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O texto de Minayo, Hartz e Buss aborda o conceito de qualidade vida compreendido

e difundido dentro na área da saúde. De imediato, parece que, nesse âmbito, as pessoas
em geral o entendem como ausência de doença, mas na relação saúde e qualidade de
vida, houve um redimensionamento desse conceito — principalmente em se tratando da
promoção da saúde —, no sentido de apontar determinantes que fazem parte do que é
qualidade de vida: (a) estilo de vida; (b) os avanços da biologia humana; (c) o ambiente
físico e social; e (d) serviços de saúde (LALONDE, apud Minayo et al, 2000, p. 9). Em
realidade, qualidade de vida não envolve somente estar bem, estar saudável, mas
também ter valores materiais — como casa, emprego —, elementos os quais fazem
parte de uma concepção de felicidade — por trás da qual está intrínseco a qualidade de
vida.
Obviamente, o termo qualidade de vida alterou seu significado com a evolução
social, econômica, política e tecnológica, o que, portanto, trouxe a necessidade de se
fazer acréscimos a sua acepção, inclusive apontando o viés pelo qual o usamos, ou seja,
sua definição a partir de uma determinada área de estudo — o que envolve,
obrigatoriamente, levar em conta o espaço, a época e as histórias diferentes para defini-
lo (MINAYO et al, 2000, p.8). Diante disso, atualmente, o Índice de Desenvolvimento
Econômico (IDH) de um país busca mostrar quais elementos oportunizam que uma
dada população tenha qualidade de vida, como renda, saúde e emprego. Não é por acaso
que, hoje, Finlândia e Noruega são os países em que há mais pessoas felizes e, logo, há
melhores qualidades de vida, tendo em vista a pouca discrepância entre pobres e ricos,
além de baixos índices de corrupção. Nesses países, a educação, que oportuniza
melhores empregos, tem elevados índices no Programa Internacional de Avaliação de
Alunos (PISA); cabe destacar o forte investimento desses países em saúde. Nessa
perspectiva, saúde e educação permitem que as pessoas consigam desenvolver
plenamente suas capacidades, no intuito de produzir mais para o mercado de trabalho e
para si mesmas. Mesmo assim, metodologicamente, o IDH tem inconsistências para
medir a qualidade de vida de países, Estados e regiões.
Outro instrumento usado para medir a qualidade de vida é o Índice de Condições de
Vida (ICV), o qual leva em conta a renda, a educação, a infância, a habitação e a
longevidade no momento em que se quer traçar um percentual de qualidade de vida.
Usado inicialmente em Belo Horizonte, aponta, nas cinco dimensões elencadas acima,
vinte indicadores para mapear a qualidade de vida de uma determinada região; no
entanto, como ficam indicadores não materiais ou não passíveis de medição? Como se
pode dizer, por exemplo, que a felicidade faz parte da qualidade de vida de um ser? E
como medir a felicidade? Pois bem, esses instrumentos — IDH e ICV — não levam
isso em conta no seu “conceito” de qualidade de via.
O Índice de Qualidade de Vida (IQV), de São Paulo, analisa indicadores menos
materiais, como trabalho, segurança, moradia, serviços de saúde, dinheiro, estudo,
qualidade do ar, lazer e serviços de transporte), no intuito de apresentar números que
apontam a qualidade de vida das pessoas. Parte-se do grau de satisfação que o cidadão
tem em relação a esses indicadores, contudo parece não haver um conceito definido
nesses instrumentos, isto é, qualidade de vida não está sendo definida a partir de
critérios científicos (MINAYO et al, 2000, p.12). Parece-nos que esses instrumentos
existem para levantar carências na sociedade, com vistas futuras para melhorias — as
quais nem sempre são atendidas. Embora a área da saúde apareça como um dos
indicadores de qualidade de vida, sua interpretação pela área da Saúde não entra em
voga nessas discussões.
Quando se pensa em qualidade de vida e saúde, essa relação leva em conta, nos
dizeres de Gianchello (1996, apud Minayo et al, 2000, p. 12) e Auquier et al (1997,
apud Minayo et al, 2000, p. 12), trata-se de medir o estado de saúde de um indivíduo
levando em conta a percepção de limitações físicas, psicológicas, funções sociais e
oportunidades influenciadas pela doença, pelo tratamento e outros agravos. A
Organização Mundial da Saúde (OMS), ao criar um grupo de discussão sobre qualidade
de vida, conceitua o termo a partir da percepção da posição de vida do indivíduo na
sociedade, no contexto da cultura e do sistema de valores em que vive e em relação aos
seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (MINAYO et al, 2000, p. 13).
Entretanto, essa conceituação também não parte de uma base científica, pois, quando se
pensa nessa relação, há a necessidade de se ver como as diversas áreas da saúde
relacionam qualidade de vida e saúde e a significam no âmbito de seus estudos. É fato
que, quando um indivíduo sai de uma situação de doença e melhora, seja por meio de
medicamentos ou não, fala-se que ele deve mudar algumas de suas ações para ter uma
melhor qualidade de vida e de saúde. Mas e quanto ao indivíduo são? É possível se falar
em qualidade de vida e saúde para uma pessoa que não esteja com nenhuma doença?
Como medir isso então? Dessa forma, cabe salientar que os instrumentos de medida
criados pela OMS parecem apontar detalhes sobre qualidade de vida após alguma
enfermidade. Há uma necessidade evidente de se representar qualidade de vida a partir
de mensurações quantitativas e qualitativas, como o faz o QALY, um instrumento que
pode ajudar a medir qualidade de vida; novamente, há um contraponto, visto que o
QALY evidencia apenas uma eficácia clínica, ou seja, para aqueles que têm um ano de
vida ótimo, atribui-se um valor 1, ao contrário de quem vai a óbito, cujo valor é zero
(MINAYO, 2000, p. 14). Dessa forma, um idoso, quando comparado a um jovem, tem
menor qualidade de vida, assim como os deficientes físicos, o que pode ser um absurdo
para se analisar a relação qualidade de vida e saúde — e como seria visto os atletas
paralímpicos? Em vista disso, foi substituído pelo DALY, o qual aborda qualidade de
vida a partir de estados da saúde, calculando-se a mortalidade estimada para cada
doença e pela idade das vítimas.
Por fim, é fato que qualidade de vida está ligado ao conceito de promoção da saúde
na área, o que evidencia que parece haver necessidade de se encontrar quais índices
devem ser melhorados, com vistas ao direcionamento de verbas para mudar dada
situação. Isso muito se deve à questão de se colocar em pauta a capacidade de se viver
sem doenças, bem como as condições de morbidade. Fica evidente, portanto, que ainda
há muito a se discutir sobre o conceito de qualidade de vida, que vai muito além de
angariar recursos financeiros para mudar índices e de estar associado a questões de
doença. Sua ligação com a noção de promoção de saúde é fundamental, mas, para isso,
há de se investir num aprofundamento do conceito, passando a ser norteado pelo
princípio de vida feliz e plena em uma dada comunidade.

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