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Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Democracia e Universidade na América Latina:


Projetos e experiências emergentes

Bernardo Miorando
Caroline Baranzeli
Deloize Lorenzet
Mateus Saraiva
A Universidade
Necessária
Darcy Ribeiro
Biografia
“A educação é uma das causas da minha vida, por isso falo dela
emocionado”. Darcy Ribeiro
• Darcy Ribeiro, nasceu em Montes Claros, Minas Gerais no dia
26 de outubro de 1922. Viveu no Brasil, onde dedicou-se ao
estudo dos índios e a educação primária e superior. Quando
exilado morou em vários países da América Latina, entre eles
o Uruguai, Peru e Chile onde conduziu vários programas de
reforma universitária. Faleceu na capital federal em 17 de
fevereiro de 1997.
Biografia
• Em 1946, graduou-se em Sociologia, com especialização em
Etnologia. Como etnólogo abraçou a causa indígena, que o
tornou conhecido em todo o país.
• Foi relator do anteprojeto aprovado da nova Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (1996), que passou a ser conhecida
como Lei Darcy Ribeiro.
• No seu último ano de vida, dedicou-se especialmente a
organizar a Universidade Aberta do Brasil, com cursos de
educação a distância, para funcionar a partir de 1997, e a Escola
Normal superior, para a formação de professores de primeiro
grau.
• Organizou a Fundação Darcy Ribeiro, instituída, com o objetivo
de manter sua obra viva e elaborar projetos nas áreas
educacional e cultural. Inspirado pelo movimento da Escola
Nova, foi um dos primeiros a engajar-se politicamente na causa
do ensino público, gratuito e de qualidade.
Biografia
• Considerava o sistema educacional brasileiro elitista e
desonesto, porque promovia a exclusão, consciente ou não,
das classes populares.
• Darcy começou sua atuação pelo Ensino Superior. Acreditava
que boa parte dos problemas do sistema educacional
brasileiro se devia ao modelo de universidade vigente,
conservador e descomprometido com a sociedade. Buscou
eliminar ao máximo os formalismos e criar uma instituição
livre em que a pesquisa seria voltada para a resolução dos
problemas nacionais.
• “Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as
crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não
consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e
fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria
estar no lugar de quem me venceu”.

( DARCY RIBEIRO )
Prólogo
• “O objetivo deste livro é o de contribuir para o debate, hoje
travado no mundo inteiro, sobre o papel da universidade na
civilização emergente e seu lugar na luta contra o
subdesenvolvimento. Tal debate transcendeu, há muito, o
âmbito das discussões intramuros de filósofos e pedagogos
para interessar e mobilizar a todos. Nele se questiona tanto a
estrutura interna da universidade como o caráter da
sociedade em que está inserida, indagando-se como operam
ambas para reproduzir o mundo em que vivemos, tal qual é”.
p. 5
Prólogo

• “Como sua luta é geracional, combatem com o sentimento de


premência dos que dispõem de pouco tempo para agir no
sentido de transfigurar a universidade, sua trincheira e a
sociedade, sua causa. Transfigurar a universidade para que
não seja mais a guardiã do que saber organizado a ser
transmitido como informação, adestramento e disciplina, mas
incapaz de empregar seus próprios recursos intelectuais para
debater a responsabilidade ética da ciência e da técnica por
ela mesma cultivada e de reformular a ordem social.
Transfigurar a sociedade a fim de que assegure a todos
educação e trabalho e, sobretudo, não condene ninguém a
vender talento e habilidades a quem os possa converter em
lucro, em benefício de uma minoria”. p.6
Capítulo 1:
A Crise Universitária
• A Crise com que se defrontam as universidades modernas
apresenta-se sob múltiplas formas que permitem caracterizá-
la como conjuntural, política, estrutural, intelectual e
ideológica.
CONJUNTURAL
fracasso em absorver,
aplicar e difundir o saber,
desafio de auto-superação
das deficiências frente ao
saber novo e ampliado.

POLÍTICA
ESTRUTURAL inserida em estruturas
exigências de reformas sociais passa por
profundas na ampliação de reivindicações antagônicas
matrículas e elevação dos de ser conservadora,
níveis de ensino e de disciplinada ou
investigação. renovadora,
revolucionária.

INTELECTUAL IDEOLÓGICA
desafios de estudar a diz respeito ao caráter e ao
melhor universidade a fim sentido, pois pode
de conhecer as constituir-se em motor de
condicionantes a que está mudança ou em fortaleza
sujeita e os requisitos de de manutenção do status
sua transformação. quo.
Modernização Reflexa e
Crescimento Autônomo
• Mediante as tensões oriundas desta crise múltipla a
universidade é compelida a dialogar e propor caminhos de
superação de seus problemas. Esses caminhos são redutíveis a
duas políticas básicas:
• Modernização Reflexa
• Crescimento Autônomo
Modernização Reflexa e
Crescimento Autônomo
• Modernização Reflexa: busca reformar a universidade, através
do aperfeiçoamento a fim de torná-la mais eficiente no
exercício de suas funções conservadoras dentro de sociedades
dependentes e submetidas a espoliação neocolonial. De modo
a perpetuar a estrutura de poder e as camadas sociais por ela
privilegiadas, embora ao preço de condenar as nações latino-
americanas a perpetuarem-se no papel periférico de
dependentes e espoliados.
Modernização Reflexa e
Crescimento Autônomo
• Crescimento Autônomo: busca transfigurar a universidade,
como uma etapa no sentido de mudar a estrutura social
global. Este desenvolvimento exige lucidez e intencionalidade,
para integrar-se na civilização emergente como nação
autônoma.
A Universidade Questionada
• É possível planejar uma universidade que seja fator da transformação
estrutural em sociedades cujas camadas dirigentes não desejam mais do
que a modernização reflexa e não debilitadora de seu domínio?
• Será possível transfigurar a universidade, não por efeito de uma
transformação prévia e revolucionária da sociedade, como sempre
ocorreu, porém como uma antecipação que a faça alavanca da
aceleração evolutiva?
• Podem nações subdesenvolvidas ter universidades desenvolvidas?
• Poderemos financiar com os magros recursos do subdesenvolvimento, a
implantação de universidades melhores?
• Que tipo de organização deve corresponder às universidades
empenhadas na luta pelo desenvolvimento nacional autônomo?
• Será possível, mediante a instituição do autogoverno, e explorando as
contradições da própria clientela universitária, reestruturá-la para que
sirva mais à mudança do que à preservação da estrutura social vigente?
• Que fazer, nestas circunstâncias, se tantos professores são cúmplices da
ordem instituída e agentes do conservadorismo, e se a maioria dos
jovens, passada a etapa de rebeldia juvenil, também se acomodam?
A Universidade Questionada
• “O que temos de fazer, como intelectuais e universitários, é
primeiramente explorar até o limite extremo, a consciência
tornada possível, para o diagnóstico da sociedade e da
universidade e para a formulação de uma estratégia de luta
nacional contra todos os fatores conducentes à atualização
histórica. Em segundo lugar, dedicarmo-nos a um tipo de
militância que permita por em prática a referida estratégia,
encarando a luta na universidade não como uma trincheira
isolada, mas como nosso setor de combate, no qual devemos
prever todas as transformações estruturais viáveis e que
contribuam para a renovação da sociedade global”. p. 32
Universidade e Política

• A crise universitária só pode ser entendida no contexto da crise


geral na qual se insere a universidade, sob duas pressões:
• Dos que pretendem induzi-las à atualização histórica;
• Dos que buscam elevá-la à aceleração evolutiva.
• Entre as forças internas há os que buscam perpetuar a forma atual
da universidade e outros que esperam obter vantagens da ajuda
estrangeira. Resta a estes uma consciência crítica.
• Lutamos, também, com forças externas que, em seu desespero por
manter as estruturas vigentes de poder, julgam necessário calar e
paralisar a universidade.
• Cumpre aos intelectuais acercarem-se dos militares para quebrar o
isolamento, tão maléfico, a fim de que nos possam ajudar no
diagnóstico dos problemas nacionais e na formulação de estratégias
comuns de luta contra as forças internas e externas que condenam
nosso povos ao atraso e à penúria.
Recolonização Cultural

• “Ninguém ignora que uma série de órgãos internacionais e


norte-americanos têm, hoje, ideias muito precisas sobre o tipo
de universidade conveniente à América Latina; sobre as
pesquisas que nos cabe realizar e a natureza do ensino a ser
ministrado”. p. 38
Recolonização Cultural

• “Argumento muito usado, em favor da aceitação da ajuda


estrangeira é o que afirma implicar sua recusa, para as
universidades latino-americanas, a paralisação de quase toda
a atividade científica em andamento, porque a mesma
depende, quase exclusivamente, dessa ajuda. Daí se
depreende, por um lado, que nossas universidades estão
incorporadas a um sistema internacional de pesquisa com
função subalterna bem definida; e, por outro, serem feitos os
financiamentos externos de acordo com programa que
expressa uma política deliberada a nosso respeito”. p. 39
Recolonização Cultural

• “A ciência é, realmente, uma empresa humana universal não


suscetível de ser compartimentada; nenhuma atividade científica
pode, por isto, ser cultivada no isolamento, sem contato nem
convivência com a comunidade científica internacional dos
especialistas em cada campo do saber. Só esta comunidade é capaz
de apreciar as novas contribuições ao conhecimento. Nestas
circunstâncias, a comunicação externa é indispensável e deve ser
mantida através de todas as formas de cooperação. Para isto, é
necessário criar um núcleo do saber com a massa crítica mínima que
o torne autossuficiente e criativo no plano nacional; que lhe dê a
qualidade necessária para ser admitido no convívio da comunidade
científica internacional, como parte dela; e o faça independente nos
critérios e lúcido na definição dos caminhos pelos quais a
universidade sirva a seu próprio povo e não a interesses alheios”. p.
42-43.
2. Modelos Clássicos de Universidade
• Estruturas universitárias modernas – consequência da história das nações
onde estão inseridas.
Nações europeias (ou Europa Ocidental): Universidades como subprodutos de um
desenvolvimento social global.
Nações subdesenvolvidas: Universidades com a tarefa de inverter a ordem, “não ser um
reflexo do desenvolvimento alcançado pela sociedade, porém ser ela própria, um agente
de aceleração do progresso global da nação.”. (p.46)

• Tarefa realizável – as instituições sociais mantêm as estruturas em que estão


inseridas, mas também as altera. Dessa maneira, se promove uma ação
renovadora: As universidades devem ser analisadas como motores de
aceleração do desenvolvimento nacional pleno e autônomo, e não como
mero reflexo de um desenvolvimento geral.

Objetivo do capítulo: “Para evidenciar os obstáculos institucionais que


dificultam às universidades o eficaz desempenho de seu papel e de suas
responsabilidades, em relação á nação, é necessário fazer um estudo
comparativo das diferentes estruturas universitárias.”. (p.46)
“Como estrutura universitária entende-se o conjunto e a integração dos órgãos e
procedimentos através dos quais as universidades desempenham suas funções. Na análise
destas estruturas é preciso prestar atenção tanto a seus componentes como às conexões
que os integram em sistemas capazes de exercer certas funções através de modos
padronizados de co-atividade, orientados para atingir certos fins.”. (p.47)

A articulação de órgãos e atividades universitárias com certos objetivos da


sociedade permite a alteração ou perpetuação do sistema social/ordem global.

“As atuais estruturas universitárias, como produtos históricos-residuais, refletem menos


as aspirações dos projetos originais de seus criadores do que suas relações com a
sociedade global onde foram excertadas e as vicissitudes provocadas pelos
acontecimentos históricos que mais as afetaram. Todas estas contingências fazem da
universidade, principalmente, uma agência de conservação do status quo e limitam, ao
máximo suas possibilidades de ação como motor de transformação. Ao mesmo tempo,
dão-lhe extraordinária capacidade de autoperpetuação, como conglomerado de interesses
institucionais e societários cristalizados num equilíbrio mutuamente satisfatório.”.(p.48)

Todavia, a situação não está estagnada!


Os momentos de ruptura acontecem quando certas conjunturas históricos-
sociais permitem a criação de consciências críticas que buscam repensar e
propor mudanças às universidades.
Crises estruturais – Tensões institucionais (internas e externas). Surgem em um
momento de divergência de ritmos entre sociedade e universidade.

“[...] a universidade passa a ser representada por uma consciência vivaz, que busca descobrir a
qual grupo de interesses tradicionais está servindo e para que rumos suas tendências de
alteração encaminham. As opiniões se dividem, gerando duas ordens de descontentamento cada
vez mais conflitantes: o dos que querem reformar a universidade para aquietá-la e fazê-la mais
conservadora, e o dos que desejam transformá-la numa trincheira de luta revolucionária embora
única, a opor-se à ordem social global.”. (p.49) –

Concepção de Universidade como espaço de luta!

• Dessa maneira, torna-se imperativo que a Universidade faça um esforço de


reflexão sobre si mesma, verificando qual seu papel na luta contra o
subdesenvolvimento. Superando a consciência ingênua para a construção de uma
consciência crítica.

Nosso maior desafio: elaborar um modelo teórico de universidade que seja um


agente de transformação da sociedade.

Para tanto, necessita-se “conhecer a experiência alheia para construir soluções


próprias, correspondentes as nossas condições históricas e aos nossos problemas de
povos fracassados na luta para integrarem-se na civilização industrial moderna.”.
(p.50)
Universidade Francesa
• Impacto da Revolução Industrial, não um mero desdobramento histórico da
Universidade Medieval (corporativista, integrada, fechada, religiosa e
aristocrática).
• Enciclopedistas – nova visão da ciência, comprometimento com o progresso
da sociedade;
• Ensino Superior Francês (1793 - 1896) – Sistema de escolas superiores
autárquicas.
Reforma Napoleônica: a) Escolas autônomas de Direito, Medicina, Farmácia,
Letras e Ciências; b) Escola Politécnica; c) Escola Normal.

Nova Universidade (pós-revolução) x Velha Universidade (medieval)

• Terceira República (1896) –órgãos de ensino são separados dos de pesquisa


(assim sendo, a escola politécnica e normal começam a incentivar a
investigação científica);
• Dispersão da organização universitária – estrutura federativa.
• Paris-centrismo.
Universidade Francesa
• 1936 – Criação do Centre National de La Recherche Scientifique.
• A formação dos quadros científicos exige longo tempo de estudos e atividade
docente no Ensino Médio.

“Os atributos essenciais da estrutura universitária francesa são: a primazia da agregação como
procedimento básico de seleção, o Paris-centrismo, o burocracialismo; seu caráter de sistema
mais voltado para os exames do que para o ensino e sua dificuldade para corresponder aos
reclamos de ampliação em massa das matrículas, além da incapacidade para integrar os
sistemas universitários de ensino e de pesquisa.”. (p.55)

Para Ribeiro: “[...] (a) universidade francesa (é) um conglomerado de pequenos


núcleos débeis, regidos por um centro obsoleto.”. (p.55)

Desejo de reforma e transformação: debates sobre as deficiências da Universidade e


questionamento de seu papel na luta pela transformação da sociedade global. –
Estudantes mais amadurecidos que seus mestres nos debates sobre a Universidade.

Maio de 1968 – “Nova reforma Universitária” (aspirações extra universitárias).


Universidade Inglesa
• Dificuldade de definir precisamente uma estrutura universitária britânica. Pode-se
afirmar que existe uma pirâmide de escolas superiores que possui como cume
Oxford e Cambridge.

Oxford e Cambridge: primeiras Universidades eclesiásticas, criadas para educar a


nobreza. Sua organização de ensino era bipartida: tutores pessoais + aulas
específicas na faculdade.

Com a revolução industrial houve a necessidade de mão-de-obra técnica qualificada


– criam-se as universidades utilitárias para as classes médias. Constituem-se os
colleges nas províncias, cursos de ensino por correspondência e os sandwich-
courses.

“A Inglaterra desenvolveu [...] uma extraordinária variedade de tipos para a formação de


terceiro nível, conseguindo criar um estrato universitário do mais alto padrão em Oxford e
Cambridge e diversos níveis mais baixos, a proporcionar quadros necessários ao funcionamento
da sociedade inglesa.”. (p.58)

“Da mesma forma que a Universidade Francesa tem muito pouco a ensinar
como modelo de estruturação universitária.”. (p.59)
Universidade Alemã
• Universidade pioneira em sua edificação: Surgiu em um momento de
construção da nação alemã.
• A Alemanha sofreu efeitos reflexos da Revolução Industrial e corrida
colonial que beneficiou França e Inglaterra. Sua população se tornou mão-
de-obra excedente e exportável para outras regiões.
• Modelo tardio de desenvolvimento industrial - esforço intencional para
conseguir uma renovação tecnológica estruturando-se como uma nação
autônoma.
• O novo modelo de universidade alemã foi desenvolvido por filósofos leigos
(destaca-se o nome de Humboldt).

• “Os traços dominantes de sua argumentação eram nacionalismo e a identificação com


a política prussiana de unificação da Alemanha bem como valorização da ciência e da
investigação empírico-dedutiva como instrumentos de auto-superação. As autoridades
estatais apoiaram estes filósofos, não por seu pensamento acadêmico, mas por
representarem a imagem de uma Alemanha autônoma, nacionalista, reivindicadora. A
universidade alemã surgiu, assim modelada segundo um padrão distinto do espírito
napoleônico que dominava a francesa. Entretanto, nasceu também com um destinação
missionária, porque desde o começo comprometeu-se com as tarefas da integração
nacional e de incorporação da cultura alemã à civilização industrial.”. (p.60)
Universidade Alemã
• Concepção ideológica para a Universidade – a ciência foi implementada
antes da indústria no país – as universidades formaram técnicos que
acompanharam o desenvolvimento da indústria mais desenvolvida.
• Convergência política intencional de desenvolvimento: potência
industrial + conhecimento cultural-universitário.
• Todavia, a Nova Universidade possuía contradições: foi progressistas em
diversos aspectos, mas mantinha-se submetida ao estado, elitista e
burocratizado.
• As universidades se articularam como redes descentralizadas de instituições
implementadas em distintos espaços geográficos, contudo as inovações
adotadas em Berlim eram rapidamente expandidas paras as províncias.
• Competição de professores: podiam se estabelecer em qualquer província até
conquistar suas cátedras, onde fossem oferecidas melhores condições de
trabalho.

Valor ambíguo da Universidade Alemã: LIBERDADE ACADÊMICA


Universidade Alemã
• Característica das universidades alemãs: tecnologias isoladas em escolas
técnicas. Duas linhas paralelas de desenvolvimento: academia tradicional de
um lado e engenharias de outro.

“No período áureo da universidade alemã, a atividade criadora de investigação


sobrepujou qualquer preocupação com o ensino. Isto chegou ao ponto da direção de um
instituto ser recusada aos professores mais versados na matéria correspondente, em favor
de outros que tivessem revelado maior criatividade científica e cultural.”. (p.63).

No período em que Darcy Ribeiro escrevia o texto, ele alega que a universidade alemã
enfrentava um momento de crise de seu nível de trabalho científico. Consequência do
nazismo que exterminou o apoliticismo acadêmico, bem como da evasão de professores,
“brain drain” -judeus ou perseguidos políticos do regime.

O maior desafio da universidade alemã do período pós-guerra era: “ [...] criar uma
geração de reformadores capazes de repensar a universidade tão ousadamente quanto os
sábios da geração de Fichte reformaram a universidade medieval, e fazer frente às
exigências de uma nova civilização, integrando, numa unidade orgânica, a universidade
técnico-científica e técnico-acadêmica.”. (p.63)
Universidade Americana
• Descendente da Universidade Inglesa, contudo se estabeleceu mais livre,
democrática e fecunda.

Base educacional do sistema americano: origem protestante; esforços das


comunidades locais em alfabetizar a população branca. Preocupação com a criação
de escolas em todos os níveis para resolver os problemas locais (busca da
preservação de valores co-participativos).

No Leste surgem os primeiros Colleges (ao modelo inglês das escolas superiores
utilitárias) – possuíam um sentindo autêntico, buscavam solucionar problemas locais
ao ponto de americanizarem imigrantes e passarem seus corpos de valores.

• 1860 – Reforma de caráter inovador cria dois modelos e Ensino Superior:

1) Modelo Ambicioso / Técnico-Científico: Voltado a investigação científica e


criatividade cultural. O intuito era elevar o nível das instituições de Ensino Superior.
Manter a tradição (saberes acadêmico-científicos humanistas) com o novo saber.
Cria-se o 4° nível de ensino – Escolas de Pós-Graduação
Universidade Americana
2) Junior Colleges e Land-Grant Colleges: Busca de uma generalização do
Ensino Superior. Educação de nível intermediário, útil para comunidade e
voltada para prática, orientada para a agricultura e artes mecânicas.
Dentro deste novo espaço as mulheres iniciam sua trajetória dentro da educação
superior.

O modelo de Ensino Superior norte-americano possui grandes


potencialidades – busca a elevação do nível acadêmica e a democratização
do ensino. Dessa maneira, o sistema caracteriza-se pela sua diversidade –
forma profissionais para os mais distintos quadros sociais.

Todavia, a estrutura de ES acaba por se tornar uma réplica da estratificação


social (apesar das possíveis mobilidades).

1) Junior colleges (classe operária): recebem os alunos das high school,


orientando-os para o trabalho e nível de cultural geral;
2) Colleges (classe média) – preparação para os cursos de licenciatura;
3) Universidades (classe alta) – graduação e pós-graduação.
Universidade Americana
Estrutura Universitária –
Da escola média os alunos vão para a undergradute school (uma espécie de
bacharelado interdisciplinar), podendo posteriormente passar para a graduate
studies (especialização em uma área específica), e por fim, o master (mestrado e
doutorado).

O Ensino Superior norte-americano possui uma organização própria e autonomia


perante o governo, bem como liberdade para investir seus recursos nas áreas que
considera relevantes.

O corpo docente é altamente qualificado e específico (concepção distinta da


perspectiva de ensino enciclopédica). Todavia, a falta de burocratização nas
universidades resulta em uma ausência de estabilidade e segurança para os
professores - isto reflete em um espírito altamente competitivo dos docentes e no
chamado “brain drain” de experts de outras nações.

Os problemas das universidade americanas não são de ordem da expansão


quantitativa, mas sim o enfrentamento com as exigências da Revolução
Termonuclear (militarização virtual do saber, utilização e recrutamento para a guerra
e não para o progresso da ciência).
Universidade Soviética
• Contrasta com os modelos anteriores de estruturação universitária, contudo
apresenta paralelismos com os mesmos.

“Estas semelhanças formais dizem muito pouco, pois o sistema de educação só é inteligível
se relacionado com o processo de implantação do socialismo. Servem apesar disso, para
destacar o quanto têm de idêntico as estruturas universitárias, como instituições de
cultivo e transmissão do saber humano, cujo inteiro domínio é condição essencial para
qualquer sociedade integrar-se, automaticamente, à civilização de seu tempo. Tal
paralelismo de imperativos é o que torna similares, na estruturação e nos procedimentos,
universidades tão diferentes como são as capitalistas e as socialistas.”. (p.73).

Revolução de Outubro: necessidade de transformar uma Universidade aristocrática


em uma instituição que formasse quadros para o estado, economia e cultura, bem
como oferecesse oportunidades iguais de acesso aos jovens – formando futuros
universitários.

• Redução do caráter privilegiado de Educação Superior: Substituição do corpo


estudantil antigo por um novo – origem distinta, enquanto o corpo docente
permaneceu o mesmo
Universidade Soviética
Características: Separação entre ensino e investigação; Tripartição do sistema
de Ensino (Universidades, Institutos e Escolas); Unidade ideológica do ensino;
Esforço para responder as desafios tecnológicos; Integração da educação
superior com o trabalho produtivo; Formação de membros para os extratos
superiores.
• Os cursos são oferecidos nos mais diversos horários, bem como por
correspondência.
• Cabe ressaltar que dentro da perspectiva da Universidade Soviética existia
uma “seletividade competitiva” dos estudantes.
• Os estudantes aprendem tanto teoricamente quanto na prática: seus trabalhos
são vinculados aos cursos em que estão inseridos.

“A grande lição da experiência universitária soviética e , mais ainda, a da China


consiste em que uma planificação cuidadosamente elaborada permite elevar, em
poucas décadas, o nível de ensino e investigação do mais profundo atraso às
mais altas culminâncias preenchendo assim, os requisitos culturais
indispensáveis do desenvolvimento pleno e autônomo.”.(p.78)
Nosso legado, nossa carga
• Necessidade de aprendermos com as experiências alheias;
• “De fato somos herdeiros de um legado e de um fardo.” (p.78)
Até o momento as Universidades na América Latina corroboraram para a
manutenção da ordem instituída.

Legados:

Universidades Francesas e Alemãs: “agências intencionais de integração


nacional”. Economias que buscaram sua emancipação de nações desenvolvidas.

Universidades Inglesas e Americanas: capacidade de renovação espontânea!

Universidade Soviética: desafio de formar um novo corpo de dirigentes


nacionais.
Nosso legado, nossa carga
Fardos:

• Caráter elitista de Universidade – advindos do modelo alemão e inglês;


• Estilo autocrático e patricial;
• Caráter Burocrático de nossas Universidades;

“Merecem destaque, além destas, outras cargas negativas desenvolvidas por nós
mesmos. São elas: a tendência da universidade para atuar como agência de
empregos, seja dos políticos patrícios, seja dos potentados acadêmicos a
interporem distâncias abismais entre os valores professorados e a conduta real,
admitindo um cultivo nominal de altos valores sem nada de comum com a
prática da vida universitária propriamente dita.” (p.81)
Capítulo 3:
A Universidade Latino-Americana

• “A questão é saber se aos povos da América Latina interessa


salvar os poucos que são ricos ou construir uma sociedade
habitável e justa, com escolaridade, duração, qualidade e nível
de estudos igual para todos.”
• Manuel Sadosky
Universidades na
América Latina:

• Diversidade de dimensões, complexidade e nível


• Um modelo estrutural
• Exercício para confrontar a crise, buscando:
• diagnóstico: estrutural?
• prognóstico: mudança no padrão?
Valores Professados
e Valores Reais
• Duas imagens de universidade:
• da retórica acadêmica tradicional (mítica)
• alheia à práxis
• ocultadora da universidade real (impura, incômoda e perigosa)
• dos discursos positivistas (modernização reflexa)
• treinadora de elites
• ideóloga da dominação e reprodutora da ordem
• Universidades Transformadas
• modificam-se para responder às circunstâncias históricas, com
propósitos de:
• integração cultural (França)
• formulação de ideologias nacionais de autonomia (Alemanha)
• desenvolvimento e difusão do saber científico e tecnológico (Japão)
• preparação de técnicos orientados para a transformação social
(URSS)
Padrões Estatísticos
• Constituição das Universidades na América
• Zona de Colonização Espanhola: constituição inicial
• Zona de Colonização Inglesa: constituição posterior
• ensino ligado a sociedades religiosas e autoridades imperiais
• Zona de Colonização Portuguesa: constituição tardia
• ensino propedêutico
• Crescimento das Universidades na América
• América do Norte: aceleração evolutiva
• multiplicação das universidades, encarregadas de lutar pelo
desenvolvimento autônomo
• América Latina: atualização histórica
• regime neocolonial, com recolonização cultural pelo modelo francês
• à época da independência, contavam-se os egressos em:
• Brasil: 2.500 (Coimbra)
• América Espanhola: 150.000 (continente)
Padrões Estatísticos – comparação Brasil/Am.
Latina/Outros Países

Evolução do Ensino Superior nos Estados Unidos e situação educacional da América Latina em
1960
População Matrículas Matrículas Engenharia Medicina Direito Outros
Nível por
Superior 10.000
(milhares) habitantes
Estados Unidos
1900 76,0 277,6 31 3,3 33,2 11,2 52,3
1920 105,0 528,0 50 10,3 12,1 8,2 69,4
1940 132,9 1.500,0 114 8,8 7,4 2,4 81,4
1960 179,3 3.610,0 201 9,6 6,0 3,7 79,4
América Latina
Total 204,0 600,0 29 18,0 21,0 20,0 41,0
Brasil 70,0 99,0 14 11,6 11,1 25,0 52,3
Cone 31,0 247,0 76 14,0 26,0 22,0 38,0
Sul*
Padrões Estatísticos
Indicadores do desenvolvimento educacional de alguns países
Proporção de egressos por
10.000 habitantes
Popula Matríc % Estudan Tot Técnic Engenhe Médi % de
ção ulas de sobre tes de 3 al os iros cos gastos
Total 3 nível total nível Científi c/educa
de cos ção s/ a
matríc renda
ulas nacional
USA 179,3 3,726 8,0 205 20, 4,1 61,7 18,0 3,61
(1960) 0
URSS 208,8 2,792 6,5 134 16, 6,8 48,1 16,7 3,17
(1959) 1
Japão 93,4 1,250 5,7 130 -- -- -- 13,3 5,7
(1960)
Alema 53,9 444 5,3 82 4,1 1,2 42,8 20,0 2,11
nha
(1961)
França 46,5 370 4,2 79 4,4 1,5 35,4 12,1 2,72
(1962)
R.Unid 52,7 340 3,5 65 5,3 2,6 33,2 11,5 3,72
o
(1961)
Am. 204,8 600 1,6 29 -- -- ( - de 3) 3,1 ( - de 2)
Latina
(1960)
Tipos de Organização Universitária na
América Latina

Aristocratizante Massificada/Ineficaz Aberta/Eficaz


Exemplos UChile, UFRJ, UFRGS, UdelaR, UBA, UCV UNAM, UPR, USM
UNC
Alunos/Professor baixa alta alta
Egressos/Matrículas média baixa alta
Oportunidades de limitadas amplas amplas
Ingresso
Professorado subutilizado sobrecarregado bem-aproveitado
Tempo Integral alta baixa variada
Orientação elitista respondente a adaptativa / dedicada
pressões sociais (?)
Padrões Estatísticos
• Características e Condicionantes dos Sistemas Universitários
Latino-Americanos:
• carência de pessoal docente
• caráter não profissional do magistério - baixo envolvimento (em
horas); - excesso de trabalho; - fonte estatal de emprego
• baixo rendimento geral (Brasil X Uruguai)
• baixa diversificação de carreiras (especialmente em áreas técnico-
produtivas)
• defasagem em relação aos países mais desenvolvidos
Padrões Estatísticos
• Distribuição de estudantes por carreiras:
• profissionais liberais (sociais aplicadas)
• humanidades e ciências naturais (formação de professores)
• ciências da saúde
• engenharias (tecnologia)
• ciências agrárias
“ Considerando-se o caráter agroexportador das economias
latino-americanas, tais números demonstram que as principais
atividades produtivas da região não conseguiram penetrar
nas universidades, continuando estas, ainda hoje, como
agências formadoras do patriciado burocrático que rege o
Estado e as empresas, cuida da saúde dos ricos e vela por seus
negócios (p. 98).”
Padrões Estatísticos
• Perspectivas de Crescimento
• Incremento das matrículas de nível superior na América Latina
(1950-1970)
• no entanto, diferentes padrões de crescimento:
• Elevado: Argentina, Venezuela, Peru, Chile
• Baixo: Brasil e Colômbia (grandes populações)
• Médio: demais países
“Em qualquer caso, a universidade latino-americana enfrentará
uma crise de crescimento que, deixada ao sabor de um
desenvolvimento espontâneo, poderá degradar ainda mais
seus níveis já precários de ensino, ou apenas mantê-los à
custa de uma contenção de oferta de ingresso nos cursos,
alternativa ainda mais grave (p. 101).”
Padrões Estatísticos

Expansão das matrículas de terceiro nível


1950 1967
Número Por 10.000 Número Por 10.000
habitantes habitantes
Argentina 82.531 48,3 264.048 113,5
Brasil 51.100 9,8 215.322 25,1
Chile 9.528 16,0 57.146 62,5
Colômbia 10.632 9,4 49.930 26,8
Cuba 20.971 36,4 37.326 47,0
México 35.240 13,6 154.289 33,8
Peru 16.082 20,2 83.509 67,4
Venezuela 6.901 13,9 58.807 62,9
Canadá 81.482 59,3 450.000 220,1
USA 2.296.592 150,8 6.911.748 347,1
Padrões Estatísticos
Projeção provável do incremento do Sistema de Ensino Superior da América Latina de
1965 até o ano 2000
1965 2000-A 2000-B 2000-C 2000-R
População 240.000.000 650.000.000 650.000.000 650.000.000 520.383.043
Total
População de 17.000.000 48.000.000 50.000.000 71.000.000 50.075.941
19-22 anos
Matrícula 40.000.000 110.000.000 130.000.000 180.000.000
geral
Matrícula 3 800.000 2.100.000 6.500.000 13.500.000 11.426.630
nível
Pessoal 80.000 210.000 500.000 900.000 869.554
Docente
Padrões Estatísticos
• Universidade e Fracasso Social:
• precariedade universitária com reflexo do fracasso das
sociedades ante o desafio do desenvolvimento, com
responsabilidade do capital e das próprias universidades
(formação de elites);
• predominância de ingenuidade, conformismo e vaidade;
• ausência de consciência crítica;
• manutenção do anacronismo e do abismo;
• atraso histórico: fenômeno global, distribuindo-se por todos os
setores e gerando resignação entre a pobreza;
• subdesenvolvimento: desníveis e descompassos no progresso,
gerando consciência rebelde (potencial da universidade);
• diversidade de situações dentro da América Latina.
Características Estruturais

• Modelo inspirador das universidades latino-americanas –


Universidade Napoleônica (conglomerado de escolas
autárquicas):
• no entanto, ao contrário do modelo francês, faltou o conteúdo
político de instituição centralizadora;
• mesmo o profissionalismo, a erradicação da teologia e a
introdução do culto positivista não trouxeram uma aceleração
evolutiva, pelo contrário, perpetuaram os interesses do pacto
oligárquico;
• a Universidade, em si, é uma abstração institucional apenas
concretizada apenas nos atos reitorais solenes de abertura e
encerramento de cursos;
• dentro desse quadro estrutural, feudalizado, a Universidade
latino-americana cresceu.
Características Estruturais
• Linhas Estruturais Básicas:
1) Organização federativa sem cooperação
2) Compartimentalização e isolamento profissional
3) Centralidade da cátedra na pesquisa e no ensino
4) Hierarquia magistral personalista e autoritária
5) Crescimento das cátedras como quistos
6) Seleção de docentes inapropriada
7) Inexistência de regulamentação da carreira docente
8) Incongruência dos padrões de titulação
9) Caráter não profissional e honorífico da docência
10) Caráter profissionalista da docência
Características Estruturais
Linhas Estruturais Básicas:
11) Currículos unilineares e paralelos
12) Rigidez e limitação curricular
13) Crescimento desnecessário de cada unidade
14) Baixa variedade de carreiras
15) Caráter elitista em ingresso e triagem
16) Limitação da gratuidade do ensino
17) Isolamento entre as universidades e em relação à sociedade
18) Administração burocrática uniformizante
19) Ativismo político estudantil pouco voltado para a universidade
20) Cogoverno estudantil paralisado por falta de projeto próprio
Mentalidade Elitista

• A preparação dos quadros especializados de nível superior


depende da fidelidade às camarilhas docentes internas, só
muito longinquamente, aos reclamos da sociedade;
• uma nova linha de preparação profissional gera um novo
grupo de pressão e uma nova clientela;
• quadro elitista encontra defende o discurso do “padrão
acadêmico de investigação”;
• existem exemplos diversos de alienação cultural, doutrinação
ideológica, irresponsabilidade social e reacionarismo
acadêmico.
Mentalidade Elitista
• Paulo de Goes • Darcy Ribeiro
• “o problema da • "Outro efeito adicional desta atitude
massificação da catedrática, autodefensiva e temerosa,
Universidade, com o é a multiplicação de escolas precárias
para atender a demanda de educação
consequente superior, porque as universidades
desequilíbrio entre o maiores e melhor dotadas de recursos
número de professores congelam suas inscrições em nome da
e o de alunos em que defesa de uma atividade acadêmica de
todo o sistema alto nível (p. 115)."
educacional entra em
decomposição (p. 114)” • “Se as universidades latino-americanas
só aspirassem a alcançar os altos níveis
de investigação e ensino dos Estados
• "se tão importante Unidos e mesmo que os alcançassem,
cidadela se rendesse, teriam fracassado em sua função
avançaria o processo social, pois converter-se-iam em meras
que está arruinando ou agências locais de universidades
pretende arruinar ...o estrangeiras, a serviço de sua ação
mundo livre (p. 114)" colonizadora na América Latina (p.
115.).”
Constrições Funcionais
• Necessário analisar o falado alto padrão acadêmico – baseado
na contenção de matrículas;
• a rigidez estrutural resulta numa carga para a sociedade,
compelida a reproduzir unidades escolares a reproduzir
unidades escolares para cada carreira;
• a multiplicação de unidades, sem integração, leva a
competição entre professores e cátedras;
• a estrutura tradicional conduz ao culto do aparato e à mania
do equipamento ultra-moderno para o cultivo de uma
pseudo-ciência;
• a deformação leva a esclerose das entidades universitárias,
devido ao crescimento da burocracia paracientífica (indivíduos
sem qualificação trabalhando como pesquisadores nas
unidades);
Constrições Funcionais

• A defesa da preservação da universidade de alto padrão leva à


reprodução de suas deficiências e torna impraticáveis:
• o auto-conhecimento dessa sociedades;
• o conhecimento de quarto nível (pós-graduação e formação de
quadros docentes);
• a educação continuada;
• a criação de uma cultura nacional autêntica – eterna
dependência de centros científicos alheios à realidade local;
• a alternativa ante a doutrinação maciça da sociedade pela
imprensa, rádio, cinema.
Constrições Funcionais

“A própria formação humanista dos estudantes, a configuração


da imagem que têm do mundo contemporâneo, e usa
informação sobre as alternativas de atitude ante os problemas
humanos e nacionais, não podem ser proporcionadas pela
Universidade. É por outros meios, estranhos a ela, que o
estudante tem oportunidade de fazer-se cidadão de seu povo
e homem de seu tempo (p. 120).”

“Tudo isto significa, em síntese, que o que se supõe ganhar com


a política elitista é perdido em virturde de constrições
estruturais que somente admitem uma simulação grotesca
dos ideais professados de aperfeiçoamento do saber (p. 120).”

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