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Comunicado 56 ISSN 1414-9850

Técnico Julho, 2008


Brasília, DF

Eficiência técnico-
econômico de quatro
sistemas de produção de
pimentas Capsicum

Nirlene Junqueira Vilela1


Claudia Silva da Costa Ribeiro2
João Carlos Medeiros Madail3

As pimentas Capsicum são importantes pimentas somente perdem posição para


produtos do agronegócio brasileiro (Fig. 1). o alho e cebola. Para fins medicinais, a
Além de ser uma fonte de geração de principal substância é capsaicina, que é
emprego e renda em todos os segmentos
da cadeia produtiva, especialmente para a
agricultura familiar, as pimentas Capsicum
são produtos de elevado valor comercial,
principalmente na forma processada.

Diferentes tipos de pimentas são


intercaladas no mercado durante o ano
inteiro, de acordo com sua respectiva
sazonalidade. As formas de aproveitamento
mais comuns das pimentas Capsicum
são como tempero, fins medicinais,
Fig. 1. As pimentas são cultivadas em todo território
ornamentais e para consumo fresco em brasileiro, do Rio Grande do Sul até Roraima.
saladas e molhos. Como tempero, as

1
Economista, MSc., Embrapa Hortaliças, Brasília-DF. E-mail: nirlene@cnph.embrapa.br
2
Eng. Agr., MSc., Embrapa Hortaliças, Brasília-DF. E-mail: claudia@cnph.embrapa.br
Economista, MSc., Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS. E-mail: madail@cpact.embrapa.br
2 Eficiência técnico-econômico de quatro sistemas de produção de pimentas Capsicum

empregada na indústria farmacêutica na As exportações brasileiras foram


fabricação de diversos medicamentos. contabilizadas em 6,4 mil toneladas
A capsaicina também é utilizada como no valor de US$ 20 milhões. Os tipos
substância ativa na composição de exportados foram as pimentas secas e
cosméticos. em pó (94,2%) e pimentões e pimentas
frescas ou refrigeradas (5,8%) que foram
Em razão da elevada capacidade destinadas principalmente aos mercados da
de geração de emprego e renda, Alemanha (77,2%) e Espanha (6,9%).
principalmente para os pequenos Com o objetivo de avaliar a eficiência
produtores, as pimentas Capsicum econômica dos sistemas de produção de
posicionam-se dentro da agricultura pimentas Capsicum desenvolvidos por
brasileira como culturas de elevada pequenos produtores de diferentes regiões
importância socioeconômica (Fig. 2). do País, levantaram-se os coeficientes
Algumas espécies, como a ‘Malagueta’, a técnicos e custos de produção de quatro
‘Dedo-de-Moça’ e a ‘De Cheiro’ são comer- tipos de pimenta, como a ‘Tabasco’,
cializadas no mercado durante o ano inteiro. a ‘Malagueta’, a ‘Dedo-de-Moça’ ou
‘pimentas vermelhas’ (denominação
Outras espécies, como a chamada ‘Cumari regional) e a ‘Jalapeño’, que são as de
Verdadeira’, cultivada em Minas Gerais, maior interesse do agronegócio (Fig. 3).
São Paulo e Rio de Janeiro, quando madura
é uma das mais valorizadas, em razão de As informações foram coletadas por
sua raridade. Por ser um fruto preferido pesquisadores e extensionistas diretamente
pelos pássaros, a colheita no ponto de nas áreas de produção de Piracanjuba-
maturação torna-se difícil. Observa-se GO (‘Malagueta’); Turuçu-RS (‘Dedo-de-
que, em campo aberto, alguns produtores Moça’), Ouvidor-GO (‘Jalapeño’); Crato-
costumam envolver as plantas com sacos CE (‘Tabasco’). Levando-se em conta as
de aniagem para evitar ataques dos informações sobre os coeficientes técnicos
pássaros. Assim, no mercado essa pimenta
atinge cotações mais elevadas.
No âmbito do mercado interno, em 2006,
somente a CEAGESP movimentou um
volume de 4 mil toneladas desse produto,
no valor de R$ 6 milhões.

As importações brasileiras de Capsicum


em 2007 somaram 1,5 mil toneladas,
no valor de US$ 3,2 milhões. O principal
tipo importado foi a pimenta seca, em
pó (100%), sendo em sua maior parte
importado do Peru (68,7%), seguido pela
Índia (7,8%) e da Argentina (6,7%). As
aquisições em maior parte foram realizadas
por Minas Gerais (74,4%) e São Paulo Fig. 2. No mercado interno, as pimentas são comer-
cializadas principalmente na forma de conservas.
(20,3%).
Eficiência técnico-econômico de quatro sistemas de produção de pimentas Capsicum 3

e custos de produção, utilizou-se o método de pimenta ‘Tabasco’, o item que mais


de orçamentação parcial para realização onerou os custos de produção são os
das análises econômicas. Este método, insumos (66,1%) (Fig. 5), principalmente os
comumente utilizado em análises de perfil, adubos químicos (33,4%) e as sementes
fornece os indicadores econômicos básicos (20%) que, em geral, são importadas.
para uma cultura e, em geral, é aplicado O sistema de produção da pimenta
em análises estáticas comparativas de ‘Jalapeño’ também tem os custos de
culturas ou ciclos de produção (PERRIN et produção mais onerados pelos insumos
al., 1985, SCOLARI et al., 1985; (41,2%), apresentando maior peso na
SNORDGRASS; WALLACE, 1993; LAIARD; composição dos custos operacionais os
GLAISTER, 1996; EMBRAPA, 2002; adubos químicos (19,3%) seguidos pelas
ANDREWS; REGANOLD, 2004). mudas, que em geral são adquiridas de
outros produtores mais especializados na
Os custos de produção da pimenta produção de mudas.
‘Tabasco’ e ‘Jalapeño’ foram levantados
em 2001 (Tabela 1). Nestes sistemas, Em 2002, levantou-se os coeficientes
ambos operacionalizados por pequenos técnicos dos sistemas de produção de
produtores, os custos de produção pimentas ‘Dedo-de-Moça’ e ‘Malagueta’
por hectare são relativamente baixos (Tabela 2). Esses sistemas são conduzidos
quando comparados aos custos de outras de maneira simples, com baixo nível
hortaliças (Fig. 4). No sistema de produção tecnológico e os custos variáveis de

Fig. 3. As pimentas do tipo ‘Malagueta’ e ‘Dedo-de-Moça’ são duas das mais importantes cultivadas no Brasil.
4 Eficiência técnico-econômico de quatro sistemas de produção de pimentas Capsicum

produção também são baixos, não o grupo que mais pesa na composição dos
chegando a R$ 4.000,00. Na produção custos (47,2%). As sementes utilizadas
da pimenta ‘Dedo-de-Moça’, que é mais na produção de mudas são colhidas nos
utilizada na forma comercial de pimenta pimentais dos próprios produtores.
seca do tipo “calabresa”, o custo é
onerado pela grande necessidade de mão- Os indicadores econômicos básicos
de-obra (60,8%). A pimenta ‘Malagueta’ gerados pelas análises evidenciam que
é muito utilizada na forma de molhos e todos os sistemas de produção de
conservas, sendo uma das mais populares pimentas Capsicum foram economicamente
em todo Brasil. As lavouras de pimenta eficientes (Tabela 3). Em todos os sistemas
‘Malagueta’ são, em geral, exploradas por de produção, verificou-se rentabilidade
um período de 2 anos. Nesta cultura, tanto maior do 1, indicando que cada unidade
no primeiro como no segundo ano, são monetária (UM) aplicada na cultura
empregadas tecnologias simples, com uso retornou ao produtor em valores que
intensivo de mão-de-obra, sendo este o variam (em UM) de 1,72 (‘Tabasco’) a
item que mais onera os custos no 2º ano 1,74 (‘Jalapeño’) ou até 2,24 (‘Malagueta’
(53,1%). No primeiro ano, os insumos são no 2º ano).

Tabela 1. Sistemas de produção de pimentas ‘Tabasco’ em Crato-CE e ‘Jalapeño’


em Ouvidor- GO, 2001.
Sistemas de Produção Tabasco Jalapeño
Unid. Qtde. Total Particip. Qtde. Total Particip.
ITENS
  R$ (%) R$ (%)
1. INSUMOS      
Sementes kg 1 768 19,99 0 0,00 0,00
Mudas mil 0 0,00 0,00 32,25 483,75 12,18
Corretivos de solo t 0 0,00 0,00 2 34,00 0,86
Adubos orgânicos t 2 400 10,41 0 0,00 0,00
Adubos químicos t 1,8 1.282 33,37 1,9 764,90 19,26
Herbicidas lt 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00
Inseticidas kg; l 2 40,00 1,04 12,5 187 4,71
Fungicidas kg; l 2 40,00 1,04 10,5 161,60 4,07
Espalhante adesivo lt 2 10,00 0,26 2 6 0,15
Subtotal 1   2.540,00 66,11 1.637,25 41,22
2. SERVIÇOS  
Dias/Homens DH 153 918,00 23,89 26,5 265,00 6,67
Horas máquinas HM 4 100,00 2,60 62,5 867,25 21,83
Subtotal 2   1.018,00 26,50 1.132,25 28,51
3. OUTROS CUSTOS  
Baldes e caixas unid 8 44 1,15 1500 975, 24,55
Energia p/irrigação KW 1200 240 6,25 0 0,00 0,00
Juros de Custeio (8,75%aa.)   0 0,00 0,00 192,26 4,84
Transporte (carregamento) t 0 0,00 0,00 30 35,10 0,88
Subtotal 3   284 7,39 1.202,36 30,27
Custo Variável Total=( Subtotais 1+2+3) 3.842 100,00 3.971,86 100,00
Eficiência técnico-econômico de quatro sistemas de produção de pimentas Capsicum 5

No caso da pimenta ‘Malagueta’ no 2º


ano, que representa a exploração final da
lavoura, o produtor faz aplicações mínimas
de insumos e o fator mais intensivo é
a mão-de-obra. Portanto, este sistema
de produção foi o que apresentou maior
rentabilidade. Pelo fato da cultura se
estender por dois anos, o sistema incorre
em maiores custos apenas no primeiro
ano. No segundo ano, os produtores,
em geral, aproveitam os resíduos do
primeiro transplantio e realizam apenas
algumas poucas adubações de cobertura
nas pimenteiras e, assim, os custos são
basicamente com mão-de-obra, com podas
Fig. 4. O cultivo de pimentas é uma ótima alternativa das pimenteiras e colheita que se inicia no
para agricultores familiares primeiro ano após 70 dias do plantio e se

Tabela 2. Custos de produção de pimenta ‘Dedo-de-Moça’ em Turuçu-RS e de


‘Malagueta’ em Piracanjuba-GO, 2002.
Malagueta
Sistemas de Produção 1
Dedo-de-moça
1º ano 2º ano
Par- Par-
Total Part. Qtde. Total Qtde. Total
Unid. Qtde. ticip. ticip.
R$ (%) R$ (%) R$ (%)
1. INSUMOS
Sementes, mudas mil 15 180 4,72 13 260 6,53 0 0 0,00
Corretivos solo t 0,7 84 2,20 1 59 1,48 0 0 0,00
Adubos orgânicos t 8 480 12,57 20 300 7,53 0 0 0,00
Adubos químicos t 0,465 452,25 11,85 1,5 674,72 16,95 13 29,72 1,54
Herbicidas lt 0,3 4,20 0,11 0 0 0,00 0 0 0,00
Inseticidas kg; l 1,26 57,60 1,51 21 365,2 9,17 20,5 365,2 18,90
Fungicidas kg; l 1,8 88,20 2,31 7 218,8 5,50 7 218,8 11,33
Subtotal 1 1346,25 35,27 1.877,72 47,16 613,72 31,77
2. SERVIÇOS
Dias/Homens DH 110 1650,00 43,22 92 1104 27,73 78 1026 53,11
Horas máquinas HM 17,9 671,25 17,58 16 640 16,07 0,00
Subtotal 2 2321,25 60,81 1744 43,80 1026 53,11
Outros Custos 0,00
Baldes e sacos (embala-
150,00 3,93 210,03 5,27 209,1 10,82
gem)
Óleo Diesel p/irrigação 0,00 0,00 183 150,03 3,77 100 83 4,30
Subtotal 3 150,00 3,93 360,06 9,04 292,1 15,12
Custo Variável Total=
3.817,50 100,00 3.981,78 100,00 1.931,8 100,00
(Subtotais 1+2+3)
1
Levantamento de coeficientes técnicos: Eng. Agr. Lauro Schneid, Emater-RS, André Machetti, Estagiário de Agronomia da UFSM
Trabalho realizado com recursos do PRODETAB
6 Eficiência técnico-econômico de quatro sistemas de produção de pimentas Capsicum

estende por quatro meses (Fig. 6). significativa capacidade de diluir os custos
Desta forma, os custos tornam-se mínimos variáveis da produção e, portanto, os
e facilmente diluídos pela produtividade sistemas considerados, apesar de empregar
obtida, o que proporciona elevada tecnologias simples, são todos eficientes
margem de lucro(55,3%) ao produtor. do ponto de vista técnico-econômico.

As taxas de retorno variaram de 72 a De forma geral, os sistemas de produção


81%, uma indicação de que os produtores de pimentas Capsicum são intensivos em
estão se beneficiando com a elevada mão-de-obra e, sob o ponto de vista da
capacidade de geração de renda da cultura. geração de renda, esses sistemas podem
Observa-se pelo ponto de equilíbrio da se tornar ainda mais lucrativos com a
produção comercial que em todos os utilização de materiais genéticos mais
sistemas a produtividade apresentou potentes associados à inovação da base

Fig. 5. A pimenta ‘Tabasco’ é cultivada no estado do Fig. 6. O cultivo de pimentas exige muita mão-de-obra,
Ceará e destina-se à exportação na forma de pasta. em especial para a colheita, que é totalmente manual.

Tabela 3. Eficiência técnico-econômica de quatro sistemas de produção de


pimentas Capsicum.
Dedo-de Malagueta
Indicadores/ Sistemas Tabasco Jalapeño 
Moça 1º ano 2º ano
Produtividade média de pimenta fresca (kg/ha) 10.000 4.000 2.400 10.000 30.000
Custos variáveis totais (R$) 3.817,5 3.981,78 1.931,82 3.842,00 3.971,86
Conversão matéria prima/ produto (kg/1kg) 8 _ _ _ _
.Produvidade em produto processado (kg) 1.250 _ _ _ _
Custo unitário do produto processado (R$/kg) 3,05 _ _ _ _
Custo unitário pimenta fresca _ 1,00 0,80 0,38 0,13
Preço recebido (pimenta fresca/kg) 5,5 1,80 1,80 0,66 0,23
Renda Bruta (R$) 6.875 7.200 4.320 6.600 6.900
Renda Líquida (R$) 3.057,5 3.218,22 2.388,18 2.758 2.928,14
Margem de lucro (%) 44,47 44,70 55,28 41,79 42,44
Rentabilidade (UM) 1,8 1,81 2,24 1,72 1,74
Ponto de equilíbrio da produção comercial (kg) 694,09 2.212,10 1.073,23 5.821,21 17.269
Taxa de retorno (%) 80,09 80,82 123,62 71,79 73,72
técnica do produtor. De qualquer modo, de evaluación económica. México: Centro
o cultivo de pimentas Capsicum deve ser Internacional de Mejoramento de Maiz y Trigo,
1985. 56 p. (Folheto de Información, 27).
recomendado para agricultura familiar
como alternativa de diversificação da
Scolari, D. G.; Costa, M. E. F.a; Souza,
produção. M. C. Programa de análise econômica através
de orçamentação parcial (ANECOR). Planaltina,
DF: Embrapa-CPAC, 1985. 43 p. (Embrapa–
CPAC. Documentos, 13).
Referências
SNODGRASS, M. M.; WALLACE, L. T.
ANDREWS, P. K; REGANOLD, J. P. Research Agriculture economics and resources
networking to evaluate the sustainability management. New Jersey: Prentice Hall, 1993.
of horticultural production systems. Acta 521 p.
Horticulturae, Hague, n. 638, p. 359-368, 2004.

EMBRAPA. Critérios para o levantamento de


sistemas de produção na Embrapa. Brasília, Agradecimentos
DF: Embrapa-SGE, 2002. 17 p.
Os autores agradecem ao Dr. Selvar, Engº
LAIARD, R.; GLAISTER, S. Cost–benefit
analysis. New York: Cambridge, 1996. 486 p.
Agrº da Emater-CE; ao Dr. Lauro Schneid,
Engº Agrº da Emater de Turuçu-RS; Sr.
PERRIN, R. K.; WIKELMANN, D. L.; MOSCARDI, Victor Hugo Souza Porto, assistente de
E. R.; ANDERSON, J. R. Formulación de operações da Embrapa Clima Temperado
recomenmdaciones a partir de datos pelo fornecimento de preços de fatores no
agronômicos: un manual metodológico mercado de Turuçu-RS.

Comunicado Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Comitê de Presidente: Gilmar P. Henz
Técnico, 56 Embrapa Hortaliças Publicações Editor Técnico: Flávia A. Alcântara
Endereço: BR 060 km 9 Rod. Brasília-Anápolis Membros: Alice Maria Quezado Duval
C. Postal 218, 70.531-970 Brasília-DF Edson Guiducci Filho
Fone: (61) 3385-9115 Milza M. Lana
Fax: (61) 3385-9042
E-mail: sac@cnph.embrapa.br
1ª edição
1ª impressão (2008): 1000 exemplares Expediente Normalização Bibliográfica: Rosane M. Parmagnani

Editoração eletrônica: José Miguel dos Santos

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