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October/2006
vii
AVELLAR JUNIOR, LUIZ CARLOS DE
2. Capacidade Aeroportuária
3. Valor do Tempo
ii
DEDICATÓRIA
iii
EPÍGRAFE
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço inicialmente a Deus, pelo dom da vida e pela luz que jamais me
desamparou ao longo de minha existência, ao Professor e Orientador Márcio P. S.
Santos, pela paciência, inteligência e clareza nas orientações. Ao meu Mestre e Co-
Orientador Respício do Espírito Santo Jr, pelos precisos e diligentes conselhos. A todo o
corpo docente da COPPE/PET pelos valorosos ensinamentos. A todos os integrantes da
Banca Examinadora, pela boa vontade e interesse no aprimoramento de meus
conhecimentos. Aos provocantes e inspiradores debates com meu amigo e colega de
trabalho Rafael Matera, que sempre me desafiaram no aprofundamento de minhas
pesquisas. Às apuradas indicações técnicas do meu bom amigo Carlos Quintiere.
À colaboração incondicional e perene generosidade do meu genial parceiro
Erivelton Guedes. À preciosa boa vontade e inspiração técnica de meu guru, amigo e
chefe Kazuhiro Uekane. Às tão importantes observações filosóficas da minha amada
Izabella Bicalho, que me fizeram ter uma visão mais holística e abrangente da minha
pesquisa. Ao Ten.Cel. Engenheiro Douglas Artur Pereira, chefe da Divisão de Pesquisa
e Planejamento do IAC e à Direção do Instituto de Aviação Civil, que apoiaram
incondicionalmente minha iniciativa de realizar o mestrado.
Muito Obrigado!
v
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Outubro/2006
vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
October/2006
vii
ÍNDICE
ÍNDICE DE FIGURAS xi
ÍNDICE DE TABELAS xiii
LISTA DE SIGLAS xiv
GLOSSÁRIO xviii
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO 1
1.1 APRESENTAÇÃO 2
1.2 MOTIVAÇÃO 4
1.3 JUSTIFICATIVA DO TEMA 7
1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA 10
1.5 METODOLOGIA DE PESQUISA 10
1.5.1 Introdução 10
1.5.2 Apresentação 12
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO 16
CAPÍTULO 2: REFERENCIAL TEÓRICO 18
2.1 APRESENTAÇÃO 19
2.2 O CUSTO DOS ATRASOS 21
2.3 A GESTÃO DE RECURSOS E CAPACIDADE 22
2.4 OS RUMOS DO TRANSPORTE AÉREO NO SÉCULO XXI 23
2.4.1 Introdução 23
2.4.2 Os Desafios do Século XXI 25
2.4.3 Céus Abertos e a Liberalização do Transporte Aéreo 32
CAPÍTULO 3: EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS 37
3.1 APRESENTAÇÃO 38
3.2 ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – EUA 38
3.2.1 Introdução 38
3.2.2 Relatórios dos Atrasos Ocorridos nos EUA 43
3.2.3 Os Atrasos e o Desenvolvimento da Capacidade Aeroportuária 45
nos EUA
3.3 UNIÃO EUROPÉIA – EU 50
3.3.1 Introdução 50
3.3.2 O EUROCONTROL e o CODA 54
viii
3.3.3 Capacidade de Gerenciamento do Espaço Aéreo Europeu 55
3.3.4 A Situação Atual dos Atrasos na União Européia 56
3.4 OUTRAS MOTIVAÇÕES TEÓRICAS 61
3.4.1 Introdução 61
3.4.2 O Aeroporto de Madrid 61
3.4.3 A Cidade de Londres 63
3.4.4 Outras Pesquisas de Valor do Tempo em Transportes 64
CAPÍTULO 4: METODOLOGIA PROPOSTA 68
4.1 APRESENTAÇÃO 69
4.2 ASPECTOS GERAIS 69
4.3 RELAÇÃO ENTRE CAPACIDADE, DEMANDA E ATRASO 71
4.4 DEFINIÇÃO DE ATRASO 73
4.5 O ATRASO MÁXIMO ACEITÁVEL 75
4.6 CÁLCULO DO IMPACTO ECONÔMICO GERADO ÀS 78
EMPRESAS AÉREAS
4.7 AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS ECONÔMICOS IMPOSTOS AOS 79
PASSAGEIROS – O VALOR DO TEMPO
4.8 CONCLUSÕES 84
CAPÍTULO 5: AEROPORTOS EM ESTUDO 88
5.1 APRESENTAÇÃO 89
5.2 DESCRIÇÃO DA ÁEREA TERMINAL DE SÃO PAULO 90
5.3 AEROPORTO INTERNACIONAL DE CONGONHAS /SÃO PAULO 95
5.4 AEROPORTO INTERNACIONAL DE SÃO PAULO/ 99
GUARULHOS
5.5 AEROPORTO INTERNACIONAL DE VIRACOPOS/ CAMPINAS 103
CAPÍTULO 6: AVALIAÇÃO DO IMPACTO ECONÔMICO – O CASO 108
DA ÁREA TERMINAL DE SÃO PAULO
6.1 APRESENTAÇÃO 110
6.2 DELIMITAÇÃO DO CAMPO DE ESTUDO 110
6.3 DETERMINAÇÃO DO IMPACTO ECONÔMICO DOS ATRASOS 110
GERADOS ÀS EMPRESAS AÉREAS
6.4 DETERMINAÇÃO DO IMPACTO DOS ATRASOS AOS 113
PASSAGEIRO
6.5. CONCLUSÕES – AFERIÇÃO DAS HIPÓTESES 122
ix
CAPÍTULO 7: CONSIDERAÇÕES FINAIS 124
7.1 CONCLUSÕES 125
7.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 126
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 132
x
ÍNDICE DE FIGURAS:
Figura 3.3 Atrasos mensais a cada 1.000 operações para os anos de 2002 e 45
2003
Figura 3.8 Crescimento esperado para o transporte aéreo europeu no ano de 2004 51
Figura 3.9 Movimentos típicos diários ocorridos entre 2003 e 2005 na Europa 52
Figura 3.12 Alguns dos pares de cidades mais afetados por atrasos na UE em 2004 59
xi
Figura 5.2 Configuração do Aeroporto de Congonhas e a demanda 98
observada em 2002, 2003 e 2004
Figura 6.3 Evolução mensal dos impactos de atrasos na TMA-SP, durante o 117
ano de 2001
Figura 6.4 Contribuição de cada empresa aérea nos impactos de atrasos na 118
TMA-SP, durante o ano de 2001
Figura 6.5 Contribuição de cada aeroporto estudado nos impactos de atrasos 119
nas partidas na TMA-SP, durante o ano de 2001
Figura 6.6 Evolução mensal de cada aeroporto estudado nos impactos de 119
atrasos nas partidas na TMA-SP, durante o ano de 2001
Figura 6.8 Evolução mensal de cada aeroporto estudado nos impactos de 121
atrasos nas chegadas na TMA-SP, durante o ano de 2001
xii
ÍNDICE DE TABELAS:
Tabela 3.4 Visão geral dos estudos mais recentes para o valor do tempo 64
xiii
LISTA DE SIGLAS:
xiv
CFMU – Central Flow Management Unit
UE – União Européia
xv
IFR – Instrument Flight Rules
NM – Milhas Náuticas
OD – Origem–Destino
PD – Preferência Declarada
PR – Preferência Revelada
xvi
SBGR – Designador OACI para o Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos
(GRU seria seu designador IATA)
xvii
GLOSSÁRIO
xviii
G-6 – Grupo dos seis países mais ricos do mundo atualmente (2005). Entre eles estão
em ordem de importância: Estados Unidos da América, Japão, Reino Unido, Alemanha,
França e Itália. Recentemente passou-se a utilizar mais comumente a denominação dos
G-8, pois a denominação G-6 já não fazia tanto sentido após a inclusão do Canadá em
1976 e da Rússia em 1998 no cenário de economias mundiais mais destacadas.
IFR (Instrument Flight Rules) – Vôo efetuado de acordo com as regras de vôo por
instrumentos. Estas regras estão definidas na IMA 100-12, Regras do Ar e Serviços de
Tráfego, de 30 de junho de 1999.
LOW COST – LOW FARE – Modelo de gestão de empresa aérea, surgido após a
desregulamentação do setor, que opta por custos operacionais mais reduzidos (low cost), não
obstante, em contrapartida, podem oferecer tarifas menores aos seus usuários (low fare).
xix
PISTA DE TÁXI – Uma trajetória definida em um aeródromo em terra, estabelecida
para taxiamento de aeronaves e com a função de oferecer uma ligação entre as partes do
aeródromo.
TAAM (Total Airspace & Airport Modeller) – É um modelo de simulação, de alto nível
de detalhamento, para traçar o sistema de tráfego aéreo inteiro. Foi desenvolvido pela
empresa The Preston Group (TPG) em cooperação com a Autoridade de Aviação Civil
da Austrália (Australian Civil Aviation Authority – CAA).
VFR (Visual Flight Rules) – Vôo efetuado de acordo com as regras de vôo visual. Estas
regras estão definidas na IMA 100-12, Regras do Ar e Serviços de Tráfego, de 30 de
junho de 1999.
xx
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
“[...] Não há, portanto, um tempo dos filósofos; apenas existe
um tempo psicológico diferente do tempo dos físicos”.
(Albert Einstein)
1
1.1 APRESENTAÇÃO
3
Por outro lado, as empresas prestadoras de serviços de transporte estão constantemente
perseguindo a melhor utilização de seus veículos e insumos na incessante busca pela
redução de atrasos e congestionamentos, que invariavelmente contribuem para um
imponderável acréscimo em seus custos operacionais.
Nos últimos anos um dos avanços mais significativos no modo como países e
empresas, líderes econômicos, gerenciam suas ações e estratégias competitivas têm
sido, exatamente, o enfoque no tempo, relacionando este fator com a respectiva
produtividade. O combate ao desperdício de tempo não só conduz a respostas mais
rápidas a necessidades específicas, como também pode resultar na redução de custos e
em maior flexibilidade operacional. Pode-se aqui fazer a analogia do oleoduto, ou seja,
quanto mais longo o oleoduto, desde a refinaria até um mercado consumidor distante,
mais lento o processo de reação às mudanças nas exigências daquele mercado. Ao
mesmo tempo, quanto mais longo o oleoduto, mais óleo ele contém e,
conseqüentemente, maior o capital de giro nele estará empatado (J. Arruda, 1996). Para
o início do século XXI o slogan “Tempo é Dinheiro” pode parecer um antigo clichê,
mas nunca fez tanto sentido como no mercado competitivo e globalizado em que
vivemos hoje.
1.2 MOTIVAÇÃO
6
Neste novo milênio que se inicia, a velocidade do mercado e a agilidade com
que negócios são realizados por todo o planeta têm um impacto significativo sobre a
forma com que as empresas, países e blocos econômicos competem entre si. As novas
regras são conseqüência direta da globalização, da velocidade e eficiência dos novos
meios de comunicação e transporte, da era digital de informações, tornando o tempo um
fator primordial na competitividade. Por outro lado os aeroportos desenvolvem hoje, de
uma forma complexa e abrangente, as funções de importantes indutores econômicos e
culturais, integrando mercados e sociedades por todo o planeta, e ainda, aeroportos
como os inseridos na TMA-SP (Guarulhos, Congonhas e Viracopos), objetos desta
pesquisa, representam elementos estratégicos para o sucesso econômico de nosso país.
7
divulga apenas os índices de pontualidade e regularidade das empresas aéreas que
operam no país. Em complementação, alguns trabalhos de pesquisa com o tema dos
custos dos atrasos foram recentemente publicados, utilizando ferramentas
computacionais de simulação, como Pereira et al. (2001), através do programa TAAM,
e Santana et al. (2004) com o software SIMMOD, ou ainda Guedes et al. (2005) que
utilizou dados reais de movimentos observados pelo ATM (Gerenciamento de Tráfego
Aéreo) na TMA-SP. Mas nenhum dos trabalhos mencionados abordou a questão dos
impactos econômicos que também são impostos aos usuários, concentrando-se nos
custos operacionais adicionais gerados às empresas aéreas que operam naquela área
terminal.
Small discute os trabalhos de vários autores que tentaram definir uma forma
específica da função de utilidade que nos permita determinar como o valor do tempo
varia em função de características socioeconômicas observadas, tais como salário-hora
ou renda do indivíduo. Nesses trabalhos, relações teóricas encontradas entre o
componente sistemático da utilidade do tempo, nos modelos de escolha discreta
utilizados, e variáveis como salário-hora sugerem que o fato de um indivíduo gostar de
trabalhar varia de forma proporcionalmente direta com seu salário. Shaw (1992, apud
Arruda, 1996) aponta que todos os estudos na literatura de demanda por recreação e
trabalho assumem que o valor do tempo para um indivíduo, em qualquer atividade,
8
varia entre zero e seu salário-hora de mercado. Small menciona ainda vários estudos
empíricos que estabelecem a relação entre o valor do tempo de viagem e o salário-hora
(bruto) de mercado, para viagens pendulares ao trabalho. Em função da análise daqueles
vários estudos, Small sugere que a relação valor do tempo/salário-hora bruto varia entre
20 a 100% nas cidades industrializadas e até mais de 100% entre grupos populacionais
especiais ou em atividades excepcionais.
Deve-se ressaltar mais uma vez que a opção pelo transporte aéreo se faz
principalmente pela velocidade e agilidade das ligações, portanto seus usuários parecem
ser mais sensíveis aos atrasos e acréscimos nos tempos de viagem do que os usuários de
outros modais. O valor do tempo de viagem deve, portanto, ser um parâmetro chave na
análise dos impactos econômicos causados por atrasos, principalmente para aqueles que
utilizam o transporte aéreo, onde o tempo se torna um fator preponderante e decisivo na
opção por este modal de viagem.
9
nestes aeroportos, mas vêm também gerando impactos econômicos significativos para
os usuários do transporte aéreo que utilizam aquela área terminal.
1.5.1 Introdução
Primeiramente será investigado o referencial teórico que pode ser utilizado como
base para esta pesquisa, observando os conceitos e metodologia empregados para
avaliação do valor do tempo e do custo dos atrasos, como métodos mundialmente
consolidados e tecnicamente coerentes. Posto que, como o tempo possui um valor
econômico mensurável, consequentemente, a perda de tempo implicaria num custo
induzido pelo respectivo atraso observado.
1.5.2 Apresentação
12
Para tanto, esta pesquisa se concretizará através da avaliação do volume de
atrasos ocorridos ao longo do ano de 2001, na Área Terminal de São Paulo – TMA-SP.
Estes atrasos serão determinados a partir do Anuário Estatístico de Tráfego Aéreo –
DAC e de informações coletadas para aquele ano através do radar localizado na Área de
Controle de Aproximação de São Paulo – APP-SP. Com estes subsídios pode-se
determinar o número e o tipo das aeronaves envolvidas em congestionamentos na
TMA-SP, assim como o volume de passageiros retidos em atrasos durante o período
mencionado.
Contudo, no caso brasileiro estes atrasos são medidos em relação a uma grade de
agendamento de vôos, onde os horários previstos são calculados de forma genérica, sem
considerar situações excepcionais, como condições climáticas, imprevistos operacionais
e outros motivos que não são considerados nesses cálculos.
Nesta pesquisa será considerado como atrasada toda e qualquer operação em que
uma aeronave for obrigada a interromper seu movimento ou fazer qualquer
procedimento para resolver conflitos no espaço aéreo ou interferências em sua
movimentação ainda em solo, como diminuição de velocidade, procedimentos de
espera, mudança de rota não prevista etc, que acarretam em incrementos de tempo entre
cada segmento de suas operações. Não obstante, para os propósitos desta investigação,
14
um vôo será considerado como atrasado sempre que chegar ou partir do gate depois do
horário previsto para sua operação. Contudo, a descrição detalhada da metodologia
proposta será apresentada no Capitulo 4 desta dissertação.
16
para estes três importantes aeródromos nacionais. Além da apresentação da Área
Terminal de São Paulo – TMA-SP, onde serão relacionados também alguns aspectos
institucionais, técnicos e legais.
17
CAPÍTULO 2: REFERENCIAL TEÓRICO
“A vida é curta! Nem tanto pelo pequeno período de que ela se ocupa,
mas pelo fato de que quase não temos tempo para aproveitá-la”.
(Jean-Jacques Rousseau)
18
2.1 APRESENTAÇÃO
Como o valor do tempo em viagens parece se estruturar a partir da própria
teoria para o valor do trabalho, inicialmente dispor-se-á a respeito do desenvolvimento e
hiperbolização desta teoria. Economistas clássicos como Adam Smith e David Ricardo
já haviam proposto anteriormente teorias para o valor do trabalho. Entretanto, Karl
Marx (1818-1883) no primeiro volume de “O Capital” (1867), uma das grandes obras
revolucionárias do século XIX, um texto insurrecional, que lançou ao mundo um novo
olhar para as relações de mercado e produção, começa com a seguinte afirmação em seu
Volume I, Capítulo 1 (Souza, 1998):
Muito embora a previsão fatalista de Karl Marx para o capitalismo todavia não
tenha ocorrido, quando anteviu uma irreversível acumulação de capital, em escala cada
vez maior, em um número cada vez menor de mãos, o que provocaria uma inevitável
explosão social, sua famosa publicação estabeleceu precisamente que cada mercadoria
pode ser entendida enquanto "valor de uso", isto é, como um objeto com um uso
específico e, enquanto "valor de troca", qualquer coisa pode ser trocada por outra
mercadoria, segundo razões específicas. Marx acreditava que a noção de valor de uso e
valor de troca não eram muito misteriosas, já que o senso comum e a ciência nos
informam porque é que os objetos têm determinados usos e valores (Souza, 1998).
19
De fato, todas as sociedades têm que produzir seus próprios valores de uso para
sobreviverem, e devem se inter-relacionar com outras sociedades para complementar
seus próprios mercados. Todavia, o valor de troca de qualquer mercadoria, à primeira
vista, poderia nos aparecer como um fenômeno mais surpreendente, e algumas questões
deveriam ser levantadas nesta investigação, como por exemplo:
Por que é que X gramas de trigo irão ter o mesmo valor que Y kg de ferro?
Por que alguns produtos podem ter preços maiores ou menores em alguns
países que em outros?
A resposta de Marx é simples e direta, ele afirma que tudo depende do volume e
qualidade do trabalho necessário na produção de mercadorias, na fabricação das
máquinas usadas nessa produção, na aquisição das matérias-primas necessárias, etc. Em
suma, a quantidade final de trabalho incorporado ao produto explica o valor de troca da
mercadoria acabada. Conjuntos de mercadorias com o mesmo trabalho final
incorporado terão, invariavelmente, o mesmo valor. Estas relações explicam as razões
de troca e os valores das mercadorias como a prerrogativa fundamental do capitalismo
(Souza, 1998).
20
Neste contexto, pode-se argumentar que o tempo dedicado ao trabalho ou à outra
atividade qualquer também pode ser considerado como insumo, matéria prima essencial
na elaboração de todo e qualquer produto, possuindo assim um valor de uso, um valor
de troca, pois satisfaz as necessidades humanas de uma maneira ou de outra, possuindo,
conseqüentemente, um valor intrínseco de troca para as sociedades capitalistas. Desta
forma, o conceito do trabalho socialmente necessário, agregado à aptidão e esforço,
como preconiza “O Capital”, indicaria a avaliação do valor do tempo de acordo com a
função desempenhada, de forma proporcional ao nível salarial do indivíduo. Assim, já
em 1867 Karl Marx poderia estar indicando uma forma diligente de avaliação do valor
do tempo, que mais tarde, no início do século XX, passaria a ser amplamente utilizada
em estudos de viabilidade econômica e de custo-benefício.
Num sentido mais amplo deve-se destacar que, nos aspectos relacionados ao
gerenciamento da demanda, a sustentabilidade dos transportes depende tanto do
comportamento social como da tecnologia utilizada para o deslocamento. O
comportamento social determina o volume e a distribuição temporal de atividades que
devem ser conduzidas; a tecnologia determina se estas atividades são realizadas
satisfatoriamente, sendo benéficas ou não ao ambiente em que estão inseridas (Downs,
1992). Entretanto, a condução de diferentes estratégias políticas pode influenciar tanto o
comportamento humano quanto o desenvolvimento tecnológico, através de incentivos
comportamentais ou opções de utilização de tecnologias diferenciadas, orientando a
evolução dos meios de transportes e da necessidade de deslocamentos, conduzindo
finalmente a um coerente gerenciamento da demanda por transporte.
2.4.1 Introdução
O BTS afirma ainda que nos EUA a demanda foi 80% doméstica em 2000, enquanto
que no Reino Unido cerca de 86,7% dos passageiros voou com destino ou procedência
internacional. Ferrovias e estradas complementaram a demanda doméstica daqueles países.
Estas nações refletem os dois padrões básicos de estruturas de rotas das companhias aéreas,
com uma predominância ou de ligações domésticas ou de ligações internacionais.
As cidades de Tóquio, Osaka e Nagoya, cada uma com um produto interno bruto
maior que muitas nações do mundo, produzem um mercado generoso de viagens através
de todo o arquipélago japonês. Os freqüentes viajantes a negócios internos no Japão
geram cerca de 70% dos quase vinte bilhões de dólares produzidos pelos vôos
domésticos japoneses, transportando cerca de 100 milhões de passageiros todos os anos
(BTS, 2004). Na Tabela 2.3, apresentam-se os aeroportos com maior movimento de
passageiros entre os anos de 2000 e 2004 (ACI, 2005).
Na Tabela 2.3 fica clara o vigor do transporte aéreo Americano, quando dentre
os vinte maiores aeroportos, em movimentos de passageiros, onze se encontram dentro
dos EUA. Através da referida tabela pode-se aferir que até 2003 Pequim não
configurava entre os 20 maiores aeroportos em termos de movimento de passageiros,
mas o ano de 2004 parece haver comprovado a entrada definitiva do Aeroporto
Internacional de Pequim entre os mais importantes do mundo, comprovando a força do
mercado chinês para o transporte aéreo. Pode-se perceber também a constante e acirrada
disputa entre o Aeroporto Charles de Gaulle – CDG e o Aeroporto de Frankfurt – FRA,
24
geograficamente próximos, pelo segundo lugar como hub europeu, depois do
consolidado líder londrino Heathrow – LHR. Nota-se também a clara desaceleração de
todo o mercado de aviação entre 2001 e 2002, depois dos ataques às torres gêmeas em
Nova Iorque. Apenas Madrid, Tóquio e Bangkok experimentaram algum crescimento
neste período. Compreende-se também o papel expoente representado pela TMA-SP,
onde os aeroportos de Guarulhos, Congonhas e Viracopos têm movimentado cerca de
25 milhões de passageiros todos os anos.
Figura 2.1: Principais centros urbanos mundiais até 2020 (Fonte: Airbus – 2005)
27
São Paulo, com mais de vinte e sete milhões de habitantes, representará o maior pólo
gerador de viagens aéreas no continente Sul-americano (AIRBUS, 2005).
De acordo com Ronald Davies, entre 1960 e 1970, o tráfego aéreo internacional
mundial, medido em passageiros-quilômetro, quadruplicou. E quase triplicou na década
seguinte, dobrou na seguinte e, em seguida, entre 1990 e 2000, dobrou novamente. Esse
crescimento vem sendo fenomenal. Para enfatizar este ponto, o crescimento global do
tráfego, somente durante o ano 2000, foi aproximadamente o mesmo da soma total de
todo o crescimento até 1970 (Usinfo, 2000).
Por outro lado, R. Davies afirma que céus congestionados não são a resposta
para o atendimento desta demanda, o necessário crescimento das linhas aéreas não pode
ser simplesmente atendido através da adição de mais aviões. Esta abordagem pode
proporcionar alívio temporário, mas não pode solucionar o problema. Existem hoje,
operando em empresas aéreas regulares e não-regulares, cerca de 18.000 aviões nas
frotas aéreas mundiais. Este número inclui turbo-propulsores, mesmo alguns aviões com
28
motor a pistão, mas não inclui pequenos aviões com menos de quarenta assentos
(Usinfo, 2000).
O autor em tela menciona que se puder ser definida uma taxa média de
crescimento a partir do passado, o número atual se elevará para cerca de 34.000 até
2025. Destes, mesmo permitindo crescimento saudável dos aviões turbopropulsores,
27.000 serão jatos, ou cerca do dobro do número atual. As conseqüências são claras.
Qualquer previsão das especificações do próximo avião de linha de frente a suceder os
Boeings 747 ou A340s, ou mesmo os A380, deve analisar pelo menos até a metade da
vida útil da geração, ou seja, o ano 2025. Para Davies prever-se apenas até o ano 2010 é
perder completamente o curso. Isto não é nem mesmo a metade da vida útil do super-
jumbo, ou mega jato (Usinfo, 2000).
29
começa a ocorrer na TMA-SP, assim como em outros aeroportos concentradores de
tráfego aéreo no Brasil.
Todas as previsões globais de demanda indicam para 2020 mais do que o dobro do
volume de tráfego atual, o que irá aumentar em muito a carga de trabalho no
gerenciamento do tráfego futuro, configurando-se num desafio para os sistemas de
controle de tráfego aéreo e para a capacidade da infra-estrutura aeroportuária existente
nos principais aeroportos e áreas terminais mais movimentadas do planeta (Usinfo, 2000).
31
2.4.3 Céus Abertos e a Liberalização do Transporte Aéreo
32
Uma análise preparada pelo Departamento de Transporte dos EUA demonstra que
os acordos de Céus Abertos reduziram, nos últimos anos, as tarifas para os consumidores
em cerca de 14%, em comparação com menos de 3% nas rotas com países que não têm
Céus Abertos. Eles abriram o caminho para o serviço aéreo a novas cidades em todo o
mundo, criando empregos e valor econômico muito além dos benefícios diretos do serviço.
33
Essas redes internacionais possuem a capacidade de proporcionar serviços
contínuos a centenas de comunidades e conectar essas comunidades com o mercado
global, de uma maneira tão integrada que dificilmente poderia se imaginar esta
realidade há apenas uma década atrás. Da mesma forma que as redes de transporte aéreo
e alianças de linhas aéreas conectaram comunidades em todo o mundo, em escala muito
mais ampla. No século XXI o desenvolvimento e a integração das telecomunicações,
transporte, alfândega e serviços de entrega, em apoio do comércio eletrônico,
revolucionarão a forma como os negócios são realizados.
35
Mas, para tanto, o Brasil deve permanecer atento aos desafios da globalização,
enquanto isso, quanto à competitividade de nosso país permanecemos bem atrás da Suíça
(1º lugar), Finlândia (2º lugar), Dinamarca (3º lugar), EUA (6º lugar), e ainda atrás de
nossos concorrentes sul americanos como o Chile (22º lugar) e Colômbia (75º lugar).
36
CAPÍTULO 3: EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS
“Na lista dos vinte e cinco substantivos mais encontrados em toda a
literatura de língua inglesa ‘time’(tempo) é o mais utilizado”.
(Ciência e Meio Ambiente – Jornal O Estado de São Paulo, 21/06/2006).
37
3.1 APRESENTAÇÃO
3.2.1 Introdução
38
valores de referência para avaliações econômicas do transporte aéreo. Esta metodologia
foi desenvolvida com orientação fornecida pelo Gabinete do Ministro dos Transportes
Americano (Office of the Secretary of Transportation – OST), para o qual o tempo
representa um recurso econômico que pode ser dedicado às atividades de trabalho ou de
lazer, e portanto, deve ser gerido de forma coerente, possuindo valor econômico
proporcional à sua utilidade.
Tabela 3.1: Valores horários recomendados pelo FAA para economias de tempo de viagem
(Valores em US$ para o ano de 2.000)
GAMA DE SENSIBILIDADE
CATEGORIA RECOMENDAÇÃO
Mínima Máxima
Transporte Regular
Pessoal US$ 23,30 US$ 20,00 US$ 30,00
Negócios US$ 40,10 US$ 32,10 US$ 48,10
Qualquer Propósito US$ 28,60 US$ 23,80 US$ 35,60
Aviação Geral
Pessoal US$ 31,50 s.r. s.r.
Negócios US$ 45,00 s.r. s.r.
Qualquer Propósito US$ 37,20 s.r. s.r.
39
econômica simplificada, que um indivíduo pode ajustar a quantidade de tempo dedicada a
uma determinada atividade, seja ela a trabalho ou a lazer, de forma que um pequeno
incremento de tempo consumido nestas atividades seja mensurado em relação ao valor de
seu salário.
Modelos mais realistas reconhecem que este tipo de avaliação pode causar um
desvio significativo no valor dado pelas pessoas a um determinado ganho ou perda de
tempo de viagem, devido às restrições impostas na habilidade de trabalhadores em
gerenciar suas próprias agendas de trabalho, ou a dificuldade de alteração nas condições
sob as quais o tempo é dedicado tanto às atividades de trabalho quanto de lazer.
40
APO – Office of Aviation Policy and Plans (http://apo.faa.gov/pubs.asp ou
http://ostpxweb.dot.gov).
Média de atrasos por vôo (horas) 0,228 0,233 0,243 0,248 0,237 0,237 0,239 0,237
Número de Vôos (milhares) 6.373 6.426 6.332 6.572 6.456 6.661 6.825 7.095
Total de Atrasos (x 1.000 horas) 1.453 1.497 1.539 1.630 1.530 1.579 1.631 1.682
Custo Operacional (US$/hora) 1.686 1.789 1.818 1.954 1.754 1.644 1.571 1.495
Custo Operacional Total (US$ milhões) 2.450 2.679 2.798 3.184 2.684 2.595 2.562 2.514
Receita por Passageiro/Vôo (US$) 94,1 93,3 94,2 92,2 91,9 94,6 92,6 94,8
Atraso de Passageiro (milhões pass./hora) 136,7 139,7 145,0 150,3 140,6 149,3 151,0 159,4
Valor do Tempo do Passageiro (US$/horas) 44,00 44,00 44,00 44,00 44,00 44,00 44,00 44,00
Custo Total do Atraso p/ Pass. (US$ milhões) 6.015 6.147 6.380 6.613 6.186 6.569 6.644 7.014
Custo Total dos Atrasos (US$ milhões) 8.465 8.825 9.178 9.798 8.870 9.165 9.206 9.528
Fonte FAA – Valores em US$ de 1994
41
num breve intervalo de tempo. Como exemplo, Odoni (1987) cita o Aeroporto de Atlanta, na
Geórgia, então o principal hub da Delta Airlines, onde pelo menos seis vezes ao dia grupos de
100 vôos chegavam e partiam em períodos de cerca de uma hora.
Figura 3.1: Volume de atrasos anuais desde 1991 a 2003 (Fonte: FAA, 2004).
43
De acordo com o dados do OPSNET cerca de 316.888 vôos atrasaram 15
minutos ou mais em 2003, um aumento de 31.239 vôos atrasados ou 10,9% a mais que
os 285.649 atrasos ocorridos em 2002. A Figura 3.1 ilustra a evolução dos atrasos
anuais registrados pela OPSNET desde 1991 a 2003, nota-se claramente a significativa
queda no volume de atrasos devido à redução das operações aéreas após os ataques de
11 de setembro de 2001.
A Figura 3.2 ilustra a evolução dos atrasos a cada mês de 2002 e 2003. Percebe-
se que oito meses de 2003 tiveram atrasos superiores aos meses correspondentes de
2002, alguns significativamente ainda mais elevados. De acordo com o FAA, enquanto
o transporte aéreo se recupera do trauma de 11 de setembro de 2001, mais atrasos
podem ser esperados sem que haja um respectivo e necessário aumento de capacidade
(ACE Plan, 2003).
44
Figura 3.3: Atrasos mensais a cada 1.000 operações para os anos de 2002 e 2003
(Fonte: FAA, 2004)
Um dos aspectos mais importantes do sistema OPSNET é que este atribui a cada
atraso ocorrido um fator causal, entre várias opções, a saber: clima, volume de tráfego,
falha de equipamento, pistas fechadas e outras causas. No Brasil este tipo de análise não
seria possível uma vez que os dados colhidos de cada vôo não registram qualquer motivo
de atraso ocorrido. De acordo com o Federal Aviation Administration – FAA a principal
causa de atrasos variou muito pouco nos últimos anos nos EUA, a grande maioria destes
se relaciona às imponderáveis causas climáticas, entre 65 e 75 por cento, e em segundo
lugar uma parcela bem menor, mais ainda significativa, de atrasos causados por volume
de operações (tráfego), entre 12 e 22 por cento. A Figura 3.4 ilustra a distribuição de
atrasos e respectivas causas para o ano de 2003
45
estratégias de planejamento da capacidade dos principais aeroportos dos Estados Unidos, que
inclui a avaliação da viabilidade técnica de novos sistemas de pistas e equipamentos.
Figura 3.4: Os atrasos de 2003 e suas respectivas causas (Fonte: FAA, 2004)
46
configurações aeroportuárias adicionais foram analisadas com relação ao progressivo
agravamento das condições climáticas nos EUA, que vêm ocorrendo invariavelmente
naquele país nos últimos anos.
Figura 3.5: Variação do volume de atrasos em alguns aeroportos americanos a cada mil
operações (Fonte: FAA, 2004).
47
Contudo, além dos relatórios e estudos divulgados periodicamente pelo FAA, o DOT,
através do Escritório de Estatística do Transporte – BTS (Bureau of Transportation Statistics)
também acompanha a performance dos vôos domésticos operados pelas companhias
americanas de maior porte. Informações detalhadas sobre o volume de atrasos, cancelamentos
e desvio de operações são divulgados todos os meses no endereço virtual do BTS
(http://www.transtats.bts.gov) pelo Air Travel Consumer Report, publicado poucos dias após
o final de cada mês. O BTS iniciou a coleta de causas de atrasos em vôo a partir de junho de
2003, e informações estatísticas e dados não trabalhados estão sempre disponibilizados.
Tabela 3.3: Dados de volume de atrasos da OPSNET para alguns aeroportos americanos
(Fonte: FAA, 2004)
48
Figura 3.6: Custo anual dos atrasos e alternativas de incremento de capacidade em Atlanta – EUA
(Fonte: FAA, 1995)
Aeroporto
Internacional de
Houston
Figura 3.7: Custo anual dos atrasos e alternativas de incremento de capacidade em Houston – EUA
(Fonte: FAA, 1993)
49
3.3 UNIÃO EUROPÉIA – UE
3.3.1 Introdução
Há alguns anos atrás, um em cada três vôos na Europa já era considerado como
atrasado ainda antes da partida, e metade destes atrasos era causada pela falta de
capacidade de gerenciamento do espaço aéreo – ATM. Contudo, entre 2002/2003, com
o estabelecimento de políticas e estratégias de combate aos congestionamentos aéreos,
os atrasos relacionados à ATM foram substancialmente reduzidos. Hoje apenas um em
cada cinco vôos europeus está atrasado, e menos de um quinto destes estão relacionados
a causas ligadas a causas de gerenciamento do espaço aéreo, este foi o menor nível de
atrasos de ATM desde que os registros europeus foram unificados, em 1996 (CODA,
2005). O EUROCONTROL é a agência responsável pelo monitoramento e análise de
atrasos ocorridos na maior parte do continente europeu, através de seu escritório central
CODA (Central Office for Delay Analysis), representando também um papel crucial na
otimização de capacidade de ATM através da CFMU (Central Flow Management Unit),
que atualmente gerencia cerca de 26.000 vôos a cada dia (EUROCONTROL, 2005).
51
Figura 3.9: Movimentos típicos diários ocorridos entre 2003 e 2005 na Europa
(Fonte: eCoda, 2005)
Um sistema comum de gestão do tráfego aéreo para toda a Europa pode tornar as
viagens aéreas mais eficientes. A atual manta de retalhos de sistemas nacionais causa
atrasos e custos maiores. A criação de um “céu único europeu” (conforme proposta da
Comissão Européia) reestruturará o espaço aéreo daquele continente de acordo com os
fluxos de tráfego e não com as fronteiras nacionais. Os benefícios daí decorrentes são
óbvios (Air Traffic Technology International, 2006):
52
O EUROCONTROL edita previsões de longo prazo a cada dois anos. A Figura
3.10 ilustra estas previsões de longo prazo para quatro cenários considerados possíveis
para a indústria européia de transporte aéreo nos próximos 20 anos.
53
Européia a partir de um país não-comunitário, desde que tenham sido transportados num
vôo operado por uma empresa aérea da UE.
54
EUROCONTROL, de gerenciamento do espaço aéreo e coleta das tarifas relacionadas,
dão à agência acesso privilegiado aos dados de cada vôo que cruza seu espaço aéreo.
Estas informações são ainda cruzadas com os números fornecidos diretamente por cada
estado, dando a agência um panorama completo do status quo da capacidade ofertada e
da demanda ocorrida no transporte aéreo naquele continente.
56
atrasos na chegada, com 18,5% atrasado em mais de quinze minutos. Contudo, estes
valores podem ser compensados com cerca de 34% de pousos que chegaram antes do
horário previsto. Com relação aos atrasos relativos ao ATFM (Air Traffic Flow
Management), apesar do crescimento do volume de tráfego, o atraso médio por
movimento permaneceu em 2004 como o mais baixo desde que o CFMU começou a
operar, diminuindo cerca de 3,7% para 1,7 minutos. Em contrapartida o atraso total de
ATFM aumentou em 0,7% (CODA, 2005).
Figura 3.11: Relação de atraso em cada segmento de vôo na eu, em outubro de 2005
(Fonte: eCoda, 2005)
57
O atraso médio para o tráfego de chegada na Europa em 2004 foi de pouco mais
de dez minutos, para todas as causas de atraso, o que representou um aumento de 5%
em relação a 2003. Trinta e nove por cento dos vôos europeus sofreram algum atraso na
chegada, com 18,5% com atrasos superiores a quinze minutos. Para compensar esses
valores 34% dos vôos na Europa pousaram antes do horário previsto
(EUROCONTROL, 2004). A Figura 3.11 ilustra o volume de atrasos ocorridos na
Europa, em cada segmento de vôo durante o mês de outubro de 2005.
Quarenta e dois por cento dos aeroportos mais movimentados, com mais de
15.000 vôos ao ano, tiveram um atraso médio por movimento maior que dez minutos.
Londres/Heathrow foi o aeroporto mais afetado, com um atraso médio de quatorze
minutos, seguido por Belfast, Edinburgh, Paris/Charles de Gaulle e Roma/Fiumicino.
Comparado a 2003, 38% dos aeroportos mais movimentados da Europa tiveram um
aumento no valor do atraso médio de mais de um minuto, como Londres/Luton (mais de
quatro minutos), Manchester, Varsóvia, Edimburgo, Alicante, Viena e Madrid. Estes
aumentos podem ser contrapostos pelas reduções nos valores dos atrasos médios em
Roma/Fiumicino (menos três minutos), Praga, Nápoles, Milão/Linate e Zurique (menos
um minuto). No todo, cerca de 15% dos aeroportos europeus obtiveram uma redução
nos valores de seus atrasos médios em mais de um minuto (EUROCONTROL, 2004).
58
atrasos importantes foi Paris-Zurique, que com 42% dos 4.323 vôos atrasados em suas
ligações apresentou um atraso médio de 8,5 minutos.
Figura 3.12: Alguns dos pares de cidades mais afetados por atrasos na UE em 2004
Uma análise dos fatores causais para os atrasos do transporte aéreo europeu,
agrupados por códigos estabelecidos pela IATA (Figura 3.13), mostra que os
59
relacionados à capacidade de processamento do ATFM em rota foram os mais severos
em 2004, com 38,5% de participação nos atrasos contabilizados, seguidos por restrições
devido ao clima no destino com 20,0%, infra-estrutura aeroportuária com 15,1% e
equipamentos e pessoal de ATFM em rota com 9,3% do total das causas de atrasos. Na
Europa os atrasos em rota representam mais da metade do total, cerca de 52%, seguidos
pelos atrasos na chegada ao destino com 44% (CODA, 2005). O EUROCONTROL
destaca ainda que o volume de atrasos relacionados à partida, na origem dos vôos,
contabilizou apenas 4% dos atrasos ocorridos em 2004, traduzindo o sucesso das
estratégias e tecnologia utilizadas no gerenciamento do espaço aéreo europeu, nos
procedimentos de saída estabelecidos pelo EUROCONTROL.
60
3.4 OUTRAS MOTIVAÇÕES TEÓRICAS
3.4.1 Introdução
61
de operações entre 1997 e 2000. Tanto pela abertura de novas rotas e ligações, quanto pelo
fornecimento de mais freqüência para as rotas existentes (Nombela G. et al., 2002).
2. Existem efeitos de propagação entre eventos espaçados por até uma hora –
quando há problemas em um certo momento do dia, todos os momentos
subseqüentes são afetados;
Em termos anuais, assumindo que o mês de julho poderia ser considerado como
mês típico para as atividades do Aeroporto de Madrid, os custos totais dos atrasos e
congestionamentos para o ano de 2000 chegaria a soma de 664,8 milhões de €. Em
62
termos marginais, cada vôo atrasado no Aeroporto de Madrid causaria custos da ordem
de 7.000 €, em julho de 2000 (Nombela G. et al.)
A maior parte destes custos de atrasos, £ 130 milhões por ano, está relacionada
aos impactos econômicos impostos às empresas de transportes urbanos. Estimou-se para
os usuários dos diversos modais de transporte urbano, um custo de £ 100 milhões por
ano, relacionados ao tempo perdido em congestionamentos na cidade de Londres
(Oxford Economic Forecasting, 2003).
£ 5,50 por hora para o valor do tempo de lazer, baseado nos padrões
estabelecidos pelo Departamento de Transportes para projetos relacionados no
Reino Unido. Entretanto, o salário médio do trabalhador da cidade de Londres
chega a ser o dobro do trabalhador típico do Reino Unido. Utilizando se o
salário médio do trabalhador londrino, chegar-se-á a um impacto econômico
induzido pelos atrasos na cidade de Londres de £ 370 milhões por ano.
Tabela 3.4: Visão geral dos estudos mais recentes para o valor do tempo (valores em US$)
ÔNIBUS/CARRO TREM/METRO
PAÍS/ESTUDO ANO
Pessoal Negócios Outro Todos Pessoal Negócios Outro Todos
64
O trabalho intitulado “Time Is Money - The Valuation of Travel Time Savings in
Switzerland”, apresentou também uma compilação de estudos realizados em diversos
países. O resultado desta compilação está apresentado na Tabela 3.4.
65
na referida cidade, um situado dentro e outro fora da área urbana. Os
questionários foram elaborados com dois atributos, tempo e custo de
viagem, e tiveram por base o tempo real de viagem dos usuários
entrevistados. As alternativas consideradas foram ônibus e automóvel.
Encontrou-se na época uma renda domiciliar média de 14,25 salários
mínimos, e 58% dos respondentes havia se deslocado de ônibus até o
shopping center.
66
Tabela 3.5: Valores do Tempo de viagem encontrados em estudos desenvolvidos no Brasil
ESTUDO
Senna (1994) Goldner et al.(1994) Caldas (1995) Arruda (1995)
Cidade Porto Alegre Rio de Janeiro Rio de Janeiro Fortaleza
Motivo de Viagem Trabalho Compras Trabalho Trabalho
1
Renda Média – 14,25 3,78 6,05
2
Valor do Tempo 1,66 0,84 0,13 0,27
1: As rendas médias estão expressas em valores salários mínimos.
2: Os valores para o tempo de viagem estão expressos em US$ de 1994, conforme a referência original.
Fonte: Arruda J., 1996
67
CAPÍTULO 4: METODOLOGIA PROPOSTA
“A incompletude é intrínseca à natureza, que requer grande arte ou
sabedoria para despertar a consciência de que é chegado o tempo
para se largar o pincel e completar a ação”. (Jean Monnet)
68
4.1 APRESENTAÇÃO
69
Subsistemas de chegada/saída de aeronaves, formados pelas pistas de pouso e
decolagem e parte do espaço aéreo, considerando a aproximação final e subida
inicial;
70
De uma forma geral, durante as duas últimas décadas, o crescimento da demanda
por transporte aéreo suplantou as possibilidades do sistema em prover instalações
adequadas para acomodar tal crescimento. Por esta razão, alguns elementos do sistema do
transporte aéreo têm sido, cada vez mais, utilizados além da sua capacidade projetada,
resultando no comprometimento do serviço oferecido (Horonjeff e McKelvey, 1983).
Capacidade Ideal
Atraso = 0 (zero)
72
atividade. Porém, para esta definição, não se tem uma medida direta da magnitude do
respectivo congestionamento e dos conseqüentes atraso.
Por outro lado, a capacidade de um aeroporto não é constante. Ela pode variar
consideravelmente, durante um dia ou ao longo de um ano, devido a fatores físicos e
operacionais como, por exemplo, configuração dos componentes do aeródromo e do
espaço aéreo, regras e procedimentos de controle de tráfego aéreo, condições
meteorológicas e a composição da frota de aeronaves que operam no aeroporto (mix de
aeronaves). Contudo, exatamente pela virtual imprevisibilidade da demanda e do
comportamento operacional de um aeródromo, é que se fazem necessárias a permanente
atenção nas questões relacionadas aos potenciais atrasos e congestionamentos em áreas
terminais de grande movimentação.
73
aeródromo poderia acomodá-las em uma ocupação média determinada somente pelo
tempo necessário para movê-las através das instalações (U.S. Congress, 1984).
74
A determinação do nível de aceitabilidade de atrasos/congestionamento é a chave
para o conceito de capacidade prática. Diferentemente de capacidade máxima, que pode ser
determinada objetivamente pela análise dos componentes do aeródromo e pelos padrões do
tráfego, capacidade prática é um valor determinado, um consenso entre usuários, operadores
e planejadores de aeroportos sobre quanto atraso pode ser tolerado (Wells, 1996).
75
operação ideal, como a direção de vento, condições meteorológicas adversas,
características do desempenho das aeronaves e perfil não uniforme de demanda.
Segundo, algumas vezes eliminar parte do atraso poderia ser muito caro e
injustificável, pois o custo de algumas medidas poderia exceder o benefício
potencial.
Terceiro, deve-se considerar que, mesmo com a aplicação das medidas mais
eficientes, devido à natureza aleatória do atraso, haverá sempre a
possibilidade de alguma aeronave incorrer em atrasos maiores que o limite
médio aceitável.
76
impostas, como conseqüência, aos usuários do transporte aéreo, que resultam de
cancelamento de etapas de vôo ou por perda de conexão (Bratu S. e Barnhart C., 2004).
1. Cálculo do tempo de vôo real ocorrido para cada rota operada regularmente;
Desta forma os atrasos no Gate são importantes para os passageiros, devendo ser
considerados adequadamente nas respectivas análises de seus impactos econômicos.
Assim, se faz necessária uma adequada consideração do tempo perdido pelos usuários
do transporte aéreo antes do embarque na aeronave, para o correto diagnóstico dos
impactos econômicos sofridos por passageiros do transporte aéreo.
O volume destes atrasos pode ser determinado pela diferença entre o horário
previsto de cada partida, dados de HOTRAN, e a hora real de ocorrência desta
operação. Através da consolidação de todos os atrasos de partida e chegada ocorridos,
na consulta a um banco de dados adequado, determina-se o volume total de atrasos
percebidos por passageiros em todas as operações.
Em função da análise de vários estudos, Small (1992) sugere que a relação Valor
do Tempo/Salário-Hora varia de 20% a 100% nas cidades industrializadas e até mais de
100% entre grupos populacionais especiais. Contudo, na metodologia aqui descrita, para
passageiros viajando a negócios (a trabalho) propõe-se a consideração de 100% de seu
salário/hora, e para passageiros viajando por motivos pessoais (turismo, visitas ou
tratamento médico), considera-se 70% de seu salário/hora.
81
Tabela 4.1: Valor do Tempo para passageiros do transporte aéreo
Qualquer outro propósito de viagem, que não for identificável em pesquisa de perfil
de passageiros, não seria considerado em avaliações econômicas de atrasos e
congestionamentos, exatamente por deixarem indefinidos os seus reais motivos de viagem.
Via de regra estes valores representam uma pequena parcela de usuários nestas pesquisas.
ou
En = Ian x sm (4.3)
Ian = Impacto dos atrasos ocorridos para passageiros viajando a negócios (hora);
82
sm = salário-hora médio dos passageiros (Reais/hora – R$/h).
n
Ep = ∑
i =1
(ai x ppi) x (sm x 0,70) (4.4)
onde: Ep = Impacto econômico para passageiros viajando por motivos pessoais (Reais – R$);
ou
onde: Ep = Impacto econômico para passageiros viajando por motivos pessoais (Reais – R$);
Iap = Impacto dos atrasos ocorridos para passageiros viajando por motivos pessoais;
Eu = En + Ep (4.6)
onde: Eu = Impacto econômico gerado aos usuários do transporte aéreo (Reais – R$);
Ep = Impacto econômico para passageiros viajando por motivos pessoais (Reais – R$).
83
Et = Ea + Eu (4.7)
onde: Et = Impacto econômico total gerado por atrasos e congestionamentos (Reais – R$)
4.8 CONCLUSÕES
84
concretizado, na prática, na forma de redes e sistemas com habilidade para receber,
transferir e utilizar, de forma correta, dados oriundos de sistemas diversificados de
informação (SERPRO, 2005).
Data real da partida – Dia/Mês/Ano e Hora real de partida – Hora da retirada dos
calços do trem de pouso;
85
Data real da chegada – Dia/Mês/Ano e Hora real de chegada – Hora da
colocação dos calços do trem de pouso;
86
Definição de Atraso
1 - Avaliação do Volume
de Atrasos Ocorridos
(Horas)
87
CAPÍTULO 5: AEROPORTOS EM ESTUDO
“Carpe diem, quam minimum credula postero”
Aproveita o dia presente, e não confie no amanhã. (Horácio)
88
5.1 APRESENTAÇÃO
São Paulo não só constitui a maior cidade do Brasil, como um dos maiores
centros urbanos do mundo, com uma população de cerca de 18 milhões de habitantes
residindo em sua região metropolitana, além de ser a capital do estado brasileiro que
contribui com quase 32% do PIB nacional (IBGE, 2003). A cidade é também
considerada como maior centro de negócios do país, concentrando escritórios que
atendem às principais empresas nacionais e multinacionais instaladas no país. Assim
sendo, recebe, portanto, um grande número de visitantes e executivos das principais
cidades brasileiras e de todo o mundo. Dos 300 grandes conglomerados empresariais
instalados no país cerca de 30% encontram-se em São Paulo, configurando a região
metropolitana de sua capital como a de maior importância econômica para o nosso país.
90
A circulação aérea, em uma área terminal, é elaborada para uma navegação
baseada em sinais emitidos por auxílios situados no solo, tais como VOR e NDB. Assim
sendo, as aeronaves que navegam dentro de uma TMA necessitam sintonizar seus
auxílios de rádio a fim de executarem sua navegação, a partir das suas posições relativas
às estações de referência. Os tráfegos de chegada, na medida em que se aproximam dos
aeródromos, tornam-se mais próximos uns dos outros. De forma inversamente análoga,
nas partidas, à medida que se afastam dos aeroportos, as aeronaves tendem a voar mais
espaçadas umas das outras, facilitando o serviço dos controladores.
91
Um STAR é responsável por padronizar as rotas de chegada a partir da entrada da TMA
até o ponto onde a aeronave irá iniciar uma IAC – Instrument Arrival Chart ou será
direcionada para o início de uma IAC. Em contrapartida, as SIDs são procedimentos
padronizados para rotas de saída da TMA, a partir da decolagem.
92
1. Manter as separações mínimas estabelecidas entre aeronaves;
A separação vertical mínima entre aeronaves sob controle de um APP deve ser
de 300 m (1.000 pés). A separação horizontal mínima entre uma aeronave que decola e
outra na aproximação final deve ser estabelecida através da coordenação entre o APP e
a TWR, mas nunca poderá ser inferior a 5,6 km (3 NM), considerando que a aeronave
decolando deverá ter ultrapassado o final da pista. Utilizando-se o radar de terminal a
separação horizontal será de 9,3 km (5NM). Quando as especificações técnicas e
operacionais permitirem, sempre a critério do DECEA, a separação horizontal mínima
poderá ser reduzida até 5,6 km (3 NM).
94
Para aeronaves em procedimento de decolagem a separação não-radar deverá ser
no mínimo de 2 minutos entre aeronaves LEVES ou MÉDIAS que decolarem após uma
aeronave PESADA, quando estas aeronaves utilizarem a mesma pista, ou pistas
paralelas com separação entre eixos menor que 760 m, ou pistas transversais quando as
trajetórias se intersectarem ou ainda quando utilizarem pistas paralelas separadas por
mais de 760 m se as trajetórias de vôo se cruzarem.
A área onde Congonhas está localizado foi selecionada por suas condições
naturais: visibilidade, drenagem e terreno desocupado e plano que, na época, permitiria
95
a construção de até quatro pistas. Além disso, na ocasião, o fato de estar bastante
distante do centro urbano foi determinante para a definição do novo sítio aeroportuário.
O sítio atual ocupa uma área de 1,6 km², possuindo duas pistas de pouso e
decolagem (1.940 x 45 m e 1.435 x 49 m), com um espaçamento entre pistas de 217 m. um
pátio de aeronaves com vinte e cinco posições e cerca de 77.000 m², e um terminal de
passageiros com 51.000 m² com capacidade de atender a doze milhões de passageiros por
ano (INFRAERO, 2005).
Contudo, exatamente por estar hoje completamente envolvido pela malha urbana de São
Paulo, sofrendo graves pressões da comunidade no entorno, o aeroporto de Congonhas
enfrenta sérios desafios para o incremento de sua capacidade, que já opera nos limites do
conforto e da segurança. A Tabela 5.2 e a Figura 5.2 ilustram a configuração e os números
representativos de sua operação atual.
96
Tabela 5.2: Capacidade e demanda para o terminal de passageiros e sistema de pistas de
Congonhas – SBSP
Capacidade do TEPAX Demanda de Passageiros
Área (m²) Situação Pax /Ano Horz. Pessimista Media Otimista
37.000 2004 6.000.000 2004 - 13.611.227 -
2010 18.724.460 22.292.482 26.360.244
51.000 Implantado 12.000.000* 2015 25.515.088 30.351.426 35.881.524
2025 47.203.592 55.787.966 65.743.213
*Obs: O terminal de passageiros já está operando acima de sua capacidade, mesmo com as reformas de
ampliação que sofreu no ano passado, comprometendo o conforto de seus usuários (Fonte: IAC, 2005).
97
5.4
98
5.4 AEROPORTO INTERNACIONAL DE SÃO PAULO/GUARULHOS
Construída no início da década de 40, a Base Aérea de São Paulo foi inaugurada em
1941. Sua finalidade era defender todo o estado de São Paulo, desde então o maior centro
industrial do país, no período em que o mundo estava abalado pela II Guerra Mundial.
99
O Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos opera como uma verdadeira
cidade. Diariamente, cerca de 100 mil pessoas transitam pelo aeroporto que liga São Paulo a
23 países e 75 cidades brasileiras e estrangeiras. São 370 empresas instaladas, mais de 22
mil empregos diretos e 60 mil empregos indiretos. A Tabela 5.3 apresenta a capacidade e os
números representativos da demanda para sua operação atual e futura.
Tabela 5.3: Capacidade e demanda para o terminal de passageiros, sistema de pistas e terminal de
carga de Guarulhos – SBGR
Capacidade do TEPAX Demanda de Passageiros
Área (m²) Situação Pax /Ano Horz. Pessimista Media Otimista
183.880 Atual 17.000.000 2004 - 12.940.193 -
2010 18.973.962 22.334.707 25.952.496
Em
347.879 29.000.000 2015 26.056.165 30.784.445 35.876.728
Licitação*
2025 46.404.475 55.349.880 65.038.441
*Obs: Com a implementação do Terminal 3 a capacidade de processamento ficaria ampliada em 12.000.000 de
passageiros/ano, passando a atender até a demanda pessimista para 2015 (Fonte: IAC, 2005)
100
O Aeroporto Internacional de Guarulhos é também um dos principais modais de
logística de carga aérea do Brasil. A demanda de vôos diários internacionais transporta
desde frutas produzidas no Vale do São Francisco aos medicamentos mais sofisticados
criados pela indústria farmacêutica nacional e internacional. O terminal de cargas do
aeroporto é o maior da América do Sul e na América Latina perde apenas para o da
Cidade do México, que absorve uma significativa demanda por estar próximo aos EUA.
O sítio aeroportuário de Guarulhos ocupa uma área de 13.774.086 m², com duas
pistas de pouso e decolagem, com 3.700 x 45 m e 3.000 x 45 m, com espaçamento entre
pistas de 375 m e capacidade para atender até 330.000 movimentos anuais de pousos e
decolagens. Um pátio de aeronaves com 468.110 m² e 66 posições de estacionamento.
Dois terminais de passageiros, cada um com 91.940 m² e capacidade para atender
17.000.000 de passageiros por ano, a construção do terceiro terminal elevará a
capacidade de processamento de passageiros para 29 milhões/ano (INFRAERO, 2005).
A utilização padrão da pista é operar pousos na pista 09R/27L, e partidas pela pista
09L/27R, mais extensa. Embora o comprimento da 09R/27L seja suficiente para a
maioria das operações, alguns vôos de longa distância podem enfrentar limites de carga
paga nos dias mais quentes, condição agravada pela elevação do aeroporto (750 m).
101
Figura 5.3: Configuração do Aeroporto de Guarulhos e a demanda observada para os anos de
2002, 2003 e 2004 (Fonte: IAC, 2006)
102
5.5 AEROPORTO INTERNACIONAL DE CAMPINAS/ VIRACOPOS
Viracopos foi fundado em 1960, junto com a geração dos jatos. Sua longa pista
de 3.240m x 45m foi construída para receber com segurança os quadrimotores à jato de
primeira geração: Comet, VC-10, DC-8, Convair 880, 990 e Boeing 707. Com a
crescente utilização desses tipos de aeronave, a partir de 1958, era imperioso poder
contar com um aeroporto de alternativa para o Galeão, na época o único com pistas
longas o suficiente para receber aquelas modernas aeronaves. E foi pensando em buscar
um local de condições climáticas ideais que os estudos apontaram para a construção de
um novo aeroporto internacional em uma região cujo excelente micro-clima seria a
garantia de boas condições operacionais, até mesmo no mais rigoroso inverno. Em dias
assim, não é raro que todos os aeroportos do sudeste do Brasil fechem ou operem por
103
instrumentos, com exceção de Viracopos, que permaneceria aberto e recebendo vôos
destinados a outros aeroportos, temporariamente sem condições de operação.
Das empresas aéreas brasileiras, a Transbrasil operava um vôo que saía cedo para o
Rio (B-727) e depois a VASP fez o mesmo. A Varig só operava vôos cargueiros, e algumas
vezes, um charter com o DC-10. Viracopos era também usado para vôos de treinamento de
tripulações de B-727, B-737, DC-10 e Electra. Nestas ocasiões, podiam ser observadas
diversas operações de toque e arremetida.
104
Localizado a 14 quilômetros do centro de Campinas e a 99 quilômetros de São
Paulo, o Aeroporto Internacional de Viracopos tem acesso pelas rodovias Santos-Dumont,
Bandeirantes e Anhanguera. Em um dos mais importantes pólos tecnológicos do país, na
Cidade de Campinas, o qual é servido pelas principais universidades, rodovias e empresas
de tecnologia de ponta, o aeroporto é hoje um dos mais expressivos centros de
investimento da INFRAERO. O “velho campo de pouso”, como era chamado, tornou-se
um dos principais pontos de conexão da América Latina. O atual Terminal de Logística
de Carga de Importação e Exportação possui uma área de mais de 81 mil metros
quadrados. Na década de 90 o aeroporto começou a despontar para o segmento de Carga
Aérea Internacional, evidenciando sua vocação cargueira. Desde 1995 a INFRAERO
realiza investimentos para implantação da primeira fase do Plano Diretor do aeroporto,
com melhorias nos terminais de cargas e de passageiros. A Tabela 5.4 apresenta a
capacidade e os números representativos da demanda para sua operação atual e futura.
105
Viracopos, atualmente concentradas nos aeroportos de Guarulhos e Congonhas, e,
conseqüentemente, redistribuirá o tráfego aéreo de São Paulo (INFRAERO, 2005).
106
Figura 5.4: Configuração do Aeroporto de Campinas e a demanda observada para os
anos de 2002, 2003 e 2004 (Fonte: IAC, 2006)
107
CAPÍTULO 6: AVALIAÇÃO DO IMPACTO ECONÔMICO
O CASO DA ÁREA TERMINAL DE SÃO PAULO
“Há um grande e permanente mistério. Todos nós fazemos parte dele, todos o
conhecem, mas muito poucos chegam a considerá-lo. A maioria simplesmente o
aceita como ele é, não dedicando a ele nem sequer um momento de reflexão.
Este mistério cotidiano é o tempo”. (Michael Ende)
108
6.1 APRESENTAÇÃO
109
ocorridas ao longo daquele ano de operação dos aeroportos de Congonhas – SBSP,
Guarulhos – SBGR e Viracopos – SBKP, cujas infra-estruturas e características
operacionais se encontram descritas no capítulo anterior.
A utilização dos resultados da referida pesquisa se faz possível, uma vez que seus
autores usaram os mesmos parâmetros básicos para determinação de atrasos, como o
110
atraso máximo aceitável, por exemplo, e o mesmo banco de dados fornecido à
DAC/ANAC no ano de 2001, que contém as operações ocorridas na Área Terminal de
São Paulo, e que também será utilizado no estudo de caso aqui proposto para a avaliação
dos impactos induzidos aos usuários do transporte aéreo.
B727
1%
E145
Outras
3%
7%
M D11 E120
1% 11%
B737
B767 42%
2%
A320
9%
F100
24%
TRANSBRASIL
3,7%
TAM
GOL
34,7%
3,5%
VASP
9,2%
OUTRAS
RIO SUL 7,4%
15,6%
NORDESTE VARIG
1,6% 24,3%
111
Baseando-se na metodologia proposta por Guedes et al. Conclui-se que o volume
total de atrasos foi de 110.258 horas, que resultou num acréscimo de custo operacional, para
as empresas aéreas brasileiras que utilizaram os principais aeroportos da TMA-SP em 2001,
da ordem de US$ 206.815.000, ou cerca de R$ 479.800.000, considerando o valordo dólar
em dezembro de 2001 igual a R$ 2,32 (Fonte: Jornal Estado de São Paulo, 2006).
Através da análise das duas figuras anteriores pode-se notar que as empresas
aéreas que mais sofreram atrasos no ano de 2001 foram a TAM (34,7%) e o Grupo
VARIG, representado pela própria VARIG, a NORDESTE e a RIO SUL, que perfazem
um total de 41,5% de todos os vôos atrasados.
n
Ia= ∑
i =1
(ai x pi) (6.1)
Ia = 37.989.951 passageiros-horas
Contudo, como para o período investigado, ou seja, para o ano de 2001 não
havia referência sobre qualquer pesquisa de usuário do transporte aéreo na área terminal
em estudo, posto que a última pesquisa deste gênero já datava de quase vinte anos, serão
utilizados os resultados da pesquisa do usuário do transporte aéreo brasileiro realizada
pelo DAC/ANAC no ano de 2005. Neste sentido considerou-se que o perfil do usuário
não houvesse sofrido alterações significativas ao longo dos últimos quatro anos. Sem
113
embargo, deve-se ressaltar também que os resultados divulgados pela referida pesquisa
de usuário estabelecem resultados para as Regiões do Brasil, quando o ideal seria que
estes valores fossem estabelecidos separadamente para cada aeroporto avaliado.
Tabela 6.1: Resultados da Pesquisa de Usuário do Transporte Aéreo – Por Região do Brasil
CLASSE
C. Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul
(Salário Médio)
A1 (R$ 7.793) 10% 7% 6% 8% 8%
A2 (R$ 4.648) 33% 30% 25% 32% 33%
B1 (R$ 2.804) 30% 30% 28% 32% 30%
B2 (R$ 1.669) 17% 19% 21% 19% 21%
C (R$ 927) 9% 13% 15% 9% 8%
D (R$ 424) 1% 1% 4% 1% 1%
E (R$ 207) 0% 0% 0% 0% 0%
MOTIVO DE VIAGEM C. Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul
Lazer 11% 22% 14% 15% 17%
Trabalho 82% 68% 72% 75% 76%
Tratamento Médico 2% 2% 5% 2% 1%
Visita 4% 6% 6% 6% 5%
Outros 1% 2% 3% 2% 1%
Fonte: DAC/ANAC – 2005
Observa-se, na tabela acima, que a maior parte dos passageiros que utiliza os
aeroportos brasileiros viaja a negócios. Percebe-se também que a maioria destes
passageiros pertence à classe média alta, mais especificamente às classes A2 e B1,
como já era de se esperar.
114
trabalho (sm), quando considera-se 1.920 horas de trabalho por ano, resultado
de uma jornada diária de oito horas de trabalho, cinco dias por semana, ao
longo de 48 semanas de trabalho por ano (13º salário e férias anuais afiançados
por legislação trabalhista brasileira, instituído pela Lei 4.090, de 13/07/1962,
regulamentado pelo Decreto 57.155, de 03/11/1965, e direito garantido pelo
art.7º da Constituição Federal de 1988).
Vale salientar, mais uma vez, que as viagens identificadas na pesquisa do DAC
por “outros” motivos não serão consideradas nesta avaliação, uma vez que o real motivo
de viagem destes usuários estaria indefinido. Fica assim verificado que o Valor do Tempo
para o passageiro que utilize a TMA-SP seria igual a R$ 23,10, para os usuários viajando a
negócios neste estudo de caso, e para passageiros viajando por motivos pessoais este valor
assumiria a quantia de R$ 16,17, ou 70% do salário/hora médio observado.
115
passageiros viajando a negócios este impacto seria igual a 75% do total de 37.989.951
passageiros-horas (Ia), ou 28.492.464 passageiros-horas. Em complementação, para os
usuários viajando por motivos pessoais este valor seria igual a 23% de Ia ou 8.737.689
passageiros-horas, ou conforme identificado a seguir:
Iap = Impacto dos atrasos ocorridos para passageiros a viajando por motivos pessoais
(passageiros-horas).
Desta forma pode-se concluir que o impacto econômico total gerado aos
passageiros retidos em atrasos na área terminal de São Paulo, no ano de 2001, seria da
ordem de R$ 738.200.000, ou de acordo com o cálculo abaixo:
Eu = En + Ep (6.2)
onde: Eu = Impacto econômico gerado aos usuários do transporte aéreo (Reais – R$);
Ep = Impacto econômico para passageiros viajando por motivos pessoais (Reais – R$).
ou
116
Eu = R$ 658.176.000 + R$ 141.288.000
assim:
Eu = R$ 799.464.000
A Figura 6.3, a seguir, ilustra a evolução mês a mês do impacto para passageiros
retidos em atrasos na Área Terminal de São Paulo, durante o ano de 2001. A Figura 6.4
mostra a contribuição de cada empresa nacional nos impactos de atrasos impostos aos
usuários da referida área terminal, durante o mesmo período.
4.000.000
3.500.000
3.000.000
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Figura 6.3: Evolução mensal dos impactos de atrasos na TMA-SP, durante o ano de 2001
(Fonte: DAC, 2001)
O Gráfico 6.4 mostra que, mais uma vez, a participação nos atrasos impostos aos
passageiros do Grupo VARIG e da TAM, no ano de 2001, foi bem mais representativa
que as outras companhias. A primeira apresentou um percentual de 41,6% de todo
impacto dos atrasos na TMA-SP. A TAM, por sua vez, contribui com 44,5% de todo
impacto de atrasos na área terminal de São Paulo, durante o ano de 2001.
117
Entretanto há de se conjecturar que tanto o Grupo VARIG quanto a TAM,
naquela época, apresentavam participações bem mais expressivas no volume de tráfego
daquela área terminal que as outras companhias brasileiras observadas nesta avaliação.
GOL
VASP OUTRAS
3,5%
7,3% 0,9%
TRANSBRASIL VARIG
2,1% 33,1%
NORDESTE
TAM 0,3%
44,5% RIO SUL
8,2%
Figura 6.4: Contribuição de cada empresa aérea nos impactos de atrasos na TMA-SP,
durante o ano de 2001 (Fonte: DAC, 2001)
Na Figura 6.6 percebe-se que os meses mais críticos para Congonhas são maio e
agosto, onde os impactos dos atrasos de partida apresentam picos mais expressivos.
Para o Aeroporto de Guarulhos os meses de janeiro e julho é que apresentam picos mais
118
elevados nos impactos de atrasos de parida, talvez indicando uma maior atividade nestes
meses devido às férias escolares e conseqüentes viagens de turismo.
SBSP
69,7%
SBGR
27,5% SBKP
2,8%
Figura 6.5: Contribuição de cada aeroporto estudado nos impactos de atrasos nas partidas
na TMA-SP, durante o ano de 2001 (Fonte: DAC, 2001)
800.000
600.000
400.000
200.000
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Figura 6.6: Evolução mensal de cada aeroporto estudado nos impactos de atrasos nas partidas
na TMA-SP, durante o ano de 2001 (Fonte: DAC, 2001)
119
A Figura 6.7 ilustra, a seguir, a parcela de contribuição percentual nos impactos
de atrasos nas chegadas na Área Terminal de São Paulo, ao longo de 2001, para cada
um dos aeroportos objetos deste estudo. A Figura 6.8 mostra a evolução dos impactos
dos atrasos de chegada, mês a mês, para os aeroportos de Campinas, Guarulhos e
Congonhas durante o período considerado neste estudo de caso.
SBKP
SBGR 2,3%
20,7%
Figura 6.7: Contribuição de cada aeroporto estudado no impacto de atrasos nas chegadas à
TMA-SP, durante o ano de 2001 (Fonte: DAC, 2001)
Observando-se a Figura 6.7 nota-se, mais uma vez, que Congonhas apresenta uma
forte contribuição nos congestionamentos da Área Terminal de São Paulo. Para os impactos
dos atrasos de chegada, Congonhas contribuiu com 77% do total, Guarulhos com 20,7% e
Campinas com 2,3% dos impactos de atrasos ocorridos na TMA-SP em 2001.
Na Figura 6.8, abaixo, nota-se que os meses de maio e agosto são mais
expressivos no que tange aos impactos de atrasos de chegada para o Aeroporto de
Congonhas, repetindo o mesmo padrão observado para impacto de atrasos de partida
neste aeroporto.
Para Guarulhos, mais uma vez, os meses de janeiro e julho representam picos
nos impactos de atrasos de chegada, com um pico ainda mais acentuado em janeiro, no
início das férias de verão. O Aeroporto de Campinas, por sua vez, por sua pequena
contribuição nos impactos de atrasos, apresentou apenas pequenos picos nos meses de
janeiro, julho e outubro de 2001.
120
Finalmente, para avaliar o impacto econômico total gerado por atrasos e
congestionamentos ocorridos na TMA-SP em 2001, faz-se necessária a consolidação
dos resultados encontrados para os impactos gerados às empresas aéreas e aos
passageiros.
600.000
400.000
200.000
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Figura 6.8: Evolução mensal de cada aeroporto estudado nos impactos de atrasos nas chegadas à
TMA-SP, durante o ano de 2001 (Fonte: DAC, 2001)
Et = Ea + Eu (6.3)
onde: Et = Impacto econômico total gerado por atrasos e congestionamentos (Reais – R$);
Ou seja, o impacto total gerado por atrasos e congestionamentos, na Área Terminal de São
Paulo, durante o ano de 2001, seria igual a:
Et = R$ 479.800.000 + R$ 799.464.000
Et = R$ 1.279.264.000
121
6.5 CONCLUSÕES – AFERIÇÃO DAS HIPÓTESES
122
Não obstante, para a aferição da segunda hipótese, pode-se comparar o valor do
impacto econômico total gerado por atrasos e congestionamentos, encontrado no estudo de
caso da TMA-SP em 2001, com alguns custos de construção/ampliação previstos pela
INFRAERO e apresentados na Tabela 6.3. Nos valores apresentados na referida tabela
servem não apenas para a comprovação da segunda hipótese apresentada, mas
interessantemente pode-se referenciar o valor do impacto econômico de atrasos na TMA-SP.
123
CAPÍTULO 7: CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Só sei que nada sei, mas desconfio de muita coisa”
(Grande Sertão: Veredas – João Guimarães Rosa)
124
7.1 CONCLUSÕES
125
Os principais resultados mostraram que os custos totais, impostos por atrasos e
congestionamentos na TMA-SP, no ano de 2001, são da ordem de R$ 1,2 bilhões, onde
a maior parte é relativa aos vôos com origem ou destino no aeroporto de Congonhas,
cuja infra-estrutura e espaço aéreo já se apresentam bastante congestionados.
127
Deve-se lembrar que as características do perfil dos usuários do transporte aéreo
se apresenta como um fenômeno volátil, variando no tempo com a sazonabilidade dos
períodos anuais normais, como férias de verão e/ou de inverno, mas também podem
sofrer a influência de momentos econômicos mais ou menos favoráveis ou variar de
acordo com os ditames do mercado.
Não obstante, de forma oportuna, pode-se sugerir também que para as próximas
pesquisas desenvolvidas pela Agência Nacional de Aviação Civil, ou por qualquer outra
organização, oficial ou não, tanto os resultados quanto a metodologia utilizada sejam
amplamente divulgados, para que estudos e pesquisas do setor possam ser
desenvolvidos a contento.
128
compartilhamento de dados do transporte aéreo pode-se citar: a ANAC, o DECEA, a
DIRENG, o COMAER, a INFRAERO, centros de pesquisa e universidades, entre outros.
Este trabalho aborda vários pontos que podem ser desdobrados em novas
pesquisas. Em relação à aplicação da metodologia, destacam-se ainda as seguintes
propostas:
Neste novo milênio que se inicia a velocidade do mercado e a agilidade com que
negócios são realizados por todo o planeta, têm um impacto significativo sobre a forma
129
com que as empresas, países e blocos econômicos competem entre si. As novas regras
são conseqüência direta da globalização, da velocidade e eficiência dos novos meios de
comunicação e transporte, e da era digital de informações, tornando o tempo um fator
fundamental na competitividade.
É bom lembrar que já estamos pelo menos uma década atrás no controle e
gerenciamento de atrasos e congestionamentos, quando se considera as atividades
desenvolvidas pelo FAA e pelo EUROCONTROL, nos Estados Unidos e na Europa
respectivamente. Desta forma, faz-se necessário o desenvolvimento da consciência do
valor do tempo, e da permanente atenção para os impactos econômicos gerados por
atrasos no transporte aéreo brasileiro.
131
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138
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Outubro/2006
vi