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CURSO DE CANDIDATOS Á PROFISSÃO

BANCÁRIA
ECONOMIA

1
FICHA TÉCNICA

COORDENAÇÃO
Aurélio Rocha

TEXTO BASE
Dr. Paulo Viana

ADAPTAÇÃO A MOÇAMBIQUE
Núcleo Pedagógico

CONCEPÇÃO E COMPOSIÇÃO GRÁFICA


IFB

ADAPTAÇÃO A MOÇAMBIQUE
IFBM - Núcleo Pedagógico

EDIÇÃO ESPECIAL – 1ª TIRAGEM (100 Exemplares)


Agosto 2001

©IFB
Reservados todos os direitos ao IFBM/IFB/ISGB, de acordo com a legislação em vigor.
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer forma ou qualquer
processo, sem autorização prévia e escrita do IFBM/IFB.

2
ÍNDICE

Introdução .............................................................................................................................................. 4
A) Conceito de Economia .................................................................................................................. 5
B) Os Agentes Económicos .............................................................................................................. 8
A OFERTA E A PROCURA .................................................................................................................. 14
A) Oferta ............................................................................................................................................ 15
B)Procura ............................................................................................................................................. 21
AS LEIS DA OFERTA E DA PROCURA E A FORMAÇÃO DE PREÇOS .......................................... 25
A) Equilíbrio e Desequilíbrio do Mercado ...................................................................................... 25
B) Alterações das Curvas da Oferta e da Procura ........................................................................ 31
AS FORMAS DE MERCADO ............................................................................................................... 40
A) As Formas de Mercado ............................................................................................................... 41
B) O Mercado de Concorrência Perfeita ........................................................................................ 44
C)O Oligopólio ..................................................................................................................................... 49
D) O Monopólio .................................................................................................................................... 53
A) Medição da Actividade Económica............................................................................................ 55
B) Óptica da Produção ..................................................................................................................... 59
C) Óptica do Rendimento ................................................................................................................ 67
Matriz da Contabilidade Nacional ...................................................................................................... 71
A) BALANÇA DE PAGAMENTOS ....................................................................................................... 75
B) Principais Saldos ......................................................................................................................... 77
C) Mercadorias ..................................................................................................................................... 78
D) Serviços e Rendimentos ................................................................................................................ 82
E) Transferências Unilaterais ............................................................................................................. 83
Movimentos de Capitais ..................................................................................................................... 84
Balança de Pagamentos/Dívida Externa Moçambicana .................................................................. 90
Evolução ............................................................................................................................................... 90
A) Considerações Sobre a Política Económica ............................................................................ 92
B) A Política Orçamental ................................................................................................................. 98
C) A Política Monetária .................................................................................................................. 102
A massa monetária ............................................................................................................................ 104

3
ECONOMIA

Introdução
A Economia é uma ciência saciai que estuda a utilização a actividade económica de
uma dada sociedade e a utilização do seus recursos para alcançar determinados
fins. Neste Módulo irá ficar conhecer a Economia como ciência e o seu papel na
sociedade actual.

Objectivos

O estudo deste módulo visa essencialmente introduzir os conceitos básicos da


Economia, particularmente no que diz respeito à sua natureza interdisciplinar e
às nações de oferta e de procura.

O formando deve estar apto a:

a) Definir Economia e identificar os principais agentes económicos;


b) Identificar os comportamentos dos produtos e consumidores que determi-
nam a configuração das curvas de oferta e de procura;
c) Reconhecer as diferentes formas de mercado e o moda como influenciam a
formação dos preços;
d) Reconhecer a importância da contabilidade nacional para a gestão do país-
e) Compreender a Balança de Pagamentos como instrumento de análise das
relações com o exterior;
f) Estabelecer as diferenças entre as várias formas de integração económica
e identificar as principais organizações internacionais e regionais com as
quais Moçambique tem relações

Plano Temático
1. Economia, Agentes Económicos e Formação de Preços
2. Fundamentos da Oferta e da procura e formas de Mercado
3. Noções de Política Económica
4. Processos de Integração Económica e Organizações Económicas Interna-
cionais.

4
A) Conceito de Economia
Vamos começar por lhe apresenta o Sr. Juma e a Sra. D. Alice bancários
da agência de Manica, do Banco Moçambicano.

Encontrámos os nossos colegas, ao almoço, debraçados sobre um artigo


de jornal com a transcrição do Orçamento do Estado.

D. Alice:
Está a ver, Sr. Juma? É isto que eu não entendo! A verba para a Educa-
ção...

Pergunto-me o que estará na base destas diferentes atribuições...

Sr. Juma:

Acho que são opções económicas, Alice. Deve depender dos sectores de
actividade do nosso país que o Governo quer desenvolver

Sr. Alice:

Sendo assim , os políticos e os economistas devem estudar a situação eco-


nómica e optar pelas soluções mais adequadas para o país em cada momen-
to, não será?

Sr. Juma:

não tenho a certeza, mas penso que os economistas têm aí um papel impor-
tante.

5
O nosso bancário tem razão, a Economia é, como você vai ter opor-
tunidade de verificar ao longo desta cadeira, a ciência que estuda a
utilização a fazer dos recursos de um país, de uma empresa ou de
uma família, ou melhor:

Economia: é a ciência social que estuda a utilização que preferimos dar aos recur-
sos produtivos escassos, com empregos alternativos, para alcanças, damelhor for-
ma, determinados fins.

Vamos explicar-lhe, detalhadamente, esta definição.

A Economia É uma Ciência Social

A Economia é uma ciência social, pois estuda um vector da socieda-


de, a actividade económica, em interdependência com as outras ciên-
cias sociais - a Sociologia, a Política, a Geografia, a Demografia, a
Psicologia, etc.

A interdependência, desejavelmente harmónica e funcional, das


diversas ciências sociais revela-se, em muitos casos, conflituosa,
uma vez que o combate a alguns desequilíbrios do ponto de vista
económico pode levar a graves situações noutros domínios. Por
exemplo, uma situação conjuntural de desemprego pode ser conside-
rada necessária numa perspectiva económica; mas será que o é numa
perspectiva social ou política?

Estas questões só podem ser levantadas porque a Economia tem


relações muito estreitas com as outras ciências.
Além das suas relações de interdependência com outras ciências,
também, dentro da própria Economia, entre os seus diversos ramos,
existe este tipo de relações.

Por exemplo, entre a produção de uma empresa, a produção nacional


e a produção de cada indivíduo; entre as exportações de uma empre-
sa e as exportações nacionais; entre a distribuição dos rendimentos
numa empresa, o rendimento nacional e os rendimentos das famílias.

Estes exemplos reflectem uma diferença importante entre a:

Micro-economia: economia de uma empresa ou de uma família.


E a:

Macro-economia: economia de um país.

6
Entre a micro e a macro-economia não existem compartimentos
estanques, mas sim complementares. O mesmo acontece com quase
todas as grandezas económicas. Por exemplo: a produção nacional
influencia o volume de emprego, que, por sua vez, influencia o rendi-
mento das famílias.

A Economia Escolhe a Utilização dos Recursos

Tal como em sua casa você e a sua família escolhem como vão utilizar
os recursos de que dispõem (o seu ordenado e o da sua esposa) e
definem prioridades para um mês ou para um ano:

Compramos agora um rádio?


Talvez seja melhor juntar algum dinheiro para, em primeiro
lugar, substituir a geladeira, que já não funciona bem!

Também na economia de um país se "joga" com os recursos existen-


tes e se seleccionam prioridades. Esta selecção implica tomar
opções.

De facto, qualquer medida económica é uma opção que implica


determinadas consequências e não outras. Por exemplo, há várias
formas de diminuir a taxa de desemprego — crescimento do inves-
timento privado, incentivos ao investimento estrangeiro, aumento
das despesas públicas, etc.

O facto de optarmos por uma ou por outra tem a ver com:

A estrutura sócio-politico-económica existente num país;


A conjuntura do país, no momento dessa decisão;
Os objectivos que se pretendem alcançar;
Os efeitos colaterais que cada uma das opções pode provocar.

A ideia de que em Economia se pode optar entre varias soluções pos-


síveis para um mesmo problema é muito importante para conseguir-
mos compreender que, aqui, não há leis absolutas.

A melhor solução é, sempre, relativa:


Ao momento da decisão;
Às pessoas que decidem;
Aos objectivos que se pretendem alcançar.

7
Em Economia os Recursos São Escassos...

Provavelmente, como em nossas casas! Você, certamente, sente bem


este problema.
Se os seus recursos fossem abundantes, você não teria que optar
entre o rádio e a geladeira. Mas como isso não acontece terá de
estabelecer prioridades.
Em Economia, passa-se o mesmo.
Os recursos de um país (uns mais que os outros) nunca são abundan-
tes. Daí que não se possam empregar indiscriminadamente.
Há que optar quanto à utilização dos recursos resultantes da nossa
produção.

B) Os Agentes Económicos
Desde sempre, o homem viveu acompanhado, formando grupos diver-
sos, cada qual com a sua finalidade. Assim, o homem, para além de
ser membro de uma família, poderá ser sócio de um grupo desporti-
vo, membro duma comunidade religiosa, trabalhador de uma empre-
sa, cidadão de um país, etc.

Enquanto membro de cada um destes grupos, o homem é um agente


económico.
Vamos seguir a evolução da actividade económica.

A Família

A primeira forma de organização económica terá sido, certamente, a


família, ainda que com características sócio-económicas diversas de
região para região. Podemos, assim, conceber um circuito económico
constituído apenas por um tipo de agentes económicos - as famílias

8
A evolução das relações de produção, a complexidade crescente das
relações económicas, a criação de novas necessidades e o modo de as
satisfazer vieram propor à Economia novas áreas de preocupação, na
tentativa de dar resposta a quatro questões básicas:

Que bens produzir?


Quando?
Como?
Para quem?

A Empresa

Associada a estas questões, surge naturalmente a necessidade de


organizar a produção em células especializadas, dotadas de meios
humanos e materiais e com a finalidade de dar satisfação a determi-
nadas necessidades. Estes novos agentes económicos são as empre-
sas.

O novo circuito económico pode, agora, esquematizar-se da seguinte


forma:

9
É um circuito económico bastante simplificado, no qual um grupo de
agentes económicos - as empresas - tem a seu cargo a produção (de
* Nota: os con-
ceitos de produ- bens ou serviços) e o outro - as famílias - constitui a esfera do con-
ção e consumo
sumo*.
vão ser tratados
na Sessão 2, li-
gados à oferta e Com o aparecimento da moeda, as relações entre estes dois grupos
à procura.
de agentes económicos tomam nova forma e as trocas entre eles
passam a ser representadas por um novo fluxo, de sentido contrário,
que é a tradução monetária do fluxo inicial.

Este fluxo monetario é a tradução, em moeda (na esfera monetéria), do


trabalho e iniciativa que são, na esfera produtiva, o fluxo real.

Podemos defmir:

Fluxo monetário: circulação de moeda entre os diversos agentes econímicos.

Fluxo real: circulação de trabalho - produção de bens e serviços.

O Banco

Vamos, seguidamente, complicar um pouco mais o nosso circuito eco-


nómico e dar realce a um certo tipo de empresas que, pela sua fun-
ção e tipo de necessidades que têm que satisfazer e ainda pela sua
importância vital no desenvolvimento de toda a actividade económi-
ca, se revestem de extrema importância - os bancos.E, aqui, o assun-
to é consigo, Senhor Bancário! Veja, no esquema, como é que o seu
Banco se relaciona com os restantes agentes económicos.

10
Embora sendo empresas, os bancos têm uma particularidade impor-
tante, que é servirem de intermediários na canalização de dinheiro
dos agentes económicos que o têm em excesso para os que têm
falta dele.
* Os sectores
primário, A banca contribui, assim, para o incremento dos vários sectores da
secundário e actividade económica* - primário, secundário e terciário - através,
terciário vão
ser necessários por exemplo, da concessão de ciédito e da prestação de serviços às
ao estudo da empresas e aos restantes agentes económicos.
Unidade III,
Sessão 6.

O Estado
Em determinada fase do desenvolvimento histérico, surge um novo
agente económico com características totalmente diversas dos
outros agentes e com funções muito especiiicas no seic do circuito
econémico, social e politico — o Estado — que esta relacionado com
os restantes agentes económicos, pelas funções que desempenha no
circuito económico, e que são as três que se seguem:

Ordenação económica, que é a definição do quadro geral em


que toda a actividade económica se tem de desenvolver, isto
é, a definição de directrizes económicas gerais;
Intervenção económica, que acontece quando há necessidade
de alterar o comportamento dos agentes económicos. Por
exemplo, suponha que o Estado considera indesejável que se
produzam mais tecidos de algodão; poderá evitar que se
abram mais fabricas, assim como tomar medidas que possam
baixar o seu preço;
Actuação económica, que é a actividade do Estado enquanto
sujeito económico. Por exemplo, gerir as empresas públicas.
11
O nosso esquema surge, entio, aumentado.

Temos, agora, um circuito económico já mais complexo e mais moderno.


Contudo, se repararmos bem, tudo isto se passa no interior das
fronteiras do país. Estamos perante aquilo a que se chama:

Economia fechada ou circuito fechado: um modelo económico sem relações com o


exterior.

Mas a generalidade das economias, nos nossos dias, é:

Economia abertas: aquelas em que existem, cada vez mais, interdependências


entre os diferentes países (senÃo, veja o caso da UE, EFTA, NAFTA E SADC).

Com graus de abertura diferentes de país para país, aquilo que se


passa internamente está estreitamente relacionado com o que se
passa no resto do mundo.

O Exterior
Para que o nosso circuito económico fique completo, há, pois, que
introduzir um novo agente económico - o Exterior - relacionado,
directa ou indirectamente, com todos os agentes económicos inter-
nos.

12
Por exterior entende-se todos os países* com os quais se mantêm
relações económicas.
Este relacionamento surge com a circulação de bens, serviços e capi-
* Potencialmente,
podem ser todos
tais entre uns e outros, o que, cada vez mais, é condição fundamen-
os países. tal para o funcionamento do aparelho produtivo. O exterior tem uma
importância cada vez maior na economia de um país, devido à cres-
cente internacionalização das economias.

Este fenómeno da internacionalização leva a que qualquer aconteci-


mento interno se possa repercutir em todo, ou quase todo, o mundo.
(Veja-se, por exemplo, o papel da economia dos EUA).

Veja como fica o nosso esquema, agora completo.

13
A OFERTA E A PROCURA
Introdução
Nesta Sessão você encontrará os seguintes tópicos:

A) Oferta
Definição
Oferta Individual e Global Curva da Oferta
B) Procura
Definição
Procura Individual e Global
Curva da Procura

Objectivo

No final desta Sessão, você deverá ser capaz de:


Definir a oferta e a procura;
Explicar como variam a oferta e a procura

14
A) Oferta
Definição

Como viu na Sessão anterior, circulam entre os agentes económicos,


além de outros fluxos, bens e serviços. São precisamente estes que
vão ser objecto desta nossa Sessão - os bens e serviços que se com-
pram e vendem entre agentes económicos.

Quando um agricultor pretende vender os seus cereais, um banco os


seus serviços ou você o seu trabalho, estamos na presença de bens e
serviços que uns agentes económicos oferecem a outros.

É esta a noção de oferta.

Oferta: lançamento, para venda, de determinada quantidade de bens ou serviços,


por parte de determinados agentes económicos.

Oferta Individual e Global

O número de agentes económicos que procede ao lançamento dos


produtos determina dois tipos de oferta.
Se o agricultor de que, há pouco, falámos vendeu os seus cereais,
falamos de oferta individual, pois é só um agricultor que vende o seu
bem.

De outra forma, se imaginarmos os produtores cerealíferos a con-


versar sobre a quantidade de cereais que têm para vender, estamos
perante uma oferta global.

Assim, falamos de:

Oferta individual: quando um agente económico está disposto a vender bens ou


serviços.

Por exemplo, o Banco Moçambicano está disposto a vender um servi-


ço de guarda de valores.

E falamos de:
* Em Economia,
quando falamos
unicamente de Oferta global*: quando um conjunto de agentes económicos está disposto a ven-
oferta, referi- der bens ou serviços.
mo-nos a oferta
global.

15
Por exemplo, se todos os bancos - por hipótese - estiverem dispos-
tos a vender um serviço de guarda de valores.

Atenção, portanto! A diferença entre oferta individual e oferta glo-


bal tem a ver com o número de entidades que oferecem e não com a
quantidade de bens ou serviços oferecida.

Se confrontar a definição de oferta individual com a de oferta glo-


bal, não lhe será difícil concluir que esta é a soma das ofertas indi-
viduais.

Curva da Oferta

A oferta de bens ou serviços de que falamos deve ser entendida em


termos económicos e, como tal, não é grátis; tem um preço, como
você bem sabe! E como é que esse preço varia?

Imagine a seguinte conversa entre o Sr. Juma e a Sra. D. Alice:


— Bom-dia, Sr. Juma! Então, as férias?
— Não foram bem férias! Tirei uns dias para ir ver um terreno que o meu
pai tem na província e onde cria uns porcos.
— E tem muitos?

2.ª SITUAÇÃO 3.ª SITUAÇÃO


Os clientes do Banco receberam com Os clientes do Banco aprovaram o novo
muito agrado este novo serviço e mos- serviço, mas consideraram o preço mui-
traram interesse em comprá-lo, mesmo to elevado. Assim, para vender o seu
a um preço mais elevado. Perante esta serviço, o Banco Moçambicano teve de
receptividade, o Banco Moçambicano baixar o preço para 40 Meticais, o que
está disposto a aumentar a sua oferta reduz o interesse desse serviço para o
para 1 300, apesar dos custos desse Banco, e provocará, da sua parte, uma
aumento, e passar a vender o serviço a redução da oferta para 850.
70 Meticais.

Postas as premissas do nosso caso, vamos passar à representação


gráfica da curva da oferta deste serviço, nas três situações supos-
tas.

A oferta pode representar-se num gráfico cartesiano, onde, no eixo


das abcissas (horizontal) se inscrevem as quantidades e, no eixo das
ordenadas (vertical), os preços.

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Retomando o nosso exemplo:
1.ª Situação: preço = 50 Meticais
Quantidade = 1 000 clientes

Não são muitos, mas ele está a pensar criar mais, pois estão a vender-se
por bom preço. E, já se sabe, quanto mais se ganha, mais apetece ganhar.

- Ah! Isso é verdade, colega! Se estão a vender-se bem, ê melhor o seu


pai aproveitar.

Podemos enunciar uma lei geral para a oferta, que relaciona as quan-
tidades de bens ou serviços oferecidos (qk) com os preços respecti-
vos (pk) e que diz o seguinte:

A um aumento do preço corresponde um aumento da quantidade oferecida.

A uma redução do preço corresponde uma redução da quantidade oferecida.

17
S
e
g
u
n
d
o

e
s
t
a

l
e
i
, a um certo preço, p1, os vendedores estão dispostos a vender
determinada quantidade, q1.

Se o preço subir para p2, os vendedores vão querer vender mais a


esse novo preço, para aumentarem os lucros, e a quantidade aumen-
tará para q2.

Se o preço descer para P3, os vendedores descerão, também, a sua


oferta; vão guardar em armazém os seus produtos até que o preço
suba de novo. Então, as quantidades oferecidas vão ser menores –
q3.

Enfim, podemos concluir - em termos matemáticos - que a oferta


varia na razão directa do preço.

Vamos ver como é que esta lei funciona, na prática, com a ajuda de
um pequeno exemplo.

1.ª SITUAÇÃO
O Banco Moçambicano está disposto a oferecer aos seus clientes um serviço de
transferência bancária que lhes permita pagar, facilmente, o seguro do seu auto-
móvel.

Decidiu, para seleccionar clientes, fazer pagar esse serviço a 50 Meticais, com a
previsão de atender 1 000 clientes.

18
Verificada esta 1.ª situação, o serviço é lançado no mercado. E, aqui,
podem surgir duas situações alternativas.

2.ª Situação: preço = 70 Meticais


Quantidade = 1 300 clientes

3.ª Situação: preço = 40 Meticais


Quantidade = 850 clientes

Ao juntarmos os três pontos obtidos nas três situações de oferta


deste serviço, vamos obter a sua curva de oferta, também designada
por curva “S”, de ―supply‖( «fornecer», em inglês).
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20
B)Procura
Definição

Os agentes económicos, individuais ou colectivos, têm necessidade


de bens de diversos tipos para prosseguirem as suas actividades. As
pessoas precisam de se alimentar, de se vestir; as empresas preci-
sam de matéria-prima, de máquinas.

Para satisfazerem essas necessidades, estão dispostos a comprar


determinados bens ou serviços. Esses bens ou serviços podem ser o
serviço bancário do nosso exemplo anterior ou o computador ABC,
que foram lançados para venda e agora vão ser procurados para
compra. Então, podemos dizer que:

Procura: é a disposição de compra de determinada quantidade de um bem ou ser-


viço por parte de determinados agentes económicos.

Procura Individual e Global

Tal como para a oferta, também para a procura podemos falar de


procura individual e procura global.

Definimos:

Procura individual: quando nos referimos a uma disposição de compra de um bem


ou serviços por parte de, apenas, uma entidade.

Por exemplo, quando determinado banco está interessado na compra


de um computador, falamos de procura individual.

Portanto:
* Quando em
Economia fala-
Procura gloral*: quando se verifica uma disposição de compra de um bem ou servi-
mos unicamente ço por parte de um conjunto de entidades.
de procura,
referimo-nos a
procura global.
Por exemplo, falaríamos de procura global se todos os bancos do país
estivessem interessados na compra do mesmo tipo de computador.

Paralelamente ao que acontecia com a oferta, também a procura glo-


bal é o somatório das procuras individuais.

21
Curva da Procura

A Sra. D. Alice foi aos saldos.

Tinham-lhe dito que, numa determinada loja, havia camisolas de lã a 2000


MT. Ela ia disposta a comprar cinco camisolas, para si e para os filhos.
Chegada à loja, verificou, com. Desagrado, que as camisolas, afinal, esta-
vam para venda a 3000 MT. Ora, a Sra. D. Alice, que ia comprar cinco
camisolas, voltou para casa com apenas três.

A semelhança do que se passa com a oferta, podemos enunciar uma


lei geral para a procura, que relaciona as quantidades de bens ou
serviços procurados (qk) com os preços oferecidos (pk) e que diz o
seguinte:

A um aumento do preço corresponde uma redução da quantidade procu-


rada.

A uma redução do preço corresponde um aumento da quantidade procu-


rada.

Segundo esta lei, a um certo preço pi, os compradores estão dispos-


tos a adquirir uma certa quantidade q1.
Se o preço aumentar para p2, os compradores estão dispostos a
comprar menos e a quantidade diminuirá para q2.
Se o preço diminuir para ps, a quantidade procurada subirá para q3.
Ao contrário do que aconteceu na oferta, podemos dizer que - em
termos matemáticos - a procura varia na razão inversa dos pre-
ços.
Retomando o nosso exemplo do ponto anterior, vamos, então, definir
a curva da procura.

Os clientes do Banco Moçambicano mostraram-se interessados no novo


serviço de transferência para pagamento do seguro automóvel. E, ao
preço de 50 MT, houve 800 clientes que se mostraram interessados.

22
Esta é a nossa 1.ª Situação. Perante ela, duas situações se podem
dar no mercado:

2ª SITUAÇÃO 3ª SITUAÇÃO
Tendo em conta o número de clientes Se, pelo contrário, o Banco Moçambi-
interessados, o Banco Moçambicano cano baixar o preço do serviço para 40
pensou que podia aumentar o preço do MT, o número de clientes dispostos a
serviço para 70 MT, sem baixar a venda. comprar o serviço vai certamente
aumentar. Suponha que aumenta para 1
Mas, evidentemente, o número de cli-
000.
entes dispostos a pagar um preço mais
elevado é menor. Então, a quantidade de
pedidos de transferência baixou para
600.

Lançados os dados destas situações, passemos à sua representação


gráfica.

Tal como a oferta, também a procura se pode representar num grá-


fico cartesiano onde, no eixo das abcissas (horizontal), se inscrevem
as quantidades, e, no eixo das ordenadas (vertical), os preços.

Seguindo o exemplo:

1.ª Situação: preço = 50 Meticais


quantidade = 800 clientes

2.ªSituação: preço = 70 Meticais


Quantidade = 600 clientes

23
3.ªSituação: preço = 40 Meticais Quantidade = 1 000 clientes

24
AS LEIS DA OFERTA E DA PROCURA E A FORMAÇÃO DE PREÇOS
Introdução
Nesta Sessão você encontrará os seguintes tópicos:

A) Equilíbrio e Desequilíbrio do Mercado


Equilíbrio do Mercado
Desequilíbrio do Mercado
B) Alterações das Curvas da Oferta e da Procura

- Alterações da Oferta
- Alterações da Procura
- Alterações Simultâneas da Oferta e da Procura

objectivo

No final desta Sessão, você deverá ser capaz de:


a) Identificar as condições de equilíbrio e desequilíbrio do mer-
cado;
b) Relacionar essas condições com a formação de preços

A) Equilíbrio e Desequilíbrio do Mercado


Estudadas que estão as curvas da oferta e da procura, vamos utili-
zar esses conhecimentos para vermos, agora, a formação de preços
no mercado.

Comecemos por um exemplo de todos os dias.

A cena passa-se no Mercado de Manica.

25
D. Rosa (vendedora de legumes):

Bom-dia, Sra. D. Alice. Como passou? Sra. D. Alice:


Bem, obrigada, D. Rosa. Venho fazer umas compras. A como estão
Produto é qualquer as alfaces, hoje?
bem ou serviço.

D. Rosa:
ASO MT, Sra. D. Alice. Sra. D. Alice:
Eu queria duas alfaces, mas a 30 MT só levo uma. Estão caras, não
estão?

D. Rosa:
Bom, se quer comprar duas, eu faço-lhe a 27 MT. Sra. D. Alice:
Assim, já levo as duas. Obrigada, D. Rosa.

É claro que o mercado, a que nos referimos em Economia, não é ape-


nas o Mercado de Manica, nem a formação de preços se faz só com
alfaces.

De qualquer forma, seja que produto* for, a formação do seu preço


é consequência de acordos entre a oferta e a procura.

Então, numa acepção mais rigorosa:

Mercado: é o sistema de relações que se estabelece entre os agentes económicos,


vendedores e compradores, reais ou potenciais, dispostos a comprar e a vender.

Desta definição, você já sabe o que são agentes económicos, mas


ainda não lhe falámos de compradores e vendedores, reais ou poten-
ciais

Quando se dirige ao mercado, a Sra. D. Alice é uma compradora


potencial de legumes, fruta, peixe, etc. Ao comprar as alfaces, ela
passa a ser compradora real de alfaces.

No sector bancário, podemos dizer, por exemplo, que uma pessoa


com conta aberta num banco é um potencial comprador de novos ser-
viços bancários; que as pessoas que guardam títulos em sua casa são
potenciais compradoras do serviço de guarda de valores na casa-
forte de um banco; que qualquer reformado é um potencial compra-
dor da "Conta-Reforma".

26
Por outro lado, o cliente que deposita as suas acções no seu Banco e
o que abre uma "Conta-Reforma" são compradores reais desses ser-
viços prestados pelo Banco.

Exactamente o mesmo se passa com quem oferece.

Então...

Compradores e vendedores reais são os que, de facto, compram e vendem produ-


tos.

Compradores e vendedores potenciais são os que, tendo condições para comprar


e vender, ainda não o fizeram.

Equilíbrio do Mercado

Lembra-se, decerto, das curvas da oferta e da procura

Observando os gráficos e sobrepondo-os...

27
Você verifica que existe um ponto de cruzamento das duas linhas. E o pon-
to que corresponde à concordância, entre vendedores e compradores,
quanto ao preço a praticar no mercado e às quantidades a

transaccionar a esse preço:

Preço igual a p1;


Quantidade procurada igual a q1;

É este o chamado ponto de equilíbrio do mercado.

Desequilíbrio do Mercado

Suponha agora, relativamente a um produto, uma situação de diver-


gência entre as quantidades oferecidas e procuradas desse produto,
a um mesmo preço.
Preço p2;
Quantidade procurada q2;
Quantidade oferecida q2’.

28
Como vê no gráfico, não existe concordância de opiniões, entre ven-
dedores e compradores, quanto às quantidades oferecidas e procu-
radas para determinado preço. Isso significa que não existe ponto
de equilíbrio no mercado, ou seja, que o mercado está em desequilí-
brio - no exemplo com excedente.

Aqui, podemos colocar duas questões:


Será possível encontrar o equilíbrio do mercado?
Se sim, como?

Vamos, a seguir, tentar responder a estas questões com um exemplo.

No nosso gráfico anterior, o mercado está em desequilíbrio - não há


concordância entre compradores e vendedores. Por consequência:

Quem precisa de comprar determinado produto não o faz,


porque o preço é muito elevado;
Quem precisa de vender não consegue vender e acumula
stocks.

A situação é esta: há um determinado produto no mercado para o


qual, ao preço de 80 MT, as quantidades oferecidas e procuradas
são, respectivamente, 950 e 200.

29
Ora, estamos perante uma situação de desequilíbrio do mercado.

Para reparar esta situação, ambos os intervenientes no mercado vão


ter de ceder:
* Lembre-se da lei da
oferta e da procura Os vendedores têm de baixar o preço, embora isso vá baixar
que estudou na Sessão também a quantidade oferecida*;
2, pontos A) e B).
Os compradores, ao novo preço, aumentam a quantidade pro-
curada*.

E a situação passa, por hipótese, a ser esta:

30
Como estas cedências não foram suficientes para se adquirir o equilíbrio do mer-
cado, vendedores e compradores vão ter de ceder um pouco mais até se atingir,
finalmente, o ponto de equilíbrio. E a situação altera-se para:

B) Alterações das Curvas da Oferta e da Procura


O Sr. Juma troca impressões com o seu gerente, o Sr. Chipene, acerca do
sucesso da "Conta Juventude" que o Banco Moçambicano implementou
recentemente.

Sr. Juma:

É impressionante, Sr. Chipene, o impacto que a nossa campanha


promocional teve junto dos clientes potenciais da "Conta Juventu-
de".

Sr. Chipene:

É verdade, Sr. Juma, maé não se esqueça que os colegas tiveram um


papel fundamental nessa promoção. Os jovens acorreram para pedir
informações e foram muito bem atendidos.
Sr. Juma:
Quando a oferta é boa, normalmente a procura não falta!

Esta é uma situação que exemplifica como um factor exterior à


oferta e à procura - o bom atendimento dos potenciais clientes - as
pode influenciar.

31
Como este, outros factores fazem variar as condições da oferta
e da procura:

Aumento ou diminuição dos custos de produção dos produtos;


Alterações sectoriais ou mesmo nacionais no tocante, por
exemplo, à política social quanto a determinados produtos;
Melhoria ou agravamento do nível de vida datpopulação.

Estas alterações são importantes porque provocam desequilíbrios no


mercado e novas formações de preços.

32
Alterações da Oferta

* Numa oferta Veja um exemplo do seu quotidiano: uma curva de oferta de crédi-
de crédito, o to*.
preço (p) é a
taxa de juro a
quantidade (q)
é o volume de
crédito conce-
dido pelo ban-
co.

Para uma taxa de juro p2, a quantidade de crédito concedido


é q2;
Para uma taxa de juro superior – p3 - a quantidade oferecida
vai ser, também, superior – q3;
Se a taxa de juro descer para p1, a quantidade de crédito
concedido vai, também ela, descer para q1.

Se entretanto, e por hipótese, o sistema bancário passar a ter mais


dinheiro disponível para conceder crédito, as condições da nossa
curva estão modificadas e o resultado pode ser uma segunda curva
em que:
P1 corresponde q1' (superior a q1);
P2 corresponde q2' (superior a q2);
P3 corresponde q3' (superior a q3).

33
O montante global disponível pêlos Bancos para concessão de crédito
é um factor que, sendo exterior à nossa curva, a altera completa-
mente, pois, para cada p1, p2 e p3, a quantidade de crédito ofereci-
da passou a ser superior.

Daqui se conclui que as alterações nas condições da oferta provocam


o aparecimento de novas curvas de oferta.

Mas... cuidado, não confunda esta variação de urna curva da oferta


para outra curva com a variação da quantidade oferecida em função
do preço, que é um movimento ao longo de uma mesma curva. São
coisas bem distintas.

Consequências no equilíbrio do mercado

Já viu como pode variar a oferta. Veja, agora, quais as consequências


dessas variações nos preços e quantidades de equilíbrio do mercado.

Vamos partir de uma situação de equilíbrio do mercado, para um cer-


to produto, dada pelo encontro das curvas da oferta e da procura.

34
Se acontecer um aumento da oferta do nível Si para 82, significa
que os vendedores estão dispostos a vender mais, ao mesmo preço.
Mas, como a procura se mantém, o novo preço de equilíbrio será
encontrado através de um preço mais baixo, mas com mais quantida-
des transaccionadas.

Esta análise poderia também ser feita para uma diminuição da ofer-
ta e poderá elaborar-se uma lei geral de mercado sobre as variações
da oferta e suas consequências:

35
A um aumento da oferta, mantendo-se a procura constante, corresponde uma bai-
xa do preço e um aumento das quantidades transaccionadas.

A uma diminuição da oferta, mantendo-se a procura constante, corresponde uma


subida do preço e uma diminuição das quantidades transaccionadas.

Alterações da Procura

Idêntica análise pode ser feita relativamente às condições da pro-


cura.

Quando se modifica uma das condições que formam a curva da pro-


cura (rendimento da população, hábitos de consumo, gostos e prefe-
rências, etc.), essa curva desloca-se: para o mesmo preço, podem
passar a ser maiores ou menores as quantidades procuradas. Cha-
mamos a isto uma variação da procura. Também aqui você não deve
confundir com a variação da quantidade procurada em função do
preço, que corresponde a um movimento ao longo da mesma curva da
procura.

Veja o caso concreto do Banco Moçambicano*, que quer abrir uma


* Tomamos aqui nova agência e está à procura de um terreno.
como exemplo
apenas o Banco
Moçambicano,
Esta é a curva da procura, que você já conhece.
para lhe facilitar
a análise.

36
Suponha que surgiu a oportunidade de compra de um terreno:

A um preço pi, o Banco está interessado em comprar q1


(número de m2);
A um preço p2, mais elevado, o Banco está disposto a comprar
um terreno mais pequeno, q2.

Agora, imagine que o Conselho de Administração do Banco Moçambi-


cano decidiu construir uma agência mais pequena e, portanto, não
necessitará de um terreno tão grande.

Neste caso, a disposição de compra baixou, qualquer que seja o pre-


ço oferecido:

a pi corresponde um q1' (inferior a q1)


a p2 corresponde um q2' (inferior a q2)

Esta alteração nas condições da procura dá origem a uma curva dis-


tinta da primeira.

37
Consequências no equilíbrio do mercado

Como viu, as alterações nas condições da procura provocam o apare-


cimento de novas curvas da procura.

O aparecimento de uma nova curva de procura irá, por certo, alterar


o preço e a quantidade de equilíbrio. Vejamos:

Se partirmos de uma situação de equilíbrio do mercado, que corres-


ponde a uma determinada curva de oferta e outra de procura, e a
procura diminuir (de D1 para D2), estamos perante uma nova situa-
ção de equilíbrio do mercado, como mostra o gráfico seguinte:

O novo preço do mercado será mais baixo, como consequência de um menor dese-
jo de compra. Mas, a um preço mais baixo, os vendedores estão dispostos a ven-
der uma menor quantidade.

Podemos, também aqui, enunciar uma lei geral de mercado sobre as


variações da procura e suas consequências no equilíbrio.

A uma diminuição da procura, mantendo-se a oferta constante, corresponde uma


baixa do preço de mercado e uma baixa das quantidades transaccionadas.

A um aumento da procura, corresponde uma subida do preço de mercado e uma


subida das quantidades transaccionadas.

38
Alterações Simultâneas da Oferta e da Procura

Vai ver, agora, quais são as leis de mercado para as variações simul-
tâneas da oferta e da procura.

Se variarem, simultaneamente, a oferta e a procura, não é possível


enunciar uma lei geral que nos diga quais irão ser as alterações nos
preços e nas quantidades de equilíbrio, conjuntamente.

No entanto, podemos enunciar leis, em separado, para os preços e


para as quantidades.
Assim, quanto aos preços:

A um aumento da procura e uma diminuiçãq da oferta, corresponderá um aumento


do preço.

A uma diminuição da procura e um aumento da oferta, corresponderá uma diminui-


ção do preço.

Para um dado aumento ou diminuição da oferta e da procura, a variação do preço


do mercado vai depender da comparação entre a amplitude das suas variações.

Quanto às quantidades

A um aumento da procura e da oferta corresponderá um aumento nas quantidades


de equilíbrio.

Auma diminuição da procura e da oferta corresponderá uma redução nas quantida-


des de equilíbrio.

39
AS FORMAS DE MERCADO
Uma vez na posse de instrumentos e conceitos considerados funda-
mentais para a análise dos mecanismos da oferta e da procura,
vamos, nesta Sessão, abordar as diversas formas de mercado.

Este tema é de grande importância porque, na prática, é normal


existirem distorções que levam a um funcionamento não linear das
leis do mercado. É, pois, nesta perspectiva que se insere o estudo
que seguidamente faremos.
Nesta Sessão, você encontrará os seguintes tópicos:

A) As Formas de Mercado

1. O Mercado de Concorrência Perfeita


Caracterização e Pressupostos
O Equilíbrio do Produtor

2. Oligopólio
Caracterização e Pressupos
A Formação dos Preços
3. O Monopólio
Caracterização e Pressuposto
O Equilíbrio de Produtor

Objectivo

No final desta Sessão, você deverá saber:

Demonstrar diversas formas de mercado;


Explicar o modo como as diversas formas de mercado influen-
ciam a formação dos preços.

40
A) As Formas de Mercado
O Sr. Saíde e o Sr. Rungo são dois quadros bancários bastante conceitua-
dos; todavia, não estão muito familiarizados com a problemática da forma-
ção de preços. Este facto advém de, até há relativamente pouco tempo, os
bancos em Moçambique pertencerem quase na totalidade ao sector público.
Havia, portanto, um monopólio estatal que, por ausência de concorrentes,
não via necessidade de lançar novos produtos no mercado.

Com o alargamento do sector bancário à iniciativa privada, surgiu no mer-


cado uma vasta gama de novos produtos que obrigaram ã banca, no seu
todo, a abandonar uma filosofia centrada quase exclusivamiente nos produ-
tos tradicionais.

O Banco Moçambicano não quer, de modo algum, deixar-se ultrapassar pela


política "agressiva" dos novos bancos privados e, emface.disso, tomou
atempadamente medidas que lhe permitissem manter,-se ao mesmo nível
da concorrência e, se possível, a médio prazo, ultrapassá-la.

Um dos vectores escolhidos foi a f armação dos seus empregados e, em


particular, dos seus quadros, de modo a que estes fossem capazes de
desenvolver projectos geradores de, novos negócios.

O Sr. Saíde e o Sr. Rungo participam, em, regime pós-laboral, num seminá-
rio cujo tema é "As Formas de Mercado". A sua primeira tarefa, ao nível
do grupo de trabalho a que pertencem, foi caracterizar, do ponto de vista
macro e micro-económico, a EDP -, Electricidade de Portugal, através da
análise de um recorte de jornal.

Vamos ler o artigo publicado em 31-10-89 no Diário de Notícias, nas pági-


nas dedicadas à Economia, para que possamos acompanhar o estudo do
referido grupo de trabalho.

41
D
o artigo ressaltam, de imediato, três ideias-chave:
A EDP é uma das maiores empresas mundiais, num país não só
pequeno, como também em vias de desenvolvimento, situação esta
geradora de um mercado do tipo monopolista.
A crescente solicitação de muitos empresários para participarem na
produção de energia eléctrica, o que coloca o problema da concor-
rência.
A EDP, em 1987, apresentou um prejuízo da ordem dos 5,8 milhões
de contos, que, no dizer dos analistas, se prende com os investimen-
tos que foramfeitos e com a sua consequente amortização, o que
estará indissoluvelmente ligado ao binómio custos de produ-
ção/preços de mercado.
Em qualquer estudo sobre a formação dos preços, é normal fazer
uma reflexão sobre as condições em que se processa a oferta e a
procura.

Desde que os economistas se dedicam a este estudo, sempre abor-


daram, em primeiro lugar e de forma sistemática, o mercado da con-
corrência perfeita ou pura, em contraposição ao mercado de concor-
rência imperfeita ou monopolista.

42
Na verdade, a concorrência perfeita não existe enquanto tal; toda-
via, o seu estudo justifica-se por esta situação ideal representar um
ponto de referência, a partir do qual é possível avaliar os diferentes
desvios da realidade económica.

Podemos, pois, dizer que, ao considerarmos as outras formas de


mercado, para além da concorrência perfeita, como desvios da Hor-
ma, tornamos importante, no plano teórico, o estudo da concorrência
no seu estado puro.

Além disso, e como você certamente sabe, os poderes públicos ten-


tam reagir às distorções da concorrência, elaborando inclusivamente
leis que a protegem.

Em termos muito simples e fazendo referência à oferta e à dimen-


são e comportamento das unidades económicas, podemos construir o
seguinte quadro classificativo das diversas formas de mercado.

CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE MERCADO

Situações de Concorrência
Mercado pura
ou Monopólio Oligopólio
Características perfeita

Número de empresas a Múltiplas (atomicidade do uma poucas


vender mercado)
Dimensão das empresas pequenas grande grandes

Produto homogéneo um só ou vários diferenciado

Comportamento ajustamento da quantidade e monopolístico oligopolístico


qualidade
Domínio sobre o preço nulo total grande
Entrada de novos fácil dificílima difícil
concorrentes

Na prática, o que se verifica na maioria dos sectores é a existência


de uma concorrência imperfeita, misto de concorrência e monopólio.
Por outro lado, é do senso comum que a maioria das empresas recla-
ma concorrência e transparência; no entanto, cada uma delas tenta
obter, no mercado, uma situação de privilégio, de molde a poderem
controlá-lo.
* Quando, num sec-
tor ou grupo de sec- Definições muito simples das formas de mercado referidas no qua-
tores, as empresas
dro anterior e tendo em consideração apenas o lado da oferta, isto
detêm um certo grau
de controlo sobre o é, a empresa como unidade de produção:
preço, pode conside-
rar-se que se verifi- Concorrência perfeita: quando existem muitas empresas no mercado, não detendo
ca "concorrência
imperfeita". O oligo-
nenhuma delas, só por si, o poder de interferir na formação dos preços*.
pólio e o monopólio
são formas extremas
de "concorrência 43
imperfeita".
Oligopólio: coexistência de poucas empresas ao nível da oferta e detendo cada
uma delas poder de intervenção na formação dos preços.

Monopólio: existência de apenas uma única empresa detentora de toda a capaci-


dade de oferta no mercado, podendo, em face disso, fixar os preços dos produtos
que vende.

Também para a procura poderíamos dar definições semelhantes,


havendo a referir a concorrência perfeita, oligopsónio* e monop-
sónio*. Só que, na formação dos preços, raros são os casos em que o
lado da procura tem papel decisivo na sua fixação. Daí que toda a
nossa reflexão assente na oferta e na tipologia referida.

B) O Mercado de Concorrência Perfeita


De acordo com o que atrás dissemos, o primeiro dos vários "mode-
los" de mercado que vamos analisar é o de concorrência perfeita.
A partir da realidade que nos cerca, facilmente aceitamos que se
* Oligopsónio: São trata de um modelo fortemente idealizado, sendo, neste caso, utili-
poucas empresas a
procurar no merca- zado como base de comparação para o estudo das outras formas de
do. mercado.
* Monopsónio: uma
empresa apenas Esta forma de mercado encontra-se num dos extremos; no outro,
detém toda a capa-
cidade de procura temos o monopólio puro e, entre os dois, situam-se os casos de oligo-
do mercado. pólio.
Caracterização e Pressupostos
O modelo de concorrência perfeita é caracterizado pela presença no
mercado de empresas em número considerável, que concorrem para a
venda de um mesmo produto. Por outro lado, e de acordo com os
pressupostos teóricos desta forma de mercado, o produto deve ser
homogéneo, não podendo sequer distinguir-se por marcas.

A pequena dimensão dos produtores leva-os a não terem quaisquer


possibilidades de intervenção nos preços. Deste modo, nesta forma
de mercado, o preço é um dado para o vendedor. Ele estabelece-se
no mercado pela interacção da oferta e da procura.

Um outro pressuposto é o de as empresas poderem entrar ou sair do


seu ramo de negócios conforme o seu desejo ou interesse, dizendo-
se, por isso, que não existem barreiras à entrada de novos concor-
rentes.

Outro ponto que convém referir é que, neste modelo de mercado,


não existem quaisquer restrições aos movimentos de preços, quer no
sentido da alta, quer no sentido da baixa. Também a informação cir-
cula livremente.
44
Podemos, então, dizer que, se uma empresa não pode influenciar o
preço da mercadoria que coloca no mercado, tomando-o apenas corao
um referencial do seu negócio e estando satisfeitas todas as condi-
ções enunciadas, podemos considerar a empresa inserida num mer-
cado de concorrência perfeita.

Depois desta breve introdução, podemos sistematizar as hipóteses


sobre as quais assenta o Mercado de Concorrência Perfeita da
seguinte forma:

Atomicidade do mercado: tanto do lado da oferta como do lado da procura, os


agrntes de mercado são muitos e de iguais dimensões, não podendo, por isso,
influenciar o mercado.

Homogeneidade do produto: os vendedores oferecem um produto idêntico, de


modo que é indiferente para o consumidor comprar a uma ou outra firma.

Não há barreiras à entrada: a entrada e a saída de produtos no mercado é livre


e sem quaisquer restrições.

Mercado perfeitamente transparente: a informação sobre o mercado circula de


modo que compradores e vendedores têm um perfeito conhecimento de todas as
ocorrências, a começar pela informação quanto ao preço.

O Equilíbrio do Produtor

Se o preço, de acordo com o que referimos anteriormente, é estabe-


lecido no mercado, isso significa que, simultaneamente, ele satisfaz
vendedores e compradores. Para a empresa, qualquer quantidade que
ela produza é automaticamente vendida a esse preço, no qual não
interfere.
Graficamente, esta afirmação traduz-se em:

45
Se, para a empresa, o preço é apenas um dado, como fará ela os
ajustamentos de quantidade?

Dito de outra forma: sendo o preço um elemento externo à empresa,


qual a quantidade que ela deve produzir?

A resposta a esta questão já nós a estudámos anteriormente e veri-


ficámos, na altura, que a quantidade que a empresa vai produzir
depende das suas condições de produção.

Assim, a empresa terá toda a vantagem em produzir até à quantida-


de em que os seus custos marginais igualam o preço do mercado, isto
é, a igualdade já conhecida p = CM.
Mas a empresa, de acordo com a quantidade produzida e os seus
custos totais, funciona também em termos de Custos Médios:
(custo total a dividir pela quantidade produzida).

Se, no ponto em que p = CM, o nível do preço pelo qual o produto é


vendido no mercado for superior ao Custo Médio respectivo, a
empresa tem um lucro extraordinário (lucro para além da remunera-
ção normal do capital investido).

Podemos visualizar graficamente esta conclusão do seguinte modo:

46
Facilmente se compreende que, quanto mais leve for a estrutura de custos
da empresa, maiores serão os seus lucros, o que, traduzido de forma gráfi-
ca, fará aumentar cada vez mais o rectângulo sombreado.

Se houver uma diminuição do preço, determinada pelas condições de merca-


do, haverá necessariamente uma quebra nos lucros.
Esta situação pode acontecer sempre que novos investidores se sin-
tam atraídos pêlos sectores em que os lucros são elevados, já que,
ao aumentar globalmente a oferta, dá-se uma deslocação da sua cur-
va para a direita, estabelecendo-se, então, um preço de equilíbrio
inferior, ao qual corresponde uma diminuição nos lucros.

Essa situação pode caracterizar-se graficamente assim:

47
Repare como o lucro diminui quando, no gráfico, a parte sombreada a
claro passa para um sombreado a escuro.

Teoricamente, todo este processo apenas cessará quando os lucros


se situarem dentro dos limites do normal sem obtenção de "lucro
extraordinário". Isso acontecerá quando o preço se situar na inter-
cepção do Custo Marginal com o mínimo dos Custos Médios. (Consi-
dera-se incluída nos Cm ajusta remuneração do investimento feito).

O equilíbrio no campo da oferta estabelecer-se-á quando:

Equilíbrio da Oferta
p = CM = Cm (mínimo)

48
Torna-se compreensível que esta análise faça sentido apenas no lon-
go prazo, já que as deslocações da curva da oferta não se processam
de forma imediata. Isto porque entre a atracção dos empresários a
um sector e a concretização da produção respectiva medeia um pra-
zo mais ou menos longo.

São estes, em traços largos, os princípios da concorrência no seu


estado perfeito. Mas, tal como já referimos, a concorrência perfeita
não existe. Ela é considerada, no entanto, como a forma ideal de
mercado e ponto de referência para os diferentes países, quando
estes estudam a implementação de medidas que visam defender a
concorrência e tornar o mercado tão transparente e eficiente quan-
to possível.

C)O Oligopólio
Quando falamos em Oligopólio, temos em mente uma forma de mer-
cado caracterizada por um reduzido número de grandes empresas,
que oferecem um determinado produto a um grande número de con-
sumidores.
A situação de oferta, neste caso, coloca empresas de considerável
dimensão a concorrerem entre si.
Poderíamos ser levados a pensar que o confronto destas empresas
no mercado levaria a autênticas guerras de preços para exclusão dos
concorrentes. Tal não é, no entanto, a forma tradicional nem conve-
niente de concorrência entre os oligopolistas, até porque acordos,
mais ou menos tácitos, costumam imperar em muitos casos.

A descrição anterior retrata o Oligopólio Cooperativo; todavia,


quando as empresas se regem por uma concorrência mais activa,
dizemos que estamos perante um Oligopólio Concorrencial.
Nesta forma de mercado, a interdependência de decisões, particu-
larmente no que se refere ao preço, é elevada. Aliás, outra coisa não
seria de esperar, uma vez que existe sempre a expectativa quanto à
reacção do concorrente.

49
Caracterização e Pressupostos

Os elementos que caracterizam e definem o mercado oligopolista


são seguintes:

Produtos diferenciados -
* Por sucedâneo, cada empresa concorre no mercado tentando impor os seus
entende-se produtos
que são susceptíveis produtos substitutos ou sucedâneos*, de forma aultrapassar
de ser utilizados em os seus mais directos competidores, essencialmenteatravés
vez de outros, ainda
que permitindo um da sua imagem de marca;
menor grau de satis- Barreiras à entrada - pode haver dificuldade de penetração
fação. Por exemplo,
substituir a manteiga de novos concorrentes no mercado;
pela margarina. Concorrência dirigida - aos preços e a zonas de mercado,
fundamentalmente através da publicidade;
Interdependência de decisões - em relação às restantes
empresas oligopolistas.

A Formação dos Preços

O mercado oligopolista, pelas suas características, condiciona a


formação de preços, daí que se pergunte: a que preços vai a empresa
X vender?

Qual será a reacção dos outros concorrentes, também eles podero-


sos, à alteração de preços por parte de uma só empresa?

Como os produtos são facilmente substituíveis, é de prever que


aumentos nos preços levem a desvios da procura para a concorrên-
cia. Por outro lado, diminuições de preços pressupõem que todas as
empresas concorrentes terão o mesmo comportamento, o que anula-
rá a vantagem de uma vender mais barato que as outras e, como con-
sequência, por esta via, não vão aumentar as receitas.

Face a este autêntico jogo desenvolveu-se a teoria da curva de ven-


das quebrada, sobre a qual nos vamos debruçar de seguida.

50
A curva de vendas quebrada

Esta curva, também chamada Curva da Procura em Cotovelo,


baseia-se no seguinte pressuposto:

Em regime de oligopólio, existe uma tendência natural para a relativa esta-


bilidade dos preços, muito embora a concorrência entre os membros deste
tipo de mercado continue a existir.
A razão da estabilidade deve-se ao facto de os concorrentes acompanha-
rem qualquer baixa de preços, mais do que a subida dos mesmos.

A lógica deste pressuposto é simples. Admita que é concorrente de


outro empresário, também ele oligopolista. Suponha ainda que o pro-
duto que ambos vendem é reciprocamente substituível. Em face des-
tas condições, se o referido concorrente aumentar o preço, você
deverá manter o seu.

A razão deste procedimento advém do seu conhecimento do merca-


do, pois sabe que muitos consumidores passam a comprar o seu pro-
duto, que não só substitui facilmente o outro, como também ficará
mais barato.

Por outro lado, e por força das próprias regras do mercado, o


aumento de preço do produto pelo seu concorrente originará uma
forte quebra na procura que lhe é dirigida.

Suponha, agora, que o seu concorrente diminui o preço, fixando-o


abaixo daquele que você pratica. Haverá da sua parte uma reacção
de forma a manter a sua quota de mercado; reagirá acompanhando-o
com uma descida de preços. O seu concorrente, assim, nunca terá um
aumento de receitas como aquele que previra - isto porque você o
acompanhou na descida de preços.
Em termos gráficos, poderemos visualizar a Curva da Procura em
Cotovelo da seguinte forma:

51
Como pode observar no esquema acima representado, a subida de
preço de pe para p1 leva a uma quebra da quantidade procurada (no
ponto E), ou seja, de qe para q1, quantidade esta muito maior que o
ganho obtido quando o preço desce de pe para p2.

Assim, quando o preço aumenta, o consumidor "passa-se" para a con-


corrência; quando o preço diminui, como os concorrentes acompa-
nham a descida, os ganhos em termos de quantidade não serão tão
grandes quanto seria de esperar.

Repare como a curva é elástica no primeiro ramo e inelástica no


segundo.

Fica assim demonstrado o porquê da existência de uma forte ten-


dência para a estabilidade dos preços nesta forma de mercado.

No mercado oligopolista, como a fixação dos preços passa à margem dos meca-
nismos da oferta e da procura, no seu estado puro, não funciona a regra por nós
já estudada, verificando-se em sua substituição:

Está assim explicada a razão pela qual os oligopolistas gostam de conduzir a


concorrência para campos diferentes do preço. Fazem-no através de publicida-
de, apresentação do produto, facilidades de venda, etc.

52
D) O Monopólio

Caracterização e Pressupostos

Monopólio é uma forma de mercado em que um só vendedor, o monopolista,


enfrenta muitos compradores.

A situação de monopólio perfeito, tal como a concorrência perfeita,


é muito. Normalmente, fica a dever-se a restrições legais - os cha-
mados monopólios legais - resultantes de legislação específica para
determinados sectores como, por exemplo, nq caso português, a EDP
- Electricidade de Portugal.

O que acontece, normalmente, é a existência de monopólios tempo-


rários, ou seja, a situação em que um empresário, por ter sido pio-
neiro numa dada produção, será temporariamente o único a oferecer
o produto. Os outros só posteriormente serão atraídos pelo merca-
do.

Quando um só empresário controla, por exemplo, 90% do mercado


de um produto, costuma dizer-se que estamos perante uma situação
de quase monopólio; aliás, é o sistema mais frequente.
No caso moçambicano, pode ser encontrado no sector dos transpor-
tes, dos cimentos, da produção de energia eléctrica, etc.

O Equilíbrio do Produtor
Analisando o monopólio nas suas diferentes fases, não é difícil con-
cluir que existe, por parte das empresas que funcionam de acordo
com esta forma de mercado, um considerável grau de controlo sobre
os preços.

No monopólio, tal como no oligopólio, e em todas as formas de con-


corrência imperfeita, o preço deixa de ser um dado do mercado, ou
seja, não é possível dizer que a empresa defronta uma curva de pro-
cura horizontal, ao longo da qual pode vender uma produção tão
grande ou tão reduzida quanto desejar (de acordo com os custos
marginais).

Deste modo, uma empresa isolada (monopólio) enfrenta uma curva


de procura com uma inclinação para baixo, conforme a figura
seguinte, onde se compara a situação de concorrência perfeita com
a situação de monopólio:

53
Em monopólio, a curva da procura inclina-se para baixo: à medida
que se aumentam as quantidades (q) que são oferecidas, força-se a
descida do preço (p).Antes de prosseguirmos, um reparo. Em con-
corrência perfeita, o acréscimo da receita que o produtor tem por
cada unidade que produz a mais - a Receita Marginal (RM) - é igual
exactamente ao preço do bem (lembre-se que o produtor não tem
de baixar o preço para vender uma unidade adicional -"curva da
procura horizontal").

Assim, em concorrência perfeita, a condição de equilíbrio [p = CM]


é equivalente a [RM = CM].
No caso do monopólio, a Receita Marginal não coincide com a recta
da procura (que nos dá diferentes níveis de preço para as diferen-
tes quantidades), situando-se abaixo. Isto acontece visto ser
necessário baixar o preço não só para o último comprador, mas
também para todos os compradores anteriores.

Deste modo, quando a curva da procura é decrescente, temos:

p>RM

O equilíbrio do produtor em monopólio (maximização do lucro) está


representado no seguinte gráfico:

54
A

s
ituação de equilíbrio (onde o lucro é máximo) é dada pelo ponto a,
onde o CM intersecta a RM. O preço situa-se em c, acima de a. A
distância cB dá-nos o lucro por unidade, e a área do rectângulo res-
pectivo, o lucro total. Temos, pois, um preço superior ao Custo Mar-
ginal, gerando ineficiência económica.

Parece ser prática das empresas monopolistas nunca exagerarem na


fixação dos preços, já que, limitando-os voluntariamente, evitam não
só intervenções estatais, como também contestações públicas, sem-
pre desagradáveis.

A) Medição da Actividade Económica


O Sr. Rungo, subgerente do Banco Moçambicano de Manica, acaba de
apurai os resultados provisórios da Agência, no fim do mês, e comen-
ta os com o gerente, Sr. Chipene.

55
Sr. Rungo:

Como pode verificar, sr. Chipene, os resultados não são brilhantes,


antes pelo contrário.
Sr. Chipene:
Como assim?
Sr. Rungo:
O montante global dos depósitos a prazo ultrapassou em 8% os
objectivos estabelecidos para este mês. Por outro lado, o montante
global dos depósitos à ordem ficou aquém desses mesmos objecti-
vos - em 6%.

Portanto, embora em termos gerais a nossa produção tivesse


aumentado em 2%, os encargos respeitantes aos juros a pagar aos
clientes aumentaram também.

56
Sr. Chipene:
E reparo que as despesas correntes ultrapassaram em 500 000 MT
os gastos previstos no orçamento mensal.
Sr. Rungo:
É verdade, sr. Chipene. Isto não está famoso! Sr. Chipene:
Não está mesmo! Se nós fôssemos uma empresa autónoma, por este
andar, qualquer dia estaríamos em sérias dificuldades para pagar
aos nossos colaboradores e no fim do ano, provavelmente, não pode-
ríamos distribuir dividendos aos accionistas.

E da contabilização destas produções, despesas e rendimentos, ao


nível de um país, que se ocupa a Contabilidade Nacional.
É cada vez mais fundamental num país medir a sua actividade eco-
nómica.
E como é que isso se consegue? Medindo o que o país:

Produziu em bens e serviços;


Pagou de salários a determinado sector;
Gastou em calçado, electricidade, alimentação, etc.

Todos estes valores podem agrupar-se em três blocos:


O que o país produziu;
Como o país distribuiu o rendimento gerado por essa produ-
ção;
Como o país gastou o rendimento distribuído.

Cada um destes factores traduz-se numa óptica de medição


da actividade económica, respectivamente:
Óptica da Produção;
Óptica do Rendimento;
Óptica da Despesa.

E do estudo de cada uma destas ópticas de medição da actividade


económica de um país que você se vai agora ocupar. Mas, antes, é
fundamental que perceba que a aplicação destas três ópticas é
alternativa: qualquer delas nos dá o valor global da actividade eco-
nómica, com valores muito aproximados, embora com perspectivas
diferentes.

57
Sistematizando:

ACTIVIDADE ECONÓMICA CARACTERIZAÇÃO ÓPTICA DE MEDI-


ÇÃO
SECTOR PRIMÁRIO (exemplos)
Agricultura
Pesca
Caça
SECTOR SECUNDÁRIO (exemplos)
Têxtil Tudo aquilo que o país Produção
Calçado produziu
Refrigerantes
Electrodomésticos
SECTOR TERCIÁRIO (exemplos)
Banca
Telefones
Seguros
SALÁRIOS
RENDAS Como o país distribuiu a Rendimento
JUROS riqueza produzida
LUCROS

CONSUMO DAS FAMÍLIAS:


Calçado
Alimentação
Telefones
INVESTIMENTO DAS EMPRESAS: Como o país gastou a riqueza Despesa
Computadores que foi distribuída
Terrenos
Telefones
CONSUMO DO ESTADO:
Gasolina para carros do Estado
Material para escolas

Passe, agora, ao estudo detalhado de cada uma destas ópticas.

58
B) Óptica da Produção
A primeira que lhe vamos apresentar é a óptica da produção. Segun-
do esta óptica, conseguimos medir a actividade de um país a partir
do que ele produz. Cada empresa tem a sua produção própria. Por
exemplo: a nossa agência de Manica presta serviços e a empresa
Rainha Confecções, Lda. produz pronto-a-vestir.

Somando as produções de todas as empresas de um país, obtemos a


Produção Nacional desse país.

Produção Nacional é a soma das produções de todoss os agentes económicos de


um país, num determinado período.
Para a determinação deste valor, podemos usar dois métodos que
estudaremos, já de seguida, isoladamente.

Método dos Produtos Finais;


Método dos Valores Acrescentados.

Método dos Produtos Finais

Há empresas cuja produção é, directamente, canalizada para o con-


sumo das famílias, ao contrário de outras que produzem bens neces-
sários à produção de outros bens. Os primeiros são considerados
produtos finais, uma vez que não sofrem qualquer alteração até
chegarem ao consumidor. Assim:

Método dos produtos finais consiste na determinação do valor de produção dos


bens e serviços, destinados a utilizações finais, isto é, ao consumo e investimento.

Consideramos que um produto atingiu a sua utilização final quando


ele não serve de produto intermédio para a elaboração de outro pro-
duto.

59
Veja o que são produtos finais e produtos intermédios, para cada um
dos três sectores da actividade económica.

SECTOR
PRIMÁRIO

Produtos finais: produtos agrícolas vendidos directamente às donas


de casa, para consumo das famílias.
Produtos intermédios: produtos vendidos para transformação; por
exemplo, produtos agrícolas vendidos para fábricas de concentra-
dos.

SECTOR
SECUNDÁRIO

Produtos finais: computadores vendidos directamente da fábrica


para utilização doméstica.

Produtos intermédios: produtos vendidos para outra aplicação; por


exemplo, a chapa de ferro produzida por uma siderurgia e que vai
ser utilizada na indústria automóvel.

SECTOR
TERCIÁRIO

Produtos finais: os cofres postos à disposição dos particulares e


das empresas.
Produtos intermédios: produtos vendidos para outra aplicação; por
exemplo, as calculadoras vendidas para as lojas.

Terminada esta explicação do que são produtos finais e produtos


intermédios, vamos dar-lhe um exemplo de aplicação do método dos
produtos finais para medir a produção de um país.

60
Imagine a Cooperativa "X", do sector primário, que fez a sua colhei-
ta de feijão e a vende à Empresa "Y" por 5 000 MT.

EMPRESA COMPRA VENDA

"X" — 5 000 MT

Suponha que a Empresa "Y", do sector secundário, comprou esse fei-


jão pelos tais 5 000 MT e transformou-o em feijão cozido enlatado,
que vendeu ao Supermercado "Z", por 20 000 MT.

EMPRESA COMPRA VENDA

"X" — 5 000 MT

"Y" 5 000 MT 20 000 MT

Se o Supermercado "Z" vender todo o feijão enlatado por 30 000


MT, temos o nosso processo completo no seguinte quadro:
EMPRESA COMPRA VENDA

"X" — 5 000 MT

"Y" 5 000 MT 20 000 MT

"Z" 20 000 MT 30 000 MT

O valor de produção de todas as empresas envolvidas é de


5 000 MT + 20 000 MT + 30 000 MT.

O Método dos Produtos Finais contabiliza apenas os produtos que


vão directamente para consumo.
Neste caso, é o supermercado que utiliza o feijão enlatado para
venda ao público - consumo final -, pelo que o valor da produção a ter
em conta neste cálculo é de 30 000 MT, que é o preço de venda do
feijão ao consumidor.
Este método é de difícil aplicação, pois, como você certamente já
percebeu, não é fácil definir quais são os produtos finais. Por exem-
plo, um computador é um produto acabado para uma fábrica de com-
putadores, mas não o é para um banco, que o utiliza para outros fins
- prestação de serviços.

61
Método dos Valores Acrescentados
A dificuldade que acabámos de apontar, e outras, levaram à criação
de uma outra forma de medir a produção de um país, que é o:

Método dos Valores Acrescentados que contabiliza apenas o valor da incorpora-


ção de cada empresa na produção nacional;

A incorporação de cada empresa é a diferença entre o valor por que


ela comprou e o valor por que vendeu.
Se está lembrado do nosso exemplo anterior, aplique connosco este
outro método:

VALOR ACRES-
EMPRESA COMPRA VENDA CENTADO

"X" — 5 000 MT 5 000 MT


"Y" 5 000 MT 20 000 MT 15 000 MT

"Z" 20 000 MT 30 000 MT 10 000 MT

A soma dos valores acrescentados de todas as empresas é igual ao


valor do produto final:
5 000 MT + 15 000 MT + 10 000 MT = 30 000 MT

Este método permite chegar, mais facilmente e com maior grau de


rigor, aos valores da produção nacional, pois evita problemas resul-
tantes da má contabilização dos produtos finais. Em economias pou-
co desenvolvidas e com uma gestão contabilística pouco eficiente,
este é um aspecto importante.
Permite ainda obter informações sobre a contribuição de cada sec-
tor da actividade económica para a produção nacional de um país.
Tente, no exemplo que acabou de ver, substituir empresa por sector
(sendo este formado por todas as empresas dessa actividade).

SECTOR COMPRA VENDA VALOR ACRES-


CENTADO
Primário X + B + ... — 5 000 MT 5 000 MT
Secundário Y + N + ... 5 000 MT 20 000 MT 15 000 MT
Terciário Z + P + ... 20 000 MT 30 000 MT 10000 MT

62
Deste quadro, você pode concluir que o sector com maior contribui-
ção para a produção nacional foi o secundário, no que respeita a esta
produção específica. É possível ainda aumentar o nível de análise e
fazer o mesmo estudo para os sub-sectores (agricultura, têxtil,
Banca, etc.), dentro de cada sector.

Produto Interno Bruto (PIB)

Decorrente do método dos valores acrescentados, o Produto Inter-


no Bruto é um conceito fundamental em Economia, pois representa o
cálculo aproximado de toda a produção interna.

Produto Interno Broto é o somatório de tados os valores acrescentados de todos


os agentes económicos que produzem bens e serviços no país. durante um deter-
minado período de tempp (normalmente 1 ano civil).

Daí que o PIB seja um bom indicador do estádio de desenvolvimento


de um país. Se um país tiver um PIB elevado, isso significa que pro-
duziu muito, pois um bem, desde a sua forma inicial (matéria-prima)
até à sua forma final (à disposição do consumidor), passa por muitos
processos produtivos. Ora, um país que produziu muito é um país
desenvolvido. Pelo contrário, se o PIB for baixo, significa que o país
produziu pouco, o que será um indicador de um país pouco desenvol-
vido.

Produto Interno Bruto a custo de factores

Os valores acrescentados são calculados a partir dos preços dos


* PIBpm- Pro-
duto Interno
diversos produtos no mercado*.
Bruto a preços
de Mercado Ora, os preços praticados no mercado falseiam o cálculo da produção
corresponde ao
somatório dos
nacional, pois não têm em conta os dois factores exteriores ao pro-
valores acres- cesso produtivo:
centados.
Impostos indirectos;
Subsídios.

Portanto, se pretendermos fazer uma avaliação mais rigorosa, tere-


mos de:
Subtrair os impostos indirectos, que aumentam o preço dos
produtos;
Somar os subsídios concedidos à produção (no caso de existi-
rem) que foram aplicados na fabricação do produto.
63
Tendo em conta estes dois factores, obtemos um valor mais aproxi-
mado do produto real. Então, podemos dizer:
* Produto Interno
Bruto ao custo de
PIBpm - Impostos indirectos + Subsídios = PIBcf*
factores.

Veja o seguinte exemplo real que, certamente, o ajudará a ver, na


prática, estes conceitos urn pouco abstractos.

Suponha que a empresa de tabacos "A TABAGEX" não compra maté-


ria-prima a outras empresas, porque produz ela própria tudo o que
necessita para a produção de cigarros, e que, no período de 1 ano,
ela produz 20 milhões de maços de cigarros de uma certa marca que
* Os factores
se propunha vender por 100 MT cada um; isto é, os 100 MT eram
produtivos ou de suficientes para remunerar os factores produtivos*.
produção são a
Terra, o Trabalho
e o Capital.
Mas o Estado resolve cobrar um imposto (80 MT por maço) sobre
todo o indivíduo que consome tabaco. É a empresa que paga o impos-
to (imposto indirecto para o consumidor) e, para isso, vai subir o
preço de cada maço de cigarros para 180 MT, funcionando assim
como intermediário entre o Estado e os consumidores; os 80 MT que
recebe a mais não constituem, pois, rendimento seu, mas sim do
Estado, e, como se trata de uma produção prejudicial para a saúde
dos consumidores, não foi atribuído qualquer subsídio à produção.

Oras estes 20 milhões de maços de cigarros fazem parte do Produto


Interno. Todavia, para os computarmos nesse Produto, teremos que
valorá-los em termos de dinheiro, E essa valoração pode fazer-se de
2 maneiras:

A "preços de mercado" (180 MT por maço), os 20 milhões de


maços produzidos valem 180 MT x 20 000 000 = 3 600 000
000 MT;
Ao "custo dos factores" flOOMTpor maço), esses mesmos 20
milhões de maços valem 100 MT x 20 000 000 = 2 000 000
000 MT.

64
Conclusão: Os 20 milhões de maços de cigarros podem, portanto,
entrar no Produto Interno avaliados sob dois critérios. Ambos os
valores exprimem a mesma quantidade física de bens e serviços; a
diferença reside apenas na existência de impostos indirectos.

Produto Interno Líquido

Da mesma forma que subtraímos os impostos e acrescentámos os


subsídios para encontrar um valor mais real - o PIBcf-, a este pode-
mos, ainda, subtrair um outro factor, exterior ao produto, que pode
ser contabilizado isoladamente: as amortizações do equipamento.

Ao subtrair este valor, estamos a retirar ao valor do produto o des-


gaste do equipamento durante o processo produtivo.

* Não estamos Se uma máquina durar 10 anos, devemos amortizar, por ano, 10 % do
aqui a contabilizar seu custo, de forma a que, no fim do seu período de vida útil, se pos-
a inflação porque,
se o fizéssemos, o sa comprar outra máquina para substituir a primeira*.
valor a amortizar
teria de ser supe- Assim, retirando o valor das amortizações ao PIB, obtemos o Produ-
rior.
to Interno Líquido (PIL).

PIB – Amortizações = PIL

Este valor pode ser encontrado, quer a partir do PIBpm, quer a par-
tir do PIBcf. Isto porque você pode estar interessado em conhecer
o valor de um produto, descontando as amortizações, mas tendo em
conta os impostos e os subsídios. Daqui você pode obter, então, dois
* Produto Inter- valores:
no Líquido a
preços de mer-
cado. PIBpm – Amortizações = PILpm*
* Produto Inter- PIBcf – Amortizações = PIL cf*
no Líquido ao
custo de facto-
res. Produto Nacional

É a partir destes dois valores - PIB e PIL - que podemos definir


Produto Nacional. Você sabe que existem no país parcelas de patri-
mónio que pertencem a agentes económicos não-residentes, assim
como no Exterior existe património pertencente a agentes económi-
cos residentes.

65
Como verá mais adiante (Sessão 7), entende-se por não residentes
todos os agentes económicos cuja actividade está sob o controlo do
Exterior.

Produto Nacional são os valores dos produtos realizados apenas por agentes eco-
* No país ou
nómicos nacionais*, independentemente da sua localização.
no Exterior.

Este valor obtém-se através do Produto Interno - PI (Bruto ou


Líquido):

Adicionando os rendimentos gerados por agentes económicos


nacionais que, trabalhando fora do país, os enviam para Portu-
gal;
Subtraindo os rendimentos gerados em Portugal por agentes
não-residentes e que são enviados para outros países.

PI + Rx – Px = PN

Rx são os rendimentos do exterior que entram no país.


Px são os rendimentos pagos ao exterior.

Este conceito aplica-se, quer a preços de mercado ou a custo de


factores, quer a valores brutos ou líquidos. Ou seja, podemos calcu-
lar o:

PNBpm
PNBcf
PNLpm
PNLcf

Como você certamente já sabe, uma contabilidade bem organizada é


indispensável para a gestão eficaz de uma empresa.

O Produto Nacional é, a nível do país, o Activo da Contabilidade


Nacional, cuja organização é indispensável para se conhecer a reali-
dade produtiva do país.

66
C) Óptica do Rendimento
Uma outra forma de medir a actividade económica de um país é
através da análise da distribuição dos seus rendimentos.

A medição do nível de actividade económica por esta óptica diz-nos


como, dentro da empresa, foi distribuído, pêlos diversos factores
de produção, o valor por eles criado.

Assim, a remuneração do factor:


Terra toma o nome de renda;
Trabalho toma o nome de salário;
Capital toma o nome de lucro ou juro.

O somatório destes quatro valores, distribuídos a todos os agentes


económicos, é o valor da actividade económica nacional, o chamado
rendimento nacional.

SALÁRIOS + RENDAS + JUROS + LUCROS =


= RENDIMENTO NACIONAL

Veja um exemplo que simplifica este raciocínio:

Imagine um colega seu, bancário, que receba mensalmente a remune-


ração pelo seu trabalho – salário.

Este ano, o seu colega decidiu investir parte da sua poupança em


Títulos do Tesouro, os quais lhe proporcionaram algum dinheiro -
juros.
Com os juros dessa aplicação financeira, o seu colega fez o primeíro
pagamento na compra de um terreno agrícola que alugou e pelo qual
recetíl também algum dinheiro - renda.
Para além da sua actividade de bancário, o seu colega é sócio de uma
pequena empresa que gere nas horas vagas, sem interferir com a sua
função no Banco, e da qual recebe um tanto no fim do ano - lucros.
Aos salários, rendas, lucros e juros chamamos rendimentos funcio-
nais, já que são auferidos de acordo com a função de cada um no
processo produtivo.
67
A soma dos valores dos quatro tipos de rendimentos funcionais que
este seu colega recebe, ao fim de um ano, dá-nos o seu rendimento
pessoal.

A soma de todos os rendimentos pessoais, de todos os agentes eco-


nómicos, dá-nos o rendimento nacional.

O que você acabou de ver (para além de ter sido um caso completa-
mente fictício) foi o cálculo deste rendimento, feito segundo uma
classificação possível - o tipo de rendimento. Mas existem outras
formas de calcular o rendimento nacional. Uma delas é a classifica-
ção por grupos socioeconómicos:

Agricultores;
Rendeiros;
Empresários;
Empregados;
Cooperantes;
Patrões.

Poderíamos continuar com esta lista, se ela não fosse tão extensa.
Assim, limitamo-nos a fornecer-lhe alguns exemplos.

Tal como na classificação anterior, o rendimento nacional é a soma


dos rendimentos de todos estes grupos socioeconómicos. Sendo os
rendimentos, como você já sabe, o total dos salários, juros, lucros e
rendas.

RENDIMENTO DOS AGRICULTORES (A1+A2+ ... +AM)


RENDIMENTO DOS RENDEIROS (R1+R2+...+RM)
RENDIMENTO DOS EMPRESÁRIOS (E1+E2+...+EM)

+ RENDIMENTO DOS PATRÕES (Pi+P2+...+PM)


RENDIMENTO NACIONAL (RA+RR+RE+...+Rp)

Como você acabou de ver, o cálculo do Rendimento Nacional


por grupos socioeconómicos é importante para termos uma
ideia da forma como é distribuído aquilo que se produziu.

68
D) Óptica da Despesa
Neste momento, você já viu como se pode calcular a actividade econó-
mica de um País através do cálculo da sua produção - Produto Interno
ou Nacional ou através do seu rendimento - Rendimento Nacional.

Mas a actividade económica não se traduz apenas em produtos e rendi-


mentos.

Como você bem sabe, nada se faz sem gastos, sem despesas. Assim,
nenhuma contabilidade, incluindo a Contabilidade Nacional, se faz sem a
contabilização das despesas. No caso da Contabilidade Nacional - a
Despesa Nacional.

Então, o que é a Despesa Nacional? É o que vai ver, agora.

D. Alice:
É uma despesa muito grande, Sr. Juma. O começo das
aulas é uma sobrecarga no orçamento familiar. Já não
bastavam as despesas com a manutenção da casa - a ren-
da, a luz, o telefone, as despesas com a alimentação, as
despesas com o carro, as despesas com a roupa, as des-
pesas com as crianças - e, agora, ainda mais as matrícu-
las, os livros, os cadernos...
Sr. Juma:
=
É verdade! Eu estou com o mesmo problema. São muitas
DESPESA
NACIONAL
despesas juntas.

A Despesa Nacional é isto mesmo, mas a nível de um país.

Despesa Nacional é o somatório de todas as despesas efectuadas por todos os


agentes económicos de um país.

DESPESAS DAS FAMÍLIAS


DESPESAS DAS EMPRESAS
DESPESAS DA BANCA
DESPESAS DO ESTADO
+ DESPESAS DO EXTERIOR
DESPESA NACIONAL

69
Como se vê, a Despesa Nacional vai tentar explicar como é gasto
aquilo que se produziu. Neste sentido, as despesas podem ser feitas
em:

Despesas dos consumidores em bens e serviços - C (Consumo


Privado);
* A Expressão (E Despesas do Estado em bens e serviços - G (Consumo Públi-
- Im + Rx -Px) é co);
o saldo da Balan-
ça de Bens e Investimento -I (Público e Privado);
Serviços e Rendi- Exportações -E*;
mentos (que estu-
dará na Unidade Importações - Im*;
IV, Sessão 7). Rendimentos proveniente do exterior - Rx*;
Pagamentos efectuados ao exterior - Px*.

Então, podemos dizer que:

DN = C + G + I + Im + Rx - Px

Vamoss, então, explicar-lhe esta fórmula?

Grande parte da Despesa Nacional é gasta em consumo e investi-


mentos, quer por parte do Estado, quer por parte dos restantes
agentes económicos (C + G + I).

Há que adicionar a estes valores as exportações (porque parte da


utilização final da produção é canalizada para o Exterior) e deduzir
as importações (porque, entretanto, no país já estão incluídas no
consumo, no investimento ou mesmo nas exportações). Se não
excluíssemos as importações da Despesa Nacional, estaríamos a pro-
ceder a uma dupla contagem.
Por fim, referimos que os rendimentos provenientes do Exterior são
adicionados porque vão influenciar positivamente o consumo, inves-
timento, etc. Também os pagamentos efectuados ao Exterior têm de
ser subtraídos por influenciarem negativamente o consumo, investi-
mento ou exportações.

70
Matriz da Contabilidade Nacional
Até aqui, você estudou como se calculam as três ópticas de medição
da actividade económica e chegou a três conceitos ou, se quiser,
valores:
Produto Nacional;
Rendimento Nacional;
Despesa Nacional.

A partir destes conceitos, vamos, com um exemplo, tentar analisar a


Contabilidade Nacional de um país.

Considere:

Valor Acrescentado gerado pelas empresas 200 000 MT

Valor Acrescentado gerado pelo Estado 20 000 MT

Valor de Amortização 50 000 MT

Impostos indirectos 30 000 MT

Subsídios às empresas 0

Rx- Px - 2 500 MT

Balança de Bens, Serviços e Rendimentos - 10000 MT

Podemos elaborar o seguinte quadro:

71
Do quadro apresentado, você pode concluir que, para chegar ao valor
da actividade económica de um país, pode utilizar qualquer uma des-
tas duas ópticas - da produção ou do rendimento -, pois o resultado
obtido é idêntico.

Da mesma forma, podemos proceder em relação à Despesa Nacional,


partindo do Rendimento.

Retomando o quadro anterior, podemos completá-lo.

Se a este valor subtrair as amortizações (50 000) e os impostos


indirectos (30 000), ficará também com o PNLcf.

Como você concluiu há pouco acerca do outro quadro, pode agora


concluir também, para este, que é possível obter o valor da activida-
de económica de um país aplicando qualquer uma das ópticas que
estudou, porque o resultado será idêntico, como já lhe havíamos dito
no início.

A opção por uma ou outra óptica depende:


Dos dados disponíveis para tratamento;
Daquilo que se quer analisar.
Estudados os principais agregados da actividade económica, vamos
mostrar-lhe como as transacções entre os agentes económicos
podem ser esquematizadas sob a forma de uma matriz que tem o
nome de Matriz de Input-Output ou Matriz da Contabilidade
Nacional, cuja aplicação permite analisar a contribuição dos diversos
sectores entre si e de todos para a actividade económica de um país.

72
A Matriz de Input-Output mais não é do que um quadro de duas
entradas, como o que lhe mostramos seguidamente, onde nas linhas e
nas colunas se inscrevem os diversos ramos da produção.

Na matriz, aparecem subdivisões dos sectores Primário, Secundário


e Terciário, consoante o(s) sector(es) em estudo e o grau de pro-
fundidade com que quisermos analisá-lo(s).

73
Vamos dar-lhe um pequeno exemplo.

Suponha que lhe interessa saber o papel do Sector I (Agricultura e


Pescas) na actividade económica nacional.

Comece por analisar a "linha" para obter a contribuição desse sec-


tor:

Forneceu aos sectores (incluindo o próprio) 2,2


12,6
0,3 15,1
Forneceu para consumo final 14,1
Forneceu para investimento 0,9
Forneceu bens para exportação 1,8 16,8
Total de produção do sector I 31,9

Analise, a seguir, a coluna para obter o que este sector consumiu:

Comprou aos outros sectores (incluindo o 11,5


próprio)

Importou 2,8

Não pagou impostos indirectos 0,0

Criou um valor acrescentado de 17,6

Total do valor bruto da produção 31,9

Total dos usos intermédios 15,1


Total das procuras finais 16,8
Total dos Outputs 31,9

Inputs nacionais 11,5


Inputs importados 2,8
Inputs 143

Valor Acrescentado Bruto = Total dos Outputs - Inputs

74
Depois do exemplo e findo o estudo deste ponto, você ficou, com
certeza, ciente da importância das matrizes da Contabilidade Nacio-
nal, sobretudo para:
Perceber a interdependência entre os diferentes sectores;

Estudar as relações intersectoriais, dentro de cada sector de


actividade;
Sistematizar as contas nacionais.

A) BALANÇA DE PAGAMENTOS

Principais Transacções

Atente neste diálogo entre o Sr. Juma e a avô, durante um debate televi-
sivo sobre a situação económica nacional.
Ó Juma, o nosso país está assim tão mal como os fulanos do debate
querem fazer crer?
Não, avó, não é bem isso. Eles
estão a dizer que temos comprado mais coisas ao estrangeiro do
que aquelas que temos vendido para lá. Por exemplo, se eu quisesse
comprar um fato de treino de boa qualidade, provavelmente com-
praria um de marca estrangeira; no entanto, um italiano comporia o
fato em questão no seu próprio país, pois sabe que a Itália produz
artigos de desporto de grande qualidade.
Então, e qual é o problema de comprarmos produtos estrangeiros?
É exactamente, por essa razão que nós devemos multo dinheiro aos
outros países. Um fato de treino hoje, um carro ou um perfume
amanhã, faz com que as compras ao estrangeiro tenham um volume
muito superior as vendas para o Exterior, isto é, compramos mais
do que vendemos.
Mas eles dizem que a nossa balança estámá!
Pois dizem, porque, em linguagem económica, Balança de Pagamentos
significa colocar num dos pratos o que pagamos ao estrangeiro e, no
outro, o que recebemos dele.
Então, o prato mais pesado é o dos pagamentos ao estrangeiro, não
é verdade?
É isso mesmo, avô.

75
O Sr. Juma conseguiu, assim, dar uma ideia vaga sobre o que se deve
entender por Balança de Pagamentos – a avô, possivelmente, dar-se-
ia por satisfeita -, mas você precisa de saber muito mais...

Residentes e Não-Residentes

Todos os países têm, hoje em dia, relações económicas com outros


países - Exterior - que concretizam através dos respectivos agentes
económicos.

Consoante o controlo desses agentes económicos seja feito, ou não,


pelas autoridades nacionais, assim os podemos dividir em residentes
e não-residentes.

Residentes são todos os agentes económicos cuja actividade se encontra sob o


controlo das autoridades nacionais.

Não-Residentes são todos os agentes económicos cuja actividade está sob o con-
trolo do Exterior.

Principais Transacções
Transacções económicas são aquelas em uqe um agente económico fornece a outro
* Por bens enten-
de-se, por exem- determinados bens* ou serviços*.
plo, as matérias-
primas, os produ-
tos alimentares, as As transacções de bens e serviços podem ser efectuadas a pronto
fontes energéticas,
etc. ou a crédito, sendo estes produtos transaccionados por troca de
divisas.
* Por serviços
entende-se os Por vezes, existem transacções em que os bens ou serviços são for-
seguros, o trans-
porte de mercado- necidos sem qualquer contrapartida. É o caso das remessas dos emi-
rias, etc. grantes, das ajudas militares ou dos auxílios sob a forma de dádivas,
em caso de catástrofes.

76
Das várias transacções possíveis entre residentes e não-residentes, destacamos
as principais:

Importação e exportação de mercadorias;


Entradas e saídas de divisas provenientes do turismo;
Pagamento de seguro e transporte de mercadorias;
Transferência de divisas provenientes de rendimentos de
capital;
Fluxos financeiros com a UE;
Remessas de emigrantes;
Dádivas em bens e serviços;
Ajudas militares;
Investimentos directos estrangeiros;
Empréstimos a empresas públicas e privadas;
Variação das disponibilidades e responsabilidades em divisas
* Bancos
Comerciais,
das OIM* (Outras Instituições Monetárias);
Bancos de Variação das reservas do Banco de Moçambique;
Poupança e
Bancos de
Créditos externos do Banco de Moçambique;
Investimento Utilização do crédito no FMI.

Balança de Pagamentos

A necessidade de contabilizai as transacções entre residentes e


não-residentes deu origem a um instrumento destinado a medir a
intensidade dessas relações e a servir de meio eficaz para analisar o
estado de cada Economia.

Esse instrumento é a Balança de Pagamentos.

Balança de Pagamentos é o registo sistemático de todas as transacções económi-


ca realizadas entre os agentes económicos residentes num País e os não-
residentes.

B) Principais Saldos
Já viu que a Balança de Pagamentos representa a contabilização, e o
respectivo registo, das transacções económicas de um país com o
Exterior.

77
Este registo é feito através de quatro grupos de operações com o
Exterior:
Mercadorias;
Serviços e rendimentos;
Transferências unilaterais;
Movimentos de capitais.

Os vários resultados dessas operações registadas são as várias


Balanças que compigm a Balança de Pagamentos.

Quando chegar ao fim desta Sessão e depois de estudar todas as


Balanças resultantes das diversas operações com o estrangeiro, você
perceberá que obteve, na sua globalidade, a Balança de Pagamento!

C) Mercadorias
Neste grupo, são registados os movimentos de mercadorias do país
com o Exterior - exportações e importações

«Quando a avó do Sr. Juma, o nosso bancário do Banco Moçambica-


no, compra um casaco de marca estrangeira, está a comprar um pro-
duto importado. É como se ela estivesse a dar dinheiro, directamen-
te, ao país que fabricou o casaco e o vendeu a Moçambique».

As importações que nós - país – fazemos implicam saídas de dinheiro


(divisas) do território nacional.
Ao contrário, as exportações de bens e serviços que Moçambique
vende ao Exterior implicam entradas de dinheiro (divisas) nos nossos
cofres.

O saldo destes movimentos de import/export, constitui a Balança Comercial:


Exportação de mercadorias
- Importações de mercadorias
= BALANÇA COMERCIAL

A análise da distribuição geográfica do comércio externo é importante,


porque nos ajuda a compreender como podem ser corrigidos os desequilí-
brios existentes, dando-nos uma ideia das zonas geográficas onde as nos-
sas exportações poderão ser dinamizadas, além de nos indicar quais são os
nossos principais parceiros comerciais, cujo saldo nos é desfavorável, e
levar a tomar medidas para corrigir essas situações.

78
A Balança Comercial Moçambicana tem sido ao longo dos anos, estru-
turalmente deficitária, significando que o sector exportador não
tem tido capacidade de crescimento suficiente para contrabalançar
o crescente aumento do volume das exportações.
A contínua situação de guerra vivida em Moçambique tem levado a
que a produção e consequentemente as exportações sejam seria-
mente afectadas (ver gráfico 1).

O volume de exportações de Moçambique tem vindo a crescer tendo


em 1990 atingido 126, 4 milhões de USD, sendo que em 1985 este
valor se situava em 76,6 milhões de USD. Os países da OCDE absor-
veram nesse ano cerca de metade do contigente total exportado,
observando-se nos últimos anos uma significativa tendência de
diversificação por mercado de destino (Gráfico 2).

79
QUADRO 1
PRINCIPAIS PRODUTOS EXPORTADOS

Tx. Cresc.
Produtos 1985 1986 987 1988 1989 1990 (1990/85)

Castanha de Caju 11549 16718 30175 26478 20022 14288 4.3%


Camarão 33385 38326 38350 44143 39390 43365 5.4%
Algodão em Fibra 5340 549 5638 4886 7430 8694 10.2%
Açúcar 6822 8073 4396 4648 5298 7862 2.9%

Chá 2413 1257 427 6 89 498 -27.1%


Madeiras 868 960 1186 722 983 1557 12.4%
Carvão 315 261 576 417 310 438 6.8%
Citrinos 3068 2206 2474 1893 3272 1952 - 8.6%

Óleo de Caju 303 299 1276 421 909 462 8.8%


Copra 5076 2090 3266 4526 1900 2603 -12.5%
Lagosta 0 0 2277 2873 1938 3835 19.0%
Fonte: CNP – Anuário Esratístico 1990

Esta evolução deveu-se sobretudo a um aumento na exportação de


produtos dos sectores Agrícola e das Pescas: camarão, castanha de
caju, madeira e algodão (ver Quadro 1).
No que diz respeito às importações, e como consequência do PRE, as
mesmas têm vindo a crescer, nomeadamente a importação de maté-
rias-primas e equipamentos, onde têm sido aplicadas doações inter-
nacionais para o seu financiamento (Quadro 2).

80
QUADRO 2
PRINCIPAIS PRODUTOS IMPORTADOS

Tx. Cresc.
Produtos 985 1986 1987 1988 1989 (1989/85)

Bens de Consumo 166011 231166 247187 280895 329556 14.7%


Alimentares 120954 149049 171120 176298 173629 7.5%
Não Alimentares 45057 82117 76067 104597 155927 28.2%

Matérias-Primas 162260 156492 184827 216009 247873 8.8%


Produtos Químicos 25122 38535 31980 48547 52185 15.7%
Produtos Metálicos 18847 21790 29158 35465 42472 17.6%
Grude e Derivados 69067 47935 62750 61104 71523 0.7%
Energia Eléctrica 5719 6456 9147 9748 8422 8.0%
Outros 43505 41776 51792 61145 73271 11.0%

Peças e Sobressalentes 46769 67722 91937 101183 87509 13.3%

Equipamento 48645 87187 118049 137513 142736 24.0%


TOTAL IMPORTAÇÃO 423685 542567 642000 735600 807674 13.8%
Fonte: CNP – Anuário Estatístico 1990

Como se referiu, os principais parceiros comerciais de Moçambique


são os países da OCDE, representando cerca de 50% do volume, quer
das importações quer das exportações.

* Presentemente Na sequência da entrada de Moçambique para organizações regionais


designado por como o SADCC (Southern África Development and Cordination Con-
SADC (Comunidade
de Desenvolvimento ference*) e PTA (Preference Trade Área for East and Southern
da África Austral). África), e devido ainda à melhoria das relações com a África do Sul,
aumentou o comércio com os países africanos, em especial as impor-
tações, que passaram de 16% do volume total em 1984 para 33% em
1989.
Portugal continua a ser um parceiro importante nas importações,
onde é o 4° maior fornecedor (6,8%).

Com o colapso das economias centralizadas dos países do Leste,


estes deixaram de ser parceiros priviligiados de Moçambique, tendo
passado o peso das importações daqueles países de 26,4% em 1984
para 13,7% em 1989 e o das exportações, de 17,8% para 3,5%, res-
pectivamente em 1985 e 1990.

quadro 3, apresenta-se a evolução da Balança de Bens e Serviços de


Moçambique, verificando-se o peso significativo das importações no
comércio externo.
81
QUADRO 3
EVOLUÇÃO DA BALANÇA DE BENS E SERVIÇOS DE MOÇAM-
BIQUE
(Unidade: 10^9 MT)

Tx. Cresc.
1985 1986 1987 1988 1989 1990 (1990/85)

Exportações 6.2 6.0 50.9 99.4 149.2 213.0 102.9%


mportações 20.8 24.0 202.3 427.0 652.1 868.0 110.9%
Saldo - 14.6 - 18.0 - 151.4 - 327.6 - 502.9 - 655.0 114.0%
Tx. de Cobertura 0.30 0.25 0.25 0.23 0.23 0.25 - 3.8%
Importações/ 77.0% 80.0% 79.9% 81.1% 81.4% 80.3%
/Comerc. Ext. —

Fonte: CNP - Anuário Estatístico 1990

Fluxos das Operações de Mercadorias


* Isto acontece nos
pagamentos a pronto. Nestas operações, existem sempre dois fluxos. A uma:
Nos casos de des-
fasamento entre a
Exportação de mercadorias corresponde, sempre, uma entra-
entrega de mercado- da de divisas*;
rias e o pagamento,
existem também con-
Importação de mercadorias corresponde, sempre, uma saída
trapartidas, embora de divisas*.
não haja, de imedia-
to, movimentação de
di-visas (neste caso,
é movimentada a
rubrica "Capitais de
Curto Prazo").

D) Serviços e Rendimentos
Neste grupo, são registados os movimentos dos serviços e dos ren-
dimentos com o exterior.
* «Royaltie» é
o custo de uma
Se ao saldo da Balança Comercial juntarmos o saldo dos serviços
licença para
exploração de (prestados e utilizados), entre os quais são de referir os fretes e
inventos ou de
seguros, o turismo, o pagamento de "royalties"*, os rendimentos de
processos de
fabrico. capitais, obtemos a Balança de Bens, Serviços e Rendimentos.

Exportações de Mercadorias
- Importações de Mercadorias
= BALANÇA COMERCIAL
+ Saldo de Serviços e Rendimentos
= BALANÇA DE BENS, SERVIÇOS E RENDIMENTOS

82
Fluxos das Operações de Serviços e Rendimentos

Tal como nas operações de mercadorias, também nas de Serviços e


Rendimentos existem dois fluxos:

À utilização de um frete por um navio estrangeiro correspon-


* Isto acontece nos
pagamentos a pronto. de uma saída de divisas*;
Nos casos de des- À utilização de bens e serviços por turistas no nosso país
fasamento entre a
entrega de mercadorias (exportação de serviços) corresponde uma entrada de divi-
e o pagamento, existem, sas.
também, contrapartidas,
embora não haja, de
imediato, movimentação
de divisas.

E) Transferências Unilaterais
Neste grupo, são registados os movimentos sem contrapartida, ou
* Nestes casos,
a rubrica de seja, o fluxo num sentido não tem que ser compensado por um fluxo
compensação é
de sentido contrário*.
"transferências"

Incluem-se na rubrica "Transferências" as dádivas, em géneros ou


moeda, de um país (caso de cataclismos), as indemnizações de guer-
ra, as remessas de emigrantes, as ajudas militares entre países, etc.

Adicionando à Balança de Bens, Serviços e Rendimentos o saldo das


transferências unilaterais, obtemos a Balança de Transacções Cor-
rentes:

Exportações de Mercadorias
- Importações de Mercadorias
= BALANÇA COMERCIAL
+ Saldo de serviços e rendimentos
= BALANÇA DE BENS, SERVIÇOS E RENDIMENTOS
+ Saldo de transferências unilaterais
= BALANÇA DE TRANSACÇÕES CORRENTES

83
Este saldo é o mais significativo da Balança de Pagamentos e traduz,
mais que qualquer outro, a situação de uma economia perante o
Exterior.

Com efeito, se este saldo é positivo, significa que a actividade eco-


nómica está a ser sustentada internamente - é aquilo a que se chama
"viver dentro das nossas possibilidades".

Se o saldo é negativo, a actividade económica está, pelo menos em


parte, a ser sustentada do Exterior - é aquilo a que se chama "viver
acima das nossas possibilidades".

Movimentos de Capitais
O último grupo de operações que integram a Balança de Pagamentos
é o da movimentação de capitais com o Exterior.

Neste grupo, são registados:


Créditos externos de curto, médio e longo prazo;
Investimentos estrangeiros a curto, médio e longo prazo.

Médio e Longo Prazo

O médio/longo prazo inclui os:

Investimentos estrangeiros;
Empréstimos contraídos no estrangeiro por agentes económi-
cos internos.

Quando se adiciona o saldo destes movimentos ao saldo da Balança


de Transacções Correntes, obtém-se a Balança Básica

84
Exportações de Mercadorias
- Importações de Mercadorias
= BALANÇA COMERCIAL
+ Saldo de Serviços e Rendimentos
BALANÇA DE BENS, SERVIÇOS E RENDIMENTOS
+ Saldo de Transferências Unilaterais
= BALANÇA DE TRANSACÇÕES CORRENTES
+ Movimentos de Capitais a Longo Prazo
= BALANÇA BÁSICA

Curto Prazo
Os movimentos de capitais de curto prazo são, principalmente, cons-
tituídos por créditos comerciais (diferimento na liquidação de movi-
mentos de mer cadorias).

O saldo destes movimentos, adicionado ao saldo da Balança Básica,


dá-nos a Balança de Operações Não Monetárias.

Exportações de Mercadorias
- Importações de Mercadorias
= BALANÇA COMERCIAL
+ Saldo de Serviços e Rendimentos
= BALANÇA DE BENS, SERVIÇOS E RENDIMENTOS
+ Saldo de Transferências Unilaterais
= BALANÇA DE TRANSACÇÕES CORRENTES
+ Movimentos de Capitais a Médio/Longo Prazo
= BALANÇA
+ Movimentos de Capitais a Curto Prazo
= BALANÇA DE OPERAÇÕES NÃO MONETÁRIAS

85
Como vê, a Balança de Operações Não Monetárias é a soma da
Balança de Transacções Correntes com os capitais a médio e longo
prazo (Balança Básica) mais os capitais a curto prazo.

Este saldo traduz o resultado da actividade dos agentes económicos


de uma forma autónoma, em relação ao Exterior:
Capacidade de os agentes económicos poderem, de uma forma
mais ou menos livre, recorrer a todo o tipo de operações per-
tencentes à Balança de Operações Não Monetárias;
Independência em relação ao eventual financiamento dessas
operações.

Podemos, pois, traçar aqui uma linha imaginária, acima da qual ficam
registadas as operações dos agentes económicos e abaixo da qual
fica registada a forma como as autoridades monetárias (Min. Finan-
ças e Banco Central) e as outras instituições monetárias vão equili-
brar o défice ou o superavit, originado acima dessa linha. Em caso
de:

Défice, regista a forma como ele é financiado;


Superavit, regista a forma como se distribui o aumento das
reservas cambiais oficiais resultantes desse superavit.

Então, acima da linha temos as operações autónomas da Balança de


Pagamentos e, abaixo da linha, temos o seu financiamento. Daqui
resulta que se possa analisar separadamente a Balança de Opera-
ções Não Monetárias, sem analisar globalmente a Balança de Paga-
mentos.

A importância de um saldo positivo na Balança de Operações Não


* Fundo Monetário
Internacional -
Monetárias é que evita o recurso ao endividamento externo - por
organização económico- exemplo, ao crédito do FMI* ou à diminuição de recursos pontuais
financeira de âmbito
internacional, da qual
do Banco Central e OIM (outras instituições monetárias) - e, logica-
Moçambique faz parte mente, diminui a dependência externa da economia moçambicana.
como membro de pleno
direito, sendo um dos
aspectos mais marcantes
da sua actuação o
financiamento do défice
externo dos países-
membros.

86
O Défice

O défice, que é um saldo negativo na Balança de Operações Não


Monetárias, é suportado através das reservas em divisas das OIM,
das reservas em divisas do Banco Central e da utilização do crédito
junto do FMI.

O financiamento do défice dá origem a duas balanças:

Balança das Liquidações Oficiais;


Balança das Operações Monetárias.

São estas duas balanças que você vai, agora, estudar.

Balança das Liquidações Oficiais

Esta balança resulta de adicionarmos ao saldo da BONM as disponi-


bilidades líquidas, a curto prazo, das OIM.

Exportações
— Importações
= BALANÇA COMERCIAL
+ Saldo de Serviços e Rendimentos
= BALANÇA DE BENS, SERVIÇOS E RENDIMENTOS
+ Saldo de Transferências Unilaterais
= BALANÇA DE TRANSACÇÕES CORRENTES
+ Movimentos de Capitais a Médio/Longo Prazo
= BALANÇA BÁSICA
+ Movimentos de Capitais a Curto Prazo
= BALANÇA DE OPERAÇÕES NÃO MONETÁRIAS
Linha
Imaginária

+ Disponibilidades Líquidas a Curto Prazo das OIM


= BALANÇA DE LIQUIDAÇÕES OFICIAIS

87
Balança de operações monetárias

Esta Balança resulta de adicionarmos à Balança das Liquidações Ofi-


ciais:

A variação das reservas cambiais oficiais:


Ouro;
Disponibilidades em moeda estrangeira;
Posição de reserva do FMI;
Direitos de saque especiais (DSE).

O crédito do FMI

Assim, o nosso esquema ficará:

Exportações
- Importações
= BALANÇA COMERCIAL
+ Saldo de Serviços e Rendimentos
= BALANÇA DE BENS, SERVIÇOS E RENDIMENTOS
+ Saldo de Transferências Unilaterais
= BALANÇA DE TRANSACÇÕES COMERCIAIS
+ Movimentos de Capitais a Médio/Longo Prazo
= BALANÇA BÁSICA
+ Movimentos de Capitais a Curto Prazo
= BALANÇA DE OPERAÇÕES NÃO MONETÁRIAS
Linha
Imaginária

+ Disponibilidades Líquidas a Curto Prazo das OIM


= BALANÇA DE LIQUIDAÇÕES OFICIAIS
+ Variação de Reservas Cambiais Oficiais e Crédito do FMI
= BALANÇA DE OPERAÇÕES MONETÁRIAS

A regularização do défice tem constituído uma das principais preo-


cupações da actualidade, com reflexos no acentuar das medidas pro-
teccionistas e na redução do nível da actividade económica.

88
Face a um défice externo, podem as autoridades assumir as quatro
seguintes atitudes:

Corrigir;
Financiar;
Compensar;
Liquidar.

A adopção de uma ou de outra depende, por um lado, da natureza do


défice (estrutural ou acidental) e, por outro, da necessidade de
compatibilizar o combate ao défice, com out s objectivos da política
económica (nível de emprego, taxa de crescimento, nível de inflação,
etc.).

A correcção do défice

Corrigir o défice significa, basicamente, actuar sobre os factores


que o provocam. A análise dos saldos da balança permite-nos detec-
tar em que grupo(s) se situa a origem do défice. Se a principal causa
* Aumentando as
exportações e dimi- reside no desequilíbrio do movimento de mercadorias, então será
nuindo as importa-
nessa área que as medidas correctivas devem ser tomadas*.
ções. Mas como, no
nosso estado de
desen-volvimento, c A forma como isso vai ser conseguido e os instrumentos que vão ser
impossível exportar
sem importar, a
utilizados, já é outro problema. Se o défice tem, fundamentalmente,
meta é, proporcio- origem ao nível da Balança de Bens, Serviços e Rendimentos, é para
nalmente, exportar
mais do que se
aí que a atenção dos responsáveis deve ser dirigida. De forma idên-
importa. tica se procederá, caso a origem do défice se situe nas transferên-
cias unilaterais.

Actuar sobre os factores que provocam o défice constitui a forma


mais eficaz e "saudável" de o enfrentar.

O financiamento do défice

O financiamento é a atitude mais comum das Economias deficitárias.


O processo é o que você acabou de estudar: o financiamento externo
e/ou interno do défice, do qual resultam as operações constantes na
Balança de Liquidações Oficiais e Balança de Operações Monetárias.
A compensação do défice

89
Esta forma de enfrentar o défice consiste na realização de opera-
ções de capital por parte dos agentes autónomos (não monetá-
rios). Estas operações podem ser de dois tipos:
Empréstimos externos, que significam sempre um endivida-
mento do país face ao Exterior;
Investimentos estrangeiros, que, desde que devidamente
acautelados os interesses nacionais, podem revelar-se vanta-
josos e traduzem-se, para além da entrada de divisas, na cria-
ção de emprego, transferência de tecnologia e «know-how».

A liquidação do défice
A liquidação do défice consiste, como o nome indica, no seu paga-
mento através da venda de ouro ou divisas.

Balança de Pagamentos/Dívida Externa Moçambicana


Evolução
A contracção da actividade económica entre 1982/85 reflectiu-se,
como é óbvio, na balança comercial, reduzindo tanto as importações
como as exportações, já referida anteriormente. Simultaneamente,
as receitas provenientes dos serviços de transporte bem como as
remessas de trabalhadores emigrantes, reduziram-se substancial-
mente.

Com efeito, a situação de guerra vivida em Moçambique, aliada ao


facto da África do Sul ter cortado as linhas de tráfico, levaram à
inoperância dos portos e caminhos de ferro do país. A redução no
recrutamento de trabalhadores moçambicanos para as minas da
África do Sul e o regresso forçado em 1990 de trabalhadores emi-
grantes na ex-RDA, resultaram numa redução das transferências
líquidas privadas de cerca de 16 milhões de USD por ano (Quadro 3).

A dívida externa moçambicana continua a aumentar (em 1990 era de


4,7 biliões de USD), e em particular o serviço da dívida, o qual tem
sido suportado em grande medida por financiamento internacionais e
donativos.

90
No entanto, o peso da dívida externa tem vindo a ser aliviado por
reescalonamentos e/ou cancelamentos da dívida. Em finais de 1986 a
dívida externa era de 3,5 biliões de USD, sendo 1/3 de países da
OCDE, 1/3 de países de Leste e 1/3 de instituições internacionais e
outros países desenvolvidos. Na sequência dos acordos de Londres e
Paris em 1987, foi reescalonada a dívida, de 979 milhões de USD de
países ocidentais e bancos privados, no que foi considerada na altura
"uma concessão sem precedentes", tornando-a pagável em 20 anos,
com um período de carência de 10 anos e com taxas de juro inferio-
res a 2%. Seguiram-se idênticos acordos bilaterais, inclusive com
países do Leste.

QUADRO 3
POSIÇÃO DA BALANÇA DE PAGAMENTOS, 1985 - 1990

DESCRIÇÃO 1985 1986 1987 1988 1989 1990

Saldo da Balança Comercial -347.1 - 463.6 - 545.0 - 632.6 - 702.9 - 737.8


Exportações (FOB) 76.6 79.1 97.0 103.0 104.8 126.4
Importações (CIF) - 423.7 - 542.7 - 642.0 - 735.6 - 807.7 - 864.2
Saldo da BL. de Serviços - 93.0 - 158.7 -148.0 - 102.7 - 144.8 - 135.4
Receitas 107.1 119.0 137.0 156.6 166.7 173.4
Transportes 39.4 45.0 35.1 41.5 52.9 63.1
Remessas de Trabalhadores 40.8 50.0 58.0 71.6 71.3 70.4
Outras Receitas 26.9 24.0 43.9 43.5 42.5 39.9
Despesas - 200.0 - 277.7 - 285.0 - 259.3 - 311.5 - 308.8
Juros - 117.4 - 154.7 - 148.4 -"116.7 - 169.3 - 165.2
Transportes -38.7 -34.0 -33.9 -41.3 -37.5 -39.8
Remessas de Trabalhadores - 25.0 -23.0 -25.0 -25.3 -27.5 -25.4
Serviços de Investimento 0.0 -50.0 -54.7 -45.0 -47.1 -47.8
Outros Serviços - 19.1 - 16.0 -23.0 -31.0 -30.1 -30.6
Saldo da BL. Transacções Correntes -440.1 - 622.3 - 693.0 - 735.3 - 847.7 - 873.2
Investimento Directo Estrangeiro 0.0 1.5 6.2 4.5 3.4 9.2
Transferências Unilaterais Oficiais 139.0 213.0 304.2 376.8 387.5 448.4
Transferências Privadas 0.0 0.0 0.0 78.0 85.0 89.4
Saldo BL. Trans. Corr. (inc. transf.) -301.1 - 407.7 - 382.6 - 276.0 -371.8 - 326.2
Saldo da BL. de Capitais -39.7 -51.5 - 83.0 - 130.7 - 58.4 - 13.6
Empréstimos Externos (Entradas) 238.8 284.0 301.1 247.5 256.7 351.4
Amortização (Saídas) 278.5 - 335.5 -384.1 - 378.2 -315.1 - 365.0
Erros e Omissões - 12.7 -28.8 40.1 33.6 8.7 13.7
Saldo da Balança Global - 353.5 - 488.0 - 425.5 -373.1 -421.5 - 326.1
Financiamento: 353.5 488.0 425.5 373.1 421.5 326.1
Variação de Reservas (-aum.) 20.5 -23.5 -58.0 -25.2 2.9 -3.1
Pagamentos Bilaterais (liq.) 2.3 4.9 0.0 0.0 0.0 0.0
Outras Disponibilidades S/Exterior - 15.1 24.4 0.0 0.0 0.0 0.0
Variação de dívida atrasada 152.7 482.2 - 607.6 0.0 14.4 - 14.4
Dívida Reescalonada 193.0 0.0 1091.1 396.7 383.1 321.3
Dívida Perdoada 0.0 0.0 0.0 1.6 21.1 22.3
Financiamento Adicional 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Gap Residual (Ness. de Financ) 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0

Fonte: BANCO DE MOÇAMBIQUE

91
A) Considerações Sobre a Política Económica
Vamos começar esta Sessão fazendo algumas breves considerações
sobre a Política Económica.
Uma primeira questão tem a ver, concrctamentc, com a dclïnicão de
Política Económica: como surgiu e o que e, na realidade?

Política Económica é o conjunto de medidas tomadas pelos poderes públicos, utili-


zando vários instrumentos, no sentido de corrigir ou evitar desequilíbrios econó-
micos.

A definição anterior c, sem dúvida alguma, correcta; todavia, o


âmbito deste livro exige que se faça uma amplificação do conceito,
isto é, um estudo mais aprofundado.

A realidade obriga a que a Política Económica seja um conjunto


coordenado de intervenções públicas, com a finalidade de atingir
determinados objectivos. E, quando falamos em conjunto coordena-
do, queremos acentuar a interdependência existente entre os diver-
sos ramos da Política Económica.

Tomar medidas é um comportamento que, desde tenra idade, o Homem


aprendeu a fazer.

As medidas em Política Económica, sejam elas quais forem, deíïncm-


se por objectivos e meios. Para atingir um determinado objectivo,
podem ser tomadas medidas alternativas, apenas diferentes nos ins-
trumentos, isto é, nos meios utilizados.

92
Quando existe um problema grave de desemprego, o Estado pode,
por exemplo, intervir fazendo baixar a taxa de juro, no sentido de
aumentar o investimento (medida de Política Monetária) ou, então,
elevar o montante das transferências e subsídios para as empresas,
no sentido de manter os postos de trabalho (medida de Política
Orçamental).

Estas razões levam a que E. Mosse dê uma definição de Política Eco-


nómica mais completa que a anterior.

Política Económica é um conjunto de decisões coerentes tomadas pelos poderes


púbicos e que visam, mediante a utilização de certos instrumentos, atingir objec-
tivos relativos; à economia de um conjunto nacional, infranacional ou plurinacional,
podendo esses objectivos ser atingidos a um prazo mais ou menos longo.

Retrospectiva Histórica

Tanto os meios como os objectivos utilizados pela Política Económica


têm evoluído ao longo da História.
Só podemos falar verdadeiramente de Política Económica a partir da
década de 30. Até esse momento, as intervenções públicas não iam
além do assumir posições no âmbito social e da regulação dos paga-
mentos internacionais, intervenções muitas vezes feitas de uma
forma descoordenada e fragmentada. Não podia, pois, falar-se de
uma verdadeira Política Económica.

Foi a partir da crise de 1929 e com questões por ela postas -


desemprego, capacidade produtiva não utilizada, incapacidade e ino-
peracionalidade das propostas adiantadas pelas teorias económicas
então dominantes - que surgiu uma maior intervenção estatal, no
sentido de fazer a economia sair da depressão.

I WANTS A JOB

A grande depressão económica de 1929 nos USA e o problema de desemprego

Surgiu então o que, em termos económicos, se chamou a Revolução


Keynesiana, nome derivado do economista inglês J. M. Keynes, que
elaborou uma teoria económica, cujo objectivo principal era a conse-
cução do pleno emprego da força de trabalho.
93
Keynes chegou à conclusão de que, numa economia de mercado e na
ausência de uma política deliberada para eliminar o desemprego,
este permanecerá latente.

Foi com Keynes que se iniciou a era da Macroeconomia, já que foi ele
o introdutor dos grandes agregados económicos que conhecemos
por: investimento (I), poupança (S), consumo (C), entre outros.

Estes agregados económicos foram tão determinantes para uma


visão global da economia de um país que ainda hoje fazem parte das
preocupações e estudos das autoridades económicas de qualquer
país.

Desde o início da década de 30, os Estados dirigem a sua atenção


para os objectivos económico-sociais e para a forma de os realizar,
manipulando e intervindo na economia através de medidas de Política
Económica, tais como: medidas de Política de Rendimentos e Preços,
Política Orçamental, Política Monetária, etc.

Como muitas vezes os objectivos estão em conflito, a coordenação


das diversas políticas passou a ser essencial. Por exemplo, quando se
pretende resolver o problema da inflação com restrições ao crédito,
pode haver um agravamento do desemprego, já que as empresas pas-
sam a ter dificuldades de obtenção de fundos através da banca.
Assim, se se quiser lutar nestas duas frentes — inflação e desem-
prego —, só com uma integração e coordenação de políticas é possí-
vel chegar aos objectivos pretendidos.

Óptica Conjuntural

Imagine a seguinte situação.

Às 8h 25m toca o telefone do gabinete do Sr. Chipene, gerente do Banco


Moçambicano de Manica.

O Sr. Chipene atende e ouve a voz do seu «front-office», o Sr. Juma,


pedindo licença para chegar um pouco mais tarde, pois rebentou um cano
na sua cozinha e ele tem de encontrar rapidamente um canalizador.

Pode sim, Sr. Juma. Não se preocupe. Vá já resolver isso.

Pois bem, resolver já é, exactamente, o termo apropriado para


caracterizar uma medida conjuntural.
94
O Sr. Chipene tem de arranjar, rapidamente, um canalizador para
soldar o cano ou substituir aquele pedaço, independentemente de,
mais tarde, verificar o resto do cano ou mesmo todo o sistema de
canalização da cozinha (no caso, de um prédio antigo).

Em Política Económica, é esta a noção de óptica conjuntural.

Óptica Conjuntural é uma perspectiva de análise das actividades e desequilíbrios


económicos que propõe resoluções rápidas no curto prazo.

Vamos dar-lhe um exemplo, macro-económico, mais alargado do que


a situação do Sr. Juma.

Suponha que, em Moçambique, a competitividade das exportações


está a ser fortemente afectada por outro país com melhor organiza-
ção produtiva e que consegue colocar os produtos no mercado inter-
nacional a preços mais reduzidos.

Se Moçambique quiser aumentar as suas exportações a curto prazo,


terá de tomar medidas que provoquem resultados imediatos.
Então, poderá, por exemplo, desvalorizar o metical, tornando as nos-
sas exportações mais baratas, dando-lhes, assim, mais competitivi-
dade externa.

Saliente-se, no entanto, que estas medidas não podem, nem devem,


ser tomadas precipitadamente porque, por exemplo, se a medida
anunciada torna mais baratas as nossas exportações, aumenta, tam-
bém, o preço das nossas importações.

A análise baseada numa óptica conjuntural é uma análise fundamen-


tal, pois é com base na evolução de alguns destes indicadores que
podem ser tomadas medidas que levam à concretização de objecti-
vos macro-económicos previstos para determinado período.

Óptica Estrutural

Voltando ao .problema do nosso bancário, Sr. Juma... Ele já conse-


guiu encontrar um canalizador e está de volta à agência onde conta o
sucedido à Sra. D. Alice:

95
Sr. Juma:
... tudo isto aconteceu porque a minha casa é antiga e os canos
estão velhos, mas agora já está tudo resolvido.
D. Alice:
Olhe que talvez não este/a, Sr. Juma. Se o prédio é antigo, como
você diz, é natural que, mais tarde ou mais cedo, uocê uoïte a ter
problemas com os canos. No seu lugar, eu começaria a pensar em
substituir toda a canalização.
Sr. Juma:
Pois é... Talvez tenha razão, D. Alice. Tenho de pensar nisso.

Ora bem, o que é que se passou aqui?

O Sr. Juma resolveu o seu problema imediato, conjuntural, mas se


não pensar, a médio/longo prazo, em substituir toda a canalização
velha, com certeza voltará a ter problemas.

Também no campo macroeconómico, quando se trata de algumas


alterações na actividade e estruturas económicas de um país, pode-
mos analisar os desequilíbrios segundo uma óptica estrutural.

Óptica Estrutural é uma perspectiva de análise das actividades e desequilíbrios


económicos que propõe soluções a médio ou longo prazo.

Vamos dar-lhe um exemplo de aplicação da óptica estrutural a um


caso concreto.

Qualquer país, para se desenvolver, necessita de uma boa rede de


estradas que possibilite a circulação de bens e serviços com rapidez
e a fixação de pessoas e actividades económicas, uniformemente
distribuídas por todo o país.

Ora, a construção de estradas não se começa, e muito menos se con-


clui, no prazo de uns meses.

Uma boa rede de estradas, um serviço eficaz de saúde, a reforma


do ensino e do sector agrícola, por exemplo, são problemas que
requerem soluções de âmbito estrutural, pois torna-se necessário
alterar as estruturas existentes nesses sectores.

Estas alterações de estruturas estão associadas ao conceito de


desenvolvimento económico e social.

96
É importante ter em conta que, perante a gravidade de determina-
dos problemas, têm de ser tomadas medidas de âmbito conjuntural,
embora enquadradas num conjunto de medidas que visem resolver
estruturalmente os problemas e não, apenas, remediá-los.

Por último, convém referir que a resolução pontual de problemas


encarada, apenas, numa óptica conjuntural pode revelar-se insufi-
ciente e conduzir, eventualmente, ao seu agravamento, acabando por
transformá-los em problemas estruturais.

Interdependência Entre as Duas Ópticas

Exactamente! As duas ópticas são interdependentes. Qualquer


medida conjuntural provoca alterações estruturais e vice-versa.

Tal como o rebentamento do cano na cozinha do Sr. Juma teve por


base o mau estado global de toda a canalização — que é antiga —,
também na actividade económica os desequilíbrios momentâneos têm
causas mais profundas.

Quase sempre os desequilíbrios momentâneos na Economia (cresci-


mento súbito do défice da Balança de Pagamentos ou da Taxa de
Inflação, por exemplo) têm razões profundas no mau funcionamento
da actividade económica. Daí que, para além de se tentar combater,
de imediato, esses desequilíbrios, devem, simultaneamente, ser
tomadas medidas que, a médio e longo prazo, os resolvam ou minimi-
zem.

Já lhe dissemos, atrás, que a tomada de certas medidas conjuntu-


rais, que apenas remedeiem um problema, pode vir, a médio ou longo
prazo, a agravá-lo substancialmente.

Por outro lado, a não resolução de alguns desequilíbrios, logo que se


manifestam, pode transfor má-los progressivamente em desequilí-
brios estruturais.

O ideal será "atacar" os problemas assim que eles se revelam e,


simultaneamente, analisar se as suas causas terão raízes estruturais
e planear o seu saneamento.

97
B) A Política Orçamental
Pela definição, facilmente se deduz que a Política Orçamental estuda
os processos de intervenção e financiamento do Estado.

Política Orçamental é o conjunto de medidas tomadas por um governo para tentar


obter determinados objectivos através do Orçamento do Estado.

Resenha Histórica
Historicamente, esta intervenção nunca se processou da mesma
forma.
O Estado Liberal (séc. XIX e início do séc. XX), advogando o princí-
pio do liberalismo económico, defendia a privatização total da eco-
nomia e, como tal, abstinha-se de participar em actos a ela ligados.
Daí a existência de um Sector Público reduzido, como resultado da
neutralidade das finanças públicas.

De acordo com o pensamento económico liberal, os mecanismos da


concorrência de mercado e a liberdade de actuação dos agentes
económicos privados levariam à plena utilização dos recursos econó-
micos disponíveis, não restando, deste modo, nada que justificasse a
intervenção do Estado como agente económico.

Esta exclusão do Estado não era, no entanto, total, uma vez que ele
tinha certas funções a cumprir, embora de natureza muito limitada e
em sectores não concorrenciais com o sector privado. À partida,
essa função resumia-se à criação de condições para que a iniciativa
privada funcionasse de forma mais satisfatória: construção de
estradas, pontes, defesa nacional, etc.

Modernamente, as coisas já não se passam assim. É sabido que a


intervenção estatal na actividade económica é de âmbito mais alar-
gado. Continua, no entanto, a ver-se o Estado como um intruso, e daí
que a sua intervenção seja controlada através dos legítimos repre-
sentantes da população eleitos para o parlamento.

O Estado, para efectuar despesas, tem de cobrar necessariamente


* Cobrança ainda
vista como uma receitas; no entanto, para que o faça, há que autorizá-lo. Assim, o
subtracção de
Estado elabora o Orçamento, cuja aplicabilidade é viabilizada pela
recursos aos agen-
tes económicos autorização do Parlamento da cobrança* de receitas e sua afectação
privados.
às despesas previstas.

98
Elementos do Orçamento

Com base no exposto anteriormente, torna-se mais fácil caracteri-


zar o conceito de Orçamento.

Orçamento — Uma previsão, em regra anual, das despesas a realizar pelo


Estado e dos processos de as cobrir, que incorpora a autorização concedi-
da à administração para realizar despesas e cobrar receitas, e limita os
poderes financeiros da administração em cada ano.

In Manual de Finanças Públicas e


Direito Financeiro, de António Sousa Franco.

Desta última definição, pode-se concluir que, num Orçamento do


Estado, existem três elementos distintos:
Elemento Económico - Previsão da actividade financeira do
Estado;
Elemento Político - Autorização para o exercício da activida-
de financeira que o Estado se propõe;
Elemento Jurídico - Limitação dos poderes da Administração
Pública no domínio financeiro.

Efeito Económico das Despesas e Receitas Públicas

Como pode calcular, o Orçamento do Estado desempenha um papel


importantíssimo na actividade económica do país.

Quando o Estado efectua despesas, elas têm, como é lógico, um


determinado efeito económico, não só pelas despesas em si mesmas,
como também pela maneira como serão cobertas através das recei-
tas.

Quando falamos em efeitos económicos do Orçamento do Estado,


podemos fazer a seguinte divisão:

Efeito económico de acordo com o volume das despesas públi-


cas;
Efeito económico de acordo com a natureza das despesas e
receitas públicas.

Vejamos agora, com maior detalhe, o que significa cada uma destas
divisões dos efeitos económicos.

99
Efeito económico de acordo com o volume das despesas
públicas

Maiores despesas públicas têm um impacto compreensível na procura


de bens, não só de consumo, mas também de produção. Um acréscimo
das despesas públicas implica um crescimento da procura global do
país.

Esta circunstância poderá provocar:


Aumentos na produção - se houver capacidade produtiva do
país que não esteja a ser aproveitada.
Aumento da inflação - se, por exemplo, a economia do país
não tiver possibilidades de responder à procura acrescida.

Efeito económico de acordo com a natureza das despesas e recei-


tas públicas

A partir deste efeito, estamos na presença de impactos na activida-


de económica, de natureza mais específica e consoante os sectores
onde as despesas são efectuadas ou as receitas são cobradas.

Assim, segmentando este efeito económico em dois grandes grupos,


obtemos, quanto às despesas e sua natureza económica:

Despesas, cujo impacto se verifica predominantemente no


consumo final (não produtivo, portanto);
Despesas com impacto no investimento produtivo;
Transferências de carácter económico e social;
Defesa Nacional.

100
Despesas, cujo impacto se verifica predomi- Despesas com impacto no investimento pro-
nantemente no consumo final. dutivo.

Transferências de carácter económico e social


Defesa Nacional

E quanto às receitas e sua natureza jurídica:


Como todos sabemos, os impostos são a principal fonte de receita
pública, podendo ter, de acordo com a sua natureza (Impostos
directos ou indirectos) impactos diferentes na actividade económica
de um país.

Impostos Directos - têm um impacto ao nível da capacidade


de consumo e de poupança das famílias, agindo como elemento
redistribuidor e corrector das desigualdades sociais;
Impostos Indirectos - por se projectarem no campo dos pre-
ços, podem ter impacto em termos inflacionistas.

101
Para além do financiamento em termos de impostos, o Estado pode
recorrer ao crédito junto do público, cujo impacto económico é evi-
dente, dada a mobilização de poupanças que origina.
Este recurso ao crédito por parte do Estado poderá originar:

Efeito expansionista da economia - No momento da contrac-


ção do crédito;
Efeito contraccionista da economia - No momento do seu
reembolso.

Para ter uma noção mais abrangente das implicações do recurso ao


crédito por parte do Estado, torna-se conveniente referir que o
pagamento em diferido dos juros e das prestações de capital da
dívida pública exigirá um sacrifício que será imposto aos contribuin-
tes no futuro, havendo um maior esforço fiscal para a sua liquidação.
Daí que se ponha, neste caso, um problema de justiça entre as dife-
rentes gerações: as gerações actuais beneficiam das despesas,
pagando as gerações futuras o seu ónus. Isto, como é evidente, se as
despesas forem feitas em sectores não produtivos.

C) A Política Monetária
É, sem dúvida, este o ramo da Política Económica com o qual você,
como bancário, mais familiarizado está.
De facto, quando, ao balcão da sua instituição, recebe indicações
sobre aumentos ou diminuições das taxas de juro, activas e passivas,
ou quando tem de dar como explicação pela não concessão de um
financiamento que o "plafond" de crédito já foi atingido, você mais
não está do que a fornecer ao cliente justificações, no âmbito da
Política Monetária, definidas pelas autoridades monetárias e postas
em prática pelos Bancos.

Política Monetária é o conjunto de decisões por um Governo para regular a liqui-


dez e assegurar a estabilidade monetária de uma economia.

102
Justificação da Sua Necessidade

Que razões poderão justificar a necessidade de intervenção de Polí-


tica Monetária?

Que factores interferem na estabilidade monetária de uma econo-


mia?

Estas duas interrogações exigem que façamos uma reflexão, de


algum modo aprofundada, começando pelo conceito de moeda e pelas
suas principais funções.

As funções da moeda e a massa monetária

A moeda desempenha essencialmente três funções:


Instrumento de troca;
Unidade de valor;
Reserva de valor.

Como instrumento de troca, a moeda é um meio de pagamento utili-


zado nas transacções entre os agentes económicos.
A circulação de bens ou serviços, de um agente económico para
outro, exige como contrapartida a entrega, presente ou futura, de
um dado número de unidades monetárias (ou de moeda).
Como unidade de valor (ou unidade de conta), a moeda serve de
padrão, ou seja, é a medida do valor dos bens ou dos serviços.

Quando você compara preços, dizendo que um determinado bem não


vale aquilo que custa, está a utilizar esta função da moeda, já que se
apercebeu do valor dado às "coisas" através do seu preço.

Como instrumento de reserva de valor, a moeda constitui um meio


de diferir, no tempo, o poder de compra que proporciona ao seu pos-
suidor.

Você, ao constituir uma poupança, está a prevenir o seu futuro, ou


seja, criando uma reserva de valor, está a utilizar esta função da
moeda.

103
A massa monetária
A Massa Monetária é um agregado que está intimamente ligado às
funções da moeda, sendo o seu controlo essencial para que qualquer
Política Monetária seja levada a bom termo.

Esse agregado é, em sentido lato, o conjunto de activos que podem


desempenhar as funções da moeda referidas anteriormente.

Para introduzir o conceito de Massa Monetária, torna-se necessário


referir um outro conceito: Meios Imediatos de Pagamento.

Damos o nome de Meios Imediatos de Pagamento (Ml) ao conjunto


formado pela Circulação Monetária (C) com os Depósitos à Ordem
(DO).

Incluem-se no referido agregado os Depósitos à Ordem, pelo facto


de, hoje em dia, eles desempenharem as funções características da
moeda corrente.

Dizemos, assim, que:

M1 = C + DO

Diz-se que existem valores que são quase moeda, devido a restri-
ções que recaem sobre eles, em função do tempo de convertibilidade
em meios imediato de pagamento. Estão neste caso os depósitos a
prazo e de poupança, entre outros.

Se a estes meios somarmos os Meios Imediatos de Pagamento, obte-


remos a Massa Monetária (M2).

Assim, a Massa Monetária (M2) é constituída por Mie pêlos Depósi-


* Pressupõe-se que,
tos a Prazo (DP)*, ou seja, por Meios Imediatos de Pagamento e qua-
nos Depósitos a se moeda:
Prazo, se incluem
todos os outros
depósitos não à
ordem ou quaisquer
outras responsabili-
M1 = C + DO M2 = M1 + DP
dades das Institui-
ções Monetárias a
mais de 30 dias.

M2 = C+ DO+ DP

104
É precisamente sobre M2 que tendem a incidir as medidas de Políti-
ca Monetária.

Este facto advém da necessidade de, em cada momento, a moeda


existente numa economia estar de acordo com as necessidades
monetárias exigidas pela globalidade das transacções efectuadas.

Se, por exemplo, num país, existirem meios de pagamento em exces-


so, então a tendência será para que se gerem tensões inflacionistas
por excedentes de procura.

É justamente aqui que surge a Banca, com o seu papel multiplicador


da Massa Monetária existente.

Noção de Multiplicador

Sempre que um banco recebe depósitos, absorve liquidez do merca-


do. Pelo contrário, é injectada liquidez na economia, sempre que um
banco oferece moeda colocando-a à disposição dos agentes económi-
cos, através do crédito

Depósitos
AGENTES BANCOS
ECONÓMICOS Crédito

Porém, quando são concedidos créditos, os meios de pagamento


emprestados normalmente não ficam na sua totalidade fora do sis-
tema bancário, uma vez que parte do crédito concedido acaba por
regressar ao sistema bancário sob a forma de depósitos, ficando o
resto em circulação na economia, sob a forma de notas e moedas.

Crédito AGENTES Depósitos


ECONÓMICOS

BANCOS BANCOS

Naotas e moedas em circulação

105
Os bancos são obrigados a pôr de parte, sob a forma de Reservas
Legais, uma percentagem dos depósitos que captam. O restante são
Reservas Excedentárias que alimentam o crédito concedido pelos
bancos.

DEPÓSITOS

RESERVAS RESERVAS
LEGAIS (RL) ECEDENTÁRIAS
X
(R )

CRÉDITO

Se, quando a Banca concede crédito, ele regressa em parte ao sis-


tema bancário sob a forma de depósitos, então significa que o pro-
cesso se repete.

Na verdade, os bancos, ao receberem depósitos vindos do crédito


que entretanto concederam, aumentam as suas reservas excedentá-
rias, pelo que poderão conceder mais crédito.

DEPÓSITOS
DEPÓSITOS
NOS BANCOS

Reservas
Excedent. CRÉDITO Notas e Moedas

Reservas Legais

Esse crédito originará mais depósitos e, desta forma, todo o ciclo se


repete sucessivamente.

106
Podemos verificar este ciclo, recorrendo a um exemplo.

Suponhamos que, num dado momento, um banco possui os seguintes


valores:

Reservas Excedentárias - 100


Taxa de Reserva Legal = 10%
* O chamado factor Regresso sob a forma de depósitos = 60% do crédito
de preferência por Fuga para a circulação* = 40%
moeda primária.

Visualizemos a 1ª Vaga de Crédito e o que regressa ao sistema ban-


cário.

1.ª VAGA DE CRÉDITO

Reservas Excedentárias = 100


Fuga para Notas = 40

Crédito = 100 Depósitos = 60

Com os 60% que regressam ao Sistema Bancário, teremos:

2.ª VAGA DE CRÉDITO

Depósito Reservas
+ 60 Excedentárias = 54

Fuga = 21,6

Reservas Legais = 6 Crédito = 54 Depósito = 32,4

E poderíamos continuar a retratar as vagas de crédito seguintes.


Podemos, então, concluir que, com uma dada quantidade de moeda,
lançada através do crédito na economia, é possível multiplicar muitas
vezes os meios de pagamento, tantas vezes quanto as Reservas
Legais e as fugas para a circulação o permitirem.

107
Efectivamente, em cada vaga de crédito, parte dos meios de paga-
mento são transformados em depósitos, "fugindo-lhes" outra parte,
que fica em circulação.

Por outro lado, parte dos depósitos fica retida em Reservas Legais
e, conforme a taxa imposta por lei, o restante poderá ser aplicado
em crédito.
A capacidade de concessão de crédito em cada vaga é sempre infe-
rior à anterior, até se extinguir completamente. Vejamos o exemplo
anterior:

Período ΔRx Δ Crédito ΔFuga Δ Depósitos ΔRL


Rx = Reservas Excedentária.
0 100 100 40 60 6
Fuga = Factor preferência 1 54 54 21,6 32,4 3,24
por moeda primária.
2 29,16 29,16 11,66 17,5 1,75
Δ = Delta = letra grega 3 15,75 15,75 6,3 9,45 0,95
que, em matemática, tem o 4 8,5 8,5 3,4 5,1 0,51
significado de acréscimo.
… … … … … …
L
R = Reserva legal. n 217,39 217,39 86,96 130,43 13,04

Conclui-se, pois, que, para um valor inicial de Reservas Excedentárias


de 100, os bancos injectaram muito mais dinheiro na economia do
que as Reservas de onde partiram, criando mais depósitos e pondo
em circulação mais moeda. Ora, acontece que estes dois elementos
são parte integrante da Massa Monetária.

Estamos, assim, perante um processo multiplicador da massa mone-


tária, a partir do qual é possível saber matematicamente o valor
exacto do Multiplicador Monetário (K), que pode ser representado
através da seguinte equação:

em que:
K = valor do multiplicador
C = fuga para a circulação (taxa)
L
R = reservas legais (taxa)

108
Se multiplicarmos o valor K pelo valor das Reservas Excedentárias,
teremos o impacto na Massa Monetária que se obtém pelo aumento
do crédito, ou seja:
O crédito nasce das Reservas Excedentárias (Rx) e estas são,
como o nome indica, o excedente dos Depósitos depois de
subtraídas as Reservas Legais (RL );

Por sua vez, se multiplicarmos K pelas Reservas Excedentárias,


veremos o seu impacto na Massa Monetária (M2), dado que esta
resulta do somatório da Circulação Monetária (C) com os Depósi-
tos à Ordem (DO) e a Prazo (DP).

Vejamos, agora, como aplicar na prática estes princípios, a partir


dos dados do exemplo que temos vindo a utilizar.

Onde:

0,4 = Fuga para a circulação = Factor preferencial por moeda primá-


ria
0,1 = Taxa de Reserva Legal.
Multiplicando K (2,1739) pelas Reservas Excedentárias que tínhamos
* A Massa Monetária
pode também ser
(100), fica:
influenciada pelas
relações da economia
como o exterior.
Superavit na Balança
de Pagamentos tam-
bém provoca o cres-
cimento da Massa Com um crédito de 100, aumentou-se a Massa Monetária (M2 = C +
Monetária. DO + DP) em 217,39.

O multiplicador, na óptica do Banco Central, dá-lhe a possibilidade


de verificar em que medida é que pode influenciar M2, já que o
volume de depósitos aumenta ou diminui, consoante a política de
crédito é expansion-ista ou restritiva.

109
Instrumentos Possíveis e Seu Impacto

O objectivo da Política Monetária aparece ligado ao controlo da


Massa Monetária, sendo esta entendida como o conjunto das dispo-
nibilidades, tanto monetárias como quase-monetárias, emitidas pelo
Sistema Bancário.

A Política Monetária procura actuar fundamentalmente sobre os


determinantes da oferta de moeda, influenciando a capacidade do
sistema bancário para criar liquidez através da concessão de crédi-
to.

Pelas razões apresentadas, pode o Banco Central recorrer a proce-


dimentos para limitar a expansão da Massa Monetária. Assim, fá-lo-á
através:

Da acção sobre a liquidez bancária;


Do controlo directo do crédito bancário.

Acção Sobre a Liquidez Bancária

No âmbito desta acção, são três as políticas possíveis:


Reservas Obrigatórias;
Open market;
Redesconto.

Política de reservas obrigatórias

Inicialmente, a imposição de reservas mínimas de caixa nos bancos


surgiu nos EUA como forma de protecção dos depositantes.

Posteriormente, chegou-se à conclusão de que a manipulação da


Taxa de Reservas Obrigatórias influenciava a capacidade da con-
cessão de crédito pelo bancos. Foi a partir daí que esta começou a
ser utilizada como instrumento de controlo monetário.

Política de Reservas Obrigatórias: traduz-se na obrigatoriedade, imposta pelo


Banco Central, de as instituições de crédito manterem parte dos seus activos em
moeda primária — notas ou depósitos no Banco Central.

110
Suponhamos que as autoridades monetárias aumentam a taxa de
reservas obrigatórias. Que efeitos terá esta medida na economia?

Por um lado, existiria um impacto negativo quanto à capacidade de


concessão de crédito, por parte dos bancos, já que, ao ser-lhes
imposta a imobilização de uma maior quantidade de fundos, diminui-
riam as suas aplicações no mercado.

Por outro lado, todo o processo multiplicador do crédito sobre a


Massa Monetária diminuiria, porque se passaria a injectar no mer-
cado menos moeda que anteriormente.

Se fosse imposta uma Taxa de Reservas Obrigatórias inferior, pas-


sar-se-ia exactamente o inverso.

Estes impactos conjugados poderão levar a que se assista não só a


um efeito em termos de quantidade, mas também a um efeito preço
de crédito, visto que, ao diminuir a possibilidade de concessão de
crédito, este também será mais caro. Aqui está uma das justifica-
ções da subida de taxa de juro em conjunturas que aconselhem res-
trições ao crédito.

O impacto específico sobre cada banco depende do excesso de liqui-


dez (Rx) que cada um possua. Assim, as restrições ao crédito depen-
derão dos aspectos quantitativos da liquidez, isto é, consoante esta
seja maior ou menor.

Política de open market

Em países com um mercado de títulos desenvolvido e dinâmico, esta


é a política mais relevante para o controlo da Massa Monetária.
Se a realidade económica aconselha o Banco Central a desenvolver
uma política mais restritiva, este pode lançar no mercado títulos do
tesouro, por exemplo, no sentido de absorver a liquidez existente.
Esses títulos, ao serem vendidos, levam à contracção da Massa
Monetária e das reservas dos bancos, limitando-lhes por isso a capa-
cidade de concessão de crédito.

Política de open market é o lançamento ou retirada de títulos (normalmente do


Estado) do mercado, no sentido de lhe subtrair ou injectar liquidez.
111
Se, pelo contrário, se pretender um efeito expansionista, o Banco
Central pode recorrer à compra de títulos aos seus possuidores,
fomentando a liquidez e criando condições para que exista uma
expansão do crédito, consequentemente da Massa Monetária, atra-
vés do efeito multiplicador já estudado.

Também aqui poderão surgir efeitos quantidade e preço, que já


estudámos anteriormente.

O efeito quantidade surgirá pelo facto de o Banco Central retirar ou


injectar liquidez na economia e, logicamente, se o Banco Central
comprar títulos, fará com que o seu preço suba no mercado de títu-
los e desça a taxa de juro no mercado monetário, sendo a situação
inversa também verdadeira.

Política de redesconto

Esta política é o mais antigo dos instrumentos que têm sido utiliza-
dos no controlo monetário.
Através do redesconto, as Instituições de Crédito refazem a sua
liquidez, refinanciando-se junto do Banco Central. Para isso, redes-
contam títulos de crédito como letras, livranças e outros efeitos. Os
fundos que obtêm por este meio são aplicados em crédito, cujo
impacto é evidente na Massa Monetária em circulação.

Significa isto que, consoante o Banco Central dificulte ou não o


acesso à sua moeda, assim dificulta ou favorece a expansão do cré-
dito à economia.

Política de redesconto: maiores ou menores dificuldades que o Banco


. Cenntral põe ao redesconto de efeitos, solicitado pelas Instituições
Bancárias.

Quando os Bancos Centrais introduzem alterações na Taxa de


Redesconto, pode concluir-se que as autoridades pretendem alterar
as condições monetárias do momento.

112
Como os bancos se refinanciam junto do Banco Central para aumen-
* Também chamada
Taxa Básica. tar a sua liquidez com vista à concessão de crédito, uma das conse-
quências do aumento da taxa de redesconto* é a deslocação, no
mesmo sentido, da taxa de juro das operações activas.

O Controlo Directo do Crédito Bancário

Em circunstâncias de excesso de liquidez, pode acontecer que os


mecanismos de mercado estudados anteriormente não consigam o
impacto suficiente e necessário para atingir os fins que se preten-
dem.

Para obviar a esta situação, o Banco Central pode recorrer ao con-


trolo directo do crédito bancário, fazendo o seu enquadramento.

Pode definir-se esta política do seguinte modo:

Controlo directo do crédito bancário é a imposição por via administrativa de limi-


tes à expansão de crédito bancário

Este controlo, tal como os anteriores, pode, do lado da oferta de


crédito, dirigir o processo de criação de moeda.

Valorização e Desvalorização - Suas Consequências


Se, num determinado país, as saídas de divisas para o exterior fos-
sem superiores às entradas, gerava-se uma situação deficitária,
havendo necessidade de recorrer às reservas em moeda estrangeira
que tivessem sido amealhadas ao longo do tempo.

Situações há em que os países não possuem essas reservas e, como


tal, não têm meios para fazerem o pagamento das importações.

Haverá, então, um aumentada procura de moeda estrangeira e, como


* Recorde que a
Taxa de Câmbio consequência, a sua cotação süi|irá por excesso de procura. Diría-
é o preço da mos, assim, que a Taxa de Câmbio* da moeda em causa subiu.
moeda de um
país relativa-
mente à de Debrucemo-nos um pouco sobre as implicações deste facto. Para
outro. isso, tomemos como exemplo o Dólar Americano, com a cotação:
1 USD = 7 000 MT

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Suponhamos que a Taxa de Câmbio do Dólar se fixa posteriormente
em:
1 USD = 8 000 MT
Como consequência da alteração do câmbio, o importador nacional
tem de despender mais escudos para comprar os Dólares com os
quais vai pagar as importações. A sua reacção será, então, de
retracção, o que conduzirá a uma dimiuição das importações e será
um facto positivo para o reequilíbrio das contas externas.

Por outro lado, um Dólar, que dantes comprava 7 000 MT de um bem,


passa a comprar 8 000 MT. Como reflexo disto, haverá uma tendên-
cia para o aumento das exportações, já que os produtos nacionais
ficam, comparativamente, mais baratos.

As nossas exportações tornam-se, por este facto, competitivas e


aumentarão contribuindo positivamente papa o reequilíbrio das con-
tas externas.

Este efeitos conjugados contribuem para que se passe de uma situa-


ção deficitária para uma posição de equilíbrio ou de superavit.

Neste caso, apresentamos uma situação bem pouco provável na prá-


tica: não havia inflação. Com o Dólar a valer 8 000 MT, os importa-
dores estrangeiros compram uma maior quantidade de bens.
* Se ambos os
países, importador
e exportador,
tivessem inflação a
desvalorização
deveria ser feita
pelo diferencial
daquelas taxas. Num quadro mais real, ou seja, onde existe inflação, é necessário
que a desvalorização da moeda nacional seja superior à taxa de
inflação, para que as exportações aumentem*.

A conclusão lógica a extrair do que acabamos de dizer é que a mani-


pulação da Taxa de Câmbio pelas autoridades que nesta área supe-
rintendem num dado país pode influenciar as importações e as
exportações, com o objectivo de restabelecer o equilíbrio das con-
tas externas e de defender a posição da sua moeda.

A análise deste problema coloca-nos no âmbito da Política Cambial.

Há duas maneiras de expor a mesma realidade, mas com leituras


diferentes. Por exemplo, quando dizemos que o valor do Dólar em
relação ao MT passou em 5 anos para o dobro, equivale a dizer que o
metical em relação ao Dólar passou para metade, no mesmo período.
114
No primeiro caso, isto é, quando o valor relativo de uma moeda em
comparação com outra aumenta, dizemos que a primeira valorizou.
Quando o valor de uma moeda relativamente a outra diminuiu, dize-
mos que desvalorizou ou depreciou.
Por exemplo, se a baixa dos preços dos produtos exportados, provo-
cada pela desvalorização, não for compensada pelo acréscimo induzi-
do nas quantidades procuradas, isto é, se a procura é rígida, para
utilizarmos uma linguagem já referida anteriormente, quando estu-
damos a elasticidade poderá acontecer que a desvalorização não
provoque o efeito desejado.

Quanto às importações, se estas forem mesmo indispensáveis para o


país, poderá não haver uma diminuição, muito embora a desvaloriza-
ção tenha provocado o encarecimento das mercadorias importadas; o
que irá acontecer é a indução de aumentos na Taxa de Inflação.

Nos casos em que a desvalorização não provoca o efeito desejado,


dizemos que estamos na presença daquilo a que o economista Alfred
Marshall denominou efeitos perversos da desvalorização.

Podemos, então, concluir que o reequilíbrio das contas externas exi-


ge a adopção de um conjunto de medidas no âmbito da Política Eco-
nómica, paralelamente ou não à mudança da paridade monetária, ou
seja, da Taxa de Câmbio.

A conclusão anterior poderá ainda ser alargada se, a par das mudan-
ças da Taxa de Câmbio, se assistir à intervenção da Política Cambial,
embora noutra vertente, como, por exemplo, o ordenamento do
comércio cambial e o controlo e racionamento de divisas, além de
medidas de Política Monetária e Orçamental, entre outras.

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INSTITUTO DE FORMAÇÃO BANCÁRIA
DE MOÇAMBIQUE
(IFBM)

O Instituto de Formação Bancária de Moçambique (IFBM)


é uma instituição que tem por objecto a formação técnico-
profissional através da organização, gestão e realização de
cursos, seminários, estágios e outras actividades afins. O seu
principal objectivo é apoiar a qualificação técnica da popu-
lação bancária. No entanto, o IFBM estende a sua acção no
domínio da formação financeira a instituições e empresas de
outros sectores e a todos os que o procuram a título individ-
ual.

Desde a sua criação em 1994 (Diploma Ministerial Nº 76/94


de 25 de Maio), o IFBM contribuiu para a formação e aper-
feiçoamento de centenas de quadros da banca, um sector
dinâmico e muito competitivo da economia moçambicana, e
de outras empresas e instituições.

A acção do IFBM abrange vários níveis da formação técni-


coprofissional, oferecendo já um conjunto de propostas de
formação diversificada, procurando dessa forma responder
às necessidades dos bancos e dos outros sectores da activi-
dade económica.

Além da clássica formação em sala de aula, com cursos de


curta e média duração, o IFBM privilegia as metodologias
modernas de formação, nomeadamente a Auto-Formação e
o Ensino à Distância (Diploma Ministerial Nº 156/96 de 18
de Dezembro), levando deste modo a formação a todo o ter-
ritório nacional. Na verdade, aposta-se sobretudo no in-
divíduo como agente da sua própria formação, e igualmente
responsável pelo sucesso relativamente aos objectivos pro-
postos pela instituição.

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