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Caro(a) amigo(a),

Estou tentando publicar o meu livro – Travessia.

Contém alguns poemas e alguns contos rápidos, que eu chamo de “Flashs”. Falam de
tudo um pouco. São um pouco do que sou. E quero compartilhá-lo com você.

Como estou tendo dificuldades para fazer sua edição, preciso de ajuda. Assim sendo,
estou mandando para você, por e-mail, um exemplar (corpo e capa) para que possa
baixá-lo, fazer sua impressão e leitura e, posteriormente, mandar-me sua opinião sobre
ele. Meu endereço é: José Araújo de Souza – Praça Rui Barbosa nº 187 – Apº 1002 –
Centro – Belo Horizonte (MG) CEP: 30.160-000.

Mas, como disse que preciso de ajuda, tenho um pedido a lhe fazer: caso não considere
um abuso de minha parte, gostaria que me auxiliasse na sua impressão, “pagando” pelo
exemplar que estou lhe mandando “de graça”, o valor que julgar que valha. Qualquer
valor, não se constranja. Qualquer valor, mesmo! Basta depositar

. na conta poupança nº 00090679-5 - Agência 0156 da Caixa Econômica Federal.


. na conta nº 00087-3 - Agência 3362 – Banco Itaú.
. na conta nº 1757650-0 – Agência 0058 do Banco Real.
. na conta nº 43.725-5 – Agência 3608-0 do Banco do Brasil.

ou enviar, via postal, para o endereço acima. Mas só se achar que, realmente, o livro
valha alguma coisa. Existem Livros e livros. Poesia e poesia, eu sei. De qualquer forma,
já ficarei feliz se souber que o leu. Ah, caso queira, estou autorizando que o remeta para
seus amigos, nas mesmas condições em que o mandei para você. Por favor, confirme
sua aceitação e leitura: josearaujodesouza@yahoo.com.br ou araujoesouza@bol.com.br
ou araujoesouza@gmail.com

Abraços.

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JOSÉ ARAUJO DE SOUZA

TRAVESSIA

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EDIÇÃO DO AUTOR

2008

B869.1
S729t Souza, José Araújo de
Travessia / José Araújo de Souza. – Belo Horizonte: Edição do autor,
2007.91 p.
1. Poesia brasileira. I. Título.

CDD

Tânia Cristina de Moura Silva CRB6 - 1636

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Este livro é dedicado a:

Adolfo José, o amigo.


Fernando Teixeira, o aluno.
Olívio Araujo e Cotinha, os avós
Simplício Albano e Geracy, os pais
Juliana Mantuano, a filha.

Foram escolhidos, por mim,por me haverem deixado um dia, sem nenhum


aviso, e se tornado saudade. Eu não estava presente, quando partiram. Mas,

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depois, passaram a gerar, em mim, umas idéias diferentes do que é a morte.
Hei de encontrá-los, um dia, quando eu não for mais que pó. Hei de encontrá-
los, um dia...

TRAVESSIA

ÍNDICE

Página

Apresentação 07
A Travessia 10
Recreação 15
Assim, Assim 16
A Duzentos Por Hora 18

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A Caçada 19
Quando a Noite Vier 23
A Cruz de Naum 24
Oração 27
Jangadeiro 28
Quando o Inverno Chegar 32
O Encontro 33
Fuga 37
Canção para Juliana 38
Fim de Sonho 39
Visão 40
Serenata 41
Esperança 42
Chamada Geral 43

ÍNDICE

Página

Mutum 44
Solidor 45
Primeiro Amigo 46
Distância 48
O Anjo da Casa Azul 49
Invisibilidade 50
Tempo 51
Canção ao Luar 52
Desencontros 53
Desalento 54
Eterna Busca 55
Querença 56
Poema 57

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Patos de Minas 58
Saudade 59
Drummond 60
Anjo da Paz 61
A Semana 62
Cora Coralina 64
Recuerdos I 65
Esperança 67
Alunissagem 68
Fé 69
Canção 70
Dor 71
Liça 72
Recuerdos II 73
Última Caminhada 75

ÍNDICE

Página

Solidão 77
Canção de Amor para Jesus I 78
Canção de Amor para Jesus II 79
Canção de Amor para Jesus III 80
Vento 81
Cantiga 82
Busca 83
Ternura 84
Oferenda 85

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Sereia 86
Solidão e Paz 87
Tristeza de Agosto 88
O Começo 89
Saudade de Você 90
Declaração 91

APRESENTAÇÃO

Um dia, nos anos 70, na Escola Polivalente “Professora Elza Carneiro Franco”,
de Patos de Minas – MG, quando falava sobre poesia em um Clube Literário da
5ª Série, atendendo a um convite da minha amiga professora Vilma
Boaventura, percebi que um aluno, aparentando ter uns dez anos de idade e
ser o menor de todos os que me ouviam, não desviava os seus olhos,
observando-me, como que embevecido. Sua atenção era tal que, após terminar
a minha explanação, curioso, interroguei-o sobre o que achara da palestra.

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Respondeu-me que gostara muito e perguntou-me, meio sem jeito, se eu era
“poeta mesmo, de verdade.” Disse-lhe, então, que “gostava de escrever, que
fazia poesias, sim, que era poeta nas horas vagas, etc”, essas coisas que
dizemos quando não queremos, realmente, assumir uma posição, concordando
ou não com o que nos foi perguntado, acrescentando o famoso “ por quê?” A
resposta do rapazinho foi tão inusitada que dela me lembro como se a
estivesse ouvindo, ainda, hoje: “Eu não sabia que ainda existia poeta vivo. A
gente só estuda poeta que já morreu”, disse-me ele, sorrindo um sorriso
maroto.
Hoje, mais de trinta anos depois de manter o diálogo relatado acima,
entrego aos leitores o meu primeiro livro, “A Travessia”. Só o faço depois de
muito hesitar e de vencer, no meu íntimo, alguns medos que trazia comigo,
escondidos, há muito tempo. Ah, como me foi difícil vencê-los.
Publicar um livro é como nos desnudar em público. É nos virarmos pelo
avesso para que todos possam ver o nosso interior. Mostrar o que pensamos e
o que sentimos em determinado momento de nossas vidas, sem reservas.
Quem publica um livro se torna, também, totalmente público. Perde a
privacidade. Não pode, mais, se esconder. Está no mundo.
Publicar um livro de poesias, então, é mais difícil do que qualquer outro,
pois cada leitor, ao lê-lo, julgar-se-á com o direito de imaginar que conhece o
íntimo do poeta, baseando-se no que ele escreve.
Um romance é lido e aceito como uma ficção. A poesia, não. O leitor
procura identificar-se em cada verso que lê. Torna-se o próprio autor. Assim,
sente o momento da criação do poema como se o tivesse criado, ele próprio. E
passa a ver o poeta como se fosse uma imagem sua, ao espelho. Uma cópia
de si mesmo.
Publicar um livro nunca foi a minha intenção, ao escrever os meus
poemas. Sempre que os mostrava a amigos, ouvia a famosa pergunta: “E aí,
quando vai publicar o seu livro?” A resposta era sempre “não sei”, “não estou
pensando nisto” ou um “nunca”. E assim, mais um poema era guardado junto a
outros, num envelope pardo, aumentando o pacote, na estante. Vez por outra,
os relia. Mais por curiosidade ou por “falta do que fazer”, como diziam os meus
filhos.

Nessas ocasiões, acontecia sempre um fato interessante: alguns


poemas me pareciam inteiramente desconhecidos, e chegava a duvidar que os
pudesse ter escrito. Outros, no entanto, dos quais nem me lembrava mais,
tocavam-me tão fundo, que me sentia obrigado a lê-los com maior atenção. E,

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ao fazê-lo, separava-os em outro pacote. Foi assim que acabei chegando aos
que estão, hoje, compondo este livro.
São poemas que falam de amor, saudade, paixão, alegria, dores, e
muito mais. Nascidos para serem esquecidos vão tornar-se, agora, filhos do
mundo. Já foram meus,um dia. Agora, são seus. Façam deles um bom
proveito.
O autor

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A TRAVESSIA

Primeiro, foram pingos indecisos, espaçados. Depois, uma chuva


torrencial. O céu, antes azul, tornou-se escuro. O sol, que queimava sua pele já
ferida e ardente, desapareceu sob a grande nuvem. A areia escaldante foi,
pouco a pouco, ficando fria. Pequenas poças se formavam por toda parte.
Ao sentir a chuva molhando seu corpo torturado pelo sol, tomou
consciência da dor. A água penetrava na pele que ardia como se estivesse em
brasa. Curvou-se com dificuldades e sentou-se na areia molhada. Ficou ali
assim, quieto, até que o corpo, de tão encharcado, deixou de doer.
Os lábios, partidos pelo sol e pela sede foram aliviados. Novo sopro de
vida agitou todo o seu corpo e reavivou seu espírito.

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II

Com a chegada da noite, o frio tornou-se, também, insuportável. Antes,


a areia quente do deserto amenizava o gélido da noite. Agora, no entanto, a
areia molhada não tinha como ser aquecida.
Enrolado na grossa manta passou longo tempo observando o céu. As
estrelas cintilavam e, vez por outra, uma desprendia-se e, rápido, atravessava
a noite.

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III

Pela manhã, passada a chuva, reiniciou a caminhada.


Na areia, apenas as marcas de suas passadas.
Nenhum sinal de que outro ser humano tivesse feito, antes, aquele
mesmo percurso. Apenas abutres eram vistos voando em círculos no céu, a
grande altitude. Esperavam que ele caísse exausto. Aí, se banqueteariam.
O vento quente que soprava contra o seu rosto não deixava nenhum
outro som chegar até os seus ouvidos. Apenas o ruído feito pelos grãos de
areia levados pelo vento.

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IV

Naquela noite, quando tudo era silêncio e o vento era calmo, um outro
ruído se fez ouvir. Ele escutou atentamente. Depois, ergueu-se e reiniciou a
caminhada, noite à dentro, os olhos buscando enxergar na escuridão.
Lentamente, caminhou até que o viu.

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V

Lá estava ele diante de si, com suas grandes ondas. O mar, que buscara
por tantos dias que já nem se lembrava mais quantos.
Sorrindo, sentou-se à beira da água, na umidade da areia, observando o
horizonte distante. Então, ajoelhou-se e agradeceu ao Senhor.
Descobrira como poderia retirar todo o seu povo do amargo cativeiro,
levando-o através do deserto, até ao mar. Seria possível.
Bastaria seguir a estrela que recebera como guia.
Afinal, confiavam apenas nele, Moisés.

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RECREAÇÃO

Por brincadeira,
sem nenhum compromisso,
eu faço um poema
com versos travessos.
Por brincadeira,
sem nenhuma promessa,
eu faço sem pressa
um esboço de frase,
e depois me esqueço.
Por brincadeira,
me faço poeta
e finjo estar triste,
só de brincadeira.

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ASSIM, ASSIM...

Tinha olhos bonitos, de um negro profundo. E, no fundo dos olhos, era


terna. Meiga e terna.
Por um tique nervoso ou por charme, piscavam os seus olhos
maliciosamente, num ritmo compassado. Tinha olhos bonitos que me olhavam
de frente.
Um dia, não sei se por um olhar mais atrevido, não sei se por um pouco
de descuido ou se por um pouco mais de querença, meus olhos pararam nos
seus olhos parados e ficamos ali, desconcertados. Os dois. Aí, então, como por
mágica, nos achamos um ao outro. Ali, naquele lugar que ficou como sendo
eterno nos meus sonhos. Fiz dele um segredo e não digo, não.

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II

Com o tempo, deixamos quase de conversas. Ficávamos a nos olhar,


apenas. Assim, fomos descobrindo em nós minúcias que não conhecíamos. E
os nossos olhos cada vez mais se falavam, indagando-se. Eu gosto muito de
você, um olhar dizia. Senti sua falta, respondia o outro olhar, como que
brincando. E, a cada carinho, entrecerravam-se. Não por vergonha de um beijo.
Não por timidez. Mas entrecerravam-se para melhor sentir os lábios nos lábios
e mais sonhar.
Tinha olhos bonitos, de um negro profundo de ternura feitos e de
malícia.
Como estou, sem tê-los? Assim, assim...

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A DUZENTOS POR HORA

A duzentos por hora,


não existe Deus.
A duzentos por hora,
só existe o vento lá fora
e o corpo rígido
no volante.
A duzentos por hora
na reta da vida
não existe nada,
nem a ferida viva do tempo.
Apenas a certeza da liberdade,
voando ao encontro
do perigo.
Haverá sempre,
em algum lugar,
um maluco voando
e morrendo
a duzentos por hora.

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A CAÇADA

Ponai-é encostou a lança no tronco da árvore, ergueu a cabeça e, com a


mão direita erguida frente ao rosto, buscou alcançar o mais longe possível com
o olhar.Apenas viu o verde da folhagem indo e vindo de leve, com o vento.
Estufou as narinas. Nenhum cheiro que não fosse conhecido. Foi quando ouviu
o som abafado.
Apanhou a lança e caminhou com cuidado, para a frente. Seus pés
pareciam flutuar, tão pouco ruído faziam. O farfalhar das folhas roçando em
seu corpo podia ser atribuído ao vento.
Ponai-é caminhava tenso.
A cada metro percorrido, aumentavam os cuidados. O som agora era
mais forte. Preparou-se para o ataque. O corpo arqueou-se devagar. O braço
erguido tinha os músculos fortes firmes como cipós entrelaçados. O outro braço
fazia mira frente ao corpo. Os olhos pequenos estavam fixos no alvo.
Ponai-é fez o arremesso.

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II

Ela estava enrodilhada.Apenas a cabeça estava erguida, não sendo


visível entre as folhagens caídas ao chão. Os olhinhos redondos parados
fixavam à sua frente.
Estava imóvel.
Somente a língua finíssima movimentava-se, indo e vindo.
O corpo multicolorido se contorceu um pouco, com um ligeiro e quase
imperceptível estremecimento.
A boca desarticulada abriu-se rápida, expondo duas presas como
lâminas. Curvas. Fatais.
Como um relâmpago colorido lançou-se no ar

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III

Os enormes patos selvagens esvoaçavam sobre o lago.


Suas grandes asas, quando agitadas, produziam nele pequenas ondas.
Mergulhavam na água e se erguiam com minúsculos peixinhos nos longos
bicos arredondados.
Eram tantos e tão despreocupados estavam que só se assustaram
quando um, atingido em cheio pela lança arremessada com precisão, soltou
gritos alucinados e se debateu sobre a água.
O bando, então, partiu em barulhenta revoada.

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IV

O lago, antes calmo, estava agora agitado e tingindo- se de vermelho.


No meio, boiando, o enorme pato selvagem não se debatia mais.

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A víbora rastejou entre preguiçosa e sonolenta, o corpo remexendo-se
entre a folhagem.
Ponai-é, a boca retorcida num último desesperado esforço para respirar
e conter a dor, estava caído de costas, contorcendo-se, a mão esticada sobre a
perna de onde escorria um pequeno filete de sangue.
Em minutos, a floresta voltou a ser silenciosa, bela, atraente e misteriosa
como são e devem ser todas as coisas desconhecidas.

QUANDO A NOITE VIER...

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Quando a noite vier,
de lua clara, céu azul
cheio de estrelas
e o Cruzeiro do Sul
servir de guia,
tu ouvirás meu canto
em serenata.
Depois, então,
serei teu dia.

A CRUZ DE NAUM

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I

O sol estava alto no céu quando Naum apareceu na curva da estrada,


caminhando devagar, o rosto vermelho e suado.
Os pés já estavam calejados de tanto andar e demonstravam frouxidão e
exaustão na lentidão dos passos.
O chapéu de palha surrado cobria a cabeça.
Os lábios secos e sedentos moviam-se vez por outra.
Os olhos miravam o caminho arenoso, à frente. Estava, já, ao pé da
serra.
Foi ali que Naum viu a cruz.

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II

Era uma enorme cruz de madeira trabalhada.


Estava deitada sobre a areia e junto dela repousava um homem.
Maltrapilho. O corpo coberto de feridas. Cabelos longos, sujos. Velhas
sandálias estavam junto aos seus pés.
Naum parou desconfiado.
Pouco a pouco, porém, a história de Cristo tomou forma diante de seus
olhos.
Compadeceu-se do viajante. Deve estar pagando promessa, coitado!
Até que a subida não é muito grande. Mas já parece não agüentar mais, disse
para sí mesmo
Naum olhou outra vez para o alto da serra. Resolveu ajudar.
Foi ali que Naum apanhou a cruz.

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III

O sol estava deixando o céu quando Naum apareceu no alto da serra,


caminhando devagar, o rosto vermelho e suado, o corpo vergado ao peso da
cruz.
Quando parou para descansar, apareceram os rapazes.
Desceram do carro vermelho. Observaram Naum. Até conversaram com
ele sobre o significado da cruz.
Riram muito quando ele lhes disse que a carregara até ali apenas para
ajudar outro homem. Ficaram com Naum até que o sol sumiu de todo e a lua
apareceu ao longe no céu. Aí, despediram-se no alto da serra.
Foi ali que Naum foi achado crucificado.
Pela manhã.
Quando o sol era ainda menino, no céu.

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ORAÇÃO

Pela manhã,
ao acordar com o sol
iluminando o céu,
eu faço uma oração
agradecendo a Deus
a Infinita Graça,
esta alegria de nascer outra vez.
E me entrego ao trabalho
até que a noite ao chegar
me encontre cansado
e me cubra de estrelas
no retorno ao meu lar
sob o brilho encantado da lua.
Ao Meu Deus, então,
mais uma vez, reconhecido,
eu agradeço o bem
de haver vivido.

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JANGADEIRO

A madrugada estava fria e o vento vindo do mar arranhava a pele de


seus braços.
A mão do pai em sua mão era morna, de um calorzinho gostoso. Os
seus pés afundavam na areia da praia.
Mesmo descalço, não tinha nenhuma dificuldade para caminhar.
Vindo de longe, o ruído das ondas ao chocarem-se com as rochas do
arrecife era como trovadas.
Ele caminhava da mesma forma com que fazia todas as manhãs.
Calado. O pensamento solto como gaivota.
Tinha dez anos e dentro em breve também estaria acompanhando o pai,
em mar alto.
Quando a jangada partiu,ficou só na areia, olhando por algum tempo,
como sempre fazia.
Depois, voltou pelo mesmo caminho pelo qual viera com o velho
pescador.
Tinha só dez anos e tinha todo o dia para fazer as mesmas coisas de
sempre.

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II

Quando a jangada partiu,ficou só na areia, olhando por algum tempo,


como sempre fazia. Depois, voltou pelo mesmo caminho pelo qual viera como
o velho pescador. Tinha dez anos e tinha todo o dia para fazer as mesmas
coisas de sempre.

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III

À tarde, quando o sol declinava já para sumir no céu, ele estava lá,
como sempre fizera, a esperar a chegada do pai.
Estava, como sempre, curioso para saber quantos peixes traria, dessa
vez.
Quando chegaram, vieram todos calados.
Não cantavam de alegria, como era de costume.
Ele contou por cinco vezes as jangadas na praia.
Então, descobriu que uma delas não voltara.

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IV

Com os olhos ainda vermelhos de pranto, ele caminhava.


A madrugada estava fria e o vento vindo do mar arranhava a pele de
seus braços. A mão do irmão mais velho estava morna, de um
calorzinho gostoso.
Ele caminhava calado, como sempre fizera, em todas as madrugadas.
Tinha dez anos e em breve estaria em mar alto, com o irmão.

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QUANDO O INVERNO CHEGAR

Quando o inverno chegar


e o frio da noite
numa noite qualquer
incomodar o teu sono,
deixa, num sonho,
eu aquecer o teu corpo
com o meu corpo,
que de amor disponho.
Eu te darei amor

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e me darás ternura.
Depois, pela manhã, então,
ao acordar, cedinho,
mesmo sabendo longe esta aventura
seremos dois, os dois, a procurar
carinho.

O ENCONTRO

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Ele sonhou três noites com aquele mesmo rosto.
Nos três dias que se seguiram, recordou o sonho, procurando fixar a
imagem, com medo de não sonhar mais e a esquecer.
Com o tempo, considerou a hipótese de existência da mulher.
Talvez a tivesse visto, já, alguma vez, mesmo que rapidamente, e fixado
a beleza do seu rosto no seu subconsciente.
Ele sonhou outras três noites com aquele mesmo rosto.
Apaixonou-se.

II

Pouco a pouco, foi da paixão branda ao desvario.

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Começou, assim, a procurá-la por onde ia. Nas ruas e parques. Nas
casas noturnas.
Até nos bordéis, procurou por ela.
Sem tréguas.
Ele sonhava todas as noites com aquele rosto.

III

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Quando caiu doente, desnutrido e estafado, mandaram-no para o
interior.
Lá, um dia, na cidadezinha pequena onde nascera, numa noite fria de
festa junina ele a viu em carne e osso.
Carne rosada de sol.
Ossos firmes de gente do campo.
Inocência ainda primitiva.
Sorriso franco na boca de dentes bonitos. Ali, frente a frente.
Então, num repente, ele a tomou nos braços.

IV

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Ninguém viu quando a faca feriu fundo.
Apenas o rapaz, noivo da moça bonita do interior, foi visto pingando
sangue, correndo no meio da rua, naquela noite.

FUGA

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Vou soltar
o meu canto de glória
sair num domingo
e ficar por aí
com um amigo
sem nada fazer.
Vou ficar preguiçoso
e num sono gostoso
procurar lhe esquecer.
Mas no fundo,
bem no fundo,
eu preciso dizer:
o que mais eu quero,
no mundo,
é sonhar com você.

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CANÇÃO PARA JULIANA

Ah, vida minha que se acaba um pouco


no corpinho pequeno, de beleza infinita,
no loiro cabelo, na pele bonita,
num sonho de amor
deixando marcas.
No rosto, o sorriso amplo.
Na boca, o beijo diário.
Nos olhos, o azul do céu.
Ah, vida minha que se acaba um pouco
na grandeza do amor deixado frio
perdido no tempo à procura do afago,
solto no espaço à procura de um porto
qual barco perdido navegando ao largo
sem vento, sem rumo,
avariado.
Ah, vida minha que se acaba um pouco
no pouco tempo que tive
de amar-te, querer-te tanto.
Anjinho da vida minha
que no dia já marcado
deixou meus braços vazios
o coração desconsolado
e abraçando o Deus-Menino
tomou assento
ao seu lado.

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FIM DE SONHO

Sonhador de sonhos lindos


eu quis fazer verso e prosa.
Falei de praias, de lua
e de uma vermelha rosa
que vi num jardim, florindo.
Falei de encantos que tive
e de outros que me contaram.
E quando não tinha nada
Para dizer, de beleza,
falava então, da tristeza
que existe nas madrugadas.
Sonhador de sonhos findos
sem ter mais inspiração
me encontro triste e vazio.
Já nada mais sonho, então.

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VISÃO

Aconteceu comigo
ver o irmão, camarada,
inerte, morto. Sem nada.
Só fome!

Aconteceu comigo
ver a amiga deixada
inerte, morta. Sem nada.
Só medo!

Aconteceu comigo
ver meu próprio corpo na estrada.
Inerte, morto. Sem nada.
Só sonhos!

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SERENATA

No meio da noite
um acorde se ouviu
de um violão afinado.
Uma estrela no céu
reluziu mais forte.
Na noite vazia
alguém se lembrava
de outro alguém,
que dormia.
Com um pouco de sorte,
pensava, eu serei o seu sonho.
No silêncio da noite
um soluço se ouviu
de alguém que, por certo,
não dormiu.

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ESPERANÇA

Por encanto,
ainda resta um pouco
do tanto que quis
para te dar
e te fazer feliz
e te encontrar.
Por encanto,
ainda restou do vento
a brisa leve,
e do verde do mar
a espuma, para te dar,
e te fazer feliz

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e te encontrar.
Por te querer tanto
E tanto te amar,
ainda resta a esperança
para fazer-me feliz
e te esperar.

CHAMADA GERAL

Na chamada geral
ao romper da aurora
num lugar qualquer
deste meu País
ouvi nomes perdidos
de corpos vencidos
um por um.
E não vi nenhum

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se erguer em resposta.
Cada dia maior
o grupo de irmãos se fazia
na chamada geral.
E ninguém ressurgiu
ao chegar outro dia
do fundo encharcado
dos porões.
Na chamada geral
dos ausentes
ao romper da aurora
eu disse presente
na minha hora.

MUTUM

Há um pedaço de dor
encravado entre as montanhas
desenhadas contra o céu
(ainda será azul?)
e um rio nascendo dos olhos

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formando na queda a cachoeira.
(ainda será fria e funda?).
Há um começo vermelho de noite
correndo ao encontro do encanto da lua.
(ainda será dos namorados a velha rua?)
Há no peito embrutecido uma suave saudade
e um coração ferido comandando o sangue
que flui para o corpo.
Lá, por certo, o tempo se incumbiu
de sucumbir tudo.
E ninguém mais se lembra de olhar
a montanha encantada e pedir um querer
de madrugada.
Nem flutua no rio a escura canoa
e nenhum menino desafia mais o remanso
ao entardecer.
Por certo, só existe a saudade que sinto
de Mutum.

SOLIDOR

Solidor é a solidão nascida de uma dor de não se ter mais. Surgida


como por encanto, no final de um sonho, no começo de uma noite de chuva ou,
até mesmo, na hora da morte. É a falta permanente ou passageira deixando
marcas e maracás em cada batida surda do coração. É o vermelho do sangue
correndo pelas veias dilaceradas, num contínuo fluir e refluir, pelo corpo
cansado.

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Solidor é fruto da paixão, desespero, vingança e ódio. É resultado de um
amor. Um poema inacabado por falta de espaço no papel. Uma canção
cantada baixinho, no ouvido direito da amada. É um lamento, um suspiro ou um
nome soprado baixinho a se perder no vento.No nada.
É solidor a saudade de não se estar mais na cidade natal. Ou quando se
perde um pedaço da vida na morte de alguém. Quando, de um lugar qualquer
distante no tempo, repentinamente, ressurge o cheirinho gostoso de comida
caseira, feita pelas mãos da mãe que já não temos mais.
Solidor é chocolate escaldado em fogão de lenha. Bala de coco
redondinha coberta de açúcar. Bola de meia rolando na poeira. Enchente de rio
manso. Gabiroba do mato. Manga espada com terebentina na casca. Goiaba
vermelha. É tristeza.
Solidor é boneca de pano, rasgada, deixada num canto de um quarto. É
calor de colo. Carinho de mão tocando de leve nos cabelos. Caminho de roça,
cheio de mato. Preguiça gostosa de depois do almoço. Brinquedo de infância.
É brincar de pique. É balanço. É cobra cega. Casamento de jeca. Pipoca.
Balão aceso no céu. Lua cheia. Carnaval de rua. Banco de escola primária. É
trança de menina. É Igreja na praça. Refresco de canudinho. Caldo de cana
tirado na hora. É barquinho de papel descendo na enxurrada.
Solidor é palavra inventada, que nunca esteve em dicionário. Mas que
existe viva dentro de cada um de nós. É a saudade danada de uma coisa que
incomoda. Mas que não queremos perder nunca, nunca, nunca...

CANÇÃO PARA ADOLFO JOSÉ

Sonhador de sonhos lindos

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cabelos soltos ao vento
segue a estrada do destino
o meu amigo primeiro.
Já não leva em sua mente
a história da sua vida.
Já não traz mais nos seus olhos
o brilho que tanto espero.
Por ser meu primeiro amigo
é tudo o quanto procuro
é tudo o quanto eu preciso
é tudo quanto eu mais quero.
Sonhador de sonhos findos
o meu amigo perdido
deixou perdido o meu mundo
e se foi ainda sorrindo.
Já não sabe mais, que no fundo,
levou junto aos seus sonhos
meus sonhos todos
no mundo.

DISTÂNCIA

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Não há distância.
A proximidade se faz com a noite.
Ninguém se afasta.
Todos
se
encontram
em sonhos
dourados
de luar.

O ANJO DA CASA AZUL

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O anjo da casa azul
não me veio num sonho
não me veio em delírio.
Apenas surgiu na tarde de outono
entre um sol e uma lua
flutuando de leve
ao redor de uma luz.
Era um anjo pequenino
vestido de branco
que morava numa casa azul.
Não me disse nada
sequer me sorriu.
Mas nos olhos trazia tudo
o que eu sempre quis.
Era um anjo de sonhos
a surgir num repente
descendo do alto
de uma nuvem ligeira.
Morava numa casa azul
sem janelas e sem portas.
O anjo de branco dessas casas azuis
só nos vem, com certeza, quando quer.
Assim, sem nenhum compromisso,
retorna ou fica
se quiser.

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INVISIBILIDADE

No jardim
a rosa
que o sol procura e abraça.
Quadro invisível a quem passa.

No campo
a semente
que a chuva procura e acolhe.
Quadro invisível a quem olhe.

No lago
a pena
que a formiga procura e socorre.
Quadro invisível para quem ao lago acorre.

No peito
o amor
que a alma grita e os olhos proclamam.
Quadro invisível para os que não amam.

Há em todo o mundo
destroços
do que a guerra destruiu. Tristonhos.
Quadro invisível a quem vive de sonhos.

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TEMPO

O tempo
se encurta
no espaço
de tempo
que tenho.

No mundo
a fundo
o tempo
se esgota
na porta
da vida
vivida
por mim.

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CANÇÃO AO LUAR

Seguindo a brisa
que ao mar encrespa
meu barquinho vai levando
o que de um meu sonho resta.
Os raios de luar
a noite toda enfeita
colorindo as águas onduladas
enquanto o barco de meus sonhos
navega sob estrelas
velas arriadas.
Seguindo a doce brisa
o meu barquinho flutua.
A direção do leme
e a mesma tua.

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DESENCONTROS

Sair da casa
ficar no campo
depois da praia
o amor num canto
e assim e assim
deixar no espaço
o início e o fim
do abraço.
Depois da pausa
a vigilância
e a volta eterna
nessa partida
e agora agora
no fim do dia
o descanso.
E cada coisa
matéria ou não
no seu lugar eterno
estará então.
E fica o branco
manchando o preto
e fica o azul azul e branco.
No fim
haverá sempre o desencontro

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no amor e na paz.
E pronto!

DESALENTO

Por mais que eu queira


que tu me queiras
me deixas triste
me deixas só.
Eu viveria de sonhos
se não sonhasse contigo.
Mas no meu sono profundo
a tua imagem perdida
vem surgindo dominante
e num instante
soluço.
Eu viveria contigo
se tu quisesses somente.
Mas por mais que eu queira
que tu me queiras
me deixas triste
seguindo em frente.

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ETERNA BUSCA

Quando o sol se esconde, indiferente


a tudo que o acompanhou, no dia,
cedendo à lua o seu lugar, no infinito,
sigo o caminho que me leva à ti.

Quando os meus olhos se fecham, lentamente,


em pontos mortos, sem beleza alguma,
me fazendo dormir, iresistivelmente,
sigo o caminho que me leva à ti.

Quando a natureza se acalma, e pássaros


hospeda em seus ninhos verdejantes,
e as cigarras, cantando, anunciam chuva,
sigo a caminho que me leva à ti.

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E, quando em todo o mundo os ruídos cessam
e as máquinas, como em descanso, param
despovoando as ruas, meus passos, em caminhar seguro
percorrem os meus sonhos, me levando à ti.

QUERENÇA

Quisera poder estar agora, precisamente,


desfrutando o silêncio dos teus lábios,
mensageiros que são do amor, mesmo calados.

Quisera poder ter, por um momento,


nesta hora, o confortante contato
dos teus dedos, levemente.

Quisera estar sorrindo, percorrendo


caminhos que conheço no teu corpo,
que já percorremos juntos, lentamente.

Por um instante, apenas um instante,


quisera poder afagar os teus cabelos
brilhantes, perfumados, lindos.

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Quisera nunca mais acordar deste meu sonho,
para, eternamente, viver contigo os teus carinhos,
quisera. Ah, como quisera.

POEMA

Filho único e só
nasce o poema
nesse berço de luz.
Sem mágoa.
Sem cor.
Apenas um pouco de paz

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e um muito de amor.

É inédito.
Imaculado, ainda.
Mas bastará que tome
o rumo que tomar,
para ser apenas mais um,
preso a um livro qualquer.

Então,
filho único e só,
será azul
e será sol.

E nada mais será.

PATOS DE MINAS

Do alto da serra
o Paranaíba corre
o Paranaíba corre
e chega sorrindo o viajante.

Tem gente
que pensa que morreu

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e que está entrando
no paraíso.

O Paranaíba corre
e a saudade fica brincando
no peito de quem vai.

A cidade nasce no sol da manhã


e se agita de leve
de leve na vida.

E Patos de Minas
desperta no Vale
do Paranaíba.

SAUDADE

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Ah! saudade, que tristeza,
você, saudade, me deu
ao acordar, no meu leito,
e não sentir, no meu peito,
a cabecinha dourada
da minha filha, querida,
com quem estava sonhando.

Confesso que estava rindo


acariciando seu rosto,
como se fosse possível,
como se fosse real.

Ah! saudade, que tristeza,


restou nos meus olhos tristes,
ao saber ser tudo um sonho
e que ela não mais existe
a não ser nesta lembrança,
a não ser nesta saudade,
que a todo instante me invade
o coração.

DRUMMOND

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Drummond
do monte
minério mineiro
se fez homem
e poeta habitou
entre nós.

Do Vale do Aço
ao vale dos sonhos
um mundo de portas
escancaradas
e um sorriso
deixado ficando
perpétuo
no tempo.

E o mundo
reconhecido
encantado
ficou cada dia
mais
seu.

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ANJO DA PAZ

Quando o anjo da paz desceu,


numa nuvem do céu,
confundiu-se, brilhante,
com o sol e chegou num repente.

Por algum tempo


ficou puro, e santo,
e só no deserto.

Como anjo informante,


informou-se de tudo
e deixou instruções
num projeto de paz.

Na viagem de volta
exultava sorrindo
com tudo o que vira
na sua missão.

Na terra,
após o regresso
do anjo do céu,
teve início
outra guerra.
Mais cruel.

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A SEMANA

Segunda, a feira. Tomate,


mamão, cebola, abacate,
um pé de alface, agrião,
um quilo de arroz, café, leite,
uma lata grande, de azeite e feijão

Terça, a feira. Chuchu,


maçã, fubá para angu,
banana, sal, alho, mate,
um pouco de chocolate,
bolo, pão e vassoura
para varrer o quintal.

Quarta, a feira. Cenoura,


Sabão e outra vassoura,
de crina, leve e macia,
ração e uma bacia,
pequena, de plástico,incolor.

Quinta, a feira. Detergente,


macarrão, pasta de dente,
açúcar, couve e Mellita.

Sexta, a feira. Almeirão,


barra de doce, esfregão,
extrato marca Elefante,
papel higiênico, isqueiro
e separar o dinheiro
que é para o gás, do fogão.
Sábado. Carne, cerveja,
passar os olhos na Veja,
assistir televisão,
dar atenção aos meninos
e apartar suas brigas
sem comentar as intrigas,
ou dar algum pescoção.

Domingo. Igreja, tomar sol


e assistir ao futebol
se o América jogar.

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Cair bem cedo na cama,
pra na segunda, a semana,
da feira, recomeçar.

CORA CORALINA

É pedra que fere os pés nas águas do mar azul


ou arremesso de morte na cobra que fere e mata.

É canto puro de anjos cantado nas catedrais


ou colorido perfeito colorindo todo o céu.

É o grito da natureza querendo sobreviver


ou a agonia da morte de todo dia morrer.

É poesia nascida sem tempo de se escrever


ou toda a vida contada com versos de sem querer.

Palavra que não se explica


por não poder se explicar.
À não ser quando se aplica
com ina, pra se enfeitar.
Aí, então, nasce Cora
Coralina pra se amar.

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RECUERDOS I

O rio corre, calmo, na minha mente, trazendo restos de espumas,


rolando, rolando, em sua brancura, frente aos meus olhos. Vez por outra, um
peixinho colorido saltita fora da água, como que me espiando, à espera de um
resto de miolo de pão, ou, quem sabe, querendo abocanhar um mosquitinho
dos que se pode ver, por toda parte.
Dá pra sentir o cheiro gostoso de mato de beira de rio. Vejo o colonhão,
que o gado amassou para poder chegar ao poço e matar a sede. Vejo a taboa,
com seu corpo esticado acima da água e a sua espiga vermelha, macia, como
se fosse feita de veludo, mais parecendo uma veste de dia de festa. O galho de
ingá, balançando suas folhas, quase no mesmo nível da água do rio. Um cheiro
forte de gado, me chega do norte. Tudo que tem origem no norte me toca mais
fundo, mexendo com os meus sentimentos.
No alto do morro, imponente, o cruzeiro pode ser visto de onde estou.
Pensamento puxa pensamento. Saudade lembra saudade. O rio corre no meu
corpo, e me faz sentir a força da sua correnteza, que vou rompendo, vencendo,
com braçadas precisas, seguras, regulares,metódicas. A água me causa uma
sensação boa, em contato com a minha pele. A margem vai ficando cada vez
mais perto das minhas mãos. Posso, calmamente, escolher o lugar por onde
vou sair.
O rio corre, todinho, junto de mim, em recuerdos. Mas, olhando de tão
longe, no tempo, eu sinto que a imagem que vejo já não é a mesma, de antes.
Nesse momento, num cantinho do meu pensamento, você surge, me
olhando, sorrindo e caminhando, na minha direção. Até ficar ao meu lado, os
pés molhados das águas do rio da minha infância. Que, como se iluminado por
uma luz fantástica, fantasmagórica, ficou ainda mais lindo, com você voltando
comigo no tempo, para lá.

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ESPERANÇA

Tenho dentro de mim um mar infinito,


por onde vagam meus pensamentos
e flutuam os meus sonhos.

No céu,
onde moram as estrelas,
guardo escondida a minha esperança,
que apenas descansa.

Tenho um cérebro ativo,


ativado todo dia.
que controla os meus passos
e o meu corpo.

No céu,
onde moram as estrelas, cintilantes,
guardo escondida a minha esperança,
que apenas descansa.

Lá, acima de tudo,


onde nem os anjos chegam
e as idéias se perdem,

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existe um outro eu.

Felizes daqueles
que, depois de perdidos,
ainda se lembram
de terem escondido,
lá no alto, em algum lugar,
a sua última esperança.

ALUNISSAGEM

O astronauta
põe a flauta no jeito
e soprando
consegue um som forte
e alto na lua.

Devagar
bem de leve
se movimenta.

Vai nadar
no sol forte
do Mar das Tormentas,
ao Norte.

Filosoficamente,
ele mesmo é descrente
da terra que vê

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lá do alto.

A sua guerra no espaço


está presa no laço
do módulo lunar.

Agora, no entanto,
o importante
é ir para um canto,
onde possa
sonhar.

A máquina
perfeita
rejeita
a força
tamanha.

Sozinha,
a fé
remove
a
montanha!

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CANÇÃO

Eu te quero tanto,
que o pranto, às vezes,
me busca, escondido.

Aí, então,
como uma criança,
eu corro para um canto,
e, sozinho, soluço
e te chamo,

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de leve.
Bem baixinho.

DOR

A rosa que plantei, nasceu


tão linda, e murchou
antes que a colhesse.

Não sei se o tempo


ou a dor a matou.

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Apenas deixou-me
um espinho perfumado
na carne,
e caiu...

LIÇA

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Sonhar.
Tentar sempre,
até que a paz,
(mas a verdadeira paz)
a mais profunda e bela,
reconfortante e pura,
seja alcançada.

Buscar com afinco,


mesmo no mais alto
e longínquo do mundo
ou no subterrâneo
mais escuro,
a mais profunda e bela,
reconfortante e pura
paz, que exista.

E, manter aceso o sonho,


e, vivo, à qualquer custo.

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RECUERDOS II

Minha saudade me leva, à galope, por um campo de capim melado,


rasteiro. Enquanto galopo, assusto un número incontável de pássaros, papa-
capim, estrelinhas, coleiros, rolinhas e até um gavião-do-campo que estava
meio como que perdido, sobre uma cerca de arame farpado, com melão de
trepadeira, vermelhos, balançando-se ao vento.
Minha saudade me leva até o pomar da fazenda,onde posso colher
laranjas, jabuticabas, goiabas,abacates e uvas, pretinhas, da parreira, que fica
bem no fundo, onde cantam os sabiás, enquanto comem as frutas, ali, bem
perto de mim.
Minha saudade me leva de volta pra junto do alambique, onde a cana
virou melado, que virou rapadura, que antes de tudo é cachaça quentinha, que
desce fazendo fogo queimar na garganta da boca que bebe, com goladas
pequenas, no copo de alumínio.
Minha saudade me faz querer tomar sua mão, na minha mão, pra que
possa ir, comigo, pescar uma baita traíra, no açude que é fundo, tão fundo, que
eu nunca tive vontade danada de nadar nele.
Minha saudade me faz querer tomar a sua mão, na minha mão, para
andar, comigo, cada cômodo da casa, pisando o assoalho de madeira branca,
pura, que faz um barulho, igualzinho de gemidos, quando se pisa mais forte.
Ou descer, até a tulha, debaixo da casa. Ou, nas noites frias, sentar na beirada
larga do imenso fogão de lenha, pra contar anedotas sem graça, falar de
assombração, ou ouvir alguém, qualquer um, tocar, com cadência, um velho
violão.
Minha saudade me faz ver você lá, comigo, de uma forma tão real, que
parece até que já andou por lá, comigo, tão feliz eu fico quando penso em
estar, novamente, lá, com você.

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Última Caminhada

No princípio,a luz era apenas um pequeno raiozinho de luz tão


tênue,que seu brilho não ia além do brilho de um olhar de criança, perdido na
noite. (Buté)

O carro estava estacionado, junto ao canteiro central da avenida. Era o


único ali, àquela hora da noite. Faróis apagados, molhado de chuva, parecendo
ter sido abandonado pelo dono.
Por ser tarde, e também por haver chovido, o céu estava escuro e a
fraca iluminação dos postes apenas dava, à noite, um espectro amarelado de
luz, como se mil velas tivessem sido acesas, ao redor do carro. Havia, ainda,
uma densa neblina, dificultando mais a visão.
Poucos veículos circulavam pela avenida, passando, sempre, em alta
velocidade, levantando respingos do asfalto molhado.

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II

Ele olhou o carro parado, de maneira totalmente desinteressada, e


continuou a caminhar.

Depois, a pequenina chama estendeu-se, rápida, fez-se um facho


imenso, e a intensidade de seu brilho tomou conta de tudo, fazendo nascer um
sol vermelho no meio da noite. (Buté)

O último som que ouviu antes do impacto foi um ranger de pneus.

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SOLIDÃO

Mãos
que me abraçaram,
um dia, em carícias
tão suaves,
não vêem
quanta tristeza
se apoderou de mim?

Não sentem,
que sem o seu calor,
jamais outro amor
voltarei a sentir?

Vem, agora, mão amiga,


que esta manhã é tão linda,
até mesmo nesta espera.

Traga um perfume de rosa.


Venha perfumada.
Venha, que estou tão só!
E, só, como estou,
sou nada. Nada, Nada.

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CANÇÃO DE AMOR PARA JESUS

Jesus, meu remanso de paz,


és a chama de luz,
que a minha vida ilumina
e a min’alma conduz.
Não quero deixar este amor
nunca diminuir,
pois sei que será infinito,
enquanto eu existir.

Senhor,
eu te peço perdão,
por ser um pecador,
mas trago este meu coração
transbordando de amor.
Amor, que contigo aprendi.
Não quero voltar a pecar.
Jesus, Meu Senhor e Meu Rei,
Eu só quero te amar.

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CANÇÃO DE AMOR PARA JESUS

II

Foi, com Jesus, com Jesus,


que aprendi que o amor
é tudo o que eu devo buscar
para viver feliz.
E que nada melhor, neste mundo,
poderei encontrar.
Só, com Jesus, com Jesus,
sinto prazer em viver.
Sem o teu amor, Senhor Jesus,
não quero e não sei mais viver.
Sem o teu amor,Senhor Jesus,
só serei capaz de sofrer.

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CANÇÃO DE AMOR PARA JESUS

III

Senhor Jesus, meu coração,


quero entregar-te, sem temor,
pois és o amor que eu mais queria,
tu és a paz, és a alegria,
és o Meu Deus e o Meu Senhor.
Senhor Jesus, só sei viver,
inebriado desse amor
e por isso te fiz esta canção,
Senhor Jesus, meu coração,
Quero entregar-te, sem temor.
Eu Já não sei andar noutros caminhos,
eu não sei mais viver sozinho,
depois que aprendi a te adorar.
Só quero, Meu Jesus, que a minha vida,
seja sempre dirigida pela luz
do teu olhar.

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VENTO

Vento, vento amigo,


que de longe vem acenando,
não peças para ficar, não peças.
Se eu te concedo pousada,
não seguirás pela estrada
e a flores não terão vida.
Siga o teu rumo. Seguindo,
verás os campos florindo
que te procuram, bem sei.
E te darão seus perfumes.
E soprarás a tristeza
que sentem, quando não estás.
Vento, vento, vá depressa,
e mesmo que alguém te peça
não termine essa tua ida.
Pois o teu sopro, meu amigo,
é acalanto, é abrigo.
É só beleza. É só vida!

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CANTIGA

Cantiga triste,
sem rima,
vou cantando rua acima
na noite calma escura.
E até mesmo a lua,
camarada de outras horas,
não me quer acompanhar.
A cantiga que ora canto,
existe apenas em mim.
É minh’alma, que cansada,
de tanto estar saudosa
compõe e só eu
sei sentir.

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BUSCA

Procuro um lugar distante


e, num instante,
esqueço toda a saudade.
Em meu caminho, sozinho,
vou seguindo na cidade.
Eu sinto, em meus pés cansados,
as marcas da solidão.
Onde está a alegria? A saudade?
Onde a felicidade,
que busca meu coração?
Pergunto à noite, às estrelas,
pergunto prá toda gente
e a resposta, é somente: sei,não!
Eu não sei, não!

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TERNURA

Meus sonhos, sonhos tão puros,


as vezes mando-te, livres.
Renúncia total, ó minha linda,
isto de mandar-te sonhos,
assim sorrindo, brincando,
como se tivessem vida.
Lá, no conchego dos teus braços,
as minhas lembranças cantam
e contam, de mim, tudo o quanto
eu te mando, assim, contar.
E, quando sentes saudade,
as minhas lembranças voltam
trazendo, prá mim, teu pranto,
e, então, a faço sorrir.
Isto é ternura, é carinho,
que cresce dentro do peito,
nesta minha solidão,
neste meu triste existir.
Meus sonhos, sonhos tão puros,

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não posso mais esconder,
são sonhos feitos de amor.
São a tua lembrança, ó minha linda.
São as vidas da minha vida.
São restos do teu calor.

OFERENDA

É tua minha vida.


São teus os meus sonhos, meus sorrisos,
a minha fome de amor,
a minha dor e o meu ser.
É tua, a minha vida,
seguindo a que levas,
indiferente aos gritos de amor
que te envio.
Enquanto houver
um leve sopro de força, em mim,
física ou mental,
será tua a minha vida,só tua.
Em troca, não te peço nada,
nada mesmo, nem que me aqueças,

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em teus braços amorosos,
nem que me dês a tua fala.
Quero-te, eu, e vivo disto,
já que me sinto em meu desejo,
dedicando-te o que possuo
em mim, e no meu mundo.
É tua, a minha vida,
e nada mais me importa,
se no silêncio da noite em que estás,
posso amar-te, sorrindo, mais e mais,
como alimento e paz,
e como um sonho.

SEREIA

Numa praia distante,


perdido de amor,
um coração tristonho
é todo dor.

O que será que houve,


assim, de tão forte,
ao coração sentido?

Lembranças?
Perdidos amores?
Quem sabe, até dores
de um coração vencido?

Numa praia, distante,


entre o mar e a areia,

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morreu, nesse instante,
num coração,
a sereia.

SOLIDÃO E PAZ

Pela noite adentro


sozinho, sem sono,
sem sonhos, sem pensar,
sem alguém a quem falar
ou ouvir.

Que fazer?

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Nada mais que olhar o céu,
contar estrelas e ouvir os sons da noite,
que agora é só minha.

Pela noite adentro sozinho,


sem sonhos, sem sono
sem alguém a quem falar
ou ouvir.

Hoje, ganhei a noite,


com a sua paz.
O que mais posso querer?

TRISTEZA DE AGOSTO

O sonho se desfez,
fez ruir o meu mundo,
e o meu primeiro poema pós-morte,
nasceu, aqui, neste momento.

Cheio de uma luz desconhecida.

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E fica, no tempo perdido,
o tempo que eu tinha,
familiar.

Uma saudade, eterna,


começou a tomar conta
de tudo o que é meu,
em agosto.

O COMEÇO

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Tudo começou como se por um encanto. Houve troca de olhares,
contidos, conversas desavisadas, e palavras comuns, dessas que as pessoas
se dizem, todos os dias.
Pouco a pouco, a presença de um foi tornando-se necessária, sempre,
ao outro, e foi fácil tornar-se impossível viverem sós. Assim, no meio de uma
frase banal, nascia sempre um olhar, que ao outro dizia mais que qualquer
amontoado de palavras.
Com o passar incontrolável do tempo, deixou de ser preciso que se
falassem, para se entenderem. Bastava apenas um olhar, e pronto, tudo estava
dito.
E assim, dessa forma, ele sabia que ela o amava, e ela sabia que tinha
dele, o amor.
Tudo começou como se por um encanto.
Depois, pouco a pouco, fez de nós, os dois, um só !

SAUDADE DE VOCÊ

Em um dia de sol,

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na areia da praia,
uma onda, agitando-se, desmanchava
sua espuma e brincava
aos meus pés.
No azul do céu,
uma gaivota, ligeira,
cortava a manhã e
lançava o seu grito.
Não havia nenhuma tristeza,
e nenhuma dor marcava o dia.
Em algum jardim,
uma flor refloria, por ser primavera.
Um casal de namorados, enamorados,
sorriam e se acariciavam, em seu
mundo de amor.
Os carros, apressados, na avenida
beira-mar,
deixavam, caladas, as suas buzinas.
Não havia nenhum som mais alto que o
mar.
Era um dia de sol,
e na areia da praia,
uma onda, feliz, desmanchava sua
espuma
e brincava, molhando os meus pés.
Deitado, sorrindo,
Eu estava saudoso,
de você.

DECLARAÇÃO

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Princesa,
Há, no meu corpo,
um resto do seu perfume, adocicado,
e na minha pele uma suave pressão
lembrando a atenção dos seus lábios.
Há no meu coração
um leve aperto, um descompasso
no ritmo das batidas, que era ditado
pelas batidas do seu coração.
Princesa,
há nos meus olhos
a sua imagem perfeita
retratada com as cores
do meu amor.
Princesa,
em minha vida,
nessa minha vida
tão bem vivida,
só você
é real.

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