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LIBRAS INTERMEDIÁRIO II
ETAPA 1
A ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE DA
LIBRAS
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
Organização
Prof.ª Ana Clarisse Alencar Barbosa
Autora
Fabiana Schmitt Corrêa
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação e Capa
Renan Willian Pacheco
Revisão
Aline Fernanda Guse
4 NIVELAMENTO DE LIBRAS INTERMEDIÁRIO II
1. I CONICIDADE E ARBITRARIEDADE
Esse termo parece, à primeira vista, estranho, mas faz mais parte do nosso
cotidiano do que podemos imaginar.
Hum, começaram a imaginar o que provavelmente possa ser esse conceito?! Sim,
a iconicidade faz parte do nosso cotidiano. Sem mesmo sabermos Libras, usamos alguns
sinais, os que chamamos de icônicos, no dia a dia. Antes de iniciar o esclarecimento
acerca do conceito, traremos algumas imagens que os farão perceber alguns sinais
icônicos cotidianos.
CARRO CASA
COZINHAR ANDAR
COMER
VER
Em seu uso na Libras, Costa (2012, p. 33) comenta que “estudos científicos que
tratam de língua natural trazem a iconicidade nas suas reflexões, com o termo iconicidade
designando um vínculo ou relação de similaridade entre o representante e aquilo que
ele representa conceitualmente”. Reforçando o apresentado pelas autoras anteriormente.
Temos, ainda, outro comentário apresentado por McCleary e Viotti (2011, p. 291),
relatando que “a iconicidade das línguas sinalizadas é uma questão bastante discutida na
literatura especializada, em especial porque ela é uma característica que, à primeira vista,
pode afastar as línguas sinalizadas das línguas orais, colocando em risco seu estatuto
de língua natural”. Esclarecem ainda, em relação às línguas naturais e à iconicidade:
Para facilitar algumas compreensões acerca desse tema, que inclui muito do
senso comum, apresentamos aqui mitos relacionados à língua de sinais. Pois, falando
em sinais icônicos, os que por vezes são reconhecidos por não sinalizantes e que criam
a falsa ideia de que Libras não é língua, trazemos em Quadros e Karnopp (2004, p. 31-
37) alguns mitos e a sua desmistificação:
[...] esta análise dos mitos, ‘tais concepções equivocadas em relação às línguas
de sinais compartilham traços comuns, assinalando um estatuto linguístico
inferior em relação ao plano da superfície. Todavia, as investigações mostram
que as línguas de sinais, sob o ponto de vista linguístico, são completas, com-
plexas e possuem uma abstrata estruturação em todos os níveis de análise’.
(QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 36-37)
Em oposto aos sinais icônicos, que podem, alguns, serem reconhecidos por não
usuários da Libras, temos os sinais arbitrários. Arbitrários? Sim, os sinais que são a
maioria convencionados na Libras, não são identificados por similaridade com o objeto
ou ação real. A arbitrariedade é vista por Saussure (2006) como um dos princípios do
signo linguístico. Esse autor considera que o laço que une o significante ao significado
seja arbitrário. Em outras palavras, visto que entende “por signo o total resultante da
associação entre um significante com um significado”, afirma, de forma mais simples,
que “o signo linguístico é arbitrário”. (SAUSSURE, 2006, p. 81, grifo do autor).
CONVERSAR AVISAR
AMAR
INTELIGENTE
CONHECER AMIGO
TRABALHO BRINCAR
COMPRAR
FONTE: Arquivo pessoal da autora.
O laço que une o significante ao significado é arbitrário ou então, visto que en-
tendemos por signo o total resultante da associação de um significante com um
significado, podemos dizer mais simplesmente: o signo linguístico é arbitrário.
[...] O significante é imotivado, isto é, arbitrário em relação ao significado, com
o qual não tem nenhum laço natural na realidade. (SAUSSURE, 2006, p. 81-83)
Bem, então podemos pensar que arbitrariedade não tem nada a ver com a
iconicidade antes apresentada. Vejamos o que nos traz Costa (2012) apontando os
pesquisadores Klima e Bellugi (1979):
Acerca dessas pesquisas realizadas por Klima e Bellugi (1979), Costa apresenta
que
Ele ressalta ainda sobre as várias abordagens linguísticas e seus outros olhares
a respeito da arbitrariedade e iconicidade:
Outro fator relevante destacado por Costa em sua pesquisa, abordando achados
de Klima e Bellugi, é que eles:
[...] provaram que as línguas de sinais não são uma língua universal por causa
da arbitrariedade e que cada língua de sinais diferente possui uma convenção.
Esses estudos favorecem o entendimento de que arbitrariedade e iconicidade
não são conceitos opostos, mas devem ser entendidos como se fossem um
contínuo: alguns sinais são mais icônicos e menos arbitrários, outros mais ar-
bitrários e menos icônicos. Em alguns sinais, pode ser muito difícil encontrar
qualquer motivação; em outros a motivação pode ser bastante visível mesmo
para quem não fala a língua, dependendo da experiência compartilhada. Estu-
dando as línguas de sinais podemos manter então a hipótese de que os sinais
são essencialmente motivados, mas essa motivação pode se perder ao longo
do tempo com o uso da língua e a mudança na experiência social dos usuários
(FRISHBERG, 1975; DINIZ, 2010 apud COSTA, 2012, p. 35).
O autor traz ainda à memória o fato de que por anos, se pensava que a língua de
sinais não era língua, justificando a questão icônica, afirmação nada verdadeira, como
já explicitado no decorrer do texto. “Nas línguas de sinais temos sinais mais icônicos ou
mais arbitrários, os mais icônicos podendo perfeitamente representar conceitos abstratos
quando são usados metaforicamente” (COSTA, 2012, p. 35).
Se observarmos esse fato, ainda hoje percebemos algumas pessoas com essa
compreensão errônea.
Costa, em seu trabalho, faz a escolha de uma configuração de mão para apresentar,
descrevendo a iconicidade do sinal. A seguir, a configuração escolhida, os sinais possíveis
e o detalhamento.
Para iniciar a descrição, fez uso do site Acessibilidade Brasil, que contém um
dicionário de Libras, ali escolheu a configuração de mão (gesto de pinçar) e os sinais
que continham essa configuração.
A seguir, relacionamos alguns dos sinais escolhidos por ele para descrição, sendo
possível observar a iconicidade entre alguns:
Observação: a análise da iconicidade foi retirada das observações feitas por Costa
(2012, p. 73- 84), as fotos são de minha autoria.
COMPRIMIDO - Gesto de
pinçar motivado pela ação
de tomar um comprimido,
formado pela união entre o
dedo indicador e o polegar, que
iconicamente representa um
comprimido.
Segundo Costa (2012, p. 71), quanto aos sinais identificados, [...] há uma motivação
na configuração de mão do gesto de pinçar, com base na experiência humana de operar
objetos pequenos e de forma precisa, podendo ser um primitivo semântico que, associado
a outros elementos, compõe diferentes sentidos.
AUTOATIVIDADE
1. ANDAR
( ) Icônico ( ) Arbitrário
2. AMIGO
( ) Icônico ( ) Arbitrário
3. AMAR
( ) Icônico ( ) Arbitrário
4. DIGITAR
( ) Icônico ( ) Arbitrário
5. VER
( ) Icônico ( ) Arbitrário
6. CARRO
( ) Icônico ( ) Arbitrário
7. CONHECER
( ) Icônico ( ) Arbitrário
8. TRABALHAR
( ) Icônico ( ) Arbitrário
9. INTELIGENTE
( ) Icônico ( ) Arbitrário
10. COMER
( ) Icônico ( ) Arbitrário
2. Use (A) para representar sinais icônicos e use (B) para sinais arbitrários:
( ) São sinais que não têm relação com o objeto ou ação real.
( ) São sinais que condizem com o objeto ou ação/característica real.
DICIONÁRIO DE LIBRAS
ANIMAIS
REFERÊNCIAS
FERREIRA BRITO, Lucinda. Integração social & educação de surdos. Rio de Janeiro:
Babel, 1993.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2006.
1. ANDAR
(x) Icônico ( ) Arbitrário
2. AMIGO
( ) Icônico (x) Arbitrário
3. AMAR
( ) Icônico (x) Arbitrário
4. DIGITAR
(x) Icônico ( ) Arbitrário
5. VER
(x) Icônico ( ) Arbitrário
6. CARRO
(x) Icônico ( ) Arbitrário
7. CONHECER
( ) Icônico (x) Arbitrário
8. TRABALHAR
( ) Icônico (x) Arbitrário
9. INTELIGENTE
( ) Icônico (x) Arbitrário
10. COMER
(x) Icônico ( ) Arbitrário
2. (B)
(A)