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2.2- Nucleação
Nucleação primária é a forma clássica de nucleação. Ocorre principalmente quando se têm sistemas
com níveis altos de supersaturação e, consequentemente, é a que prevalece na precipitação, e em
soluções muito puras. Este modo de nucleação é dividido em: homogênea, a qual ocorre de forma
espontânea a partir de uma solução límpida e heterogênea, que ocorre na presença de partículas em
suspensão (pó, colóides) ou em superfícies sólidas como as paredes do cristalizador (NÝVLT et al.,
2001; JONES, 2002).
A nucleação primária é dita homogênea quando a solução é isenta de cristais e pura, necessitando
de uma supersaturação alta para ocorrer.
Nucleação Heterogênea
A nucleação heterogênea é induzida por núcleos estranhos ou superfícies em contato com a solução
e que torna significativos a baixos níveis de supersaturação (JONES, 2002). Entretanto, é difícil
distinguir entre nucleação homogênea e heterogênea.
Na nucleação por contato, os núcleos são gerados na fase sólida por macroatrito ou por
microabrasão. O macroatrito pode ocorrer em suspensões com forte turbulência, levando à
criação de frações cristalinas de tamanhos comparáveis aos já presentes (KHAMBATY
& LARSON, 1978). A microabrasão produz cristais finos, comparáveis em tamanho aos núcleos
críticos, ocorrentes na superfície ou nos vértices dos cristais-mãe, que crescem gradativamente
(NÝVLT et al., 1985).
O caso da nucleação por contato baseia-se no fato de que a superfície do cristal não é
completamente lisa e contém inúmeras imperfeições (chamadas “montes e vales”
microscópicos), de diversos tamanhos, que vão do núcleo crítico aos visíveis a olho nu. O
impacto de um outro corpo sólido nessa superfície atua em uma área superficial muito menor
do que no caso de uma face lisa; tais forças podem quebrar esses pequenos montes e os
microcristais poderão agir como núcleos cristalinos.
2.4- Crescimento dos cristais
Quando um cristal cresce sem o impedimento de outros cristais ou de outros sólidos, a
sua forma poliédrica pode manter-se fixa. É o que se chama um cristal invariante. Num destes
cristais, uma única dimensão pode ser usada para caracterizar o volume, a área superficial total,
ou outros parâmetros, como a área superficial por unidade de volume. Mais freqüentemente,
porém, mesmo num ambiente sem obstáculos, a existência de potenciais não- homogêneos
provoca o crescimento mais rápido do cristal numa dimensão do que em outra, o que causa
elongações e distorções (FOUST et al., 1982).
Nos processos industriais de cristalização, o crescimento de cristais sem o impedimento
de outros sólidos é uma exceção rara. Os cristais se aglomeram, as impurezas são ocluídas nas
superfícies de crescimento. A nucleação ocorre não só na solução, mas também sobre as
superfícies cristalinas, e os cristais são fragmentados pelos rotores das bombas e pela agitação
(FOUST et al., 1982). O resultado líquido é o de que todos estes fatores concorrem para a
formação do hábito do cristal. Este hábito tem grande importância para os operadores da
cristalização, pois afeta a pureza do produto, a sua aparência, a tendência a formar torrões ou a
pulverizar-se e influencia a aceitação dos consumidores.
O hábito dos cristais é fortemente afetado pelo grau de supersaturação, pela intensidade
da agitação, pela densidade de população e pelas dimensões dos cristais nas vizinhanças durante
o processo e pela pureza da solução. Então, a seleção e o projeto detalhado do cristalizador são
importantes não apenas pela economia e operacionalidade, mas também pela sua influência
sobre o hábito cristalino, sobre a distribuição de dimensões do cristal e sobre a colocação
mercantil do produto (FOUST et al., 1982)