Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Perfil intra-empreendedor:
um estudo inicial em
funcionários
da Infraero-sede
Eliana Pessoa e Kelly Cristina Nóbrega Oliveira
Introdução
seu próprio bem-estar econômico” (ÂNGELO, 2003, um serviço, ou seja, sobre um negócio,
p. 25). concebe a visão emergente. Para aprofundá-
No início do século XIX, o economista la, aprimorá-la e validá-la, busca informa-
Jean-Baptiste Say definiu o empreendedor ções com pessoas do ramo, ou através de
como “um indivíduo que transfere recursos livros, revistas, feiras, dentre outros. Quando
econômicos de um setor de produtividade baixa para chega à idéia final sobre o negócio está
outro de elevada produtividade e de maior rendi- formada sua visão central, pela qual busca
mento” (DIAS, 2001, p. 42). No início do a sua realização.
século XX, Schumpeter (apud AIUB, 2002,
p. 34) designou o empreendedor como:
intra-empreendedor, consiste na busca, pela paixão pelo que faz (MOREIRA, 2004,
dentro da empresa, de um meio seguro p. 3). O sentimento de vínculo faz com
para empreender, testar e inovar, assumindo que o intra-empreendedor canalize todas
riscos calculados. O intra-empreendedor, as suas energias, habilidades e idéias para
apesar de gostar de certa segurança finan- serem utilizadas em prol da organização
ceira, aceita correr riscos calculados, em que trabalha.
mesmo inconscientemente. Ele não se
importa em iniciar projetos que possam pôr Habilidades
em risco seu emprego. A empresa adota Uma das características dos intra-
procedimentos para satisfazer a necessidade empreendedores é a habilidade de identifica-
de segurança quando possui gerências mais ção de novas oportunidades. Dornelas
abertas, flexíveis e tolerante aos erros. (2003, p. 36) afirma que “o empreen-
Dornelas (2003, p. 46) considera que dedorismo é dirigido à identificação,
“riscos calculados não necessariamente avaliação e captura de oportunidades de
riscos pequenos, são riscos estudados, anali- negócios”. Existem diversas fontes de
sados e sabe-se o que pode acontecer com oportunidades que podem ser verificadas
a organização caso o risco se torne reali- pelo intra-empreendedor. McMillian e
dade”. Os empreendedores procuram Block (1997, citados por BIRLEY; MUZYKA,
identificar os riscos e tentam minimizá-los. 2001) indicam três fontes: internas, externas
A necessidade de auto-realização, consi- e mudanças no setor de mercado.
derada por McClelland a característica mais As fontes internas de oportunidades
presente no perfil intra-empreendedor, podem ser encontradas a partir da análise
consiste na busca do intra-empreendedor dos processos, da estrutura organizacional,
da maximização de seu potencial e na das relações internas ou de qualquer
visualização da empresa como um local outro elemento que possa ser corrigido,
onde suas capacidades podem ser utili- melhorado ou complementado. Segundo
zadas e aperfeiçoadas, obtendo assim uma Drucker (1985, citado por B IRLEY ;
realização pessoal. Por isso, está sempre MUZYKA, 2001, p. 270), “as mudanças são
buscando tarefas que desafiem suas capaci- uma grande fonte de oportunidades”. Essa
dades físicas e intelectuais. fonte está diretamente ligada às demandas
Pessoa e Goulart (2004, p. 9) afirmam do mercado, à entrada de novos concor-
que “as pessoas com alta necessidade de rentes, entre outros. O ambiente externo
realização são aquelas que procuram proporciona oportunidades, mas também
mudanças em suas vidas, estabelecem metas gera ameaças. Alguns exemplos de forças
realistas e realizáveis e colocam-se em situa- externas que podem influenciar uma
ções competitivas”. organização são mudanças demográficas,
A necessidade de vínculos, para Pinchot no estilo de vida, nos valores, nos regula-
(1989, apud URIARTE, 2000, p. 42) mentos governamentais, problemas
significa que “para o intra-empreendedor, sociais, conjuntura econômica, entre outros.
a organização em que trabalha é um ótimo A habilidade de identificar novas
local para aplicar suas idéias e buscar a auto- oportunidades é natural do intra-empre-
realização”. O intra-empreendedor com endedor. Ray (1993, citado por MACEDO,
necessidade de vínculos geralmente se 2003 p. 17) afirma que o empreendedor
envolve com as atividades na sua empresa tem “a habilidade de perceber o que os
que leve à vantagem competitiva, incentiva que fazem a ligação entre a alta cúpula e os
a dedicação e o comprometimento, não funcionários da base da organização.
só do corpo funcional, mas, principalmente Como diz Motta (1985 apud SOUZA et al.,
(...) da alta direção”. 2003, p.2), “uma organização empreende-
A empresa empreendedora, antes de dora deve estar com lideres preparados e
tudo, tem a alta cúpula envolvida com o capacitados para gerenciar e isto significa:
processo. É preciso que os dirigentes coordenar, ter visão de futuro [...], estimular
aprovem o comportamento empreendedor a participação dos empregados, incentivar
e reconheçam a importância da proati- e motivar as pessoas em função de objeti-
vidade e da inovação em suas organiza- vos e metas compartilhadas, promovendo
ções. Pereira (2005) afirma que “se não crescimento mútuo”.
houver por parte da alta administração um O próximo passo para que uma orga-
comprometimento com o programa de nização se torne empreendedora é sensi-
empreendedorismo corporativo, é melhor bilizar os funcionários da importância do
nem começar”. Segundo Dornelas (2003, trabalho de cada um para atingir os
p.118), “a organização deve ter um forte objetivos organizacionais, despertando o
comprometimento com a busca e o desen- espírito empreendedor. A inovação e o
volvimento de novos produtos/serviços espírito empreendedor devem estar
e processos, envolvendo a alta cúpula disseminados por toda a empresa. Todas
gerencial no suporte a essas iniciativas”. as pessoas, independentemente de seu nível
Schenatto e Lezana (2001, p.4) afirmam: de conhecimento, podem ser inovadoras,
desde que estimuladas. Baró (1983, apud
“Cabe aos dirigentes [...] suscitar e SOUZA et al. 2003, p. 3) acredita que o
dar espaço à vocação empreendedora trabalhador se motiva quando “conhece a
interna, concentrando esforços importância do próprio trabalho para a
também em buscar mais flexibilidade organização”. Dornelas (2003, p.52) sugere
estrutural e agilidade nos processos a utilização de programas de capacitação
burocráticos, a fim de reduzir os custos para esclarecer o conceito de empreen-
e dar suporte à ação inovadora dedorismo, “mostrando aos funcionários
permanente”. que todos poderão desenvolver esse
espírito na empresa e que serão valorizados
Além do comprometimento, a alta por isso”. Pinchot e Pellman (2004)
cúpula necessita integrar o empreen- apontam a importância do comparti-
dedorismo à estratégia corporativa. As lhamento da estratégia com os funcionários
empresas pró-ativas, estão incorporando para estimular o intra-empreendedorismo.
ao seu planejamento estratégico a Após incitar e promover atitudes
descentralização na tomada de decisão, empreendedoras também é preciso
visando a diminuição de custo operacional oferecer mecanismos para que as idéias
e elevação da qualidade dos produtos/ geradas sejam avaliadas e, se possível,
serviços que são ofertados com a participa- implementadas. Pinchot e Pellman (2004,
ção direta de seus funcionários (ibidem). p. 44) sugerem a criação de canais para que
Os gerentes e os chefes imediatos os intra-empreendedores exponham suas
também possuem uma importante função idéias. Dornelas (2003, p. 53) afirma que
na empresa empreendedora, já que são eles “de acordo com as necessidades da
50
12345
4112 40
12345 12 12
123412345
12 12
123412345
1234
40 1234123412
1234 123412
27 1234 123412 De 0 a 10%
1234
1234 1234
123412
De 10% a 20%
12345678
1234567
12345678 12
30
1234
1234567
1234567 123412 De 20% a 30%
1234
1234567
1234567 123412 12 De 30% a 40%
1234
1234567
1234567 123412 12 De 40% a 50%
1234
1234567
1234567 12341212 1
20 1234
1234567
1234567 123412 12
De 50% a 60%
1234
1234567
1234567 123412
123456789
123 1
12 De 60% a 70%
1234
1234567
7 1234567 1234 123456789
123
1234567
123456789
123
1234567 11
12345 1234
1234567
12345
1234567 1234 123
1234567
1234567
123
De 70% a 80%
10 3 12345 1234
1234567
1234567 1234 123
1234567
123
1234567 De 80% a 90%
1234 1234
123
1234567 12
0 0 1 1 1234567
123456712345
1234567
1234567
12345
123
1234567
123
1234567
12
1234 1234 123
1234567 De 90% a 100%
1234567 1234567
123456712345
1234567 123
1234567
123456712345
1234567 123
1234567
123
1234567
0
Independência 54,55%
Auto-realização 65,91%
Segurança 75,38%
Vínculos 80,30%
Aprovação 87,50%
e pensamento criativo (Gráfico 3). Muitos problemas, sem ter que delegar a respon-
informaram ser importante avaliar as opor- sabilidade a outras pessoas, e também a
tunidades que surgem, analisando os de geração de soluções inovadoras, não
pontos positivos e negativos antes de deixando que tudo se resolvesse com o
investir nelas. Essa característica também é tempo. A habilidade detectada tem forte
importante, pois os trabalhadores não ligação com a de pensamento criativo, pois
demandam esforço nem tempo por surgirão soluções para os problemas, a
oportunidades que não são viáveis à orga- partir de idéias geradas por todos na orga-
nização. Já a criatividade e a inovação são nização. Cada um pode contribuir nesse
essenciais ao processo de intra- processo, independentemente de seu cargo.
empreendedorismo: a essência do Um resultado foi bastante diferente
empreendedorismo é a criação de boas dos demais: apenas 48,86% das respostas
idéias e sua implantação para a melhoria indicam a habilidade de motivação e
incremental ou radical de processos, decisão. Apenas 72 trabalhadores afir-
produtos, serviços e dos resultados, de maram que são autoconfiantes e auto-
modo geral. Cabe à organização incentivá- motivados e somente 57 não receiam
las, criando mecanismos para a maior parti- tomar decisões sozinhos, quando neces-
cipação dos funcionários. sário. Isso pode ocorrer devido à falta de
Negociação 68,18%
A terceira habilidade mais identificada abertura da empresa para que eles tomem
é a de resolução de problemas (87,5%). decisões sozinhos, mesmo que erradas.
Muitos indicaram a habilidade de resolver Dornelas (2003) e diversos outros autores
Referências bibliográficas
development of intrapreneuring, aiming to assess the employees’ profiles, as well as the features
that that appeared the most and the least frequently in the selected sample. The result points that the
majority of the selected employees has an intrapreneur profile, requiring, however, the development
of other characteristics such as self- reliance and self –accomplishment, also considered essential.
The article concludes by suggesting sets of actions that can be adopted by the organization to
stimulate the exercise of the employees’ enterprising capacities.
Key-words: intrapreneuring; enterprising capacity; intrapreneur profile; Infraero.
Eliana Pessoa
Professora da UnB e da Unieuro, mestranda em Educação, Bacharel em Administração de Empresas. Contato:
<elianapes@gmail.com.>
Kelly Cristina Nóbrega Oliveira
Bacharel em Administração de Empresas pela UnB. Contato: <kellycnoliveira@yahoo.com.br>