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BANCÁRIA
ECONOMIA
1
FICHA TÉCNICA
COORDENAÇÃO
Aurélio Rocha
TEXTO BASE
Dr. Paulo Viana
ADAPTAÇÃO A MOÇAMBIQUE
Núcleo Pedagógico
ADAPTAÇÃO A MOÇAMBIQUE
IFBM - Núcleo Pedagógico
©IFB
Reservados todos os direitos ao IFBM/IFB/ISGB, de acordo com a legislação em vigor.
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer forma ou qualquer
processo, sem autorização prévia e escrita do IFBM/IFB.
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ÍNDICE
Introdução .............................................................................................................................................. 4
A) Conceito de Economia .................................................................................................................. 5
B) Os Agentes Económicos .............................................................................................................. 8
A OFERTA E A PROCURA .................................................................................................................. 14
A) Oferta ............................................................................................................................................ 15
B)Procura ............................................................................................................................................. 21
AS LEIS DA OFERTA E DA PROCURA E A FORMAÇÃO DE PREÇOS .......................................... 25
A) Equilíbrio e Desequilíbrio do Mercado ...................................................................................... 25
B) Alterações das Curvas da Oferta e da Procura ........................................................................ 31
AS FORMAS DE MERCADO ............................................................................................................... 40
A) As Formas de Mercado ............................................................................................................... 41
B) O Mercado de Concorrência Perfeita ........................................................................................ 44
C)O Oligopólio ..................................................................................................................................... 49
D) O Monopólio .................................................................................................................................... 53
A) Medição da Actividade Económica............................................................................................ 55
B) Óptica da Produção ..................................................................................................................... 59
C) Óptica do Rendimento ................................................................................................................ 67
Matriz da Contabilidade Nacional ...................................................................................................... 71
A) BALANÇA DE PAGAMENTOS ....................................................................................................... 75
B) Principais Saldos ......................................................................................................................... 77
C) Mercadorias ..................................................................................................................................... 78
D) Serviços e Rendimentos ................................................................................................................ 82
E) Transferências Unilaterais ............................................................................................................. 83
Movimentos de Capitais ..................................................................................................................... 84
Balança de Pagamentos/Dívida Externa Moçambicana .................................................................. 90
Evolução ............................................................................................................................................... 90
A) Considerações Sobre a Política Económica ............................................................................ 92
B) A Política Orçamental ................................................................................................................. 98
C) A Política Monetária .................................................................................................................. 102
A massa monetária ............................................................................................................................ 104
3
ECONOMIA
Introdução
A Economia é uma ciência saciai que estuda a utilização a actividade económica de
uma dada sociedade e a utilização do seus recursos para alcançar determinados
fins. Neste Módulo irá ficar conhecer a Economia como ciência e o seu papel na
sociedade actual.
Objectivos
Plano Temático
1. Economia, Agentes Económicos e Formação de Preços
2. Fundamentos da Oferta e da procura e formas de Mercado
3. Noções de Política Económica
4. Processos de Integração Económica e Organizações Económicas Interna-
cionais.
4
A) Conceito de Economia
Vamos começar por lhe apresenta o Sr. Juma e a Sra. D. Alice bancários
da agência de Manica, do Banco Moçambicano.
D. Alice:
Está a ver, Sr. Juma? É isto que eu não entendo! A verba para a Educa-
ção...
Sr. Juma:
Acho que são opções económicas, Alice. Deve depender dos sectores de
actividade do nosso país que o Governo quer desenvolver
Sr. Alice:
Sr. Juma:
não tenho a certeza, mas penso que os economistas têm aí um papel impor-
tante.
5
O nosso bancário tem razão, a Economia é, como você vai ter opor-
tunidade de verificar ao longo desta cadeira, a ciência que estuda a
utilização a fazer dos recursos de um país, de uma empresa ou de
uma família, ou melhor:
Economia: é a ciência social que estuda a utilização que preferimos dar aos recur-
sos produtivos escassos, com empregos alternativos, para alcanças, damelhor for-
ma, determinados fins.
6
Entre a micro e a macro-economia não existem compartimentos
estanques, mas sim complementares. O mesmo acontece com quase
todas as grandezas económicas. Por exemplo: a produção nacional
influencia o volume de emprego, que, por sua vez, influencia o rendi-
mento das famílias.
Tal como em sua casa você e a sua família escolhem como vão utilizar
os recursos de que dispõem (o seu ordenado e o da sua esposa) e
definem prioridades para um mês ou para um ano:
7
Em Economia os Recursos São Escassos...
B) Os Agentes Económicos
Desde sempre, o homem viveu acompanhado, formando grupos diver-
sos, cada qual com a sua finalidade. Assim, o homem, para além de
ser membro de uma família, poderá ser sócio de um grupo desporti-
vo, membro duma comunidade religiosa, trabalhador de uma empre-
sa, cidadão de um país, etc.
A Família
8
A evolução das relações de produção, a complexidade crescente das
relações económicas, a criação de novas necessidades e o modo de as
satisfazer vieram propor à Economia novas áreas de preocupação, na
tentativa de dar resposta a quatro questões básicas:
A Empresa
9
É um circuito económico bastante simplificado, no qual um grupo de
agentes económicos - as empresas - tem a seu cargo a produção (de
* Nota: os con-
ceitos de produ- bens ou serviços) e o outro - as famílias - constitui a esfera do con-
ção e consumo
sumo*.
vão ser tratados
na Sessão 2, li-
gados à oferta e Com o aparecimento da moeda, as relações entre estes dois grupos
à procura.
de agentes económicos tomam nova forma e as trocas entre eles
passam a ser representadas por um novo fluxo, de sentido contrário,
que é a tradução monetária do fluxo inicial.
Podemos defmir:
O Banco
10
Embora sendo empresas, os bancos têm uma particularidade impor-
tante, que é servirem de intermediários na canalização de dinheiro
dos agentes económicos que o têm em excesso para os que têm
falta dele.
* Os sectores
primário, A banca contribui, assim, para o incremento dos vários sectores da
secundário e actividade económica* - primário, secundário e terciário - através,
terciário vão
ser necessários por exemplo, da concessão de ciédito e da prestação de serviços às
ao estudo da empresas e aos restantes agentes económicos.
Unidade III,
Sessão 6.
O Estado
Em determinada fase do desenvolvimento histérico, surge um novo
agente económico com características totalmente diversas dos
outros agentes e com funções muito especiiicas no seic do circuito
econémico, social e politico — o Estado — que esta relacionado com
os restantes agentes económicos, pelas funções que desempenha no
circuito económico, e que são as três que se seguem:
O Exterior
Para que o nosso circuito económico fique completo, há, pois, que
introduzir um novo agente económico - o Exterior - relacionado,
directa ou indirectamente, com todos os agentes económicos inter-
nos.
12
Por exterior entende-se todos os países* com os quais se mantêm
relações económicas.
Este relacionamento surge com a circulação de bens, serviços e capi-
* Potencialmente,
podem ser todos
tais entre uns e outros, o que, cada vez mais, é condição fundamen-
os países. tal para o funcionamento do aparelho produtivo. O exterior tem uma
importância cada vez maior na economia de um país, devido à cres-
cente internacionalização das economias.
13
A OFERTA E A PROCURA
Introdução
Nesta Sessão você encontrará os seguintes tópicos:
A) Oferta
Definição
Oferta Individual e Global Curva da Oferta
B) Procura
Definição
Procura Individual e Global
Curva da Procura
Objectivo
14
A) Oferta
Definição
E falamos de:
* Em Economia,
quando falamos
unicamente de Oferta global*: quando um conjunto de agentes económicos está disposto a ven-
oferta, referi- der bens ou serviços.
mo-nos a oferta
global.
15
Por exemplo, se todos os bancos - por hipótese - estiverem dispos-
tos a vender um serviço de guarda de valores.
Curva da Oferta
16
Retomando o nosso exemplo:
1.ª Situação: preço = 50 Meticais
Quantidade = 1 000 clientes
Não são muitos, mas ele está a pensar criar mais, pois estão a vender-se
por bom preço. E, já se sabe, quanto mais se ganha, mais apetece ganhar.
Podemos enunciar uma lei geral para a oferta, que relaciona as quan-
tidades de bens ou serviços oferecidos (qk) com os preços respecti-
vos (pk) e que diz o seguinte:
17
S
e
g
u
n
d
o
e
s
t
a
l
e
i
, a um certo preço, p1, os vendedores estão dispostos a vender
determinada quantidade, q1.
Vamos ver como é que esta lei funciona, na prática, com a ajuda de
um pequeno exemplo.
1.ª SITUAÇÃO
O Banco Moçambicano está disposto a oferecer aos seus clientes um serviço de
transferência bancária que lhes permita pagar, facilmente, o seguro do seu auto-
móvel.
Decidiu, para seleccionar clientes, fazer pagar esse serviço a 50 Meticais, com a
previsão de atender 1 000 clientes.
18
Verificada esta 1.ª situação, o serviço é lançado no mercado. E, aqui,
podem surgir duas situações alternativas.
Definimos:
Portanto:
* Quando em
Economia fala-
Procura gloral*: quando se verifica uma disposição de compra de um bem ou servi-
mos unicamente ço por parte de um conjunto de entidades.
de procura,
referimo-nos a
procura global.
Por exemplo, falaríamos de procura global se todos os bancos do país
estivessem interessados na compra do mesmo tipo de computador.
21
Curva da Procura
22
Esta é a nossa 1.ª Situação. Perante ela, duas situações se podem
dar no mercado:
2ª SITUAÇÃO 3ª SITUAÇÃO
Tendo em conta o número de clientes Se, pelo contrário, o Banco Moçambi-
interessados, o Banco Moçambicano cano baixar o preço do serviço para 40
pensou que podia aumentar o preço do MT, o número de clientes dispostos a
serviço para 70 MT, sem baixar a venda. comprar o serviço vai certamente
aumentar. Suponha que aumenta para 1
Mas, evidentemente, o número de cli-
000.
entes dispostos a pagar um preço mais
elevado é menor. Então, a quantidade de
pedidos de transferência baixou para
600.
Seguindo o exemplo:
23
3.ªSituação: preço = 40 Meticais Quantidade = 1 000 clientes
24
AS LEIS DA OFERTA E DA PROCURA E A FORMAÇÃO DE PREÇOS
Introdução
Nesta Sessão você encontrará os seguintes tópicos:
- Alterações da Oferta
- Alterações da Procura
- Alterações Simultâneas da Oferta e da Procura
objectivo
25
D. Rosa (vendedora de legumes):
D. Rosa:
ASO MT, Sra. D. Alice. Sra. D. Alice:
Eu queria duas alfaces, mas a 30 MT só levo uma. Estão caras, não
estão?
D. Rosa:
Bom, se quer comprar duas, eu faço-lhe a 27 MT. Sra. D. Alice:
Assim, já levo as duas. Obrigada, D. Rosa.
26
Por outro lado, o cliente que deposita as suas acções no seu Banco e
o que abre uma "Conta-Reforma" são compradores reais desses ser-
viços prestados pelo Banco.
Então...
Equilíbrio do Mercado
27
Você verifica que existe um ponto de cruzamento das duas linhas. E o pon-
to que corresponde à concordância, entre vendedores e compradores,
quanto ao preço a praticar no mercado e às quantidades a
Desequilíbrio do Mercado
28
Como vê no gráfico, não existe concordância de opiniões, entre ven-
dedores e compradores, quanto às quantidades oferecidas e procu-
radas para determinado preço. Isso significa que não existe ponto
de equilíbrio no mercado, ou seja, que o mercado está em desequilí-
brio - no exemplo com excedente.
29
Ora, estamos perante uma situação de desequilíbrio do mercado.
30
Como estas cedências não foram suficientes para se adquirir o equilíbrio do mer-
cado, vendedores e compradores vão ter de ceder um pouco mais até se atingir,
finalmente, o ponto de equilíbrio. E a situação altera-se para:
Sr. Juma:
Sr. Chipene:
31
Como este, outros factores fazem variar as condições da oferta
e da procura:
32
Alterações da Oferta
* Numa oferta Veja um exemplo do seu quotidiano: uma curva de oferta de crédi-
de crédito, o to*.
preço (p) é a
taxa de juro a
quantidade (q)
é o volume de
crédito conce-
dido pelo ban-
co.
33
O montante global disponível pêlos Bancos para concessão de crédito
é um factor que, sendo exterior à nossa curva, a altera completa-
mente, pois, para cada p1, p2 e p3, a quantidade de crédito ofereci-
da passou a ser superior.
34
Se acontecer um aumento da oferta do nível Si para 82, significa
que os vendedores estão dispostos a vender mais, ao mesmo preço.
Mas, como a procura se mantém, o novo preço de equilíbrio será
encontrado através de um preço mais baixo, mas com mais quantida-
des transaccionadas.
Esta análise poderia também ser feita para uma diminuição da ofer-
ta e poderá elaborar-se uma lei geral de mercado sobre as variações
da oferta e suas consequências:
35
A um aumento da oferta, mantendo-se a procura constante, corresponde uma bai-
xa do preço e um aumento das quantidades transaccionadas.
Alterações da Procura
36
Suponha que surgiu a oportunidade de compra de um terreno:
37
Consequências no equilíbrio do mercado
O novo preço do mercado será mais baixo, como consequência de um menor dese-
jo de compra. Mas, a um preço mais baixo, os vendedores estão dispostos a ven-
der uma menor quantidade.
38
Alterações Simultâneas da Oferta e da Procura
Vai ver, agora, quais são as leis de mercado para as variações simul-
tâneas da oferta e da procura.
Quanto às quantidades
39
AS FORMAS DE MERCADO
Uma vez na posse de instrumentos e conceitos considerados funda-
mentais para a análise dos mecanismos da oferta e da procura,
vamos, nesta Sessão, abordar as diversas formas de mercado.
A) As Formas de Mercado
2. Oligopólio
Caracterização e Pressupos
A Formação dos Preços
3. O Monopólio
Caracterização e Pressuposto
O Equilíbrio de Produtor
Objectivo
40
A) As Formas de Mercado
O Sr. Saíde e o Sr. Rungo são dois quadros bancários bastante conceitua-
dos; todavia, não estão muito familiarizados com a problemática da forma-
ção de preços. Este facto advém de, até há relativamente pouco tempo, os
bancos em Moçambique pertencerem quase na totalidade ao sector público.
Havia, portanto, um monopólio estatal que, por ausência de concorrentes,
não via necessidade de lançar novos produtos no mercado.
O Sr. Saíde e o Sr. Rungo participam, em, regime pós-laboral, num seminá-
rio cujo tema é "As Formas de Mercado". A sua primeira tarefa, ao nível
do grupo de trabalho a que pertencem, foi caracterizar, do ponto de vista
macro e micro-económico, a EDP -, Electricidade de Portugal, através da
análise de um recorte de jornal.
41
D
o artigo ressaltam, de imediato, três ideias-chave:
A EDP é uma das maiores empresas mundiais, num país não só
pequeno, como também em vias de desenvolvimento, situação esta
geradora de um mercado do tipo monopolista.
A crescente solicitação de muitos empresários para participarem na
produção de energia eléctrica, o que coloca o problema da concor-
rência.
A EDP, em 1987, apresentou um prejuízo da ordem dos 5,8 milhões
de contos, que, no dizer dos analistas, se prende com os investimen-
tos que foramfeitos e com a sua consequente amortização, o que
estará indissoluvelmente ligado ao binómio custos de produ-
ção/preços de mercado.
Em qualquer estudo sobre a formação dos preços, é normal fazer
uma reflexão sobre as condições em que se processa a oferta e a
procura.
42
Na verdade, a concorrência perfeita não existe enquanto tal; toda-
via, o seu estudo justifica-se por esta situação ideal representar um
ponto de referência, a partir do qual é possível avaliar os diferentes
desvios da realidade económica.
Situações de Concorrência
Mercado pura
ou Monopólio Oligopólio
Características perfeita
O Equilíbrio do Produtor
45
Se, para a empresa, o preço é apenas um dado, como fará ela os
ajustamentos de quantidade?
46
Facilmente se compreende que, quanto mais leve for a estrutura de custos
da empresa, maiores serão os seus lucros, o que, traduzido de forma gráfi-
ca, fará aumentar cada vez mais o rectângulo sombreado.
47
Repare como o lucro diminui quando, no gráfico, a parte sombreada a
claro passa para um sombreado a escuro.
Equilíbrio da Oferta
p = CM = Cm (mínimo)
48
Torna-se compreensível que esta análise faça sentido apenas no lon-
go prazo, já que as deslocações da curva da oferta não se processam
de forma imediata. Isto porque entre a atracção dos empresários a
um sector e a concretização da produção respectiva medeia um pra-
zo mais ou menos longo.
C)O Oligopólio
Quando falamos em Oligopólio, temos em mente uma forma de mer-
cado caracterizada por um reduzido número de grandes empresas,
que oferecem um determinado produto a um grande número de con-
sumidores.
A situação de oferta, neste caso, coloca empresas de considerável
dimensão a concorrerem entre si.
Poderíamos ser levados a pensar que o confronto destas empresas
no mercado levaria a autênticas guerras de preços para exclusão dos
concorrentes. Tal não é, no entanto, a forma tradicional nem conve-
niente de concorrência entre os oligopolistas, até porque acordos,
mais ou menos tácitos, costumam imperar em muitos casos.
49
Caracterização e Pressupostos
Produtos diferenciados -
* Por sucedâneo, cada empresa concorre no mercado tentando impor os seus
entende-se produtos
que são susceptíveis produtos substitutos ou sucedâneos*, de forma aultrapassar
de ser utilizados em os seus mais directos competidores, essencialmenteatravés
vez de outros, ainda
que permitindo um da sua imagem de marca;
menor grau de satis- Barreiras à entrada - pode haver dificuldade de penetração
fação. Por exemplo,
substituir a manteiga de novos concorrentes no mercado;
pela margarina. Concorrência dirigida - aos preços e a zonas de mercado,
fundamentalmente através da publicidade;
Interdependência de decisões - em relação às restantes
empresas oligopolistas.
50
A curva de vendas quebrada
51
Como pode observar no esquema acima representado, a subida de
preço de pe para p1 leva a uma quebra da quantidade procurada (no
ponto E), ou seja, de qe para q1, quantidade esta muito maior que o
ganho obtido quando o preço desce de pe para p2.
No mercado oligopolista, como a fixação dos preços passa à margem dos meca-
nismos da oferta e da procura, no seu estado puro, não funciona a regra por nós
já estudada, verificando-se em sua substituição:
52
D) O Monopólio
Caracterização e Pressupostos
O Equilíbrio do Produtor
Analisando o monopólio nas suas diferentes fases, não é difícil con-
cluir que existe, por parte das empresas que funcionam de acordo
com esta forma de mercado, um considerável grau de controlo sobre
os preços.
53
Em monopólio, a curva da procura inclina-se para baixo: à medida
que se aumentam as quantidades (q) que são oferecidas, força-se a
descida do preço (p).Antes de prosseguirmos, um reparo. Em con-
corrência perfeita, o acréscimo da receita que o produtor tem por
cada unidade que produz a mais - a Receita Marginal (RM) - é igual
exactamente ao preço do bem (lembre-se que o produtor não tem
de baixar o preço para vender uma unidade adicional -"curva da
procura horizontal").
p>RM
54
A
s
ituação de equilíbrio (onde o lucro é máximo) é dada pelo ponto a,
onde o CM intersecta a RM. O preço situa-se em c, acima de a. A
distância cB dá-nos o lucro por unidade, e a área do rectângulo res-
pectivo, o lucro total. Temos, pois, um preço superior ao Custo Mar-
ginal, gerando ineficiência económica.
55
Sr. Rungo:
56
Sr. Chipene:
E reparo que as despesas correntes ultrapassaram em 500 000 MT
os gastos previstos no orçamento mensal.
Sr. Rungo:
É verdade, sr. Chipene. Isto não está famoso! Sr. Chipene:
Não está mesmo! Se nós fôssemos uma empresa autónoma, por este
andar, qualquer dia estaríamos em sérias dificuldades para pagar
aos nossos colaboradores e no fim do ano, provavelmente, não pode-
ríamos distribuir dividendos aos accionistas.
57
Sistematizando:
58
B) Óptica da Produção
A primeira que lhe vamos apresentar é a óptica da produção. Segun-
do esta óptica, conseguimos medir a actividade de um país a partir
do que ele produz. Cada empresa tem a sua produção própria. Por
exemplo: a nossa agência de Manica presta serviços e a empresa
Rainha Confecções, Lda. produz pronto-a-vestir.
59
Veja o que são produtos finais e produtos intermédios, para cada um
dos três sectores da actividade económica.
SECTOR
PRIMÁRIO
SECTOR
SECUNDÁRIO
SECTOR
TERCIÁRIO
60
Imagine a Cooperativa "X", do sector primário, que fez a sua colhei-
ta de feijão e a vende à Empresa "Y" por 5 000 MT.
"X" — 5 000 MT
"X" — 5 000 MT
"X" — 5 000 MT
61
Método dos Valores Acrescentados
A dificuldade que acabámos de apontar, e outras, levaram à criação
de uma outra forma de medir a produção de um país, que é o:
VALOR ACRES-
EMPRESA COMPRA VENDA CENTADO
62
Deste quadro, você pode concluir que o sector com maior contribui-
ção para a produção nacional foi o secundário, no que respeita a esta
produção específica. É possível ainda aumentar o nível de análise e
fazer o mesmo estudo para os sub-sectores (agricultura, têxtil,
Banca, etc.), dentro de cada sector.
64
Conclusão: Os 20 milhões de maços de cigarros podem, portanto,
entrar no Produto Interno avaliados sob dois critérios. Ambos os
valores exprimem a mesma quantidade física de bens e serviços; a
diferença reside apenas na existência de impostos indirectos.
* Não estamos Se uma máquina durar 10 anos, devemos amortizar, por ano, 10 % do
aqui a contabilizar seu custo, de forma a que, no fim do seu período de vida útil, se pos-
a inflação porque,
se o fizéssemos, o sa comprar outra máquina para substituir a primeira*.
valor a amortizar
teria de ser supe- Assim, retirando o valor das amortizações ao PIB, obtemos o Produ-
rior.
to Interno Líquido (PIL).
Este valor pode ser encontrado, quer a partir do PIBpm, quer a par-
tir do PIBcf. Isto porque você pode estar interessado em conhecer
o valor de um produto, descontando as amortizações, mas tendo em
conta os impostos e os subsídios. Daqui você pode obter, então, dois
* Produto Inter- valores:
no Líquido a
preços de mer-
cado. PIBpm – Amortizações = PILpm*
* Produto Inter- PIBcf – Amortizações = PIL cf*
no Líquido ao
custo de facto-
res. Produto Nacional
65
Como verá mais adiante (Sessão 7), entende-se por não residentes
todos os agentes económicos cuja actividade está sob o controlo do
Exterior.
Produto Nacional são os valores dos produtos realizados apenas por agentes eco-
* No país ou
nómicos nacionais*, independentemente da sua localização.
no Exterior.
PI + Rx – Px = PN
PNBpm
PNBcf
PNLpm
PNLcf
66
C) Óptica do Rendimento
Uma outra forma de medir a actividade económica de um país é
através da análise da distribuição dos seus rendimentos.
O que você acabou de ver (para além de ter sido um caso completa-
mente fictício) foi o cálculo deste rendimento, feito segundo uma
classificação possível - o tipo de rendimento. Mas existem outras
formas de calcular o rendimento nacional. Uma delas é a classifica-
ção por grupos socioeconómicos:
Agricultores;
Rendeiros;
Empresários;
Empregados;
Cooperantes;
Patrões.
Poderíamos continuar com esta lista, se ela não fosse tão extensa.
Assim, limitamo-nos a fornecer-lhe alguns exemplos.
68
D) Óptica da Despesa
Neste momento, você já viu como se pode calcular a actividade econó-
mica de um País através do cálculo da sua produção - Produto Interno
ou Nacional ou através do seu rendimento - Rendimento Nacional.
Como você bem sabe, nada se faz sem gastos, sem despesas. Assim,
nenhuma contabilidade, incluindo a Contabilidade Nacional, se faz sem a
contabilização das despesas. No caso da Contabilidade Nacional - a
Despesa Nacional.
D. Alice:
É uma despesa muito grande, Sr. Juma. O começo das
aulas é uma sobrecarga no orçamento familiar. Já não
bastavam as despesas com a manutenção da casa - a ren-
da, a luz, o telefone, as despesas com a alimentação, as
despesas com o carro, as despesas com a roupa, as des-
pesas com as crianças - e, agora, ainda mais as matrícu-
las, os livros, os cadernos...
Sr. Juma:
=
É verdade! Eu estou com o mesmo problema. São muitas
DESPESA
NACIONAL
despesas juntas.
69
Como se vê, a Despesa Nacional vai tentar explicar como é gasto
aquilo que se produziu. Neste sentido, as despesas podem ser feitas
em:
DN = C + G + I + Im + Rx - Px
70
Matriz da Contabilidade Nacional
Até aqui, você estudou como se calculam as três ópticas de medição
da actividade económica e chegou a três conceitos ou, se quiser,
valores:
Produto Nacional;
Rendimento Nacional;
Despesa Nacional.
Considere:
Subsídios às empresas 0
Rx- Px - 2 500 MT
71
Do quadro apresentado, você pode concluir que, para chegar ao valor
da actividade económica de um país, pode utilizar qualquer uma des-
tas duas ópticas - da produção ou do rendimento -, pois o resultado
obtido é idêntico.
72
A Matriz de Input-Output mais não é do que um quadro de duas
entradas, como o que lhe mostramos seguidamente, onde nas linhas e
nas colunas se inscrevem os diversos ramos da produção.
73
Vamos dar-lhe um pequeno exemplo.
Importou 2,8
74
Depois do exemplo e findo o estudo deste ponto, você ficou, com
certeza, ciente da importância das matrizes da Contabilidade Nacio-
nal, sobretudo para:
Perceber a interdependência entre os diferentes sectores;
A) BALANÇA DE PAGAMENTOS
Principais Transacções
Atente neste diálogo entre o Sr. Juma e a avô, durante um debate televi-
sivo sobre a situação económica nacional.
Ó Juma, o nosso país está assim tão mal como os fulanos do debate
querem fazer crer?
Não, avó, não é bem isso. Eles
estão a dizer que temos comprado mais coisas ao estrangeiro do
que aquelas que temos vendido para lá. Por exemplo, se eu quisesse
comprar um fato de treino de boa qualidade, provavelmente com-
praria um de marca estrangeira; no entanto, um italiano comporia o
fato em questão no seu próprio país, pois sabe que a Itália produz
artigos de desporto de grande qualidade.
Então, e qual é o problema de comprarmos produtos estrangeiros?
É exactamente, por essa razão que nós devemos multo dinheiro aos
outros países. Um fato de treino hoje, um carro ou um perfume
amanhã, faz com que as compras ao estrangeiro tenham um volume
muito superior as vendas para o Exterior, isto é, compramos mais
do que vendemos.
Mas eles dizem que a nossa balança estámá!
Pois dizem, porque, em linguagem económica, Balança de Pagamentos
significa colocar num dos pratos o que pagamos ao estrangeiro e, no
outro, o que recebemos dele.
Então, o prato mais pesado é o dos pagamentos ao estrangeiro, não
é verdade?
É isso mesmo, avô.
75
O Sr. Juma conseguiu, assim, dar uma ideia vaga sobre o que se deve
entender por Balança de Pagamentos – a avô, possivelmente, dar-se-
ia por satisfeita -, mas você precisa de saber muito mais...
Residentes e Não-Residentes
Não-Residentes são todos os agentes económicos cuja actividade está sob o con-
trolo do Exterior.
Principais Transacções
Transacções económicas são aquelas em uqe um agente económico fornece a outro
* Por bens enten-
de-se, por exem- determinados bens* ou serviços*.
plo, as matérias-
primas, os produ-
tos alimentares, as As transacções de bens e serviços podem ser efectuadas a pronto
fontes energéticas,
etc. ou a crédito, sendo estes produtos transaccionados por troca de
divisas.
* Por serviços
entende-se os Por vezes, existem transacções em que os bens ou serviços são for-
seguros, o trans-
porte de mercado- necidos sem qualquer contrapartida. É o caso das remessas dos emi-
rias, etc. grantes, das ajudas militares ou dos auxílios sob a forma de dádivas,
em caso de catástrofes.
76
Das várias transacções possíveis entre residentes e não-residentes, destacamos
as principais:
Balança de Pagamentos
B) Principais Saldos
Já viu que a Balança de Pagamentos representa a contabilização, e o
respectivo registo, das transacções económicas de um país com o
Exterior.
77
Este registo é feito através de quatro grupos de operações com o
Exterior:
Mercadorias;
Serviços e rendimentos;
Transferências unilaterais;
Movimentos de capitais.
C) Mercadorias
Neste grupo, são registados os movimentos de mercadorias do país
com o Exterior - exportações e importações
78
A Balança Comercial Moçambicana tem sido ao longo dos anos, estru-
turalmente deficitária, significando que o sector exportador não
tem tido capacidade de crescimento suficiente para contrabalançar
o crescente aumento do volume das exportações.
A contínua situação de guerra vivida em Moçambique tem levado a
que a produção e consequentemente as exportações sejam seria-
mente afectadas (ver gráfico 1).
79
QUADRO 1
PRINCIPAIS PRODUTOS EXPORTADOS
Tx. Cresc.
Produtos 1985 1986 987 1988 1989 1990 (1990/85)
80
QUADRO 2
PRINCIPAIS PRODUTOS IMPORTADOS
Tx. Cresc.
Produtos 985 1986 1987 1988 1989 (1989/85)
Tx. Cresc.
1985 1986 1987 1988 1989 1990 (1990/85)
D) Serviços e Rendimentos
Neste grupo, são registados os movimentos dos serviços e dos ren-
dimentos com o exterior.
* «Royaltie» é
o custo de uma
Se ao saldo da Balança Comercial juntarmos o saldo dos serviços
licença para
exploração de (prestados e utilizados), entre os quais são de referir os fretes e
inventos ou de
seguros, o turismo, o pagamento de "royalties"*, os rendimentos de
processos de
fabrico. capitais, obtemos a Balança de Bens, Serviços e Rendimentos.
Exportações de Mercadorias
- Importações de Mercadorias
= BALANÇA COMERCIAL
+ Saldo de Serviços e Rendimentos
= BALANÇA DE BENS, SERVIÇOS E RENDIMENTOS
82
Fluxos das Operações de Serviços e Rendimentos
E) Transferências Unilaterais
Neste grupo, são registados os movimentos sem contrapartida, ou
* Nestes casos,
a rubrica de seja, o fluxo num sentido não tem que ser compensado por um fluxo
compensação é
de sentido contrário*.
"transferências"
Exportações de Mercadorias
- Importações de Mercadorias
= BALANÇA COMERCIAL
+ Saldo de serviços e rendimentos
= BALANÇA DE BENS, SERVIÇOS E RENDIMENTOS
+ Saldo de transferências unilaterais
= BALANÇA DE TRANSACÇÕES CORRENTES
83
Este saldo é o mais significativo da Balança de Pagamentos e traduz,
mais que qualquer outro, a situação de uma economia perante o
Exterior.
Movimentos de Capitais
O último grupo de operações que integram a Balança de Pagamentos
é o da movimentação de capitais com o Exterior.
Investimentos estrangeiros;
Empréstimos contraídos no estrangeiro por agentes económi-
cos internos.
84
Exportações de Mercadorias
- Importações de Mercadorias
= BALANÇA COMERCIAL
+ Saldo de Serviços e Rendimentos
BALANÇA DE BENS, SERVIÇOS E RENDIMENTOS
+ Saldo de Transferências Unilaterais
= BALANÇA DE TRANSACÇÕES CORRENTES
+ Movimentos de Capitais a Longo Prazo
= BALANÇA BÁSICA
Curto Prazo
Os movimentos de capitais de curto prazo são, principalmente, cons-
tituídos por créditos comerciais (diferimento na liquidação de movi-
mentos de mer cadorias).
Exportações de Mercadorias
- Importações de Mercadorias
= BALANÇA COMERCIAL
+ Saldo de Serviços e Rendimentos
= BALANÇA DE BENS, SERVIÇOS E RENDIMENTOS
+ Saldo de Transferências Unilaterais
= BALANÇA DE TRANSACÇÕES CORRENTES
+ Movimentos de Capitais a Médio/Longo Prazo
= BALANÇA
+ Movimentos de Capitais a Curto Prazo
= BALANÇA DE OPERAÇÕES NÃO MONETÁRIAS
85
Como vê, a Balança de Operações Não Monetárias é a soma da
Balança de Transacções Correntes com os capitais a médio e longo
prazo (Balança Básica) mais os capitais a curto prazo.
Podemos, pois, traçar aqui uma linha imaginária, acima da qual ficam
registadas as operações dos agentes económicos e abaixo da qual
fica registada a forma como as autoridades monetárias (Min. Finan-
ças e Banco Central) e as outras instituições monetárias vão equili-
brar o défice ou o superavit, originado acima dessa linha. Em caso
de:
86
O Défice
Exportações
— Importações
= BALANÇA COMERCIAL
+ Saldo de Serviços e Rendimentos
= BALANÇA DE BENS, SERVIÇOS E RENDIMENTOS
+ Saldo de Transferências Unilaterais
= BALANÇA DE TRANSACÇÕES CORRENTES
+ Movimentos de Capitais a Médio/Longo Prazo
= BALANÇA BÁSICA
+ Movimentos de Capitais a Curto Prazo
= BALANÇA DE OPERAÇÕES NÃO MONETÁRIAS
Linha
Imaginária
87
Balança de operações monetárias
O crédito do FMI
Exportações
- Importações
= BALANÇA COMERCIAL
+ Saldo de Serviços e Rendimentos
= BALANÇA DE BENS, SERVIÇOS E RENDIMENTOS
+ Saldo de Transferências Unilaterais
= BALANÇA DE TRANSACÇÕES COMERCIAIS
+ Movimentos de Capitais a Médio/Longo Prazo
= BALANÇA BÁSICA
+ Movimentos de Capitais a Curto Prazo
= BALANÇA DE OPERAÇÕES NÃO MONETÁRIAS
Linha
Imaginária
88
Face a um défice externo, podem as autoridades assumir as quatro
seguintes atitudes:
Corrigir;
Financiar;
Compensar;
Liquidar.
A correcção do défice
O financiamento do défice
89
Esta forma de enfrentar o défice consiste na realização de opera-
ções de capital por parte dos agentes autónomos (não monetá-
rios). Estas operações podem ser de dois tipos:
Empréstimos externos, que significam sempre um endivida-
mento do país face ao Exterior;
Investimentos estrangeiros, que, desde que devidamente
acautelados os interesses nacionais, podem revelar-se vanta-
josos e traduzem-se, para além da entrada de divisas, na cria-
ção de emprego, transferência de tecnologia e «know-how».
A liquidação do défice
A liquidação do défice consiste, como o nome indica, no seu paga-
mento através da venda de ouro ou divisas.
90
No entanto, o peso da dívida externa tem vindo a ser aliviado por
reescalonamentos e/ou cancelamentos da dívida. Em finais de 1986 a
dívida externa era de 3,5 biliões de USD, sendo 1/3 de países da
OCDE, 1/3 de países de Leste e 1/3 de instituições internacionais e
outros países desenvolvidos. Na sequência dos acordos de Londres e
Paris em 1987, foi reescalonada a dívida, de 979 milhões de USD de
países ocidentais e bancos privados, no que foi considerada na altura
"uma concessão sem precedentes", tornando-a pagável em 20 anos,
com um período de carência de 10 anos e com taxas de juro inferio-
res a 2%. Seguiram-se idênticos acordos bilaterais, inclusive com
países do Leste.
QUADRO 3
POSIÇÃO DA BALANÇA DE PAGAMENTOS, 1985 - 1990
91
A) Considerações Sobre a Política Económica
Vamos começar esta Sessão fazendo algumas breves considerações
sobre a Política Económica.
Uma primeira questão tem a ver, concrctamentc, com a dclïnicão de
Política Económica: como surgiu e o que e, na realidade?
92
Quando existe um problema grave de desemprego, o Estado pode,
por exemplo, intervir fazendo baixar a taxa de juro, no sentido de
aumentar o investimento (medida de Política Monetária) ou, então,
elevar o montante das transferências e subsídios para as empresas,
no sentido de manter os postos de trabalho (medida de Política
Orçamental).
Retrospectiva Histórica
I WANTS A JOB
Foi com Keynes que se iniciou a era da Macroeconomia, já que foi ele
o introdutor dos grandes agregados económicos que conhecemos
por: investimento (I), poupança (S), consumo (C), entre outros.
Óptica Conjuntural
Óptica Estrutural
95
Sr. Juma:
... tudo isto aconteceu porque a minha casa é antiga e os canos
estão velhos, mas agora já está tudo resolvido.
D. Alice:
Olhe que talvez não este/a, Sr. Juma. Se o prédio é antigo, como
você diz, é natural que, mais tarde ou mais cedo, uocê uoïte a ter
problemas com os canos. No seu lugar, eu começaria a pensar em
substituir toda a canalização.
Sr. Juma:
Pois é... Talvez tenha razão, D. Alice. Tenho de pensar nisso.
96
É importante ter em conta que, perante a gravidade de determina-
dos problemas, têm de ser tomadas medidas de âmbito conjuntural,
embora enquadradas num conjunto de medidas que visem resolver
estruturalmente os problemas e não, apenas, remediá-los.
97
B) A Política Orçamental
Pela definição, facilmente se deduz que a Política Orçamental estuda
os processos de intervenção e financiamento do Estado.
Resenha Histórica
Historicamente, esta intervenção nunca se processou da mesma
forma.
O Estado Liberal (séc. XIX e início do séc. XX), advogando o princí-
pio do liberalismo económico, defendia a privatização total da eco-
nomia e, como tal, abstinha-se de participar em actos a ela ligados.
Daí a existência de um Sector Público reduzido, como resultado da
neutralidade das finanças públicas.
Esta exclusão do Estado não era, no entanto, total, uma vez que ele
tinha certas funções a cumprir, embora de natureza muito limitada e
em sectores não concorrenciais com o sector privado. À partida,
essa função resumia-se à criação de condições para que a iniciativa
privada funcionasse de forma mais satisfatória: construção de
estradas, pontes, defesa nacional, etc.
98
Elementos do Orçamento
Vejamos agora, com maior detalhe, o que significa cada uma destas
divisões dos efeitos económicos.
99
Efeito económico de acordo com o volume das despesas
públicas
100
Despesas, cujo impacto se verifica predomi- Despesas com impacto no investimento pro-
nantemente no consumo final. dutivo.
101
Para além do financiamento em termos de impostos, o Estado pode
recorrer ao crédito junto do público, cujo impacto económico é evi-
dente, dada a mobilização de poupanças que origina.
Este recurso ao crédito por parte do Estado poderá originar:
C) A Política Monetária
É, sem dúvida, este o ramo da Política Económica com o qual você,
como bancário, mais familiarizado está.
De facto, quando, ao balcão da sua instituição, recebe indicações
sobre aumentos ou diminuições das taxas de juro, activas e passivas,
ou quando tem de dar como explicação pela não concessão de um
financiamento que o "plafond" de crédito já foi atingido, você mais
não está do que a fornecer ao cliente justificações, no âmbito da
Política Monetária, definidas pelas autoridades monetárias e postas
em prática pelos Bancos.
102
Justificação da Sua Necessidade
103
A massa monetária
A Massa Monetária é um agregado que está intimamente ligado às
funções da moeda, sendo o seu controlo essencial para que qualquer
Política Monetária seja levada a bom termo.
M1 = C + DO
Diz-se que existem valores que são quase moeda, devido a restri-
ções que recaem sobre eles, em função do tempo de convertibilidade
em meios imediato de pagamento. Estão neste caso os depósitos a
prazo e de poupança, entre outros.
M2 = C+ DO+ DP
104
É precisamente sobre M2 que tendem a incidir as medidas de Políti-
ca Monetária.
Noção de Multiplicador
Depósitos
AGENTES BANCOS
ECONÓMICOS Crédito
BANCOS BANCOS
105
Os bancos são obrigados a pôr de parte, sob a forma de Reservas
Legais, uma percentagem dos depósitos que captam. O restante são
Reservas Excedentárias que alimentam o crédito concedido pelos
bancos.
DEPÓSITOS
RESERVAS RESERVAS
LEGAIS (RL) ECEDENTÁRIAS
X
(R )
CRÉDITO
DEPÓSITOS
DEPÓSITOS
NOS BANCOS
Reservas
Excedent. CRÉDITO Notas e Moedas
Reservas Legais
106
Podemos verificar este ciclo, recorrendo a um exemplo.
Depósito Reservas
+ 60 Excedentárias = 54
Fuga = 21,6
107
Efectivamente, em cada vaga de crédito, parte dos meios de paga-
mento são transformados em depósitos, "fugindo-lhes" outra parte,
que fica em circulação.
Por outro lado, parte dos depósitos fica retida em Reservas Legais
e, conforme a taxa imposta por lei, o restante poderá ser aplicado
em crédito.
A capacidade de concessão de crédito em cada vaga é sempre infe-
rior à anterior, até se extinguir completamente. Vejamos o exemplo
anterior:
em que:
K = valor do multiplicador
C = fuga para a circulação (taxa)
L
R = reservas legais (taxa)
108
Se multiplicarmos o valor K pelo valor das Reservas Excedentárias,
teremos o impacto na Massa Monetária que se obtém pelo aumento
do crédito, ou seja:
O crédito nasce das Reservas Excedentárias (Rx) e estas são,
como o nome indica, o excedente dos Depósitos depois de
subtraídas as Reservas Legais (RL );
Onde:
109
Instrumentos Possíveis e Seu Impacto
110
Suponhamos que as autoridades monetárias aumentam a taxa de
reservas obrigatórias. Que efeitos terá esta medida na economia?
Política de redesconto
Esta política é o mais antigo dos instrumentos que têm sido utiliza-
dos no controlo monetário.
Através do redesconto, as Instituições de Crédito refazem a sua
liquidez, refinanciando-se junto do Banco Central. Para isso, redes-
contam títulos de crédito como letras, livranças e outros efeitos. Os
fundos que obtêm por este meio são aplicados em crédito, cujo
impacto é evidente na Massa Monetária em circulação.
112
Como os bancos se refinanciam junto do Banco Central para aumen-
* Também chamada
Taxa Básica. tar a sua liquidez com vista à concessão de crédito, uma das conse-
quências do aumento da taxa de redesconto* é a deslocação, no
mesmo sentido, da taxa de juro das operações activas.
113
Suponhamos que a Taxa de Câmbio do Dólar se fixa posteriormente
em:
1 USD = 8 000 MT
Como consequência da alteração do câmbio, o importador nacional
tem de despender mais escudos para comprar os Dólares com os
quais vai pagar as importações. A sua reacção será, então, de
retracção, o que conduzirá a uma dimiuição das importações e será
um facto positivo para o reequilíbrio das contas externas.
A conclusão anterior poderá ainda ser alargada se, a par das mudan-
ças da Taxa de Câmbio, se assistir à intervenção da Política Cambial,
embora noutra vertente, como, por exemplo, o ordenamento do
comércio cambial e o controlo e racionamento de divisas, além de
medidas de Política Monetária e Orçamental, entre outras.
115
INSTITUTO DE FORMAÇÃO BANCÁRIA
DE MOÇAMBIQUE
(IFBM)
116
117