Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Bernardo Miorando
Caroline Baranzeli
Deloize Lorenzet
Mateus Saraiva
A Universidade
Necessária
Darcy Ribeiro
Biografia
“A educação é uma das causas da minha vida, por isso falo dela
emocionado”. Darcy Ribeiro
• Darcy Ribeiro, nasceu em Montes Claros, Minas Gerais no dia
26 de outubro de 1922. Viveu no Brasil, onde dedicou-se ao
estudo dos índios e a educação primária e superior. Quando
exilado morou em vários países da América Latina, entre eles
o Uruguai, Peru e Chile onde conduziu vários programas de
reforma universitária. Faleceu na capital federal em 17 de
fevereiro de 1997.
Biografia
• Em 1946, graduou-se em Sociologia, com especialização em
Etnologia. Como etnólogo abraçou a causa indígena, que o
tornou conhecido em todo o país.
• Foi relator do anteprojeto aprovado da nova Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (1996), que passou a ser conhecida
como Lei Darcy Ribeiro.
• No seu último ano de vida, dedicou-se especialmente a
organizar a Universidade Aberta do Brasil, com cursos de
educação a distância, para funcionar a partir de 1997, e a Escola
Normal superior, para a formação de professores de primeiro
grau.
• Organizou a Fundação Darcy Ribeiro, instituída, com o objetivo
de manter sua obra viva e elaborar projetos nas áreas
educacional e cultural. Inspirado pelo movimento da Escola
Nova, foi um dos primeiros a engajar-se politicamente na causa
do ensino público, gratuito e de qualidade.
Biografia
• Considerava o sistema educacional brasileiro elitista e
desonesto, porque promovia a exclusão, consciente ou não,
das classes populares.
• Darcy começou sua atuação pelo Ensino Superior. Acreditava
que boa parte dos problemas do sistema educacional
brasileiro se devia ao modelo de universidade vigente,
conservador e descomprometido com a sociedade. Buscou
eliminar ao máximo os formalismos e criar uma instituição
livre em que a pesquisa seria voltada para a resolução dos
problemas nacionais.
• “Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as
crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não
consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e
fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria
estar no lugar de quem me venceu”.
( DARCY RIBEIRO )
Prólogo
• “O objetivo deste livro é o de contribuir para o debate, hoje
travado no mundo inteiro, sobre o papel da universidade na
civilização emergente e seu lugar na luta contra o
subdesenvolvimento. Tal debate transcendeu, há muito, o
âmbito das discussões intramuros de filósofos e pedagogos
para interessar e mobilizar a todos. Nele se questiona tanto a
estrutura interna da universidade como o caráter da
sociedade em que está inserida, indagando-se como operam
ambas para reproduzir o mundo em que vivemos, tal qual é”.
p. 5
Prólogo
POLÍTICA
ESTRUTURAL inserida em estruturas
exigências de reformas sociais passa por
profundas na ampliação de reivindicações antagônicas
matrículas e elevação dos de ser conservadora,
níveis de ensino e de disciplinada ou
investigação. renovadora,
revolucionária.
INTELECTUAL IDEOLÓGICA
desafios de estudar a diz respeito ao caráter e ao
melhor universidade a fim sentido, pois pode
de conhecer as constituir-se em motor de
condicionantes a que está mudança ou em fortaleza
sujeita e os requisitos de de manutenção do status
sua transformação. quo.
Modernização Reflexa e
Crescimento Autônomo
• Mediante as tensões oriundas desta crise múltipla a
universidade é compelida a dialogar e propor caminhos de
superação de seus problemas. Esses caminhos são redutíveis a
duas políticas básicas:
• Modernização Reflexa
• Crescimento Autônomo
Modernização Reflexa e
Crescimento Autônomo
• Modernização Reflexa: busca reformar a universidade, através
do aperfeiçoamento a fim de torná-la mais eficiente no
exercício de suas funções conservadoras dentro de sociedades
dependentes e submetidas a espoliação neocolonial. De modo
a perpetuar a estrutura de poder e as camadas sociais por ela
privilegiadas, embora ao preço de condenar as nações latino-
americanas a perpetuarem-se no papel periférico de
dependentes e espoliados.
Modernização Reflexa e
Crescimento Autônomo
• Crescimento Autônomo: busca transfigurar a universidade,
como uma etapa no sentido de mudar a estrutura social
global. Este desenvolvimento exige lucidez e intencionalidade,
para integrar-se na civilização emergente como nação
autônoma.
A Universidade Questionada
• É possível planejar uma universidade que seja fator da transformação
estrutural em sociedades cujas camadas dirigentes não desejam mais do
que a modernização reflexa e não debilitadora de seu domínio?
• Será possível transfigurar a universidade, não por efeito de uma
transformação prévia e revolucionária da sociedade, como sempre
ocorreu, porém como uma antecipação que a faça alavanca da
aceleração evolutiva?
• Podem nações subdesenvolvidas ter universidades desenvolvidas?
• Poderemos financiar com os magros recursos do subdesenvolvimento, a
implantação de universidades melhores?
• Que tipo de organização deve corresponder às universidades
empenhadas na luta pelo desenvolvimento nacional autônomo?
• Será possível, mediante a instituição do autogoverno, e explorando as
contradições da própria clientela universitária, reestruturá-la para que
sirva mais à mudança do que à preservação da estrutura social vigente?
• Que fazer, nestas circunstâncias, se tantos professores são cúmplices da
ordem instituída e agentes do conservadorismo, e se a maioria dos
jovens, passada a etapa de rebeldia juvenil, também se acomodam?
A Universidade Questionada
• “O que temos de fazer, como intelectuais e universitários, é
primeiramente explorar até o limite extremo, a consciência
tornada possível, para o diagnóstico da sociedade e da
universidade e para a formulação de uma estratégia de luta
nacional contra todos os fatores conducentes à atualização
histórica. Em segundo lugar, dedicarmo-nos a um tipo de
militância que permita por em prática a referida estratégia,
encarando a luta na universidade não como uma trincheira
isolada, mas como nosso setor de combate, no qual devemos
prever todas as transformações estruturais viáveis e que
contribuam para a renovação da sociedade global”. p. 32
Universidade e Política
“[...] a universidade passa a ser representada por uma consciência vivaz, que busca descobrir a
qual grupo de interesses tradicionais está servindo e para que rumos suas tendências de
alteração encaminham. As opiniões se dividem, gerando duas ordens de descontentamento cada
vez mais conflitantes: o dos que querem reformar a universidade para aquietá-la e fazê-la mais
conservadora, e o dos que desejam transformá-la numa trincheira de luta revolucionária embora
única, a opor-se à ordem social global.”. (p.49) –
“Os atributos essenciais da estrutura universitária francesa são: a primazia da agregação como
procedimento básico de seleção, o Paris-centrismo, o burocracialismo; seu caráter de sistema
mais voltado para os exames do que para o ensino e sua dificuldade para corresponder aos
reclamos de ampliação em massa das matrículas, além da incapacidade para integrar os
sistemas universitários de ensino e de pesquisa.”. (p.55)
“Da mesma forma que a Universidade Francesa tem muito pouco a ensinar
como modelo de estruturação universitária.”. (p.59)
Universidade Alemã
• Universidade pioneira em sua edificação: Surgiu em um momento de
construção da nação alemã.
• A Alemanha sofreu efeitos reflexos da Revolução Industrial e corrida
colonial que beneficiou França e Inglaterra. Sua população se tornou mão-
de-obra excedente e exportável para outras regiões.
• Modelo tardio de desenvolvimento industrial - esforço intencional para
conseguir uma renovação tecnológica estruturando-se como uma nação
autônoma.
• O novo modelo de universidade alemã foi desenvolvido por filósofos leigos
(destaca-se o nome de Humboldt).
No período em que Darcy Ribeiro escrevia o texto, ele alega que a universidade alemã
enfrentava um momento de crise de seu nível de trabalho científico. Consequência do
nazismo que exterminou o apoliticismo acadêmico, bem como da evasão de professores,
“brain drain” -judeus ou perseguidos políticos do regime.
O maior desafio da universidade alemã do período pós-guerra era: “ [...] criar uma
geração de reformadores capazes de repensar a universidade tão ousadamente quanto os
sábios da geração de Fichte reformaram a universidade medieval, e fazer frente às
exigências de uma nova civilização, integrando, numa unidade orgânica, a universidade
técnico-científica e técnico-acadêmica.”. (p.63)
Universidade Americana
• Descendente da Universidade Inglesa, contudo se estabeleceu mais livre,
democrática e fecunda.
No Leste surgem os primeiros Colleges (ao modelo inglês das escolas superiores
utilitárias) – possuíam um sentindo autêntico, buscavam solucionar problemas locais
ao ponto de americanizarem imigrantes e passarem seus corpos de valores.
“Estas semelhanças formais dizem muito pouco, pois o sistema de educação só é inteligível
se relacionado com o processo de implantação do socialismo. Servem apesar disso, para
destacar o quanto têm de idêntico as estruturas universitárias, como instituições de
cultivo e transmissão do saber humano, cujo inteiro domínio é condição essencial para
qualquer sociedade integrar-se, automaticamente, à civilização de seu tempo. Tal
paralelismo de imperativos é o que torna similares, na estruturação e nos procedimentos,
universidades tão diferentes como são as capitalistas e as socialistas.”. (p.73).
Legados:
“Merecem destaque, além destas, outras cargas negativas desenvolvidas por nós
mesmos. São elas: a tendência da universidade para atuar como agência de
empregos, seja dos políticos patrícios, seja dos potentados acadêmicos a
interporem distâncias abismais entre os valores professorados e a conduta real,
admitindo um cultivo nominal de altos valores sem nada de comum com a
prática da vida universitária propriamente dita.” (p.81)
Capítulo 3:
A Universidade Latino-Americana
Evolução do Ensino Superior nos Estados Unidos e situação educacional da América Latina em
1960
População Matrículas Matrículas Engenharia Medicina Direito Outros
Nível por
Superior 10.000
(milhares) habitantes
Estados Unidos
1900 76,0 277,6 31 3,3 33,2 11,2 52,3
1920 105,0 528,0 50 10,3 12,1 8,2 69,4
1940 132,9 1.500,0 114 8,8 7,4 2,4 81,4
1960 179,3 3.610,0 201 9,6 6,0 3,7 79,4
América Latina
Total 204,0 600,0 29 18,0 21,0 20,0 41,0
Brasil 70,0 99,0 14 11,6 11,1 25,0 52,3
Cone 31,0 247,0 76 14,0 26,0 22,0 38,0
Sul*
Padrões Estatísticos
Indicadores do desenvolvimento educacional de alguns países
Proporção de egressos por
10.000 habitantes
Popula Matríc % Estudan Tot Técnic Engenhe Médi % de
ção ulas de sobre tes de 3 al os iros cos gastos
Total 3 nível total nível Científi c/educa
de cos ção s/ a
matríc renda
ulas nacional
USA 179,3 3,726 8,0 205 20, 4,1 61,7 18,0 3,61
(1960) 0
URSS 208,8 2,792 6,5 134 16, 6,8 48,1 16,7 3,17
(1959) 1
Japão 93,4 1,250 5,7 130 -- -- -- 13,3 5,7
(1960)
Alema 53,9 444 5,3 82 4,1 1,2 42,8 20,0 2,11
nha
(1961)
França 46,5 370 4,2 79 4,4 1,5 35,4 12,1 2,72
(1962)
R.Unid 52,7 340 3,5 65 5,3 2,6 33,2 11,5 3,72
o
(1961)
Am. 204,8 600 1,6 29 -- -- ( - de 3) 3,1 ( - de 2)
Latina
(1960)
Tipos de Organização Universitária na
América Latina