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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

LUCIANE BARBOSA SLOMPO

ALIENAÇÃO PARENTAL

CURITIBA
2012
LUCIANE BARBOSA SLOMPO

ALIENAÇÃO PARENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado ao Curso


de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da
Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial
para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.
Orientadora: Profª Georgia Sabbag Malucelli
Niederheitmann.

CURITIBA
2012
TERMO DE APROVAÇÃO
Luciane Barbosa Slompo

ALIENAÇÃO PARENTAL

_______________________________________

Coordenador do Núcleo de Monografia

Orientadora: ______________________________
Profa. Dra. Georgia Sabbag Malucelli Niederheitmann.

Examinador 1: _____________________________
Prof(a). Dr(a).

Examinador 2: _____________________________
Prof(a).
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, meu irmão, meus


amigos, ao meu marido Antonio Carlos e a
minha filha Giordana por estarem sempre ao meu
lado em todos os momentos, por compreenderem
as horas de ausência. Agradeço também a
Professora e Orientadora Dra. Georgia Sabbag
Malucelli Niederheitmann pela paciência e
presteza a mim dispensadas.
RESUMO

O presente trabalho busca analisar acerca dos efeitos causados pela Alienação Parental
nas decisões exaradas pelo poder judiciário brasileiro. Trazendo seu conceito, sua
identificação, suas conseqüências e sua diferenciação de Alienação Parental e Síndrome
de Alienação Parental. Visa também demonstrar quais as seqüelas que são deixadas nos
filhos que passam por esta triste situação. Como o judiciário aplica a Lei 12.318 (Lei de
Alienação Parental) e quais as maneiras de proteção utilizadas nestes casos.

Palavras-chave: alienação parental – família - síndrome


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 7

2 HISTÓRICO............................................................................................... 9

3 DAS FAMÍLIAS E A SUA PROTEÇÃO................................................. 11

3.1 DO PODER FAMILIAR.............................................................................. 11

3.2 DA SUSPENSÃO, DA PERDA E DA EXTINÇÃO DO PODER 13


FAMILIAR...................................................................................................

4 DOS REFLEXOS DA DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO QUANTO 15


À PESSOA DOS FILHOS..........................................................................

5 DA GUARDA.............................................................................................. 17

5.1 PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA X 17


PENALIDADE DE REVERSÃO DE GUARDA.......................................

6 ALIENAÇÃO PARENTAL E SÍNDROME............................................ 21

6.1 PREVALÊNCIA........................................................................................... 22

6.2 SEQUELAS.................................................................................................. 23

6.3 ABUSO OU NEGLIGÊNCIA...................................................................... 23

6.4 EFEITOS COMUNS.................................................................................... 24

6.5 NECESSIDADE DE IDENTIFICAR A SÍNDROME DE ALIENAÇÃO 25


PARENTAL.................................................................................................
7 QUEM É O ALIENADOR?....................................................................... 26

7.1 CARACTERÍSTICAS DO ALIENADOR................................................... 27

7.2 CONDUTAS CLÁSSICAS DO ALIENADOR........................................... 28

7.3 FALSAS DENÚNCIAS DE ABUSO SEXUAL.......................................... 29

7.4 A IMPLANTAÇÃO DE FALSAS MEMÓRIAS NA CRIANÇA............... 32

8 A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA....................... 35

9 MEIOS PUNITIVOS AO CONFIGURAR ALIENAÇÃO 39


PARENTAL................................................................................................

10 ANÁLISES DA LEI N. 12318 DE 26-08-2010.......................................... 42

10.1 ART. 2º - CARACTERIZAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL............ 42

10.2 ART. 3º - PROTEÇÃO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA............ 43

10.3 ART. 4º - TUTELA……………………………………………………...... 44

10.4 ART. 5º - PROVA………………………………………………………… 45

10.5 ART. 6º - SOLUÇÕES À ALIENAÇÃO PARENTAL............................... 46

10.6 ART. 7º - ALTERAÇÃO DA GUARDA…………………………………. 48

10.7 ART. 8º - COMPETÊNCIA………………………………………………. 48

10.8 ART. 9º - MEDIAÇÃO…………………………………………………… 49

10.9 ART. 10 – RELATO FALSO……………………………………………... 50

10.10 ART. 11 – VIGÊNCIA DA NORMA…………………………………….. 50

11 CONCLUSÃO……………………………………………………………. 51

REFERÊNCIAS………………………………………………………………….. 53
1 INTRODUÇÃO

Alienação é conceito com diversas acepções, ao que se extrai dos dicionários da


língua ou daqueles de política e ciência médica.
Sob o aspecto parental, também conhecido como “implantação de falsas
memórias”, trata-se de lavagem cerebral ou programação das reações da criança e do
adolescente pelo alienador, contrárias, em princípio, ao outro genitor, ou às pessoas que
lhes possam garantir o bem-estar e o desenvolvimento, incutindo-lhes sentimentos de ódio
e repúdio ao alienado.
Por sua vez, a Síndrome de Alienação Parental são sintomas diagnosticados, que
pode ser estendido a qualquer pessoa alienada ao convívio da criança ou do adolescente.
Estes também submetidos à tortura, mental ou física, que os impeçam de amar ou mesmo
de demonstrar esse sentimento, colaborando com o alienador.
Assim, os sintomas da síndrome pode fazer referência à criança, ao adolescente
ou a qualquer dos outros protagonistas, parentes ou não-genitor, avós, guardadores,
tutores, todos igualmente alienados.
Revela-se a conduta do alienador, quando procura desempenhar controle absoluto
sobre a vida da criança e do adolescente, interferindo na estabilidade psíquica de todos os
envolvidos, atrapalhando a família de diversas maneiras. A doença do alienador envolve
qualquer pessoa que possa divergir de seu induzimento, deixando a pessoa em estado de
submissão. Esse tipo de comportamento faz com que haja uma disputa judicial, que
poderá durar anos, até que qualquer das pessoas alienadas desista da decisão judicial, seja
por ter atingido a idade madura, seja ante o estágio crônico da doença.
De qualquer modo, o alienador acaba fazer com que exista mais de um sujeito
alienado, forçando-lhes uma deformidade eterna de conduta psíquica, parecida com a
doença mental.
A Síndrome da Alienação Parental descreve a situação em que, em processo de
dissolução conjugal ou em casos menores, por discórdias, discussões, e disputando a
guarda da criança, um genitor manipula a criança e a limita para vir a não querer mais ter
afetos com o outro genitor, criando sentimentos de medo e angústia em relação a ele.
As situações mais freqüentes estão ligadas onde a dissolução cria, em um dos
genitores, uma vontade de vingança, utilizando-se de difamar, desmoralizar e desacreditar
o pai/a mãe do próprio filho, fazendo crescer no filho um ódio para com o genitor, muitas
vezes transferindo essa raiva que a própria pessoa cria, num plano em que a criança é
utilizada como mero instrumento de hostilidade e negócio.
Acredita-se que possa diminuir ou até não existir, quando aplicado o sistema da
guarda compartilhada, salvo se forjado pelo genitor ou responsável pela guarda no
decorrer de sua aplicação, uma vez que compartilhar não quer dizer apenas dividir direitos
e deveres, mas participar de maneira consciente da vida da criança.
Se inexistir consenso entre os genitores, podem ser implantadas as medidas
contra a alienação parental por determinação da justiça. Em qualquer caso, a interferência
do juiz deverá impedir a instalação ou a exacerbação de uma alienação parental ou da
respectiva síndrome.
2 HISTÓRICO

Para compreender o que é a Síndrome de Alienação Parental, é preciso entender a


evolução da família. Antigamente o conceito de família era claro e definido. O Pai,
provedor da família, machista e intolerante, quase não dava atenção à educação, à criação
dos filhos e principalmente aos afazeres domésticos, pois a mulher (mãe) era responsável
por cuidar dos filhos e conduzir a casa da família na rotina do dia-a-dia, sempre submissa
ao marido. A principal função do pai era sustentar financeiramente a família e nada mais.
Quando de uma separação, era visível que a Mãe tinha realmente melhores
condições para criar os filhos, de uma visão geral.
Agora, o conceito de família é outro. Com o passar dos anos e a conseqüente
mudança de comportamento da nossa sociedade, alterou-se profundamente o
funcionamento da família. Se antes o Pai se ocupava somente com o sustento, hoje ele
também se preocupa com a formação e criação dos filhos e até mesmo, com os afazeres
domésticos. Não é raro encontrarmos casos em que o homem abdica de seu trabalho para
dedicar-se exclusivamente aos filhos, assim, também, não é raro encontrarmos casos em
que a mulher é a principal ou única provedora do sustento da família. Hoje todas as
decisões relativas à condução da família são tomadas em conjunto. Essa nova gestão
familiar estrutura melhor os laços sócio-afetivos, demonstrando de forma clara e
inequívoca para a criança que tanto o Pai, quanto a Mãe, são igualmente importante à
formação da autoridade a ser respeitada por ela.
Entretanto quando há a dissolução do casamento muitas vezes, o guardião(ã) da
criança, tem dificuldade em elaborar adequadamente o luto da separação, gerando um
sentimento de abandono, sentindo-se traído(a) e rejeitado(a) e, ao notar o interesse do
outro genitor em manter os vínculos afetivos com o filho, acaba por desenvolver um
quadro de hostilidade, ódio e até vingança, desencadeando uma verdadeira campanha para
desmoralizar, humilhar e destruir o ex-cônjuge. Nesse sentido cria-se uma série de
situações com a intenção de dificultar ao máximo ou até impedir o contato do outro
genitor com os filhos, levando a criança a odiá-lo e rejeitá-lo. Esse processo foi
profundamente estudado pelo psiquiatra norte americano Richard Gardner que o
denominou como Síndrome de Alienação Parental, que foi definida pela primeira vez nos
Estados Unidos.
Quando a Síndrome de Alienação Parental está presente, o filho passa a ser um
objeto, uma arma a ser utilizada, gerando um conflito de sentimentos e ruptura do vínculo
afetivo e, como conseqüência, o inevitável afastamento entre ambos. A criança passa a
identificar-se com seu guardião e acredita em tudo o que lhe é contado. Com a destruição
dos laços afetivos, a criança e seu guardião tornam-se únicos, visualizando o outro genitor
como um invasor a ser combatido a todo custo, sendo utilizado desde as acusações
brandas, como exemplo “ele não presta”, “ela não te ama”, até as mais sérias, como falsas
denúncias de incesto e violência.
A criança é convencida da existência desse fato e o repete como tendo realmente
acontecido. Por ser criança não consegue discernir a manipulação, acreditando e repetindo
tudo e com o passar do tempo, nem o próprio guardião consegue diferenciar a fantasia da
realidade e passa a acreditar na própria mentira. Sendo necessário ao outro genitor acionar
o Judiciário, o que gera situações ainda mais delicadas, pois o magistrado, diante de uma
denúncia de abuso sexual, por exemplo, vê-se em difícil situação, tendo por um lado a
obrigação de tomar imediatamente uma atitude, por outro lado, sabe que, se a denúncia
não for verdadeira, muitos serão os danos causados tanto para o genitor acusado, quanto
para a criança.
3 DAS FAMÍLIAS E A SUA PROTEÇÃO

A família tem especial proteção do Estado, constituindo, portanto a base da nossa


sociedade, neste sentido o seu reconhecimento, manutenção, desenvolvimento e
dissolução devem ser regulados de forma a preservar a própria instituição e
principalmente o Estado alicerçado na família também se desenvolva de forma
equilibrada. A família também é reconhecida sobre outras formas, que não a
tradicionalmente pelo casamento, mas também pela união estável e pela família
monoparental.
Nesse sentido diz Maria Berenice Dias:

A família é o primeiro agente socializador do ser humano. De há muito deixou


de ser uma célula do Estado, e é hoje encarada como uma célula da sociedade e,
por essa razão, recebe especial atenção do Estado. (2010, p.29)

3.1 DO PODER FAMILIAR

Como bem pontua a professora Maria Helena Diniz o poder familiar é

um conjunto de direitos e obrigações, quanto à pessoa e bens do filho menor não


emancipado, exercido, em igualdade de condições, por ambos os pais, para que
possam desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo em
vista o interesse e a proteção do filho (2007, v.5, p.514).

Portanto, enquanto os filhos forem menores, estarão sujeitos ao poder familiar que
impõe aos pais os deveres, nos termos do art. 1634 do Código Civil, de forma ampla a
defesa de seus interesses, tanto sob o prisma da educação e criação, tendo-os para tanto
em sua companhia e guarda.
Segundo o professor Roberto Senise Lisboa, o poder familiar “é a autorização legal
para atuar segundo os fins de preservação da unidade familiar e do desenvolvimento
biopsíquico dos seus integrantes”(2009, p. 200), servido os pais dessa forma de guia para
o desenvolvimento e a orientação da vida do menor, desde seu nascimento até o
atingimento da maioria civil.
Para Carlos Roberto Gonçalves, “poder familiar é o conjunto de deveres atribuídos
aos pais no tocante à pessoa e aos bens dos filhos menores (2010, p.396).
O exercício do poder familiar compete a ambos os pais, na falta ou impedimento
de um deles, o outro o exercerá de forma exclusiva, como ocorre na família
monoparental.
Na visão de Perlingieri:

É necessário cautela para individuar os elementos sem os quais a família não


fundada no casamento não seria tal. Mais correto é ter consciência de que
existem diversos modelos de família não fundada no casamento. As razões
colocadas na base da família de fato são várias: razões ideológicas,
contestadoras do sistema, ligadas a situação econômicas e de abandono cultural
à falta de confiança (2008, p. 997).
Além disso, a família não fundada no casamento é, portanto, ela mesma uma
formação social idônea ao desenvolvimento da personalidade de seus
componentes e, como tal, orientada pelo ordenamento a buscar a concretização
desta função (idem, p. 989)

Paulo Nader entende que “Poder familiar é o instituto de ordem pública que atribui
aos pais a função de criar, prover a educação de filhos menores não emancipados e
administrar seus eventuais bens”(2009, p.325).
Durante o período de tempo em que durar o casamento ou a união estável, compete
a ambos os pais o exercício do poder familiar, sendo que, com a sua dissolução, não há
alteração das relações existentes entre pais e filhos, senão quanto ao direito, que aos pais
cabe, de terem em sua companhia os filhos, ou seja, com a dissolução da família, o poder
familiar de ambos os pais continua a ser exercido conjuntamente, contudo, salvo o caso da
guarda compartilhada, apenas um dos genitores será o responsável pela guarda do menor,
enquanto ao outro restará o direito convivencial.
3.2 DA SUSPENSÃO, DA PERDA E DA EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR
O desvio do comportamento esperado dos pais frente ao exercício do poder
familiar pode acarretar a sua suspensão ou a perda, medida tomada com o intuito de
proteger o menor contra aquele genitor, ou ambos, que não promove da melhor forma o
seu desenvolvimento, faltando-lhe com os deveres próprios do exercício do poder
familiar.
Com relação à suspensão do poder familiar, resta a disciplina do art. 1637 do
Código Civil, que dispõe:

Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles


inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum
parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela
segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando
convenha.

Nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves

a suspensão do poder familiar constitui uma sanção aplicada aos pais pelo juiz,
não tanto com intuito punitivo, mas para proteger o menor. É imposta nas
infrações menos graves, mencionadas no artigo retrotranscrito, e que
representam, no geral, infração genérica aos deveres paternos. Na interpretação
do aludido dispositivo deve o juiz ter sempre presente, como já se disse que a
intervenção judicial é feita no interesse do menor (2010,p.416).

As causas de perda (destituição) do poder familiar elencadas no art. 1.638 do


Código Civil demonstram a sua gravidade, sendo que os castigos imoderados decorrem da
prática de maus-tratos, onde se evidencia a extrapolação do dever de obediência e
correção(educação) próprias do exercícios do poder familiar, assim como o abandono do
menor, tanto do ponto de vista material como também do ponto de vista psicológico.
Importante salientar, no entanto, que a falta ou a carência de recursos materiais não
constitui, por si só, motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.
A prática de atos contrários à moral e aos bons costumes também é causa para a
perda do poder familiar. Nessa hipótese o dever de educar os filhos não está sendo
promovido a contento, uma vez que sua conduta amoral ou contrária aos bons costumes
tem o poder de influenciar de forma negativa no desenvolvimento da pessoa do menor.
Nesse ponto, resta evidenciada a alienação parental promovida por um dos pais
quanto à pessoa do outro, ou mesmo com relação a determinado parente, na qual busca o
genitor alienante o afastamento do convívio da pessoa alienada, v.g., a mãe do menor, que
busca por todos os meios possíveis evitar que seu filho visite a avó paterna, restringindo o
seu contato com o menor.
4 DOS REFLEXOS DA DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO QUANTO À PESSOA
DOS FILHOS

A família, independente da forma de sua constituição, quer seja pela vontade, quer
seja pela morte, será dissolvida, regulando então o legislador, tanto no direito de família
como no das sucessões, os reflexos dessa dissolução, sobre o aspecto patrimonial (regime
de bens), bem como sobre o efeito pessoal, notadamente quanto à pessoa dos filhos
menores.
A criança e o adolescente, ainda em formação, têm como parâmetro a família que
acabara por se dissolver, tendo que se buscar neste difícil momento, independentemente
dos motivos que acarretam a dissolução do casamento ou da união estável, a fixação da
guarda com base no melhor interesse da criança.
Tanto é assim que, bem aponta Carlos Roberto Gonçalves,

Não mais subsiste, portanto, a regra do art. 10 da Lei do Divórcio de que os


filhos menores ficarão com o cônjuge que a ela não houver dado causa. Assim,
mesmo que a mãe seja considerada culpada pela separação, pode o juiz deferir-
lhe a guarda dos filhos menores, se estiver comprovado que o pai, por exemplo,
é alcoólatra e não tem condições de cuidar bem deles (2010, p.281).

E complementa,

Não se indaga, portanto, quem deu causa à separação e quem é o cônjuge


inocente, mas qual deles revela melhores condições para exercer a guarda dos
filhos menores, cujos interesses foram colocados em primeiro plano. A solução
será, portanto, a mesma se ambos os pais forem culpados pela separação e se a
hipótese for de ruptura da vida em comum ou de separação por motivo de
doença mental. A regra inovadora amolda-se ao princípio do “melhor interesse
da criança”, identificado como direito fundamental na Constituição Federal (art.
5º, § 2º), em razão da ratificação pela Convenção Internacional sobre os Direitos
da Criança – ONU/89 (2010, P.282).
É necessário que a guarda seja estabelecida de maneira a resguardar tanto quanto
se possa as vertentes de desenvolvimento da personalidade dos filhos, de modo que sejam
salvaguardados seus direitos fundamentais, humanos e de personalidade.
5 DA GUARDA

Antes da dissolução do casamento, a guarda implicitamente está sendo exercida


por ambos os pais com relação aos seus filhos menores, exercício este que se dá por meio
do poder familiar, contudo, quando ocorre a dissolução do casamento, quer seja pela
separação de fato ou pelo divórcio (no caso do casamento), mostra-se necessário definir a
quem incumbirá o exercício da guarda, cabendo ao outro o direito de visitas (direito
convencional) ou se a guarda será exercida de forma compartilhada.
Segundo a professora Maria Berenice Dias,

falar em guarda de filhos pressupõe a separação dos pais. Porém, o fim do


relacionamento dos pais não pode levar à cisão dos direitos parentais. O
rompimento do vínculo familiar não deve comprometer a continuidade da
convivência dos filhos com ambos os genitores. É preciso que eles não se sintam
objeto de vingança, em face dos ressentimentos dos pais (2010, p. 433).

A criança não pode se tornar objeto de vingança dos pais quando da separação, os
pais devem sempre saber lidar com a separação sem comprometer a felicidade dos filhos.

5.1 PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA X PENALIDADE DE


REVERSÃO DE GUARDA

A expressão “interesse da criança” vem sendo usada, nesse caso, para justificar
todo tipo de arbitrariedade, em detrimento de direitos do pai excluído(alienado) que são
tão constitucionais quanto o direito da criança à proteção integral. Alega-se que o
interesse da criança não autoriza a ruptura dos laços criados com os familiares maternos,
muito embora laços da mesma natureza, mas com os familiares paternos, possam ser
rompidos injustificadamente pela mãe(alienadora), sem que isso seja objeto de qualquer
reprimenda de quem quer que seja.
A guarda do menor, diante da dissolução da relação conjugal, deverá atender o
melhor interesse da criança, podendo ser buscada a fixação da guarda compartilhada,
como bem pontua o professor Caio Mário da Silva Pereira,

Merece destaque neste momento de redefinição das responsabilidades maternas


e paternas a possibilidade de se pactuar entre os genitores a “Guarda
Compartilhada” como solução oportuna e coerente na convivência dos pais com
os filhos na Separação e no Divórcio. Embora a criança tenha o referencial de
uma residência principal, fica a critério dos pais planejar a convivência em suas
rotinas quotidianas. A intervenção do Magistrado se dará apenas com o objetivo
de homologar as condições pactuadas, ouvido o Ministério Público. Conscientes
de suas responsabilidades quanto ao desenvolvimento dos filhos, esta forma de
guarda incentiva o contínuo acompanhamento de suas vidas (2006, p.299)

Tal situação, contudo, não se mostra das mais simples, segundo esclarece o
professor Sílvio de Salvo Venosa,

Por vezes, o melhor interesse dos menores leva os tribunais a propor a guarda
compartilhada ou conjunta. O instituto da guarda ainda não atingiu sua plena
evolução. Há os que defendem ser plenamente possível essa divisão de
atribuições ao pai e à mãe na guarda concomitante do menor. A questão da
guarda, porém, nesse aspecto, a pessoas que vivam em locais separados não é de
fácil deslinde. Dependerá muito do perfil psicológico, social e cultural dos pais,
além do grau de fricção que reina entre eles após a separação (2007, p.185).

É necessário estabelecer distinção entre guarda compartilhada, quando as


atividades, deveres e direitos do menor e dos genitores são exercidos simultaneamente e
em coparticipação pelos adultos, das meras tentativas de divisão de responsabilidades
entre o guardião e o outro, inclusive com a contínua mudança do domicílio da criança,
que mais atendem aos pais ou responsáveis do que ao interesse superior do menor.
Não importa qual o tipo de guarda é concedida ou a qual dos genitores à detém, a
decisão que define seus limites faz coisa julgada apenas formal, podendo a mesma ser
alterada a qualquer tempo.
A alienação parental promovida pelo genitor que detém a guarda do menor, fato
que é frequente, possibilitará, uma vez reconhecida a sua existência, a perda da guarda do
menor, já que diante das condutas perpetradas com o fito de separar o menor do genitor
vitimado, bem como de outros familiares, faz com que o melhor interesse do menor não
esteja sendo observado e, por isso, merecedor da alteração da guarda, conforme dispõe o
art. 7º da Lei n. 12.318/2010,
A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência ao genitor que
viabiliza a efetiva convivência da criança ou adolescente com o outro genitor nas
hipóteses em que seja inviável a guarda compartilhada.

Paulo Lôbo assim aduz sobre o referido princípio,

O princípio do melhor interesse significa que a criança – incluído o adolescente,


segundo a Convenção Internacional dos Direitos da Criança – deve ter seus
interesses tratados com prioridade, pelo Estado, pela sociedade e pela família,
tanto na elaboração quanto na aplicação dos direitos que lhe digam respeito,
notadamente nas relações familiares, como pessoa em desenvolvimento e dotada
de dignidade. (2009, p. 53)

Taborda e Abdalla-filho abordam o assunto afirmando,

que toda decisão judicial deverá buscar o melhor para a criança e o adolescente.
No caso da separação consensual ou litigiosa, por exemplo, o juiz poderá recusar a
homologação, se os interesses dos filhos menores não estiverem sido devidamente
contemplados (código civil, artigo 1574 parágrafo único, e 1584). Não subsiste
portanto, a regra do artigo 10 da lei do divorcio, segundo a qual os filhos menores
ficarão com o cônjuge que a ela não houver dado causa.(TABORDA, p.166)

A lei 8.069/90 criou o Estatuto da Criança e do Adolescente com o objetivo de


detalhar direitos assegurados e proteger o menor e fazer cumprir a lei através de meios
legais. “São direitos fundamentais da criança a proteção à vida e à saúde, mediante a
efetivação das políticas sociais publicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.”
A proteção ao menor através da guarda, é garantida também pelos artigos a seguir
expostos,

Artigo 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e


educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de
opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial
fundamentado, ouvido o Ministério Público.

Nesse sentido é o entendimento do Tribunal de Justiça de São Paulo,


AGRAVO DE INSTRUMENTO. Regulamentação de visitas. Antecipação dos
efeitos da tutela. Modificação do regime anteriormente estabelecido. Quando a
relação entre os genitores é de animosidade, é temerária a fixação de um regime
de visitas que as restrinja ao lar da guardiã, disposição que servirá apenas para
prolongar o litígio. Prevalência do superior interesse do menor. Requisitos legais
atendidos (CPC, art. 273). Decisão mantida. Recurso improvido (TJSP, aGi
990102046257, 3ª Câmara de Direito Privado, rel. Des. Egidio Giacoia, j. em
14-09-2010)

O magistrado deve analisar sempre o melhor interesse da criança, pois o


afastamento da criança de um dos genitores talvez não resolva o problema em si, podendo
piorar o litígio e a criança acabar sofrendo mais com isso.
6 ALIENAÇÃO PARENTAL E SÍNDROME

Na obra a Síndrome de Alienação Parental, o psicanalista e psiquiatra infantil


Richard Gardner, nos idos de 1985, definiu a SAP como: um distúrbio que surge
principalmente no contexto das disputas pela guarda e custódia das crianças. A sua
primeira manifestação é uma campanha de difamação contra um dos genitores por parte
da criança, campanha essa que não tem justificação. O resultado é que a própria criança
acaba contribuindo para a difamação do outro genitor.
A Síndrome de Alienação Parental, sempre acontece nas separações. Está presente
em ações judiciais em que um dos pais se utiliza de argumentos em processos para
suspender e até impedir as visitas, destituir o poder familiar, alegar inadimplemento de
pensão alimentícia, chegando a acusações de abuso sexual ou agressão física, porém nem
sempre de cunho autêntico, e sim como mero recurso para a destruição do vínculo
parental.
Em vários casos a Alienação Parental pode ser verificada, a criança acaba se
afastando do pai ou mãe, sem um real motivo, criando uma situação para tentar ficar
longe do outro genitor, imitando o que outras pessoas falam. O sujeito que faz com que a
criança crie esse tipo de situação, inventando fatos inexistentes, como até um abuso
sexual, tem um problema psicológico muito grave, inexiste nesse sujeito qualquer tipo de
consideração pelo outro, só se preocupando consigo mesmo.
Segundo Podevyn a alienação é definida de forma objetiva,

Programar uma criança para que odeie um de seus genitores, enfatizando que,
depois de instalada, poderá contar com a colaboração desta na desmoralização
do genitor alienado (ou de qualquer outro parente ou interessado em seu
desenvolvimento). (PODEVYN, François, p.49)

Trindade define a Síndrome de Alienação Parental (SAP) como,

um transtorno psicológico que se caracteriza por um conjunto de sintomas pelos


quais um genitor, denominado cônjuge alienador, transforma a consciência de
seus filhos, mediante diferentes formas e estratégias de atuação, com o objetivo
de impedir, obstaculizar ou destruir seus vínculos com o outro genitor,
denominado cônjuge alienado, sem que existam motivos reais que justifiquem
essa condição. Em outras palavras, consiste num processo de programar uma
criança para que odeie um de seus genitores sem justificativa, de modo que a
própria criança ingressa na trajetória de desmoralização desse mesmo genitor
(TRINDADE, 2010)

Priscila Maria Pereira Corrêa da Fonseca esclarece que se a alienação parental é o


afastamento do filho de um dos genitores, “a síndrome da alienação parental, diz respeito
às seqüelas emocionais e comportamentais de que vem a padecer a criança vítima daquele
alijamento”. Tratando-se de conseqüência de ato imputável à conduta de um dos genitores
importa, assim, entender em que medida e por quais razões, a síndrome se manifesta ou
pode se manifestar e quais suas implicações jurídicas.
Como é possível depreender do conceito cunhado por Richard Gardner, a síndrome
de alienação parental é o resultado da atuação de um dos genitores (normalmente o
guardião) que busca incutir no íntimo da criança a incitação contra o outro genitor
(normalmente o não guardião). Tal incitação pode decorrer de inúmeros fatores ligados ao
subjetivismo do interessado, mas em qualquer hipótese, atacam a dignidade da criança,
que se vê privada da assistência moral que lhe é devida em decorrência do sistema.
Ademais, a própria Constituição Federal em seu art. 227 diz que a criança tem o
direito à convivência familiar e comunitária, dever precípuo da própria família, mas
também da comunidade e da sociedade, além do Estado, visando colocar os infantes a
salvo de toda forma de negligência, violência e opressão.

6.1 PREVALÊNCIA

A síndrome de Alienação Parental é manifestada muitas vezes no ambiente da mãe,


através da tradição de que a mulher é mais indicada para exercer a guarda dos filhos,
principalmente quando ainda pequenos. Porém, ela pode incidir em qualquer um dos
genitores, pai ou mãe, podendo também se estender a outros cuidadores.
Essa síndrome é mais provável aparecer em famílias que possuem uma dinâmica
muito perturbada, podendo se manifestar como uma tentativa desesperada de busca de
equilíbrio.
Conforme diz Trindade,

A Síndrome de Alienação Parental é o palco de pactualizações diabólicas,


vinganças recônditas relacionadas a conflitos subterrâneos inconscientes ou
mesmo conscientes, que se espalham como metástase de uma patologia
relacional e vincular (TRINDADE, 2010).

A síndrome de alienação parental acaba por mobilizar familiares, amigos, vizinhos,


profissionais e as instituições judiciais.

6.2 SEQUELAS

A Síndrome de Alienação Parental é uma condição capaz de produzir diversas


conseqüências danosas, tanto em relação ao cônjuge alienado como para o próprio
alienador, mas seus efeitos mais dramáticos recaem sobre os filhos.
Sem o tratamento correto e adequado, ela pode causar seqüelas que são capazes de
perdurar para o resto da vida, pois implica comportamentos abusivos contra a criança,
promove vivências contraditórias da relação entre os pais e cria imagens distorcidas das
figuras paternas e maternas, gerando um olhar destruidor e maligno sobre as relações
amorosas em geral.

6.3 ABUSO OU NEGLIGÊNCIA

A Síndrome de Alienação Parental tem sido identificada como uma forma de


negligência contra os filhos, podendo também constituir uma forma de maltrato e abuso
infantil, um abuso que se reveste de características pouco convencionais do ponto de vista
de como o senso comum está acostumado a identificá-lo, e, considerado muito grave
porque mais difícil de ser constatado.
Por possuir um tipo não convencional de visibilidade, a detecção da Síndrome de
Alienação Parental costuma ser difícil e demorada, muitas vezes somente percebida
quando a já encontrada em uma etapa avançada.
Trindade (2007, p.113) define que “a Síndrome de Alienação Parental tem sido
identificada como uma forma de negligência contra os filhos. Para nós, entretanto, longe
de pretender provocar dissensões terminológicas de pouca utilidade, a Síndrome de
Alienação Parental constitui uma forma de maltrato e abuso infantil”.

6.4 EFEITOS COMUNS

Os efeitos prejudiciais causados pela Síndrome de Alienação Parental nos filhos


variam de acordo com a idade da criança, com as características de sua personalidade,
com o tipo de vínculo anteriormente estabelecido, além de inúmeros outros fatores, alguns
mais explícitos e outros mais ocultos.
Esses fatores podem aparecer na criança sob forma de ansiedade, medo e
insegurança, isolamento, tristeza e depressão, comportamento hostil, falta de organização,
dificuldades escolares, baixa tolerância à frustração, irritabilidade, enurese (urinar na
cama), transtorno de identidade ou de imagem, sentimento de desespero, culpa, dupla
personalidade, alcoolismo e drogas, e, em casos mais extremos, idéias ou
comportamentos suicidas.
Para o alienador, que não tolera se defrontar com sua própria derrota, gera
sofrimento aos filhos e ao cônjuge alienado, ainda que o final dessa trajetória possa
significar a autoaniquilação: solidão, amargura existencial, sentimento vazio, conduta
poliqueixosa, idéias de abandono e de prejuízo, depressão, abuso e dependência de
substâncias, como o álcool e outras drogas, jogo compulsivo e ideação suicida, esta
geralmente acompanhada de uma tonalidade acusatória e culpabilizadora.
A respeito dos efeitos da alienação parental o magistrado Duarte discorre:
É preciso compreender a Síndrome da Alienação Parental como uma patologia
jurídica caracterizada pelo exercício abusivo do direito de guarda. A vítima
maior é a criança ou adolescente que passa a ser também carrasco de quem ama,
vivendo uma contradição de sentimentos até chegar ao rompimento do vínculo
de afeto. Através da distorção da realidade (processo de morte inventada ou
implantação de falsas memórias), o filho percebe um dos pais totalmente bom e
perfeito (alienador) e o outro totalmente mau (2009, p. 1).

É importante a compreensão da síndrome da alienação parental para assim


entender os efeitos causados. A maior vítima é a criança que sem entender nada do que
está acontecendo trata com desprezo quem ama, podendo até romper totalmente o vínculo
de afeto com o genitor.

6.5 NECESSIDADE DE IDENTIFICAR A SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL

Primeiramente deve-se identificar a Síndrome de Alienação Parental, sendo


necessário informação, depois dar-se conta de que a SAP é condição psicológica que
demanda tratamento especial e intervenção imediata.
Trindade (2007) explica: “de fato, a Síndrome de Alienação Parental exige uma
abordagem terapêutica específica para cada uma das pessoas envolvidas, havendo a
necessidade de atendimento da criança, do alienador e do alienado”.
É importante que seja detectada o quanto antes, pois, quanto mais cedo ocorrer a
intervenção psicológica e jurídica, tanto menores serão os prejuízos causados e melhor o
prognóstico de tratamento para todos.
7 QUEM É O ALIENADOR?

A alienação parental opera-se ou pela mãe, ou pelo pai, ou no pior dos casos pelos
dois pais. Essas manobras não se baseiam sobre o sexo, masculino ou feminino, mas
sobre a estrutura da personalidade de um lado, e sobre a natureza da interação antes da
separação do casal, do outro lado. Muitas vezes é a mãe quem dedica mais tempo às
crianças, ainda mais se ela obtiver a guarda principal; se essa mãe decide empreender
manobras de descrédito deliberado contra o pai, então ela tem todos os meios, tanto
verbais como não verbais.
François Podevyn esclarece que:

A Síndrome se manifesta, em geral, no ambiente da mãe das crianças,


notadamente porque sua instalação necessita muito tempo e porque é ela que tem
a guarda na maior parte das vezes. Todavia pode apresentar em ambientes de
pais instáveis, ou em culturas onde tradicionalmente a mulher não tem nenhum
direito concreto (PODEVYN, 2001).

É por isso que o contexto fica, na maioria das vezes, desfavorável ao pai, que
muitas vezes fica marginalizado, afastado, excluído da relação familiar. Isso ocorre
porque ele é notadamente, vítima de ser, ainda muitas vezes, o primeiro responsável
financeiro e de alimentos da família. Assim, ficando mais tempo fora para obter os
rendimentos necessários para as crianças, o pai fica, curiosa e injustamente, desfavorecido
por essa posição de ajuda em primeira linha para toda a família. Portanto, pais podem
também alienar as suas crianças, tão rigorosamente quanto as mães, notadamente quando
eles têm meios financeiros favoráveis.
Mas a SAP pode ser instaurada também pelo genitor não guardião, que manipula
afetivamente a criança nos momentos das visitas, para influenciá-la a pedir para ir morar
com ele, dando, portanto, o subsídio para que o alienador requeira a reversão judicial da
guarda. Então, crianças que moravam com a mãe podem “repentinamente” pedir para
irem morar com o pai, e então o pai ingressa com ação judicial de modificação de guarda,
alegando “conduta moral reprovável”, negligência ou maus-tratos nos cuidados com as
crianças, ou mesmo acusações infundadas e inverídicas de agressão física e/ou atentado
ao pudor contra as crianças, como fortes argumentos para obter a guarda e assim se
utilizar da alienação parental como forma de vingança contra o ex-cônjuge e/ou afirmar-
se socialmente como “bonzinho”.
E, mais ainda, a SAP pode ser instaurada por um terceiro interessado, por algum
motivo, na destruição familiar: a avó, uma tia, um(a) amigo(a) da família que dá
conselhos insensatos, um profissional antiético. Por isso da lei n. 12.318/2010 em seu art.
2° atribui o papel de alienador não apenas a mãe (ou um dos pais contra o outro), mas a
avós, tios, terceiros que tenham a criança sob sua guarda ou vigilância.

7.1 CARACTERÍSTICAS DO ALIENADOR

Embora seja difícil estabelecer com segurança um rol de características que


identifique o perfil de um genitor alienador, alguns tipos de comportamento e traços de
personalidade são denotativos de alienação,
- dependência;
- baixa autoestima;
- condutas de desrespeito a regras;
- hábito contumaz de atacar as decisões judiciais;
- litigância como forma de manter aceso o conflito familiar e de negar a perda;
- sedução e manipulação;
- dominância e imposição;
- queixumes;
- histórias de desamparo ou, ao contrário, de vitórias afetivas;
- resistência a ser avaliado;
- resistência, recusa, ou falso interesse pelo tratamento.
Podevyn relata que,
O genitor alienador em muitas situações aparece com um perfil de superprotetor,
que não consegue ter consciência da raiva que está sentindo e, com
intencionalidade de se vingar do outro, passa a emitir os comportamentos
alienadores. Percebe-se num papel de vítima maltratado e desrespeitado pelo ex-
companheiro, demonstrando aos filhos seus ressentimentos e levando-os a crer
nos defeitos desse. Em muitos casos tem o apoio dos familiares nessa conduta
(2001, p.2)

O alienador tenta parecer o que não é, se mostra diferente do que realmente é,


induz o filho a acreditar que esta ali somente para protege-lo, porém está usando o filho
de escudo para sua fraqueza e incapacidade para resolver seus próprios problemas.

7.2 CONDUTAS CLÁSSICAS DO ALIENADOR

Conforme relata Maria Berenice Dias, o comportamento de um alienador pode ser


muito criativo, sendo difícil oferecer uma lista fechada dessas condutas. Entretanto,
algumas delas são bem conhecidas;
- apresentar o novo cônjuge como novo pai e nova mãe;
- interceptar cartas, e-mails, telefonemas, recados, pacotes destinados aos filhos;
- desvalorizar o outro cônjuge para os filhos;
- recusar informações em relação aos filhos (escola, passeios, aniversários, festas
etc.);
- falar de modo descortês do novo cônjuge do outro genitor;
- impedir visitação;
- “esquecer” de transmitir avisos importantes/compromissos (médicos, escolares
etc.);
- envolver pessoas na lavagem emocional dos filhos;
- tomar decisões importantes sobre os filhos sem consultar o outro;
- trocar nomes (atos falhos) ou sobrenomes;
- impedir o outro cônjuge de receber informações sobre os filhos;
- sair de férias e deixar os filhos com outras pessoas;
- alegar que o outro cônjuge não tem disponibilidade para os filhos;
- falar das roupas que o outro cônjuge comprou para os filhos ou proibi-los de usá-
las;
- ameaçar punir os filhos caso eles tentem se aproximar do outro cônjuge;
- culpar o outro cônjuge pelo comportamento dos filhos;
- ocupar os filhos no horário destinado a ficarem com o outro;
- obstrução a todo contato;
- falsas denúncias de abuso físico, emocional ou sexual;
- deterioração da relação após a separação;
- reação de medo da parte dos filhos. (2010, p. 27).

Essas condutas demonstram como o alienador tem o poder de induzir uma criança
a rejeitar o outro genitor, através de alegações falsas, não se dando conta de que é uma
conduta totalmente egoística, pensando somente em seu proveito e não interessando a
esse indivíduo alienador o bem estar do filho, a felicidade dessa criança que nada tem a
ver com o ódio sentido contra o outro genitor.

7.3 FALSAS DENÚNCIAS DE ABUSO SEXUAL

O simples afastamento e a intenção de “eliminar” o outro genitor da vida da


criança podem não ser suficientes para satisfazer os desejos doentios do guardião. E por
isso ele vai além.
Por razões que advêm da raiva, do ódio, do desejo de vingança e similares, um dos
genitores pode até denunciar o outro por agressões físicas ou abuso sexual, sem que isso
tenha, verdadeiramente, ocorrido.
A falsa denúncia de abuso retrata o lado mais sórdido de uma vingança, pois vai
sacrificar a própria criança, entretanto, é situação lamentavelmente recorrente em casos de
separação mal resolvida, onde se constata o fato de que conforme Maria Berenice Dias
“muitas vezes a ruptura da vida conjugal gera na mãe sentimentos de abandono, de
rejeição, de traição, surgindo uma tendência vingativa muito grande”.
No universo jurídico, diante de uma denúncia, o juiz, que está adstrito a assegurar
a proteção integral da criança, frente a gravíssima acusação, não tem outra alternativa
senão expedir ordem determinando, a suspensão temporária das visitas ou visitas
reduzidas mediante monitoramento de terceira pessoa. E assim, o genitor alienador, que
visa alienar e afastar o outro consegue, parcialmente, uma vitória, pois o tempo e a
limitação de contato entre o genitor alienado e a criança jogam a seu exclusivo favor.
Nesse sentido, o processo acabará operando a favor de quem fez a acusação, pois
até que se esclareça a verdade, mesmo com urgência na avaliação e na perícia, a demora
prejudicará quem for inocente.
Com o abuso sexual primeiramente deverá ser constatado que aconteceu, pois o
abuso sexual é uma forma de violência doméstica contra os menores e como nem sempre
deixa marcas físicas é muito complicado de ser visto. Jorge Trindade esclarece e
conceitua o abuso: “A criança não tem capacidade de consentir na relação abusiva, porque
o elemento etário desempenha papel importante na capacidade de compreensão e de
discernimento dos atos humanos” (1996, p.181).
Neste caso, que se trata da Síndrome da Alienação Parental com falsa acusação de
abuso sexual, foi interposto agravo de instrumento pela alienadora, solicitando a
destituição do poder familiar frente ao pai, a mesma conseguiu liminarmente, sendo
posteriormente negado provimento ao recurso.

DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR. ABUSO SEXUAL. SÍNDROME DA


ALIENAÇÃO PARENTAL. Estando as visitas do genitor à filha sendo
realizadas junto a serviço especializado, não há justificativa para que se proceda
a destituição do poder familiar. A denúncia de abuso sexual levada a efeito pela
genitora, não está evidenciada, havendo a possibilidade de se estar frente à
hipótese da chamada síndrome da alienação parental. Negado provimento.
(SEGREDO DE JUSTIÇA) (Agravo de Instrumento Nº 70015224140, Sétima
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Berenice Dias, Julgado
em 12/07/2006)
Abaixo relatório elaborado por Maria Berenice Dias, onde denota-se que houve
dificuldade em provar, mesmo com exames efetuados, o abuso frente a menor;

Trata-se de agravo de instrumento interposto por Miriam S.S., em face da


decisão da fl. 48, que, nos autos da ação de destituição de poder familiar que
move em face de Sidnei D.A., tornou sem efeito a decisão da fl.41, que, na
apreciação do pedido liminar, suspendeu o poder familiar do agravado. Alega
que a destituição do poder familiar havia sido determinada em razão da forte
suspeita de abuso sexual do agravado com a filha do casal. Afirma que não
concorda com a manifestação do magistrado que tornou sem efeitos a decisão
proferida anteriormente, visto que não utilizou nenhum expediente destinado a
induzir a erro a magistrada prolatora do primeiro despacho. Ademais, ressalta
que juntou aos autos documentos de avaliação da criança e do grupo familiar.
Requer seja provido o presente recurso e reformada a decisão impugnada, com a
conseqüente suspensão do poder familiar (fls. 2-7). ... O agravado, em contra-
razões, alega que a agravante não trouxe aos autos o laudo psicológico das
partes, o qual é essencial para o entendimento do caso. Afirma que o laudo
pericial produzido em juízo, reconheceu a impossibilidade de diagnosticar a
ocorrência do suposto abuso sexual de que é acusado. Salienta que tal ação está
sendo utilizada pela agravante como represália pelo fato de o agravante já ter
provado na ação de regulamentação de visitas a inexistência de tal atrocidade,
bem como, ter obtido o direito de rever sua filha. Requer o desprovimento do
agravo (fls. 58- 64). A Procuradora de Justiça opinou pelo conhecimento e
parcial provimento, para que seja suspenso, liminarmente, o poder familiar do
agravado por seis meses, determinando-se, de imediato, o seu encaminhamento à
tratamento psiquiátrico, nos termos do art. 129, incisos III, do ECA, para futura
reapreciação da medida proposta, restabelecendo as visitas, caso assim se mostre
recomendável, mediante parecer médico psiquiátrico, a ser fornecido pelos
profissionais responsáveis pelo tratamento do agravado e da infante, no prazo
acima mencionado, a fim de permitir ao Juízo o exame da matéria (fls. 119-127).
Requerido o adiamento do julgamento do recurso, em face da audiência. Nesta,
deliberada a continuação das visitas junto ao NAF, requereu a agravante o
desacolhimento do recurso (fls. 130-142). É o relatório. (Tribunal de Justiça do
Rio Grande do Sul, Sétima Câmara Cível, Comarca de Porto Alegre Agravo
de Instrumento Número 70015224140)

A decisão demonstra um típico caso de falsa denúncia de abuso sexual, onde o


magistrado deve exigir o laudo pericial para a garantia da verdade e mesmo assim corre o
risco de estar cometendo uma injustiça, pois este tipo de abuso é extremamente
prejudicial a vida da criança.

7.4 A IMPLANTAÇÃO DE FALSAS MEMÓRIAS NA CRIANÇA


A denominação de Implantação de Falsas Memórias advém da conduta doentia do
genitor alienador, que começa a fazer com o filho uma verdadeira “lavagem cerebral”,
com a intenção de denegrir a imagem do outro genitor e ainda utiliza-se de fatos não
exatamente como realmente se sucederam, e ele aos poucos vai se convencendo dessa
versão que lhe foi implantada. O alienador passa então a narrar à criança atitudes do outro
genitor que nunca aconteceram ou que ocorreram de maneira diferente do que foi
contado.
Maria Berenice dias esclarece muito bem essa questão, na qual as crianças são
submetidas a uma mentira, sendo emocionalmente manipuladas e abusadas, e por causa
disso deverão enfrentar diversos procedimentos como análise, tanto psiquiátrica quanto
judicial,

Nem sempre a criança consegue discernir que está sendo manipulada e acaba
acreditando naquilo que lhes foi dito de forma insistente e repetida. Com o
tempo, nem a mãe consegue distinguir a diferença entre verdade e mentira. A
sua verdade passa a ser verdade para o filho, que vive com falsas personagens de
uma falsa existência, implantando-se, assim, falsas memórias (DIAS, 2010).

A terapeuta de família Marília Curi explica que, no meio dessa confusa relação
entre as duas pessoas mais importantes da sua vida, a criança se desestrutura e entra em
“conflito, e, “até por uma questão de ‘sobrevivência’, ela opta pelo genitor que tem a
guarda”. Afinal, é com ele que a criança convive mais proximamente”. (2010, p.43-44).
Aquela “verdade” que não retrata a verdadeira verdade, acaba “entrando” e se
enraizando na criança de maneira que, quando se fizer perguntas a respeito, a resposta
virá em sentido malicioso.
Crianças são absolutamente influenciáveis e o guardião que tem essa noção pode
usar o filho, implantando essas falsas memórias e criando uma situação da qual nunca
mais se conseguirá absoluta convicção em sentido contrário.
Portanto, ao lado da presença inequívoca do abuso sexual dentro da família,
também não se pode desconhecer ou negar a existência da Síndrome de Alienação
Parental e da possibilidade maquiavélica e perigosa de se usar a criança para implantar
falsas memórias.
Por mais preparados que estejam os operadores do direito, todos terão muita
dificuldade em declarar, ante o depoimento afirmativo de uma criança, a absoluta
inocência do genitor alienado. Mas como o juiz tem a obrigação de assegurar proteção
integral, reverte a guarda ou suspende as visitas e determina a realização dos estudos
sociais e psicológicos. Como esses procedimentos são demorados, durante todo esse
período cessa a convivência do pai com o filho e o mais doloroso é que o resultado da
série de avaliações, testes e entrevistas que se sucedem às vezes durante anos acaba não
sendo conclusivo. O juiz acaba se deparando diante de um dilema: manter ou não as
visitas, autorizar somente visitas acompanhadas ou extinguir o poder familiar; manter o
vínculo de filiação ou condenar o filho à condição de órfão de pai vivo.
Nesse sentido é o entendimento do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. ABUSO SEXUAL.


INEXISTÊNCIA. SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL
CONFIGURADA. GUARDA COMPARTILHADA. IMPOSSIBILIDADE.
GARANTIA DO BEM ESTAR DA CRIANÇA. MELHOR INTERESSE DO
MENOR SE SOBREPÕE AOS INTERESSES PARTICULARES DOS PAIS.
Pelo acervo probatório existente nos autos, resta inafastável a conclusão de que
o pai da menor deve exercer a guarda sobre ela, por deter melhores condições
sociais, psicológicas e econômicas a fim de lhe propiciar melhor
desenvolvimento. A insistência da genitora na acusação de abuso sexual
praticado pelo pai contra a criança, que justificaria a manutenção da guarda com
ela não procede, mormente pelo comportamento da infante nas avaliações
psicológicas e de assistência social, quando assumiu que seu pai nada fez, sendo
que apenas repete o que sua mãe manda dizer ao juiz, sequer sabendo de fato o
significado das palavras que repete. Típico caso da Síndrome da Alienação
Parental, na qual são implantadas falsas memórias na mente da criança, ainda em
desenvolvimento. Observância do art. 227, CRFB/88. Respeito à reaproximação
gradativa do pai com a filha. Convivência sadia com o genitor, sendo esta direito
da criança para o seu regular crescimento. Mãe que vive ou viveu de prostituição
e se recusa a manter a criança em educação de ensino paga integralmente pelo
pai, permanecendo ela sem orientação intelectual e sujeita a perigo decorrente de
visitas masculinas à sua casa. Criança que apresenta conduta anti-social e
incapacidade da mãe em lhe impor limites. Convivência com a mãe que se
demonstra nociva a saúde da criança. Sentença que não observou a ausência de
requisito para o deferimento da guarda compartilhada, que é uma relação
harmoniosa entre os pais da criança, não podendo ser aplicado ao presente caso
tal tipo de guarda, posto que é patente que os genitores não possuem relação
pacífica para que compartilhem conjuntamente da guarda da menor. Precedentes
do TJ/RJ. Bem estar e melhor interesse da criança, constitucionalmente
protegido, deve ser atendido. Reforma da sentença. Provimento do primeiro
recurso para conferir ao pai da menor a guarda unilateral, permitindo que a
criança fique com a mãe nos finais de semana. Desprovimento do segundo
recurso”. (0011739-63.2004.8.19.0021 2009.001.01309 - APELACAO - 1ª
Ementa DES. TERESA CASTRO NEVES - Julgamento: 24/03/2009 - QUINTA
CAMARA CIVEL).

Diante do grande número de denúncias feitas de forma caluniosa, os Tribunais vem


decidindo pela manutenção do convívio do genitor acusado com o filho.
8 A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

Conforme art. 5º da lei n. 12.318/2010:

Art. 5º Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação


autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou
biopsicossocial.
§1º O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou
biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal
com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do
casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos
envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca
de eventual acusação contra genitor.

O psicodiagnóstico é um processo científico, configurado por uma relação


bipessoal de papéis definidos, cuja finalidade principal é obter uma descrição e
compreensão da personalidade do indivíduo, assim como a investigação de algum aspecto
em particular, de acordo com as características da indicação. Inclui aspectos diagnósticos
e prognósticos da personalidade, fazendo uso de técnicas e testes psicológicos que,
conforme a resolução n. 02/2003 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), são
instrumentos de avaliação ou mensuração de características psicológicas, constituindo-se
um método ou uma técnica de uso privativo do psicólogo.
A avaliação psicológica pode destinar-se a analisar diferentes aspectos do
comportamento tais como interesses, atitudes, aptidões, desenvolvimento e maturidade,
condições emocionais e de conduta e personalidade em geral, bem como reações ante
determinados estímulos ou situações, espontâneas ou previamente planejadas.
Conforme dispõe o art. 3º da resolução n. 08/2010 do Conselho Federal de
Psicologia:

Art. 3º Conforme a especificidade de cada situação, o trabalho pericial poderá


contemplar observações, entrevistas, visitas domiciliares e institucionais,
aplicação de testes psicológicos, utilização de recursos lúdicos e outros
instrumentos, métodos e técnicas reconhecidas pelo Conselho Federal de
Psicologia.
É muito importante que o psicólogo tenha um vasto conhecimento de infância, de
família e de avaliação psicológica para realizar um trabalho de observação em relação à
guarda dos filhos, já que existem casos constantes de Alienação Parental, por ser uma
forma de abuso emocional que pode causar distúrbios psicológicos à criança pelo resto da
vida.
O psicólogo deve ser um excelente observador para perceber as manipulações
emocionais sutis as mensagens e influências que o alienador está exercendo sobre a
criança, reconhecer quem nem sempre as reações psicossomáticas das crianças são
autênticas, constatar se há autenticidade nos relatos das crianças, e verificar qual é o
ambiente favorável e sadio para o desenvolvimento psicossocial da criança em disputa.
É importante que o perito conheça o que é Alienação Parental e os efeitos nocivos
da Síndrome da Alienação Parental para o desenvolvimento afetivo e social da criança,
para fazer o diagnóstico diferencial e, caso o contexto não seja de Síndrome de Alienação
Parental, então que o psicólogo tenha subsídios suficientes para fundamentar tal
conclusão.
A identificação de casos de alienação parental, que promoveria a tramitação
prioritária e maior atenção dos serventuários judiciais, depende também dos esforços dos
psicólogos assistentes técnicos, que são psicólogos contratados por uma das partes, para
auxiliá-lo e assessorá-lo durante o andamento da perícia psicológica, tendo como funções
de orientar o cliente, redigir quesitos ao perito, participar de reuniões técnicas com o
perito antes e ou depois da perícia, e redigir o Parecer Técnico, manifestando-se a favor
ou contra o Laudo Pericial, fundamentando seus argumentos, o psicólogo assistente só
não pode participar das sessões periciais com o psicólogo perito, em decorrência do sigilo
ético e privacidade que devem permear as entrevistas e os testes psicológicos, e porque a
resolução n. 08/2010 do CFP o proíbe expressamente em seu art.2º.
Com relação à avaliação psicológica Roberto Marinho Guimarães diz,

O psicólogo, como alternativa ao uso da nomenclatura SAP, pode, em casos


graves nos quais a criança ainda não está alienada, diagnosticar a presença de
genitor programador com grandes riscos de instalar a SAP. Fornecer um
prognóstico e descrever a situação de abuso psicológico pode dar conta de
diagnosticar a gravidade do caso sem usar o termo SAP equivocadamente. Não é
necessário esperar a recusa da criança para se diagnosticar uma situação
patológica e intervir. Como uma alternativa, de acordo com a lei brasileira o
psicólogo pode diagnosticar AP, visto que a fabricação inclui-se na tentativa de
afastar o convívio do filho com um dos genitores, não sendo, portanto necessário
repúdio por parte da criança para se utilizar o termo. O profissional deve deixar
claro qual das conceitualizações ele utiliza em seu trabalho, ele pode fazer isso
descrevendo pormenorizadamente as manifestações clínicas dos envolvidos e
sua correlação com a dinâmica familiar. Importante ressaltar, que a inversão da
guarda não é apenas considerada para garantir o convívio da criança com o
genitor alienado, mas em função de prováveis dificuldades psíquicas importantes
do genitor que vitimiza seu filho para fazer falsas alegações com intuito
retaliativo, o que coloca em risco a saúde mental da criança (GUMARÃES,
2010).

A jurisprudência abaixo trata da importância da avaliação psicológica para


decisões a respeito do tema de Alienação Parental:

TJRS, APELAÇÃO CÍVEL 70029368834, REL. ANDRÉ LUIZ PLANELLA


PASSARINHO, P. 14/07/2009.
(...) Guarda da criança até então exercida pelos avós maternos, que não possuem
relação amistosa com o pai da menor, restando demonstrado nos autos
PRESENÇA DE SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL. Sentença
confirmada, com voto de louvor. NEGARAM PROVIMENTO À APELAÇÃO.
(...) Pelos termos do laudo, somado ao comportamento da própria menor, suas
constantes e abruptas alterações de opinião, o histórico de vida pregressa de
sua genitora e a conduta da avó materna, visíveis as características iniciais de
Síndrome de Alienação Parental, o que, se finalizado o processo, poderá levar à
infante a perda tanto dos referenciais maternos como paternos, em absoluto
prejuízo a sua personalidade.
(...) A avaliação psicológica realizada em Sabrina, fls. 432/434, cinco meses
após o retorno da guarda aos avós, por sua vez, também mostrou elementos
bastante contundentes, sic: ‘[...] Sabrina tende a optar por permanecer com as
pessoas com quem está mantendo convivência diária. [...]
Os fatos trazidos pelo genitor de que os avós maternos através de pequenos
procedimentos como não permitir que a garota tenha acesso aos brinquedos que
lhe manda, presenteá-la com computador, bem como dificultar-lhe o contato
telefônico podem de fato gerar um distanciamento afetivo capaz de resultar na
SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL, ou seja, fazer com que despreze o
pai...
Ratifica-se o já descrito em laudo anterior, e Sabrina, gradativamente ´perderá
a noção de cada função parental em sua vida, sendo que futuramente
certamente apresentará dificuldade na área da conduta e do afeto [...]’.
A avaliação psicológica serve de base para a análise do magistrado quanto as
questões suscitadas, sendo prova importantíssima para a descoberta da presença da
Síndrome de Alienação Parental, de forma a permitir mais certezas do que dúvidas a
respeito dessa síndrome.
9 MEIOS PUNITIVOS AO CONFIGURAR ALIENAÇÃO PARENTAL

Com o advento da Lei n. 12.318/2010, o Judiciário se viu com um problema a


mais, a carência de aparelho estatal para poder identificar e punir o fenômeno Alienação
Parental, mas ao mesmo tempo normatiza alo que há muito tempo já ocorria, mas que não
poderia ser combatido a contento.
No art. 6º da lei 12.318/2010 estão enumerados os meios punitivos de conduta de
alienação,

Art 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que


dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação
autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da
decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de
instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a
gravidade do caso:
I declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
III estipular multa ao alienador;
IV determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;
VI declarar a suspensão da autoridade parental.

Segundo a advogada e membro do IBDFAM, Eveline de Castro Correia, em artigo


publicado em 04/03/2011, indaga que este artigo estabelece no caput que, os meios de
sanção serão utilizados de forma cumulativa ou não, o que quer dizer que, é conferido ao
juiz à possibilidade de aplicar um ou mais meios de punição, dependendo do caso, e de
posse do laudo pericial, que deverá ter sido solicitado, sem prejuízo das medidas
provisórias liminarmente deferidas. Baseado no direito fundamental de convivência da
criança ou do adolescente o Poder Judiciário não só deverá conhecer esse fenômeno,
como declará-lo e interferir na relação de abuso moral entre alienador e alienado. A
grande questão seria o acompanhamento do caso por uma equipe multidisciplinar, pois
todos sabem que nas relações que envolvem afeto, uma simples medida de sanção em
algumas vezes não resolve o cerne da questão. A família espera-se ser o meio pelo qual o
ser humano alcança tal dignidade. De fato, há uma urgência justificável na identificação e
conseqüente aplicação de “sanções” punitivas ao alienador. No inciso II, do referido
artigo, deve o magistrado ampliar a convivência, restaurando de imediato o convívio
parental, antes que aconteça o pior, qual seja o estado de higidez mental da criança, que
poderá ser irreversível. A ampliação da convivência deverá ser a primeira medida a ser
tomada, quando houver indícios de disputa pela presença do filho, até mesmo quando as
visitações estão sendo dificultadas (http://www.ibdfam.org.br/novosite/artigos/detalhe/713. Acesso

em11/10/2012).

Com referência ao mesmo artigo Kristina Wandalsen alega,

Na hipótese da perícia concluir que o genitor alienante efetivamente estava


imbuído do propósito de banir da vida dos filhos o outro genitor, o juiz
devedeterminar medidas que propiciem a reversão desse processo, tais como a
aproximação da criança com o genitor alienado, o cumprimento do regime de
visitas, a condenação do genitor alienante ao pagamento de multa diária
enquanto perdurar a prática que conduz à alienação parental, a alteração da
guarda dos filhos e ainda a prisão do genitor alienante (2009, p. 82)

Já no sentir da professora Priscila Corrêa da Fonseca,

As providências judiciais a serem adotadas dependerão do grau em que se


encontre o estágio da alienação parental. Assim, poderá o juiz: a) ordenar a
realização de terapia familiar, nos casos em que o menor já apresente sinais de
repulsa ao genitor alienado; b) determinar o cumprimento do regime de visitas
estabelecido em favor do genitor alienado, valendo-se, se necessário, da medida
de busca e apreensão; c) condenar o genitor alienante ao pagamento de multa
diária enquanto perdurar a resistência às visitas ou a prática ensejadora da
alienação; d) alterar a guarda do menor – principalmente quando o genitor
alienante apresenta conduta que se possa reputar como patológica,
determinando, ainda, a suspensão das visitas em favor do genitor alienante ou
que sejam estas realizadas de forma supervisionadas; e) dependendo da
gravidade do padrão de comportamento do genitor alienante ou mesmo diante da
resistência por este oposta ao cumprimento das visitas, ordenar a respectiva
prisão (2007, p.14).

Com relação à possibilidade da prisão, esclarece a autora,

Muito embora, no Direito Brasileiro, a oposição de impedimento ao exercício do


direito de visitas não seja considerada crime – ao contrário do que sucede em
outros países, entre nós o apenamento pode vir alicerçado no descumprimento de
ordem judicial, delito contemplado no art. 330 do Código Penal (2007, p.15).

Cabe esclarecer que o rol das medidas inseridas no art. 6º da Lei n. 12318/2010 é
apenas exemplificativo, podendo existir outras medidas aplicadas na prática que tenham a
capacidade de acabar com os efeitos da alienação parental, e também, pode o juiz
promover a junção de duas ou mais medidas, que entender necessárias a fim de evitar a
multiplicação dos danos relativos à alienação parental, na proteção do convívio do menor
com o vitimado.
10 ANÁLISES DA LEI N. 12.318, DE 26-08-2010

Diante da necessidade de regulação do tema foi sancionada a Lei n. 12.318/2010,


que trata da alienação parental, sendo considerado um importante instrumento para que
seja reconhecida uma situação de extrema gravidade e prejuízo à criança e daquele que
está sujeito a ser vitimado.
Conforme o entendimento de Rosana Barbosa Cipriano Simão,

A aprovação da lei sobre a alienação parental ocorre em contexto de demanda


social por maior equilíbrio na participação de pais e mães na formação de seus
filhos. A família deixa de ser considerada como mera unidade de produção e
procriação para se tornar lugar de plena realização de seus integrantes,
distinguindo-se claramente os papéis de conjugalidade e parentalidade (SIMÃO,
2007).

De início, a lei pretendeu definir juridicamente a alienação parental, para induzir


exame aprofundado em hipóteses dessa natureza e permitir maior grau de segurança aos
operadores de Direito na eventual caracterização de tal fenômeno. O texto da lei, inspira-
se em elementos dados pela Psicologia, mas cria instrumento com disciplina própria,
destinado a viabilizar atuação ágil e segura do Estado em casos de abuso assim definidos.

10.1 ART. 2º - CARACTERIZAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL

A possibilidade da existência da alienação parental em processos que envolvam a


guarda e o direito de convivência com relação ao filho menor não pode ser tratada de
forma que, diante de toda e qualquer alegação contra um dos genitores, seja contra o outro
configurada essa campanha depreciativa, uma vez que podem ser verdadeiras as
acusações promovidas.

O art. 2º conceitua o ato de alienação parental.


Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo
ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.

Passa o juiz, a deparar-se com situação de graves alegações para com a


pessoa do vitimado que podem ser originadas, ou não, pela campanha depreciativa do
alienador, como bem evidencia a professora Maria Berenice Dias:

Essa notícia, levada ao Poder Judiciário, gera situações das mais delicadas. De
um lado há o dever do magistrado de tomar imediatamente uma atitude e, de
outro, o receio de que, se a denúncia não for verdadeira, traumática a situação
em que a criança está envolvida, pois ficará privada do convívio com o genitor
que eventualmente não lhe causou qualquer mal e com quem mantém excelente
convívio (2010, p. 456).

Com base nas doutrinas, o legislador firmou o conceito de alienação parental no


corpo da Lei n. 12.318/2010, no art. 2º, o qual essa interferência prejudicial na formação
psicológica do menor não é exclusivo dos genitores, mas sim de todo e qualquer parente
que tenha o convívio com o menor e que possa dessa relação criar o mecanismo de
danificar o vínculo com o genitor e o menor. A lei cita, neste caso, as pessoas dos avos e
de qualquer um que tenha a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou
vigilância.
Tal alienação pode ser evidenciada, ainda, antes mesmo da ruptura do convívio
conjugal, por meio da qual um dos genitores busca impedir ou dificultar o convívio social
do menor com outros parentes, com atitudes como as descritas nos incisos do art. 2º , de
que trata a Lei n. 12.318/2010.

10.2 ART. 3º - PROTEÇÃO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

O art. 3º da Lei de Alienação Parental trata da prática do ato de alienação parental


como abuso moral contra criança e o adolescente, ferindo direito fundamental.
Art.3º A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança
ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de
afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral
contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à
autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda.

É bem definido este princípio pela professora Maria Berenice Dias:

É o princípio maior, fundante do Estado Democrático de Direito, sendo afirmado


já no primeiro artigo da Constituição Federal. A preocupação com a promoção
dos direitos humanos e da justiça social levou o constituinte a consagrar a
dignidade da pessoa humana como valor nuclear da ordem constitucional. Sua
essência é difícil de ser capturada em palavras, mas incide sobre uma infinidade
de situações que dificilmente se podem elencar de antemão. Talvez possa ser
identificado como sendo o princípio de manifestação primeira dos valores
constitucionais, carregado de sentimento e emoções. É impossível uma
compreensão exclusivamente intelectual e, como todos os outros princípios,
também é sentido e experimentado no plano dos afetos (2010, p. 62).

O desenvolvimento da família tem como base o respeito à dignidade da pessoa


humana, valor importantíssimo que influencia todos os valores e normas positivas na
busca da proteção da família.

10.3 ART. 4º - TUTELA

Os indícios quanto à provável existência de alienação parental por um dos


genitores pode ser reconhecida pelo próprio juiz de ofício, pelo membro do Ministério
Público, ou mesmo por provocação da parte interessada em seu reconhecimento, no caso
o genitor vitimado, conforme dispõe o art. 4º da lei de Alienação Parental.

Art. 4º Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de


ofício, em qualquer momento processual, em ação autônoma ou incidentalmente,
o processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência, ouvido
o Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para preservação da
integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para assegurar
sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos,
se for o caso.
Também é possibilitado que seus indícios possam ser descobertos em qualquer
momento do processo, no decorrer da demanda que tenha como um dos objetivos a
fixação da guarda ou a discussão do regime de visitação, trata a matéria de forma efetiva e
dinâmica que necessita, uma vez que tal questão se torna ponto incidental na demanda em
curso.

10.4 ART. 5º - PROVA

O art. 5º da lei de Alienação Parental determina que a perícia psicológica ou


biopsicossocial é necessária para melhor esclarecimento sobre o caso.

Art. 5º Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação


autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou
biopsicossocial.
§ 1º O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou
biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal
com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do
casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos
envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca
de eventual acusação contra genitor.
§ 2º A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar
habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico
profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental.
§ 3º O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência de
alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo,
prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa
circunstanciada.

A verificação da existência ou não da alienação parental, por parte do magistrado,


no caso concreto é de difícil compreensão, por maior que seja a sua experiência. Nesse
sentido, bem esclarece Kristina Waldalsen,

Existe, via de regra, uma certa tolerância em relação às atitudes do genitor


alienante, como se isoladamente tais atitudes fossem “normais”, próprias da
transição ensejada pela separação conjugal, comuns no folclore das brigas de ex-
casais. Ademais, a identificação de várias atitudes é difícil, dada a
impossibilidade de se adentrar na intimidade do dia a dia de pais e mães com
seus filhos. Contudo, se detectados indícios da alienação parental durante os
processos judiciais, o juiz deve determinar a realização de perícia psicossocial,
para que os interesses dos menores sejam efetivamente preservados (2009, p.82).

O magistrado não pode deixar de colher importantes subsídios técnicos por meio
de profissionais de diferentes áreas, para que promovam através de uma análise cuidadosa
do caso, os indícios que comprovem ou não a existência da alienação parental.
Conforme pensamento de Pietro Perlingieri,

A questão é delicada, também, a relação do juiz com os peritos. Para que o


diálogo seja profícuo, o juiz deve possuir um especial profissionalismo que não
seja apenas especialização técnico-formal, mas se baseie em uma vocação válida
que o leve a compreender o universo menor-sociedade. Não somente uma
especial aptidão à interdisciplinaridade, mas, também, uma acentuada
sensibilidade para com o respeito ao livre desenvolvimento da pessoa na fase
mais delicada de sua formação (2008, p.1006)

O juiz deve possuir um mínimo de entendimento e estudo sobre a Alienação


Parental, sobre a criança em si, para ter um diálogo com os peritos. O juiz deve entender
do assunto de maneira mais profunda para saber compreender o diagnóstico desenvolvido
pelo perito.

10.5 ART. 6º - SOLUÇÕES À ALIENAÇÃO PARENTAL

O art. 6º dispõe sobre os tipos de penalidades que podem ser aplicadas ao


alienador,

Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que


dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação
autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da
decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de
instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a
gravidade do caso:
I- declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II- ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
III- estipular multa ao alienador;
IV – determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V- determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;
VI- determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;
VII – declarar a suspensão da autoridade parental.
Parágrafo único – Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização
ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação
de levar para ou retira a criança ou adolescente da residência do genitor, por
ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar.

De acordo com a explicação de Fabio Vieira Figueiredo,

Acerca dos sete incisos previstos nesse artigo, apesar de aparentar certa gradação
quanto à gravidade da previsão imposta, não se deve partir do pressuposto que
essa sequência seja necessariamente fixa e imposta para que seja seguida nessa
ordem pelo juiz. O magistrado não está vinculado a obedecer progressivamente
às medidas, ficando a seu critério a análise de cada caso concreto e adaptação de
qual dessas ou outras acreditar ser necessária naquela determinada situação,
ainda que possa aplica-la cumulativamente (2011, p.72)

Esclarece-se que o rol das medidas descritas no art. 6º da Lei de Alienação Parental
é apenas exemplificativo, portanto, pode existir outras medidas que o magistrado poderá
aplicar, ou mesmo utilizar duas ou mais medidas conjuntamente.
Segue abaixo jurisprudência a respeito:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE DIVÓRCIO C/C GUARDA E


REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS - VISITA REGULAMENTADA AO PAI
SEM PERNOITE POR MOTIVO DE SAÚDE DA INFANTE -
IRRESIGNAÇÃO CONTRA A ALTERAÇÃO DO PEDIDO DE
REGULAMENTAÇÃO DE VISITA APÓS A CITAÇÃO DO RÉU -
ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE MOTIVOS A RESTRINGIR O PERNOITE
COM O GENITOR - RAZÃO AO RECORRENTE - ALTERAÇÃO DO
PEDIDO APÓS A CITAÇÃO - AUSÊNCIA DE FATOS NOVOS - DECISÃO
QUE VIOLA O ARTIGO 264 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL -
IMPOSSIBILIDADE - PROBLEMAS DE SAÚDE INFANTIL DE
GRAVIDADE INSUFICIENTE PARA RESTRINGIR AS VISITAS
PATERNAS - INEXISTÊNCIA DE FUNDAMENTO DE FATO A SUPRIMIR
O PERNOITE NA VISITA - IMPOSIÇÃO DE SANÇÃO A GENITORA
PARA HIPÓTESE DE DESCUMPRIMENTO DO DIREITO DE VISITA DO
PAI A SUA FILHA (ART. 461, § 4, DO CPC) - DECISÃO REFORMADA -
RECURSO PROVIDO- (TJPR - 12ª C.Cível - AI 827999-2 - Foro Central da
Comarca da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Clayton Camargo -
Unânime - J. 16.11.2011)

Nesse caso, o magistrado aplica multa à genitora caso venha a descumprir ordem
judicial.
10.6 ART. 7º - ALTERAÇÃO DA GUARDA

O artigo 7º dispõe sobre a alteração da guarda,

Art. 7º A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência ao genitor


que viabiliza a efetiva convivência da criança ou adolescente com o outro
genitor nas hipóteses em que seja inviável a guarda compartilhada.

Caio Mário da Silva diz a respeito deste artigo que:

Merece destaque neste momento de redefinição das responsabilidades maternas


e paternas a possibilidade de se pactuar entre os genitores a “Guarda
Compartilhada” como solução oportuna e coerente na convivência dos pais com
os filhos na Separação e no Divórcio. Embora a criança tenha o referencial de
uma residência principal, fica a critério dos pais planejar a convivência em suas
rotinas quotidianas. A intervenção do Magistrado se dará apenas com o objetivo
de homologar as condições pactuadas, ouvido o Ministério Público. Conscientes
de suas responsabilidades quanto ao desenvolvimento dos filhos, esta forma de
guarda incentiva o contínuo acompanhamento de suas vidas (2006, p. 299).

A guarda compartilhada pode ser utilizada para solucionar o problema de


convivência dos pais com os filhos.

10.7 ART. 8º - COMPETÊNCIA

O art. 8º dispõe sobre a competência para o exercício da jurisdição,

Art. 8º A alteração de domicílio da criança ou adolescente é irrelevante para a


determinação da competência relacionada às ações fundadas em direito de
convivência familiar, salvo se decorrente de consenso entre os genitores ou de
decisão judicial.

Com base no critério a respeito da competência, Luiz Rodrigues Wambier afirma,

A matéria a ser decidida (lide, pedido ou pretensão) desempenha papel de


critério de competência, interferindo na sua fixação em primeiro grau de
jurisdição. Exemplo disso é a ação de separação litigiosa, que deve ser
distribuída para a Vara de Família, quando houver essa vara especilizada no
foro; ou de uma ação de retificação de nome, que deve ser distribuída para a
Vara de Registros Públicos, quando essa existir no foro, etc. a infração á regra
em que se elegeu como critério para fixação de competência a matéria a ser
decidida gera vício que não fica acobertado pela preclusão, podendo ser
decretado a qualquer tempo (2008, p. 118).

Por ser critério de natureza absoluta, não existe prorrogação de competência,


podendo a qualquer momento ser alegada.

10.8 ART. 9º - MEDIAÇÃO

O texto do artigo 9º vetado tinha a seguinte redação:

Art. 9º As partes, por iniciativa própria ou sugestão do juiz, do Ministério


Público ou do Conselho Tutelar, poderão utilizar-se do procedimento da
mediação para a solução do litígio, antes ou no curso do processo judicial.
§ 1º O acordo que estabelecer a mediação indicará o prazo de eventual
suspensão do processo e o correspondente regime provisório para regular as
questões controvertidas, o qual não vinculará eventual decisão judicial
superveniente.
§ 2º O mediador será livremente escolhido pelas partes, mas o juízo competente,
o Ministério Público e o Conselho Tutelar formarão cadastros de mediadores
habilitados a examinar questões relacionadas à alienação parental.
§ 3º O termo que ajustar o procedimento de mediação ou o que dele resultar
deverá ser submetido ao exame do Ministério Público e à homologação judicial.

O art. 9º da Lei de Alienação Parental foi vetado, porque nos termos do art. 227 da
Constituição Federal o direito da criança e adolescente à convivência familiar é
indisponível, não cabendo, portanto, sua apreciação por mecanismos extrajudiciais de
solução de conflitos.

10.9 ART. 10 - RELATO FALSO

O texto vetado tinha a seguinte redação,


Art. 10. O art. 236 da Seção II do Capítulo I do Título VII da Lei nº 8.069, de 13
de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente, passa a vigorar
acrescido do seguinte parágrafo único:
'Art. 236. ...........................................
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem apresenta relato falso ao agente
indicado no caput ou à autoridade policial cujo teor possa ensejar restrição à
convivência de criança ou adolescente com genitor.

Pelo fato do Estatuto da Criança e do Adolescente já ter inserido em seu texto


mecanismos de punição suficientes para diminuir os efeitos da alienação parental, não é
necessário a inclusão de sanção de natureza penal, os quais os efeitos poderão ser
prejudiciais à criança ou ao adolescente.

10.10 ART. 11 - VIGÊNCIA DA NORMA

A respeito da vigência da lei o art. 11 dispõe:

Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Devido a grande relevância da matéria, não foi fixado o prazo de vacatio legis,
porque entende-se que não era necessário nenhum período de adaptação para a aplicação
da lei.
11 CONCLUSÃO

Conclui-se que com a separação os pais ficam tão preocupados com seus
problemas que acabam deixando de lado o que é importante para seus filhos, fazendo os
seus filhos de objetos de disputa. O Estado tem um importante papel nessa situação, pois
deve intervir para regular de forma a preservar a instituição familiar. Aos pais compete o
exercício do poder familiar, sendo que quando há a dissolução, não deve haver alterações
das relações entre pais e filhos, ou seja, o poder familiar de ambos deve continuar. Mas
quando há desvio de comportamento dos pais quanto aos seus filhos, isso pode acarretar a
perda ou a suspensão do poder familiar, que é uma medida tomada para proteção do
menor ou adolescente. A prática de ações contrárias a moral e bons costumes também
podem caracterizar desvio de comportamento. Uma maneira de resolver os conflitos em
relação aos direitos dos filhos é através da guarda compartilhada, a qual a criança ou o
adolescente tem a presença dos ambos os pais, que pode ser considerada uma das
soluções para a Alienação Parental.
A Alienação Parental constitui uma forma grave de maltrato e abuso contra a
criança, que se encontra frágil por estar vivenciando um conflito dos seus pais. Para
proteger o filho do alienador, é conscientizar os operadores do direito, os professores e os
agentes de saúde, pois através dessa conscientização é que saberão lidar com o problema.
Quando a dissolução acontece em conflito, pode nesse caso ocorrer a
desqualificação de um genitor sobre o outro, tendo, portanto, um grande risco de
acontecer a Síndrome de Alienação Parental, que é a programação do filho para odiar o
outro genitor, inexistindo motivo real, com a intenção de vingança.
Nesse contexto podem acontecer de serem utilizadas falsas denúncias de maltrato
ou de abuso, até sexual, onde o magistrado deverá analisá-las minuciosamente, baseando-
se em provas e perícias.
Quando constatado a Alienação Parental, o magistrado deve adotar medidas que
façam acabar com o abuso, ainda que para isso seja necessário separar por um
determinado tempo o alienador do seu filho.
Essas medidas são aplicadas através da Lei 12318/2010 que dispõe sobre
Alienação Parental. A responsabilização pode representar uma maneira de reparar os
danos causados pelo alienador, pois os filhos que sofrem esse tipo de abuso tendem a ficar
com muitas seqüelas, sendo infinitamente prejudicados.
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Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Direito) Universidade Tuiuti do Paraná.

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