Vous êtes sur la page 1sur 1

O “Sermão de Santo António aos Peixes” insere-se no Barroco (séc.

XVII), que se caracteriza


pela utilização de contrastes, pelo pessimismo, pela presença de impressões sensoriais, pela
preocupação com a duração da vida, pela linguagem erudita e trabalhada e pela tentativa da
conciliação entre a religião e o racional. O Barroco é associado a exageros quer na linguagem,
quer na transmissão de idéias e pensamentos e quer também na arte.
Os sermões de Vieira são textos que chamam a atenção tanto pela forma quanto pelo
conteúdo. Nascido em Portugal, mas criado no Brasil desde os seis anos de idade, Vieira
experimentou a efervescência política do Brasil-Colônia e da corte portuguesa. Seu estilo
literário é essencialmente barroco: longos períodos construídos com o uso intensivo de figuras
de linguagem, como metáforas e antíteses, formando um discurso altamente persuasivo, com o
intuito de convencer o ouvinte pelo raciocínio e pela razão.

O texto está dividido em seis partes. A primeira delas é o exórdio, ou introdução, na qual faz o
chamamento "Vós sois o sal da terra". Os pregadores são o sal da terra, cabendo ao sal impedir
a corrupção. Mas na terra não lhes dão ouvidos, por isso voltam-se para o mar, onde estão os
peixes. Há também a invocação da Virgem Maria.

Nas partes II a V temos o desenvolvimento do sermão. Antônio Vieira exalta as qualidades dos
peixes, como a obediência, e repreende os vícios, como a soberba e o oportunismo. Deve-se
destacar aí a citação de diversos tipos de peixes. As virtudes são descritas nos peixes de
Tobias, Rémora, Torpedo e Quatro-Olhos. Já os defeitos estão nos seguintes peixes:
Roncadores, Pegadores, Voadores e no Polvo. O principal defeito apontado é a voracidade, já
que os peixes devoram uns aos outros, e, pior ainda, os maiores devoram os menores.
A última parte é a peroração, ou conclusão, na qual Vieira exalta os peixes que, por sua
natureza, não podem ser sacrificados vivos a Deus e sacrificam-se então, em respeito e
reverência. Confessando-se pecador, o orador se despede com uma oração de louvor a Deus.

Portanto, o texto de Vieira, datado do século XVII, traz para nós uma inquietante
contemporaneidade, pois seus temas principais são a ganância humana e a corrupção da
sociedade, assuntos mais do que presentes em nosso cotidiano. Por meio de sua linguagem
finamente elaborada, Vieira nos faz refletir sobre os desafios da sociedade de seu tempo, nos
ajudando também a pensar sobre a nossa realidade

Vous aimerez peut-être aussi