades, pouco afeito às ci-
A história do ensino médio no Brasil foi marcada ências experimentais e com uma metodologia
pela seletividade, destinava-se a pouco brasileiros, que valorizava a disciplina e a memorização,
e seu objetivo central sempre foi a preparação para modelo atual até hoje.
o ingresso no ensino superior, o que não foi histo-
ricamente prioridade para a maioria da população Lembramos que o período jesuítico no ensino bra-
brasileira. A partir dessas linhas, você conhecerá sileiro perdurou por mais dois séculos (terminou no
uma breve história do ensino médio no Brasil com século XVIII) e apenas no início do século XIX, o
base nos textos de Pinto (2002) e Libâneo, Toschi e Brasil passou por importantes transformações em
Oliveira (2012). decorrência da vinda da família real em 1808 e a In-
O ensino médio, assim como o ensino funda- dependência em 1822. Essas mudanças impactaram,
mental, nasceu enquanto o Brasil ainda era colônia principalmente, o ensino superior, nível de interes-
portuguesa. Nesse período, o ensino tanto em Por- se da elite local, os quais possibilitaram a criação
tugal quanto na colônia era organizado e adminis- de duas academias: Marinha (1808) e Real Militar
trado pela Companhia de Jesus (jesuítas), portanto, (1810) e, depois, a criação de cursos de interesse da
a corte não tinha obrigação de custear o ensino pú- classe dominante do país, a saber: o curso de Ciên-
blico. A educação, nessa época, pautava-se em dois cias Jurídicas e Sociais, criado em 1827 e instalado
modelos: o primeiro na reprodução social da elite em 1828 em São Paulo e em Olinda.
rural e comercial do país, e o segundo no alcance das Nesse contexto, o ensino médio pouco foi alte-
metas dos jesuítas em salvar almas para o catolicis- rado, pois continuou com a mesma função de pre-
mo por meio da educação. parar os filhos da elite local ao ensino superior, em
O primeiro modelo de ensino médio no Brasil especial os recentes instalados no país. Esse mode-
foi o seminário-escola implantado em São Vicente, lo somente foi revogado na década de 30, em que
São Paulo, em meados do século XVI. Seu currículo o país passou por profundas transformações, prin-
era baseado no Ratio Studiorum e tinha duração de cipalmente no cenário educacional por ocasião da
nove anos, envolvendo estudos de retórica, huma- Revolução de 1930, acompanhando as propostas de
nidades, gramática latina, lógica, metafísica, moral, industrialização do Brasil. Para termos noção do
entre outros. O objetivo deste modelo de ensino e atraso histórico das políticas educacionais no país,
destas escolas era a formação de sacerdotes, que se vemos, por exemplo, a tardia criação do Ministério
completava apenas no ensino superior. Esse mo- da Educação. Voltando às questões do ensino mé-
delo também era a única chance dos filhos da elite dio, já em 1931, houve o Decreto nº 19.890 (gestão
104
EDUCAÇÃO FÍSICA
de Francisco Campos no MEC) que dispõe sobre a Em primeiro lugar, ela unificou o antigo ginásio
(que correspondia ao primeiro ciclo do ensino
organização do ensino secundário, mais tarde foi
médio) com o antigo primário, criando o primei-
complementado pela Lei nº 4.244/1942 (gestão de ro grau, com oito anos de duração, obrigatório
Gustavo Capanema no MEC). e gratuito nas instituições públicas. Em segundo
Esta lei constituiu parte das Leis Orgânicas, as lugar, transformou o antigo colegial em segundo
quais receberam atenção especial na Lei Orgânica grau, sem alterar sua duração de três anos. Con-
tudo, a mais radical mudança implantada por
do Ensino Secundário que sobreviveu até o início esta lei no ensino médio foi a profissionalização
da década de 70. Essa lei organizou o ensino secun- compulsória. Assim, pela lei, todas as escolas de
dário da seguinte forma: duração de sete anos e se segundo grau deveriam assegurar uma qualifi-
dividia em duas etapas – ginásio de quatro anos e cação profissional, fosse de nível técnico (quatro
anos de duração), fosse de auxiliar técnico (três
colegial de três anos. O caráter seletivo ainda per-
anos de duração). Tudo indica que o objetivo por
petuava-se na história da educação brasileira, por- trás deste novo desenho do ensino médio, dando-
que quando os alunos finalizavam o ensino primá- -lhe um caráter de terminalidade dos estudos, foi
rio, eles eram submetidos a um exame de admissão o de reduzir a demanda para o ensino superior e
tentar aplacar o ímpeto das manifestações estu-
para o ingresso nos ginásio e, no caso de reprova-
dantis que exigiam mais vagas nas universidades
ção, estes deveriam estudar mais um ano de estudo públicas (PINTO, 2002, p. 50).
complementar.
Outra questão interessante ao contexto da Era Contudo, é importante que saiba que o ensino médio
Vargas sobre a questão educacional foi a implanta- só foi ampliado ao sistema público com recursos fi-
ção do ensino profissionalizante, destinado às clas- nanceiros e necessários para sua manutenção na rede
ses menos favorecidas da sociedade. Para ele, era pública a partir da Constituição Federal de 1988 e da
necessário formar o país para o trabalho técnico, LDB – Lei nº 9.394/96. Nesse contexto, as empresas
acompanhando o período da industrialização e a in- privadas se consolidaram para oferecer o ensino mé-
serção competitiva no cenário capitalista mundial. dio com discurso de elevada qualidade, onde as fa-
É importante saber que, mesmo com essas criações, mílias até de classe média faziam sacrifícios extremos
o ensino mantinha o caráter dualista, pois o profis- para garantir que seus filhos pudessem frequentar
sionalizante destinava-se à classe mais baixa da so- essas escolas e ingressar no ensino superior. Confor-
ciedade e o ensino propedêutico à elite do país. Nes- me os dados do Censo de 2016, a 68,1% das escolas
se sentido, apenas o ensino propedêutico permitia o de ensino médio são estaduais e 29,2% privadas. A
acesso do jovem ao ensino superior e essa dualidade União e os municípios participam com 1,8% e 0,9%,
tentou ser superada, pela primeira vez, apenas na respectivamente (BRASIL, 2016, on-line, p. 9)1.
década de 60 com a aprovação da primeira LDB – Historicamente, vimos que o acesso ao ensino
Lei nº 4.024/1961. médio antes da CF/1988 era um privilégio; depois
Contudo, foi apenas com a aprovação da LDB desta e a partir da década de 90, o acesso ao ensino
– Lei nº 5.692/1971 a organização do sistema médio é um direito do cidadão e dever do Estado. A
educacional foi alterada e o ensino médio seguiu sua obrigatoriedade, ainda que não universalizada a
essas mudanças. todos os brasileiros, expandiu o número de matrí-
105
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
culas no ensino médio, por conta da pressão social desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
dos jovens e suas famílias que tinham interesse em Nacional em 1996. Ao ser aprovada por meio de
ingressar no ensino médio, devido à exigência cres- medida provisória, recurso que só é utilizado em
cente do mercado de trabalho em exigir certificação situações extremas, foi muito criticada, pois foi
e, também, pelo anseio em ingressar nas universi- aprovada em um curto espaço de tempo e sem um
dades e continuar seus estudos no ensino superior. debate com os especialistas da área; além disso,
A responsabilidade por sua oferta dentro do sis- os alunos do ensino médio também não fizeram
tema público são os sistemas estaduais, cabendo a parte das discussões.
União a não menos importante função de assegurar Diante disso, o procurador geral da república,
a equidade das oportunidades educacionais entre as Rodrigo Janot, enviou o parecer ao Supremo Tri-
diferentes regiões do país e de garantir um padrão bunal Federal - STF. Pela inconstitucionalidade da
mínimo de qualidade do ensino mediante assistên- medida, seu argumento centrou-se no fato de que
cia técnica e financeira. A avaliação do ensino médio reformas estruturais como a do ensino médio, não
também compete à União junto aos sistemas de en- podem ser feitas por MPs, e uma reforma dessa am-
sino estaduais com a finalidade de definir priorida- plitude necessitaria de mais tempo de debate junto
des e melhorias da qualidade do ensino. a sociedade. O Fórum Nacional de Educação pu-
blicou uma nota criticando a MP e levantando 23
Reforma do ensino médio pontos negativos da Medida Provisória.
Imposta pela Medida Provisória nº 746/2016 Quais as principais mudanças na estrutura do
e promulgada como lei (Lei nº 13.415/2017), a ensino médio com a reforma? Veja, a seguir, os arti-
maior reforma do último ciclo do ensino básico gos alterados com a Lei nº 13.415/2017.
LDB/1996
LDB - Anterior a Reforma do Ensino Médio LDB - Atualizada com a Reforma do Ensino Médio - 2017
Art. 24 Art. 24 § 1º A carga horária mínima anual de que trata o
I. a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, inciso I do caput deverá ser ampliada de forma progres-
distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo siva, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas,
trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exa- devendo os sistemas de ensino oferecer, no prazo
mes finais quando houver; máximo de cinco anos, pelo menos mil horas anuais
de carga horária, a partir de 2 de março de 2017.
Art. 26 § 2º O ensino da arte, especialmente em suas Art. 26 § 2º O ensino da arte, especialmente em suas
expressões regionais, constituirá componente curricu- expressões regionais, constituirá componente curricu-
lar obrigatório nos diversos níveis da educação básica, lar obrigatório da educação básica.
de forma a promover o desenvolvimento cultural dos
alunos. (Redação dada pela Lei nº12.287, de 2010). A
MP propôs como componente obrigatório apenas
na EI e EF.
106
EDUCAÇÃO FÍSICA
Art. 26 § 3º A educação física, integrada à proposta Art. 26 § 3º A educação física, integrada à proposta
pedagógica da escola, é componente curricular obri- pedagógica da escola, é componente curricular obriga-
gatório da educação básica, sendo sua prática facul- tório da educação básica, sendo sua prática facultativa
tativa ao aluno: (redação dada pela Lei nº10.793, de ao aluno:
2003) A MP propôs como componente obrigatório
apenas na EI e EF.
Art. 26. § 5º Na parte diversificada do currículo será Art. 26. § 5º No currículo do ensino fundamental, a
incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o partir do sexto ano, será ofertada a língua inglesa.
ensino de pelo menos uma língua estrangeira moder-
na, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar,
dentro das estrangeira moderna, cuja escolha ficará a
cargo da comunidade escolar, dentro das possibilida-
des da instituição.
Art. 26 § 7º Os currículos do ensino fundamental e mé- Art. 26 § 7º A integralização curricular poderá incluir, a
dio devem incluir os princípios da proteção e defesa civil critério dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas
e a educação ambiental de forma integrada aos conteú- envolvendo os temas transversais de que trata o caput.
dos obrigatórios. (Incluído pela Lei nº 12.608, de 2012)
Não tinha o § 10, mas, na MP a redação era: A inclu- Art. 26 § 10. A inclusão de novos componentes curricu-
são de novos componentes curriculares de caráter lares de caráter obrigatório na Base Nacional Comum
obrigatório na Base Nacional Comum Curricular Curricular dependerá de aprovação do Conselho
dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Nacional de Educação e de homologação pelo Ministro
Educação e de homologação pelo Ministro Minis- de Estado da Educação.
tro de Estado da Educação, Educação, ouvidos o
Conselho Nacional de Secretários de Educação
- Consed e a União Nacional de Dirigentes de
Educação – Undime.
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá
direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio,
conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educa-
ção, nas seguintes áreas do conhecimento:
SEM CORRESPONDENTE
II. linguagens e suas tecnologias;
III. matemática e suas tecnologias;
IV. ciências da natureza e suas tecnologias;
V. ciências humanas e sociais aplicadas.
Art. 35-A. § 1º A parte diversificada dos currículos de
que trata o caput do art. 26, definida em cada sistema
SEM CORRESPONDENTE de ensino, deverá estar harmonizada à Base Nacional
Comum Curricular e ser articulada a partir do contexto
histórico, econômico, social, ambiental e cultural.
Art. 35-A. § 2º A Base Nacional Comum Curricular
referente ao ensino médio incluirá obrigatoriamente
SEM CORRESPONDENTE
estudos e práticas de educação física, arte, sociologia
e filosofia.
Art. 35-A. § 3º O ensino da língua portuguesa e da
matemática será obrigatório nos três anos do ensino
SEM CORRESPONDENTE
médio, assegurada às comunidades indígenas, tam-
bém, a utilização das respectivas línguas maternas.
107
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
108
EDUCAÇÃO FÍSICA
Art. 36. § 1º Os conteúdos, as metodologias e as Art. 36. § 1º A organização das áreas de que trata o
formas de avaliação serão organizados de tal forma caput e das respectivas competências e habilidades
que ao final do ensino médio o educando demonstre: será feita de acordo com critérios estabelecidos em
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que cada sistema de ensino.
presidem a produção moderna; II - conhecimento das I. (Revogado pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017)
formas contemporâneas de linguagem; III - domínio II. (Revogado pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017)
dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia neces-
sários ao exercício da cidadania. (Revogado pela Lei nº
11.684, de 2008).
Art. 36. § 3º Os cursos do ensino médio terão equi- Art. 36. § 3º A critério dos sistemas de ensino, pode-
valência legal e habilitarão ao prosseguimento de rá ser composto itinerário formativo integrado, que
estudos. se traduz na composição de componentes curricu-
lares da Base Nacional Comum Curricular - BNCC e
dos itinerários formativos, considerando os incisos I
a V do caput.
Art. 36. § 5º Os sistemas de ensino, mediante dispo-
nibilidade de vagas na rede, possibilitarão ao aluno
SEM CORRESPONDENTE
concluinte do ensino médio cursar mais um itinerário
formativo de que trata o caput.
Art. 36. § 6º A critério dos sistemas de ensino, a
oferta de formação com ênfase técnica e profissional
considerará:
I. a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor
produtivo ou em ambientes de simulação, estabe-
lecendo parcerias e fazendo uso, quando aplicável,
SEM CORRESPONDENTE
de instrumentos estabelecidos pela legislação sobre
aprendizagem profissional;
II. a possibilidade de concessão de certificados inter-
mediários de qualificação para o trabalho, quando a
formação for estruturada e organizada em etapas com
terminalidade.
Art. 36. § 7º A oferta de formações experimentais
relacionadas ao inciso V do caput, em áreas que não
constem do Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos,
dependerá, para sua continuidade, do reconhecimento
SEM CORRESPONDENTE
pelo respectivo Conselho Estadual de Educação, no
prazo de três anos, e da inserção no Catálogo Nacional
dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos, contados
da data de oferta inicial da formação.
Art. 36. § 8º A oferta de formação técnica e profis-
sional a que se refere o inciso V do caput, realizada
na própria instituição ou em parceria com outras
SEM CORRESPONDENTE instituições, deverá ser aprovada previamente pelo
Conselho Estadual de Educação, homologada pelo
Secretário Estadual de Educação e certificada pelos
sistemas de ensino.
109
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Quais os argumentos utilizados pelo governo para a da mais a escola da realidade dos estudantes diante de
reforma do ensino médio? Para o governo, a reforma novas demandas profissionais do mercado de traba-
trará melhoria da educação no país. Ao propor a fle- lho. E, sobretudo, permitirá que cada aluno escolha
xibilização da grade curricular, o novo modelo permi- sua área de afinidade, seja para seguir os estudos no
tirá que o estudante “escolha” a área de conhecimen- nível superior, seja para entrar no mundo do trabalho.
to para aprofundar seus estudos. A parte curricular Para Saviani (2016, on-line)2 “O que está aconte-
obrigatória pretende garantir conteúdos comuns em cendo é que estamos induzindo os jovens das camadas
todo o território nacional. A flexibilidade curricular trabalhadoras ao profissionalismo precoce, enquanto
do ensino médio, segundo o governo, aproximará ain- o jovem de elite vai para o Ensino Superior”, situação
110
EDUCAÇÃO FÍSICA
já vivenciada no Brasil, que acaba por fragmentar o Com todo avanço do ensino médio a partir da
conhecimento escolar, e suprimir o direito aos jovens década de 90, observamos que este nível de ensino
em ter acesso e aprofundamento dos conhecimentos. ainda possui alguns desafios que precisam ser supe-
Ao analisar as alterações propostas, percebemos rados, especialmente na oferta discriminatória de
a ênfase à estruturação curricular, sem considerar um ensino médio profissionalizante para os alunos
as condições objetivas e infraestruturais das escolas, com poucos recursos e um ensino médio que pos-
a formação continuada, a valorização dos profissio- sibilita o acesso ao ensino superior para os alunos
nais da educação, as práticas pedagógicas, entre ou- com condições financeiras melhores.
tros aspectos. Ao permitir, conforme o art. 61 da
LDB “profissionais com notório saber reconhecido Educação superior
pelos respectivos sistemas de ensino para ministrar Assim como os outros níveis de ensino apresentados,
conteúdos de áreas afins à sua formação” (BRASIL, a Educação Superior também passou por uma refor-
1996), desconsidera a formação pedagógica para a ma na década de 90. Aliás, caro(a) aluno(a), você não
atuação como professor. A proposta prevê que se- pode esquecer que a Reforma da Educação Nacional
rão obrigatórios os estudos e práticas de filosofia, a partir de 1990 está articulada com à Reforma do
sociologia, educação física e artes no ensino médio, Estado brasileiro que ocorreu no mesmo período.
mas não no formato de disciplinas obrigatórias, A Educação Superior também entrou na pauta da
como português e matemática. agenda reformadora do primeiro governo de Fernan-
Diante de tantas alterações, cabe uma questão do Henrique Cardoso (1995-1998), nessa época foi
fundamental: quando esta lei será implementada? construída projetos legais capazes de alterar as diretri-
Segundo o Ministro da Educação e Mendonça Filho, zes e bases que sustentavam o modelo implementado
desde a reforma universitária de 1968 (CATANI; OLI-
A implantação do novo ensino médio não deverá
acontecer até 2018, pelo menos, já que o mesmo VEIRA, 2000). Acompanhando esse processo, obser-
depende da aprovação da Base Nacional Comum vamos as orientações do Estado para com o padrão de
Curricular (BNCC), que estabelecerá as compe- avaliação; de financiamento; de gestão; de currículo
tências, os objetivos de aprendizagem e os co-
e de produção do trabalho acadêmico, que produz a
nhecimentos necessários para a formação geral
do aluno. A previsão é que, até meados de 2017, identidade das Instituições de Ensino Superior (IES).
a BNCC para o ensino médio seja encaminha- Na LDB – Lei 9.394/96, o Ensino Superior está
da ao Conselho Nacional de Educação, que terá expresso nos artigos 43 a 57 e tem por finalidade:
de aprová-la para depois ser homologada pelo
MEC. Só depois disso, o novo ensino médio po-
[...] formar profissionais nas diferentes áreas do sa-
derá ser implementado (FUNORTE, on-line)3.
ber, promovendo a divulgação de conhecimentos
culturais, científicos e técnicos e comunicando-os
Desta forma, a nova estrutura do ensino médio de- por meio do ensino; estimular a criação cultural e
pende da BNCC para sua implantação, a BNCC de- a pesquisa científica e tecnológica geradas nas ins-
finirá as competências e conhecimentos essenciais tituições que oferecem a formação em nível supe-
que deverão ser oferecidos a todos os estudantes na rior e produzem conhecimento (BRASIL, 1996).
111
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
No Art. 44 da LDB/1996 são apresentados os cursos e programas de Educação Superior, são eles:
Por meio do Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006, na pesquisa e na extensão, formando o tripé das uni-
os cursos e programas de nível superior de ensino versidades (ensino, pesquisa e extensão). Lembre-se
podem ser ofertados em universidades, centros uni- que as universidades públicas, federais ou estaduais,
versitários e faculdades; mas, quais são as diferenças são responsáveis por grande parte das pesquisas aca-
entre essas três IES? dêmicas e dos programas de pós-graduação, nível de
Caro(a) aluno(a), vamos lá! As universida- mestrado e doutorado do país. Os centros univer-
des possuem autonomia, conforme a CF/1988 e sitários possuem alguns princípios da autonomia,
LDB/1996, para atuar na graduação, pós-graduação, concedidas por meio de decreto presidencial, que
112
EDUCAÇÃO FÍSICA
devem apresentar excelência no ensino diante do Em 2007, tivemos o Programa de Apoio a Pla-
desempenho obtido pelo Sistema de Avaliação do nos de Reestruturação e Expansão das Universi-
Ensino Superior. As faculdades atuam basicamente dades Federais (Reuni), instituída pelo Decreto nº
na formação de profissionais de diferentes cursos de 6.096/2007, o objetivo deste programa foi possibili-
licenciatura, bacharelado e tecnológico. tar a ampliação das condições das universidades fe-
A educação superior também conta com as Re- derais, a fim de ampliar o acesso ao ensino superior e
des Federais de Educação Profissional, Científica e também da permanência e conclusão desses cursos.
Tecnológica, formada por institutos federais de edu- Este programa entrou em vigor devido às exigências
cação, ciência e tecnologia, onde certificam cursos do Plano Nacional de Educação de 2001 e também
de educação tecnológica e universidades tecnoló- do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE)
gicas. Essa rede está presente em todos os estados lançado em 2007.
brasileiros. Perto de sua cidade deve haver algum Após mais de uma década de forte expansão e
instituto federal que oferte alguns desses níveis de democratização das oportunidades à educação su-
ensino, estes institutos também oferecem cursos téc- perior, com a ampliação das matrículas e o reforço
nicos e superior de tecnologia, licenciaturas, mestra- às atividades de ensino, pesquisa e extensão, com ex-
dos e doutorados. pansão no fomento e oferta de bolsas no governo de
A partir do ano de 2000, ocorreram mudanças Michel Temer, observamos o corte de investimento
importantes na legislação, de forma a democratizar na educação superior.
o acesso dos brasileiros ao Ensino Superior, temos, O ano de 2017 e o planejamento do orçamento
como exemplo, dois programas de financiamento de 2018 passa por um momento de cortes e con-
para ingresso no Ensino Superior privado, o primei- tingenciamento de seus orçamentos, as soluções
ro criado em 2001 – Programa de Financiamento apresentadas por uma crise relacionada aos recur-
Estudantil (Fies) e o Programa Universidade para sos, criada pelo próprio governo, é a privatização e
Todos (Prouni). terceirização da educação superior.
O Fies financia a graduação no ensino superior A política educacional ao Ensino Superior ainda
de estudantes que não tem condições de arcar com precisa de muitas discussões e avanços, por isso o
os cursos de sua formação. O Prouni tem como fi- PNE Lei nº 13.005/2014 traz em sua meta e estra-
nalidade a concessão de bolsas de estudos integrais tégias 13 o objetivo de elevar a qualidade do Ensino
ou parciais também em instituições privadas de en- Superior brasileiro, bem como ampliar a formação
sino superior, lembre-se que as IES que aderem a de professores que atuam neste nível e democratizar
este programa possuem isenção de tributos para o o ensino superior por meio de instituições de ensino
Governo Federal. superior presencial e a distância.
113
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Modalidades da
Educação Nacional
Modalidades da educação referem-se aos diferen- a distância; a educação escolar indígena; a educa-
tes modos particulares de exercer a educação. Você ção do campo; a educação quilombola, sendo esses
observou que os níveis da educação dizem respeito modos/maneiras de ministrar os diferentes níveis de
aos diferentes graus ou categorias de ensino, como educação básica e superior.
infantil, fundamental, médio e superior. Já as moda- Na LDB/1996 são apresentadas apenas três mo-
lidades da educação significa a forma, o modo como dalidades de educação com mais atenção, sendo elas
tais graus/categorias de ensino serão ministrados. a educação de jovens e adultos, educação profissio-
A LDB/1996 e a Resolução CNE/CEB nº 4, de 13 nal e tecnológica e educação especial; as demais são
de julho de 2010, que define as Diretrizes Curricu- apresentadas em pequenos artigos, pois ainda lutam
lares Nacionais Gerais para a Educação Básica, afir- por espaços ou por garantias maiores na legislação
mam que as modalidades de educação/ensino são: brasileira e materialização no cenário das políticas
educação de jovens e adultos; a educação profissio- educacionais. Agora vamos conhecer algumas des-
nal e tecnológica; a educação especial; a educação sas modalidades!
114
EDUCAÇÃO FÍSICA
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
A Educação Profissional destina-se a alunos(as) que na Constituição Federal de 1937, ficou estabelecido
procuram uma formação por meio da aprendizagem que a educação profissional era dever do Estado na-
formal ou não, ao qual pode ser reconhecida e certi- cional (SILVA, 2004).
ficada para prosseguir ou concluir os estudos. É importante lembrar, caro(a) aluno(a), que na
Para explicar a modalidade da Educação Pro- década de 20 houve o início do processo de urbani-
fissional, remontamos a história da educação e da zação, e na década de 30 o processo de industrializa-
sociedade brasileira que possui marcas da dualida- ção gerados pelos nuances do capitalismo industrial,
de existente entre as elites condutoras e a maioria demandando maior número de trabalhadores espe-
da população do país. Nesse sentido, os filhos da cializados para a indústria e para o comércio.
maioria, oriundos das classes mais baixas da so- Piletti e Rossato (2010) afirmam que nessa épo-
ciedade, eram formados para servir como mão de ca estabeleceu-se como dever das indústrias e dos
obra barata para o mercado de trabalho. Dessa for- sindicatos formar escolas de aprendizes destinadas
ma, Piletti e Rossato (2010, p. 123) afirmam que aos filhos dos operários ou de associados. A par-
as origens do Brasil são marcadas por “[...] uma tir da Reforma Capanema, em 1942, foram criadas
cultura de ganância, exclusão e escravidão interfe- Leis Orgânicas que tinham como objetivo reafirmar
riram e interferem diretamente nas relações entre a necessidade da formação técnica da maioria dos
educação e trabalho”. brasileiros, entre elas podemos destacar a Lei Orgâ-
A relação entre educação e trabalho se expressou nica do Ensino Industrial (1942); a Lei Orgânica do
na década de 30, por exemplo, reforçando a duali- ensino comercial (1943); a Lei Orgânica do Ensino
dade entre a escola para os ricos e escolas para po- Agrícola (1946); a Lei Orgânica do Ensino Normal
bres. A escola para os ricos destinava-se aos filhos (1946). Em 1942, Getúlio Vargas transformou as an-
das elites condutoras do país e tinha como objetivo tigas Escolas de Aprendizes Artífices em uma rede
formá-los para os níveis superiores de ensino, entre de escolas técnicas e federais de ensino industrial,
eles o Ensino Superior. A escola para os pobres tinha criando o Serviço Nacional de Aprendizagem (Se-
a responsabilidade de formar trabalhadores aptos nai); Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
para atividades profissionais específicas; inclusive, (Senac), dando origem ao conhecido Sistema S.
115
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
116
EDUCAÇÃO FÍSICA
Esse processo industrial mais tecnológico subtraiu Dessa forma, ficou entendido, a partir da última
empregados das indústrias, e o mundo do trabalho, LDB de 1996, que a educação escolar brasileira visa
como um todo, teve que se reorganizar para atender o pleno desenvolvimento da pessoa, a formação
a competitividade que esse processo gerou. Assim, os para o exercício da cidadania e a sua qualificação
novos empregados deveriam ter um nível de educação para o trabalho.
e qualificação mais elevado no sentido destes possu- Na redação da LDB – Lei nº 9.394/96, a Educa-
írem as seguintes habilidades: polivalentes; criativos; ção Profissional ou técnica foi desintegrada do En-
capazes de interagir; aprender; adaptar-se e requalifi- sino Médio; a partir de uma interpretação ambígua
car-se rapidamente diante das novas situações. desta lei, as escolas públicas foram deixando de ofer-
Nesse período, o maior entrave do desenvolvi- tar o ensino profissional para dedicarem-se mais ao
mento econômico era a baixa escolarização, por isso ensino médio ou aos cursos superiores tecnológicos
intensificaram a exigência de uma sólida formação por ofertados por Centros Federais de Educação (PI-
meio da educação geral para os trabalhadores, a fim de LETTI; ROSSATO, 2010).
prepará-los para o mercado de trabalho. Nesse sentido, Dentro da história da educação profissional no
o caráter assistencialista da educação profissional per- Brasil, destacamos a importância dos anos 2000, em
deu seu caráter prioritário para que as pessoas forma- especial com a reforma entre a educação profissio-
das por essa modalidade pudesse tomar conhecimento nal e o Ensino Médio, iniciada com o Decreto nº
dos processos científicos e tecnológicos mais elevados 5.154/2004, que revogou o Decreto nº 2.208/1997, e
de nossa sociedade (PILETTI; ROSSATO, 2010). permitia a articulação do ensino médio com o pro-
Para resolver esse debate e também para nortear fissional apenas como curso sequencial ou concomi-
a função da educação e escola para esta nova socie- tante e não integrado ao Ensino Médio, provocando
dade, foi aprovada a LDB Lei nº 9.394/96 que trouxe uma dualidade e, em consequência, um retrocesso
para o âmbito educacional as orientações legais para muito grande ao que a LDB de 1996 buscou solucio-
o novo tipo de homem que deveria ser formado, a nar com a relação a separação existente entre educa-
fim de acompanhar o processo de globalização e in- ção geral e profissional. Dessa forma, este decreto de
ternacionalização do capitalismo. Um dos aspectos 1997 separou o ensino médio do técnico (PILETTI;
fundamentais dessa Lei foi a articulação que esta ROSSATO, 2010).
priorizou entre educação e trabalho, segundo Piletti Em 2008, o Decreto nº 5.154/2004 foi concluído
e Rossato (2010, p. 128), a educação escolar foi en- por meio da aprovação da Lei 11.741/2008 que vol-
tendida de forma geral para: tou a permitir a integração entre Ensino Médio e téc-
nico ou profissional. Esta Lei provocou uma grande
Promover uma preparação politécnica para o mudança na legislação referente ao Ensino Profis-
universo do trabalho – uma formação que leve
sional e acrescentou uma nova modalidade à Educa-
ao domínio das diferentes técnicas e princípios
científicos e tecnológicos utilizados na pro- ção Profissional: “Educação Profissional Técnica de
dução moderna, podendo, inclusive, preparar Nível Médio”. Assim, o Decreto nº 5.154/2004 e a Lei
para o exercício de uma profissão técnica (uni- nº 11.741/2008 foram criadas a fim de corrigir esse
tecnia), desde que atendida a formação geral. descompasso com relação a educação geral e educa-
117
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
ção profissional, inclusive, foi somente a partir desta nal) reconhecida pelo Decreto nº 5.154/2004 e a Lei
lei que o Ensino Profissional de nível médio foi ofi- nº 11.741/2008; a formação continuada (cursos ar-
cialmente reconhecido, cujo diploma habilitava in- ticulados a atualização que ampliam a formação ini-
gressar no Ensino Superior (BRASIL, 2008). cial) reconhecidos pela Portaria Interministerial do
Caro(a) aluno(a), já vimos os aspectos históricos MEC/MTE nº 1.082/2009; e, por fim, aprendizagem
da Educação Profissional no Brasil e você pode estar não formal (conjunto de saberes, aptidões, destreza
se perguntando, mas como é realizada a Educação e habilidades adquiridas em situações de trabalho) e
Profissional atualmente? Ela pode acontecer por foi reconhecido pela Portaria nº 1.082/2009.
meio de três formas: O órgão que avalia e certifica os estudantes for-
5. Qualificação profissional: esta forma não mados pela qualificação inicial, continuada e não
exige nível ou etapa de escolarização, sendo formal da Educação Profissional são realizadas pelos
que pessoas analfabetas podem aprendê-las Institutos Federais da Educação, os quais possuem
por meio do saber prático (não formal) e é
programas com avaliações de competências, sendo
passível de ser reconhecida oficialmente.
estes capazes de validar ou não os conhecimentos
6. Formação profissional técnica de nível mé-
dio: pode dar-se de forma integrada ao Ensi- adquiridos pelo trabalhador. Estes Institutos fazem
no Médio, conforme o Decreto nº 5.154/2004 parte de uma chamada de Rede Nacional de Certifi-
e a Lei nº 11.741/2008. Pode acontecer tam- cação Profissional e Formação Inicial e Continuada
bém de modo concomitante ao Ensino Mé- (Rede Certific), a qual foi oficialmente criada pelo
dio e de forma subsequente ao Ensino Médio. MEC e Ministério do Trabalho (MTE).
7. Formação técnica de nível superior: pode
ocorrer de duas formas, a primeira por meio EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA
de um curso superior tecnológico de gradu-
ação ou pós-graduação, que confere ao títu-
lo de tecnólogo, cujo diploma equivale a um Segundo a Constituição Federal de 1988, a Educa-
bacharelado ou licenciado. A segunda forma ção de Jovens e Adultos (EJA) destina-se às pessoas
pode ocorrer por meio dos cursos sequen- que não tiveram acesso à Educação Básica na idade
ciais, uma modalidade de curso superior, que própria. Na redação dessas legislações, fica claro
não é uma graduação, porque não confere que o Estado garantirá o acesso do trabalhador à
titulação equivalente ao bacharel, tecnólogo escola, mas não especifica como serão as ações es-
ou licenciado. Além disso, o concluinte deste
tratégicas que materializarão esta lei, afinal, para
curso não pode continuar seus estudos, em
hipótese alguma, em nível de pós-graduação. implementar políticas educacionais, são necessá-
Esta segunda forma destina-se a alunos que rios recursos financeiros que são prioritariamente
desejam uma qualificação de nível superior destinados aos níveis da Educação Básica, embora
mais específica e mais rápida. a modalidade EJA seja obrigatória e seja direito
público subjetivo.
A Educação Profissional pode ser realizada por meio A EJA é garantida na LDB/1996, na Seção V, que
de três opções de qualificação profissional, sendo es- dispõe sobre a Educação de Jovens e Adultos nos
tas: a formação inicial (formação básica do profissio- Art. 37 e 38, como demonstrado a seguir:
118
EDUCAÇÃO FÍSICA
Art. 37. A educação de jovens e adultos será desti- Em um país marcado pela história da desi-
nada àqueles que não tiveram acesso ou continui- gualdade social, esta modalidade deve ter extrema
dade de estudos no ensino fundamental e médio
na idade própria. importância na pauta das políticas educacionais
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuita- brasileiras. No passado, quando foi detectada a im-
mente aos jovens e aos adultos, que não puderam portância da alfabetização de jovens e adultos, em
efetuar os estudos na idade regular, oportunidades
educacionais apropriadas, consideradas as carac- especial na década de 60, foi pensada dentro dos
terísticas do alunado, seus interesses, condições princípios da Educação Popular, o que causava es-
de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. tranhamento e reprovação das elites conservado-
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o aces-
so e a permanência do trabalhador na escola, me- res por temerem uma revolução dos trabalhadores
diante ações integradas e complementares entre si. (ARELARO; KRUPPA, 2007).
§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articu- A EJA tem como função reduzir a dívida históri-
lar-se, preferencialmente, com a educação profis-
sional, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei ca que o Brasil tem com pessoas excluídas dos ban-
nº 11.741, de 2008). cos escolares e que viveram suas vidas pautadas no
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e trabalho e nas práticas sociais, além disso, a EJA tem
exames supletivos, que compreenderão a base na-
cional comum do currículo, habilitando ao prosse- três funções, conforme nos mostrou o Parecer CNE/
guimento de estudos em caráter regular. CEB nº 11/2000:
§ 1º Os exames a que se refere este artigo reali-
zar-se-ão:
I – a função reparadora, que significa não só
I. no nível de conclusão do ensino fundamental, restaurar o direito ao acesso a uma escola de
para os maiores de quinze anos; qualidade, mas também o reconhecimento da-
II. no nível de conclusão do ensino médio, para os quela igualdade ontológica de todo e qualquer
maiores de dezoito anos. ser humano. II – a função equalizado que busca
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos uma reparação corretiva, ainda que tardia, aos
pelos educandos por meios informais serão aferi- grupos historicamente marginalizados (traba-
dos e reconhecidos mediante exames. lhadores, donas de casa, migrantes, aposenta-
dos, encarcerados, índios, negros), possibilitan-
do a reentrada no sistema educacional frente a
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalida- interrupções forçadas seja pela repetência ou
de que recebeu influências do pensamento de Pau- pela evasão, seja pelas desiguais oportunidades
de permanência ou outras condições adversas.
lo Freire, o qual afirmava que este tipo de ensino
III – e, por fim, a função qualificadora uma vez
deve considerar o alfabetizando como sujeito de que a EJA deve propiciar a todos a atualização
seus saber, no âmbito de uma proposta pedagógi- de conhecimentos para a vida (BRASIL, 2000).
ca pautada nas relações dialógicas de cooperação e
solidariedade, constituindo-se em uma opção po- A EJA substituiu o antigo supletivo de primeiro e
lítica de ação e de política educacional. Lembre-se, segundo grau. Essa modalidade pode ocorrer de
caro(a) aluno(a), que esta modalidade não existe a modo integrado ao ensino fundamental, ensino mé-
toa, mas para atender a necessidade histórica e po- dio e a educação profissional, podendo, ainda, utili-
lítica do país em reduzir o número de analfabetos zar a educação a distância para conclusão dos estu-
adultos no Brasil. dos. Podem cursar a EJA pessoas com 15 anos, que
119
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
não tiveram acesso ao ensino fundamental ou não de Educação Continuada, Alfabetização, Diversida-
continuaram os estudos, e as pessoas com 18 anos, de e Inclusão (SECADI) e se articula com os sistemas
que não tiveram acesso ao Ensino Médio (PILETT; de ensino que implementa as políticas educacionais
ROSSATO, 2010). destinadas à diversidade dos brasileiros.
A proposta pedagógica da EJA tem suas especi- A Educação Especial, historicamente, foi ofer-
ficidades, pois é centrada nas características dos alu- tada de forma paralela à educação regular. Esta era
nos que constituem esta modalidade, por exemplo, oferecida em instituições abertas, enquanto que
idade, interesses, condições de vida, de trabalho e a Educação Especial era oferecida em internatos,
entre outros. Para que os alunos prossigam com os formando um modelo educativo segregador. O
estudos, é necessário que realizem exames supleti- contexto histórico de bem-estar social de vários
vos que comprovem e certifiquem os conhecimentos países impulsionaram o estudo e a atenção volta-
e habilidades apreendidas. Estes exames são realiza- da aos direitos humanos e, em especial, as pessoas
dos presencialmente, mesmo que a EJA tenha sido com deficiência.
cursada presencial ou a distância. Caso o aluno não Contudo, o marco importante para o fortaleci-
obtenha aprovação em alguma prova, ele não precisa mento da Educação Especial foi em 1994, a partir
realizar todo o curso ou todas as provas novamente, da Declaração de Salamanca, elaborada pela UNES-
mas apenas a prova em que não alcançou êxito. CO e assinada pelos países signatários, tais como o
Em 2002, o Governo Federal criou o Exame Na- Brasil. Essa Declaração teve como principal objeti-
cional para Certificação de Competência de Jovens vo disseminar o direito à educação e a inclusão das
e Adultos (Encceja). Até 2009, o exame foi utilizado pessoas com deficiência na rede regular de ensino,
para certificar o ensino médio; em 2010, foi atribu- assegurando que as escolas regulares devessem pla-
ído ao Enem esta função; mas em 2017, o Encceja nejar formas didáticas e pedagógicas que garantam
voltou a certificar o ensino médio para os jovens e o processo de aprendizagem.
adultos residentes no Brasil ou no exterior que não Marcos importantes também aconteceram an-
tiveram a oportunidade de concluir seus estudos em tes da década de 90, como a Declaração de Direi-
idade própria. tos das Pessoas com Deficiência da ONU (1975), a
qual contribuiu com as discussões para a mudança
EDUCAÇÃO ESPECIAL de paradigmas com relação às pessoas com defi-
ciência, ou seja, ela pouco a pouco deixou de ser
A Educação Especial é uma modalidade de ensino vista como restrição inerente ao indivíduo para ser
que está inserida na pauta da educação inclusiva, a entendida com base na interação dos impedimen-
qual nada mais é do que uma “ação política, cultural, tos físicos, psíquicos, emocionais e intelectuais de
social e pedagógica desencadeada em defesa do direi- uma pessoa com o ambiente social em que vive
to de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo (PILETTI; ROSSATO, 2010).
e participando, sem nenhum tipo de discriminação” Este conceito evoluiu para a aprovação da Con-
(BRASIL, 2007). No âmbito do Ministério da Educa- venção Interamericana para eliminação de todas as
ção, a Educação Especial é atendida pela Secretaria formas de Discriminação contra Pessoas Portadoras
120
EDUCAÇÃO FÍSICA
de Deficiência que ocorreu na Guatemala, em 1999 I. deficiência, ou seja, aqueles que têm impe-
(OEA, 1999). Contudo, em 2006, ocorreu a Conven- dimentos de longo prazo de natureza física,
intelectual, mental ou sensorial;
ção Internacional sobre as Pessoas com Deficiência
promovida, também, pela ONU, a qual definiu que II. alunos com transtornos globais de de-
senvolvimento, ou seja, pessoas que
as pessoas com deficiência não poderia ser conside-
apresentam um quadro de alterações no
rada como isolada, mas como uma pessoa que pos- desenvolvimento neuropsicomotor, com-
sui barreiras ao interagir com o ambiente e com o prometimento nas relações sociais ou na
meio social, impedindo o pleno desenvolvimento do comunicação ou ainda estereotipadas mo-
toras, incluindo nessa definição os que têm
cidadão (OEA, 2006).
autismo clássico, psicoses etc.;
Esta Convenção tornou-se Lei no Brasil em
III. alunos com altas habilidades/superdotação,
2008, mediante a aprovação do Decreto Presiden-
ou seja, aqueles que apresentam um poten-
cial nº 6.949, provocando transformações no con- cial elevado e grande envolvimento com as
ceito de deficiência dentro do âmbito jurídico e áreas do conhecimento humano, isoladas
escolar brasileiro. A partir desta lei, por exemplo, ou combinadas, envolvendo capacidades in-
telectuais, de liderança, psicomotoras, artís-
toda ação que nega o direito ao acesso ao transpor-
ticas e de criatividade (BRASIL, 2009, p. 1).
te público, na escola e entre outros espaços equivale
a negar uma matrícula escolar, tal como vemos que A Resolução CNE/CEB nº 04/09, que institui as Di-
constitui crime, pois não cumpre com a Constitui- retrizes Operacionais para o Atendimento Educacio-
ção Federal de 1988. nal Especializado (AEE), constitui parte da Política
Dados os breves elementos históricos sobre a Nacional de Educação Especial, deliberada em 2007,
Educação Especial, pensemos, a partir de agora, a qual garante o atendimento educacional especia-
quais são seus objetivos e a legislação específica. A lizado a todos os níveis e modalidades de ensino,
LDB de 1996, Capítulo V – Art. 58 a 60, garante que prevendo, inclusive, o AEE em seus projetos políti-
a Educação Especial deve ser ofertada, preferen- cos-pedagógico. Lembre-se que a Educação Especial
cialmente em instituições escolares regulares, mas deve ser ampliada a todas as instituições de ensino
quando não for possível deve ser ofertada em classes públicas, privadas, confessionais e filantrópicas.
e escolas especiais, de forma a incluir alunos com Caro(a) aluno(a), você pode estar se pergun-
deficiência, transtornos globais do desenvolvimen- tando, mas professora o que existe de mais recente
to e altas habilidades e superdotação em sociedade destinado às pessoas com deficiência referente a sua
(BRASIL, 1996). formação escolar? Com base nas informações dis-
É necessário que você entenda quem constitui o ponibilizadas na página eletrônica da SECADI no
público alvo da Educação Especial. Segundo o Art. MEC, observamos que existem vários programas
4º da Resolução CNE/CEB nº 04/09, que institui as constituindo as políticas educacionais direcionadas
Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educa- à Educação Especial, estão entre elas: O Programa
cional Especializado (AEE), o público alvo da Edu- Escola Acessível; Transporte Escolar Acessível; Sa-
cação Especial são pessoas com: las de Recursos Multifuncionais; Programa Incluir:
121
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
acessibilidade à Educação Superior; Livro Acessível; para o ensino pautado no método dos jesuítas, a fim
Prolibras e Programa de Educação Inclusiva: direito de catequizá-los e propagar a cultura ocidental cris-
à diversidade e Programa de Formação Continuada tã, negando, assim, a cultura nativa existente entre
de Professores em Educação Especial. os indígenas.
O foco deste tópico sobre a modalidade da Edu- Dessa forma, podemos destacar que a educação
cação Especial é que você conheça um pouco so- indígena foi construída sob o caráter integracionista,
bre a história, legislação e quem são os sujeitos que ou seja, integrar o indígena à cultura ocidental cris-
constituem a necessidade dessa modalidade. É claro tã e negar as diferenças que os caracterizam como
que você pode aprofundar seus estudos sobre este indígenas. Lembramos, ainda, que essa realidade
assunto e, para tanto, sugerimos que você inicio-os passou a mudar recentemente, principalmente após
a partir da leitura dos programas atuais que o MEC a Constituição Federal de 1988, que buscou romper
disponibiliza à Educação Especial, alguns citamos com a perspectiva integracionista e permitindo que
no parágrafo anterior para você, mas, por não ser o experiências educativas, existentes desde a década
foco específico do nosso material didático, não men- de 70, fossem incorporadas ao âmbito educacional
cionamos todas as leis e objetivos que regem esses dos indígenas.
programas no contexto atual das políticas educacio- Ao olharmos para a história mais recente da
nais destinadas à Educação Especial. educação indígena, perceberemos que, a partir da
Constituição Federal de 1988, houve a adoção de vá-
EDUCAÇÃO INDÍGENA rias medidas tomadas, pensando nas especificidades
dos indígenas. Entre elas, podemos citar o decreto
Ao olharmos historicamente para o Brasil, logo pen- presidencial nº 26/1991 que retirou da Fundação
samos nas questões relacionadas à chegada dos por- Nacional do Índio (FUNAI) a única exclusividade
tugueses ao nosso país, bem como a catequização em oferecer a educação escolar indígena, deslocan-
dos índios que por aqui viviam. É por meio dessa do-a para o MEC. Essa ação também permitiu o
breve lembrança que iniciaremos a explicitação da processo de estadualização ou municipalização das
modalidade da Educação Indígena presente em nos- escolas indígenas. Em 1996, a partir da LDB – Lei
sa Educação Básica. nº 9.394, foram legalizados programas de oferta de
Você também pode lembrar-se, a partir dos es- ensino bilíngue e intercultural, assim como o Plano
tudos sobre a história da educação, que quando a Nacional de Educação Lei nº 10.171/2001 (2001-
Companhia de Jesus chegou ao Brasil, no século 2010) e Lei nº 13.005/2014 (2014-2024) que defini-
XVI, o objetivo era propagar o catolicismo nas ter- ram metas específicas à Educação Escolar Indígena.
ras coloniais para evitar a propagação das ideias pro- Veja, no quadro a seguir, as mudanças que ocor-
testantes. Além disso, incluíam os nativos brasileiros reram e consolidaram a Educação Indígena no Brasil:
122
EDUCAÇÃO FÍSICA
Decreto nº 21- que retira da alçada da Funai a responsabilidade da Educação escolar indígena e
1991
transfere-a para o MEC. Criação do Comitê de Educação Escolar Indígena.
Portaria Interministerial nº 559 – que estabeleceu Núcleos de Educação Escolar Indígena – NEIs nas
1991
Secretarias Estaduais de Educação.
1992 Elaboração das Diretrizes para a política nacional de educação escolar indígena.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – a qual inseriu a educação escolar indígena no siste-
1996
ma público de ensino.
Referencial Curricular para as Escolas Indígenas (RCNEI/Indígena) – que indica a organização do currí-
1998
culo das diferentes áreas do conhecimento por meio dos Temas Transversais.
Parecer nº 14/99 – Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Escolar Indígena e Diretrizes Nacio-
1999
nais para o funcionamento das escolas indígenas.
2002 Referenciais para a Formação de Professores Indígenas.
Decreto nº 6.861 que definiu a organização da educação escolar indígena em territórios etnoeduca-
2009
cionais, compreendendo terras indígenas, mesmo que descontínuas ocupadas por povos indígenas.
Lei nº 12.711/2012. Dispõe sobre ações afirmativas para afrodescendentes e indígenas.
2012 Resolução CEB/CNE n. 05/2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar
Indígena na Educação Básica.
Portaria do Ministério da Educação GM/MEC nº 1.062, de 30 de outubro de 2013, institui o Programa
Nacional dos Territórios Etnoeducacionais - PNTEE que consiste em um conjunto articulado de ações
2013
de apoios técnico e financeiro do MEC aos sistemas de ensino, para a organização e o fortalecimento
da Educação Escolar Indígena, conforme disposto no Decreto nº 6.861, de 27 de maio de 2009.
Fonte: as autoras.
É importante que você saiba, caro(a) aluno(a), que ção e o respeito da diversidade étnica, das línguas
a conquista da Educação Indígena como modalida- maternas e das práticas socioculturais. Este princí-
de da educação no âmbito prático e legal foi reivin- pio deriva da Convenção 169 da OIT, em vigência
dicada por lideranças, comunidades e professores desde 1991, que ratificou treze países latino-ameri-
indígenas, pessoas que faziam parte da luta dos po- canos, entre eles o Brasil, que orienta que os povos
vos indígenas relacionada à conquista de sua cida- nativos sejam incluídos nas estratégias de desenvol-
dania no país. vimento nacional, com algumas recomendações, a
No Decreto nº 5.151/04, afirma-se que a Educa- saber: diversidade étnica e cultural como um ele-
ção Indígena é organizada com base em territórios mento positivo, que sejam resolvidos os problemas
etnoeducacionais, que procuram respeitar a autono- de titulação de terras pendentes, e garantidas as con-
mia e a identidade desses povos, visando à valoriza- dições de acesso ao emprego aos indígenas de forma
123
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
igualitária, tenham garantia do acesso à educação, Embora tenhamos realizado uma explicação sim-
previdência social, saúde e se reconheça o direito à ples sobre a Educação Escolar Indígena, você pôde
organização social. observar que a política educacional direcionada aos
A defesa para inserção dos indígenas aos ban- povos indígenas foi realizada, principalmente, a par-
cos escolares vem da conclusão de que estes vão tir da década de 90. Nesse sentido, o Estado nacional
menos tempo à escola e com isso melhoraria os ní- promoveu o controle sobre a organização e funcio-
veis de emprego, escolarização e poderiam assumir namento das escolas, também adequou a formação
a responsabilidade das organizações indígenas. Vale dos professores estabelecidos pela legislação. Foram
lembrar este formato de educação indígena no Brasil estabelecidos diretrizes, objetivos, conteúdos e me-
que, visando seus direitos como cidadãos, ocorreu todologias a serem adotadas de forma a respeitar as
a partir dos anos 1990, acompanhando na prática especificidades da educação indígena.
que a Constituição Federal de 1988 garantiu, no Art.
210, que “o ensino fundamental regular será minis- EDUCAÇÃO DE NEGROS E QUILOMBOLAS
trado em língua portuguesa, assegurada às comuni-
dades indígenas também a utilização de suas línguas Como foi bastante mencionado em nossa unidade, o
maternas e processos próprios de aprendizagem”. Brasil tem uma dívida histórica com as populações
Assim, esta “reforma” na educação indígena que em épocas passadas não tiveram acesso ou pri-
trouxe para a pauta desta modalidade de educação vilégio a frequentar os bancos escolares. Contudo, a
o direito que ela seja ministrada respeitando o bi- partir da década de 90 houve a discussão da educa-
linguismo (língua materna e língua portuguesa) e a ção inclusiva e das modalidades de educação, muitas
interculturalidade, ou seja, o direito à diferença e o não foram mencionadas na LDB- Lei nº 9.394/96,
reconhecimento de suas organizações socioculturais como a educação quilombola, mas a política educa-
(tradições, costumes, artesanato, línguas e crenças). cional recebeu a pauta de luta de povos indígenas,
Dessa forma, conheça os principais objetivos da negros e quilombolas inserindo estas modalidades
Educação Indígena: na legislação educacional nacional.
Piletti e Rossato (2010) apresentaram, em sua
A escola indígena tem como objetivo a conquis- obra sobre a educação básica, um panorama sobre
ta da autonomia sócio-econômica-cultural de
a educação quilombola, mostrando a necessidade
cada povo, contextualizada na recuperação de
sua memória histórica, na reafirmação de sua desta para a inclusão dos negros e quilombolas às
identidade étnica, no estudo e valorização da escolas. Em 2008, havia 1.686 escolas em áreas re-
própria língua e da própria ciência – sistemati- manescentes de quilombolas, das quais apenas 23
zada em seus ectnoconhecimentos, bem como eram particulares, com 6.032 professores lecionan-
no acesso às informações e aos conhecimentos
do e 196.866 matriculados, só o norte e nordeste
técnicos e científicos da sociedade majoritária
e das demais sociedades, indígenas e não indí- brasileiro concentravam cerca de 60 a 65%, estes da-
genas (BRASIL, 1994, p. 178 apud FAUSTINO, dos revelam o primeiro aumento significativo com
2010, p. 100). relação a estatísticas anteriores.
124
EDUCAÇÃO FÍSICA
125
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
EDUCAÇÃO DO CAMPO
126
EDUCAÇÃO FÍSICA
participação dos sujeitos do campo, em especial, na A partir dessas articulações dos sujeitos do cam-
construção de um ideário político-pedagógico e de po pelo movimento “Por uma Educação Básica do
diretrizes operacionais que orientam as políticas pú- Campo” e “Por uma Educação do Campo”, foram
blicas para a Educação do Campo. garantidas diversas conquistas legais por força da
Caro(a) aluno(a), observem que a educação do pressão dos movimentos sociais e instituições di-
campo é construída com os sujeitos que estão viven- versas. Inclusive, esta modalidade foi reconhecida
do no campo e não como na concepção da educação no MEC por meio da inclusão desta na Secretaria
rural, indivíduos pensando para o campo. de Educação Continuada, Alfabetização e Diversi-
dade (SECADI), em 2004, e dentro dela foi criada
SAIBA MAIS a Coordenação Geral da Educação do Campo, a
fim de ampliar a oferta da educação do campo e
A Educação do e no Campo ocorre na perspec- de EJA em escolas localizadas em áreas rurais e as-
tiva de um projeto social alternativo ao ideário sentamentos do Instituto Nacional de Colonização
neoliberal. Faz parte de um processo de luta e Reforma Agrária (INCRA). Outra função desta
social, reflexão coletiva e práxis humana e
educativa vinculadas às lutas dos movimentos coordenação era a manutenção das políticas regu-
populares. Caldart (2005, p. 64) explicita que a ladoras, do financiamento da educação básica, do
Educação do e no Campo é parte de um pro- ensino superior e as especificidades e saberes ne-
jeto político e social maior, em que: “antes ou
(junto) de uma concepção de educação, ela é cessários aos povos do campo.
uma concepção do campo” e ainda considera É importante que você saiba que as políticas
que “não há escolas do campo num campo públicas para a Educação do Campo instalaram-
sem perspectivas, com o povo sem horizon-
tes e buscando sair dele”. Nessa perspectiva, -se no bojo de dois ministérios: MEC e do Mi-
a Educação do e no Campo está vinculada nistério do Desenvolvimento Agrário (MDA)
com o desenvolvimento social do território por meio do Programa Nacional de Educação na
camponês. Esta autora, ainda, defende que a
Educação do e no Campo é pensada por seus Reforma Agrária (Pronera). Conheça, a seguir, as
próprios sujeitos, encarados como protago- legislações que subsidiam a Educação do Campo
nistas sociais, na luta de uma Educação no e no Brasil:
do Campo, em que “No: o povo tem direito a
ser educado no lugar onde vive. Do: o povo
tem direito a uma educação pensada desde
o seu lugar e com sua participação, vinculada
a sua cultura e a suas necessidades humanas
e sociais” (CALDART, 2005, p. 27).
127
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Caro(a) acadêmico(a), não é bom conhecer um políticas de trabalho e renda para a agricultura fa-
pouco mais sobre uma modalidade que pensamos miliar. Uma das conquistas mais marcantes dos su-
estar distante de nós, mas que, na verdade, não jeitos do campo com relação a esta modalidade de
está? Por isso, gostaríamos de ressaltar que os su- ensino foi a inclusão da Educação do Campo nas
jeitos do campo se movimentaram e ainda se mo- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
vimentam para materializar toda legislação que foi Básica, Resolução nº 4/2010 e também do Decreto
construída em articulação com os governos para Presidencial nº 7.326/2010 que instituiu o Prone-
contribuir com o estabelecimento de novas polí- ra como ferramenta de implantação de políticas de
ticas educacionais, bem como para a abertura de Educação do Campo.
128
EDUCAÇÃO FÍSICA
A Educação do Campo já passou por mui- correspondência. Cita o autor que, em geral, eram
tas conquistas, mas ainda possui muitos desafios cursos de datilografia ministrados não por estabe-
a serem enfrentados, justamente pela concepção lecimentos de ensino, mas por professores parti-
ideológica dos sujeitos do campo se contrapor à culares. Não obstante dessas ações isoladas, foram
concepção ideológica do Estado e daquele que o importantes para uma época em que se consolidava
materializa, os governos. Além disso, ainda obser- a República. O marco de referência oficial é a insta-
vamos a luta contra o fechamento de escolas do lação das Escolas Internacionais, em 1904. A unida-
campo; o investimento na formação inicial e conti- de de ensino, estruturada formalmente, era filial de
nuada dos educadores do campo; a construção de uma organização norte-americana existente até hoje
materiais didáticos contextualizados com suas prá- e presente em diversos países. Em geral, os cursos
ticas sociais e a implementação de metodologias oferecidos eram todos voltados para pessoas que
ativas e participativas; a implementação da peda- estavam em busca de empregos, especialmente nos
gogia da alternância nas escolas do campo; a cons- setores de comércio e serviços.
tituição de coordenações de Educação do Campo O ensino era,
nas secretarias municipais e estaduais de educação
e a abertura de concursos públicos específicos para [...] naturalmente, por correspondência, com
remessa de materiais didáticos pelos correios,
esta modalidade.
que usavam principalmente as ferrovias para
o transporte. Nos vinte primeiros anos tive-
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - EAD mos, portanto, apenas uma única modalidade,
a exemplo, por sinal de todos os outros países
Você conhece o processo histórico que norteia a (ALVES et al., 2009, p. 9).
129
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
a educação via rádio foi, o segundo meio de transmissão a distância do saber, sen-
do apenas precedida pela correspondência. Inúmeros programas, especialmente
os privados, foram sendo implantados a partir da criação , em 1937, do serviço
de radiodifusão Educativa do Ministério da Educação (ALVES et al., 2009, p. 9).
130
EDUCAÇÃO FÍSICA
131
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
O contexto apresentado nos leva a entender que o vre o direito de ensinar e de aprender, conforme está
percurso do EAD no Brasil transcorreu de acordo descrito na Constituição Federal, no artigo 206.
com a primazia básica de inovação da educação,
com vistas a atender uma parcela da população com Retrospectiva da Educação a Distância
necessidades de aquisição e incorporação de novos Caro(a) aluno(a), a seguir você estará visualizando
conhecimentos para adentrar ao universo do traba- e realizando uma rápida leitura da organização que
lho ou das demais relações sociais estabelecidas. Moore e Kearsley (1996) criaram para entendermos
O que se nota é que, no EAD, alguns avanços os passos ou como chamam as Gerações que a Edu-
e retrocessos ocorreram mesmo sendo no Brasil, li- cação a Distância foi acometida.
Tecnologia e mídia
Característica Objetivos Pedagógicos Métodos pedagógicos
utilizadas
Atingir alunos desfavoreci- Guias de estudo, auto-ava-
1ª geração – 1880 Imprensa e Correios. dos socialmente, especial- liação, material entregue
mente as mulheres. nas residências.
Programas teletransmiti-
dos e pacotes didáticos
Apresentação de infor-
(todo o material referente
2ª geração – 1921 Difusão de rádio e TV. mações aos alunos, a
ao curso é entregue ao
distância.
aluno pelos correios ou
pessoalmente).
Oferecer ensino de quali-
Orientação face a face,
dade com custo reduzido
3ª geração – 1970 Universidades Abertas. quando ocorrem encon-
para alunos não universi-
tros presenciais
tários.
Direcionado a pessoas
Teleconferências por Interação em tempo real
que aprendem sozinhas,
4ª geração – 1980 áudio, vídeo e compu- de aluno com aluno e
geralmente estudando em
tador. instrutores a distância.
casa.
Aulas virtuais baseadas Alunos planejam, organi- Métodos CONSTRUTIVIS-
5ª geração – 2000 no computador e na zam e implementam seus TAS de aprendizado em
internet. estudos por si mesmos. colaboração.
Fonte: Moore e Kearsley (1996).
132
EDUCAÇÃO FÍSICA
133
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Notamos, nesse contexto, que um importante mo- ritório nacional. A partir do decreto, as institui-
mento para a EAD no Brasil foi a criação, em 1996, ções de ensino superior podem ampliar a oferta de
da Secretaria de Educação a Distância (SEED). En- cursos superiores de graduação e pós-graduação a
tre as responsabilidades desta secretaria, está a de distância, podem também abrir polos de EAD pe-
atuar como agente de inovação dos processos de las próprias instituições e o credenciamento de ins-
ensino e aprendizagem na EAD. Também em 1996, tituições na modalidade EAD sem exigir a oferta
as bases legais para a modalidade EAD foram con- simultânea de cursos presenciais. O decreto regu-
solidadas pela última reforma educacional brasilei- lamenta a oferta de cursos a distância para o ensi-
ra, a Lei de Diretrizes e Bases. A Lei n° 9.394/96 ofi- no médio e para a educação profissional técnica
cializou a EAD no país como modalidade válida e de nível médio. Nessas modalidades, as mudanças
equivalente para todos os níveis de ensino (funda- devem atender ao Novo Ensino Médio, os critérios
mental, médio, superior e pós-graduação). A partir serão definidos pelo MEC .
daí, as experiências brasileiras em EAD já somam Para o governo, o objetivo das mudanças im-
um grande número. plementadas é ajudar o país a atingir a Meta 12 do
Entre os muitos artigos que compõem a Lei n° Plano Nacional de Educação (PNE), que determina
9.394/96, está o artigo 80, que trata da EAD: “O Po- a elevação da taxa bruta de matrícula na educação
der Público incentivará o desenvolvimento e a vei- superior para 50% e a taxa líquida em 33% da popu-
culação de programas de ensino a distância, em to- lação de 18 a 24 anos.
dos os níveis e modalidades de ensino e de educação
continuada” (BRASIL, 1996). REFLITA
Para Alves et al. (2009), a partir de 2005, um gru-
po de especialistas do Ministério da Educação criou Se a educação a distância é uma realidade
a regulamentação do artigo 80 da LDB, determinan- posta e o diploma de graduação é igual ao
do os procedimentos que devem ser adotados pelas ensino presencial, porque ainda encontra-
mos preconceitos estabelecidos quando nos
instituições para obter o credenciamento do MEC reportamos à essa modalidade de ensino?
para a oferta de cursos a distância. Nesse mesmo pe-
Fonte: as autoras.
ríodo, as universidades, faculdades e os centros tec-
nológicos podem oferecer até 20% da carga horária
total de qualquer um de seus cursos presenciais na
modalidade a distância, desde que o referido curso Caro(a) aluno(a), espero que você tenha gostado,
seja reconhecido pelo MEC. entendido a relação e a importância da Educação a
Em 2017, o Decreto nº 9.057, de 25 de maio, distância e compreendido que muitos estudos são
regulamentou a Educação a Distância em todo ter- desenvolvidos nessa área.
134
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), parabéns por ter chegado ao final desta unidade. Sa-
bemos que o conteúdo é complexo, mas de grande importância em
sua formação acadêmica e futura atuação profissional. Compreender
as relações políticas, econômicas, sociais, culturais e educacionais,
que subsidiaram toda a organização e estruturação da educação nacional, é
fundamental para entender as relações políticas e legislativas, que chegam até
os prédios escolares.
Como você pôde observar, as Políticas Educacionais e a Organização da Edu-
cação Básica no Brasil envolvem desafios que influenciam nos processos de en-
sino e aprendizagem, desde a primeira etapa da Educação Básica até o Ensino
Superior. Assim como envolve, também, as especificidades das diferentes moda-
lidades de ensino.
Você pôde conhecer quais os elementos históricos e econômicos que nor-
teiam a Educação nacional após a Reforma do Estado e da Reforma Educacional
realizada a partir de 1990. Também pôde conhecer a organização e a estrutura do
Sistema de Ensino no Brasil, assim como seus elementos históricos e as catego-
rias qualidade/quantidade; centralização/descentralização e público/privado que
marcaram toda a história da educação nacional.
Além disso, em outro momento, você pôde compreender os níveis e as moda-
lidades da educação, bem como seus limites e especificidades centrais que se arti-
culam com os aspectos socioeconômicos, políticos e históricos que estabelecem o
cenário das políticas educacionais brasileiras. Você também teve a oportunidade
de conhecer brevemente as modalidades da Educação brasileira, a saber: a edu-
cação profissional; a educação de jovens e adultos (EJA); a educação especial; a
educação indígena; a educação de negros e quilombolas; a educação do campo e
a educação a distância (EAD).
Esperamos que você tenha aprendido muito e lembramos que essas discus-
sões, apesar de longas, não se esgotam nessas linhas, mas constituem o ponto de
partida para que você reflita sobre as políticas educacionais brasileiras. Portanto,
é necessário que você dê continuidade nos estudos por meio da leitura das próxi-
mas unidades. Bons estudos!
135
atividades de estudo
136
atividades de estudo
É correto apenas o que se afirma em: É correto apenas o que se afirma em:
a. I e III. a. I e II.
b. I e IV. b. I e III.
c. II e IV. c. I, II e III.
d. I, II, e III. d. II, III e IV.
e. II, III e IV. e. III e IV.
137
LEITURA
COMPLEMENTAR
138
LEITURA
COMPLEMENTAR
139
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Apresentação: para ajudar nossa reflexão sobre a Reforma do Ensino Médio, vamos ler o
artigo: “Por que a urgência da reforma do ensino médio? Medida provisória nº 746/2016 (Lei
nº 13.415/2017).
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v38n139/1678-4626-es-38-139-00355.pdf>.
140
referências
141
referências
ção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. ______. Lei nº 11.741, de 16 de julho de 2008. Al-
212 da Constituição Federal, dá nova redação aos tera dispositivos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obri- de 1996, que estabelece a lei de diretrizes e bases
gatoriedade do ensino de quatro a dezessete anos e da educação nacional, para redimensionar, institu-
ampliar a abrangência dos programas suplementares cionalizar e integrar as ações da educação profissio-
para todas as etapas da educação básica, e dá nova nal técnica de nível médio, da educação de jovens
redação ao § 4º do art. 211 e ao § 3º do art. 212 e e adultos e da educação profissional e tecnológica.
ao caput do art. 214, com a inserção neste disposi- Presidência da República, Brasília, 2008. Dispo-
tivo de inciso VI. Presidência da República, Brasília, nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
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______. Lei n° 13.005, de 25 de junho de 2014. a Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que esta-
Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá belece as diretrizes e bases da educação nacional, para
outras providências. Presidência da República, Bra- dispor sobre a formação dos profissionais da educa-
sília, 2014. Disponível em: <http://www.planalto.gov. ção e dar outras providências. Presidência da Repú-
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tera os arts. 6o, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394, de 20 de ______. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de
dezembro de 1996, com o objetivo de tornar obriga- 2017. Altera as Leis nos 9.394, de 20 de dezem-
tório o início do ensino fundamental aos seis anos de bro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases
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Altera a redação dos arts. 29, 30, 32 e 87 da Lei no Decreto-Lei no5.452, de 1o de maio de 1943, e o
9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece Decreto-Lei no 236, de 28 de fevereiro de 1967;
as diretrizes e bases da educação nacional, dispon- revoga a Lei no 11.161, de 5 de agosto de 2005;
do sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino e institui a Política de Fomento à Implementação
fundamental, com matrícula obrigatória a partir de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral.
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144
gabarito
1. B.
2. É necessário que o aluno disserte sobre a importância de entendermos a Educação
Infantil como etapa fundamental no desenvolvimento da criança, mudando o para-
digma de desvalorização. O professor deve obter a formação adequada para que
vise o ensino de qualidade ,não apenas assistencialista. O aluno poderá citar que, de
acordo com Libâneo, Toschi e Oliveira (2012), a exigência acadêmica dos professo-
res que atuam ou que atuarão com a Educação Infantil é benéfica, uma vez que tira
das creches e pré-escolas a ideia de um estabelecimento meramente tutelar. Dessa
forma, a ideia de que as crianças são merecedoras de preocupações educativas des-
de a mais tenra idade vai ganhando força em toda nossa extensão territorial.
3. D.
4. A.
5. O Inep, como fonte de dados em relação ao andamento da educação de nosso país,
contribui para que a comunidade escolar em geral conheça a realidade de cada ins-
tituição e, a partir das necessidades delas, busquem subsídios para melhorias por
meio das políticas públicas.
145
AVALIAÇÃO NO SISTEMA
EDUCACIONAL BRASILEIRO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Avaliação no sistema educacional brasileiro: um foco na
educação básica.
• Inep e as avaliações nacionais da educação básica: Saeb -
Ideb; Enem e Encceja
• Sistema de avaliação do ensino superior: Sinaes
• Avaliações internacionais
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer as principais formas de avaliação do Sistema
Educacional brasileiro na Educação Básica.
• Analisar os objetivos e foco das avaliações de rendimento
escolar utilizadas pelo Estado como regulação do Sistema
Educacional no Brasil.
• Estudar o sistema de avaliação do ensino superior.
• Discutir as avaliações internacionais da educação.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
C
aro(a) aluno(a), nesta unidade, apresentaremos a você as ava-
liações nacionais e internacionais realizadas em larga escala,
que visam mensurar ou quantificar a qualidade educacional
no Brasil, tanto para a Educação Básica quanto para o Ensino
Superior. A sua questão, nesse momento, pode ser: “ mas o que as ava-
liações têm a ver com a discussão das Políticas Educacionais”? E isso é
fácil de explicar, porque são por meio dessas avaliações que as políticas
educacionais brasileiras são pensadas, criadas e implementadas no país.
Essa perspectiva entra na pauta daqueles que defendem as avaliações em
larga escala, pois é necessário avaliar/quantificar o produto que está sen-
do oferecido.
Desde a implantação das avaliações educacionais em larga esca-
la no Brasil, o sistema tem passado por críticas. Nesse sentido, temos
duas visões sobre os processos avaliativos pelos quais os diferentes níveis
de ensino têm passado nos últimos anos, sendo uma que revela que as
avaliações, aplicadas por meio de testes, visam o controle e a regulação
por parte do Estado, introduzindo também uma lógica economicista no
processo educacional. A outra perspectiva é de que esse tipo de avalia-
ção não revela o diagnóstico do desenvolvimento escolar, prejudicando o
alcance da qualidade do ensino e aprendizagem, bem como a democra-
tização da educação.
De qualquer forma, o Sistema de Avaliação educacional no Brasil
tem sido implementado pelos diversos instrumentos avaliativos com o
discurso de aferir o desempenho dos alunos em diferentes níveis de en-
sino e, também, controlar a qualidade do ensino ministrado nas escolas/
universidades públicas e privadas do Brasil. E, então, caro(a) aluno(a),
vamos conhecer um pouco do complexo sistema avaliativo da educação
em nosso país? Boa leitura!
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
150
EDUCAÇÃO FÍSICA
zem parte de uma importante pauta da administra- O segundo refere-se à perspectiva crítica, que surgiu
ção do Sistema Educacional brasileiro com foco em na década de 80, pautada no modelo de avaliação
mensurar fatores de qualidade; eficiência; equidade; que considera, além dos aspectos quantitativos, os
desigualdade social; produtividade; rendimento do aspectos qualitativos, tais como os aspectos sociais,
aprendizado; análise do custo-qualidade e também políticos e culturais implicados nas práticas de ava-
o desempenho dos sistemas de ensino que podem liação educacional, realizada em larga escala e tam-
ser observados nos índices de ranqueamento da bém na avaliação escolar, realizada em sala de aula.
educação entre os Estados Nacionais. A partir do breve contexto histórico da avalia-
Dessa forma, a avaliação educacional realizada na ção empregada no Sistema Educacional brasileiro,
esfera macro, ou seja, realizada pelo Estado tem como podemos observar, caro(a) aluno(a), que esse cená-
objetivo controlar e regular os resultados ou produ- rio constitui a base para o Sistema de Avaliação da
tos educacionais. Segundo Libâneo, Toschi e Oliveira Educação Básica (Saeb) ser implantado no Brasil a
(2012, p. 263) essas avaliações aplicadas como testes partir dos anos de 1990, em especial, no período do
educacionais são justificadas pelo discurso nacional governo de FHC, que sustentou a tese ideológica ca-
de “[...] aferir o desempenho dos alunos nos diferen- pitalista, empregando para a avaliação educacional
tes graus de ensino, a fim de controlar a qualidade do o caráter de medição do desempenho escolar por
ensino ministrado nas escolas brasileiras”. meio de testes padronizados e questionários socioe-
Pensando nesse discurso nacional que justifi- conômicos por amostragem vinculados à realização
ca a aplicação das avaliações educacionais, se con- de diagnósticos em larga escala para regular e con-
cordamos ou não, meu caro(a) aluno(a), o fato que trolar o Sistema Nacional de Ensino, bem como as
não podemos negar é que esse modelo de avaliação políticas públicas educacionais.
se manifestou há anos, desde a década de 30, com O Sistema de Avaliação da Educação Básica
interesse na organização sistêmica da educação; in- (Saeb), criado em meados dos anos de 1990, foi im-
clusive, foi a partir dos resultados obtidos por meio plantado e consolidado no campo das políticas pú-
dessas avaliações que possibilitaram as bases para a blicas com o objetivo de contribuir para a melhoria
elaboração da proposta do Sistema Nacional de Ava- da qualidade da educação brasileira e para a univer-
liação, no final da década de 80. salização do acesso à escola, a fim de oferecer sub-
Libâneo, Toschi e Oliveira (2012) afirmam que sídios concretos para formulação, reformulação e
as pesquisas sobre o impacto das avaliações realiza- monitoramento das políticas públicas educacionais
das em larga escala, iniciadas na década de 30, possi- voltadas à Educação Básica (THIMOTEO, 2003).
bilitou a identificação de dois marcos interpretativos Além do exame por amostragem, que constitui a,
sobre a avaliação educacional. O primeiro referia-se característica principal do Saeb, o sistema de avalia-
à visão oficial, ideia utilizada pelo Estado nacional ção nacional conta ainda com a Prova Brasil, imple-
no período da década de 30 a 70, em que a ênfase re- mentada a partir de 2005 para avaliar o desempenho
cai nos testes padronizados para medir as habilida- nas disciplinas de Língua portuguesa e Matemática
des e aptidões dos alunos, a fim de verificar a eficiên- nas unidades escolares; também temos o índice de
cia e produtividade do sistema de ensino brasileiro. Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb, criado
151
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
em 2007, com o objetivo de monitorar o andamen- Conforme pesquisadores da área das políticas
to das políticas públicas pela análise combinada do e gestão educacional, o raio de interferência do Es-
desempenho dos alunos nos exames Prova Brasil e tado foi reduzido, passando a ser conhecido como
Saeb e das taxas de aprovação de cada unidade esco- máximo para a questão capitalista e de mercado, e
lar (COELHO, 2008). mínimo para as questões sociais, transferindo os as-
Os discursos da implantação de avaliações em suntos sociais a diferentes setores da sociedade, en-
larga escala na educação brasileira são sustentadas tre eles o setor privado e as Organizações Não Go-
nos últimos vinte anos, relacionadas às recomenda- vernamentais (ONGs). Contudo, dentro da ideia de
ções de organismos internacionais, que afirmam, em Estado moderno e que transfere ações para outros
suas reuniões e documentos, que esses modelos de setores da sociedade, este se torna avaliador no sen-
instrumentos avaliativos auxiliam a superar a crise de tido de monitorar e mensurar resultados por meio
eficiência e eficácia e produtividade do sistema. Tal de avaliações sistêmicas (LIBÂNEO; TOSCHI; OLI-
discurso ainda é sustentado pela crença de que as ava- VEIRA, 2012; OLIVEIRA, 2013).
liações visam diagnosticar o desempenho gerado pelo Portanto, vamos refletir juntos, caro(a) aluno(a),
Sistema Educacional e as necessidades do mercado de qual é a centralidade que a avaliação da Educação
trabalho, mostrando o caráter extremamente econo- Básica tem recebido na política pública educacional
micista da educação na ótica do sistema neoliberal. brasileira e suas implicações na gestão escolar e no
Segundo Oliveira (2013), a saída para esse desen- trabalho dos profissionais de cada unidade escolar.
contro entre os produtos da escola nacional e as ne- Então vamos lá! Ficou claro que a proposta ini-
cessidades do mercado de trabalho é seguir as orien- cial do Sistema Nacional de Avaliação foi implantada
tações da Cepal e Unesco, no que se refere a tratar a na década de 80, mas desde os anos de 1930 havia o
educação e o conhecimento como eixos da transfor- interesse pela construção desse sistema de avaliação
mação produtiva com equidade. Fator este que, se re- a partir dos resultados obtidos por pesquisas e do
solvido, garante aos Estados nacionais, aos cidadãos planejamento educacional. No período de 1930 até o
e as empresas um fator de competitividade entre as final da década de 80, a discussão sobre as avaliações
nações capitalistas. Dessa forma, a educação é trata- acompanhavam a perspectiva economicista e tecni-
da como possibilidade de consumo individual e pode cista, presente na época, pautadas pelo objetivo de
variar conforme o mérito dos cidadãos e a capacida- modernização do setor educacional em larga escala,
de de os tornarem consumidores, conforme os níveis afinal este período é marcado na história do Brasil
de instrução e empregabilidade que conquistarem. como o período em que se objetivava o desenvolvi-
Neste âmbito, a avaliação se tornou um ele- mento econômico, mesmo passando pela realidade da
mento de regulação social e principal instrumento ditadura civil-militar em alguns anos desse período.
da administração gerencial que o Estado brasileiro No final da década de 80, observou-se a neces-
adotou a partir da Reforma do Estado na década de sidade de aplicar avaliações, a fim de verificar os re-
90, no qual este, além de ser modernizado conforme sultados da educação nacional com vistas à melhoria
os moldes neoliberais, também passou a ser um “Es- da educação. As práticas avaliativas propiciaram o
tado avaliador”. diagnóstico ou o conhecimento da realidade educa-
152
EDUCAÇÃO FÍSICA
cional, bem como indicar e nortear a qualidade da Lembramos a você que as orientações advindas
educação no que tange à sua expansão, democratiza- de conferências e documentos dessas agências inter-
ção, administração escolar e do ensino e aprendiza- nacionais constituíram os elementos principais da
gem. Não podemos perder de vista que um dos ob- formulação e aprovação dos documentos nacionais e
jetivos centrais da implantação do Sistema Nacional estaduais brasileiros, inclusive, a maior lei educacio-
de Avaliação, além de diagnosticar e nortear orien- nal vigente em nosso país, a Lei de Diretrizes e Ba-
tações para melhoria da educação brasileira, visa o ses da Educação Nacional – LDBEN nº 9.394/1996
reajuste da regulação do Estado e a cultura de avaliar e também da consolidação do sistema nacional de
o que está sendo aplicado no país (FREITAS, 2005). avaliação da Educação Básica no Brasil.
É importante que você compreenda, caro(a) alu- Caro(a) aluno(a), gostaríamos de compartilhar
no(a), que durante a movimentação da avaliação da com você que o processo de construção da avalia-
Educação Básica no Brasil também ocorreu o impul- ção da Educação Básica ocorreu em um momento
so das avaliações educacionais no contexto interna- de crise do Estado nacional, em que este buscava se
cional, fator que revela como as orientações educa- modernizar de acordo com os processos da globa-
cionais brasileiras estão articuladas às organizações lização e da interdependência capitalista por meio
internacionais que visam, entre outros aspectos, o das Reformas, entre elas a Reforma da Educação.
norteamento das ideias capitalistas para o desenvol- Para você compreender melhor sobre estes aspectos,
vimento da educação. Entre essas avaliações, pode- trouxemos à luz do nosso texto a citação de Freitas,
mos destacar a experiência de construção, na década que explicitou a avaliação como uma estratégia mui-
de 70, dos indicadores internacionais de qualidade to útil para a gestão do Estado Nacional conforme o
da educação por meio da Organização para a Co- contexto que o nosso país estava vivenciando histo-
operação e Desenvolvimento Econômico – OCDE ricamente. Veja só:
(COELHO, 2008).
Sobre a influência das organizações internacio- A introdução da avaliação em larga escala na
regulação da educação básica se deu no contex-
nais no processo de construção e implementação
to de crise do Estado desenvolvimentista, num
das avaliações educacionais brasileiras, Oliveira quadro de busca de recomposição do poder
(2013) complementa que na década de 90, após a político, simbólico e operacional de regulação
Conferência Mundial sobre Educação Para Todos pelo Estado central e de restrições à sua atuação
(Jomtien, Tailândia), organizações ligadas ao sis- na área social, ligando-se ao movimento refor-
mista que, no ingresso dos anos 1990, impôs
tema da Organização das Nações Unidas (ONU),
uma nova agenda para a área social. Essa agen-
como UNESCO, UNICEF, Banco Mundial e PNUD, da apontou para uma reorganização profunda
passaram a ser agências impulsionadoras das refor- dos princípios e parâmetros de estruturação
mas educacionais com base na ideia da satisfação das políticas sociais, remetendo à questão da
reforma do Estado e dos caminhos da moder-
das necessidades básicas de aprendizagem e na cons-
nização do País. A avaliação foi, então, vista
trução e implementação da Educação para o Século como uma estratégia útil para a gestão que se
XXI, ideia esta difundida pelo documento Relatório impunha com o rumo que vinha sendo dado à
Delors (1996) da UNESCO. área social (FREITAS, 2005, p. 9).
153
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
A partir da Reforma do Aparelho do Estado e tam- É interessante destacar, caro(a) aluno(a), quais
bém da Reforma da Educação Nacional, a socieda- são as matrizes de referência teórica que subsidiam
de brasileira observou a centralidade do tema da o monitoramento da qualidade educacional mensu-
qualidade de ensino como objeto de regulação da rado pelo Saeb. Segundo Coelho (2008), em análise
Federação, conjugado, é claro, por um aparato de dos vinte anos da avaliação da Educação Básica bra-
um sistema de avaliação. Portanto, fica esclarecido sileira, a opção teórica adotada pelos instrumentos
aqui que a centralidade da avaliação da Educação de avaliação desta são de natureza cognitivista, e a
Básica é a busca pela qualidade de ensino ou o mo- construção dos descritores como base dos itens da
nitoramento desta qualidade e a promoção da ava- prova utilizam os conteúdos praticados nas escolas
liação externa para melhorar o cotidiano escolar, brasileiras de ensino fundamental e médio.
articuladas à boa governança educacional, orien- Além disso, a autora nos revela que os conte-
tada pelas agências internacionais e pelo Ministé- údos cobrados nas provas são associados às com-
rio da Educação (MEC), no sentido de avaliar os petências cognitivas utilizadas por Phillipe Perre-
processos e resultados a partir dos investimentos e noud, na qual tem como conceito de competência a
ações destinadas ao setor educacional. capacidade de agir eficazmente em um determina-
Segundo Coelho (2008), esta centralidade, do tipo de situação, apoiando-se em conhecimen-
que passou a ser articulada ao Sistema de Avalia- tos, mas sem se limitar a eles. A justificativa da uti-
ção da Educação Básica (Saeb) em 1990, substi- lização das competências nas avaliações nacionais
tuiu o Sistema de Avaliação do Ensino Público de do Saeb consta em dispositivos legais, tais como o
1º Grau (Saep), criado em 1987. A implantação Art. 9º, inciso IV da LDB 9.394/96, nos Parâmetros
do Saeb ocorreu com assistência internacional Curriculares Nacionais (PCNs) e nas Diretrizes
do PNUD por meio da aplicação das primeiras Curriculares do Ensino Fundamental e do Ensino
provas e o levantamento de dados de nível nacio- Médio. Nesses documentos, inclusive, é possível
nal, em 1990. A segunda aplicação do Saeb foi em observar, além do conceito de avaliação, o conceito
1993 e a avaliação foi estruturada em três eixos de de ensino, aprendizagem e escola.
estudo: 1- rendimento do aluno; 2- perfil e práti- As legislações e documentos educacionais brasi-
ca docente; e 3- perfil dos diretores e formas de leiros, em específico a concepção que norteia a cons-
gestão escolar. Em 1995, o Saeb incluiu, em sua trução destes, são criticadas por Frigotto e Ciavatta
amostra, o ensino médio e a rede particular de (2003), os quais afirmam que a adoção do pensamen-
ensino, também adotou técnicas mais modernas to desses documentos são empresariais, que visam a
de medição do desempenho dos alunos e incor- inserção do mercado de trabalho, caminhando ao
porou instrumentos de levantamento de dados encontro das diretrizes dos organismos e agências
sobre as características socioeconômicas e cultu- internacionais, que estão geralmente à serviço do
rais e, também, sobre os hábitos de estudos dos neoliberalismo. Os autores afirmam que a adoção
alunos. Além de redefinir as séries avaliadas, sen- dos princípios neoliberais na educação e na vida dos
do estas a 4ª e a 8ª séries do ensino fundamental e indivíduos constituem a ditadura do capital. Dessa
a 3ª série do Ensino. forma, Frigotto e Ciavatta (2003) acrescentam que a
154
EDUCAÇÃO FÍSICA
155
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Segundo informações disponibilizadas na página Brasil, tanto em áreas urbanas como em áreas ru-
do INEP, a Aneb - Avaliação Nacional da Educação rais, que estejam matriculadas na 4ª série/5º ano e 8ª
Básica - é realizada por amostragem das redes de en- série/9º ano do Ensino Fundamental; esta avaliação
sino em cada unidade da Federação e tem foco na também abrange os alunos matriculados no 3º ano
gestão dos sistemas educacionais. Esta tem as mes- do Ensino Médio. A avaliação tem como objetivo
mas características do Saeb e, por isso, ainda rece- mensurar a qualidade, a equidade e a eficiência da
be o mesmo nome em suas divulgações. A Anresc é educação brasileira. Os resultados são apresentados
mais extensa e detalhada do que a Aneb e tem foco por meio da apresentação de dados do país como
em cada unidade escolar, esta, por seu caráter uni- um todo, das regiões geográficas e das unidades da
versal, recebe o nome de Prova Brasil em suas di- Federação (BRASIL, 2011a).
vulgações, mais informações serão apresentadas no As avaliações que compõem o Saeb são realiza-
tópico “Prova Brasil”. das a cada dois anos, quando são aplicados provas
O Aneb, por meio do Saeb, tem como princi- de Língua Portuguesa com ênfase na leitura, e mate-
pal objetivo avaliar a Educação Básica brasileira mática com ênfase na resolução de problemas. Além
e contribuir para a melhoria de sua qualidade e disso, as avaliações de larga escala do Saeb compõem
para a universalização do acesso à escola, ofere- questionários socioeconômicos aos alunos partici-
cendo subsídios concretos para a formulação, pantes e à comunidade escolar (BRASIL, 2011a). A
reformulação e o monitoramento das políticas ANA, incorporada ao Saeb em 2013, acontece anu-
públicas voltadas para a Educação Básica. Além almente para mensurar o nível de alfabetização no
disso, procura também oferecer dados e indica- Ensino Fundamental.
dores que possibilitam maior compreensão dos Em 2017, o Saeb ampliou seu público incluindo,
fatores que influenciam o desempenho dos alunos de forma censitária, os alunos da 3ª série do ensino
nas áreas e anos avaliados. médio da rede pública e, por adesão, os das escolas
O Aneb/Saeb abrange, de forma amostral, a ava- particulares. Segue um resumo da participarão da
liação dos alunos das redes públicas e privadas do avaliação Saeb:
156
EDUCAÇÃO FÍSICA
Prova Brasil
A Anresc, mais conhecida como Prova Brasil, tem
como caráter universal avaliar o desempenho em 5° ano / 4 ª série Matemática
1 1 1 1 1 1 1 1 1
Matemática e em Língua Portuguesa de alunos de 2 2 2 2 2 2 2 = 77 itens 2 2
5º e 9º ano do Ensino Fundamental de cada unidade 3 3 3 3 3 3 3 3 3
escolar pública, das redes municipais, estaduais e fe- - - - - - - - - -
10 10 10 10 10 10 10 10 10
deral, com 20 ou mais alunos matriculados no ano. 11 11 11 11 11 11 11 11 11
Esta é uma avaliação de diagnóstico em larga
7 Blocos
escala e foi desenvolvida pelo Instituto Nacional de
Figura 2 - Estrutura da Prova Brasil
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira Fonte: Inep/Daeb (2016, on-line)1.
(INEP/MEC) com o objetivo de avaliar a qualidade
do ensino ministrado nas escolas públicas por meio Segundo Fernandes (2007), em documento escrito
de testes padronizados e questionários socioeconô- para o Inep, a Prova Brasil foi idealizada para produ-
micos (BRASIL, 2011a). zir informações sobre o ensino oferecido por muni-
O requisito para participar da Prova Brasil são cípios e escolas, objetivando auxiliar os governantes
apenas as escolas que possuem no mínimo vinte nas decisões e no direcionamento de recursos téc-
alunos matriculados nas séries ou anos avaliados, nicos e financeiros, assim como auxilia, também, a
sendo os resultados disponibilizados por escola e comunidade escolar no estabelecimento de metas e
por ente federativo (BRASIL, 2011a). implantação de ações pedagógicas e administrativas,
Sobre a prova aplicada, veja como ela é organizada. visando à melhoria da qualidade do ensino.
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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
ANA
158
EDUCAÇÃO FÍSICA
ANEB
A Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) A aplicação em períodos distintos possibilita aos
utiliza os mesmos instrumentos da Prova Brasil/An- professores e gestores educacionais a realização de
resc e é aplicado com a mesma periodicidade. Dife- um diagnóstico mais preciso que permite conhecer
rencia-se por abranger, de forma amostral, escolas e o que foi agregado na aprendizagem das crianças, em
alunos das redes públicas e privadas do país que não termos de habilidades de leitura dentro do período
atendem aos critérios de participação da Anresc/ avaliado, uma vez que já cursaram pelo menos um
Prova Brasil, que pertencem às etapas finais dos três ano letivo dedicado à alfabetização (BRASIL, 2011b).
últimos ciclos da Educação Básica: em áreas urbanas A Provinha Brasil, foi instituída por meio da
e rurais 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e 3ª sé- Portaria nº 10, de 24 de abril de 2007 e é estruturada
rie do Ensino Médio regular. pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais
As escolas são selecionadas de forma probabilís- “Anísio Teixeira” (Inep). Segundo a referida Porta-
tica (por sorteio), considerando os estratos de inte- ria, esta avaliação tem como principais objetivos:
resse da avaliação:
• Dependência administrativa (pública federal, Art. 2° A Avaliação de Alfabetização “Provinha
estadual e municipal e privada). Brasil” tem por objetivo: a) avaliar o nível de
alfabetização dos educandos nos anos iniciais
• Unidade da Federação (estados). do ensino fundamental; b) oferecer às redes de
• Localização (urbana e rural). ensino um resultado da qualidade do ensino,
• Área (Capital e interior). prevenindo o diagnóstico tardio das dificul-
dades de aprendizagem; e c) concorrer para a
• Porte da escola (pequena: 1 ou 2 turmas,
melhoria da qualidade de ensino e redução das
grande: 3 ou mais turmas). desigualdades, em consonância com as metas e
políticas estabelecidas pelas diretrizes da edu-
PROVINHA BRASIL cação nacional (BRASIL, 2007, s/p.).
A Avaliação da Alfabetização Infantil, mais conheci- A Provinha Brasil é elaborada pelo Inep e distribu-
da como Provinha Brasil, é uma avaliação diagnós- ída pelo MEC/FNDE para todas as secretarias de
tica do nível de alfabetização das crianças matricu- educação municipais, estaduais e do Distrito Fe-
ladas no 2º ano do Ensino Fundamental das escolas deral. Além disso, a Provinha Brasil conta com a
públicas brasileiras. Essa avaliação acontece em duas participação de todos os alunos matriculados no 2º
etapas, a primeira no início do ano letivo e a segun- ano do Ensino Fundamental das escolas públicas, a
da no término do ano letivo. Ao lado da Avaliação primeira etapa pode ser aplicada até abril do ano de
Nacional de Alfabetização (ANA), a Provinha Brasil aplicação, e a segunda etapa pode ser aplicada até
averigua a aprendizagem dos alunos durante o ciclo novembro do mesmo ano letivo. A adesão a esta
de alfabetização e avalia se o desempenho se adequa avaliação é opcional e a aplicação fica a critério de
à meta proposta pelo Pacto Nacional pela Alfabeti- cada secretaria de educação das unidades federadas
zação na Idade Certa (Pnaic). (BRASIL, 2011b).
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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
INEP e as Avaliações
Nacionais da Educação Básica:
SAEB - IDEB; ENEM e ENCCEJA
162
EDUCAÇÃO FÍSICA
163
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
9.448, de 14 de março de 1997 e alterada pela Lei nº Caro(a) aluno(a), em nosso país temos várias ava-
10.269, de 29 de agosto de 2001. liações em larga escala, e repetimos: estas têm como
O Inep tem como objetivo subsidiar a formu- objetivo diagnosticar, por meio de testes padroni-
lação e implementação de políticas públicas para a zados e questionários socioeconômicos, a qualida-
área educacional a partir de parâmetros de qualida- de do ensino oferecido pelo Sistema Educacional
de de ensino e equidade social. Também tem como brasileiro e as condições ou o contexto em que o
objetivo produzir informações e dados claros e con- ensino é realizado. Anteriormente, apresentamos
fiáveis aos gestores, pesquisadores, educadores e pú- alguns programas de avaliação administrados e
blico em geral. aplicados pelo Inep em parceria com as secretarias
Dentre as ações e programas do Inep, podemos estaduais e municipais de educação, as quais, jun-
observar o atendimento dessa autarquia às várias tas, implementam exames, índices e indicadores de
ações, tais como: programas, projetos e atividades abrangência nacional.
implementadas em consonância com o Sistema É necessário frisar que a avaliação como política
Educacional Brasileiro. No total são 22 programas, educacional brasileira está amparada na Lei de Di-
mas citaremos os mais conhecidos no âmbito edu- retrizes e Bases da Educação – Lei nº 9.394/1996 no
cacional para que você, caro(a) aluno(a), possa se Art. 9º ao qual atribui à União: “assegurar o processo
familiarizar. Porém, não deixe de acessar a página nacional de avaliação do rendimento escolar no en-
na internet do Inep e conhecer, na íntegra, cada pro- sino fundamental, médio e superior, em colaboração
grama e o que este significa à sociedade brasileira, com os sistemas de ensino, objetivando a definição
em especial, no âmbito da educação. de prioridades e a melhoria da qualidade de ensino”
• Censo Escolar da Educação Básica. (BRASIL, 1996).
• Censo da Educação Superior. Libâneo, Toschi e Oliveira (2012) acrescentam
• Provinha Brasil. que essa prescrição legal não impede que os estados
• Sistema Nacional de Avaliação da Educação e municípios também possam ter iniciativas de ava-
Básica (Saeb). liação do desempenho escolar em seus respectivos
• Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). sistemas de ensino, visando contribuir com a quali-
• Exame Nacional de Certificação de Compe- dade da educação em suas regiões.
tências de Jovens e Adultos (Encceja). Outro conhecimento importante que você,
• Sistema Nacional de Avaliação da Educação como acadêmico(a) de Pedagogia e futuro(a) profis-
Superior (SINAES). sional da educação, precisa saber é que as avaliações
• Exame Nacional de Desempenho de Estu- do Inep mensuram a qualidade de cada escola, rede
dantes (ENADE). de ensino e alunos para constituir o indicador de
• Exame Nacional de Ingresso na Carreira qualidade educacional; o Ideb – Índice de Desenvol-
Docente. vimento da Educação -, criado em 2007, combina
• PISA. informações de desempenho obtido pelos estudan-
• Certificado de Proficiência na Língua Brasi- tes ao final das etapas de ensino.
leira de Sinais (Prolibras).
164
EDUCAÇÃO FÍSICA
O Ideb é o principal indicador utilizado para Lembre-se, caro(a) aluno(a), que ao trabalhar na
monitorar a qualidade da Educação Básica brasilei- escola você se deparará frequentemente com a pala-
ra e serve como referência para as metas do Plano de vra Ideb em reuniões pedagógicas ou ao chegar pró-
Desenvolvimento da Educação (PDE). Seus resulta- ximo da data de realização de uma das avaliações do
dos são calculados por meio das avaliações do Saeb, Inep ou do prazo final do cadastramento do Censo
Prova Brasil e Enem, que têm como base a série ou o Escolar. Por isso, tenham sempre em mente que os
ano e do Censo Escolar que monitora o rendimento objetivos do Ideb são apenas dois e são coletados por
(aprovação e reprovação) e movimento (abandono) dois instrumentos avaliativos (avaliações do Saeb e
escolar dos alunos do ensino Fundamental e Médio Censo Escolar) que cumprem os objetivos de: “1)
de escolas públicas e privadas (BRASIL, 2011c). detectar escolas e/ou redes de ensino cujos alunos
apresentem baixa performance em termos de rendi-
SAIBA MAIS mento e proficiência” coletados por meio do Saeb e
Prova Brasil e “2) monitorar a evolução temporal do
O Censo Escolar é um levantamento de dados desempenho dos alunos dessas escolas e/ou redes de
estatístico-educacionais de âmbito nacional ensino” por meio do Censo Escolar (INEP, 2011c).
realizado todos os anos e coordenado pelo
Como o Ideb é resultado do produto entre o de-
Inep. Ele é feito com a colaboração das secre-
tarias estaduais e municipais de Educação e sempenho e do rendimento escolar (ou o inverso do
com a participação de todas as escolas públi- tempo médio de conclusão de uma série), então ele
cas e privadas do país. Trata-se do principal
pode ser interpretado da seguinte maneira: para a es-
instrumento de coleta de informações da Edu-
cação Básica, que abrange as suas diferentes cola A, na qual a média padronizada da prova Brasil, 4ª
etapas e modalidades: ensino regular (educa- série ou 5º ano do Ensino Fundamental, é 5,0 e o tem-
ção Infantil e ensinos fundamental e médio),
po médio de conclusão de cada série/ano é de 2 anos, a
educação especial e educação de jovens e
adultos (EJA). O Censo Escolar coleta dados rede/escola terá o Ideb igual a 5,0 multiplicado por 0,5,
sobre estabelecimentos, matrículas, funções ou seja, IDEB = 2,5. Já uma escola B com média padro-
docentes, movimento e rendimento escolar.
nizada da Prova Brasil, 4ª série/5º ano, é igual a 5,0 e o
Fonte: Brasil (2017). tempo médio para conclusão é igual a 1 ano, terá IDEB
= 5,0 (FERNANDES; GREMAUD, 2009).
Ressaltamos que o Ideb não é uma prova, seus resul- Para a modernização do sistema de estatísticas e
tados são calculados com base no desempenho do indicadores educacionais houve a ampliação dos
estudante em avaliações do Inep e em taxas de apro- meios operacionais de centralização da avaliação
vação, avaliando se o aluno aprendeu, não repetiu o educacional com a inclusão de exames nacionais,
ano e frequentou a sala de aula por meio das infor- tais como: o Exame Nacional do Ensino Médio
mações coletadas pelo Censo Escolar, que cada es- (ENEM), destinado aos alunos do 3º ano do Ensino
cola pública ou privada deve realizar (INEP, 2011c). Médio e o Exame Nacional de Certificação de Com-
165
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
petências de Jovens e Adultos (ENCCEJA), que tem estrutura: Língua Portuguesa; Língua Estrangeira
como objetivo avaliar habilidades e conhecimentos Moderna; Artes; Educação Física e uma proposta de
de adultos que não tiveram acesso à escola na idade Redação; Matemática; História e Geografia; e Ciên-
própria. A seguir conheça brevemente o significado cias Naturais. Para participar do Encceja com o ob-
e a amplitude dessas duas avaliações. jetivo de certificar o ensino médio, o aluno precisa
ter dezoito anos completos (BRASIL, 2011d).
ENCCEJA Também podem participar desse exame brasilei-
ros quem vivem no exterior e o caráter da prova cons-
O Inep, desde 2002, iniciou a realização do Exa- titui no mesmo sentido daqueles que vivem no Brasil,
me Nacional para Certificação de Competências ou seja, participação voluntária e gratuita. O Encceja
de Jovens e Adultos (Encceja) para jovens resi- atribui à certificação no nível de conclusão do Ensino
dentes no Brasil que não tiveram acesso à escola Fundamental e Ensino Médio da mesma forma como
na idade própria. confere aos estudantes que vivem no Brasil.
Para esses candidatos, a prova é constituída da
O Encceja constitui-se em um exame para afe- seguinte forma: Linguagens, Códigos e suas Tec-
rição de competências, habilidades e saberes
nologias e uma proposta de Redação; Matemática
adquiridos no processo escolar ou nos pro-
cessos formativos que se desenvolvem na vida e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tec-
familiar, na convivência humana, no trabalho, nologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias
nos movimentos sociais e organizações da so- (BRASIL, 2011d).
ciedade civil e nas manifestações culturais, en- Lembramos, caro(a) aluno(a), que essas áreas do
tre outros (BRASIL, 2011d, s/p.).
conhecimento foram estabelecidas a partir do cur-
rículo da Base Nacional Comum, de acordo com os
A participação no Encceja não é obrigatória e é gra- Parâmetros Curriculares Nacionais. A emissão dos
tuita. No Brasil, com a instituição do novo Exame Documentos Certificadores (Certificado e Declara-
Nacional do Ensino Médio (Enem), a partir de 2009, ção de Proficiência) é responsabilidade das Secre-
o Encceja passou a ser realizado visando à certifica- tarias Estaduais de Educação que firmaram com o
ção apenas do Ensino Fundamental, pois a certifica- Inep o Termo de Adesão ao Encceja.
ção do Ensino Médio passou a ser realizada com os
resultados do Enem. A partir de 2017, o Encceja vol- ENEM
tou a certificar o ensino médio e o Enem deixou de
ter esta atribuição. Estão aptos para participar deste O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um
exame quem tem, no mínimo, quinze anos comple- exame individual, de caráter voluntário, oferecido
tos na data de realização das provas. Para os candi- anualmente aos estudantes que estão concluindo
datos a receber a certificação do Ensino Fundamen- ou que já concluíram o ensino médio em anos ante-
tal que moram no Brasil, realiza a prova na seguinte riores (INEP, 2011e). Foi criado em 1998 e, a partir
166
EDUCAÇÃO FÍSICA
de 2004, passou a ser condição indispensável para a Recentemente, o MEC divulgou uma proposta
concessão de bolsas em instituições de Ensino Su- de que o Enem seja utilizado pelas universidades
perior (IES) privadas por meio do Programa Uni- federais para substituir a seleção de seus alunos,
versidade para Todos (ProUni), mediante as notas mais especificamente permitindo um processo uni-
obtidas no exame. ficado para todas aquelas que aderirem ao sistema.
O principal objetivo do Enem, segundo o Em termos da prova, o Inep propõe uma reestrutu-
MEC, é avaliar o desempenho do aluno ao térmi- ração metodológica do exame, de forma a aproxi-
no da escolaridade básica, para aferir o desenvol- mar o exame das Diretrizes Curriculares Nacionais
vimento de competências fundamentais ao exercí- e dos currículos praticados nas escolas, exigindo
cio pleno da cidadania. Desde a sua concepção, o mais conhecimentos em termos de conteúdo, mas
exame foi pensado como modalidade alternativa sem abandonar o modelo de avaliação centrado nas
ou complementar aos exames de acesso aos cursos competências e habilidades.
profissionalizantes pós-médio e ao ensino superior Em 2017, o MEC anunciou algumas alterações
(BRASIL, 2011e). para o Enem: a divulgação dos dados do Enem não
Apesar de voluntário, o Enem caminha para a será mais por escola, pois seu objetivo é medir o de-
universalização entre os estudantes que terminam sempenho do estudante e não da escola, a avaliação
o ensino médio, pois diversas instituições de ensino passa a ser realizada em dois domingos e, não ape-
superior (IES) têm passado a utilizar os resultados nas em um, como anteriormente, a prova passou a
do Enem como componente dos seus processos sele- ser personalizada com o nome do aluno e número
tivos. Além disso, essa universalização do exame tem de sua inscrição, o atendimento especial deve ser so-
sido promovida pela sua participação em programas licitado no ato da inscrição, o Enem deixa de certifi-
governamentais de acesso ao ensino superior, como car o ensino médio que volta a ser feita pelo Encceja
o ProUni, por exemplo, que utiliza os resultados do (Exame Nacional de Certificação de Jovens e Adul-
Enem como pré-requisito para a distribuição de bol- tos), exame realizado pelos Estados e municípios,
sas de estudo em instituições privadas de ensino su- estudantes membros de famílias de baixa renda que
perior (BRASIL, 2011e). possuem cadastro no CadÚnico do Governo Fede-
Atualmente, a prova do Enem é interdisciplinar ral podem pedir isenção da taxa do exame.
e contextualizada. Nela, busca-se colocar o estu-
dante diante das situações-problema e medir não
apenas se ele conhece os conceitos, mas se sabe
aplicá-los. A prova é composta de uma parte ob-
jetiva com 63 questões e de uma redação. Trabalha
com uma escala clássica de 0 a 100 para a atribui-
ção da nota final, tanto na parte objetiva quanto na
redação (BRASIL, 2011e).
167
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Sistema de Avaliação do
Ensino Superior:
SINAES
Agora que já conhecemos o contexto da avaliação da Educação Básica, quero
convidá-lo(a) a continuar em nossa jornada de estudos. Neste tópico, propomos
a reflexão sobre o Sistema de Avaliação do Ensino Superior para que compreenda
toda a complexidade em que as políticas educacionais e a organização da educa-
ção brasileira ocorrem.
168
EDUCAÇÃO FÍSICA
De acordo com Zoghbi et al. (2009, p. 43): rente à qualidade do curso. Para o autor essa foi
a primeira vez que se teve uma medida objetiva
da qualidade média dos alunos egressos desses
As avaliações educacionais em larga escala,
cursos, auxiliando empregadores e potenciais
uma realidade presente em diversas partes do
estudantes em suas escolhas. Adicionalmente,
mundo desde a década de 70, vêm crescendo
pretende-se que a divulgação desses resulta-
no Brasil nos últimos anos, tanto em quantida-
dos às instituições de ensino auxilie e incentive
de como em qualidade. O Sistema Nacional de o processo de melhoria do ensino. Hanushek
Avaliação da Educação Básica (Saeb) foi a pri- e Raymond (2004), por exemplo, encontram
meira iniciativa brasileira, em escala nacional, resultados empíricos que indicam que estados
para se conhecer o sistema educacional brasi- americanos que têm sistemas de avaliação do
leiro em profundidade, o qual começou a ser ensino básico com base na accountability obti-
desenvolvido no final dos anos 80 e foi aplicado veram melhores desempenhos educacionais do
pela primeira vez em 1990. que os estados sem avaliação.
O uso de avaliações em larga escala para o Ensino As avaliações em termos de “accountability” (transpa-
Superior no Brasil, por sua vez, foi iniciado em 1995, rência e prestação de contas), como o Provão e o Ena-
com a criação do Exame Nacional de Cursos (ENC), de, contribuem para o crescimento da qualidade mé-
por meio da Lei 9.131/1995 – Art. 3º e detalhado em dia do aluno egresso do Ensino Superior, bem como a
1996 por meio do Decreto nº 2.026, de 24 de no- classificação anual dos cursos, mas embora revelasse
vembro de 1996. O ENC foi criado para ser aplicado muitos dados não se poderia associar a nota do Pro-
a todos os estudantes egressos de campos pré-de- vão diretamente à qualidade ou não de qualquer Ins-
finidos do Ensino Superior, e foram acrescentadas tituição de Ensino Superior. Portanto, não era consi-
a este, nos anos subsequentes, o sistema do Censo derado um instrumento de avaliação completo.
de Educação Superior e a Avaliação das Condições A sugestão de realizar mudanças no formato do
de Ensino (ACE), por meio de visitas de comissões Provão partiu da campanha eleitoral de Luiz Inácio
externas às instituições de ensino. Contudo, o ENC Lula da Silva e, ao ser eleito, em 2003, a Comissão
ficou popularmente conhecido como Provão em lu- (CEA) propôs realizar tais mudanças apresentando
gar da abreviação ENC (VERHINE; DANTAS; SO- o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Supe-
ARES, 2006). rior (SINAES) que, após um período de discussão
Para Zoghbi et al. (2009, p. 63): sobre a nova proposta, foi aprovado no Congresso
em 2004 e estabelecida sua criação por meio da Lei
O Provão, exame universal e obrigatório, era nº 10.861, de 14 de abril de 2004 (VERHINE; DAN-
aplicado anualmente aos alunos dos cursos de
TAS; SOARES, 2006).
graduação selecionados, iniciou-se em 1996
com administração, direito e engenharia civil, O novo sistema de avaliação do Ensino Superior
e foi sendo expandido até avaliar 26 áreas em subsidiou novas bases para o exame de cursos supe-
2003, último ano de aplicação. Participavam do riores, no qual seria oportuno avaliar os cursos e as
exame somente os alunos concluintes dos refe-
instituições de ensino superior de forma sistêmica,
ridos cursos, o que permitia que o Instituto Na-
cional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira por meio de três componentes: a avaliação das insti-
(Inep) calculasse e divulgasse um conceito refe- tuições, dos cursos e do desempenho dos estudantes.
169
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
170
EDUCAÇÃO FÍSICA
171
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Avaliações
Internacionais
Além das avaliações em larga escala nacionais, o (indicators of national education systems) Indicado-
Inep também auxilia no desenvolvimento de algu- res dos Sistemas Educacionais Nacionais realizado
mas ações avaliativas internacionais, as quais in- pela OCDE. Esses dois últimos projetos constituem
cluem a participação em projetos de avaliação da as estatísticas educacionais dentro do âmbito inter-
Educação Básica e superior e a produção de indica- nacional, dos quais as pesquisas são feitas pelos
dores educacionais comparáveis internacionalmen- organismos internacionais. O Brasil, por meio do
te. Para o desenvolvimento das ações internacionais, Inep, também participa da Pesquisa Talis (Pesqui-
o Inep se articula com organismos internacionais, a sa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem),
fim de efetivar a cooperação institucional e técnica coordenada internacionalmente pela Organização
aprimorando e fortalecendo os sistemas de informa- para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
ção e avaliação do Sistema Educacional Brasileiro. (OCDE), a pesquisa já foi realizada duas vezes no
Apresentaremos a você, caro(a) aluno(a), al- Brasil, em 2007 e em 2013.
guns programas ou projetos que o Inep partici- Participamos, também, do projeto Mercosul Edu-
pa para facilitar a cooperação internacional, tais cacional, que resulta da assinatura de um protocolo
como: o Celpe-Bras (Certificado de Proficiência de intenções elaborado pelos ministros da educação
em Língua Portuguesa para Estrangeiros); WEI de cada país que faz parte do bloco econômico do
(World Education Indicators) Indicadores Mun- Mercosul. Para este projeto, a educação é uma estraté-
diais da Educação, realizados pela UNESCO; INES gia de integração econômica e cultural entre os países
172
EDUCAÇÃO FÍSICA
do Mercosul. Além desses programas, o Brasil, por participantes. O programa é desenvolvido e coor-
intermédio do Inep, participa das Redes de Certifica- denado pela Organização para Cooperação e De-
ção ou Acreditação que visa a certificação da qualida- senvolvimento Econômico (OCDE) e, no Brasil, é
de de cursos superiores nos países participantes. coordenador também pelo Inep. Participam desse
Existem, também, os Estudos Regionais Com- programa apenas os países membros da OCDE e
parativos (PERCE; SERCE; TERCE), desenvolvidos também países convidados, como o Brasil, o Méxi-
pelo Laboratório Latino-americano de Avaliação da co, a Argentina e o Chile.
Qualidade da Educação (LLECE), que pertence à Segundo Libâneo, Toschi e Oliveira (2012, p.
oficina regional da UNESCO para a América Latina 268-269), o objetivo do PISA é “[...] obter indicado-
e Caribe (Orealc). Em suas três edições, os progra- res das efetividade dos sistemas educacionais de cada
mas avaliaram a qualidade da educação em séries/ país participante”. O período de realização acontece
anos específicos do Ensino Fundamental. a cada três anos e “[...] avalia o desempenho de alu-
A primeira edição do PERCE - Primeiro Estu- nos das escolas públicas e privadas, urbanas e rurais,
do Regional Comparativo e Explicativo, realizada das cinco regiões do país”.
em 1997, foi aplicada aos alunos da terceira e quarta De acordo com informações disponibilizadas na
série do Ensino Fundamental, avaliando as áreas da página do Inep, o objetivo do PISA é produzir indi-
linguagem, matemática e fatores associados. A se- cadores que contribuam para a discussão da quali-
gunda edição (SERCE), aplicada em 2006, avaliou dade da educação nos países participantes, de modo
o desempenho dos estudantes da terceira e sexta a subsidiar políticas de melhoria do ensino básico.
séries do Ensino Fundamental, nas disciplinas de A avaliação também procura verificar se as escolas
matemática, linguagem e ciências. A terceira edição de cada país estão ou não cumprindo com uma das
(TERCE) foi aplicada em 2013 e, até o momento da metas traçadas junto às agências internacionais, a
escrita deste material, não foram divulgadas mais in- saber: a preparação dos jovens para exercer o papel
formações sobre o seu desenvolvimento. de cidadãos na sociedade contemporânea.
Agora que você já conhece alguns dos progra- As avaliações do Pisa abrangem três áreas do
mas que o Brasil, por meio do Inep, participa inter- conhecimento – leitura, matemática e ciências – e
nacionalmente no âmbito da avaliação da Educação a cada edição atribuem maior ênfase para cada uma
Básica e Educação Superior, convido-o(a) para com- dessas áreas. Por exemplo, em 2000, o foco foi em
preenderem conosco o que é a avaliação do PISA leitura; em 2003, em matemática; e em 2006, em ci-
(Programa Internacional de Avaliação de Alunos), ências. O Pisa 2009 iniciou um novo ciclo do pro-
a qual é tão mencionada nas discussões atuais sobre grama, com o foco novamente recaindo sobre o
as políticas educacionais. domínio de leitura; em 2012, é novamente matemá-
O PISA é um programa de iniciativa interna- tica; e em 2015, ciências. De acordo com o Relatório
cional de avaliação comparada, aplicada apenas aos Nacional PISA 2012 (resultados brasileiros) (INEP,
estudantes na faixa etária dos quinze anos de idade, 2012), revelou-se que o Brasil avançou em pontos na
período em que subentende-se o término da esco- área mais avaliada em 2012 que foi matemática, com
laridade básica obrigatória na maioria dos países relação aos outros países.
173
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Contudo, você pode se perguntar “então por que em 2012, respectivamente, 518,8 e 481,4 contra 391,5
o Brasil não está entre os melhores classificados do do Brasil. Mesmo o Brasil apresentando um avanço
PISA?” Para responder essa pergunta há que se anali- significativo em seus dados, ainda está longe de che-
sar a média dos outros países, por exemplo, Finlândia gar perto dos países desenvolvidos. Conforme mostra
e Estados Unidos da América possuíam como média, a tabela comparativa das edições de 2003 a 2012.
Diferença entre
PISA 2003 PISA 2006 PISA 2009 PISA 2012
2003 e 2012
Média EP Média EP Média EP Média EP Média EP
Brasil 356,0 4,8 369,5 2,9 385,8 2,4 391,5 2,1 35,4 5,4
México 385,2 3,6 405,7 2,9 418,5 1,8 413,3 1,4 28,1 4,1
Portugal 466,0 3,4 466,2 3,1 486,9 2,9 487,1 3,8 21,0 5,3
Coreia do Sul 542,2 3,2 547,5 3,8 546,2 4,0 553,8 4,6 11,5 5,8
Espanha 485,1 2,4 480,0 2,3 483,5 2,1 484,3 1,9 -0,8 3,4
EUA 482,9 2,9 474,4 4,0 487,4 3,6 481,4 3,6 -1,5 4,9
Uruguai 422,2 3,3 426,8 2,6 426,7 2,6 4409,3 2,8 -12,9 4,5
Finlândia 544,3 1,9 548,4 2,3 540,5 2,2 518,8 1,9 -25,5 3,0
Argentina - - 381,3 6,2 388,1 4,1 388,4 3,5 - -
Peru - - - - 365,1 4,0 368,1 3,7 - -
Colômbia - - 370,0 3,8 380,8 3,2 376,5 2,9 - -
Chile - - 411,4 4,6 421,1 3,1 422,6 3,1 - -
Fonte: ODCE/INEP (2012, p. 15, on-line)2.
Além de observar as competências dos estudantes a formação dos jovens para a vida futura e para a
em leitura, matemática e ciências, o Pisa coleta in- participação ativa na sociedade.
formações para a elaboração de indicadores contex-
tuais, os quais possibilitam relacionar o desempenho
dos alunos a variáveis demográficas, socioeconômi-
REFLITA
cas e educacionais. Essas informações são coletadas
por meio da aplicação de questionários específicos
para os alunos e para as escolas. Você concorda que poderíamos almejar como
meta para 2022 um número mais alto? Diante
Os resultados desse estudo podem ser utilizados do atual contexto da educação brasileira, as
pelos governos dos países envolvidos como instru- condições para superar a meta são possíveis
mento de trabalho na definição e refinamento de ou impossíveis de serem alcançadas?
174
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), na Unidade IV, o objetivo foi mostrar a você uma parte
da gama de avaliações em larga escala que são aplicadas na educação
brasileira. Espero que você, após ter lido esta unidade, tenha observado
a importância nacional e internacional que essas avaliações expressam
ao Sistema Educacional brasileiro.
Ainda que as avaliações nacionais e internacionais contribuam com a ava-
liação da qualidade do ensino no Brasil, seus critérios qualitativos pouco con-
sideram os fatores sociais, culturais e econômicos que norteiam todo Sistema
Nacional de Educação. Alguns testes solicitam que os participantes responderam
questionários socioeconômicos, porém esse modelo de avaliação ainda está longe
de considerar que fatores sociais, culturais e econômicos, os marcam diferenças
em nossa extensa área territorial.
Portanto, meu caro(a) aluno(a), sempre que ler ou ouvir críticas ao Sistema
de Avaliação Brasileiro, pense com bases científicas que nem sempre essas críti-
cas revelam contrariedade às avaliações em larga escala, contudo, expressam a
necessidade de ampliar as discussões sobre melhorias nas formas de avaliação do
sistema, considerando não apenas análises quantitativas, mas também qualitati-
vas sobre a educação no Brasil.
Para finalizar esta unidade, quero levar você a refletir se a avaliação tem como
objetivo conhecer para intervir de forma eficiente nos problemas da educação
brasileira detectados e sempre anunciados. O que pode explicar a premiação das
escolas cujos alunos apresentam melhor desempenho e a punição das mais fracas
por meio da baixa colocação no ranqueamento das escolas? A lógica de inter-
venção não deveria ser outra? Para obter bons resultados, é preciso que a escola
tenha uma equipe motivada e engajada no processo educativo, não apenas para
os testes institucionais, mas para que os alunos aprendam para a vida. Deve-se
levar em consideração as condições objetivas de ensino, as desigualdades sociais,
econômicas e culturais dos alunos. Desta forma, olhar para esses aspectos e reco-
nhecer que o processo educativo pode promover a construção da qualidade e a
democratização da educação no Brasil.
175
atividades de estudo
176
atividades de estudo
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) I, II e IV.
177
LEITURA
COMPLEMENTAR
Agora que já conhecemos o contexto das avaliações e Nos anos finais (sexto ao nono) do ensino fundamen-
índices nacionais da educação brasileira, quero convidá- tal, o Ideb nacional atingiu 4,1 em 2011, e ultrapassou a
-lo(a) a refletir sobre a seguinte questão: as avaliações meta proposta, de 3,9. Considerada tão somente a rede
nacionais demonstram que o Brasil, em termos educa- pública, o índice nacional chegou a 3,9 e também supe-
cionais, está avançando? rou a meta, de 3,7. De todos os municípios submetidos
Em termos numéricos, os dados levantados pelo Ideb/ à avaliação do Ideb para os anos finais do ensino funda-
Inep revelam que sim, estamos avançando; mas e a qua- mental (cerca de 4,3 mil), 62,5% atingiram as metas, que
lidade do ensino e das condições como este é ministrado foram superadas também em todas as regiões do país.
têm acompanhado esse crescimento? As respostas ain- Dados do Ideb publicados na página do Inep revelam,
da não temos prontas, por isso podemos refletir sobre ainda, que em termos numéricos, a Educação Básica no
essas questões ao analisarmos os dados que nos são Brasil progrediu, pois a média nacional registrada em
apresentados. Vamos lá? Para refletirmos sobre essa 2005 era de 3,8 na primeira fase do Ensino Fundamental.
questão, vamos utilizar como subsídio ou fonte os dados Atualmente estamos caminhando para alcançar a meta
publicados no site do Inep sobre o Ideb 2011 e as metas do Ideb igual a 6,0 até o ano de 2022, ano em que a Inde-
de qualidade para os próximos anos. pendência do Brasil completará seu bicentenário.
Segundo esses dados, o Brasil, de acordo com o Ideb, Parece uma meta distante não acha? Mas, se pararmos
atingiu as metas estabelecidas em todas as etapas do para pensar é uma meta baixa, ou melhor, mediana para
ensino básico (anos iniciais do Ensino Fundamental e alcançarmos somente até daqui a alguns anos, princi-
Ensino Médio). Como exemplo, os dados revelam que palmente se analisarmos a complexidade do Sistema de
nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o Ideb nacional Avaliação Nacional e também os investimentos destina-
alcançou 5,0. Ultrapassou não só a meta para 2011 (de dos à educação, mas que contraditoriamente não tem
4,6), como também a proposta para 2013, que era de 4,9. contribuído muito, na prática, para o Sistema Educacio-
Nessa etapa do ensino, a oferta é prioritariamente das nal do país.
redes municipais, que concentram 11,13 milhões de ma- Fonte: as autoras.
trículas, quase 80% do total. O Ideb para os anos iniciais
do ensino fundamental da rede municipal foi calculado
em 5.222 municípios. A meta para 2011 foi alcançada por
4.060 deles (77,5%). Então, podemos observar que os da-
dos do Ideb 2011 e sua proposta para 2013 indicam que
a Educação Básica no Brasil avançou, certo?
178
EDUCAÇÃO FÍSICA
Apresentação: para obter informações sobre o Ideb das escolas em qualquer dependência
administrativa, você pode acessar o portal do Ideb no Inep e mencionar os dados necessários
para a consulta do Ideb de cada instituição.
Disponível em: <http://ideb.inep.gov.br/>
Apresentação: para informações sobre o cálculo do Ideb, consulte o texto para discussão nº
26 da Série Documental do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Disponível em: <http://escoladegestores.mec.gov.br/site/6-sala_topicos_especiais_pne/tex-
tos_links/ideb.pdf>.
Apresentação: para obter informações sobre o Ideb das escolas em qualquer dependência
administrativa, você pode acessar o portal do Ideb no Inep e mencionar os dados necessários
para a consulta do Ideb de cada instituição.
Disponível em: <http://ideb.inep.gov.br/>.
179
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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181
gabarito
1. B.
2. E.
3. C.
4. O Inep, como fonte de dados em relação ao andamento da educação de nosso país,
contribui para que a comunidade escolar em geral conheça a realidade de cada insti-
tuição e a partir das necessidades delas busquem subsídios para melhorias por meio
das políticas públicas.
5. Dos três anos relativos, você passaria ao ensino médio; um ano e meio o alu-
no estudará a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ou seja, matérias fixas e
constantes para todos os alunos. No ano e meio restante, o aluno direcioná o seu
currículo para seus interesses profissionais e acadêmicos (linguagens, matemática,
ciências da natureza e ciências humanas), tal como em um curso técnico. As discipli-
nas obrigatórias nos três anos do ensino médio são: português, matemática e inglês.
A carga horária passou de 800 horas para 1.400 horas, o período de transição prevê
aumento de carga horária para 1000 horas.
182
UNIDADE
V
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
(2014-2024)
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• A estrutura do PNE (2014-2024), aspectos legais e históricos
• Metas do PNE (2014-2024) com foco para a educação
básica e suas modalidades.
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer o Plano Nacional de Educação (2014-2024).
• Analisar as metas estabelecidas no Plano Nacional
de Educação (2014-2024), bem como seus limites e
perspectivas nas políticas educacionais brasileiras.
unidade
V
INTRODUÇÃO
C
aro(a) aluno(a), nesta última unidade, vamos estudar o Plano
Nacional de Educação, que visa assegurar as condições básicas
para que todo cidadão tenha direito à educação de qualida-
de. O PNE foi aprovado pelo Plenário da Câmara dos Depu-
tados após três anos e meio de tramitação no Congresso. A presidente
Dilma Rousseff sancionou o PNE em 25 de junho de 2014.
Visando levantar discussões, optamos por tratar as problematizações
do PNE como política de governo e não de Estado, pois a retórica de
assegurar condições básicas para o direito à educação se repete histori-
camente desde a década de 30. Uma política de Estado é permanente e
deve oferecer garantias a todo cidadão, uma política de governo pode ser
circunstancial e possui um tempo determinado. O PNE (2014-2024) se
constitui em um conjunto articulado de metas e estratégias que pretende
responder às necessidades educacionais do País.
Identificamos no plano alguns embates entre o que foi discutido nas
conferências e o que o governo propôs na redação final, ou seja, toda
a mobilização que ocorreu entre os profissionais da educação foi, ape-
nas em parte, considerada. No entanto, o novo PNE se apresenta como
epicentro das ações políticas educacionais no Brasil, cabe a nós, caro(a)
aluno(a), acompanhar e monitorar sua implementação.
No PNE, vários aspectos discutidos nas unidades anteriores serão
retomados: a CF 1988, a LDB 1996, o regime de colaboração, descentra-
lização, privatização, focalização, avaliação, qualificação profissional, fi-
nanciamento, inclusão, orientações externas, entre outros. O PNE é nos-
so foco até 2022, é uma maneira de assegurarmos a execução de várias
metas estabelecidas no plano, por meio do acompanhamento e avaliação
e mobilização dos profissionais de educação.
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
188
EDUCAÇÃO FÍSICA
• Durante o período do Estado Novo (1937- • Com o início da “Nova República” passou-se
1945), Capanema se aproxima da ideia de
Plano de Educação, o qual se constituiria na [...] de uma estratégia de formulação de polí-
“base e roteiro das providências de governo” ticas, planejamento e gestão tecnocrática, con-
no âmbito educacional (SAVIANI, 2010). centrada no topo da pirâmide no governo au-
• No período compreendido entre 1946 e 1964, toritário, para o polo oposto, da fragmentação
observa-se uma tensão entre duas visões de e do descontrole, justificado pela descentraliza-
ção, mas imposto e mantido por mecanismos
Plano de Educação, travada por ocasião da
autoritários (KUENZER, 1990, p. 61).
discussão no Congresso Nacional do projeto
da nossa primeira Lei de Diretrizes e bases da • Quanto ao PNE (2001-2010), este resultou de
Educação Nacional (SAVIANI, 2010). duas propostas: uma elaborada pelo MEC na
• Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio- gestão Paulo Renato, do governo FHC, e ou-
nal, promulgada em 20 de dezembro de 1961, tra gestada no II Congresso Nacional de Edu-
refere-se a “plano de educação”, mas focado cação. A proposta do MEC, dado o empenho
na distribuição de recursos (SAVIANI, 2010). em reorganizar a educação na égide da redu-
• Designado para relatar o Plano Nacional de ção de custos traduzida na busca da eficiên-
Educação no Conselho Federal de Educa- cia sem novos investimentos, revelou-se um
ção, Anísio Teixeira esclareceu o sentido do instrumento de introdução da racionalidade
preceito legal e arquitetou um procedimen- financeira na educação. Pelo empenho em se
to engenhoso para a distribuição dos recur- guiar pelo princípio da “qualidade social”, po-
sos, detalhando-o no que se refere ao plano deríamos considerar que a segunda proposta
do Fundo Nacional do Ensino Primário. Foi entende o plano como um instrumento de in-
esse procedimento que inspirou a criação, em trodução da racionalidade social na educação
1996, do Fundo de Manutenção e Desenvol- (SAVIANI, 2010, p. 391).
vimento do Ensino Fundamental e de Valori-
zação do Magistério (FUNDEF) (SAVIANI, As oportunidades de elaboração do PNE nas dé-
2010, p. 390). cadas de 30, 40, 60 e 90 não asseguraram o direito
• A partir de 1964, o protagonismo no âmbito educacional a todos; mesmo quando elaborados,
do planejamento educacional se transfere dos não se efetivaram. Os apontamentos históricos de-
educadores para os tecnocratas o que, em ter- monstram que o Brasil não é um país que cumpre
mos organizacionais, se expressa na subordi-
o planejamento das políticas educacionais. Temos
nação do Ministério da Educação ao Ministé-
rio do Planejamento, cujos corpos dirigente e uma nova oportunidade a partir da aprovação do
técnico eram, via de regra, oriundos da área PNE (2014-2024), vamos então compreendê-la.
de formação correspondente às ciências eco- Atente para as determinações legais da CF/1988 e
nômicas (SAVIANI, 2010, p. 390). LDB/1996.
189
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
CF/1988 LDB/1996
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de Art. 9º A União incumbir-se-á de: (Regulamento)
educação, de duração decenal, com o objetivo de I- elaborar o Plano Nacional de Educação, em
articular o sistema nacional de educação em regime colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas Municípios;
e estratégias de implementação para assegurar a Art. 10. Os estados incumbir-se-ão de:
manutenção e desenvolvimento do ensino em seus III– elaborar e executar políticas e planos educa-
diversos níveis, etapas e modalidades por meio de cionais, em consonância com as diretrizes e planos
ações integradas dos poderes públicos das diferentes nacionais de educação, integrando e coordenando as
esferas federativas que conduzam a: (Redação dada suas ações e as dos seus municípios;
pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) Art. 11. Os municípios incumbir-se-ão de:
I- erradicação do analfabetismo; I– organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui-
ções oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-
II- universalização do atendimento escolar;
-os às políticas e planos educacionais da União e dos
III- melhoria da qualidade do ensino; estados;
IV- formação para o trabalho; Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se
V- promoção humanística, científica e tecnológica do um ano a partir da
País. publicação desta lei.
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publica-
VI- estabelecimento de meta de aplicação de recursos
ção desta lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o
públicos em educação como proporção do produto
Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas
interno bruto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
para os dez anos seguintes, em sintonia com a Decla-
59, de 2009)
ração Mundial sobre Educação para Todos.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos
de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
cípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita
resultante de impostos, compreendida a proveniente
de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino.
§ 3º- A distribuição dos recursos públicos assegura-
rá prioridade ao atendimento das necessidades do
ensino obrigatório, nos termos do plano nacional de
educação.
190
EDUCAÇÃO FÍSICA
191
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
192
EDUCAÇÃO FÍSICA
(O plano) tem se efetivado por meio da reali- Em relação à ampliação do investimento (meta 20)
zação de audiências públicas, seminários, de-
e expansão das escolas em tempo integral (50%),
bates, entre outros. Nesse processo, merece ser
ressaltada a efetiva participação e articulação Arelaro (2011 apud OCTAVIANO; NORONHA,
entre as entidades da sociedade civil organiza- 2011, on-line)2 coloca que é fundamental lembrar
da, particularmente, dos setores acadêmicos e que, para concretizá-las com qualidade, é neces-
sindicais ligados à área de educação (apud OC- sário um grande volume de investimento, pois te-
TAVIANO; NORONHA, 2011, on-line)2.
mos 33 milhões de alunos matriculados no país:
193
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
“Se você fizer as contas, só pra você cumprir essa Pires (2011) analisou a educação tecnológica e for-
meta, de que 50% das escolas tenham período mação profissional no contexto atual do PNE 2014-
integral, supondo que você vai fazer um projeto 2024 e destaca:
educativo interessante, e que seja instigante para o
jovem, custa caro” (apud OCTAVIANO; NORO- A análise aqui empreendida demonstrou que o
que norteia a educação profissional e tecnoló-
NHA, 2011, on-line)2. Os dados do Censo 2016
gica não é, na verdade, a preocupação com a
mostram que, nesse ano, o número de matrículas formação humana: há outros interesses, dentre
na educação básica foi de 48,8 milhões de alunos, os quais as exigências dos setores produtivos.
em 186,1 mil escolas. Assim, a formação do trabalhador em institui-
A utilização do Ideb, para a autora, como ções notadamente tecnológicas atende a lógica
do capital e “forma” indivíduos tecnicamente
está prevista na meta 7 do plano atual, não pos-
capazes de manterem a ordem estabelecida e
sui aplicação condizente com a realidade e pode não de compreenderem as mudanças do pro-
significar um atraso utilizá-lo como referência de cesso produtivo (PIRES, 2011, p. 214).
avaliação educacional. O Ideb, para Arelaro (2011
apud OCTAVIANO; NORONHA, 2011, on-line)2 Para a autora, a proposta do plano está vinculada
e Dourado (2011), tem limites e necessita agregar ao setor produtivo com uma formação flexível de
outras variáveis. Sem desconsiderar a importân- qualificação do trabalhador (polivalente) com in-
cia do índice, mas a educação é carente de uma teresses práticos e imediatos devido à emergência
avaliação orgânica. do capital. Ela parte do entendimento de que a
formação do trabalhador brasileiro deve ser unitá-
ria, como definiu Gramsci (1986), o que significa
SAIBA MAIS
compreendê-la como possibilidade de construção
de conhecimentos que vão além de saber “exercer
Daniel Cara, em entrevista para a revista Brasil a profissão” (PIRES, 2011 p. 193). As propostas do
de Fato, fala sobre o PNE. PNE 2014-2024 devem ir além da expansão de va-
“O Brasil tem uma dívida histórica com a edu-
cação, não vamos conseguir recuperar 500 gas, cursos e instituições, e abarcarem uma forma-
anos em 10, mas ao final do Plano queremos ção “[...] ampla e continuada do cidadão brasileiro”
estar minimamente próximos de respeitar o (PIRES, 2011, p. 215).
direito à educação” (BRASIL DE FATO, 2014,
on-line)3. Uma conquista do plano é referente à questão da
Caro(a) aluno(a), caso queira ler o restante da diversidade, o plano anterior trazia apenas a educa-
entrevista, acesse o link disponível em: <ht- ção de especiais para especiais, sendo que a estrutu-
tps://www.brasildefato.com.br/node/29114/>.
ra social da nossa sociedade é pluriétnica, multirra-
Fonte: as autoras. cial e intensamente desigual, bem como as relações
que nela estabelecemos. No novo plano, a discussão
194
EDUCAÇÃO FÍSICA
da diversidade, da educação inclusiva ganhou corpo. que atuam”. A meta 17 prevê a valorização do profes-
No prisma da diversidade, temos coletivos diversos: sor de magistério e a aproximação do salário desse
população LGBT, mulheres, negros, quilombolas, profissional aos de escolaridade similar. É importan-
indígenas, pessoas com deficiência, povos do cam- te lembrar, caro(a) aluno(a),
po, entre outros. Nossa realidade no Brasil é de “[...]
uma prática social estruturada na hierarquização so- [...] que a previsão de instituição do piso sala-
rial e planos de carreira no ano de 2001 somen-
cial, no racismo, na desigualdade de renda, na falta
te se concretizou em 2009 quando o piso, neste
de garantia das condições básicas de sobrevivência ano de 2011, atinge o valor de R$ 1.024 para 40
que incide principalmente sobre uma parcela do horas de trabalho. Além disso, é digno de nota
povo brasileiro” (GOMES, 2011, p. 246). que nem todos os estados e municípios imple-
O plano avançou especialmente no que se re- mentaram o piso, como também os planos de
carreira, que deveriam ser instituídos até 2009,
fere à educação escolar indígena, à educação espe-
e que ainda se encontram na dependência da
cial e à educação no campo (GOMES, 2011). Cabe aprovação das assembleias legislativas e câma-
lembrar do princípio constitucional nas políticas ras municipais (AGUIAR, 2011, p. 277).
públicas educacionais, que o direito à educação
se faz pela oportunidade de aprender, garantida Uma importante vitória do novo PNE quanto ao fi-
a todos os sujeitos. Nesse sentido, “todos” reme- nanciamento, apesar de o governo tentar barrar os
te ao princípio da diversidade que compreende 10% do PIB para a educação e o CAQi (Custo Aluno
toda uma população: diversidade étnica, racial, de Qualidade), foi a pressão dos movimentos sociais
gênero, etária, de saberes, de pessoas com defici- na Câmara que resultou na aprovação desses dois
ência, de locais de moradia, cultural, socioeconô- pontos, portanto, manteve a concessão de recursos
mica, entre outros. Perceba, caro(a) aluno(a), que públicos às instituições privadas.
lutamos ainda pelo básico em nossa sociedade. O Nesse contexto de avanços, a obrigatoriedade
reconhecimento da diversidade para garantir o ób- e gratuidade do ensino dos 4 aos 17 anos são enor-
vio: o respeito ao ser humano. mes desafios. A Pesquisa Nacional por Amostra
As metas 15, 17 e 18 são discutidas, por Aguiar de Domicílios/2009 (PNAD) demonstrou que
(2011), como o grande desafio na afirmação de uma mais de 3,6 milhões de crianças e jovens dessa fai-
política para a valorização do magistério. A valori- xa etária estavam fora da escola; nesse grupo de
zação dos profissionais da educação deve levar em crianças, a maioria era de quatro ou cinco anos,
conta o tripé: salário, carreira e formação inicial e ou seja, 25,2%. Os jovens de 15 a 17 anos, 14,8%,
continuada. A meta 15 estabelece o desafio de “que encontravam-se fora da escola, totalizando mais
todos os professores da educação básica possuam de 725 mil crianças estão fora da escola (IBGE/
formação específica de nível superior, obtida em PNAD, 2008). Veja os dados atualizados em 2015
curso de licenciatura na área de conhecimento em pelo Censo.
195
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Apesar dos números terem diminuído de 3,8 mi- [...] a cada dois anos ao longo do período de
vigência deste PNE [...] publicará estudos
lhões em 2014 para 3 milhões em 2015, ainda esta-
para aferir a evolução no cumprimento das
mos falando de 3 milhões de crianças fora da esco- metas estabelecidas no Anexo desta Lei, com
la, isso equivale a quase 7% da população brasileira informações organizadas por ente federa-
longe dos estudos. A educação como um dos pilares do e consolidadas em âmbito nacional [...].
para se construir uma base sólida na busca por uma (BRASIL, 2014).
196
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), dentre as 20 metas fixadas pelo PNE (2014-2024),
ressaltamos que muitas delas parecem ambiciosas, devido às políticas
públicas educacionais brasileiras resultarem do embate entre interesses
internos (governo e sociedade civil) e externos, decorrentes do proces-
so de acumulação capitalista, e pelo fato de que, na história das políticas educa-
cionais, os planos repetem as metas não alcançadas anteriormente.
Compreendemos que a formação humana envolve, também, a formação do
trabalhador, mas não deve se restringir a ela com interesses práticos e imediatos,
pois reforça as diferenças sociais. Necessitamos ir além da expansão quantitativa
de vagas nas instituições escolares, dos cursos profissionalizantes aligeirados, da
falta de estrutura nas escolas, dos salários defasados dos professores, pois é uma
formação sólida com qualidade que pode formar um cidadão e um trabalhador.
Existe uma expectativa em torno do PNE, então vamos acompanhá-lo, lem-
brando que as metas estabelecidas dependerão de um investimento sistemático
na educação, sobretudo na educação básica e na formação continuada dos profis-
sionais da educação. Corremos um risco quanto ao financiamento da educação
no PNE, pelo fato de não ser destinado apenas para educação pública; os recursos
podem ser direcionados para instituições privadas por meio dos programas de
bolsas de estudo e formação técnica em uma porcentagem maior do que para a
própria educação pública.
Desse modo, caro(a) aluno(a), nosso intuito foi levantar questões iniciais so-
bre o PNE para uma discussão, traçando um paralelo da situação educacional do
país no âmbito das reformas. Muitas outras questões precisam ser discutidas no
plano, pois implica o avanço na participação social das políticas educacionais.
197
atividades de estudo
1. Acerca das metas do PNE, analise a veracidade 2. Para elaboração do Plano Nacional de Educa-
das afirmativas seguintes. ção (PNE 2011 – 2022), houve uma mobilização
I. Elevar gradualmente o número de matrículas educacional em diversos encontros e debates
na pós-graduação stricto sensu, de modo a em conferências municipais e estaduais. Em re-
atingir a titulação anual de 60 mil mestres e lação aos eixos de discussão para elaboração
25 mil doutores. do PNE, analise as assertivas:
I. O papel do Estado na garantia do direito à
II. Valorizar os(as) profissionais do magisté-
educação de qualidade: organização e regula-
rio das redes públicas da Educação Bási-
rização da educação nacional.
ca, a fim de equiparar o rendimento médio
dos(as) demais profissionais com escolari- II. Democratização do acesso, permanência e
dade equivalente, até o final do 6º ano da sucesso escolar.
vigência deste PNE.
III. Qualidade, gestão democrática e avaliação
III. Universalizar, para a população de 6 a 17 da educação.
anos, o atendimento escolar aos estudantes
IV. Formação e valorização dos trabalhadores
com deficiência, transtornos globais do de-
em educação.
senvolvimento e altas habilidades ou super-
dotação na rede regular de ensino. É correto apenas o que se afirma em:
IV. Universalizar, até 2016, o atendimento escolar a. I, II e III.
da população de quatro e cinco anos, e am- b. I e IV .
pliar, até 2020, a oferta de educação infantil
c. II, III e IV.
de forma a atender a 50% da população de
até três anos. d. III e IV.
198
atividades de estudo
zes, objetivos, metas e estratégias para sua a abertura de mais vagas no ensino superior,
implementação, a fim de assegurar a manu- investimentos maiores em educação básica
tenção e desenvolvimento do ensino em seus em tempo integral e em educação profissional,
diversos níveis, etapas e modalidades. Neste além da valorização do magistério (adaptado
sentido, podemos considerar como pressupos- de Brasil, [2017], on-line).
tos do Plano Nacional de Educação:
A Lei nº. 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o
I. Erradicação do analfabetismo. PNE, prevê importantes dispositivos, tais como:
II. Universalização do atendimento escolar. Art. 5 A execução do PNE e o cumprimento de suas metas
III. Oportunizar meios de complexidades no ensino. serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações
periódicas.
IV. Promoção humanista, científica e tecnológica
do país. Art. 10 O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e
os orçamentos anuais da União, dos Estados, do Distrito
Está correto apenas o que se afirma em: Federal e dos Municípios serão formulados de maneira
a. I, II e III. a assegurar a consignação de dotações orçamentárias
compatíveis com as diretrizes, metas e estratégias deste
b. I e IV.
PNE e com os respectivos planos de educação, a fim de
c. I, II e V. viabilizar sua plena execução.
d. III e IV. Art. 11 O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Bá-
e. I, II, III e IV. sica, coordenado pela União, em colaboração com os Es-
tados, o Distrito Federal e os Municípios, constituirá fonte
de informação para a avaliação da qualidade da educa-
4. ENADE 2014 (adaptado) - O Plano Nacional de
ção básica e para a orientação das políticas públicas des-
Educação (PNE) inclui 20 metas e estratégias
se nível de ensino.
traçadas para o setor nos próximos 10 anos.
Entre as metas, está a aplicação de valor equi- Art. 13 O poder público deverá instituir, em lei específica,
valente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na contados 2 (dois) anos da publicação desta Lei, o Sistema
educação pública, promovendo a universaliza- Nacional de Educação, responsável pela articulação entre
ção do acesso à educação infantil para crianças os sistemas de ensino, em regime de colaboração, para
de quatro a cinco anos, do ensino fundamental efetivação das diretrizes, metas e estratégias do Plano Na-
e do ensino médio. Esse plano também prevê cional de Educação.
199
atividades de estudo
200
LEITURA
COMPLEMENTAR
201
LEITURA
COMPLEMENTAR
Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação Meta 17: valorizar os(as) profissionais do magistério das
superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida redes públicas de educação básica de forma a equiparar
para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (de- seu rendimento médio ao dos(as) demais profissionais
zoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano
da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta de vigência deste PNE.
por cento) das novas matrículas, no segmento público. Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a exis-
Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e tência de planos de Carreira para os(as) profissionais da
ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo educação básica e superior pública de todos os sistemas
docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de ensino e, para o plano de Carreira dos(as) profissio-
de educação superior para 75% (setenta e cinco por nais da educação básica pública, tomar como referência
cento), sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta e cinco o piso salarial nacional profissional, definido em lei fede-
por cento) doutores. ral, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição
Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas Federal.
na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a ti- Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos,
tulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 para a efetivação da gestão democrática da educação,
(vinte e cinco mil) doutores. associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e
Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da
prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacio- União para tanto.
nal de formação dos profissionais da educação de que tra- Meta 20: ampliar o investimento público em educação
tam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7%
de 20 de dezembro de 1996, assegurado que todos os (sete por cento) do Produto Interno Bruto – PIB do País
professores e as professoras da educação básica possu- no 5º (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo,
am formação específica de nível superior, obtida em curso
o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do
de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.
decênio.
Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% (cin-
Fonte: Planejando a Próxima Década (2014, on-line)1.
quenta por cento) dos professores da educação básica,
até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a
todos(as) os(as) profissionais da educação básica for-
mação continuada em sua área de atuação, conside-
rando as necessidades, demandas e contextualizações
dos sistemas de ensino.
202
EDUCAÇÃO FÍSICA
Apresentação: debates com os professores Lisete Arelaro, Eliane Asche e Roger Marchesini
sobre o PNE (2011-2020):
203
referências
204
referências
Referências On-line
1
Em: <http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf>.
Acesso em: 13 dez. 2017.
2
Em: <http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edi-
cao=71&id=883>. Acesso em: 13 dez. 2017.
3
Em: <https://www.brasildefato.com.br/node/29114/>. Acesso em: 13 dez. 2017.
4
Em: <https://digitaispuccampinas.wordpress.com/2016/11/07/censo-aponta-
-que-3-milhoes-de-criancas-estao-fora-da-escola/>. Acesso em: 13 dez. 2017.
205
gabarito
1. D.
2. E.
3. C.
4. E.
5. A.
206
Anexo
207
Anexo
208
Anexo
§ 1º O poder público, na esfera de sua (Artigo com redação dada pela Lei nº 12.796, de
competência federativa, deverá: (Parágrafo 4/4/2013)
com redação dada pela Lei nº 12.796, de
4/4/2013) Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada,
I - recensear anualmente as crianças e atendidas as seguintes condições:
adolescentes em idade escolar, bem como I - cumprimento das normas gerais da educação
os jovens e adultos que não concluíram a nacional e do respectivo sistema de ensino;
educação básica; (Inciso com redação dada II - autorização de funcionamento e avaliação
pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013) de qualidade pelo Poder Público;
II - fazer-lhes a chamada pública; III - capacidade de autofinanciamento,
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela ressalvado o previsto no art. 213 da
frequência a escola. Constituição Federal.
§ 2º Em todas as esferas administrativas, o
Poder Público assegurará em primeiro lugar o TÍTULO IV
acesso ao ensino obrigatório, nos termos deste
artigo, contemplando em seguida os demais DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
níveis e modalidades de ensino, conforme as NACIONAL
prioridades constitucionais e legais.
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal
caput deste artigo tem legitimidade para e os Municípios organizarão, em regime de
peticionar no Poder Judiciário, na hipótese do colaboração, os respectivos sistemas de
§ 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo ensino.
gratuita e de rito sumário a ação judicial § 1º Caberá à União a coordenação da
correspondente. política nacional de educação, articulando
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade os diferentes níveis e sistemas e exercendo
competente para garantir o oferecimento do função normativa, redistributiva e supletiva
ensino obrigatório, poderá ela ser imputada em relação as demais instâncias educacionais.
por crime de responsabilidade. § 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de
§ 5º Para garantir o cumprimento da organização nos termos desta Lei.
obrigatoriedade de ensino, o Poder
Público criará formas alternativas de Art. 9º A União incumbir-se-á de:
acesso aos diferentes níveis de ensino, I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em
independentemente da escolarização anterior. colaboração com os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios;
Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis II - organizar, manter e desenvolver os órgãos
efetuar a matrícula das crianças na educação e instituições oficiais do sistema federal de
básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade. ensino e o dos Territórios;
209
Anexo
210
Anexo
211
Anexo
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I - as instituições de ensino mantidas pela União;
I - participar da elaboração da proposta II - as instituições de educação superior criadas
pedagógica do estabelecimento de ensino; e mantidas pela iniciativa privada;
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, III - os órgãos federais de educação.
segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino; Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e
III - zelar pela aprendizagem dos alunos; do Distrito Federal compreendem:
IV - estabelecer estratégias de recuperação I - as instituições de ensino mantidas,
para os alunos de menor rendimento; respectivamente, pelo Poder Público estadual
V - ministrar os dias letivos e horas-aula e pelo Distrito Federal;
estabelecidos, além de participar integralmente II - as instituições de educação superior
dos períodos dedicados ao planejamento, à mantidas pelo Poder Público municipal;
avaliação e ao desenvolvimento profissional; III - as instituições de ensino fundamental
VI - colaborar com as atividades de articulação e médio criadas e mantidas pela iniciativa
da escola com as famílias e a comunidade. privada;
IV - os órgãos de educação estaduais e do
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as Distrito Federal, respectivamente.
normas da gestão democrática do ensino Parágrafo único. No Distrito Federal, as
público na educação básica, de acordo com as instituições de educação infantil, criadas e
suas peculiaridades e conforme os seguintes mantidas pela iniciativa privada, integram seu
princípios: sistema de ensino.
I - participação dos profissionais da educação
na elaboração do projeto pedagógico da Art. 18. Os sistemas municipais de ensino
escola; compreendem:
I - as instituições do ensino fundamental,
II - participação das comunidades escolar e médio e de educação infantil mantidas pelo
local em conselhos escolares ou equivalentes. Poder Público municipal;
II - as instituições de educação infantil criadas
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão e mantidas pela iniciativa privada;
às unidades escolares públicas de educação III - os órgãos municipais de educação.
básica que os integram progressivos graus
de autonomia pedagógica e administrativa e Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes
de gestão financeira, observadas as normas níveis classificam-se nas seguintes categorias
gerais de direito financeiro público. administrativas:
I - públicas, assim entendidas as criadas ou
Art. 16. O sistema federal de ensino incorporadas, mantidas e administradas pelo
compreende: Poder Público;
212
Anexo
Art. 21. A educação escolar compõe-se de: Art. 24. A educação básica, nos níveis
I - educação básica, formada pela educação fundamental e médio, será organizada de
infantil, ensino fundamental e ensino médio; acordo com as seguintes regras comuns:
II - educação superior.
213
Anexo
214
Anexo
215
Anexo
com redação dada pela Lei nº 13.415, de grupos étnicos, tais como o estudo da história
16/2/2017) da África e dos africanos, a luta dos negros e
§ 8º A exibição de filmes de produção dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra
nacional constituirá componente curricular e indígena brasileira e o negro e o índio na
complementar integrado à proposta formação da sociedade nacional, resgatando as
pedagógica da escola, sendo a sua exibição suas contribuições nas áreas social, econômica
obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas e política, pertinentes à história do Brasil.
mensais. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.006, § 2º Os conteúdos referentes à história e
de 26/6/2014) cultura afro-brasileira e dos povos indígenas
§ 9º Conteúdos relativos aos direitos brasileiros serão ministrados no âmbito de
humanos e à prevenção de todas as formas todo o currículo escolar, em especial nas áreas
de violência contra a criança e o adolescente de educação artística e de literatura e história
serão incluídos, como temas transversais, nos brasileiras. (Artigo acrescido pela Lei nº 10.639,
currículos escolares de que trata o caput deste de 9/1/2003 e com nova redação dada pela Lei
artigo, tendo como diretriz a Lei nº 8.069, de nº 11.645, de 10/3/2008)
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e
do Adolescente), observada a produção e Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação
distribuição de material didático adequado. básica observarão, ainda, as seguintes
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.010, de diretrizes:
26/6/2014 e retificado no DOU de 4/4/2014) I - a difusão de valores fundamentais ao
§ 10. A inclusão de novos componentes interesse social, aos direitos e deveres dos
curriculares de caráter obrigatório na Base cidadãos, de respeito ao bem comum e a
Nacional Comum Curricular dependerá de ordem democrática;
aprovação do Conselho Nacional de Educação II - consideração das condições de escolaridade
e de homologação pelo Ministro de Estado da dos alunos em cada estabelecimento;
Educação. (Parágrafo acrescido pela Medida III - orientação para o trabalho;
Provisória nº 746, de 22/9/2016, convertida e com IV - promoção do desporto educacional e
redação dada pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017) apoio às práticas desportivas não-formais.
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino Art. 28. Na oferta de educação básica para
fundamental e de ensino médio, públicos e a população rural, os sistemas de ensino
privados, torna-se obrigatório o estudo da promoverão as adaptações necessárias à sua
história e cultura afro-brasileira e indígena. adequação às peculiaridades da vida rural e
§ 1º O conteúdo programático a que se refere de cada região, especialmente:
este artigo incluirá diversos aspectos da história I - conteúdos curriculares e metodologias
e da cultura que caracterizam a formação apropriadas às reais necessidades e interesses
da população brasileira, a partir desses dois dos alunos da zona rural;
216
Anexo
217
Anexo
social, do sistema político, da tecnologia, das § 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será
artes e dos valores em que se fundamenta a incluído como tema transversal nos currículos
sociedade; do ensino fundamental. (Parágrafo acrescido
III - o desenvolvimento da capacidade de pela Lei nº 12.472, de 1/9/2011, publicada
aprendizagem, tendo em vista a aquisição de no DOU de 2/9/2011, em vigor 90 dias após a
conhecimentos e habilidades e a formação de publicação)
atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos Art. 33. O ensino religioso, de matrícula
laços de solidariedade humana e de tolerância facultativa, é parte integrante da formação
recíproca em que se assenta a vida social. básica do cidadão e constitui disciplina dos
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino horários normais das escolas públicas de
desdobrar o ensino fundamental em ciclos. ensino fundamental, assegurado o respeito
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam à diversidade cultural religiosa do Brasil,
progressão regular por série podem adotar no vedadas quaisquer formas de proselitismo.
ensino fundamental o regime de progressão § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão
continuada, sem prejuízo da avaliação os procedimentos para a definição dos
do processo de ensino-aprendizagem, conteúdos do ensino religioso e estabelecerão
observadas as normas do respectivo sistema as normas para a habilitação e admissão dos
de ensino. professores.
§ 3º O ensino fundamental regular será § 2º Os sistemas de ensino ouvirão
ministrado em língua portuguesa, assegurada entidade civil, constituída pelas diferentes
às comunidades indígenas a utilização de suas denominações religiosas, para a definição
línguas maternas e processos próprios de dos conteúdos do ensino religioso. (Artigo com
aprendizagem. redação dada pela Lei nº 9.475, de 22/7/1997)
§ 4º O ensino fundamental será presencial,
sendo o ensino a distância utilizado como Art. 34. A jornada escolar no ensino
complementação da aprendizagem ou em fundamental incluirá pelo menos quatro
situações emergenciais. horas de trabalho efetivo em sala de aula,
§ 5º O currículo do ensino fundamental sendo progressivamente ampliado o período
incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate de permanência na escola.
dos direitos das crianças e dos adolescentes, § 1º São ressalvados os casos do ensino
tendo como diretriz a Lei nº 8.069, de 13 noturno e das formas alternativas de
de julho de 1990, que institui o Estatuto organização autorizadas nesta Lei.
da Criança e do Adolescente, observada a § 2º O ensino fundamental será ministrado
produção e distribuição de material didático progressivamente em tempo integral, a
adequado. (Parágrafo acrescido pela Lei nº critério dos sistemas de ensino.
11.525, de 25/9/2007)
218
Anexo
219
Anexo
220
Anexo
221
Anexo
acrescido pela Lei nº 13.415, de 16/2/2017) técnica de nível médio deverá observar:
VI - cursos realizados por meio de educação I - os objetivos e definições contidos nas
a distância ou educação presencial mediada diretrizes curriculares nacionais estabelecidas
por tecnologias. (Inciso acrescido pela Lei nº pelo Conselho Nacional de Educação;
13.415, de 16/2/2017) II - as normas complementares dos respectivos
§ 12. As escolas deverão orientar os alunos sistemas de ensino;
no processo de escolha das áreas de III - as exigências de cada instituição de ensino,
conhecimento ou de atuação profissional nos termos de seu projeto pedagógico. (Artigo
previstas no caput. (Parágrafo acrescido acrescido pela Lei nº 11.741, de 16/7/2008)
pela Medida Provisória nº 746, de 22/9/2016,
convertida e com redação dada pela Lei nº Art. 36-C. A educação profissional técnica de
13.415, de 16/2/2017) nível médio articulada, prevista no inciso I do
caput do art. 36-B desta Lei, será desenvolvida
Seção IV-A de forma:
Da Educação Profissional Técnica de Nível I - integrada, oferecida somente a quem
Médio já tenha concluído o ensino fundamental,
(Seção acrescida pela Lei nº 11.741, de 16/7/2008) sendo o curso planejado de modo a conduzir
o aluno à habilitação profissional técnica
Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção de nível médio, na mesma instituição de
IV deste Capítulo, o ensino médio, atendida a ensino, efetuando-se matrícula única para
formação geral do educando, poderá prepará- cada aluno;
lo para o exercício de profissões técnicas. II - concomitante, oferecida a quem ingresse
Parágrafo único. A preparação geral para o no ensino médio ou já o esteja cursando,
trabalho e, facultativamente, a habilitação efetuando-se matrículas distintas para cada
profissional poderão ser desenvolvidas curso, e podendo ocorrer:
nos próprios estabelecimentos de ensino a) na mesma instituição de ensino,
médio ou em cooperação com instituições aproveitando-se as oportunidades
especializadas em educação profissional. educacionais disponíveis;
(Artigo acrescido pela Lei nº 11.741, de 16/7/2008) b) em instituições de ensino distintas,
aproveitando-se as oportunidades
Art. 36-B. A educação profissional técnica de educacionais disponíveis;
nível médio será desenvolvida nas seguintes c) em instituições de ensino distintas, mediante
formas: convênios de intercomplementaridade,
I - articulada com o ensino médio; visando ao planejamento e ao desenvolvimento
II - subseqüente, em cursos destinados a de projeto pedagógico unificado. (Artigo
quem já tenha concluído o ensino médio. acrescido pela Lei nº 11.741, de 16/7/2008)
Parágrafo único. A educação profissional
222
Anexo
223
Anexo
224
Anexo
225
Anexo
226
Anexo
227
Anexo
228
Anexo
229
Anexo
Art. 56. As instituições públicas de educação for possível a sua integração nas classes
superior obedecerão ao princípio da gestão comuns de ensino regular.
democrática, assegurada a existência de § 3º A oferta de educação especial, dever
órgãos colegiados deliberativos, de que constitucional do Estado, tem início na
participarão os segmentos da comunidade faixa etária de zero a seis anos, durante a
institucional, local e regional. educação infantil.
Parágrafo único. Em qualquer caso, os
docentes ocuparão setenta por cento dos Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão
assentos em cada órgão colegiado e comissão, aos educandos com deficiência, transtornos
inclusive nos que tratarem da elaboração e globais do desenvolvimento e altas habilidades
modificações estatutárias e regimentais, bem ou superdotação: (“Caput” do artigo com
como da escolha de dirigentes. redação dada pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
I - currículos, métodos, técnicas, recursos
Art. 57. Nas instituições públicas de educação educativos e organização específicos, para
superior, o professor ficará obrigado ao atender às suas necessidades;
mínimo de oito horas semanais de aulas. II - terminalidade específica para aqueles
que não puderem atingir o nível exigido para
CAPÍTULO V a conclusão do ensino fundamental, em
virtude de suas deficiências, e aceleração para
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL concluir em menor tempo o programa escolar
para os superdotados;
Art. 58. Entende-se por educação especial, III - professores com especialização adequada
para os efeitos desta Lei, a modalidade de em nível médio ou superior, para atendimento
educação escolar oferecida preferencialmente especializado, bem como professores do
na rede regular de ensino, para educandos ensino regular capacitados para a integração
com deficiência, transtornos globais do desses educandos nas classes comuns;
desenvolvimento e altas habilidades ou IV - educação especial para o trabalho, visando
superdotação. (“Caput” do artigo com redação a sua efetiva integração na vida em sociedade,
dada pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013) inclusive condições adequadas para os que não
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de revelarem capacidade de inserção no trabalho
apoio especializado, na escola regular, para competitivo, mediante articulação com os
atender as peculiaridades da clientela de órgãos oficiais afins, bem como para aqueles
educação especial. que apresentam uma habilidade superior nas
§ 2º O atendimento educacional será áreas artística, intelectual ou psicomotora;
feito em classes, escolas ou serviços V - acesso igualitário aos benefícios dos
especializados, sempre que, em função programas sociais suplementares disponíveis
das condições específicas dos alunos, não Para o respectivo nível do ensino regular.
230
Anexo
231
Anexo
232
Anexo
233
Anexo
234
Anexo
Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção
respectivos Municípios, não será considerada, e desenvolvimento do ensino as despesas
para efeito do cálculo previsto neste artigo, realizadas com vistas à consecução dos
receita do governo que a transferir. objetivos básicos das instituições educacionais
§ 2º Serão consideradas excluídas das receitas de todos os níveis, compreendendo as que se
de impostos mencionadas neste artigo as destinam a:
operações de crédito por antecipação de I - remuneração e aperfeiçoamento do
receita orçamentária de impostos. pessoal docente e demais profissionais da
§ 3º Para fixação inicial dos valores educação;
correspondentes aos mínimos estatuídos II - aquisição, manutenção, construção e
neste artigo, será considerada a receita conservação de instalações e equipamentos
estimada na lei do orçamento anual, ajustada, necessários ao ensino;
quando for o caso, por lei que autorizar a III - uso e manutenção de bens e serviços
abertura de créditos adicionais, com base no vinculados ao ensino;
eventual excesso de arrecadação. IV - levantamentos estatísticos, estudos
§ 4º As diferenças entre a receita e a despesa e pesquisas visando precipuamente ao
previstas e as efetivamente realizadas, que aprimoramento da qualidade e à expansão
resultem no não atendimento dos percentuais do ensino;
mínimos obrigatórios, serão apuradas e V - realização de atividades-meio necessárias
corrigidas a cada trimestre do exercício ao funcionamento dos sistemas de ensino;
financeiro. VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de
§ 5º O repasse dos valores referidos neste escolas públicas e privadas,
artigo do caixa da União, dos Estados, do VII - amortização e custeio de operações de
Distrito Federal e dos Municípios ocorrerá crédito destinadas a atender ao disposto nos
imediatamente ao órgão responsável pela incisos deste artigo;
educação, observados os seguintes prazos: VIII - aquisição de material didático-escolar
I - recursos arrecadados do primeiro ao e manutenção de programas de transporte
décimo dia de cada mês, até o vigésimo dia; escolar.
II - recursos arrecadados do décimo
primeiro ao vigésimo dia de cada mês, até Art. 71. Não constituirão despesas de
o trigésimo dia; manutenção e desenvolvimento do ensino
III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro aquelas realizadas com:
dia ao final de cada mês, até o décimo dia do I - pesquisa, quando não vinculada às
mês subseqüente. instituições de ensino, ou, quando efetivada
§ 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos fora dos sistemas de ensino, que não vise,
a correção monetária e à responsabilização precipuamente, ao aprimoramento de sua
civil e criminal das autoridades competentes. qualidade ou à sua expansão;
235
Anexo
236
Anexo
237
Anexo
238
Anexo
Art. 84. Os discentes da educação superior § 2º (Revogado pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
poderão ser aproveitados em tarefas de ensino § 3º O Distrito Federal, cada Estado e Município,
e pesquisa pelas respectivas instituições, e, supletivamente, a União, devem: (“Caput” do
exercendo funções de monitoria, de acordo parágrafo com redação dada pela Lei nº 11.330,
com seu rendimento e seu plano de estudos. de 25/7/2006)
I - (Revogado pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a a) (Revogada pela Lei nº 11.274, de 6/2/2006)
titulação própria poderá exigir a abertura de b) (Revogada pela Lei nº 11.274, de 6/2/2006)
concurso público de provas e títulos para cargo c) (Revogada pela Lei nº 11.274, de 6/2/2006)
de docente de instituição pública de ensino II - prover cursos presenciais ou a distância
que estiver sendo ocupado por professor aos jovens e adultos insuficientemente
não concursado, por mais de seis anos, escolarizados;
ressalvados os direitos assegurados pelos III - realizar programas de capacitação para
arts. 41 da Constituição Federal e 19 do Ato todos os professores em exercício, utilizando
das Disposições Constitucionais Transitórias. também, para isto, os recursos da educação a
distância;
Art. 86. As instituições de educação superior IV - integrar todos os estabelecimentos de
constituídas como universidades integrar-se- ensino fundamental do seu território ao
ão, também, na sua condição de instituições sistema nacional de avaliação do rendimento
de pesquisa, ao Sistema Nacional de Ciência escolar.
e Tecnologia, nos termos da legislação § 4º (Revogado pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
específica. § 5º Serão conjugados todos os esforços
objetivando a progressão das redes escolares
TÍTULO IX públicas urbanas de ensino fundamental para
o regime de escolas de tempo integral.
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS § 6º A assistência financeira da União aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
Art. 87. É instituída a Década da Educação, a bem como a dos Estados aos seus Municípios,
iniciar-se um ano a partir da publicação desta ficam condicionadas ao cumprimento
Lei. do art. 212 da Constituição Federal e
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir dispositivos legais pertinentes pelos governos
da publicação desta Lei, encaminhará, ao beneficiados.
Congresso Nacional, o Plano Nacional de
Educação, com diretrizes e metas para os dez Art. 87-A. (VETADO na Lei nº 12.796, de 4/4/2013)
anos seguintes, em sintonia com a Declaração
Mundial sobre Educação para Todos. Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios adaptarão sua legislação
239
Anexo
educacional e de ensino as disposições desta Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis
Lei no prazo máximo de um ano, a partir da nºs 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e 5.540,
data de sua publicação. de 28 de novembro de 1968, não alteradas
§ 1º As instituições educacionais adaptarão pelas Leis nºs 9.131, de 24 de novembro de
seus estatutos e regimentos aos dispositivos 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e,
desta Lei e às normas dos respectivos sistemas ainda, as Leis nºs 5.692, de 11 de agosto de
de ensino, nos prazos por estes estabelecidos. 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982, e as
§ 2º O prazo para que as universidades demais leis e decretos-lei que as modificaram
cumpram o disposto nos incisos II e III do art. e quaisquer outras disposições em contrário.
52 é de oito anos.
Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º da
Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou Independência e 108º da República.
que venham a ser criadas deverão, no prazo
de três anos, a contar da publicação desta Lei, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
integrar-se ao respectivo sistema de ensino. Paulo Renato Souza
240
EDUCAÇÃO FÍSICA
conclusão geral
Chegamos ao fim dessa jornada que teve como obje- ção dos Órgãos Governamentais da Educação:
tivos centrais transitar e compreender as alíneas que MEC/INEP, apontando as relações de influência
desenham o universo, as políticas educacionais e a das Agências e Organismos Internacionais na
organização da educação brasileira. Discutimos, ao educação. Por fim, estudamos o Plano Nacio-
longo das unidades, com autores que promoveram nal de Educação (2014-2024), pois entendemos
uma rica interlocução entre as ações da atualidade aqui, caro(a) aluno(a), que precisamos conhecer
e as relações históricas estabelecidas entre o global e analisar o contexto que precede e insere nossas
e o local. atitudes no cotidiano escolar, independente dos
O que significa que navegamos das questões níveis ou modalidades de educação aos quais
conceituais de Estado, Sociedade Civil e Políti- estamos nos referindo.
cas Públicas, para que pudéssemos entender as Sendo assim, chegamos ao final dos nossos
posições históricas relacionadas às Políticas Pú- estudos relacionados a essa temática, mas refor-
blicas para a Educação Básica e os aspectos le- çamos que o texto apresentado não esgota todas
gais das políticas educacionais; destacamos, na as possibilidades de pensar e refletir acerca das
Constituição Brasileira, o Capítulo II Da Edu- temáticas abordadas. Contudo, esperamos que
cação e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação tenha lhe oportunizado momentos importantes
Brasileira (LDB 9394/96). e oportunos para a compreensão das análises
Discutimos os níveis e modalidades da edu- realizadas acerca das temáticas propostas. Es-
cação, bem como seus limites e especificidades pero que você tenha se sentido aguçado(a) em
centrais, articulados com os aspectos socioeco- querer ir além e desenvolver outras pesquisas e
nômicos, políticos e históricos. Analisamos a incursões no campo das políticas e organização
forma de organização e avaliação, utilizada na brasileira. Assim, chegamos ao final de mais um
educação básica, para verificação do rendimen- estudo, desejamos a você sucesso e inúmeras re-
to escolar; concomitante, entrelaçamos a fun- alizações profissionais. Até breve!
241