Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
TERESINA
2015
1
TERESINA – PI
2015
2
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
Profº. Esp. Afonso Lima da Cruz Júnior
Orientador
_______________________________________________________________
1ª Examinador(a)
______________________________________________________________
2ª Examinador(a)
3
RESUMO
ABSTRACT
4
This work deals with the Compulsory Admission and aimed to analyze the legal and
procedural aspects of compulsory hospitalization for mental disorders in Teresina
reflecting the treatment of the person with mental disorder admitted compulsorily
meets or not the objectives of the law and the expectation of cure of the patient. It is
noteworthy also that the interest in this phenomenon arose from the researcher in
order to understand the legal principle that gives support to the compulsory
hospitalization of people with mental disorders. The research is characterized as a
qualitative research and divided into two stages: in literature, which aimed to collect
theoretical basis to support the research in question, and field research, with the
completion of semi-structured interviews with professionals working directly to the
monitoring of mental patients in specialized institutions and with the holders of
monocratic decisions. Among the authors searched for the conceptual constitution of
this work, stood out Ludmila Correia, Sirley Costa, Gina Ferreira, Alda Gonçalves
and José Mosquita. It was found that the compulsory hospitalization in Teresina does
not meet the objectives of the law and the expectation of cure of the patient.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................6
2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL..............9
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO CONJUNTURAL DA REFORMA PSIQUIÁTRICA NO
BRASIL..........................................................................................................................9
2.2 A 8ª CONFERÊNCIA NACIONAL DA SAÚDE E A POLITICA DE SAÚDE
MENTAL......................................................................................................................12
2.3 MOVIMENTOS SOCIAIS ANTIMANICONIAL NO BRASIL..................................13
3 MODELOS DE INTERNAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E INTERNAÇÃO
COMPULSÓRIA.........................................................................................................17
3.3 INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA...........................................................................17
1 INTRODUÇÃO
Diante desse contexto, verifica-se que a pessoa com transtorno mental não
tinha amparo do Estado, até porque durante a Antiguidade e a Idade Média não
existiam sistemas de saúde com o que hoje se vê no Brasil. Assim, é possível frisar
que a internação compulsória anterior à instituição de mecanismos jurídicos como a
Constituição Federal e a Lei 10.216/2001 eram realizadas sem o devido processo
legal. Isto é sem a intervenção estatal.
de registros judiciais por ordem superior que compele ou obriga” (RAMOS, 2014, p.
01). Assim é possível interpretar a internação compulsória como aquela em que a
pessoa é obrigada à internação. Nessa linha de intelecção segue que a internação
compulsória de pacientes com transtornos mentais é hoje uma realidade em solo
nacional.
Também merece ser dito que a internação compulsória tem como objetivo
principal o tratamento da pessoa com transtorno mental, buscando possibilitar-lhe
condições para sua reintegração social. Assim deve-se entender que a internação
compulsória é uma medida que somente deve ser utilizada durante o período que se
mostrar necessária e quando os demais recursos restarem ineficientes às
necessidades terapêuticas do paciente
Hoje, esta realidade ainda existe, porém de forma menos excludente e tratada
de forma mais consciente. Por não se admitir a exclusão, corre-se o risco de não se
admitir a diferença. Esta não pode ser negada, é necessário reconhecê-la e conviver
com ela sem ter que excluir, conforme a grande aspiração da reforma psiquiátrica.
Durante a década de 1960, tal instituição passou a ser utilizada por grupos
econômicos como instrumento de “fabricação da loucura”, haja vista que estavam
interessados muito mais em fomentar a cronificação para manter uma clientela do
que oferecer tratamento a esses pacientes. Isso ocorreu a partir do golpe militar de
1964, quando a assistência à saúde foi caracterizada por uma política de
privatização maciça. No campo da assistência psiquiátrica, fomentou-se o
surgimento das “clínicas de repouso”, denominação dada aos hospitais psiquiátricos
14
[...] Isso confirma que há uma emergência de novos sujeitos, novos atores,
que, cada vez mais, ganham visibilidade no cenário público
instituído,demandando o reconhecimento de suas ações como legítimas no
exercício da cidadania, bem como o reconhecimento das condições sociais
de sua existência como circunstâncias injustas do cotidiano. Fruto da
emergência desses novos sujeitos é o processo de instituição de novos
direitos. Esses novos sujeitos coletivos podem ser reveladores de uma nova
fonte de produção jurídica. E a forma de ação desses sujeitos acaba
redefinindo, sob os liames de um pluralismo político e jurídico comunitário,
um espaço que minimiza a institucionalização e exige uma participação
constante do corpo social, quer seja na tomada de decisões, quer seja na
concretização das execuções.
Constata-se que diante de todo aparato histórico disposto até então, que o
Direito realiza-se e efetiva-se de acordo com as transformações sociais. Nesse
sentido, destaca-se que o reconhecimento dos diversos direitos das pessoas com
16
Foi então, que o médico Areolino Antônio de Abreu, que era vice-governador
na época, preocupado com as questões da mente e com as condições em que se
encontravam os doentes mentais no Estado, propôs na primeira oportunidade a
abertura de uma subscrição para conseguir fundos necessários à construção de
estabelecimento específico para tratamento dos doentes mentais.
24
“No caso dos pacientes oriundos do interior, o juiz entende que o município
não possui estrutura suficiente para tratar esses pacientes naquela cidade,
pois existem apenas postos de saúde e alguns hospitais, mas não existe
recurso para tratar a psiquiatria lá. Ocorre também, quando famílias
possuem um paciente no interior do estado, que está dando trabalho, a
própria família procura o juiz, para que este venha fazer o tratamento no
hospital especializado, objetivando se resguardar e tratar o paciente.”
Diante dessa questão, o secretário A, aborda que a lei 10.216 não tem sido
obedecida quanto aos critérios de determinação de uma internação compulsória,
pois, em muitos casos os pacientes têm sua internação determinada
compulsoriamente, sem o laudo médico que determine tal atitude do Estado. O art.
6º da lei 10.216, determina que: “A internação psiquiátrica somente será realizada
mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os seus motivos.” O que foi
afirmado em entrevista, é que os pacientes vêm sendo submetidos a esse tipo de
internação, no Hospital Areolino de Abreu, sem o laudo médico que comprove tal
necessidade.
29
Dentre as cidades do interior do Piauí, a que mais tem sofrido com problemas
de portadores com transtornos mentais é Picos e seus arredores, ainda que existam
os CAP’s, a demanda de picos é muito grande, especialmente em internações
compulsórias de apenados da justiça e com casos de esquizofrenia paranóide, que é
um dos casos mais complicados de transtorno mental e casos depressivos, além de
casos de sociopatas em crise ou até mesmo de bipolaridade, quando o transtorno de
humor é muito agudo. Quando questionados, nenhum dos entrevistados soube
relatar a razão por que a cidade de Picos tem apresentado tantos problemas com
casos de internação compulsória.
Com a fala do secretário, o que se verifica é que a demanda é maior por não
haver ainda uma política eficaz de descentralização do atendimento à essas
pessoas. O que evidencia ainda mais que a internação das mesmas deve ser
evitada a todo custo, pois mantê-las fora do convívio social, muitas vezes, pode
piorar os quadros dos pacientes, segundo MESQUITA et. al, (2010), os CAP’s
possuem uma função fundamental nessa atual reforma.
“aos Sábados, de 10h às 11h, existe uma atividade recreativa com música.
Durante toda a semana existem atividades com pintura, futebol (inclusive
com campeonatos), caminhadas, alongamentos, ou seja, eles desenvolvem
várias atividades e tudo feito dentro do hospital. Além disso, os terapeutas
ocupacionais desenvolvem diversas atividades, objetivando uma eficiência
maior do tratamento.”
vida fora do Hospital”. São as assistentes sociais que ficam encarregadas, por
exemplo, de ligarem para a família, nos casos de pacientes que são internados sem
o consentimento dos mesmos. Ou quando o paciente recebe alta, então os parentes
são comunicados.
Acerca do projeto de residências destinadas aos pacientes que não possuem
família, a assistente B, explica que:
Assim, entende-se que muitos casos que são entendidos como de internação
compulsória podem não ser, uma vez que o laudo médico dos profissionais do
Hospital Areolino de Abreu pode constatar a não necessidade e o não
preenchimento dos critérios de internação.
O que se verifica diante do que foi explicado, é que cada vez mais a
dignidade da pessoa humana tem colocado as pessoas com transtornos mentais em
uma situação de direitos, advindos do dever do Estado em prestar a assistência
necessária a essas pessoas. O tratamento tem se tornado cada vez mais
humanizado, nesse sentido, como comenta (SCHWARTZ, 2001).
Nessa perspectiva, os psiquiatras afirmam que os quadros mais comuns de
internação compulsória são os de pacientes com esquizofrenia e que, geralmente, o
medo da família em lidar com esses pacientes, que algumas vezes representam
risco à vida de seus familiares, leva ao pedido de internação compulsória, além
disso, muitas vezes essa determinação vem depois que o indivíduo já praticou
algum crime, ou seja, foi preso e, posteriormente, encaixado nos critérios de
internação compulsória.
Os psiquiatras forenses D e E explicam ainda que
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não que o Poder Judiciário possa vir apreciar toda e qualquer questão
jurídica relativa à saúde mental que lhe seja posta. Contudo, restando demonstrada
a omissão ou abuso estatal, ou até mesmo de clínicas e instituições hospitalares
particulares, quando do internamento compulsório, sem observância da Constituição
e da legislação infraconstitucional, não resta dúvida ser cabível a interferência
judicial.
REFERÊNCIAS
COSTA, Sirley Martins da. A Lei da internação compulsória. 2013. Disponível em:
http://asmego.jusbrasil.com.br/noticias/100385057/a-lei-a-internacao-compulsoria.
Acesso em: 06 nov. 2014.
FERREIRA, Gina. A Reforma Psiquiátrica no Brasil: Uma análise sócio política. In:
Psicanálise & Barroco –Revista de Psicanálise. v.4, n.1: 77-85, jun. 2006.
ANEXOS
40
PESQUISA DE CAMPO
5 – Qual a maior dificuldade dos funcionários no trato com doentes mentais dentro o
hospital?
15- De que forma o paciente abandonado pela família, é assistido pelo hospital
quando tem alta e não tem onde morar?
41