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II
19 de fevereiro de 2015
Após a revolução francesa foi nacionalizada grande parte da propriedade fundiária pertencente
ordens religiosas. A riqueza estava concentrada neste tipo de propriedade. Em virtude desta
circunstância revolucionária – a apropriação estadual de bens privados – foi necessário num momento
posterior efetuar a devolução desses bens aos particulares. Deveria, para este efeito, ter sido utilizada
a figura do contrato. Contudo, esse instrumento não foi utilizado: se fosse realizada essa devolução
através da figura do contrato, os tribunais competentes para intervir no litígio seriam os tribunais
comuns, tribunais esses onde se encontrava o estrato social d a Aristocracia. Nesta medida foi
necessário proceder à criação de uma jurisdição própria – estavam criados os tribunais administrativos.
Muitas vezes chamava-se ato administrativo àquilo que verdadeiramente era uma figura negocial
(contrato). Não podiam esses atos denominar-se de contratos porque entendia-se existir uma violação
da filosofia da disciplina emergente e também porque qualquer litígio teria de ser resolvido nos
tribunais comuns.
Atualmente, a ordem de importância alterou-se: o ato administrativo continua a ser uma forma
de atuação jurídica importante, mas o contrato administrativo, que era um mero figurante no plano
dessa atuação, é hoje mais comum, mais utilizado. A atividade administrativas contratual é hoje tão
importante como a atividade administrativa através de atos. Hoje vigora no ordenamento jurídico
administrativo português o principio da autonomia contratual, pelo que a Administração Pública pode
realizar de forma livre contratos, substituindo- os ao ato administrativo. O regulamento adquiriu
importância também maior importância com a atividade administrativa prestacional. Entende-se hoje
que a lei estabelece os regimes gerais e a regulamentação mais especifica/direcionada e concreta cabe
hoje aos regulamentos administrativos. O regulamento administrativo pode ser visto como fonte (tal
como já foi estudado no primeiro semestre) ou como atividade administrativa. Nesta segunda aceção
é menos solene, menos formal e mais facilmente alterado. O seu procedimento é mais simplificado e
corresponde de melhor forma à necessidade de tempo útil que hoje a economia e a sociedade exigem.
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Na visão de Colaço Antunes, a natureza jurídica dos planos urbanísticos deve resultar do critério
da tutela judicial efetiva plena dos direitos subjetivos e interesses legalmente protegidos. São um ato-
norma: do ponto de vista procedimental são um conjunto de atos administrativos, sendo que o ato
principal será a deliberação da Câmara Municipal que o aprova. De outro ponto de vista, depois de
aprovado seria uma norma.se se tratasse de um ato o meio contencioso seria o pedido de impugnaçãodo
ato. se não se souber o direito substantivo, não saberemos qual o meio contencioso adequado.
3. Tipologia:
Há que distinguir entre atividade jurídica e atividade material
Forma Jurídica
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o Ato administrativo
o Atividade Concreta
Ato administrativo
Contrato
Relação entre a administração e o particular, produzindo efeitos jurídicos
concretos
Outra distinção será entre atividade jurídica vinculante e atividade não vinculante:
Atividade Jurídica vinculante
o Ato administrativo
o Regulamento administrativo
o Contrato
24 de fevereiro 2015
Lisboa, 2007, pp. 67-104; VIEIRA DE ANDRADE, "Validade", in DJAP, vol. II, pp. 581-592;
4. Administração Soft:
Tratam-se de recomendações e advertências que podem ter carater geral ou natureza mais
especifica e concreta, por exemplo quando o Governo dirige recomendações a entidades que elencam
a Administração Indireta. A Administração não atua apenas através dos seus instrumentos jurídico-
formais típicos, mas atua cada vez mais adotando medidas cuja caraterística principal é não ter carater
vinculativa, sendo desprovidas de vinculatividade. Isso não significa que não têm relevância jurídica,
apesar de não terem essa natureza vinculativa. A Administração em vez de impor uma obrigação
através de um ato, regulamento ou contrato, utiliza instrumentos mais débeis, mas que têm um carater
persuasivo. A Administração pretende conformar as decisões e a formação da vontade dos sujeitos
abrangidos pela sua disciplina. Estas medidas não determinam juridicamente o comportamento das
entidades que são seus destinatários.
O DL 309/2001 de 7 de Dezembro, referente ao Estatuto da Autoridade Nacional das
Comunicações (ANACOM), no seu artigo 16º/3 define os seus estatutos: “A ANACOM pode
recomendar às entidades concessionárias ou licenciadas as providências necessárias à reparação das
justas queixas dos utentes”.
Pode haver também advertências, alertando para riscos da observância de determinada conduta,
por exemplo. Esta forma de atividade administrativa não jurídica percorre ou repete as formas jurídicas
de atividade administrativa vinculada. Nestes casos a ideia é persuadir/convencer os destinatários a
adotarem determinado comportamento.
É certo que não têm carater vinculativo, então, qual o seu regime jurídico? Uma recomendação
ou advertência não são judicialmente impugnáveis, pelo menos diretamente. A inobservância, por
parte dos destinatários, da conduta recomendada ou advertida não implica qualquer responsabilidade
ou sanção da parte do destinatário. Mesmo que estejamos perante uma suposta violação da lei, não
haverá lugar a sanção. O artigo 17º/1 do diploma refere “em caso de incumprimento das obrigações
inerentes à prestação do serviço universal ou dos padrões de qualidade regulamentarmente definidos,
a ANACOM pode recomendar ou determinar às entidades concessionarias ou licenciadas a adoção
das competentes medidas corretivas. O nº/2 refere que “se as ações definidas não forem acatadas a
ANACOM pode, conforme os casos, acionar ou propor ao governo o acionamento das medidas
sancionatórias previstas para o não cumprimento da lei”. As medidas sancionatórias não são
consequência do incumprimento das recomendações, mas sim da violação da lei. Apenas quando se
trata do incumprimento da lei é que pode haver lugar ao desencadeamento de medidas sancionatórias.
Apesar de não terem natureza vinculativa, não são desprovidas de relevância jurídica. Pode até
do seu incumprimento resultar que os autores das recomendações ou advertências possam ser objeto
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5. Operações materiais:
A construção de equipamentos públicos constituem o Estado moderno. Uma operação material é
uma atuação da administração que tem como objetivo direto e exclusivo conseguir atingir um
determinado resultado de facto. Esta atividade material não tem conteúdo jurídico, ou seja, é
juridicamente neutro. O que carateriza esta atividade material é conseguir um determinado efeito de
facto, a alteração da realidade física e material à luz do critério do interesse publico previamente
definido na lei. Não produz efeitos jurídicos, mas sim efeitos de facto.
Também nestas operações matérias pode existir relevância jurídica, apesar de não ter conteúdo
jurídico. Na responsabilidade civil por atos de gestão pública, definido na lei 67/2007 de … de
Dezembro, pode resultar responsabilidade por uma operação material, por ações ou omissões de
natureza material e não apenas por atuações juridicamente vinculativas (mediante ato, contrato e
regulamento). Mesmo na atividade material, o facto de ela não produzir efeitos jurídicos não significa
que não seja relevante juridicamente. Se uma operação viola o principio da igualdade perante os
encargos públicos pode haver lugar a responsabilidade civil extra contratual por parte da
Administração, sempre que estas operações materiais tenham projeção externa. Quanto aos efeitos de
facto pode ter dois âmbitos:
Interno – reparação das máquinas
Externo – pode colidir com os direitos subjetivos e interesses legalmente protegidos dos
cidadãos (encerramento de um bar que funcione de forma irregular).
pois esta pressupõem sempre uma atuação unilateral e autoritária da Administração. O pedido teria de
Artigo 148º CPA e artigo 120º do anterior CPA – apesar de ser a forma mais importante de
atividade jurídica da administração seria espectável que a doutrina e a jurisprudência nos oferecessem
uma noção inequívoca. Não é assim.
Artigo 120º do anterior CPA: “para efeitos da presente lei, consideram-se atos administrativos as
decisões dos órgãos da Administração que, ao abrigo de normas de direito publico, visem produzir
efeitos jurídicos numa situação individual e concreta”. Artigo 148º CPA: “para efeitos do disposto no
presente código consideram-se atos administrativos as decisões que, no exercício de poderes jurídico
administrativos visem produzir efeitos jurídicos externos numa situação individual e concreta”.
b) O ato administrativo é um ato jurídico. É uma decisão que produz efeitos jurídicos. Isto permite
distinguir o ato administrativo das medidas tomadas ao abrigo da Soft Administration ou da atividade
material da Administração.
permite efetuar a distinção entre o ato e o contrato. Este carece de vontade de ambas as partes, por se
d) Na redação anterior do artigo apenas referia produzir efeitos jurídicos. A atual definição esta
mais correta, porque uma das caraterísticas do ato é este produzir efeitos que atingem a esfera jurídica
dos particulares. Isto permite distinguir o ato externo daquele âmbito interno que não tem projeção
jurídica na esfera dos particulares cidadãos. O ato, na medida em que é uma decisão unilateral de
autoridade e constitui, modifica ou extingue uma relação do particular face à Administração, tem de
ter necessariamente efeitos jurídicos externo. Isto permite distinguir o ato administrativo dos atos
internos, cujos efeitos se resumem à entidade que os praticou. Estes efeitos jurídicos externos podem
ser ativos/positivos ou efeitos negativos. Produzir efeitos ativos quer dizer que o ato produz efeitos
que alteram a ordem jurídica e que provocam alterações nesse ordenamento. Não podemos confundir
efeitos positivos com efeitos favoráveis (a expropriação por utilidade publica constitui o ato mais
grosseiro para a esfera jurídica do particular e é um ato positivo, que produz uma alteração). De
contrário, os atos negativos provem de atos que não causam alterações na ordem jurídica. Não há
qualquer alteração do OJ.
26 de fevereiro de 2015
Continuação da aula anterior
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A noção substantiva é muito semelhante à que estava contida no artigo 120º do antigo CPA.
Esta definição não continha os requisitos de impugnabilidade contenciosa do ato. Na versão
originaria da CRP, no 268º/3 da CRP estava contida a noção processual do ato administrativo,
assim como no LPTA, revogado em 2002 com a aprovação do CPTA.
Esta construção foi objeto de criticas por Sérvulo Correia e Rogério Soares, que vieram
defender uma noção mais restrita e unitária de ato administrativo, criticando esta construção da
Escola Clássica nas duas vertentes:
1. por um lado, o ato administrativo em termos substantivos era demasiado amplo e
abrangente
a. englobava realidades muito heterogéneas
b. cabia na noção substantiva diversas formas de atução administrativa para além
do ato administrativo
c. Não havia distinção entre atos preparatórios e atos administrativos em sentido
próprio;
2. por outro lado, a noção adjetiva ou processual era uma noção demasiado restrita
a. excluía atos procedimentais que são verdadeiros atos administrativos
i. quando se exclui A ou B, o ato de exclusão é final para a pessoa porque
produz efeitos jurídicos modificando a situação da pessoa
Esta doutrina de Sérvulo Correia, no ver de Colaço Antunes, leva a que o ato administrativo
consista numa distinção unilateral de um órgão administrativo ou equiparado, tendencialmente
no termos do procedimento que define a situação dos particulares face à Administração,
constituído, modificando ou extinguindo uma determinada situação jurídica.
A maior parte dos atos procedimentais não produzem efeitos jurídicos externos, e dessa
forma não podem produzir efeitos jurídicos, e nessa medida também não são diretamente
impugnáveis. Esta doutrina finda com as duas categorias de ato. Passou a ver uma coincidência
entre ato em termos substantivos e atos em termos processuais. Esta conceção tem uma grande
importância prática. Para alem de esta noção ser dogmaticamente mais correta, alarga o acesso
aos Tribunais. Esta noção tem maior utilidade prática.
O artigo 51º do CPTA traduz esta ideia. Refere que “ainda que inseridos num procedimento
administrativo, são impugnáveis os atos administrativos com eficácia externa, especialmente
aqueles cujo conteúdo seja suscetível de lesar direitos ou interesses legalmente protegidos”. Por
um lado está referido o caráter externo do ato (atinge a esfera dos particulares - lesividade), isto
é, é suscetível de lesão a posição jurídica dos titulares embora aqui a tonalidade seja mais
subjetivista e por outro abrange a ilegalidade. A atuação da Administração tem de ser lesiva e
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A teoria moderna responde a esta tripla definitividade dizendo que a definitividades material
é inerente à própria noção de ato administrativo em sentido próprio. A dimensão horizontal é também
é absorvível pela noção de ato, pois o ato principal/constitutivo é tendencialmente o ato final. Mesmo
quando se considerem como atos administrativos os atos procedimentais, estes não têm definitividade
em sentido horizontal, nem são diretamente impugnáveis.
A escola crítica (Rogério Soares e Vieira de Andrade) eliminou a definitividade material e
horizontal, por serem inerentes à noção de ato administrativo, por serem noções confusas e incluírem
realidades heterogéneas e mantem a definitividade vertical. esta definitividade é a única que tem
sentido, para esta teoria. Para saber s eum ato é vertical ou competencialmente definitivo temos de
saber duas coisas:
O órgão que praticou o ato
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No antigo CPA havia uma clara distinção entre recurso hierárquico necessário e facultativo. O
necessário é quando o ato não pode ser diretamente impugnado e obriga à interposição previa de uma
impugnação administrativa necessária. Facultativo é quando o ato pode ser direta e imediatamente
impugnado.um recurso hierárquico necessário suspendia a eficácia do ato nos termos do artigo 170º
do antigo CPA. Se o recurso fosse facultativo não se suspendia a eficácia do ato recorrido. No recuso
necessário o prazo processual conta-se a partir do aviso dessa interposição.
O artigo 59º/4 do CPTA refere que “a utilização de meios de impugnação administrativa suspende
o prazo de impugnação contenciosa”. Aqui não diz que suspende a eficácia do ato. Se à luz do CPA a
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regra era a do recurso necessário, agora com o Artigo 59º/4 e 5 do CPTA e com o artigo 268º/4 da
CRP não se afasta o recurso hierárquico necessário, mas este já não é a regra. A regra é agora a
3 de março de 2015
1.4. O problema do ato silente à luz do novo CPA e do CPTA: uma leitura substantiva e
processual. 1.5. Tipologia dos atos administrativos. 1.5.1. Atos que conferem situações de
desvantagem. 1.5.2. Atos que criam situações de vantagem ou reduzem encargos. BIBLIOGRAFIA:
COLAÇO ANTUNES, A Ciência Jurídica Administrativa, Coimbra, 2014, pp. 439-466; 569-587;
FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito Administrativo, vol. II, Coimbra, 2011, pp. 231-266, 281-
319, 381-402 e 442-458; COLAÇO ANTUNES, A Teoria do Acto e a Justiça Administrativa, Coimbra,
2014, pp. 79-106 e 118-137; ROGÉRIO SOARES, "O acto administrativo", in Scientia Iuridica, tomo
XXXIX, 1990, p. 25 e ss.
A escola crítica eliminou a definitividade material e horizontal que está absorvido pela noção
de ato administrativos ficou-se com a definitividade vertical. Não seguiu os passos da doutrina
tradicional. Para esta doutrina, o problema da definitividade vertical colocava-se quando o ato era
praticado pelo órgão subalterno. Aí havia que distinguir competência comum e competência própria.
Na competência comum/ concorrente o superior tem outros poderes.
Para esta escola a definitividade vertical é um problema que se reconduz a saber qual foi o tipo de
competência exercitada pelos órgãos que praticou o ato. Foi uma competência comum ou propria? A
competência comum é irrelevante para a definitividade. Poder ser praticado por um ou mais. Poderia
ser conjunta ou simultânea. O problema surge perante uma competência propria quando a lei lhe atribui
a competência a um órgão subalterno.
1. Competência concorrente
a. A lei atribuía competência ao ato subalterno mas permite o poder ao órgão superior
de anular, substituir, revoga-lo, modificar ou suspender
b. Quando há uma competência concorrente para esta escola não pode haver uma ação
de tribunal sem usar um recurso hierárquico necessário que funciona como
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Um ato final será o ato proferido pelo órgãos superior da hierarquia, órgão independente não
sujeito a hierarquia ou órgão subalterno no exercício de competência exclusiva e no âmbito de
delegação de poderes o ato praticado pelo delegado quando ou esse ato do delegante fosse ato final.
Seria atos não final os atos praticados pelos subalternos no exercício de uma competência concorrente
Entretanto surge a reforma da justiça administrativa e no CPTA lei 15/2002. No CPA antigo havia
uma distinção entre recurso hierárquico necessário e facultativo. O novo cpa Dá-nos essa definição no
185.º.
A doutrina dividia-se. Do ponto de vista legislativo introduz-se uma novidade no artigo 53nº1
CPTA e 59 nº 4 e 5 CPTA. Estávamos perante esta polémica quando surge a reforma do CPTA que
no 59 nº 4 e 5 que se projetou em alguns artigos CPA.
O legislador começa pelo fim. Um ato administrativo em sentido próprio é sempre impugnável.
Quando o recurso era necessário havia diferença quanto ao momento de impugnação contenciosa
quanto ao momento da tutela judicial, esta existia sempre, não estava em causa a questão era quando.
Assim, a regra era a impugnação administrativa necessária. Com a reforma do CPTA, a regra passou
a ser a impugnação administrativa facultativa e entre elas o recurso hierárquico que considera o
professor potestativo.
Atualmente o artigo 185 nº 2. Há que fazer uma interpretação quando refere a lei em contrario
deveríamos entender salvo se lei especial necessária. Pode haver leis avulsas especiais que considerem
o recurso hierárquico necessário. O CPA podia ter sido mais claro na compreensão destas matérias
ganhando proveito dos benefícios trazidos pelo CPTA nos nº 4 e 5 de 59.
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A melhor interpretação na altura foi a interpretação atualista no sentido em que a regra geral era
o recurso hierárquico potestativo ou facultativo e por outro lado há que fazer interpretação atualista
Quanto à inconstitucionalidade a doutrina estava dividida. STA defendia a doutrina que defendia
a não inconstitucionalidade. Vasco pereira da silva autor muito subjetivista e agarntista utilizava dois
argumentos
O primeiro argumento é mais forte. O RHN retardava a tutela judicial, podendo levar a uma
limitação da tutela judicial efetiva porque não foi feito em tempo adequado. O tempo tem relevância,
não é indiferente.
A tese oposta que recolheu na jurisprudência já de Rogério soares e vieira andrade para além
de defender as impugnações administrativas necessárias, é um procedimento mais simples mais barato,
mais informal. Normalmente o superior confirma a decisão do órgão subalterno. O acessoa o direito
estava assegurado para esses autores. Registam uma diferença que se prende com o momento. A tutela
realizasse apos a utilização de impugnação administrativa prévia.
Colaço Antunes considera que a haver inconstitucionalidade ia la por outra razão. No âmbito
do principio da legalidade se a administração tem o poder deveres de fiscalizar a legalidade das
disposições que se prendem com a sua administração e o argumento fundamental da tese que venceu
que não é incontroversa quando a ilegalidade seja confirmada porque não a administração fiscalizar.
Quando esta é evidente e já confirmada porque não a administração fiscalizar. O argumento
fundamental seria a violação do princípio da legalidade da precedência da lei. Não há nenhuma norma
constitucional que atribui a administração esta função. A crp no 202 e 204 estabelece que esta
competência é dos tribunais. Recorrendo a este argumento o que fará o superior hierárquico? Não
fiscaliza a legalidade e constitucionalidade dos atos praticados pelo subalterno? Então não podia anular
o ato. A anulação é a revogação de ato inválido que padece de vícios. A inconstitucionalidade advém
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de quando RHO administração Acaba por desenvolver uma função jurisdicional que não lhe compete,
violando fundamentalmente o 204 da crp. Porque há autotutela? O RHN poderá servir ao recorrente
O novo CPA embora não de forma contundente o legislador deveria ter utilizado uma
expressão mais inibitória mais restritivo mas na sequencia da doutrina e CPTA, o novo CPA veio
prolongar a evolução legislativa que vinha do CPTA apontando para a impugnação administrativa
facultativa conforma 185 nº2. De salientar salvo se lei os denominar como necessário. Deveria
considerar lei especial.
Se a regra hoje o CPA tem uma consequência pratica. Ao dizer que a regra tem carater
facultativo torna irrelevante saber se o órgão subalterno pratica o ato numa competência exclusiva ou
competência concorrente. Em termos de interpretação jurídica pode-se colocar a questão do intérprete
considerar se o órgão praticou o ato no exercício de uma competência exclusiva ou concorrente.
Contudo sendo esta a regra decai esta importância de saber que competência levou-a aprática do ato.
1.4. O problema do ato silente à luz do novo CPA e do CPTA: uma leitura substantiva e
processual.
Atos tácitos:
Foi importante a reforma do CPTA que não viu todas as suas alterações consagradas no CPA.
O problema dos atos tácitos prende-se com saber qual o significado ou relevância jurídica a atribuir
ao silêncio da administração. Um particular perante um requerimento a solicitar uma decisão a lei
determina um prazo legal para o órgão tomar a decisão face ao requerimento. Imaginemos uma licença
o prazo geral é normalmente de 90 dias, mas pode lei especial fixa outro tempo. Passado o tempo
quando o silêncio tinha valor positivo dizia.se ter valor de deferimento da ação. Quando tinha valor
negativo o legislador considerava indeferimento da ação. Isto verificava-se no artigo 108 e 109. A
regra era o deferimento. Contudo vinha em primeiro a contrarregra.
O CPTA veio através de varias disposições abolir o indeferimento tácito. Atualmente ato
silento positivo e ato silento negativo.
A reforma do CPTA veio abolir o indeferimento tácito. Ate então como era um contencioso
fundamentalmente objetivista o que estava em causa legalidade ou ilegalidade e a forma típica era o
ato. o meio principal era o recurso contencioso de anulação. Perante silêncios de valor negativos nos
termos do 109 o órgão administrativo ao não se pronunciar no prazo o recorrente deveria presumir
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indeferida a pretensão que deveria valer com ato administrativo com efeitos processuais. Criava.se
Com o novo CPTA esta parte final do artigo 09 foi tacitamente revogada e deveria ler-se o
particular deveria utilizar a via judicial adequada que seria a ação administrativa judicial. Quando o
órgão administrativo violando o princípio da decisão do artigo 9 agora no 13 se o órgão confrontado
com o pedido com um requerimento viola o princípio da decisão estamos perante uma omissão ilegal
portanto o CPTA onde antes se via ficcionalmente um ato vê-se um facto. Administração não disse
nada. Agora há uma nova via judicial que é o pedido de condenação a prática do ato legalmente devido.
Ao não tomar ruma decisão no prazo legal estamos perante uma omissão ilegal. Onde antes se
proponha um meio impugnatório como agora não há ficção o pedido processual será o pedido de
condenação a pratica do ato legalmente devido. Verificamos o artigo 66 nº 1 + pressupostos no 67.
Qual deveria ser o pedido processual ao meu requerimento? O legislador adota uma solução
que coloca a uma situação de omissão e em casos de indeferimento em vez de usar uma meio de
impugnação próprio este utiliza e convida o recorrente a substituir pelo pedido de condenação a pratica
do ato legalmente devido. Mesmo quando há um indeferimento expresso a ação de condenação em
bom rigor não deveria ser utilizada deveria se o pedido de impugnação do ato mas o legislador do
ponto de vista pedagógica obriga o tribunal a pedir ao autor para substituir por se entender que acautela
de forma mais efetiva s posições jurídicas dos particulares conforme o 51 n4. O juiz obriga o autor a
substituir deixando o autor sem margem de adiamento.
O novo CPA leva a regime jurídico diferente conforme 169. Regra que vem do CPA antigo.
Não terá efeito suspensivo em regra. Para confirmar em consonância com o 184 nº2. O nº 2 do 190 é
semelhante ao 59 nº 4 CPTA.
Os artigos 108 e a09 distinguiam entre deferimento e indeferimento consoante valor positivo
e negativo. O CPTA como foi dito veio abolir indeferimento tácito onde havia um ato ficcional para
efeitos processuais agora teremos um facto e sendo assim o pedido processual adequado é pedido de
condenação a pratica do ato como decorre do 66 e 67 e quanto aos prazos 69. Se houver inercia pura
e simples o direito só caduca no prazo do ano desde o termo do prazo legal para a emissão do ato.
Quando há uma to expresso desfavorável mo prazo de propositura da ação é de 3 meses.
Há que refletir sobre isto. O CPTA deu resposta parcial ao problema veio apenas eliminar o
indeferimento tácito. Se o órgão administrativo competente não se prenunciar no tempo estamos
perante inercia. O novo CPA foi no mesmo sentido ainda que mais restritivo foi de manter ou eliminar
o indeferimento mas manteve-se no artigo 130 mas manteve o deferimento tácito o ato de silento
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positivo. A posição do professor aqui não é politicamente correta. Considera uma ma solução e boa
parcialmente. A resposta do legislador deveria ser a de eliminar os dois tipos de silêncio. Porquê? Não
2. Atos que criam situações de desvantagens e atos que criam situações de vantagem ou ampliam
as situações de vantagem
a. Atos que criam situações de desvantagem
i. Dois tipos de atos
1. Atos ablativos ou apelatórios
a. Retiram faculdades aos particulares
b. Expropriação por utilidade pública (168/99 18 de setembro)
i. Traduz um conflito com interesse público e um
interesse particular que se manifesta quando uma
entidade pública tem necessidade de adquirir um bem
para um fim de utilidade pública. A entidade publica
que se manifesta na necessidade de adquiri o bem
confronta-se com um interesse oposto com objetivo
de mante-lo no seu património
ii. É o ato principal
iii. Tem que haver sempre uma causa de utilidade
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ii. Concessões
1. Concessões translativas
a. Atos por intermedio dos quais a administração transmite
poderes administrativos para entidades particulares que já
eram da sua titularidade
i. Ato de concessão de serviços públicos – a
administração transmite poderes administrativos
relativos a manutenção do serviço publico abrindo
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iv. Atos que visam eliminar encargos na esfera jurídica dos particulares /dispensa
1. Tem como objetivo afastar um determinado dever especial que recai
sobre o particular, num determinado tipo de atividade que é proibida
ou sujeita a controlo por parte da lei. Ex: licença de uso e porte de arma.
Quando o ato é diretamente afastado pela lei temos uma isenção.
Uma das tendências é uma certa ideia de simplificação. Essa simplificação assume varias formas:
Existem varias regras de natureza procedimental (78º/3). Qual será o regime jurídico da
conferência procedimental? Se é um órgão administrativo complexo terá de ser colegial. Aplicar-se-
ão as regras gerais ou regras especiais? Colaço Antunes tenderia a qualifica-lo como órgão
administrativo complexo e deveria aplicar-se, por analogia, as regras aplicáveis aos órgãos colegais,
a não ser que o legislador defina regras especiais para este particular órgão.
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10 e 15 de março de 2015
Continuação da aula anterior. 2.2.1. A fase preparatória. 2.2.1.1. A fase inicial ou da iniciativa.
2.2.1.2. A fase instrutória. 2.2.1.3. A audiência prévia dos interessados. 2.2.2. A fase constitutiva ou
decisória.
12 de março de 2015
que não são, portanto, antecedidos de procedimento administrativo sem que daí resulte a preterição de
O artigo 2.º respeita o âmbito de aplicação do CPA. Apesar do anterior conceito de ato
administrativo ter o elemento orgânico a verdade é que na prática as entidades privadas praticavam
atos administrativos. (conforme acórdão do STA).
Imaginemos uma empresa pública sob a forma de SA (sociedade anónima) com personalidade
jurídica privada sob influência pública dominante. Imagine-se que a entidade pratica ato
administrativo. Qual o problema que se coloca? Será que se aplica a formação de vontade do conselho
da SA. Ou só lhe seria aplicável a parte do código do procedimento que respeito as menções e
princípios, e forma? Era a grande dúvida a este respeito. No referido acórdão coloca-se o problema da
natureza jurídica da entidade. Por vezes os tribunais não tratam a situação com aperfeiçoamento o que
não se verifica no acórdão. O problema aqui é a conclusão. Os institutos públicos não podem deter
empresas públicas, contudo consideraram como tal para se sujeitar ao CPA. A partir do momento que
entidades privadas praticam atos administrativos coloca-se o problema de prever quando se aplica o
direito público e direito privado.
Aquando do projeto de revisão esta não era a redação. Contudo no artigo 2.º volta o problema.
Há a vantagem no nº 2. Sobre o nº1, ele acaba por ser mais amplo na medida que não faz depender a
aplicação do CPA de aplicação de poderes públicos de autoridade. Por outro aldo, parece circunscrever
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Assim, no que respeita ao âmbito de aplicação do CPA definido no artigo 2º nº 1 parece ser
de entender que os preceitos respeitantes aos princípios gerais procedimento e atividade administrativa
deverão ser aplicados a quaisquer entidades pública ou privadas que exerçam poderes públicos
de autoridade ou reguladas de modo específico por disposições de direito administrativo e que
portanto as disposições relativas ao funcionamento dos órgãos previstas no CPA tem a sua aplicação
circunscrita às entidades de natureza pública.
ii. Assim, nos casos em que o pedido é extemporâneo, e que o direito que se
procura exercer caducou ou em que os requerentes não tem legitimidade
para apresentar o devido requerimento não há lugar a abertura do
procedimento administrativo.
iii. Já no caso em que o órgão junto do qual o requerimento foi apresentado é
incompetente deverá o mesmo nos termos do artigo 41.º enviar o
requerimento para o órgão competente não obstando esta circunstância à
abertura do procedimento administrativo.
iv. Um particular apresenta um requerimento junto da administração. Não é por
apresentar um requerimento que haverá a abertura do procedimento
administrativo. Há que ver se há algo que implique uma decisão pelo órgão
decisor.
Acresce, no entanto, uma outra exigência que se prende com os requisitos de que depende o
dever de decidir previsto no artigo 13º do CPA, ou seja, é necessário que o pedido seja inteligível
e tempestivo quando haja prazo que o requerente tenha um interesse próprio e atual que tenha
legitimidade conforme o 68 e que o órgãos ao qual o requerimento é apresentado seja competente sem
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prejuízo do artigo 41.º mas também que a administração pública não tenha decidido sobre pedido
apresentado pelo mesmo requerente com idêntico conteúdo e fundamento no prazo de dois anos.
O último requisito prende-se com o facto que em causa esteja o exercício de uma competência
jurídico-administrativa que implique a aplicação de uma lei a uma situação individual e concreta.
administrativo
É a fase dirigida à averiguação dos factos relevantes a recolha de prova que permite identificar
valorar e comparar os interesses coenvolvidos no procedimento administrativo. O órgão instrutor
repõe todos os elementos necessários para que se forme devidamente a vontade de Administraçao.
Nesta fase não há qualquer discricionariedade da administraçao.
Mesmo no que se refere aos factos alegados pelos interessados e que lhes cabe provar não
deixa a administração de dever na falta de prova averiguar oficiosamente sobre os mesmos conforme
o artigo 116 nº1 .
Nos termos do artigo 117, o responsável pela direção do procedimento pode determinar aos
interessados a prestação de informações, documentos entre outros meios de provas. Contudo o nº 2
prevê a possibilidade de não prestar informações em determinados casos
O principio da participação está previsto n CPA nos artigo 12 e nos artigo 121ª 124.
Artigo 12.º - os órgãos da administração pública devem de assegurar a participação dos particulares,
bem como das associações que tenham por objeto a defesa dos seus interesses, na formação das
decisões que lhe digam respeito, designadamente através da respetiva audiência nos termos do
presente código.
Regra geral, a audiência prévia tem lugar no final da instrução. No entanto, isto não obsta a que
apos audiência prévia sejam praticados atos instrutórios através da realização de diligência
complementares.
O interessado é notificado para AP nos termos do artigo 122 devendo a notificação fornecer o
projeto de decisão em relação ao qual o interessado deve ser portanto chamado a pronunciar-se, mas
se quiser não se pronuncia. Nos termos do nº 2, a notificação fornece o projeto de decisão e demais
elementos necessários para que os interessados possam conhecer todos os aspetos relevantes para a
decisão, em matéria de facto e de direitos, indicando também as horas e o local onde o processo pode
ser consultado.
A audiência précia pode no entanto ser dispensada conforme os casos do artigo 124, devendo
a decisão de dispensa ser devidamente fundamentada por forma a assim se garantir o seu controlo.
Há um conjunto de situações inumeradas, taxativas. Só nestes casos se pode dispensar audiência
prévia. Fora dos casos em que a audiência prévia pode ser dispensada esta é obrigatória.
E a sua falta inquina o ato administrativo praticado com um vicio de forma por preterição
de uma formalidade essencial, sendo a consequência jurídica associada a esses vicio a
anulabilidade, artigo 163 nº1. Há dois casos em que a consequência seja a nulidade 1)
procedimento administrativo contraordenacional nos termos do 32 nº 10 da crp, à audiência prévia
constitui um direito fundamental e portanto a sua preterição terá como consequência jurídica a
nulidade 2)
Artigo 125 CPA – diligencias complementares – Após a audiência, podem ser efetuadas,
oficiosamente ou a pedido dos interessados, as diligencias complementares que se mostrem
convenientes.
35
É certo que o epicentro era a fase de audiência prévia dos interessados e de facto é aquela que
consagra de forma mias explícita e decidida essa participação. Não há uma rutura epistemológica.
Deve de haver congruência. Uma da melhor forma de revelar o princípio da boa administração tem
que haver harmonia e conformidade com o material instrutório. O responsável do procedimento não
pode praticar um ato que se divorcia dos elementos apurados na fase instrutório. É já sinal de algum
vício. “A letra tem que bater com a caneta”. Dai a importância de todo o procedimento. Vejamos que
a fundamentação do ato não pode ignorar os elementos determinantes e significativos que apurados
na fase instrutória conduziram a fase decisória.
Artigo 127 – decisão do procedimento – salvo se outra coisa resultar da lei ou da natureza das
relações a estabelecer, o procedimento pode terminar pela prática de um ato administrativo ou pela
celebração de um contrato.
Omissão legal
Uma forma atípica será uma omissão ilegal. O CPA, na sequência do CPTA, eliminou a
figura de indeferimento tácito e, portanto, expirado o prazo legal da tomada de decisão é
conferido ao interessado a possibilidade de usar os meios de tutela administrativa e jurisdicional.
Nestes últimos a ação que leva a pratica do ato. Contudo o CPA acrescentou nos artigos 184 a
possibilidade de usar, para além de meios judiciais, meios administrativos, nomeadamente a alínea b.
O CPA vem prever para além dos meios judiciais para reagir a uma omissão ilegal, há a possibilidade
de usar a reclamação e o recurso administrativo, nos termos do artigo 184º n.º 2
O prazo encontra-se no artigo 128.º, salvo outro prazo em lei especial. O prazo geral é o de
36
90 dias. Se o órgão decisor não praticar o ato no prazo não terá relevância jurídica forte de invalidade.
A invalidade decai para mera irregularidade o que não significa não haver um processo de
Outra forma atípica e patológica poderá ser a que se encontra prevista no artigo 130 porque,
ainda que de forma tímida, se reconhece o deferimento tácito ou ato silente conforme o nº1. O ato
silente produz os mesmos efeitos do ato expresso. A ação de condenação deveria ser aplicada ao
indeferimento e ao deferimento, eventualmente aplicando sanções pecuniárias compulsórias ou
processo urgente. Contudo, Colaço Antunes não vê razão para que aquilo que não teria obtido
mediante ato expresso se concretize. Qual a razão?
Outra forma atípica de por termo ao procedimento administrativo prende-se com o caso da
artigo 109 nº 1 CPA em que órgão responsável pelo procedimento não chega a apreciar uma pronúncia
de mérito sobre o objeto do procedimento. O termo normalmente usado em processual civil é de
absolvição da instância do processo judicial.
Homologação
Outra forma de por termo ao procedimento é através da figura da homologação. Tanto pode
constituir uma homologação de por fim ao procedimento, neste caso a homologação é a decisão que
põe termo ao procedimento.
Há outras situações em que a homologação é integrativa de eficácia de uma decisão que foi
tomada, o júri já tomou a decisão. É um ato integrativo de eficácia. Outra coisa é quando esta constituiu
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o termo do procedimento nomeadamente em situações que versa sobre um parecer. Um visto com a
É uma fase móvel. Embora esta fase integrativa opere após a fase constitutiva pode assim não
ser. Há situações em que o ato integrativo de eficácia se situa na formação de decisão. Pode haver atos
integrativos de eficácia anteriores à fase constitutiva. Em regra, é uma fase posterior à fase constitutiva.
O ato acabado de praticar, na fase terminal, está, em principio pronto a vestir. É um ato válido
pois não há alteração ao conteúdo, contudo o ato não está em condições de desencadear a sua
eficácia jurídica. Para tal há atos instrumentais que afastar obstáculos a operatividade imediata do
ato. Estes atos não acrescentam nada ao conteúdo nem a validade. Portanto, estes atos integrativos de
eficácia podem ser da responsabilidade da administração ou residualmente da responsabilidade dos
particulares:
Em termos de eficácia do ato administrativo, a regra geral do artigo 155 prevê que o atos
administrativo produz efeitos desde a data em que é praticado, salvo nos casos em que a lei ou o
próprio ato lhe atribuem eficácia retroativa, diferida ou condicionada.
1. Publicação
2. Notificação
Pode haver um ato que produza efeitos desfavoráveis que não sejam estes atos constitutivos
de deveres. São atos que exigem a colaboração do destinatário. Há casos em se traduz em condição
oponibilidade, a expressão do artigo 132 do antigo CPA não era clara mas este artigo é menos claro
ainda. Se se entender que a notificação destes atos constitutivos de deveres encargos, ónus sanções
não carecem de notificação para produzir efeitos jurídicos externos a notificação será uma condição
de inoponibilidade de produção de efeitos negativos do ato. Esta conceção tem mais eco na letra do
texto. Então seria necessário dizer que quando se fala de eficácia esta é externa e visa desencadear
efeitos jurídicos externos, afastando os obstáculos que impeçam a sua operatividade imediata e por
isso é que não definição de ato administrativo é aquele que Texto. Ato administrativo é o que produz
efeitos externos. Contudo a doutrina alemã distingue ainda a eficácia interna do ato. O conteúdo
regulador do ato administrativo é obrigatório, tem força vinculante para os destinatários quando se diz
que um ato nulo.
Quando se diz que um ato nulo não produz quaisquer efeitos jurídicos não produz qualquer
eficácia interna mas podem ter eficácia externa. O ato nulo padece de vícios graves. Outra coisa é a
eficácia externa um ato não pode padecer de vícios muito graves. Um ato que padeça de vícios graves
produz alguns efeitos externos nomeadamente abrir a responsabilidade tutela judicial ou da
responsabilidade civil. Mas mesmo que não se admita que produz efeitos, o ato nulo produz sempre
resultados juridicamente relevantes.
Qual o objeto do processo cautelar do pedido de suspensão de eficácia de ato que ano produz
efeitos jurídicos? Tem algum sentido? Ele produz efeitos de facto, resultado juridicamente relevantes
e estes efeitos são objetos quer do pedido cautelar quer do principal.
39
17 de março de 2015
3. A validade do ato administrativo. 3.1. Noção e carateres. 3.2. Tipos de invalidade: anulabilidade
e nulidade. 3.3. Requisitos de validade do ato administrativo.
Os vícios invalidades podem ser mais ou menos graves e nesta função pode dar lugar a
nulidade ou quando menos graves a mera anulabilidade. Mas há vícios não invalidantes. Esta
invalidade decai para um mera irregularidade. Se o procedimento não for concluído no prazo legal
estabelecido pode haver responsabilidade mas não invalidade Do ato
inaptidão intrínseca do ato para produzir de forma estado para produzir os efeitos em virtude da sua
desconformidade com a ordem jurídica.
A doutrina começa a questionar isto porque não haver um prazo como nos planos urbanísticos em
que o prazo é de 10 anos
2. Nulidade
“No nosso direito, a nulidade tem carácter excecional; a anulabilidade é que tem carácter geral. (…)
Porquê? Por razões de certeza e de segurança da ordem jurídica. Não se poderia admitir que, dado
o regime da nulidade (…) pairasse indefinidamente a dúvida sobre se os atos da Administração são
legais ou são ilegais, são válidos ou inválidos. (…)
Em conclusão, a regra é a de que o ato inválido é anulável: se ao fim de um certo prazo ninguém
pedir a sua anulação, ele converte-se num ato válido, isto é, fica sanado.” (Freitas do Amaral, Curso
de Direito Administrativo, vol. II)
Atualmente o artigo 161.o do CPA, verificamos que o legislador foi generoso em termos de
direito comparado em que noutros ordenamentos não há tantas situações de nulidade. Embora tenha
desparecido outro tipo de invalidade que é a inexistência do ato não obstante continua a fazer
referencia não só a nulidade mas também à inexistência. O artigo 50 nº1 é um desses exemplos. O
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CPA não contempla este tipo de invalidade que é a inexistência. Enato o que as distinguia?
O que é faltar o elemento essencial do ato está ligado ao momento significativo da formação
do ato. Há nulidades por natureza vem integradas agora nas nulidades por determinação legal
conforme o 161.º. Por um lado a jurisprudência nunca densificou bem a nulidade por natureza.
Por outro lado prende-se com razoes de segurança e certeza jurídica, conforme 161 nº 2 alínea
j. outro exemplo seria a carência de poder. Não havia norma que atribuísse a qualquer entidade
administrativa a competência para obter o efeito pretendido pelo autor do ato. o que fez o Cpa? Os
atos inexistentes eram por vezes remetido por certa doutrina para as nulidades por natureza.
Colaço Antunes entendia que haveria que fazer uma distinção. Mesmo admitindo que um ato
nulo não produz efeitos jurídicos o que o caracteriza é que produz efeitos de facto juridicamente
relevantes. O ato inexistente não produz efeitos nem factos jurídicos relevante. Os atos inexistentes
não produzem quaisquer efeitos jurídicos nem qualquer resultado juridicamente relevante.
A administração não pode ter o ato como nulo sem ouvir o destinatário. Tem que se notificado
tem que haver alguma audiência previa, auscultação da pessoa que possa vir a ser lesada.
Os atos nulos podem vir a produzir efeitos putativos que se justificam pelo decurso do
tempo e também pela relevância dos principio da boa fé proteção da confiança proporcionalidade
desde que associados ao decurso do tempo. Será razoável declarar a nulidade do ato ao fim de 30 ano?
A pessoa já construiu as expectativas. Onde se encontram as expectativas. Os efeitos jurídicos são
efeitos mais radicais que os do ato meramente anulável.
art. 162.º/1 CPA – “O acto nulo não produz quaisquer efeitos jurídicos, independentemente da
declaração de nulidade.”
Art. 134.º/2 CPA – “A nulidade é invocável a todo o tempo por qualquer interessado e pode ser
conhecida por qualquer autoridade declarada pelos tribunais administrativos ou pelos órgãos
administrativos competentes para a anulação”
Falemos de um ato que padece de vícios menos graves mas apesar disso produz efeitos e
vincula os seus destinatários. Um ato meramente anulável é um ato que apesar de tudo é eficaz.
Contudo há uma diferença. O prazo de impugnação contenciosa está presente e no artigo 58.ºCPTA e
168 CPA. Os atos anuláveis são atos que padecem de vícios. No CPA são atos que padecem de vicio.
O artigo 168 do CPA veio estabelecer prazo diferentes: 6 meses ou no caso de invalidade
de erro do agente desde momento de cessação do erro desde que não tenha decorrido 5 anos.
Anteriormente a administração disponha do mesmo prazo. Agora o prazo de impugnação contenciosa
é diferente do prazo para a administração anular um ato inválido. O regime dos atos anuláveis está
previsto no artigo 163.º salienta-se o nº 2.Há um prazo para a impugnação.
O que são ? são as exigências que a lei coloca a cada um dos elementos que compõe a
estrutura do ato. Se assim é não será aconselhável então em primeiro não deveremos saber os
elementos da estrutura do ato. Há que saber a sua estrutura para depois se perceber os requisitos de
validade.
1. Elementos subjetivos
a. São por um lado o órgão administrativo competente para praticar o ato
b. Destinatários do ato
i. Hoje a relação jurídicos administrativo é atualmente uma relação
poligonal. Nos planos urbanísticos uma fabrica de tintas pode afetar um
conjunto considerável de destinatários. Projetam-se efeitos não só na
esfera jurídica do destinatário direto do ato mas na de terceiro
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2. Elementos objetivos
4. Elementos funcionais
a. Um ato administrativo é sempre orientado pelo fim que lhe é cometido pela lei.
o interesse público é definido heteronomamente pelo legislador. Mas o problema
é saber quando se determina um interesse público
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O ato tem a ver com o fim que a lei estabelece e obriga a Administração a realizá-lo. Não tem
discricionariedade quanto aos fins:
fim
competência
deve respeitar os princípios fundamentais da atividade administrativa
19 de março de 2015
Continuação da aula anterior. 4. A invalidade e os vícios. 4.1. Os vícios do ato: uma leitura clássica:
vícios orgânicos, vícios formais e vícios materiais. O caso especial dos vícios da vontade.
BIBLIOGRAFIA: COLAÇO ANTUNES, A Ciência Jurídica Administrativa, Coimbra, 2012, pp. 329-
338; 350-354; 357-390; FREITAS DO AMARAL, Curso..., vol. II, op. cit., pp. 381-402, 442-458;
ROGÉRIO SOARES, Direito Administrativo, Coimbra, 1978, pp. 180-191 e 237-309; VIEIRA DE
ANDRADE, "Validade", in DJAP, vol. II, pp. 581-592; MARCELO REBELO DE SOUSA, Direito
Administrativo Geral, op. cit., pp. 152-188. AROSO DE ALMEIDA, Teoria Geral do Direito
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Interessa o autor do ato, o órgãos administrativo que pratica o ato que tem que estar inserido
numa pessoa coletiva de direito público. Tradicionalmente os requisitos de validade quanto ao sujeito
eram as atribuições e competências. Em primeiro lugar era a exigência de um órgão inserida numa
pessoa coletiva de direito publico dotada de atribuições pro efeito, o órgão da pessoa coletiva que
pratica o ato tem que ser o órgão com competência. Se não for assim pode haver incompetência
absoluta e relativa.
1. Atribuições
a. Atribuídas à pessoa coletiva
2. Competências
a. Principio da especialidade
i. Para realizar a atribuições que faz parte
+
3. Legitimação
a. É um terceiro requisito que acrescenta colaço. O órgão tem que estar legitimado
para o exercício da competência
i. Investidura do titular da ordem
ii. Cumprimento de regras do quórum dos órgãos colegiais
iii. Autorização constitutiva de legitimação para agir
iv. O titular do órgão não pode estar nas situações previstas no artigo 69.º ,
não pode estar numa situação de impedimento
v. O órgão deve praticar o ato num determinado período de tempo sob pena
de não poder fazer posteriormente
1. Existência
a. Possibilidade de facto – existência de facto de objeto
2. possibilidade jurídica
a. suscetibilidade realização jurídica de determinada disposição legal em função do
objeto
3. Determinação
a. O objeto tem que ser individualizado
46
Requisitos formais
Por outro lado, o ato deve conter as menções obrigatórias do artigo 151.º do CPA.
Ainda quanto a forma o ato pode assumir forma simples ou solene. No fundo assume forma
solene quando a lei prescreve um modelo especial, um modelo legal mais exigente. Numa forma
simples não há prescrição do modelo legal pela lei. Se um ato assume a forma de portaria ou decreto
já temos uma forma solene do to. Depende da exigência do modelo legal do ato prosseguido.
Requisitos de formalidades:
sancionatória.
Supríveis – não sendo praticadas no momento que a lei estabeleceu podem ser remediadas em
momento posterior não prejudicando o objetivo que a lei tinha ao exigir aquele momento.
Insupríveis – quando a falta dessa formalidade essencial no momento adequado prejudica a
realização do objetivo que a lei tinha ao exigir aquele momento.
significa que o principio do aproveitamento não se verifica a atos nulos e discricionários e desde que
Refletindo, para que que o juiz anule o ato mesmo cumpridas todas formalidades essenciais
aquele ato só poderia ser este e é um ato materialmente bom. Mais o particular não teria grande
vantagem porque se tratando de um vicio formal e procedimental a administração poderia praticar a
repetição ao to expurgando o vicio mas com o limite inultrapassável que era a tutela judicial do
particular. O juiz não deveria deixar de anular o ato sempre que o particular em obséquio aos principio
da tutela jurisdicional efetivo retirar vantagem. Poderia haver vantagem em o interessado colocar uma
ação. Ao anular o ato a administração tem oportunidade fazer uma nova ponderação e por isso de
alterar o ato.
A lei faz eco da ficção que o conteúdo do ato seria sempre aquele. A duvida está aqui. Não se
pede ao juiz o que não pode fazer em prognose. O juiz tem que imaginar se a formalidade tivesse sido
praticada. Nem sempre é possível ao juiz sobretudo se for procedimental que pondere os interesses
juridicamente relevantes envolvidos. Como imaginar que o conteúdo do ato acabou por ter quando
não cumprida a formalidade essencial.
A fundamentação é uma declaração contida no ato por intermedio Da Qual o autor do ato
expõe os fundamentos de factos e de direito que presidiram àquela decisão. Aliás está dito
expressamente no artigo 153 nº 1. Ode haver fundamentação por remissão que do órgão decisor remete
para um parecer constante do procedimento. É a 2ª do nº 1 do artigo 153.º pode ser mera declaração
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Por vezes há a remissão para um parecer. Ao atual CPA criou a figura do responsável pelo
procedimento. E na maioria dos casos o responsável do procedimento não coincide com o responsável
pela decisão final e por isso o responsável do procedimento tem que apresentar o relaorio nos termos
do artigo 126.
A motivação só se aplica aos atos discricionários. A justificação é uma indicação sobre o fim
sobre os pressupostos que são circunstancias de facto que vem previstas na hipótese legal que uma vez
verificadas na vida real uma obrigação a administração a pratica do ato. tem uma vinculação com os
atos vinculados.
Interesses mais significativos para que o órgão administrativo tenha produzido o ato com
determinado sentido e alcance, com determinado conteúdo. Tem mais que ver com os atos
administrativos discricionários
Os motivos são os interesses que foram introduzidos e são determinantes para o conteúdo do
ato administrativo praticado pelo órgão competente. Tem que haver uma legalidade material. É
necessário conhecer é necessária uma conceção material. O destinatário do ato deve conhecer e ficar
persuadido sobre a justeza dos interesses para a prolação da decisão. Estamos numa conceção não só
formal mas material. Assim, a fundamentação deve ser uma síntese entre a dimensão formal e a sua
dimensão material. O próprio CPA insinua isso no 153 nº1, ligando os pressupostos de facto e os
pressupostos de direito. a jurisprudência tem optado por uma conceção formal.
24 de março de 2015:
5. A eficácia do ato administrativo e os seus requisitos. 5.1. Eficácia interna e eficácia externa do ato.
5.2. Suspensão e cessação da eficácia. BIBLIOGRAFIA: COLAÇO ANTUNES, A Ciência Jurídica
Administrativa, op. cit., pp. 391-421; FREITAS DO AMARAL, Curso..., vol. II, op. cit., pp. 403-418;
459-462. MARCELO REBELO DE SOUSA, Direito Administrativo Geral, op. cit., pp. 152-188; pp.
205-206.
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Apesar de não estar consignado um principio de fundamentação há que conjugar o artigo 268
nº4 da crp com o artigo 152.º que faz alusão aos atos que devem ser fundamentados. A grande maioria
dos atos administrativos devem ser fundamentados. A ausência de fundamentação trata-se de um vicio
formal. A jurisprudência tem feito uma interpretação formalista quando o interlógico seja
compreensível a um destinatário normal.
Se a fase instrutória for bem feita, há um projeto de decisão. É a fase capital do procedimento
administrativo, para alem desta função que não se vê muito referida na doutrina pode ser um elemento
sistemático de outros vícios como o desvio de poderes, a violação da lei. Pode ter consequências num
aspeto relevante pois podendo haver um vicio formal de fundamentação como enunciador de outros
vícios pode voltar a rever o ato e repeti-lo com o mesmo conteúdo.
Muitas vezes o particular não ganharia grande coisa com a impugnação contenciosa do ato e
por outro lado no cpa anterior só produzia efeitos para o futuro e de certa maneira veio enriquecer o
dever de fundamentação.
Outra vantagem, o destinatário do ato tem que ficar convencido da vontade material,
formal e jurídica da decisão. Contribui para a clareza transparência da atividade administrativa.
Assume-se como garantia do particular com garanta para efeitos contenciosos. O particular pode
consultar o dossier onde está contido o procedimento administrativo e uma das questões que pode
levantar é a questão da fundamentação.
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Tipos de fundamentação:
Muitas vezes o órgão que toma a decisão diz – “concordo com o parecer X”
A informação do parecer pode não estar devidamente fundamentada. A jurisprudência discute se deve-
se ou não fazer remissão expressa para o parecer.
CA considera que é uma formalidade essencial importante mas não é a resolução de todos
os males. A legalidade administrativa é uma legalidade material e não apenas uma legalidade
formal. Quando a administração atua no poder discricionário para saber se o ato é juridicamente
correto não basta recorrer a legalidade formal. A discricionariedade implica uma margem de
apreciação, não basta recorrer a lei. O dever de fundamentação tem como seu habitat natural as
sentenças. É uma garantia importante. Uma autoridade autoritante por natureza não se tem que se
justificar. Como se trata de uma legalidade material, não é um silogismo que o juiz pode fazer, a
fundamentação ganhou uma dimensão retórica, discursiva.
O interesse público real tem que coincidir com o interesse público legal. O requisito quanto
ao fim é fundamentalmente útil para os atos discricionários e não vinculados. O desvio de poder em
vez de prosseguir o interesse publico segue o privado, sendo aqui a regra da nulidade. No caso da
prossecução do interesse público secundário em vez do interesse publico primário a consequência
jurídica será a anulabilidade.
Requisito: o fim real tem que coincidir com o fim legal com o risco de haver desvio de poder.
o Ex: Direito do Ambiente, Urbanístico, etc.
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4.1. Os vícios do ato: uma leitura clássica: vícios orgânicos, vícios formais e vícios materiais.
O caso especial dos vícios da vontade.
Vícios orgânicos
o Usurpação de poder – o órgão administrativo pratica o ato que está em atribuições
do poder jurisdicional e legislativo – regime da nulidade - 161 nº 2 alinea a
Há violação do princípio da separação dos poderes
Violação da reserva do poder legislativo
Violação da reserva do poder judicial
Nulidade
o Incompetência absoluta:
Violação de atribuições
Órgãos praticam um ato de outro órgão de outra pessoa coletiva
publica
Ministro prática um ato que resulta de atribuições de outro
ministério
o Artigo 161 nº 2 alinea b
o Incompetência relativa
Órgão pratica um ato cujo ato é da competência de outro órgão da mesma
pessoa coletiva´
Gera anulabilidade – artigo 163 nº1
o Legitimação
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Vícios formais
o Vícios de forma
A forma corresponde ao modo de exteriorização do ato administrativo
161 nº 2 alínea g – nulidade dos atos que careçam em absoluto da forma
legal
o Quanto as formalidades
As formalidades correspondem aos tramites legais relativos à formação do
ato administrativo
Sempre que a lei desenhe um determinado procedimento este só se considera
validamente formado se a tramitação legalmente exigida tiver sido
cumprida. Há regras relativas a formalidade anteriores a prática do ato.
Vícios materiais
o Violação de lei
Em que consiste? Discrepância entre ou conteúdo e objeto do ato e as
normas legais que lhe são aplicadas. Há que distinguir situações de ato
vinculado e ato discricionário. Quando decide algo contrário a lei decide
algo contrário aos pressupostos.
A violação da lei é sugestiva de outros vícios
Podemos ter violação da lei quanto:
Objeto – realidade sobre que recaem os efeitos jurídicos dos atos
o Impossibilidade e ininteligibilidade: nulidade (art.161.º/2/c
CPA)
o Falsidade ou inexistência do facto certificado: nulidade
(art.161.º/2/j CPA)
Esta figura referia-se apenas aos atos anuláveis e não atos nulos. Mas agora, os atos nulos
podem ser objeto de reforma e reformulação conforme 164 nº 2´.
O ato pode-se tornar inimpugnavel ou inopugnavel. Isto não significa que este ato
inválido se convalida. Ele mantem o vicio. O artigo 38.º do CPTA prevê a apreciação judicial dos
atos inválidos que não foram tempestivamente avaliados. Assim o ato não se convalida. O ato torna-
se inopugnavel. Assim a única forma de sanação de atos inválidos é a prática de atos secundários.
No cpa anterior, a figura só se aplicava aos atos anuláveis. Consistem atos secundários:
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Reforma – ato pelo qual a Administração conserva um ato na parte não afetada pela
ilegalidade.
Conversão – ato pelo qual se aproveita os elementos válidos de um ato ilegal para com eles
compor um outro ato legitimo, legal. Transformação de um ato ilegal num outro legal que
possa ser praticado com os elementos legais/válidos do primeiro ato.
Não confundir validade com eficácia do ato. A validade prende-se com os elementos necessários
para a formação da correta decisão administrativa. Se houver incumprimento há incumprimento de
elementos intrínsecos do ato que são indispensáveis a sua correta formação jurídica.
São requisitos de eficácia aquelas exigências que a lei faz para que um ato administrativo possa
produzir os seus efeitos jurídicos.
Pode haver:
Atos válidos ineficazes – temos um ato administrativo que já foi praticado mas ainda não foi
aprovado, publicado ou notificado.
Ex: aprovação e condição e termo suspensivos – art. 157.ºCPA (depende de um ato futuro e
incerto/certo)
Atos inválidos eficazes – atos anuláveis – produzem efeitos jurídicos externos até serem
impugnados. São aplicados, produzem efeitos jurídicos de um ato válido até serem
impugnados/anulados..
Há atos inválidos mas eficazes que são os atos anuláveis conforme artigo 168.º.
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O regime da anulabilidade está no artigo 163.º. Um ato anulável produz efeitos jurídicos eficazes.
Este ato anulável se na for anulado judicialmente significa que ou o interessado não propôs a ação ou
não foi objeto de impugnação administrativa, este ato produz efeitos até ser anulado
administrativamente ou contenciosamente. Há uma necessidade de distinguir entre validade e eficácia.
Há casos em que a publicação funcionam como requisitos de eficácia.
A eficácia normalmente tem uma natureza declarativa. Em regra são praticados apos a fase
constitutiva. São atos que visam desencadear e tornar o ato administrativo operativo na OJ. Eliminar
obstáculos para a produção de efeitos jurídicos externos. Não acrescentam nada ao ato mas eliminar
os obstáculos a operatividade jurídica do ato. Portanto falamos de eficácia externa. Pode haver atos
validos mas ineficazes. Um ato administrativo é praticado, está pronto-a-vestir mas ainda não está apto
a produzir efeitos jurídicos externos por exemplo necessita de uma aprovação, conforme o artigo 157.
Um ato administrativo pode ter eficácia diferida. Ainda carece de uma aprovação ou
notificação conforme 157. Outro caso de eficácia diferida poderá ser quando ato está sujeito a uma
condição suspensiva conforme a alínea b.
Suspensão: Um ato administrativo pode produzir normalmente os efeitos mas surgir um evento que
suspenda-os. Um ato administrativo reproduz normalmente os seus efeitos jurídicos. Estes podem
serem temporariamente suspensos por prática de ato administrativo com razoes de conveniência. Outra
forma de suspender a eficácia do ato é aquando do recurso administrativo, quando necessário, este
recurso administrativo necessário suspende a eficácia do ato. Outra forma de suspensão será a
interposição de uma providencia cautelar nos termos do artigo 112 do CPTA nº 2 alínea a. Temos três
formas de suspensão
Cessação: Normalmente opera através de atos administrativos de 2.º grau: faz cessar os efeitos do ato
anterior (revogação/anulação). Mas também pode ser através de uma sentença constitutiva do fim do
58
26 de março de 2015
O antigo CPA falava de forma unitária e o intérprete teria que procurar o regime jurídico. A
figura aparecia regulada de forma unitária e diferenciada. No novo CPA tal não acontece como se
verifica no artigo 165º e 168 e 169.º.
Na doutrina, as diferenças são nítidas: A primeira grande diferença passa pela noção. No 165
nº1 dá-nos uma definição de revogação como sendo um ato administrativo que determina a cessação
de efeitos do atos por razoes de mérito e conveniência. Já a anulação tem um vício associado. O motivo
que está por detrás da revogação é o facto da produção de efeitos jurídicos correspondentes ao ato
praticado serem na fase atual inconveniente e inoportuno, determinando assim a revogação do ato. Há
59
Quanto aos efeitos, a revogação apenas produz efeitos para o futuro, por regra, conforme o
artigo 171 nº1, mas o autor do ato pode considerar eficácia retroativa nos termos do artigo. Mas em
princípio produz efeitos para o futuro sem prejuízo do autor nas condições descritas poder atribuir
eficácia retroativa. Enquanto a anulação, em regra produz efeitos retroativos mas o autor da anulação
pode atribuir eficácia para o futuro quando o ato se tenha tornado inopugnavel por via jurisdicional.
Em bom rigor não se trata de retroatividade mas retroação. Não se trata de retroatividade propriamente
dita, não vai para além do momento em que o ato foi praticado.
Uma outra diferença será quanto aos órgãos competentes. Quanto a revogação, conforme o
artigo 169 nº 2, são competentes os autores e respetivos superiores hierárquicos com uma condição
desde que não se trate de ato de competência exclusiva do subalterno. Quanto a anulação destaca-se
o 169 nº 3 e podem ser objeto de anulação pelo órgão que os praticou e pelo superior hierárquico.
Enquanto que os atos revogatórios são praticados no exercício de uma função administrativa
ativa, os atos anulatórios são praticados num exercício de controlo e fiscalização. É irrelevante se o
órgão praticou o ato um competência exclusiva ou hierárquica no caso da anulação. Os atos
anulatórios é praticado no âmbito de controlo e fiscalização e é irrelevante ser competência
exclusiva.
No passado, a revogação, nos limites em que era permitida, esta podia ser feita a todo o tempo,
conforme o artigo 140 do anterior CPA. Tínhamos que procurar no 144 a competência. O mesmo não
acontece atualmente.
Artigo 166
o Que atos não são suscetíveis de revogação e anulação? – artigo 166 nº 1 ~
Atos nulos
Atos anulados contenciosamente
Atos revogados com eficácia retroativa
149.º
No nº 3 do artigo 167 temos uma definição do que se entende por atos constitutivos de
direitos. Esta presente uma noção muito ampla de ato constitutivo de direitos. Tem-se vindo a apontar
uma espécie de conceito amplo de direito subjetivo o que não permite muitas vezes distinguir o direito
subjetivo de interesse legalmente protegido. Imagine-se que um interesse camarário, se a
administraçao revogar o ato este é constitutivo de direito? Não será demasiado garantístico? Ou atribui
uma cadeira a um docente e não pode revogar a decisão? Colaço considera que a noção é muito ampla.
A noção adotada de atos constitutivos de direitos é muito ampla e acaba por tocar nos interesses
legalmente protegidos.
É um regime sujeito a vários prazos. É um regime mais aberto e flexível mas não é de
entendimento fácil.
Artigo 175 a 183 – regime comum aplicável aos procedimentos comuns administrativos…
noção de ato administrativo, pela natureza vinculativa e autoritária do ato, este é uma forma da
É o poder que a administração tem de utilizar meios administrativos próprios para executar
um ato administrativo que esbarre com a situação ativa ou passiva do destinatário sem
necessidade de recorrer ao tribunal. A administração podia por em funcionamento um
conjunto de operações com os meios próprios sem necessário de recorrer ao tribunal e se
necessário de forma coativa.
A doutrina entendia que a executoriedade não era uma característica dos atos administrativos. A
melhor interpretação do artigo 149 era a de que os atos impositivos de deveres e encargos eram
suscetíveis de serem executados. Era uma categoria muito restrita. Uma parte da doutrina que já vinha
de Rogério Soares defendia a uma interpretação restrita da executoriedade, defendendo a ideia de
que os atos só eram suscetíveis de execução nos casos em que viessem especificamente e previstos na
lei e quando a não execução do ato implicasse uma lesão ao interesse público considerado.
Artigo 176 nº 1 CPA: “…, a satisfação de obrigações e o respeito por limitações decorrentes dos atos
administrativos só podem ser impostos coercivamente pela administração nos casos e segundo as
formas e termos expressamente previstos na lei, ou em situações de urgente necessidade pública,
devidamente fundamentada.”
+
Artigo 183 CPA: “Sempre que, …, a satisfação de obrigações ou o respeito por limitações decorrentes
dos atos administrativos não possa ser imposto coercivamente pela Administração, esta pode solicitar
a respetiva execução ao tribunal administrativo competente,…”
Só podem ser impostos coercivamente os atos administrativos nos casos e segundo formas
expressamente previstas na lei, há um princípio da legalidade e tendo em conta o subprincípio de
precedência da lei ou em situações de necessidade pública fundamentada. Fora destes casos., aplica-
se o artigo 183.º.
Trata-se de uma alteração considerável relativamente ao anterior CPA. Esta alteração de certo
modo só produzirá efeitos se se verificar o artigo 8º do Decreto-Lei nº 4/2015 de 7 de janeiro que
aprovou o novo CPA. Colaço Antunes considera que nunca virá a ser publicado o diploma a que se
refere o artigo 8nº2 do decreto referido. A ideia é boa mas há que calibrar senão a administração fica
64
Os artigos nucleares nesta matéria são os artigos 176 do CPA conjugado com o 183 do CPA.
Em regra, a administração necessita de autorização judicial prévia para executar certos tipos de
atos relativamente aos atos constitutivos de encargos porque são estes que requerem uma colaboração
ativa do destinatário do ato. Contudo a administração pode não ter resistência do destinatário.
Autotutela executiva
o Capacidade da Administração definir a disposição adequada ao ato concreto que se
reverte na definição do próprio ato administrativo. Ao falarmos de execução do ato
65
Há que conjugar o 176 com o 183. Numa interpretação literal, dá a ideia que a interpretação
do ato passa a ser uma interpretação judicial ou então terá que ser criada um ação executiva. O
legislador transpôs esta pré-compressão da doutrina, sendo mais garantística primeiro, reduzindo o
âmbito da executoriedade e num segundo momento os atos impositivos ou constitutivos tinham que
estar previstos na lei ou salvo urgente necessidade.
Não se deve confundir executoriedade do ato com eficácia do ato. São categorias
autónomas mas complementares. Só se pode falar de execução quando o ato é juridicamente eficaz. A
eficácia é pressuposto da executoriedade do ato administrativo. Confundia-se a executoriedade com
eficácia. Por um lado a eficácia é pressuposto de executoriedade e por outro lado nem todos os atos
eficazes são suscetíveis de serem executados. Isto vinha previsto na LPTA.
Para se falar em ato executivo há que recorrer a ideia de executibilidade. Há atos que não tem
que ser executados como uma autorização ou ato revogatório. Mas um ato executivo que preveja a
demolição de um prédio, sendo um ato material, é suscetível de ser executado. Mas há atos que não
carecem de ser executados para que a administração retire todos os efeitos práticos do ato.
administração não pode praticar ato jurídico ou operação material de execução sem, ter
No nº 2, prevê-se que tem que haver uma decisão de execução para se iniciar a mesma e
devidamente fundamentada. O órgão competente através deste ato determina o conteúdo e os termos
da execução, este ato é notificado ao destinatário com a determinação do prazo razoável conforme o
nº 3. O ato exequendo é o ato que carece de ser executado.
Colaço Antunes considera que o legislador não densificou o artigo 177 nº 4. No caso de
expropriação por utilidade pública estaremos perante um ato ablativo. Tendo em conta a lógica do
procedimento e as garantias dos particulares deveria de haver um mínimo de procedimentalidade.
Quanto às garantias dos particulares, nos termos do artigo 182, os interessados podem
impugnar contenciosa e administrativamente os atos exequendos. Há a particularidade de por um
lado se consagrar uma tutela jurisdicional adequada pois é impugnável o ato que determina a abertura
do procedimento de execução desde que com vícios próprios do ato de execução. Há, ainda, a
possibilidade de haver atos procedimentais que podem ser autonomamente impugnados e permite a
utilização de mecanismos de tutela cautelar, sendo uma tutela subsidiaria.
A forma como procedo à execução do ato administrativo exequendo pode ser feito por ato
administrativo ou por operações materiais.
Quanto às formas, a lei estabelece certas formas quanto aos procedimentos de execução: 179
– execução de obrigações pecuniárias –( não se admitia a execução dos atos por meios próprios, mas
O artigo 266 nº1 da CRP e artigo 4 do CPA consagram o principio da prossecução dos
interesses públicos e da prossecução dos direitos dos cidadãos. Não há nenhuma constituição que se
cumpra a si própria. É necessário mas não é suficiente. O ordenamento tem que consagrar os
instrumentos jurídicos necessários para que o interessado possa usar para combater qualquer ofensa
ou lesão de direitos subjetivos e interesses legalmente protegidos.
a. Reclamação – dirigida ao autor do ato ou da omissão do ato – artigo 191 e 192 CPA
1. Recurso que pode ser feito para o órgão da mesma pessoa coletiva
que exerça funções de supervisão
O CPA prevê:
2. Regimes específicos
a. Reclamação – artigos 191 e 192 CPA
b. Recursos hierárquico – artigos 193 a 198 CPA
c. Recursos administrativos especiais – artigo 199 CPA
impugnação administrativa quando necessária irá servir de igual forma a posição do particular e da
Administração.
1. Ilegalidade
2. Inconveniência do ato praticado – artigo 185 nº 3
3. Exceção no artigo 199 nº 3 – recurso para o órgão que exerça poderes de tutela – só há lugar
a recursos tutelar quando a lei estabeleça uma tutela de mérito
a. O recurso tutelar só pode ter por fundamento a inconveniência ou a inoportunidade
do ato ou da omissão nos casos em que a lei estabeleça tutela de mérito
b. Exemplo – a tutela sobre a administração indireta do estado
Regimes específicos:
8.3. A reclamação.
o Prazo de 15 dias para reclamar, a menos que lei especial preveja prazo diferente
Âmbito
o Quando exista relações hierárquicas e a lei não exclua a possibilidade de recurso –
Artigo 193 CPA
Recurso para Órgão da mesma pessoa coletiva que exerça funções de supervisão – artigo 199
nº1 a) CPA
Recurso para Órgão colegial de atos ou omissões de qualquer dos seus membros, comissões
ou secções– artigo 199 nº 1 b CPA
Recurso para Órgão de outra pessoa coletiva que exerça poderes de tutela ou superintendência
– artigo 199 nº 1 alínea c CPA
o Recurso tutelar com fundamento na inconveniência ou inoportunidade do ato ou
omissão só pode ter lugar nos casos em que a lei estabeleça uma tutela de mérito,
conforme o artigo 199 nº 3 CPA
o A tutela é em principio de mera legalidade
o Recurso tutelar, a modificação ou a substituição do ato recorrido só é possível se a
lei conferir poderes de tutela substitutiva e no âmbito deste conforme o artigo 199 nº
75
4 CPA
A doutrina dividia-se. Do ponto de vista legislativo introduz-se uma novidade no artigo 53nº1
CPTA e 59 nº 4 e 5 CPTA. Estávamos perante esta polémica quando surge a reforma do CPTA que
no 59 nº 4 e 5 que se projetou em alguns artigos CPA.
O legislador começa pelo fim. Um ato administrativo em sentido próprio é sempre impugnável.
Quando o recurso era necessário havia diferença quanto ao momento de impugnação contenciosa
quanto ao momento da tutela judicial, esta existia sempre, não estava em causa a questão era quando.
Assim, a regra era a impugnação administrativa necessária. Com a reforma do CPTA, a regra passou
a ser a impugnação administrativa facultativa e entre elas o recurso hierárquico que considera o
professor potestativo.
Atualmente o artigo 185 nº 2. Há que fazer uma interpretação quando refere a lei em contrario
deveríamos entender salvo se lei especial necessária. Pode haver leis avulsas especiais que considerem
o recurso hierárquico necessário. O CPA podia ter sido mais claro na compreensão destas matérias
ganhando proveito dos benefícios trazidos pelo CPTA nos nº 4 e 5 de 59.
A melhor interpretação na altura foi a interpretação atualista no sentido em que a regra geral era
o recurso hierárquico potestativo ou facultativo e por outro lado há que fazer interpretação atualista
do cpa e lei especial. Mais o interprete, o tribunal deveria apreciar, fazendo um teste de
constitucionalidade sabendo se o RHN condicionaria o principio de acesso ao tribunal e a tutela
jurisdicional efetiva
76
Quanto à inconstitucionalidade a doutrina estava dividida. STA defendia a doutrina que defendia
a não inconstitucionalidade. Vasco pereira da silva autor muito subjetivista e agarntista utilizava dois
argumentos
O primeiro argumento é mais forte. O RHN retardava a tutela judicial, podendo levar a uma
limitação da tutela judicial efetiva porque não foi feito em tempo adequado. O tempo tem relevância,
não é indiferente.
A tese oposta que recolheu na jurisprudência já de Rogério soares e vieira andrade para além
de defender as impugnações administrativas necessárias, é um procedimento mais simples mais barato,
mais informal. Normalmente o superior confirma a decisão do órgão subalterno. O acessoa o direito
estava assegurado para esses autores. Registam uma diferença que se prende com o momento. A tutela
realizasse apos a utilização de impugnação administrativa prévia.
Colaço Antunes considera que a haver inconstitucionalidade ia la por outra razão. No âmbito
do principio da legalidade se a administração tem o poder deveres de fiscalizar a legalidade das
disposições que se prendem com a sua administração e o argumento fundamental da tese que venceu
que não é incontroversa quando a ilegalidade seja confirmada porque não a administração fiscalizar.
Quando esta é evidente e já confirmada porque não a administração fiscalizar. O argumento
fundamental seria a violação do princípio da legalidade da precedência da lei. Não há nenhuma norma
constitucional que atribui a administração esta função. A crp no 202 e 204 estabelece que esta
competência é dos tribunais. Recorrendo a este argumento o que fará o superior hierárquico? Não
fiscaliza a legalidade e constitucionalidade dos atos praticados pelo subalterno? Então não podia anular
o ato. A anulação é a revogação de ato inválido que padece de vícios. A inconstitucionalidade advém
de quando RHO administração Acaba por desenvolver uma função jurisdicional que não lhe compete,
violando fundamentalmente o 204 da crp. Porque há autotutela? O RHN poderá servir ao recorrente
mas pode servir a administração. Imaginemos que administração não fez a administração tem
autotutela não é um instrumento de defesa das pessoas mas da administração para eliminar uma to
77
ilegal que praticou. É ainda contenciosa porque acaba por praticar um ato de natureza jurisdicional. É
O novo CPA embora não de forma contundente o legislador deveria ter utilizado uma
expressão mais inibitória mais restritivo mas na sequencia da doutrina e CPTA, o novo CPA veio
prolongar a evolução legislativa que vinha do CPTA apontando para a impugnação administrativa
facultativa conforma 185 nº2. De salientar salvo se lei os denominar como necessário. Deveria
considerar lei especial.
Se a regra hoje o CPA tem uma consequência pratica. Ao dizer que a regra tem carater
facultativo torna irrelevante saber se o órgão subalterno pratica o ato numa competência exclusiva ou
competência concorrente. Em termos de interpretação jurídica pode-se colocar a questão do intérprete
considerar se o órgão praticou o ato no exercício de uma competência exclusiva ou concorrente.
Contudo sendo esta a regra decai esta importância de saber que competência levou-a aprática do ato.
78
2. Elemento orgânico
a. Os regulamentos não são apenas editadas pela administração- há uma certa
incompletude.
b. Na AR há o regulamento que disciplina o acesso das pessoas ao plenário. Mesmo os
concessionários tem poder regulamentar e estão sujeito ao controlo administrativo
nos termos do artigo 4 nº 1 alínea d. Mas em regra os regulamentos são elaborados
pelos órgãos administrativos.
c. Podemos dizer que os regulamentos são um ordenamento próprio da
administração
3. Elemento funcional
a. O governo em Portugal tem a título principal uma tripla função
i. Função politica, executiva e administrativa
ii. Só elabora regulamentos enquanto órgão superior da administração
conforma artigo 182 e 189 da crp. Só quando está no exercício da função
administrativa é que pertence à administração
Esta em causa a natureza da função. Em bom rigor, a expressão a utilizar poderia ser em
exercício de poderes públicos. Mas é para dar cobertura as entidades privadas que atuam no exercício
de poderes públicos, uma entidade pública pode usar mecanismos de direitos privado mas não deixa
de estar vinculada ao interesse público.
O artigo 135 do CPA introduz nesta noção o do carater externo dos efeitos do regulamento,
não para o efeito de, a propósito da natureza dos regulamentos, excluir da qualificação como tal os
regulamentos internos mas para o efeito de definir o âmbito objetivo das disposições do CPA relativas
a regulamentos. Assim, o elementos dos artigos 97 e seguintes e 135 e ss do CPA são apenas aplicáveis
aos regulamentos externos, mantendo-se nesse sentido o interesse da distinção entre regulamentos
internos e externos. Os regulamentos internos não deixam de ser regulamentos. A diferença é relevante
para aplicação do CPA em relação a regulamento.
2. Classificação e critérios
1. Regulamentos internos
a. Projetam os seus efeitos no interior da propria entidade administrativa
b. Ao elaborar o regulamento o seu poder normativo é projetado no seio dessa mesma
entidade.
c. Normas de matéria de organização do serviço, distribuição de tarefas ou normas de
expediente de atendimento ao público
80
Há uma evolução no artigo 136 nº 4 do CPA. Há já alguma preocupação de atribuir algo mais
do que a normatividade a estas normas internas, desde logo carecem de lei habilitante. Parece chocante
uma reserva da administração que não seja sindicável indiretamente.
Mas quando uma norma regulamentar pretende ter como objeto o trabalhador não como elemento
de máquina mas como pessoas com direitos fundamentais ou como pessoa ao serviço, trata-se de um
regulamento especial externo. O trabalhador é visto como titular de direitos fundamentais e não como
elemento da máquina administrativo. Há que ver o âmbito da relação especial de poder administrativo
ou relação especial de direito administrativo.
Subprincípios:
Regulamentos complementares
o A lei enuncia um quadro muito amplo ou princípios gerais
o Enquanto o regulamento executivo não acrescenta nada a lei, não tem carater
inovatório, a partir daqui a ligação começa a ser mais ténue
o O legislador limita um quadro geral amplo, as diretrizes , as bases
Há que confrontar com os artigo 112 (atos normativos) nº 5 6 e 7 da crp. Numa interpretação
literal nenhum destes regulamentos passava o teste constitucional.
Art. 112.º/5 CRP: “Nenhuma lei pode criar outras categorias de atos legislativos ou conferir a actos
de outra natureza o poder de, com eficácia externa, interpretar, integrar, modificar, suspender ou
revogar qualquer dos seus preceitos.”
Sob este ponto de vista nem os regulamentos de execução se salvavam. A norma não
pretendeu inviabilizar os regulamentos de execução, desde que não tenham nenhum carater inovatório
que não caibam na letra e espirito de lei. Contudo o legislador frequentemente permitia que a lei
remetesse para despachos ministeriais o saneamento de qualquer duvida ou interpretação de lacunas
o que permitia ao despacho interpretações que violavam o espirito da lei.
Para que regulamentos complementares? Levanta mais dificuldades. Só tem sentido num
sistema em que os governos não tenham função legislativa a título principal. O professor não
considera a inconstitucionalidade de regulamentos complementares.
1. Se a matéria ou as bases gerais de uma lei-quadro forem matéria de reserva de lei só pode
haver decreto-lei de desenvolvimento
2. Se na lei quadros as bases gerais não fazem parte da reserva de lei em sentido formal então
Colaço Antunes considera haver lugar a um regulamento complementar de
desenvolvimento e apenas nestes casos, devendo revistir a forma mais solene que é decreto
regulamentar sujeitos a promulgação do PR.
Quando se trata de lei-quadro em que os principio são objeto de lei – decreto-lei de base ou
de desenvolvimento. Se não for matéria de reserva o regulamento deve revestir a forma mais solene
de decreto regulamentar.
Do artigo 112 nº5 depreende-se que qualquer regulamento delegado com carater suspensivo
ou revogatório seria necessariamente inconstitucional.
Se entendermos a reserva de lei como algo estático só poderia haver regulamentos de execução. Não
faz sentido haver planos urbanísticos iguais.
Prof. Vieira de Andrade (o Prof. Colaço concorda): devemos defender uma certa elasticidade
da reserva de lei
A esta luz seria possível que os planos fossem constitucionais. Pode dizer-se que os
regulamentos delegados seriam uma espécie de concessão legislativa.
Art.112.º/7 CRP – desde que haja uma norma jurídica que no mínimo defina a
competência subjectiva (quem é competente) e a competência objetiva (a matéria a tratar).
Assim sendo estes regulamentos delegados não seriam inconstitucionais desde que essa lei
preenche-se estes requisitos:
Parece, a ver do Prof. Colaço, que os Planos Urbanísticos enquanto regulamentos delegados
são constitucionais.
Quem entender de forma rígida o principio da reserva de lei então não seriam admitidos os
regramentos de execução. Há que adotar alguma flexibilidade quanto ao entendimento do subprincípio
de reserva de lei que se verifica no âmbito do direito do urbanismo.
14 de abril de 2015
A grande diferença entre os dois está na sua autoria. No caso dos regulamentos autónomos
são as autarquias e no caso dos regulamentos independentes os seu autor é o governo. Os regulamentos
autónomos são expressão de autorregulamentação de interesses próprios sobre responsabilidade
própria.
O que caracteriza estes regulamentos é que não visam executar ou alterar o contudo de
qualquer norma legislativa o objetivo é dinamizar a OJ louvando-se do artigo199 alínea c da CRP.
Há uma certa dificuldade da relação dos regulamentos com a lei, nomeadamente face aos
independentes pois a doutrina e jurisprudência é mais generosa na medida em que os regulamentos
autónomos são produto de uma entidade com uma legitimidade própria democrática. Há duas teses
fundamentais.
Assim, esta doutrina parte da conceção que não há norma administrativa sem uma norma
habilitante nem que seja no mínimo uma norma inconstitucional
Esta tese defende que relativamente aos regulamentos independentes não se pode cumprir a
exigência de uma norma habilitante porque o Governo enquanto órgão superior da Administração
cumpre tantos interesses públicos que não é possível que uma norma defina a competência objetiva e
subjetiva.
112.º/6 CRP:
“Os regulamentos do Governo revestem a forma de decreto regulamentar quando tal seja
determinado pela lei que regulamentam, bem como no caso dos regulamentos
independentes.”
Há que ter em conta a matéria de cera natureza em matéria urbanística. O regulamento pode impor
na área restrições a utilização do solo por razoes de ambiente ou património cultural afetando os
direitos subjetivos do proprietário ou direitos adquiridos e estaremos perante uma expropriação sem
benefício. Trata-se de uma expropriação do plano. Vem pro em causa direitos devidamente
legitimados através de uma operação urbanística. Nos termos do artigo 143 há lugar a uma
indemnização. Esta retroatividade pode assumir um carater ablativo já que tem em conta a natureza
do rendimento. Mas nem sempre está proibida deduzir-se imediatamente do artigo 141.
4. 4.º Limite o órgão com competência regulamentar não pode invadir a competência de outro
órgão – princípio da especialidade – artigo 36
a. O órgão está subordinado a competências próprias e limitado pelas atribuições, pelo
fim
esclarecedora e didática
De forma resumida:
Procedimento regulamentar
o Os regulamentos com eficácia externa tem que seguir o procedimento
o 1º fase – fase preparatória
Fase inicial
Os procedimentos são de início oficioso na medida em que tem
lugar com a prática de um ato praticado pela entidade com
competência regulamentar, muito embora este ato possa ter sido
suscitado por uma petição apresentada por particulares ou outras
entidades nos termos do artigo 97 nº 1 do CPA que é na verdade
uma cocnretizaçao especifica do direito de petição previsto no
artigo 52 da CRP.
o A entidade pode ser chamada a atençaoa para elaborar
regulamento através de uma petição. Uma petição por si so
não dá origem a nada
o O inicio é sempre oficioso
O inicio do procedimento regulamentar deve ser publicitado no sitio
da internet da entidade – artigo 98 nº 1
Fase de instrução
Há lugar a identificação e comparação dos interesses coenvolvidos
no procedimento bem como à elaboração do projeto de regulamento
que deverá ser acompanhado, nos termos do artigo 99 de nota
justificativa em que se faz a avaliação dos custos e benefícios das
normas projetadas, artigo 99 do CPA
91
o Fase constitutiva
Traduz-se na aprovação do regulamento pelo órgão com competência
regulamento. A competência não se presume, é prevista na lei
Analisando,
Enquanto a parte substantiva vem regulado dos 145 a 147 do CPA. A matéria disciplinardo
regulamento está consagrado entre o artigo 97 e 101 do CPA. O artigo 96 remete para os capítulo I e
II do titulo em questão “ Regime comum”.
Artigo 97 nº1 CPA – os interessados podem apresentar aos órgãos competentes petições
Há que salientar o artigo 99 do CPA, os regulamentos são aprovados com base num projeto
que deve ser acompanhado de uma nota justificativa fundamentada que deve incluir uma ponderação
das vantagens e inconvenientes das medidas projetadas. Colaço Antunes considera que deveria haver
um princípio de fundamentação de motivação de lei. Isto implicaria um estudo de impacto do projeto
legislativo. E isto se fizesse as leis acabavam-se por não se elaborar. Muitas vezes, o legislador não
conhece os efeitos que estas provocarão. Para tal era fundamental este estudo de impacto.
Quanto à participação dos interessados, dos particulares, há que atentar aos artigos 100 e 101
do CPA.
O projeto de regulamento deve ser objeto de participação. Colaço Antunes considera que
deveria haver dois tipos de participação:
Um problema tem que ver com a hierarquia nas relações entre regulamentos – artigo 138
Não crê que se coloca problema de hierarquia mas de âmbito de jurisdição. A disposição
merece analise detalhada.
O Prof. Colaço entende que esta norma deve ser interpretada com alguma
habilidade.
94
5. Publicação e vigência..
6. Invalidade do regulamento.
Quanto ao regime de invalidade, este sempre foi entendido e conforme artigo 74 do CPTA, a
declaração de invalidade pode ser pedida a todo o tempo, não havendo distinção dos vícios que
causariam a nulidade e anulabilidade regulamento. Também aqui há novidades. Portanto, o artigo 74º
do CPTA prevê a inexistência de prazo.
A doutrina francesa considera quer a ilegalidade interna quer externa. De acordo com a
doutrina francesa introduzida por Rogerio Soares quando falamos em vício de ilegalidade interna
falamos de vícios materiais de conteúdo e objeto. Os vícios de ilegalidade externa prendem-se com
vícios formais e procedimentais.
Os vícios formais só são declarados inválidos pela administração no prazo de seis meses,
a contar da data da respetiva publicação, salvo nos casos de carência absoluta de forma legal e de
consulta pública exigida pela lei. Significa que os regulamentos que inferem em vícios formais ou
procedimentais salvo os casos excecionais sofrem de ilegalidade, podendo ser impugnados pela
administração no prazo de seis meses a contar da respetiva publicação, há a duvida de saber se o
prazo se estende aos prazos processuais
Artigo 144nº 4 o CPA – A retroatividade da declaração não afeta os casos julgados nem os atos
administrativos que se tenham tornado em atos inimpugnáveis mas exceciona os atos desfavoráveis
para o destinatário. Nos termos do 76 nº 3 do CPTA a retroatividade da declaração de ilegalidade
não afeta os casos julgados salvo norma que respeita a matéria sancionatória e seja de conteúdo menos
96
favorável ao individuo
Parece que o legislador podia ter ido mais longe, contudo as razões podiam ser outras e atribuir
apenas efeitos ex nunc, isto é, a partir do transito em julgado. Não há argumentos de peso que possam
opor-se a esta interpretação
16 de abril de 2015
Quanto aos procedimentos de segundo grau há que salientar o artigo 147. A epígrafe é mais
restrita que o conteúdo do artigo porque fala da impugnação do regulamento. Contudo, há
regulamentos diretamente lesivos que não precisam da mediação de um ato legislativo para
produzirem efeitos externos que se projetam diretamente na esfera jurídica do destinatário, há
regulamento imediatamente operativos. Já no regulamento mediatamente operativo o que é lesivo é
o ato que concretiza o regulamento. Um regulamento que arreguile o regime de bolsas não é
diretamente lesivo.
Artigo 147 nº 2
Recurso – IA dirigida ao órgão com competência para o efeito que não o autor
Processos cautelares – visam assegurar a utilidade da sentença que venha ser proferida no
processo principal
o Artigo 112 e ss do CPTA
Há ações avulsas como a perda do mandato local, há uma ação popular (disciplinada no
decreto lei 83/95). A ação popular é de certo modo qualificada porque as disposições relativas a estas
são escassas. Esta reveste-se das formas de processo previstas no CPTA. Aparece travestida. Como se
trata de uma ação popular e tem em causa a defesa de valores públicos coletivos há diferença em
matérias de legitimidade de processo, excecionalmente pode atribuir efeitos a título principio em que
são efeitos cujo dano é de natureza irreparável. A sentença tem efeitos erga homnes. Na ação especial
tem efeitos inter partes. A ação popular pode revestir as formas quer da AAC e AAE.
CPTA
21 de abril 2015
Síntese:
O contencioso das normas administrativas foi durante longo tempo matéria deficitária de
justiça administrativa:
2. Temor reverencial ao regulamento do governo que durante muito tempo não eram
contenciosamente impugnáveis em obséquio ao facto de serem regulamentos quase políticos.
A doutrina e jurisprudência temia em virtude do défice de tutela jurisdicional.
101
Uma outra nota importante é o artigo 95. Em matéria de contencioso das normas o juiz não
está sujeito às causas do pedido.
Quanto ao artigo 76, a declaração com força obrigatória geral da ilegalidade de uma norma
produz como regra geral efeitos desde a data de emissão da norma, efeitos ex tunc, determinando a
repristinação das normas que tenham sido revogadas, o princípio é o inverso das que existiam em que
a sentença previa efeitos ex nunc e agora produz efeitos ex tunc.
O tribunal pode entender que por razoes de segurança jurídica pode determinar que os efeitos
da sentença produzam efeitos a partir do trânsito em julgado, efeitos ex nunc. O autor quando é
particular ele está sujeito a requisitos que tenha sido declarada em 3 casos como invalida e tenha
desaplicado a norma. Mesmo que o pudesse fazer não há grande vantagem nisso porque o juiz pode
atribuir efeitos ex nunc a sentença isso não implica que convalida a norma para trás e por isso os factos
tem que ser impugnados tempestivamente. Assim, não há grande vantagem em socorrer-se da
declaração de ilegalidade com força obrigatória geral mesmo que o pudesse fazer.
No caso das omissões ilegais do artigo 77 do CPTA, como produzir uma sentença substitutiva
quando se trata de um ato legalmente devido quando não há discricionariedade. Quem determina o
conteúdo do ato é administração. As sentenças substitutivas só valem quando a atos são vinculados,
produzindo os mesmos efeitos nos termos do 179 nº 5. Assim o nº 2 do artigo 77 diz que nos casos o
tribunal dará conhecimento à entidade competente fixando um prazo não inferior a seis messes para
que a omissão seja suprida. O Juiz não tem os mesmos poderes do contencioso. Porque o prazo não
inferior a seis meses. Imagine-se que a entidade está apta a praticar o ato. Secalhar aqui valia o prazo
102
Há processos que podem ter um valor indeterminado. Pode incluir normas de direito
urbanístico. Da lei 62/2013 podemos fixar o valor das alçadas nomeadamente para tribunais judiciais.
Esta lei veio alterar o artigo 6 do ETAF. O valor económico das ações é importante, nomeadamente
quanto a forma do processo.
Quando se trata de processo de valor indeterminável o recurso é feito para o STA per saltum,
nos termos do artigo 151 do CPTA. A questão das alçadas e o valor da ação interfere com o direito
ao recurso. Esta solução é questionável. As partes tem sempre direito a duas instâncias, em regra, e
se o processo for pobre tem direito a uma. Para atenuar a limitação que pode comprimir a tutela
jurisdicional efetiva o artigo 142 nº 3 prevê casos em que é sempre admissível o recurso
independentemente do valor em causa. As alíneas a e b são mais relevantes. Quando estão em litígio
DLG tem que haver recurso jurisdicional independentemente do valor da causa, tendo em conta a
referencia a bens imateriais conforme o artigo 34 do CPA.
Artigo 143 nº 3:
Os regulamentos até à lei que introduziu o CPTA não eram suscetíveis de processos cautelares
que suspendessem a eficácia das normas, agora esta especificidade está previsto no artigo 130 do
CPTA.
103
Questões prévias:
I. Características que permitem a qualificação formal como ato administrativo (artigo 148.º do
CPA) - Cfr. construções doutrinárias paradigmáticas, ampla e restrita, do ato administrativo.
Conclusão: no essencial, um ato administrativo em sentido restrito (caráter regulador (criação,
modificação ou extinção de um direito ou dever ou determinação jurídica de uma coisa, definindo de
forma inovadora o direito para um caso individual e concreto) + eficácia externa).
III. Identificação dos vícios do ato e correspondentes sanções. Conclusão: o ato é nulo, anulável
ou inexistente juridicamente?
IV. O ato é impugnável? Nos termos dos artigos 51.º, n.º 1 do CPTA e 268.º, n.º 4 da CRP, o critério
de recorribilidade do ato administrativo é o da suscetibilidade de produção de efeitos externos, e já
não o da definitividade e executoriedade do ato.
A recorribilidade do ato administrativo não se confunde com a sua lesividade, uma vez que
o ato administrativo não precisa de produzir efeitos jurídicos lesivos para ser impugnável. A
virtualidade do ato lesar um concreto interesse individual é uma condição de legitimidade
ativa das ações de função subjetiva, uma vez que também são suscetíveis de recurso
contencioso os atos que ofendam apenas a legalidade objetiva e que poderão ser impugnados,
no exercício da ação pública, pelo Ministério Público ou pelos presidentes dos órgãos
colegiais que os tenham praticado (cfr. alíneas b) e e) do n.º 1 do artigo 55.º do CPTA), no
quadro da ação popular corretiva, por qualquer cidadão no gozo dos seus direitos civis e
políticos (cfr. n.º 2 do artigo 55.º do CPTA), e no exercício do direito de ação popular, em
defesa dos interesses difusos, por qualquer das pessoas ou entidades mencionadas o n.º 2 do
artigo 9.º do CPTA (cfr. alínea f) do n.º 1 do artigo 55.º e alínea d) do n.º 1 do artigo 68.º do
CPTA).
A forma de ação consiste num conjunto de formalidades e trâmites processuais a seguir pelo
pedido apresentado.
O CPTA assenta, ao nível dos meios processuais principais não urgentes, na distinção entre
ação administrativa especial e ação administrativa comum, consoante o litígio em causa surja ou
104
não no âmbito do exercício de poderes de autoridade (cfr. artigos 37.º e 46.º, n.º 1 do CPTA), e sem
prejuízo dos meios processuais principais urgentes previstos nos artigos 97.º e seguintes do CPTA,
Os meios urgentes traduzem-se num conjunto de meios processuais, com regras próprias e
tramitação adaptada, destinados à proteção de situações jurídicas subjetivas, e que têm como ponto
comum o pressuposto objetivo, previsto em abstrato, da urgência. Nos termos do artigo 36.º, n.º 2 do
CPTA, os processos urgentes correm nas férias, com dispensa de vistos prévios, mesmo em fase de
recurso jurisdicional, e os atos da secretaria são praticados no próprio dia, com precedência sobre
quaisquer outros.
Os processos cautelares, que visam assegurar a utilidade da sentença que venha a ser
proferida no processo principal (seja ele um processo urgente ou não urgente), – cfr. artigo
112.º e seguintes do CPTA.
105
106
(i) instrumentalidade, isto é, dependência de uma ação principal, em relação à qual podem,
aliás, ser apresentadas a título preliminar ou incidental (cfr. artigo 113.º do CPTA);
(ii) provisoriedade, pois não está em causa a resolução definitiva do conflito;
(iii) sumariedade, que se manifesta numa cognição sumária da situação de facto e de direito.
Pedido de suspensão de eficácia de ato administrativo (artigo 112.º, n.º 2, alínea a) + 128.º
do CPTA). Trata-se de uma típica providência cautelar conservatória, – cfr. n.º 1 do artigo
112.º do CPTA, – já que visa manter o status quo anterior à emissão do ato administrativo.
Critérios de decisão:
o Ação administrativa especial – 120.º CPTA;
o Contencioso pré-contratual – 132.º, n.º 6 CPTA.
Questões prévias:
I. Omissão ilegal: perante a pretensão formulada por um particular há lugar à violação do dever de
decidir no prazo legal (situação de vinculação quanto à oportunidade de atuação ou situações de
107
II. Pedido de condenação à prática de ato legalmente devido deduzido sob a forma da ação
administrativa especial (cfr. alínea a) do n.º 1 do artigo 67.º, n.ºs 1 e 2, alínea b), do artigo 46.º e
artigo 66.º e seguintes do CPTA).
108
Lei 67/2007 de 31 de dezembro – revogou DL 48501 de 21 de novembro - Houve dois projetos que
foram aprovados. Houve vários projetos que estiveram em fase de gestação.
Ao contrário do que acontecia no direito privado em que quem causa o prejuízo tem que
ressarcir, no direito administrativo a matéria de RC teve dificuldades em se afirmar. De certa maneira
a irresponsabilidade da administração era espelho da irresponsabilidade dos poderes públicos. O
estado político era um estado demofílico, mas era um estado em que não havia estado de direito, não
havia o princípio de separação de poderes e apenas por ato de mercê o soberano fazia mas não por
estar juridicamente vinculado mas pela sua generosidade. Entendia-se que o estado tinha um direito
imanente e portanto não era conhecida a figura da expropriação por utilidade pública. Os juristas
entendiam que o estado quando agia como particular, os particulares poderiam exigir uma
indemnização mas só nestas situações e não quando o estado agira com poder de imperium. Esta ideia
de irresponsabilidade que vem do estado absoluto foi em parte recebida pela revolução francesa.
A lei em causa não trata apenas da responsabilidade civil de atos praticados exclusivamente
na função administrativa, mas também no exercício de função legislativa e jurisdicional. O regime não
é idêntico a responsabilidade civil administrativa. O legislador foi prudente. O âmbito material da lei
não se restringe apenas RC da administração mas também no exercício de função legislativa e
jurisdicional. É evidente que esta situação de irresponsabilidade de poderes públicos não se podia
manter indefinidamente.
Dificuldades:
La Fèrriere e Digui afirmavam que a ideia de irresponsabilidade era incompatível com a ideia de
109
soberania
O primeiro acórdão foi o acórdão de 8 fevereiro de 1973. A competência era dos tribunais
administrativo e competia ao estado a indemnização da família do jovem. As coisas evoluíram de
forma bastante lenta.
É a teoria da imputação que de certa maneira dá algum fundamento jurídico à figura do órgão,
que de certa maneira é uma espécie de representante legal. Através da teoria da imputação, os atos são
imputáveis à Pessoa Coletiva quer para efeitos de Responsabilidade Civil e capacidade passiva.
Artigo 1nº1 CPA – a responsabilidade civil extracontratual do Estado e das demais pessoas coletivas
de direito público por danos resultantes do exercício da função legislativa, jurisdicional e
administrativa rege-se pelo disposto na presente lei , em tudo o que não esteja previsto em lei especial.
Artigo 1nº 3 CPA – “ …a presente lei regula a responsabilidade civil dos titulares de órgãos,
funcionários e agentes públicos por danos decorrentes de ações ou omissões, adotadas no exercício
das funções administrativa e jurisdicional e por causa desse exercício.”
Quanto à Responsabilidade Civil Extracontratual por atos de gestão privada aplica-se o CC.
Enquanto no regime anterior a dualidade de regimes substantivos correspondia uma dualidade
de regime adjetivos. A diferença é que no atual direito administrativo português, os tribunais
administrativos tem competência para apreciar os litígios por atos de gestão pública como por
atos de gestão privada. Não confundir o plano substantivo com o plano de natureza adjetiva.
seja por atos de gestão pública ou por actos de gestão privada, é submetida à
jurisdição administrativa, nos termos do art. 4.º/1/f, g e i ETAF.
Quanto ao âmbito subjetivo não se aplica apenas aos trabalhadores de funções públicas mas
a pessoas jurídicas privadas que atuem no exercício de prerrogativas de poder público, conforme o
artigo 1ºnº 5.
Quais os pressupostos:
1. Facto voluntário
a. Conduta humana dominável pela vontade e que se pode traduzir numa ação (é para
este efeito que se concretiza na prática de um ato administrativo, de um regulamento
ou de qualquer outra atuação administrativa) ou numa omissão (todas as omissões
juridicamente relevantes).
b. Uma vez que as pessoas coletivas administrativas atuam por via de pessoas
singulares, que constituem os titulares dos seus órgãos e seus agentes, importa
distinguir, de forma a saber quais os factos que praticam que são juridicamente
relevantes em termos de responsabilidade civil administrativa, entre os atos
estritamente privados, que nada têm a ver com o exercício das suas funções e os atos
ditos funcionais, os atos praticados pelos titulares dos órgãos e agentes de uma pessoa
coletiva administrativa enquanto tal, no exercício da sua função e na medida deste
exercício.
c. Assim, se os prejuízos resultantes dos atos estritamente privados dão lugar a
responsabilidade pessoal dos titulares dos órgãos e agentes, já os prejuízos resultantes
dos atos funcionais verificados os restantes requisitos dão origem à responsabilidade
civil administrativa extracontratual por atos de gestão pública da pessoa coletiva
administrativa e, eventualmente, à responsabilidade solidária dos titulares dos seus
órgãos e agentes.
4. Dano
a. Traduz-se na extinção ou eliminação de uma vantagem protegida juridicamente e
pode classificar-se nos seguintes termos:
A lei contempla a ideia que a regra deve ser a da reparação/reconstituição natural e se esta for
impossível é que deve haver a reparação por equivalente de natureza monetário-financeira.
Assenta nos pressupostos referidos: facto, ilicitude, culpa, dano, nexo de causalidade
A ideia de imputação subjetiva de dano tem uma dimensão externa e interna. A vertente
externa tem consagração constitucional no artigo 22 da CRP no âmbito da responsabilidade das
entidades públicas. As Entidades Públicas são responsáveis. A vertente externa de dimensão subjetiva
tem que ver coresponsabilidade solidária.
Artigo 22 CRP – O Estado e as demais entidades públicas são civilmente responsáveis, em forma
solidária com os titulares dos seus órgãos, funcionários ou agentes, por ações ou omissões praticadas
no exercício das suas funções e por causa desse exercício, de que resulte violação de direitos,
liberdades e garantias ou prejuízo para outrem.
A vertente externa da imputação subjetiva de um dano tem quer ver com a possibilidade de
ser imposta a ação diretamente contra a entidade administrativa. A lei regula os termos em que o estado
e Entidades Públicas tem direito de regresso conforme o artigo 271 da CRP – Responsabilidade dos
funcionários ou agentes – vertente interna. Obviamente que estas duas vertentes não poderiam
deixar de estar na propria lei nomeadamente no artigo 8 nº 2 e 3.
Artigo 8 nº 2 – O estado e demais pessoas coletivas de direito público são responsáveis de forma
solidária com os respetivos titulares de órgãos…cometidas por estes no exercício das suas funções e
por causa desse exercício.
Artigo 8 nº 3 - … o Estado e demais pessoas coletivas de direito público gozam de direito e regresso
contra os titulares dos órgãos, funcionários ou agentes, competindo aos titulares de poderes de
114
Outro caso é quando há crimes no exercício das suas funções. Se agiu no exercício de funções
agiu mas há que saber se se prende com o seu exercício. Uma coisa é ter disparado por ser Legitima
Defesa, outra coisa é ter motivos passionais, aqui não pode haver responsabilidade solidária por parte
do estado.
Art. 6.º/1 Lei 67/2007: “O exercício do direito de regresso, nos casos em que este se encontra previsto
na presente lei, é obrigatório, sem prejuízo do procedimento disciplinar a que haja lugar.”
Quanto ao direito de regresso, o problema tem que ver com a distinção entre culpa leve e
culpa grave. Nos casos de culpa grave há responsabilidade solidária e direito de regresso. Se o
funcionário atua com culpa leve, aqui a responsabilidade é exclusiva do estado e das demais
pessoas coletivas. Quando há culpa leve a responsabilidade é exclusivamente do Estado nos termos
do artigo 7 nº 1. Isto coloca-se para o funcionário desenvolver uma atividade ativa diligente e eficiente.
O direito de regresso prende-se com o nº 3 do artigo 8.º. quando há dolo e culpa grave
quando no funcionário e o agente atua com diligência e dolo manifestamente insuficiente àquilo que
o cargo exige.
Uma questão que se coloca é que um funcionário subalterno atuou no âmbito de comandos
hierárquicos. De quem é a responsabilidade civil e há direitos de regresso? Aqui a RC deve ser
atribuída ao superior hierárquico e não haverá a responsabilização do subalterno nem direito de
regresso ao subalterno, todavia há que cumprir dois pressupostos cumulativos:
A ordem ou comando que incida em matéria de serviços e que o funcionário tenha exercido o
115
Nos termos do artigo 271 nº 3, o dever de obediência cessa quando o cumprimento da ordem
ou instrução implique a prática de qualquer crime
Uma questão delicada relaciona-se quando os órgãos subalternos tenham cumprido o direito
de respeitosa representação, chamando a atenção para a ilicitude do comando será que ele pode vir ao
processo invocar a sua causa específica de exclusão de responsabilidade. Apesar de exercer o direito
de respeitosa representação será que pode invocar? Colaço Antunes considera que em princípio não
poderá invocar o direito de respeitosa representação porque os fundamentos da exclusão da
responsabilidade do subalterno prende-se com uma relação interna da administração, não são
cognoscíveis por parte do lesado. Faz prevalecer a ideia de tutela.
Em regra, não pode invocar este argumento como fundamento contra a ação interposta. Deve
chamar ao processo o superior hierárquico. Se ele tiver que responder pelos danos ele pode chamar ao
processo o autor do comando. Se tiver que responde por danos a terceiros pode exercer a figura do
direito de retenção. É uma figura bicéfala. Normalmente o direito de regresso exerce-se pela
administração porque as pessoas normalmente colocam a ação contra a entidade administrativa
Muitas vezes o autor do comando emite a ordem de execução imediata e muitas vezes não dá
tempo ao subalterno de exercer o direito de respeitosa da representação.
23 de abril de 2015
do Estado (Trabalhos preparatórios da Reforma), Coimbra, 2002, pp. 235 e ss; M. REBELO DE
SOUSA/SALGADO DE MATOS, Direito Administrativo Geral, Tomo III, p. 408 e ss. CARLOS
Síntese:
Será que esta pode ser arguida pelo próprio órgão subalterno como exclusão da responsabilidade
em caso de alguma ação? Não segundo o que considera Colaço Antunes, porque se os fundamentos
estão no âmbito da relação interna, estes não são cognoscíveis ao lesado. Neste caso, esta será a posição
mais equilibrada, para o professor.
Antes da constituição de 76, o ónus da prova era colocado a cargo do lesado. Isto tornava
problemática uma tutela efetiva em termos ressarcitórios, pondo em causa a disposição constitucional.
Por força desta lei, como base no princípio da solidariedade, o ónus da prova desloca-se para o
interior das relações entre a entidade pública e o funcionário, cabendo o ónus da prova à
Administração. No direito administrativo há a tendência a aplicar pra o princípio da repartição
objetiva do ónus da prova. No princípio da Responsabilidade Solidária ao permitir que a ação seja
proposta contra a entidade administrativa tem a vantagem de deslocar o ónus da prova para o interior
da entidade e funcionando cabendo a esta o ónus da prova.
A nível de presunção de culpa, será razoável enunciar presunções por parte do funcionário,
segundo Colaço Antunes
117
1. Funcionário pratica um ato ou omissão que viola DLG ou direitos análogos a DLG, também
por força do artigo 18º da crp na medida que vinculam entidade publicas e privadas.
Ao nível da presunção de culpa, Colaço Antunes considera um artigo fundamental. Durante muito
tempo por força do ensinamento de Marcelo caetano foi entendido que a impugnação do ato
administrativo que tinha causado prejuízos na esfera do destinatário, entendia-se a ação de impugnação
do ato era um pressupostos processual da ação de responsabilidade. Portanto, com base nesta ideia se
o lesado tivesse impugnado contenciosamente o ato eventualmente certas lesões e danos não teriam
ocorrido ou a sua extensão seria menor.
Afonso queiró considerava que a haver alguma concorrência não se trataria tanto do facto não
ter interposto a ação de impugnação do ato mas a negligência a existir seria por não ter proposto a
providência cautelar que seria o pedido de suspensão da eficácia do ato, a ação principal não suspende
a eficácia do ato. A interposição da ação cautelar pressupõe uma ação cautelar, uma ação secundária
que visa assegurar os efeitos uteis da decisão da ação primária.
A doutrina avançou no sentido de afastar a ideia tradicional, passou-se a propor uma ação de
responsabilidade sem impugnar previamente o ato. Significa que não tendo impugnado previamente o
ato, o lesado pode entrar numa situação que podemos concluir como concorrência de culpas, podendo
levar a diminuição da indemnização e até em casos extremos ao seu afastamento. Esta doutrina teve
pleno recebimento no artigo 4.º. assim, é aconselhável a ação impugnatória. O problema já nem se
colocada tendo em conta o pedido de cumulação de pedido. É necessário que cumule os pedidos ou
que proponha duas ações.
Não é uma situação tão excecional como no direito civil. No caso de responsabilidade
subjetiva há uma censura ética e jurídica que é feita ao comportamento do titular de um órgão ou
agente. Adotou uma conduta que deveria ser outra em termos ético-jurídicos. Na responsabilidade
objetiva não há nenhuma censura. O comportamento da administração é um comportamento normal,
não é juridicamente censurável. Enquanto a responsabilidade subjetiva tem base ético-jurídica a
responsabilidade objetiva tem natureza económica. Quem desenvolve uma atividade que
implique riscos e goze de vantagens há que também assumir as desvantagens.
Nos países anglo-saxónicos a Responsabilidade Objetiva começou a afirmar-se mais cedo por
força de uma natureza mais material e não tanto formal, por força da jurisprudência. Por exemplo, no
caso de chuvas acidas não é possível determinar quem é o responsável mas vai haver certas entidades
condenadas, o consumo de fármacos que vieram criar cancros a pessoas, era difícil estabelecer o nexo
de causalidade e por isso foram criadas teorias jurisprudenciais.
Uma outra especificidade, quer desta quer da outra modalidade de responsabilidade objectiva,
é que além dos pressupostos exigidos que as distingue da responsabilidade delitual é o facto de a
responsabilidade ser única e exclusivamente da pessoa colectiva administrativa e não dos seus titulares
de órgãos e agentes, uma vez que é em favor do interesse público prosseguido pela primeira que o
dano se justifica.
Artigo 11 nº 1 da lei 67/2007 – relaciona-se com coisas, serviços ou atividades especialmente perigosas
factos ilícitos
Função politico-legislativa
Antes da lei houve um debate quanto ao âmbito do artigo 22 da CRP, que afirma a
responsabilidade solidária das entidades públicas. Haveria que saber se há fundamento constitucional
120
para a consagração do regime legal por Responsabilidade Civil de danos da função politico-legislativa.
Havia duas correntes:
Esta norma não devia constar desta lei porque não diz respeito a uma lei de responsabilidade
civil por atos jurídicos ou materiais do estado. Esta disposição legal corresponde ao que
anteriormente se designava por responsabilidade civil por atos lícitos – expropriação por utilidade
pública. Isto se ela for legal e não estiver imaculada por qualquer vicio. Há lugar a uma justa e
contemporânea indemnização a todo aquele que vê sacrificado um direito fundamental em prol da
satisfação de interesses público, à luz do princípio da igualdade. Não teria sentido que a administração
pretendesse sacrificar uma posição jurídica e não indemnizasse essa posição sacrificada.
O CPTA confere autonomia aos dois pedidos processuais – 37º/2 f) e g): Os pedidos
processuais são diferentes e autónomos –
124
28 de abril de 2015
O Código dos contratos públicos (CCP) foi aprovado pelo DL 18/2008 de 29 de Janeiro. Este
código é a transposição de duas diretivas de 17 e 18 de Março de 2014, pois elas dizem respeito aos
procedimentos pré-contratuais relativos à formação do contrato. Para além de transpor as diretivas o
legislador acrescentou normas de direito substantivo sobre contratação pública.
O CCP designa-se assim por utilizar duas figuras polarizadoras que são os contratos
públicos e os contratos administrativos. Elas são, em certa medida, sobreponíveis, ainda que o
legislador tenha mantido autonomia conceptual e dogmática da figura dos contratos administrativos
ao contrário de parte da Doutrina, que defendia a utilização apenas da primeira expressão. O legislador
não seguiu essa indicação metodológica dessa parte da doutrina.
contratos de direito privado pareceram desaparecer à luz do novo CCP. Todavia, o novo CCP parece
ter vindo reintroduzir a categoria dos contratos de direito privado, nos termos do 202º/2.
Hoje o contrato público ou contrato administrativo são uma forma normalíssima e autónoma
de atividade jurídica da administração, podendo até ser considerado um ato principal. Inicialmente foi
renegado no direito administrativo. É necessário ter em conta que o princípio ontológico do Direito
Administrativo é o princípio da legalidade.
Otto Mayer entendia que o princípio da legalidade era incompatível com o princípio da
liberdade contratual e, por outro lado, entendia-se que a autoridade não era negociável e não podia
ser objeto de vinculação por parte da administração.
Também o princípio da pacta sunt servanda não possibilitava, não era compatível com o
interesse público, pelo facto de a administração estar condicionada pela mutabilidade do interesse
público. Foi contruída a teoria da dupla personalidade. Admitia-se que o Estado, desde que
aparecesse despido de autoridade, podia celebrar contratos com os particulares. Apontava-se
para uma dupla personalidade: pública, não havendo lugar a contratos e privada, que permitia a
celebração de contratos públicos. Estas ideias foram sido corroídas pelo tempo. A ideia subjacente ao
Estado de Direito é a do Contrato Social de Rosseau. Dificilmente seria imaginável neste novo
ambiente manter alergia à figura do contrato. O contrato foi-se afirmando na sua relevância.
Artigo 278 CCP – Na prossecução das suas atribuições ou dos seus fins, os contraentes públicos
podem celebrar quaisquer contratos administrativos, salvo se outra coisa resultar da lei ou da
natureza das relações a estabelecer.
justo. O princípio da autonomia pública contratual está consagrado no artigo 278 no CCP –
Utilização do contrato administrativo. Os limites legais decorrem de lei imperativa. Os limites
Os limites legais decorrem de lei imperativa. Quanto aos limites naturais, estes resultam da
natureza/sentido/finalidade da atividade ou dos seus efeitos. O artigo 278 é uma norma de habilitação
ainda que fixe alguns limites a essa mesma contratação pública. Mas mesmo nos âmbitos em que tem
vindo a ser mais delicados como os contratos fiscais, tem havido uma crescente abertura. No direito
administrativo comparado não há nenhum OJ tao aberto à celebração de contratos públicos e
administrativos.
Até chegarmos à situação atual em que o contrato administrativo é uma forma natural de
atuação da administração, existem duas formas de responder ao óbice inicial de que a soberania não
poderia ser objeto de negociação por parte da administração:
o Havia em primeiro lugar, para contornar aquele óbice, uma decisão de contratar de
natureza pública/administrativa, mas depois a relação contratual estava sujeita às
regras do direito privado
o No direito italiano podemos encontrar a teoria do duplo grau. Havia uma decisão
de contratar, um ato administrativo, ato de autoridade mas a relação contratual
estava sujeita às regras do direito privado. A propria conformação da relação
jurídica cabia no âmbito do direito privado.
127
1. Legislador comunitário - pelo menos da parte da tipologia procedimental, sob influência das
diretivas comunitárias
2. Legislador nacional
Contratos públicos
Âmbito subjetivo:
O âmbito subjetivo do regime jurídico dos Contratos Públicos é definido pelas entidades
adjudicantes do artigo 2º
Alínea a) - Estado
128
Para além do artigo 2 há que ter em conta o artigo 7 e até o artigo 275 – contratos
subsidiados. Há que ter em conta a aplicação aos contratos de empreitadas de obras públicas e
aquisição de serviços celebradas por entidades não abrangidas pelos artigos 2 e 7 desde que:
2. O preço contratual seja igual ou superior ao determinado nas diretivas comunitárias, referido
na alínea b) do artigo 19
Âmbito objetivo
Quanto ao âmbito objetivo aplica-se os artigos 4º 5 e 6º. Os artigos 4.º e 5.º remetem para a
ideia que, no âmbito de aplicação objetiva, interessa determinar a que relações jurídicas pré-contratuais
se aplica a Parte II relativa a contratos públicos. O CCP não é aplicável a relações laborais + alínea b),
c) e d) do nº 2 do artigo 4º.
30 de abril de 2015
Há a superação da ideia da puissance publique. Mas sob duas formas diferentes. A escola
francesa considerava o contrato administrativo enquanto um contrato a transformado relacionado com
certos poderes exorbitantes de direito privado que determinadas pessoas tem. O CPC concede o poder
de fixar unilateralmente as prestações e de resolver unilateralmente o contrato através de uma justa e
contemporânea indemnização, o que não é possível no direito civil.
O pacto sunt servanda levou a configuração do contrato administrativo que tem certas
peculiaridades. No caso de Alemanha e Itália o problema foi resolvido de forma menos publicistica
131
com a criação do duplo grau. Por um, lado a decisão administrativa com um ato administrativo e, por
outro lado, o conteúdo do contrato está sujeito a regras de direito privado.
O CPC, na parte relativa à tipologia de contratos público, vê uma clara influência comunitária
das diretivas de 31 de dezembro de 2004 e das diretivas no plano processual. As dificuldades estão na
distinção entre contratos públicos e contratos administrativos. O artigo 1 nº2 dá a noção de contrato
publico o nº 6 da noção de Contrato administrativo.
O âmbito dos Contratos Públicos é recortado em função das entidades adjudicantes no artigo
2 para efeitos de aplicação do regime procedimental aplicável aos contratos que vem desenvolvido na
parte II do CCP.
Contratos administrativos
Âmbito subjetivo:
+
O artigo 3º nº 2 prevê como contraente públicos, ainda, quaisquer entidades que,
independentemente da sua natureza, celebre contatos no exercício de funções materialmente
administrativas, o que abrange as entidades concessionárias.
Em síntese, há contratos administrativos que não são contratos públicos na medida que não
se aplica as regras de contratação pública por não envolverem prestações sujeitas a concorrência do
mercado entre os quais se destacam alguns contratos sobre o exercício de funções publicadas. Não são
aplicadas as regras de contratação pública por não envolverem prestações sujeitas a concorrência de
mercado.
A técnica legislativa não foi a mesma do CPA. No CCP, nos termos do artigo 1º nº 6, reveste
a natureza de contratos administrativo o acordo de vontade independentemente da forma ou
designação, celebrado entre contraentes públicos e co-contratantes públicos e co-contratantes ou
somente entre contratantes públicos. Tem que se integrar nas seguintes categorias:
Alínea b) – contratos com objeto passível de ato administrativo e demais contrato sobre o
exercício de poderes públicos
o Expropriação por utilidade pública. Convinha haver um contrato
Alínea c) – contratos que confiram ao co-contratante direitos especiais sobre coisas públicas
ou o exercício de funções dos órgãos do contraente público
133
Em sínteses, o legislador no CCP, não eliminou, como doutrina advogava, a figura dos
Contratos Administrativos. Mantém a autonomia conceptual e dogmática, ainda que em termos
restritos.
O professor destaca seis princípios que orienta o direito da contratação pública portuguesa a
luz do CCP. O legislador ao invés de condensar os princípios tem-los dispersos ao longo do contrato
Artigo 1º nº 1 CCP:
Artigo 17 nº1 – Noção – “ … o valor do contrato a celebrar é o valor máximo do beneficio económico
que, em função do procedimento adotado, pode ser obtido pelo adjudicatário com a execução de todas
as prestações que constituam o seu objeto.”
o Há que sublinhar dois aspetos que são limite ao ajuste direto – que a Administração
tem seguido para não estar sujeito aos concursos públicos
1ª Fase :
2ª Fase:
Artigo 40 – tipos de peças - enumeração das peças processuais mais relevantes. O professor salienta:
Artigo 55 – impedimentos
Artigo 56 – noção de proposta. “a proposta é uma declaração pela qual o concorrente manifesta à
entidade adjudicante a sua vontade de contratar e o modo pelo qual se dispõe a faze-lo”
Nos termos de nº 1, o júri deve ser constituído no mínimo por 3 membros efetivos um dos
quais irá presidir. Colaço Antunes salienta o nº 3, no caso de parcerias públicas privadas os membros
do júri são nomeado em articulação com o ministro ou pelo membro do governo regional responsável
pela área das finanças e pelo ministro ou membro do governo regional da tutela setorial. O júri é um
órgão administração colegial ad hoc, regulando a sua composição funcionamento e competências.
Artigo 68 – funcionamento
Artigo 69 nº 1
1. Apreciar as propostas
138
Artigo 70 nº 1 – as propostas são analisadas em todos os seus atributos, representados pelos fatores e
subfactores que densificam o critério de adjudicação, e termos ou condições.
Há um aspeto a destacar, a apreciação das propostas envolve o dever de excluir as propostas que tem
os aspetos enunciados no nº 2 do artigo 70.
Artigo 72 – esclarecimento das propostas apresentadas – o júri pode pedir esclarecimentos que
considere necessárias para efeitos de análise e consideração da mesma
Artigo 73 – “A adjudicação é ato pelo qual o órgão competente para decisão de contratar aceita a
única proposta apresentada ou escolhe uma entre as propostas apresentadas.”
A adjudicação é o ato constitutivo e principal por excelência. Contudo nos Procedimento Pré
Contratual vigora uma noção ampla de ato administrativo na decisão de contratar, a ordenação das
propostas. O ato de adjudicação é ato em sentido próprio. Já os restantes não reúnem os predicados da
noção restrita e reguladora do ato administrativo.
Artigo 76 nº 1 “o órgão competente para a decisão de contratar deve tomar a decisão da adjudicação
e notifica-la aos concorrentes até ao termo do prazo da obrigação da manutenção das propostas”
Artigo 79 nº 2 – “A decisão de não adjudicação, bem como os respetivos fundamentos, deve ser
notificada todos os concorrentes”
Artigo 97 nº1 – “ …, entende-se por preço contratual o preço a pagar, pela entidade adjudicante, em
resultado da proposta adjudicada, pela execução de todas as prestações que constituem o objeto do
contrato”
Artigo 97 nº2 – está incluído no preço contratual … o preço a pagar pela execução das prestações
objeto do contrato na sequencia de qualquer prorrogação contratualmente prevista, expressa ou
tácita, no respetivo prazo. “
O artigo foi alterado pelo decreto-lei 131/2010, de 14 de dezembro – que transpôs a alteração
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a direito 66/2007 que veio acelerar os processos urgentes principais designado por contencioso pré
contratual.
o Artigo 437 e ss
Quanto ao Fim
1. Contratos de colaboração
a. Contrato de empreitada de obra pública
b. Através desde, o contratante contribui para o desenvolvimento de atividades
materialmente administrativas mediante remuneração
2. Contratos de atribuição
a. O contratante goza de situação de vantagem como exploração económica exclusiva
de bem dominial, concessões constitutivas
1. Contratos de subordinação
a. Contratos de colaboração subordinada como é o caso dos contratos de concessão de
obra pública e de serviços públicos
b. Uma parte tem uma situação de dependência
c. Administração uma funcionalidade maior
1. Eficácia interpartes
2. Eficácia normativa externa
a. Mas há certos contratos que tem uma eficácia normativa externa, para além da partes
que outorgaram os contratos, como na esfera jurídica dos utentes.
Podem ser meras declarações negociais o que pode indicar que, não havendo acordo entre co-
contratante e contraente público, o litigio tem que ser resolvido pelo tribunal administrativo e mediante
ação comum. A regra é uma mera declaração negocial.
Mas no nº 2 do artigo 307, ficamos com a ideia que as exceções são mais que a regra. Estas
exceções correspondem às declarações do contraente público mais relevantes. São poderes de
autotutela declarativa que não cabem bem numa relação de natureza contratual. Se o co-contratante
quiser colocar o pedido será a Ação Administrativa Especial. No nº 2 estão previstas as declarações
do contraente público sobre a execução do contrato que revestem a forma de ato administrativo.
Co-contratante:
Artigos 288
Artigo 290 –principio da colaboração reciproca – “As partes estão vinculadas pelo dever de
colaboração mútua, designadamente e no tocante à prestação reciproca de informações necessárias
à boa execução do contrato.”
Artigo 291 – proteção do co-contratante pelo contraente público – “O contraente público deve
exercer as respetivas competências de autoridade a fim de reprimir ou prevenir a violação por
terceiros de vínculos jurídico-administrativos de que resulte a impossibilidade ou grave dificuldade
da boa execução do contrato pelo co-contratante e da obtenção por este das receitas a que tinha
direito.
10.Invalidade do contrato
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A invalidade originária está presente no artigo 284. Vem primeiro referida a anulabilidade.
Nº 2 – “os contratos são … nulo quando se verifique algum dos fundamentos do artigo 161 do CPA
ou quando o respetivo vicio determine a nulidade por aplicação dos princípios de direito
administrativo”
Artigo 285 nº 1 – “aos contratos com objeto passível de contrato administrativo e outros contratos
sobre o exercício de poderes públicos é aplicável o regime de invalidade previsto para o ato com o
mesmo objeto e idêntica regulamentação da situação concreta”
Aos contratos com objeto passível de atos administrativos é aplicado o regime do ato do CPA.
Aos demais é aplicado o regime do direito civil (285 nº 2).
15 de maio de 2015
Aqui se verifica que a RJ contratual envolve disparidades entre as partes, pelo menos
funcional para não dizer ontológico. No fundo, o Contrato Administrativo estabelece uma relação
etiológica entre o objeto do contrato administrativo e a prossecução dos interesses públicos. Quanto
ao incumprimento do contrato há que distinguir
Onde se denota uma clara situação de supremacia pelo menos funcional está presente no
artigo 327 – exceção de não cumprimento invocada pelo co-contratante.
2. A revogação
3. A resolução, por ia de decisão judicial ou arbitral ou por decisão do contraente público, nos
casos previstos nos artigos 333 a 335
2. Resolução por razões de interesse publico – Artigo 334 (302 alinea c) ) CCP
a. Indemnização quanto aos danos emergentes e lucros cessantes
12.Contencioso contratual:
lados.
Ações contratuais
Por um lado as ações contratuais são pedidos que se formulam na Ação Administrativa
Comum. A ilegitimidade ativa aparece ampliada. Quanto aos prazos, normalmente a Ação
Administrativa Comum não está sujeita a prazos.
Os pedidos de anulação total ou parcial de contratos podem ser feitos nos termos do artigo 37
nº 2 alínea g .
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Colaço Antunes não vê motivos para a exclusão deste principio, que é fundamental. Imagine-
se que sou prejudicado com uma decisão, o primeiro pedido é o da impugnação do ato e depois o
pedidos de condenação à prática do ato devido. Eu quero que o meu ato de condenação me reintegre.
Estes pedidos podem ser formulados ao abrigo do artigo 4,5 21 e 47 do CPTA.
Imagine-se que o contrato, com a administração que está apressada, Colaço Antunes considera
possível cumular o pedido de impugnação com o pedido de declaração de invalidade do contrato
celebrado. O princípio da cumulação de pedidos terá grande utilidade neste domínio.
Artigo 103 – audiência pública – o tribunal pode oficiosamente ou a requerimento das partes optar
pela realização de uma audiência pública sobre a matéria de facto e de direito
O artigo 132 nº 7 aplica-se a todos os contratos. Há doutrina que considera que o previsto no
nº 7 está a referir-se a todos os contratos. É um artigo de rara aplicação.
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