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LÍNGUA PORTUGUESA

1. Compreensão e interpretação de textos.................................................................................................................................................... 01


2. Tipologia textual................................................................................................................................................................................................... 11
3. Ortografia oficial.................................................................................................................................................................................................. 27
4. Acentuação gráfica.............................................................................................................................................................................................. 29
5. Emprego das classes de palavras.................................................................................................................................................................. 39
6. Emprego do sinal indicativo de crase.......................................................................................................................................................... 66
7. Sintaxe da oração e do período..................................................................................................................................................................... 70
8. Pontuação............................................................................................................................................................................................................... 86
9. Concordância nominal e verbal...................................................................................................................................................................... 89
10. Regência nominal e verbal...........................................................................................................................................................................102
11. Significação das palavras..............................................................................................................................................................................108
LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos: texto de opinião, carta do leitor, carta de


1. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE solicitação, deliberação informal, discurso de defesa e acu-
TEXTOS. sação (advocacia), resenha crítica, artigos de opinião ou
assinados, editorial.

Exposição: Apresenta informações sobre assuntos, ex-


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO põe ideias; explica, avalia, reflete. (analisa ideias). Estrutura
básica; ideia principal; desenvolvimento; conclusão. Uso de
Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor linguagem clara. Ex: ensaios, artigos científicos, exposições
que também é transmitida através de figuras, impregnado etc.
de subjetivismo. Ex: um romance, um conto, uma poesia...
(Conotação, Figurado, Subjetivo, Pessoal). Injunção: Indica como realizar uma ação. É também
utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos.
Texto Não-Literário: preocupa-se em transmitir uma Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua
mensagem da forma mais clara e objetiva possível. Ex: uma maioria, empregados no modo imperativo. Há também o
notícia de jornal, uma bula de medicamento. (Denotação, uso do futuro do presente. Ex: Receita de um bolo e ma-
Claro, Objetivo, Informativo). nuais.
O objetivo do texto é passar conhecimento para o lei-
tor. Nesse tipo textual, não se faz a defesa de uma ideia. Diálogo: é uma conversação estabelecida entre duas
Exemplos de textos explicativos são os encontrados em ma- ou mais pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral,
nuais de instruções. como pausas e retomadas.
Informativo: Tem a função de informar o leitor a res- Entrevista: é uma conversação entre duas ou mais
peito de algo ou alguém, é o texto de uma notícia de jornal, pessoas (o entrevistador e o entrevistado), na qual pergun-
de revista, folhetos informativos, propagandas. Uso da fun- tas são feitas pelo entrevistador para obter informação do
ção referencial da linguagem, 3ª pessoa do singular. entrevistado. Os repórteres entrevistam as suas fontes para
obter declarações que validem as informações apuradas
Descrição: Um texto em que se faz um retrato por escrito ou que relatem situações vividas por personagens. Antes
de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de
de ir para a rua, o repórter recebe uma pauta que contém
palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua
informações que o ajudarão a construir a matéria. Além das
função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, po-
informações, a pauta sugere o enfoque a ser trabalhado
de-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação
assim como as fontes a serem entrevistadas. Antes da en-
de anterioridade e posterioridade. Significa “criar” com palavras
trevista o repórter costuma reunir o máximo de informa-
a imagem do objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa
ções disponíveis sobre o assunto a ser abordado e sobre
do objeto ou da personagem a que o texto se refere.
a pessoa que será entrevistada. Munido deste material, ele
Narração: Modalidade em que se conta um fato, fictí- formula perguntas que levem o entrevistado a fornecer in-
cio ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, formações novas e relevantes. O repórter também deve ser
envolvendo certos personagens. Refere-se a objetos do perspicaz para perceber se o entrevistado mente ou mani-
mundo real. Há uma relação de anterioridade e posteriori- pula dados nas suas respostas, fato que costuma acontecer
dade. O tempo verbal predominante é o passado. Estamos principalmente com as fontes oficiais do tema. Por exem-
cercados de narrações desde as que nos contam histórias plo, quando o repórter vai entrevistar o presidente de uma
infantis, como o “Chapeuzinho Vermelho” ou a “Bela Ador- instituição pública sobre um problema que está a afetar o
mecida”, até as picantes piadas do cotidiano. fornecimento de serviços à população, ele tende a evitar as
perguntas e a querer reverter a resposta para o que con-
Dissertação: Dissertar é o mesmo que desenvolver ou sidera positivo na instituição. É importante que o repórter
explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dis- seja insistente. O entrevistador deve conquistar a confiança
sertativo pertence ao grupo dos textos expositivos, junta- do entrevistado, mas não tentar dominá-lo, nem ser por ele
mente com o texto de apresentação científica, o relatório, o dominado. Caso contrário, acabará induzindo as respostas
texto didático, o artigo enciclopédico. Em princípio, o texto ou perdendo a objetividade.
dissertativo não está preocupado com a persuasão e sim, As entrevistas apresentam com frequência alguns si-
com a transmissão de conhecimento, sendo, portanto, um nais de pontuação como o ponto de interrogação, o tra-
texto informativo. vessão, aspas, reticências, parêntese e as vezes colchetes,
que servem para dar ao leitor maior informações que ele
Argumentativo: Os textos argumentativos, ao contrá- supostamente desconhece. O título da entrevista é um
rio, têm por finalidade principal persuadir o leitor sobre o enunciado curto que chama a atenção do leitor e resume a
ponto de vista do autor a respeito do assunto. Quando o ideia básica da entrevista. Pode estar todo em letra maiús-
texto, além de explicar, também persuade o interlocutor e cula e recebe maior destaque da página. Na maioria dos
modifica seu comportamento, temos um texto dissertati- casos, apenas as preposições ficam com a letra minúscu-
vo-argumentativo. la. O subtítulo introduz o objetivo principal da entrevista

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e não vem seguido de ponto final. É um pequeno texto e INTERPRETAÇÃO DE TEXTO


vem em destaque também. A fotografia do entrevistado
aparece normalmente na primeira página da entrevista e O primeiro passo para interpretar um texto consiste em
pode estar acompanhada por uma frase dita por ele. As decompô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias bási-
frases importantes ditas pelo entrevistado e que aparecem cas ou ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando
em destaque nas outras páginas da entrevista são chama- os conceitos definidores da opinião explicitada pelo autor.
das de “olho”. Esta operação fará com que o significado do texto “salte aos
olhos” do leitor. Ler é uma atividade muito mais complexa
Crônica: Assim como a fábula e o enigma, a crônica é do que a simples interpretação dos símbolos gráficos, de có-
um gênero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cro- digos,  requer que o indivíduo seja capaz de interpretar o
nos é o deus grego do tempo), narra fatos históricos em material lido, comparando-o e incorporando-o à sua baga-
ordem cronológica, ou trata de temas da atualidade. Mas gem pessoal, ou seja, requer que o indivíduo mantenha um
não é só isso. Lendo esse texto, você conhecerá as princi- comportamento ativo diante da leitura.
pais características da crônica, técnicas de sua redação e
terá exemplos. Os diferentes níveis de leitura
Uma das mais famosas crônicas da história da literatu-
ra luso-brasileira corresponde à definição de crônica como Para que isso aconteça, é necessário que haja maturida-
de para a compreensão do material lido, senão tudo cairá no
“narração histórica”. É a “Carta de Achamento do Brasil”, de
esquecimento ou ficará armazenado em nossa memória sem
Pero Vaz de Caminha”, na qual são narrados ao rei portu-
uso, até que tenhamos condições cognitivas para utilizar.
guês, D. Manuel, o descobrimento do Brasil e como foram
De uma forma geral, passamos por diferentes níveis ou
os primeiros dias que os marinheiros portugueses passa-
etapas até termos condições de aproveitar totalmente o as-
ram aqui. Mas trataremos, sobretudo, da crônica como sunto lido. Essas etapas ou níveis são cumulativas e vão sen-
gênero que comenta assuntos do dia a dia. Para começar, do adquiridas pela vida, estando presente em praticamente
uma crônica sobre a crônica, de Machado de Assis: toda a nossa leitura.
O nascimento da crônica O Primeiro Nível é elementar e diz respeito ao período
de alfabetização. Ler é uma capacidade cerebral muito sofis-
“Há um meio certo de começar a crônica por uma tri- ticada e requer experiência: não basta apenas conhecermos
vialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se os códigos, a gramática, a semântica, é preciso que tenha-
isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, mos um bom domínio da língua.
ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do
calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas con- O Segundo Nível é a pré-leitura ou leitura inspecional.
jeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, Tem duas funções específicas: primeiro, prevenir para que
manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace est rompue a leitura posterior não nos surpreenda e, sendo, para que
está começada a crônica. (...) tenhamos chance de escolher qual material leremos, efeti-
(Machado de Assis. “Crônicas Escolhidas”. São Pau- vamente. Trata-se, na verdade, de nossa primeira impressão
lo: Editora Ática, 1994) sobre o livro. É a leitura que comumente desenvolvemos “nas
livrarias”. Nela, por meio do salteio de partes, respondem ba-
Publicada em jornal ou revista onde é publicada, desti- sicamente às seguintes perguntas:
na-se à leitura diária ou semanal e trata de acontecimentos - Por que ler este livro?
cotidianos. A crônica se diferencia no jornal por não buscar - Será uma leitura útil?
exatidão da informação. Diferente da notícia, que procura - Dentro de que contexto ele poderá se enquadrar?
relatar os fatos que acontecem, a crônica os analisa, dá-
lhes um colorido emocional, mostrando aos olhos do leitor Essas perguntas devem ser revistas durante as etapas
que se seguem, procurando usar de imparcialidade quanto
uma situação comum, vista por outro ângulo, singular.
ao ponto de vista do autor, e o assunto, evitando precon-
O leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princí-
ceitos. Se você se propuser a ler um livro sem interesse, com
pio, um leitor de jornal ou de revista. A preocupação com
olhar crítico, rejeitando-o antes de conhecê-lo, provavelmen-
esse leitor é que faz com que, dentre os assuntos tratados,
te o aproveitamento será muito baixo.
o cronista dê maior atenção aos problemas do modo de Ler é armazenar informações; desenvolver; ampliar hori-
vida urbano, do mundo contemporâneo, dos pequenos zontes; compreender o mundo; comunicar-se melhor; escre-
acontecimentos do dia a dia comuns nas grandes cidades. ver melhor; relacionar-se melhor com o outro.
Jornalismo e literatura: É assim que podemos dizer que
a crônica é uma mistura de jornalismo e literatura. De um Pré-Leitura
recebe a observação atenta da realidade cotidiana e do Nome do livro
outro, a construção da linguagem, o jogo verbal. Algumas Autor
crônicas são editadas em livro, para garantir sua durabili- Dados Bibliográficos
dade no tempo. Prefácio e Índice 
Prólogo e Introdução

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O primeiro passo é memorizar o nome do autor e a cessário. Para ressaltar trechos importantes opte por um
edição do livro, fazer um folheio sistemático: ler o prefácio sinal discreto próximo a eles, visando principalmente a
e o índice (ou sumário), analisar um pouco da história que marcar o local do texto em que se encontra, obrigando-o
deu origem ao livro, ver o número da edição e o ano de a fixar a cronologia e a sequência deste fato importante,
publicação. Se falarmos em ler um Machado de Assis, um situando-o no livro.
Júlio Verne, um Jorge Amado, já estaremos sabendo muito Aproveite bem esta etapa de leitura. Para auxiliar no es-
sobre o livro. É muito importante verificar estes dados para tudo, é interessante que, ao final da leitura de cada capítulo,
enquadrarmos o livro na cronologia dos fatos e na atuali- você faça um breve resumo com suas próprias palavras de
dade das informações que ele contém.  Verifique detalhes tudo o que foi lido.
que possam contribuir para a coleta do maior número de
informações possível. Tudo isso vai ser útil quando formos Um Quinto Nível pode ser opcional: a etapa da repe-
arquivar os dados lidos no nosso arquivo mental. A propó- tição aplicada. Quando lemos, assimilamos o conteúdo do
sito, você sabe o que seja um prólogo, um prefácio e uma texto, mas aprendizagem efetiva vai requerer que tenhamos
introdução? Muita gente pensa que os três são a mesma prática, ou seja, que tenhamos experiência do que foi lido
coisa, mas não: na vida. Você só pode compreender conceitos que tenha
Prólogo: é um comentário feito pelo autor a respeito visto em seu cotidiano. Nada como unir a teoria à prática.
do tema e de sua experiência pessoal. Na leitura, quando não passamos pela etapa da repetição
Prefácio: é escrito por terceiros ou pelo próprio au- aplicada, ficamos muitas vezes sujeitos  àqueles brancos
tor, referindo-se ao tema abordado no livro e muitas vezes quando queremos evocar o assunto. Para evitar isso, faça
também tecendo comentários sobre o autor. resumos.
Introdução: escrita também pelo autor, referindo-se ao Observe agora os trechos sublinhados do livro e os re-
livro e não ao tema. sumos de cada capítulo, trace um diagrama sobre o livro,
O segundo passo é fazer uma leitura superficial. Pode- esforce-se para traduzi-lo com suas próprias palavras. Pro-
se, nesse caso, aplicar as técnicas da leitura dinâmica. cure associar o assunto lido com alguma experiência já vivi-
da ou tente exemplificá-lo com algo concreto, como se fos-
se um professor e o estivesse ensinando para uma turma de
O Terceiro Nível é conhecido como analítico. Depois
alunos interessados. É importante lembrar que esquecemos
de vasculharmos bem o livro na pré-leitura, analisamos
mais nas próximas 8 horas do que nos 30 dias posteriores.
o livro. Para isso, é imprescindível que saibamos em qual
Isto quer dizer que devemos fazer pausas durante a leitura
gênero o livro se enquadra: trata-se de um romance, um
e ao retornarmos ao livro, consultamos os resumos. Não
tratado, um livro de pesquisa e, neste caso, existe apenas
pense que é um exercício monótono. Nós somos capazes
teoria ou são inseridas práticas e exemplos. No caso de ser
de realizar diariamente exercícios físicos com o propósito
um livro teórico, que requeira memorização, procure criar
de melhorar a aparência e a saúde. Pois bem, embora não
imagens mentais sobre o assunto, ou seja, veja, realmen- tenhamos condições de ver com o que se apresenta nos-
te, o que está lendo, dando vida e muita criatividade ao sa mente, somos capazes de senti-la quando melhoramos
assunto.  Note bem: a leitura efetiva vai acontecer nesta nossas aptidões como o raciocínio, a prontidão de infor-
fase, e a primeira coisa a fazer é ser capaz de resumir o mações e, obviamente, nossos conhecimentos intelectuais.
assunto do livro em duas frases. Já temos algum conteúdo Vale a pena se esforçar no início e criar um método de lei-
para isso, pois o encadeamento das ideias já é de nosso tura eficiente e rápido.
conhecimento. Procure, agora, ler bem o livro, do início ao
fim. Esta é a leitura efetiva, aproveite bem este momento. Ideias Núcleo
Fique atento! Aproveite todas as informações que a pré-
-leitura ofereceu. Não pare a leitura para buscar significa- O primeiro passo para interpretar um texto consiste em
dos de palavras em dicionários ou sublinhar textos, isto decompô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias bá-
será feito em outro momento. sicas ou ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico bus-
cando os conceitos definidores da opinião explicitada pelo
O Quarto Nível de leitura é o denominado de contro- autor. Esta operação fará com que o significado do texto
le. Trata-se de uma leitura com a qual vamos efetivamente “salte aos olhos” do leitor. Exemplo:
acabar com qualquer dúvida que ainda persista. Normal-
mente, os termos desconhecidos de um texto são expli- “Incalculável é a contribuição do famoso neurologista
citados  neste próprio texto, à medida que vamos adian- austríaco no tocante aos estudos sobre a formação da per-
tando a leitura. Um mecanismo psicológico fará com que sonalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu
fiquemos com aquela dúvida incomodando-nos até que acender luzes nas camadas mais profundas da psique hu-
tenhamos a resposta. Caso não haja explicação no texto, mana: o inconsciente e subconsciente. Começou estudando
será na etapa do controle que lançaremos mão do dicio- casos clínicos de comportamentos anômalos ou patológicos,
nário. com a ajuda da hipnose e em colaboração com os colegas
Veja bem: a esta altura já conhecemos bem o livro e Joseph Breuer e Martin Charcot (Estudos sobre a histeria,
o ato de interromper a leitura não vai fragmentar a com- 1895). Insatisfeito com os resultados obtidos pelo hipnotismo,
preensão do assunto como um todo. Será, também, nessa inventou o método que até hoje é usado pela psicanálise: o
etapa que sublinharemos os tópicos importantes, se ne- das ‘livres associações’ de ideias e de sentimentos, estimula-

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das pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente com - Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
o fim de descobrir a fonte das perturbações mentais. Para - Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do
este caminho de regresso às origens de um trauma, Freud se autor;
utilizou especialmente da linguagem onírica dos pacientes, - Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor
considerando os sonhos como compensação dos desejos in- compreensão;
satisfeitos na fase de vigília. - Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do
Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o texto correspondente;
mundo cultural da época, foi a apresentação da tese de que - Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada
toda neurose é de origem sexual.” questão;
(Salvatore D’Onofrio) - Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de...), não,
correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras;
Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribui- palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam
ção do famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos a entender o que se perguntou e o que se pediu;
sobre a formação da personalidade humana. Sigmund Freud
- Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a
(1859-1939) conseguiu acender luzes nas camadas mais pro-
mais exata ou a mais completa;
fundas da psique humana: o inconsciente e subconsciente.”
- Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um funda-
O autor do texto afirma, inicialmente, que Sigmund Freud
ajudou a ciência a compreender os níveis mais profundos mento de lógica objetiva;
da personalidade humana, o inconsciente e subconsciente. - Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;
- Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela res-
Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos posta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto;
clínicos de comportamentos anômalos ou patológicos, com - Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras de-
a ajuda da hipnose e em colaboração com os colegas Joseph nuncia a resposta;
Breuer e Martin Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). In- - Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo
satisfeito com os resultados obtidos pelo hipnotismo, inven- autor, definindo o tema e a mensagem;
tou o método que até hoje é usado pela psicanálise: o das - O autor defende ideias e você deve percebê-las;
‘livres associações’ de ideias e de sentimentos, estimuladas - Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são im-
pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente com o fim portantíssimos na interpretação do texto. Exemplos:
de descobrir a fonte das perturbações mentais.” A segunda
ideia núcleo mostra que Freud deu início a sua pesquisa es- Ele morreu de fome.
tudando os comportamentos humanos anormais ou doen- de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na
tios por meio da hipnose. Insatisfeito com esse método, realização do fato (= morte de “ele”).
criou o das “livres associações de ideias e de sentimentos”. Ele morreu faminto.
Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de re- faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que “ele” se
gresso às origens de um trauma, Freud se utilizou especial- encontrava quando morreu.
mente da linguagem onírica dos pacientes, considerando os
sonhos como compensação dos desejos insatisfeitos na fase - As orações coordenadas não têm oração principal, apenas
de vigília.” Aqui, está explicitado que a descoberta das raí- as ideias estão coordenadas entre si;
zes de um trauma se faz por meio da compreensão dos - Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior
sonhos, que seriam uma linguagem metafórica dos desejos clareza de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o
não realizados ao longo da vida do dia a dia. significado;
- Esclarecer o vocabulário;
Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de
- Entender o vocabulário;
Freud, que escandalizou o mundo cultural da época, foi a
- Viver a história;
apresentação da tese de que toda neurose é de origem se-
xual.” Por fim, o texto afirma que Freud escandalizou a so- - Ative sua leitura;
ciedade de seu tempo, afirmando a novidade de que todo - Ver, perceber, sentir, apalpar o que se pergunta e o que
o trauma psicológico é de origem sexual. se pede;
- Não se deve preocupar com a arrumação das letras nas
Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa alternativas;
interpretação de texto. Para isso, devemos observar o se- - As perguntas são fáceis, dependendo de quem lê o texto
guinte: ou como o leu;
- Cuidado com as opiniões pessoais, elas não existem;
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do - Sentir, perceber a mensagem do autor;
assunto; - Cuidado com a exatidão das questões em relação ao texto;
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa - Descobrir o assunto e procurar pensar sobre ele;
a leitura, vá até o fim, ininterruptamente; - Todos os termos da análise sintática, cada termo tem seu
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto valor, sua importância;
pelo menos umas três vezes; - Todas as orações subordinadas têm oração principal
- Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas; e as ideias se completam.

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Vícios de Leitura será de terror; se encontra alegria, sua experiência será de


tranquilidade, etc. Ler está tão relacionado com o fato de
Por acaso você tem o hábito de ler movimentando a existirmos que nem nos preocupamos em aprimorar este
cabeça? Ou quem sabe, acompanhando com o dedo? Tal- processo. É lendo que vamos construindo nossos valores e
vez vocalizando baixinho... Você não percebe, mas esses estes são os responsáveis pela transformação dos fatos em
movimentos são alguns dos tantos que prejudicam a lei- objetos de nosso sentimento.
tura. Esses movimentos são conhecidos como vícios de lin- Leitura é um dos grandes, senão o maior, ingrediente
guagem. da civilização. Ela é uma atividade ampla e livre, fato com-
Movimentar a cabeça: procure perceber se você não provado pela frustração de algumas pessoas ao assistirem
está movimentando a cabeça enquanto lê. Este movimen- a um filme, cuja história já foi lida em um livro. Quando
to, ao final de pouco tempo, gera muito cansaço além de lemos, associamos as informações lidas à imensa bagagem
não causar nenhum efeito positivo. Durante a leitura ape- de conhecimentos que temos armazenados em nosso cé-
nas movimentamos os olhos. rebro e então somos capazes de criar, imaginar e sonhar.
Regressar no texto, durante a leitura: pessoas que têm É por meio da leitura que podemos entrar em conta-
dificuldade de memorizar um assunto, que não compreen- to com pessoas distantes ou do passado, observando suas
dem algumas expressões ou palavras tendem a voltar na crenças, convicções e descobertas que foram imortalizadas
sua leitura. Este movimento apenas incrementa a falta de por meio da escrita. Esta possibilita o avanço tecnológico
memória, pois secciona a linha de raciocínio e raramente e científico, registrando os conhecimentos, levando-os a
explica o desconhecido, o que normalmente é elucidado qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, desde que
no decorrer da leitura. Procure sempre manter uma se- saibam decodificar a mensagem, interpretando os símbo-
quência e não fique “indo e vindo” no livro. O assunto pode los usados como registro da informação. A leitura é o ver-
se tornar um bicho de sete cabeças! dadeiro elo integrador do ser humano e a sociedade em
Ler palavra por palavra: para escrever usamos muitas que ele vive!
palavras que apenas servem como adereços. Procure ler o O mundo de hoje é marcado pelo enorme fluxo de in-
conjunto e perceber o seu significado. formações oferecidas a todo instante. É preciso também
Sub-vocalização: é o ato de repetir mentalmente a pa- tornarmo-nos mais receptivos e atentos, para nos manter-
lavra. Isto só será corrigido quando conseguirmos ultrapas- mos atualizados e competitivos. Para isso, é imprescindível
sar a marca de 250 palavras por minuto. leitura que nos estimule cada vez mais em vista dos re-
Usar apoios: algumas pessoas têm o hábito de acom- sultados que ela oferece. Se você pretende acompanhar a
panhar a leitura com réguas, apontando ou utilizando um evolução do mundo, manter-se em dia, atualizado e bem
objeto que salta “linha a linha”. O movimento dos olhos é
informado, precisa preocupar-se com a qualidade da sua
muito mais rápido quando é livre do que quando o faze-
leitura.
mos guiado por qualquer objeto.
Observe: você pode gostar de ler sobre esoterismo e
uma pessoa próxima não se interessar por este assunto.
Leitura Eficiente
Por outro lado, será que esta mesma pessoa se interessa
por um livro que fale sobre História ou esportes? No caso
Ao ler realizamos as seguintes operações:
da leitura, não existe livro interessante, mas leitores inte-
ressados.
- Captamos o estímulo, ou seja, por meio da visão, en-
caminhamos o material a ser lido para nosso cérebro. A pessoa que se preocupa com a qualidade de sua
- Passamos, então, a perceber e a interpretar o dado leitura e com o resultado que poderá obter, deve pensar
sensorial (palavras, números etc.) e a organizá-lo segun- no ato de ler como um comportamento que requer alguns
do nossa bagagem de conhecimentos anteriores. Para essa cuidados, para ser realmente eficaz.
etapa, precisamos de motivação, de forma a tornar o pro-
cesso mais otimizado possível. - Atitude: pensamento positivo para aquilo que dese-
- Assimilamos o conteúdo lido integrando-o ao nos- ja ler. Manter-se descansado é muito importante também.
so “arquivo mental” e aplicando o conhecimento ao nosso Não adianta um desgaste físico enorme, pois a retenção da
cotidiano. informação será inversamente proporcional. Uma alimen-
tação adequada é muito importante.
A leitura é um processo muito mais amplo do que po- - Ambiente: o ambiente de leitura deve ser prepara-
demos imaginar. Ler não é unicamente interpretar os sím- do para ela. Nada de ambientes com muitos estímulos que
bolos gráficos, mas interpretar o mundo em que vivemos. forcem a dispersão. Deve ser um local tranquilo, agradá-
Na verdade, passamos todo o nosso tempo lendo! vel, ventilado, com uma cadeira confortável para o leitor e
O psicanalista francês Lacan disse que o olhar da mãe mesa para apoiar o livro a uma altura que possibilite pos-
configura a estrutura psíquica da criança, ou seja, esta se tura corporal adequada. Quanto a iluminação, deve vir do
vê a partir de como vê seu reflexo nos olhos da mãe! O lado posterior esquerdo, pois o movimento de virar a pági-
bebê, então, segundo esta citação, lê nos olhos da mãe na acontecerá antes de ter sido lida a última linha da pági-
o sentimento com que é recebido e interpreta suas emo- na direita e, de outra forma, haveria a formação de sombra
ções: se o que encontra é rejeição, sua experiência básica nesta página, o que atrapalharia a leitura.

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- Objetos necessários: para evitar que, durante a lei- oposição. Diferente do cartoon, arte também surgida na
tura, levantarmos para pegar algum objeto que julguemos Inglaterra e que pretendia parodiar situações do cotidiano
importante, devemos colocar lápis, marca-texto e dicioná- da sociedade, constituindo assim uma crítica dos costumes
rio sempre à mão. Quanto sublinhar os pontos importantes que ultrapassa os limites do tempo e projeta-se como críti-
do texto, é preciso aprender a técnica adequada. Não o ca de época, a charge é caracterizada especificamente por
fazer na primeira leitura, evitando que os aspectos subli- ser uma crônica, ou seja, narra ou satiriza um fato aconte-
nhados parecem-se mais com um mosaico de informações cido em determinado momento, e que perderá sua carga
aleatórias. humorística ao ser desvencilhada do contexto temporal
Os concursos apresentam questões interpretativas que no qual está inserida. Todavia, a palavra cartunista acabou
têm por finalidade a identificação de um  leitor autônomo. designando, na nossa linguagem cotidiana, a categoria
Portanto, o candidato deve compreender os níveis estrutu- de artistas que produz esse tipo de desenho humorístico
rais da língua por meio da lógica, além de necessitar de um (charges ou cartoons)
bom léxico internalizado. Na verdade, quatro passos básicos para uma boa in-
As frases produzem significados diferentes de acor- terpretação político-ideológica de uma charge. Afinal, se a
do com o contexto em que estão inseridas. Torna-se, as- corrida eleitoral para a Presidência da República já come-
sim, necessário sempre fazer um confronto entre todas as çou, não vai mal dar uma boa olhada nas charges publica-
partes que compõem o texto. Além disso, é fundamental das em cada jornal, impresso ou eletrônico, para ver o que
apreender as informações apresentadas por trás do texto se passa na cabeça dos donos da grande mídia sobre esse
e as inferências a que ele remete. Este procedimento justi- momento ímpar no processo democrático nacional…
fica-se por um texto ser sempre produto de uma postura
ideológica do autor diante de uma temática qualquer.

Como ler e interpretar uma charge

Interpretar cartuns, charges ou quadrinhos exigem três


habilidades: observação, conhecimento do assunto e vo-
cabulário adequado. A primeira permite que o leitor “veja”
todos os ícones presentes - e dono da situação - dê início
à descrição minuciosa, mas que prioriza as relevâncias. A
segunda requer um leitor “antenado” com o noticiário mais
recente, caso contrário não será possível estabelecer senti- Amarildo. A Gazeta-ES, 12/04/2010
dos para o que vê. A terceira encerra o ciclo, pois, sem dar
nome ao que vê, o leitor não faz a tradução da imagem. Passo 1: Procure saber do que a charge está tratando: A
Desse modo, interpretar charges - ou qualquer outra charge geralmente está relacionada, por meio do uso de
forma de expressão visual – exige procedimentos lógicos, ANALOGIAS, a uma notícia ou fato político, econômico, so-
atenção aos detalhes e uma preocupação rigorosa em as- cial ou cultural. Portanto, a primeira tarefa de um “analis-
sociar imagens aos fatos. ta de charges” será compreender a qual fato ou notícia a
charge em questão está relacionada.

Passo 2: Entenda os elementos contidos na charge:


Numa charge de crítica política ou econômica, sempre há
um protagonista e um antagonista da situação – ou seja,
um personagem alvejado pela crítica do chargista e outro
que faz a vez de porta-voz da crítica do chargista. Não ne-
cessariamente o antagonista aparece na cena… O próprio
cenário da charge, uma nota de rodapé ou a própria situa-
ção na qual o protagonista está inserido pode fazer a vez
de antagonista. Já nas charges de caráter social ou cultural,
geralmente não há protagonistas e antagonistas, mas ele-
mentos do fato ou da notícia que são caricaturizados – isto
é, retratados humoristicamente – com vistas a trazer força
à notícia representada na charge. No caso das charges de
Benett. Folha de São Paulo, 15/02/2010 crítica econômica e política, a identificação dos papéis de
protagonista e antagonista da situação é fundamental para
Charges são desenhos humorísticos que se utilizam da o próximo passo na interpretação desta charge.
ironia e do sarcasmo para a constituição de uma crítica a Passo 3: Identifique a linha editorial do veículo de co-
uma situação social ou política vigente, e contra a qual se municação: Não é novidade para nenhum de nós que a
pretende – ou ao menos se pretendia, na origem desse fe- imparcialidade da informação é uma mera ilusão, da qual
nômeno artístico, na Inglaterra do século XIX – fazer uma nos convenceram de tanto repetir. Não existe imparciali-

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LÍNGUA PORTUGUESA

dade nem nas ciências, quanto mais na imprensa! E por EXERCÍCIOS


mais que a manipulação da notícia seja um ato moralmen-
te execrável, a parcialidade na informação noticiada pelos Atenção: As questões de números 1 a 5 referem-se ao
meios de comunicação não apenas é inevitável, como tam- texto seguinte.
bém pode vir a ser benéfica no que tange ao processo da
constituição de posicionamentos críticos e ideológicos no Fotografias
debate democrático. Reafirmando aquele lugar-comum,
mas válido, do dramaturgo Nelson Rodrigues (do qual eu Toda fotografia é um portal aberto para outra dimensão:
nunca encontrei a citação, confesso), “toda unanimidade é o passado. A câmara fotográfica é uma verdadeira máquina
burra”. Por isso, é preciso compreender e identificar a linha do tempo, transformando o que é naquilo que já não é mais,
editorial do veículo de comunicação no qual a charge foi porque o que temos diante dos olhos é transmudado imediata-
publicada, pois esta revela a ideologia que inspira o foco mente em passado no momento do clique. Costumamos dizer
de parcialidade que este dá às suas notícias. que a fotografia congela o tempo, preservando um momento
passageiro para toda a eternidade, e isso não deixa de ser ver-
dade. Todavia, existe algo que descongela essa imagem: nosso
olhar. Em francês, imagem e magia contêm as mesmas cinco
letras: image e magie. Toda imagem é magia, e nosso olhar é a
varinha de condão que descongela o instante aprisionado nas
geleiras eternas do tempo fotográfico.
Toda fotografia é uma espécie de espelho da Alice do País
das Maravilhas, e cada pessoa que mergulha nesse espelho de
papel sai numa dimensão diferente e vivencia experiências di-
versas, pois o lado de lá é como o albergue espanhol do ditado:
cada um só encontra nele o que trouxe consigo. Além disso, o
significado de uma imagem muda com o passar do tempo, até
para o mesmo observador.
Variam, também, os níveis de percepção de uma fotogra-
fia. Isso ocorre, na verdade, com todas as artes: um músico, por
exemplo, é capaz de perceber dimensões sonoras inteiramente
Thiago Recchia. Gazeta do Povo, 01/04/2010 insuspeitas para os leigos. Da mesma forma, um fotógrafo pro-
fissional lê as imagens fotográficas de modo diferente daqueles
Passo 4: Compreenda qual o posicionamento ideológico que desconhecem a sintaxe da fotografia, a “escrita da luz”. Mas é
frente ao fato, do qual a charge quer te convencer: Assim difícil imaginar alguém que seja insensível à magia de uma foto.
como a notícia vem, como já foi comentado, carregada (Adaptado de Pedro Vasquez, em Por trás daquela
de parcialidade ideológica, a charge não está longe de ser foto.
um meio propício de comunicação de um ponto de vista. São Paulo: Companhia das Letras, 2010)
E com um detalhe a mais: a charge convence! Por seu efei-
to humorístico, a crítica proposta pela charge permanece 1. O segmento do texto que ressalta a ação mesma da
enraizada por tempo indeterminado em nossa imagina- percepção de uma foto é:
ção e, por decorrência, como vários autores da consagra- (A) A câmara fotográfica é uma verdadeira máquina do
da psicologia da imagem já demonstraram, nos processos tempo.
inconscientes que podem influenciar as decisões e esco- (B) a fotografia congela o tempo.
lhas que julgamos serem estritamente voluntárias. Com- (C) nosso olhar é a varinha de condão que descongela o
preender a mensagem ideológica da qual é composta uma instante aprisionado.
charge acaba tendo a função de tornar conscientes estes (D) o significado de uma imagem muda com o passar do
tempo.
processos, fazendo com que nossa decisão seja funda-
(E) Mas é difícil imaginar alguém que seja insensível à ma-
mentada numa decisão mais racional e posicionada, e ao
gia de uma foto.
mesmo tempo menos ingênua e caricata da situação. Aí,
sim, a charge poderá auxiliar na formulação clara e cônscia 2. No contexto do último parágrafo, a referência aos vá-
de um posicionamento perante os fatos e notícias apre- rios níveis de percepção de uma fotografia remete
sentados por esses meios de comunicação! (A) à diversidade das qualidades intrínsecas de uma foto.
(B) às diferenças de qualificação do olhar dos observa-
dores.
(C) aos graus de insensibilidade de alguns diante de uma
foto.
(D) às relações que a fotografia mantém com as outras
artes.
(E) aos vários tempos que cada fotografia representa em
si mesma.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3. Atente para as seguintes afirmações: mos, entre outras, estas duas acepções: a) perceber diferen-
I. Ao dizer, no primeiro parágrafo, que a fotografia con- ças; distinguir, discernir; b) tratar mal ou de modo injusto,
gela o tempo, o autor defende a ideia de que a realidade desigual, um indivíduo ou grupo de indivíduos, em razão
apreendida numa foto já não pertence a tempo algum. de alguma característica pessoal, cor da pele, classe social,
II. No segundo parágrafo, a menção ao ditado sobre o convicções etc.
albergue espanhol tem por finalidade sugerir que o olhar Na primeira acepção, discriminar é dar atenção às dife-
do observador não interfere no sentido próprio e particular renças, supõe um preciso discernimento; o termo transpira
de uma foto. o sentido positivo de quem reconhece e considera o estatuto
III. Um fotógrafo profissional, conforme sugere o ter- do que é diferente. Discriminar o certo do errado é o pri-
ceiro parágrafo, vê não apenas uma foto, mas os recursos meiro passo no caminho da ética. Já na segunda acepção,
de uma linguagem específica nela fixados. discriminar é deixar agir o preconceito, é disseminar o juízo
Em relação ao texto, está correto o que se afirma SO- preconcebido. Discriminar alguém: fazê-lo objeto de nossa
MENTE em intolerância.
(A) I e II. Diz-se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar a
(B) II e III. desigualdade. Nesse caso, deixar de discriminar (no sentido
(C) I. de discernir) é permitir que uma discriminação continue (no
(D) II. sentido de preconceito). Estamos vivendo uma época em
(E) III. que a bandeira da discriminação se apresenta em seu sen-
tido mais positivo: trata-se de aplicar políticas afirmativas
4. No contexto do primeiro parágrafo, o segmento para promover aqueles que vêm sofrendo discriminações
Todavia, existe algo que descongela essa imagem pode ser históricas. Mas há, por outro lado, quem veja nessas propos-
substituído, sem prejuízo para a correção e a coerência do tas afirmativas a forma mais censurável de discriminação...
texto, por: É o caso das cotas especiais para vagas numa universidade
(A) Tendo isso em vista, há que se descongelar essa ou numa empresa: é uma discriminação, cujo sentido posi-
imagem. tivo ou negativo depende da convicção de quem a avalia. As
(B) Ainda assim, há mais que uma imagem desconge- acepções são inconciliáveis, mas estão no mesmo verbete do
lada. dicionário e se mostram vivas na mesma sociedade.
(C) Apesar de tudo, essa imagem descongela algo. (Aníbal Lucchesi, inédito)
(D) Há, não obstante, o que faz essa imagem descon-
gelar. 6. A afirmação de que os dicionários podem ajudar a
(E) Há algo, outrossim, que essa imagem descongelará. incendiar debates confirma-se, no texto, pelo fato de que
5. Está clara e correta a redação deste livre comentário o verbete discriminar
sobre o texto: (A) padece de um sentido vago e impreciso, gerando
(A) Apesar de se ombrearem com outras artes plásti- por isso inúmeras controvérsias entre os usuários.
cas, a fotografia nos faz desfrutar e viver experiências de (B) apresenta um sentido secundário, variante de seu
natureza igualmente temporal. sentido principal, que não é reconhecido por todos.
(B) Na superfície espacial de uma fotografia, nem se (C) abona tanto o sentido legítimo como o ilegítimo
imagine os tempos a que suscitarão essa imagem aparen- que se costuma atribuir a esse vocábulo.
temente congelada... (D) faz pensar nas dificuldades que existem quando se
(C) Conquanto seja o registro de um determinado es- trata de determinar a origem de um vocábulo.
paço, uma foto leva-nos a viver profundas experiências de (E) desdobra-se em acepções contraditórias que cor-
caráter temporal. respondem a convicções incompatíveis.
(D) Tal como ocorrem nos espelhos da Alice, as expe- 7. Diz-se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar
riências físicas de uma fotografia podem se inocular em a desigualdade.
planos temporais. Da afirmação acima é coerente deduzir esta outra:
(E) Nenhuma imagem fotográfica é congelada suficien- (A) Os homens são desiguais porque foram tratados
temente para abrir mão de implicâncias semânticas no pla- com o mesmo critério de igualdade.
no temporal. (B) A igualdade só é alcançável se abolida a fixação de
um mesmo critério para casos muito diferentes.
Atenção: As questões de números 6 a 9 referem-se ao (C) Quando todos os desiguais são tratados desigual-
texto seguinte. mente, a desigualdade definitiva torna-se aceitável.
(D) Uma forma de perpetuar a igualdade está em sem-
Discriminar ou discriminar? pre tratar os iguais como se fossem desiguais.
(E) Critérios diferentes implicam desigualdades tais
Os dicionários não são úteis apenas para esclarecer o que os injustiçados são sempre os mesmos.
sentido de um vocábulo; ajudam, com frequência, a iluminar
teses controvertidas e mesmo a incendiar debates. Vamos ao
Dicionário Houaiss, ao verbete discriminar, e lá encontra-

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LÍNGUA PORTUGUESA

8. Considerando-se o contexto, traduz-se adequada- Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo
mente o sentido de um segmento em: uma estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar
(A) iluminar teses controvertidas (1º parágrafo) = amai- provas da eficácia da empresa privada. De qualquer forma,
nar posições dubitativas. eu já podia recolher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi,
(B) um preciso discernimento (2º parágrafo) = uma arrai- espero que salva, a baleia de Saquarema. O maior animal
gada dissuasão. do mundo, assim frágil, à mercê de curiosos. À noite, sonhei
(C) disseminar o juízo preconcebido (2º parágrafo) = dis- com o Brasil encalhado na areia diabólica da inflação. A
suadir o julgamento predestinado. bordo, uma tripulação de camelôs anunciava umas bugi-
(D) a forma mais censurável (3º parágrafo) = o modo gangas. Tudo fala. Tudo é símbolo.
mais repreensível.
(E) As acepções são inconciliáveis (3º parágrafo) = as ver-
(Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo)
sões são inatacáveis.

9. É preciso reelaborar, para sanar falha estrutural, a re- 10. O cronista ressalta aspectos contrastantes do caso
dação da seguinte frase: de Saquarema, tal como se observa na relação entre estas
(A) O autor do texto chama a atenção para o fato de que duas expressões:
o desejo de promover a igualdade corre o risco de obter um (A) drama da baleia encalhada e três dias se debatendo
efeito contrário. na areia.
(B) Embora haja quem aposte no critério único de julga- (B) em quinze minutos estava toda retalhada e foram
mento, para se promover a igualdade, visto que desconside- disputadas as toneladas da vítima.
ram o risco do contrário. (C) se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência e levar
(C) Quem vê como justa a aplicação de um mesmo crité- pastéis e empadinhas para vender com ágio.
rio para julgar casos diferentes não crê que isso reafirme uma (D) o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar
situação de injustiça. e lá se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema.
(D) Muitas vezes é preciso corrigir certas distorções apli- (E) Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás e
cando-se medidas que, à primeira vista, parecem em si mes- Logo uma estatal, ó céus.
mas distorcidas.
(E) Em nossa época, há desequilíbrios sociais tão graves 11. Atente para as seguintes afirmações sobre o texto:
que tornam necessários os desequilíbrios compensatórios de I. A analogia entre a baleia e a União Soviética insi-
uma ação corretiva.
nua, entre outros termos de aproximação, o encalhe dos
gigantes.
Atenção: As questões de números 10 a 14 referem-se à
crônica abaixo. II. As reações dos envolvidos no episódio da baleia en-
calhada revelam que, acima das diferentes providências,
Bom para o sorveteiro atinham-se todos a um mesmo propósito.
III. A expressão Tudo é símbolo prende-se ao fato de
Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas que o autor aproveitou o episódio da baleia encalhada
a notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na para também figurar o encalhe de um país imobilizado
minha cara o drama da baleia encalhada na praia de Saqua- pela alta inflação.
rema. Afinal, depois de quase três dias se debatendo na areia Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
da praia e na tela da televisão, o filhote de jubarte conseguiu (A) I, II e III.
ser devolvido ao mar. Até a União Soviética acabou, como foi (B) I e III, apenas.
dito por locutores especializados em necrológio eufórico. Mas (C) II e III, apenas.
o drama da baleia não acabava. Centenas de curiosos foram (D) I e II, apenas.
lá apreciar aquela montanha de força a se esfalfar em vão na (E) III, apenas.
luta pela sobrevivência. Um belo espetáculo.
À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar 12. Foram irrelevantes para a salvação da baleia estes
do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, dois fatores:
todos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vír-
(A) o necrológio da União Soviética e os serviços da
gula. O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia
traineira da Petrobrás.
ficava encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa
senhora teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para (B) o prestígio dos valores ecológicos e o empenho no
vender com ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdi- lúcido objetivo comum.
da a batalha e se começasse logo a repartir os bifes. (C) o fato de a jubarte ser um animal de sangue frio e
Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em o prestígio dos valores ecológicos.
quinze minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam (D) o fato de a Petrobrás ser uma empresa estatal e as
da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da iniciativas que couberam a uma traineira.
vítima. Essa de agora teve mais sorte. Foi salva graças à re- (E) o aproveitamento comercial da situação e a força
ligião ecológica que anda na moda e que por um momento descomunal empregada pela jubarte.
estabeleceu uma trégua entre todos nós, animais de sangue
quente ou de sangue frio.

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LÍNGUA PORTUGUESA

13. Considerando-se o contexto, traduz-se adequada- do método e pela adequação aos objetivos. Já a escolha da
mente o sentido de um segmento em: liderança de uma associação de classe, de um sindicato deve
(A) em necrológio eufórico (1º parágrafo) = em façanha ocorrer em conformidade com o desejo da maioria, que esco-
mortal. lhe livremente seu representante. Entre a especialidade técni-
(B) Comum, vírgula (2º parágrafo) = Geral, mas nem ca e a vocação política há diferenças profundas de natureza,
tanto. que pedem distintas formas de reconhecimento.
(C) que se desse por perdida a batalha (2º parágrafo) = Essas questões vêm à tona quando, em certas institui-
que se imaginasse o efeito de uma derrota. ções, o prestígio do “assembleísmo” surge como absoluto. Há
(D) estabeleceu uma trégua entre todos nós (3º parágra- quem pretenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa
fo) = derrogou uma imunidade para nós todos. assembleia a “soberania” que a qualifica para a tomada de
(E) é preciso dar provas da eficácia (4º parágrafo) = con- qualquer decisão. Não por acaso, quando alguém se opõe a
vém explicitar os bons propósitos. essa generalização, lembrando a razão do mérito, ouvem-
se diatribes contra a “meritocracia”. Eis aí uma tarefa para
14. Está clara e correta a redação deste livre comentá- nós todos: reconhecer, caso a caso, a legitimidade que tem
rio sobre o último parágrafo do texto. a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento da qualificação
(A) Apesar de tratar do drama ocorrido com uma ba- indispensável. Assim, não elegeremos deputado alguém sem
leia, o cronista não deixa de aludir a circunstâncias nacio- espírito público, nem votaremos no passageiro que deverá
nais, como o impulso para as privatizações e os custos da pilotar nosso avião.
alta inflação. (Júlio Castanho de Almeida, inédito)
(B) Mormente tratando de uma jubarte encalhado, o
cronista não obsta em tratar de assuntos da pauta nacional, 15. Deve-se presumir, com base no texto, que a razão
como a inflação ou o processo empresarial das privatiza- do mérito e a razão do voto devem ser consideradas, diante
ções. da tomada de uma decisão,
(C) Vê-se que um cronista pode assumir, como aqui (A) complementares, pois em separado nenhuma delas
ocorreu, o papel tanto de um repórter curioso como ana- satisfaz o que exige uma situação dada.
lisar fatos oportunos, qual seja a escalada inflacionária ou (B) excludentes, já que numa votação não se leva em
a privatização. conta nenhuma questão de mérito.
(D) O incidente da jubarte encalhado não impediu de (C) excludentes, já que a qualificação por mérito pressu-
que o cronista se valesse de tal episódio para opinar diante põe que toda votação é ilegítima.
de outros fatos, haja vista a inflação nacional ou a escalada (D) conciliáveis, desde que as mesmas pessoas que vo-
das privatizações. tam sejam as que decidam pelo mérito.
(E) Ao bom cronista ocorre associar um episódio como (E) independentes, visto que cada uma atende a neces-
o da jubarte com a natureza de outros, bem distintos, se- sidades de bem distintas naturezas.
jam os da economia inflacionada, sejam o crescente prestí-
gio das privatizações. 16. Atente para as seguintes afirmações:
I. A argumentação do ministro, referida no primeiro pa-
Atenção: As questões de números 15 a 18 referem-se rágrafo, é rebatida pelo autor do texto por ser falaciosa e
ao texto abaixo. escamotear os reais interesses de quem a formula.
II. O autor do texto manifesta-se francamente favorável
A razão do mérito e a do voto à razão do mérito, a menos que uma situação de real im-
passe imponha a resolução pelo voto.
Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com III. A conotação pejorativa que o uso de aspas confere
a campanha pelas eleições diretas para presidente da Re- ao termo “assembleísmo” expressa o ponto de vista dos que
pública, buscou minimizar a importância do voto com o se- desconsideram a qualificação técnica.
guinte argumento: − Será que os passageiros de um avião Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se
gostariam de fazer uma eleição para escolher um deles afirma em
como piloto de seu voo? Ou prefeririam confiar no mérito do (A) I.
profissional mais abalizado? (B) II.
A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre (C) III.
uma função eminentemente técnica e uma função eminen- (D) I e II.
temente política. No fundo, o ministro queria dizer que o go- (E) II e III.
verno estava indo muito bem nas mãos dos militares e que
estes saberiam melhor que ninguém prosseguir no comando 17. Considerando-se o contexto, são expressões bas-
da nação. tante próximas quanto ao sentido:
Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há ne- (A) fazer uma eleição e confiar no mérito do profissional.
cessidades muito distintas. Num concurso público, por exem- (B) especialidade técnica e vocação política.
plo, a avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe (C) classificação de profissionais e escolha da liderança.
sobre qualquer outra. A seleção e a classificação de profis- (D) avaliação do mérito e reconhecimento da qualificação.
sionais devem ser processos marcados pela transparência (E) transparência do método e desejo da maioria.

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LÍNGUA PORTUGUESA

18. Atente para a redação do seguinte comunicado: Texto Descritivo - um texto em que se faz um retrato por
escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A
Viemos por esse intermédio convocar-lhe para a as- classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo,
sembleia geral da próxima sexta-feira, aonde se decidi- pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais abs-
rá os rumos do nosso movimento reivindicatório. trata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não
há relação de anterioridade e posterioridade. É fazer uma descri-
As falhas do texto encontram-se plenamente sanadas ção minuciosa do objeto ou da personagem a que o texto refere.
em: Nessa espécie textual as coisas acontecem ao mesmo tempo.
(A) Vimos, por este intermédio, convocá-lo para a as- - expõe características dos seres ou das coisas, apresenta
sembleia geral da próxima sexta-feira, quando se decidirão uma visão;
os rumos do nosso movimento reivindicatório. - é um tipo de texto figurativo;
(B) Viemos por este intermédio convocar-lhe para a as- - retrato de pessoas, ambientes, objetos;
sembleia geral da próxima sexta-feira, onde se decidirá os - predomínio de atributos;
rumos do nosso movimento reivindicatório. - uso de verbos de ligação;
- frequente emprego de metáforas, comparações e ou-
(C) Vimos, por este intermédio, convocar-lhe para a as-
tras figuras de linguagem;
sembleia geral da próxima sexta-feira, em cuja se decidirão
- tem como resultado a imagem física ou psicológica.
os rumos do nosso movimento reivindicatório.
(D) Vimos por esse intermédio convocá-lo para a assem-
Texto Dissertativo - a dissertação é um texto que analisa,
bleia geral da próxima sexta-feira, em que se decidirá os ru- interpreta, explica e avalia dados da realidade. Esse tipo textual
mos do nosso movimento reivindicatório. requer reflexão, pois as opiniões sobre os fatos e a postura
(E) Viemos, por este intermédio, convocá-lo para a as- crítica em relação ao que se discute têm grande importância.
sembleia geral da próxima sexta-feira, em que se decidirão O texto dissertativo é temático, pois trata de análises e in-
os rumos do nosso movimento reivindicatório. terpretações; o tempo explorado é o presente no seu valor
atemporal; é constituído por uma introdução onde o assunto
Respostas: 01-C / 02-B / 03-E / 04-D / 05-C / 06-E / a ser discutido é apresentado, seguido por uma argumentação
07-B / 08-D / 09-B / 10-C / 11-B / 12-E / 13-B / 14-A / 15-E que caracteriza o ponto de vista do autor sobre o assunto em
/ 16-A / 17-D / 18-A evidência. Nesse tipo de texto a expressão das ideias, valores,
crenças são claras, evidentes, pois é um tipo de texto que pro-
põe a reflexão, o debate de ideias. A linguagem explorada é
a denotativa, embora o uso da conotação possa marcar um
2. TIPOLOGIA TEXTUAL.
estilo pessoal. A objetividade é um fator importante, pois dá
ao texto um valor universal, por isso geralmente o enunciador
não aparece porque o mais importante é o assunto em ques-
Tipologia Textual tão e não quem fala dele. A ausência do emissor é importante
para que a ideia defendida torne algo partilhado entre muitas
Tipo textual é a forma como um texto se apresenta. As pessoas, sendo admitido o emprego da 1ª pessoa do plural -
únicas tipologias existentes são: narração, descrição, dis- nós, pois esse não descaracteriza o discurso dissertativo.
sertação ou exposição, informação e injunção. É impor- - expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;
tante que não se confunda tipo textual com gênero textual. - é um tipo de texto argumentativo.
- defesa de um argumento: apresentação de uma tese
Texto Narrativo - tipo textual em que se conta fatos que será defendida; desenvolvimento ou argumentação; fe-
que ocorreram num determinado tempo e lugar, envol- chamento;
- predomínio da linguagem objetiva;
vendo personagens e um narrador. Refere-se a objeto do
- prevalece a denotação.
mundo real ou fictício. Possui uma relação de anteriori-
dade e posterioridade. O tempo verbal predominante é
Texto Argumentativo - esse texto tem a função de per-
o passado. suadir o leitor, convencendo-o de aceitar uma ideia imposta
- expõe um fato, relaciona mudanças de situação, pelo texto. É o tipo textual mais presente em manifestos e car-
aponta antes, durante e depois dos acontecimentos (ge- tas abertas, e quando também mostra fatos para embasar a
ralmente); argumentação, se torna um texto dissertativo-argumentativo.
- é um tipo de texto sequencial;
- relato de fatos; Texto Injuntivo/Instrucional - indica como realizar uma
- presença de narrador, personagens, enredo, cenário, ação. Também é utilizado para predizer acontecimentos e
tempo; comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os
- apresentação de um conflito; verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperati-
- uso de verbos de ação; vo, porém nota-se também o uso do infinitivo e o uso do
- geralmente, é mesclada de descrições; futuro do presente do modo indicativo. Ex: Previsões do
- o diálogo direto é frequente. tempo, receitas culinárias, manuais, leis, bula de remédio,
convenções, regras e eventos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Narração Elementos Estruturais (I):

A Narração é um tipo de texto que relata uma história - Enredo: desenrolar dos acontecimentos.
real, fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto - Personagens: são seres que se movimentam, se re-
narrativo apresenta personagens que atuam em um tem- lacionam e dão lugar à trama que se estabelece na ação.
po e em um espaço, organizados por uma narração feita Revelam-se por meio de características físicas ou psicológi-
por um narrador. É uma série de fatos situados em um cas. Os personagens podem ser lineares (previsíveis), com-
espaço e no tempo, tendo mudança de um estado para plexos, tipos sociais (trabalhador, estudante, burguês etc.)
outro, segundo relações de sequencialidade e causalidade, ou tipos humanos (o medroso, o tímido, o avarento etc.),
e não simultâneos como na descrição. Expressa as relações heróis ou anti-heróis, protagonistas ou antagonistas.
- Narrador: é quem conta a história.
entre os indivíduos, os conflitos e as ligações afetivas entre
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico.
esses indivíduos e o mundo, utilizando situações que con-
- Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico:
têm essa vivência. o tempo convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), tempo interior, subjetivo.
o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e
com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narra- Elementos Estruturais (II):
ção predomina a ação: o texto narrativo é um conjunto de
ações; assim sendo, a maioria dos verbos que compõem Personagens - Quem? Protagonista/Antagonista
esse tipo de texto são os verbos de ação. O conjunto de Acontecimento - O quê? Fato
ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história Tempo - Quando? Época em que ocorreu o fato
que é contada nesse tipo de texto recebe o nome de en- Espaço - Onde? Lugar onde ocorreu o fato
redo. Modo - Como? De que forma ocorreu o fato
As ações contidas no texto narrativo são praticadas Causa - Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato
pelas personagens, que são justamente as pessoas en- Resultado - previsível ou imprevisível.
volvidas no episódio que está sendo contado. As perso- Final - Fechado ou Aberto.
nagens são identificadas (nomeadas) no texto narrativo
pelos substantivos próprios. Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mes- -se de tal forma, que não é possível compreendê-los iso-
ladamente, como simples exemplos de uma narração. Há
mo sem querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar) 
uma relação de implicação mútua entre eles, para garantir
as ações do enredo foram realizadas pelas personagens.
coerência e verossimilhança à história narrada. Quanto aos
O lugar onde ocorre uma ação ou ações  é chamado de elementos da narrativa, esses não estão, obrigatoriamente
espaço, representado no texto pelos advérbios de lugar. sempre presentes no discurso, exceto as personagens ou o
Além de contar onde, o narrador também pode es- fato a ser narrado.
clarecer “quando” ocorreram as ações da história. Esse
elemento da narrativa é o tempo, representado no texto Exemplo:
narrativo através dos tempos verbais, mas principalmente
pelos advérbios de tempo. É o tempo que ordena as ações Porquinho-da-índia
no texto narrativo: é ele que indica ao leitor “como” o fato
narrado aconteceu. Quando eu tinha seis anos
A história contada, por isso, passa por uma introdu- Ganhei um porquinho-da-índía.
ção (parte inicial da história, também chamada de prólo- Que dor de coração me dava
go), pelo desenvolvimento do enredo (é a história pro- Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
priamente dita, o meio, o “miolo” da narrativa, também Levava ele pra sala
chamada de trama) e termina com a conclusão da história Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
(é o final ou epílogo). Aquele que conta a história é o nar- Ele não gostava:
rador,  que pode ser pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu...) ou Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
impessoal (narra em 3ª pessoa: Ele...).
- O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira na-
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por ver-
morada.
bos de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de
lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens, Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed.
que são os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que Rio de Janeiro, José Olympio, 1973, pág. 110.
fazem as ações expressas pelos verbos, formando uma
rede: a própria história contada. Observe que, no texto acima, há um conjunto de trans-
Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que formações de situação: ganhar um porquinho-da-índia é
conta a história. passar da situação de não ter o animalzinho para a de tê-
-lo; levá-lo para a sala ou para outros lugares é passar da
situação de ele estar debaixo do fogão para a de estar em

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LÍNGUA PORTUGUESA

outros lugares; ele não gostava: “queria era estar debaixo A apresentação direta acontece quando o personagem
do fogão” implica a volta à situação anterior; “não fazia aparece de forma clara no texto, retratando suas caracterís-
caso nenhum das minhas ternurinhas” dá a entender que ticas físicas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se
o menino passava de uma situação de não ser terno com dá quando os personagens aparecem aos poucos e o leitor
o animalzinho para uma situação de ser; no último verso vai construindo a sua imagem com o desenrolar do enredo,
tem-se a passagem da situação de não ter namorada para ou seja, a partir de suas ações, do que ela vai fazendo e do
a de ter. modo como vai fazendo.
Verifica-se, pois, que nesse texto há um grande con-
junto de mudanças de situação. É isso que define o que se - Em 1ª pessoa:
chama o componente narrativo do texto, ou seja, narrativa
é uma mudança de estado pela ação de alguma persona- Personagem Principal: há um “eu” participante que
gem, é uma transformação de situação. Mesmo que essa conta a história e é o protagonista. Exemplo:
personagem não apareça no texto, ela está logicamente
implícita. Assim, por exemplo, se o menino ganhou um “Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bam-
porquinho-da-índia, é porque alguém lhe deu o animalzi- bas, o coração parecendo querer sair-me pela boca fora.
nho. Assim, há basicamente, dois tipos de mudança: aquele Não me atrevia a descer à chácara, e passar ao quintal vi-
em que alguém recebe alguma coisa (o menino passou a zinho. Comecei a andar de um lado para outro, estacando
ter o porquinho-da índia) e aquele alguém perde alguma para amparar-me, e andava outra vez e estacava.”
coisa (o porquinho perdia, a cada vez que o menino o le- (Machado de Assis. Dom Casmurro)
vava para outro lugar, o espaço confortável de debaixo do
fogão). Assim, temos dois tipos de narrativas: de aquisição Observador: é como se dissesse: É verdade, pode
e de privação. acreditar, eu estava lá e vi. Exemplo:

Existem três tipos de foco narrativo: “Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre
teso do Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de
- Narrador-personagem: é aquele que conta a his- contrabandista que fez cancha nos banhados do Ibirocaí.
tória na qual é participante. Nesse caso ele é narrador e Esse gaúcho desabotinado levou a existência inteira a
personagem ao mesmo tempo, a história é contada em 1ª cruzar os campos da fronteira; à luz do Sol, no desmaiado
pessoa. da Lua, na escuridão das noites, na cerração das madru-
- Narrador-observador: é aquele que conta a história gadas...; ainda que chovesse reiúnos acolherados ou que
como alguém que observa tudo que acontece e transmite ventasse como por alma de padre, nunca errou vau, nunca
ao leitor, a história é contada em 3ª pessoa. perdeu atalho, nunca desandou cruzada!...
- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o (...)
enredo e as personagens, revelando seus pensamentos e Aqui há poucos – coitado! – pousei no arranchamento
sentimentos íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas dele. Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não no víamos
vezes, aparece misturada com pensamentos dos persona- desde muito tempo. (...)
gens (discurso indireto livre). Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório
na matança dos leitões e no tiramento dos assados com
Estrutura: couro.
(J. Simões Lopes Neto – Contrabandista)
- Apresentação: é a parte do texto em que são apre-
sentados alguns personagens e expostas algumas circuns- - Em 3ª pessoa:
tâncias da história, como o momento e o lugar onde a ação
se desenvolverá. Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira
- Complicação: é a parte do texto em que se inicia pro- pessoa. Exemplo:
priamente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem,
conduzindo ao clímax. “Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fan-
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge tasiaram de borboleta. Por isso não pôde defender-se. E
seu momento crítico, tornando o desfecho inevitável. saiu à rua com ar menos carnavalesco deste mundo, mor-
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas rendo de vergonha da malha de cetim, das asas e das an-
ações dos personagens. tenas e, mais ainda, da cara à mostra, sem máscara piedosa
para disfarçar o sentimento impreciso de ridículo.”
Tipos de Personagens: (Ilka Laurito. Sal do Lírico)

Os personagens têm muita importância na constru-


ção de um texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser
principais ou secundários, conforme o papel que desem-
penham no enredo, podem ser apresentados direta ou in-
diretamente.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história __Você desempregado, quem é que fazia roça?
como sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo: __ Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava.
Fui jogado na estrada, doutor. Desde onze anos estou no
Festa mundo sem ninguém por mim. O céu lá em cima, noite e
dia o hominho aqui na carroça. Sempre o mais sacrificado,
Atrás do balcão, o rapaz de cabeça pelada e avental está bom?
olha o crioulão de roupa limpa e remendada, acompanha- __ Se ficar doente, Severino, quem é que o atende?
do de dois meninos de tênis branco, um mais velho e outro __ O doutor já viu urubu comer defunto? Ninguém
mais novo, mas ambos com menos de dez anos. morre só. Sempre tem um cristão que enterra o pobre.
Os três atravessam o salão, cuidadosamente, mas reso- __ Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher...
lutamente, e se dirigem para o cômodo dos fundos, onde __ Eu arranjo.
há seis mesas desertas. __ Só a troco de dinheiro elas querem você. Agora tem
O rapaz de cabeça pelada vai ver o que eles querem. O dois cavalos. A carroça e os dois cavalos, o que há de me-
homem pergunta em quanto fica uma cerveja, dois guara- lhor. Vai me deixar sem nada?
nás e dois pãezinhos.
__ Você tinha amula e a potranca. A mula vendeu e a
__ Duzentos e vinte.
potranca, deixou morrer. Tenho culpa? Só quero paz, um
O preto concentra-se, aritmético, e confirma o pedido.
prato de comida e roupa lavada.
__Que tal o pão com molho? – sugere o rapaz.
__ Como? __ Para onde foi a lavadeira?
__ Passar o pão no molho da almôndega. Fica muito __ Quem?
mais gostoso. __ A mulata.
O homem olha para os meninos. (...)
__ O preço é o mesmo – informa o rapaz. (Dalton Trevisan – A guerra Conjugal)
__ Está certo.
Os três sentam-se numa das mesas, de forma canhes- Discurso Indireto: o narrador conta o que o persona-
tra, como se o estivessem fazendo pela primeira vez na gem diz, sem lhe passar diretamente a palavra. Exemplo:
vida.
O rapaz de cabeça pelada traz as bebidas e os copos e, Frio
em seguida, num pratinho, os dois pães com meia almôn-
dega cada um. O homem e (mais do que ele) os meninos O menino tinha só dez anos.
olham para dentro dos pães, enquanto o rapaz cúmplice Quase meia hora andando. No começo pensou num
se retira. bonde. Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem
Os meninos aguardam que a mão adulta leve solene feito que trazia, afastou a idéia como se estivesse fazendo
o copo de cerveja até a boca, depois cada um prova o seu uma coisa errada. (Nos bondes, àquela hora da noite, po-
guaraná e morde o primeiro bocado do pão. deriam roubá-lo, sem que percebesse; e depois?... Que é
O homem toma a cerveja em pequenos goles, obser- que diria a Paraná?)
vando criteriosamente o menino mais velho e o menino Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando
mais novo absorvidos com o sanduíche e a bebida. as vitrines, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias co-
Eles não têm pressa. O grande homem e seus dois me- muns. Ia firme e esforçando-se para não pensar em nada,
ninos. E permanecem para sempre, humanos e indestrutí- nem olhar muito para nada.
veis, sentados naquela mesa. __ Olho vivo – como dizia Paraná.
(Wander Piroli) Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das
ruas. Ele ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava
Tipos de Discurso:
um guarda nas esquinas. O seu coraçãozinho se apertava.
Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma
Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamen-
te para o personagem, sem a sua interferência. Exemplo: mulher. Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali,
à noite. Pelo jardim, pelos escuros da Alameda Cleveland.
Caso de Desquite Ela lhe deu, ele seguiu. Ignorava a exatidão de seus cálcu-
los, mas provavelmente faltava mais ou menos uma hora
__ Vexame de incomodar o doutor (a mão trêmula na para chegar em casa. Os bondes passavam.
boca). Veja, doutor, este velho caducando. Bisavô, um neto (João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço)
casado. Agora com mania de mulher. Todo velho é sem-
-vergonha. Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala
__ Dobre a língua, mulher. O hominho é muito bom. Só do personagem e a fala do narrador. É um recurso relati-
não me pise, fico uma jararaca. vamente recente. Surgiu com romancistas inovadores do
__ Se quer sair de casa, doutor, pague uma pensão. século XX. Exemplo:
__ Essa aí tem filho emancipado. Criei um por um, está
bom? Ela não contribuiu com nada, doutor. Só deu de ma-
mar no primeiro mês.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A Morte da Porta-Estandarte A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três carac-


terísticas:
Que ninguém o incomode agora. Larguem os seus bra- - é um conjunto de transformações de situação (o texto
ços. Rosinha está dormindo. Não acordem Rosinha. Não é de Manuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos,
preciso segurá-lo, que ele não está bêbado... O céu baixou, preenche essa condição);
se abriu... Esse temporal assim é bom, porque Rosinha não - é um texto figurativo, isto é, opera com personagens
sai. Tenham paciência... Largar Rosinha ali, ele não larga e fatos concretos (o texto “Porquinho-da-índia” preenche
não... Não! E esses tambores? Ui! Que venham... É guer- também esse requisito);
ra... ele vai se espalhar... Por que não está malhando em - as mudanças relatadas estão organizadas de maneira
sua cabeça?... (...) Ele vai tirar Rosinha da cama... Ele está tal que, entre elas, existe sempre uma relação de anterio-
dormindo, Rosinha... Fugir com ela, para o fundo do País... ridade e posterioridade (no texto “Porquinho-da-índia” o
Abraçá-la no alto de uma colina... fato de ganhar o animal é anterior ao de ele estar debaixo
(Aníbal Machado) do fogão, que por sua vez é anterior ao de o menino levá-lo
para a sala, que por seu turno é anterior ao de o porquinho-
Sequência Narrativa: -da-índia voltar ao fogão).

Uma narrativa não tem uma única mudança, mas vá- Essa relação de anterioridade e posterioridade é sem-
rias: uma coordena-se a outra, uma implica a outra, uma pre pertinente num texto narrativo, mesmo que a sequên-
subordina-se a outra. cia linear da temporalidade apareça alterada. Assim, por
A narrativa típica tem quatro mudanças de situação: exemplo, no romance machadiano Memórias póstumas de
- uma em que uma personagem passa a ter um que- Brás Cubas, quando o narrador começa contando sua mor-
rer ou um dever (um desejo ou uma necessidade de fazer te para em seguida relatar sua vida, a sequência temporal
algo); foi modificada. No entanto, o leitor reconstitui, ao longo
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma da leitura, as relações de anterioridade e de posterioridade.
competência para fazer algo); Resumindo: na narração, as três características explica-
- uma em que a personagem executa aquilo que queria das acima (transformação de situações, figuratividade e re-
ou devia fazer (é a mudança principal da narrativa); lações de anterioridade e posterioridade entre os episódios
- uma em que se constata que uma transformação se relatados) devem estar presentes conjuntamente. Um texto
deu e em que se podem atribuir prêmios ou castigos às que tenha só uma ou duas dessas características não é uma
personagens (geralmente os prêmios são para os bons, e narração.
os castigos, para os maus).
Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto
Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se narrativo:
pressupõem logicamente. Com efeito, quando se constata
a realização de uma mudança é porque ela se verificou, e - Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o
ela efetua-se porque quem a realiza pode, sabe, quer ou que aconteceu, quando e onde.
deve fazê-la. Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um - Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos
apartamento: quando se assina a escritura, realiza-se o ato personagens.
de compra; para isso, é necessário poder (ter dinheiro) e - Desenvolvimento: detalhes do fato.
querer ou dever comprar (respectivamente, querer deixar - Conclusão: consequências do fato.
de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido
despejado, por exemplo). Caracterização Formal:
Algumas mudanças são necessárias para que outras se
deem. Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto
um bambu ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter narrativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade,
um carro, é preciso antes conseguir o dinheiro. porquanto a criação e o colorido do contexto estão em fun-
ção da individualidade e do estilo do narrador. Dependendo
Narrativa e Narração do enfoque do redator, a narração terá diversas abordagens.
Assim é de grande importância saber se o relato é feito em
Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narra- primeira pessoa ou terceira pessoa. No primeiro caso, há a
tividade é um componente narrativo que pode existir em participação do narrador; segundo, há uma inferência do
textos que não são narrações. A narrativa é a transforma- último através da onipresença e onisciência.
ção de situações. Por exemplo, quando se diz “Depois da Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação
abolição, incentivou-se a imigração de europeus”, temos dos acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, trans-
um texto dissertativo, que, no entanto, apresenta um com- gredindo o aspecto linear e constituindo o que se denomina
ponente narrativo, pois contém uma mudança de situação: “flashback”. O narrador que usa essa técnica (característica
do não incentivo ao incentivo da imigração européia. comum no cinema moderno) demonstra maior criatividade
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos e originalidade, podendo observar as ações ziguezaguean-
de texto, o que é narração? do no tempo e no espaço.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo - Personagens se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma


paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Não é
“Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr. necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista
Amâncio não viu a mulher chegar. do observador varia de acordo com seu grau de percepção.
- Não quer que se carpa o quintal, moço? Dessa forma, o que será importante ser analisado para um,
Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face não será para outro. A vivência de quem descreve também
escalavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa influencia na hora de transmitir a impressão alcançada so-
do passado, os olhos).” bre determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente,
emoção vivida ou sentimento.
(Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre:
Mercado Aberto, p. 5O) Exemplos:

Exemplo - Espaço (I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redon-
Considerarei longamente meu pequeno deserto, a re- da. Mas a penumbra dos ramos cobria o atalho.
dondeza escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores,
de algum rio. Não havia, em todo o caso, como negar-lhe pequenas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado
a insipidez.” pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha
(Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. o meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zu-
Porto Alegre: Movimento, 1981, p. 51) nido de abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais,
grande demais.”
Exemplo - Tempo (extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lis-
pector)
“Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-se:
a mulher lhe pediu que a chamasse cedo.” (II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole,
(Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4) aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas
em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cin-
Tipologia da Narrativa Ficcional: quenta minutos; vencia com o tempo o que não podia fa-
zer logo com o cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai.
- Romance Era uma criança fina, pálida, cara doente; raramente estava
- Conto alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes.
- Crônica O mestre era mais severo com ele do que conosco.
- Fábula (Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed.
- Lenda São Paulo, Ática, 1974, págs. 31-32.)
- Parábola
- Anedota Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do pro-
- Poema Épico fessor da escola que o escritor frequentava. Deve-se notar:
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas
Tipologia da Narrativa Não-Ficcional: (ao mesmo tempo que gastava duas horas para reter aqui-
lo que os outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Rai-
- Memorialismo mundo tinha grande medo ao pai);
- Notícias - por isso, não existe uma ocorrência que possa ser
- Relatos considerada cronologicamente anterior a outra do ponto
- História da Civilização de vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na
escola é cronologicamente anterior a retirar-se dela; no ní-
Apresentação da Narrativa: vel do relato, porém, a ordem dessas duas ocorrências é
indiferente: o que o escritor quer é explicitar uma caracte-
- visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em rística do menino, e não traçar a cronologia de suas ações);
quadrinhos) e desenhos. - ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-
- auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e -se), todas elas estão no pretérito imperfeito, que indica
discos. concomitância em relação a um marco temporal instalado
- audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas. no texto (no caso, o ano de 1840, em que o escritor fre-
quentava a escola da rua da Costa) e, portanto, não denota
Descrição nenhuma transformação de estado;
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não
É a representação com palavras de um objeto, lugar, correríamos o risco de alterar nenhuma relação cronológi-
situação ou coisa, onde procuramos mostrar os traços ca - poderíamos mesmo colocar o últímo período em pri-
mais particulares ou individuais do que se descreve. É meiro lugar e ler o texto do fim para o começo: O mestre
qualquer elemento que seja apreendido pelos sentidos era mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola
e transformado, com palavras, em imagens. Sempre que depois do pai e retirava-se antes...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enun- A característica fundamental de um texto descritivo é
ciados pode ser invertida, está-se pensando apenas na or- essa inexistência de progressão temporal. Pode-se apre-
dem cronológica, pois, como veremos adiante, a ordem sentar, numa descrição, até mesmo ação ou movimento,
em que os elementos são descritos produz determinados desde que eles sejam sempre simultâneos, não indicando
efeitos de sentido. progressão de uma situação anterior para outra posterior.
Quando alteramos a ordem dos enunciados, precisa- Tanto é que uma das marcas linguísticas da descrição é o
mos fazer certas modificações no texto, pois este contém predomínio de verbos no presente ou no pretérito imper-
anafóricos (palavras que retomam o que foi dito antes, feito do indicativo: o primeiro expressa concomitância em
como ele, os, aquele, etc. ou catafóricos (palavras que relação ao momento da fala; o segundo, em relação a um
anunciam o que vai ser dito, como este, etc.), que podem marco temporal pretérito instalado no texto.
perder sua função e assim não ser compreendidos. Se to- Para transformar uma descrição numa narração,
marmos uma descrição como As flores manifestavam bastaria introduzir um enunciado que indicasse a passa-
todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar, ao inver- gem de um estado anterior para um posterior. No caso do
termos a ordem das frases, precisamos fazer algumas al- texto II inicial, para transformá-lo em narração, bastaria di-
terações, para que o texto possa ser compreendido: O Sol zer: Reunia a isso grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou-
fazia as flores brilhar. Elas manifestavam todo o seu -se desse medo...
esplendor. Como, na versão original, o pronome oblíquo
as é um anafórico que retoma flores, se alterarmos a or- Características Linguísticas:
dem das frases ele perderá o sentido. Por isso, precisamos
mudar a palavra flores para a primeira frase e retomá-la O enunciado narrativo, por ter a representação de um
com o anafórico elas na segunda. acontecimento, fazer-transformador, é marcado pela tem-
Por todas essas características, diz-se que o fragmento poralidade, na relação situação inicial e situação final, en-
do conto de Machado é descritivo. Descrição é o tipo de quanto que o enunciado descritivo, não tendo transforma-
texto em que se expõem características de seres concretos ção, é atemporal.
(pessoas, objetos, situações, etc.) consideradas fora da re- Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintá-
lação de anterioridade e de posterioridade. tico-semânticas encontradas no texto que vão facilitar a
compreensão:
Características: - Predominância de verbos de estado, situação ou in-
dicadores de propriedades, atitudes, qualidades, usados
- Ao fazer a descrição enumeramos características, principalmente no presente e no imperfeito do indicativo
comparações e inúmeros elementos sensoriais; (ser, estar, haver, situar-se, existir, ficar).
- As personagens podem ser caracterizadas física e - Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que
psicologicamente, ou pelas ações; é descrito;
- A descrição pode ser considerada um dos elementos
constitutivos da dissertação e da argumentação; Exemplo:
- É impossível separar narração de descrição;
- O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, “Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço
mas sim a capacidade de observação que deve revelar entalado num colarinho direito. O rosto aguçado no quei-
aquele que a realiza. xo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco
- Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. amolgado no alto; tingia os cabelos que de uma orelha à
Exemplo: “(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia outra lhe faziam colar por trás da nuca - e aquele preto
mais velha pelo desenvolvimento das proporções. Grande, lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à calva; mas não
carnuda, sanguínea e fogosa, era um desses exemplares tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos
excessivos do sexo que parecem conformados expressa- da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras.
mente para esposas da multidão (...)” (Raul Pompéia – O Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito
Ateneu) despegadas do crânio.”
- Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, (Eça de Queiroz - O Primo Basílio)
não existe relação de anterioridade e posterioridade entre
seus enunciados. - Emprego de figuras (metáforas, metonímias, compa-
- Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, rações, sinestesias). Exemplo:
que se usem então as formas nominais, o presente e o
pretério imperfeito do indicativo, dando-se sempre pre- “Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não
ferência aos verbos que indiquem estado ou fenômeno. muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês.
- Todavia deve predominar o emprego das compara- Apesar de seu corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade
ções, dos adjetivos e dos advérbios, que conferem colori- buliçosa e saltitante que lhe dava petulância de rapaz e ca-
do ao texto. sava perfeitamente com os olhinhos de azougue.”
(José de Alencar - Senhora)

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo: “Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso
ao homem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito
“Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa ve- como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo
lha, e essa casa era assim: na frente, uma grade de ferro; era um anúncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram
depois você entrava tinha um jardinzinho; no final tinha de um rei...”
uma escadinha que devia ter uns cinco degraus; aí você (“O Ateneu”, Raul Pompéia)
entrava na sala da frente; dali tinha um corredor comprido
de onde saíam três portas; no final do corredor tinha a co- “(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou ou-
zinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e tra esperança maior: para ele, Joca Ramiro era único ho-
atrás ainda tinha um galpão, que era o lugar da bagunça...” mem, par-de-frança, capaz de tomar conta deste sertão
(Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ) nosso, mandando por lei, de sobregoverno.”
(Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas)
Recursos:
Os efeitos de sentido criados pela disposição dos ele-
- Usar impressões cromáticas (cores) e sensações tér- mentos descritivos:
micas. Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor
alegre do sol. Como se disse anteriormente, do ponto de vista da
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, progressão temporal, a ordem dos enunciados na descri-
exatas, concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam ção é indiferente, uma vez que eles indicam propriedades
um céu sereno, uma pureza de cristal. ou características que ocorrem simultaneamente. No en-
- As sensações de movimento e cor embelezam o po- tanto, ela não é indiferente do ponto de vista dos efeitos
der da natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-versa, do
transparente que deslumbrava e enlouquecia qualquer detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos
um. de sentido distintos.
- A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Pró-
do texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O prio”, de Bocage:
pessoal, muito crente.
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
bem servido de pés, meão de altura,
triste de facha, o mesmo de figura,
Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a
nariz alto no meio, e não pequeno.
passagem são apresentadas como realmente são, concre-
tamente. Exemplo:
Incapaz de assistir num só terreno,
mais propenso ao furor do que à ternura;
“Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparência atlética,
bebendo em níveas mãos por taça escura
ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabe-
de zelos infernais letal veneno.
los negros e lisos”.

Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão, 1968, pág.
Exemplo: 497.

“A casa velha era enorme, toda em largura, com por- O poeta descreve-se das características físicas para as
ta central que se alcançava por três degraus de pedra e características morais. Se fizesse o inverso, o sentido não
quatro janelas de guilhotina para cada lado. Era feita de seria o mesmo, pois as características físicas perderiam
pau-a-pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos qualquer relevo.
e apoios de madeira-de-lei. Telhado de quatro águas. Pin- O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a vi-
tada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora, sualizar uma cena. É como traçar com palavras o retrato de
provavelmente sede de alguma fazenda que tivesse fica- um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas caracterís-
do, capricho da sorte, na linha de passagem da variante do ticas exteriores, facilmente identificáveis (descrição objeti-
Caminho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua va), ou suas características psicológicas e até emocionais
Direita – sobre a qual ela se punha um pouco de esguelha (descrição subjetiva).
e fugindo ligeiramente do alinhamento (...).” Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de ad-
(Pedro Nava – Baú de Ossos) jetivos, também denominado adjetivação. Para facilitar o
aprendizado desta técnica, sugere-se que o concursando,
Descrição Subjetiva: quando há maior participação após escrever seu texto, sublinhe todos os substantivos,
da emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a pai- acrescentando antes ou depois deste um adjetivo ou uma
sagem são transfigurados pela emoção de quem escreve, locução adjetiva.
podendo opinar ou expressar seus sentimentos. Exemplo:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Descrição de objetos constituídos de uma só parte: Descrição de pessoas (II):


- Introdução: primeira impressão ou abordagem de
- Introdução: observações de caráter geral referentes à qualquer aspecto de caráter geral.
procedência ou localização do objeto descrito. - Desenvolvimento: análise das características físicas, as-
- Desenvolvimento: detalhes (lª parte) - formato (com- sociadas às características psicológicas (1ª parte).
paração com figuras geométricas e com objetos semelhan- - Desenvolvimento: análise das características físicas, as-
tes); dimensões (largura, comprimento, altura, diâmetro etc.) sociadas às características psicológicas (2ª parte).
- Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) - material, peso, - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de
cor/brilho, textura. caráter geral.
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a
sua utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É
objeto como um todo. uma estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais pre-
Descrição de objetos constituídos por várias partes: dominam. Porque toda técnica descritiva implica contem-
- Introdução: observações de caráter geral referentes à plação e apreensão de algo objetivo ou subjetivo, o redator,
procedência ou localização do objeto descrito. ao descrever, precisa possuir certo grau de sensibilidade.
- Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários Assim como o pintor capta o mundo exterior ou interior em
das partes que compõem o objeto, associados à explicação suas telas, o autor de uma descrição focaliza cenas ou ima-
de como as partes se agrupam para formar o todo. gens, conforme o permita sua sensibilidade.
- Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um
todo (externamente) - formato, dimensões, material, peso, Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser
textura, cor e brilho. não-literária ou literária. Na descrição não-literária, há
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a maior preocupação com a exatidão dos detalhes e a pre-
sua utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o cisão vocabular. Por ser objetiva, há predominância da de-
objeto em sua totalidade. notação.

Descrição de ambientes: Textos descritivos não-literários: A descrição técnica


é um tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando
- Introdução: comentário de caráter geral.
uma linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é usa-
- Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura glo-
do para descrever aparelhos, o seu funcionamento, as peças
bal do ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, lumino-
que os compõem, para descrever experiências, processos,
sidade e aroma (se houver).
etc. Exemplo:
- Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a
objetos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, es-
Folheto de propaganda de carro
culturas ou quaisquer outros objetos.
- Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira Conforto interno - É impossível falar de conforto sem
no ambiente. incluir o espaço interno. Os seus interiores são amplos, aco-
modando tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat
Descrição de paisagens: e o Passat Variant possuem direção hidráulica e ar condicio-
- Introdução: comentário sobre sua localização ou qual- nado de elevada capacidade, proporcionando a climatização
quer outra referência de caráter geral. perfeita do ambiente.
- Desenvolvimento: observação do plano de fundo (ex- Porta-malas - O compartimento de bagagens possui ca-
plicação do que se vê ao longe). pacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500
- Desenvolvimento: observação dos elementos mais litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado.
próximos do observador - explicação detalhada dos ele- Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em
mentos que compõem a paisagem, de acordo com deter- plástico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras,
minada ordem. para evitar a deformação em caso de colisão.
- Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo
acerca da impressão que a paisagem causa em quem a con- Textos descritivos literários: Na descrição literária pre-
templa. domina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de as-
sociações conotativas que podem ser exploradas a partir de
Descrição de pessoas (I): descrições de pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambien-
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de tes; situações e coisas. Vale lembrar que textos descritivos
qualquer aspecto de caráter geral. também podem ocorrer tanto em prosa como em verso.
- Desenvolvimento: características físicas (altura, peso,
cor da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas). Dissertação
- Desenvolvimento: características psicológicas (perso-
nalidade, temperamento, caráter, preferências, inclinações, A dissertação é uma exposição, discussão ou interpreta-
postura, objetivos). ção de uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de tema. Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, ra-
caráter geral. ciocínio, clareza, coerência, objetividade na exposição, um

19
LÍNGUA PORTUGUESA

planejamento de trabalho e uma habilidade de expressão. São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvi-
É em função da capacidade crítica que se questionam pon- mento / Conclusão.
tos da realidade social, histórica e psicológica do mundo e
dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação no seu Introdução: em que se apresenta o assunto; se apre-
significado diz respeito a um tipo de texto em que a expo- senta a ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu de-
sição de uma ideia, através de argumentos, é feita com a senvolvimento. Tipos:
finalidade de desenvolver um conteúdo científico, doutri-
nário ou artístico. Exemplo: - Divisão: quando há dois ou mais termos a serem dis-
cutidos. Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consi-
Há três métodos pelos quais pode um homem chegar go: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de
a ser primeiro-ministro. O primeiro é saber, com prudência, fora para dentro...”
como servir-se de uma pessoa, de uma filha ou de uma - Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona
irmã; o segundo, como trair ou solapar os predecessores; e a um fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início
o terceiro, como clamar, com zelo furioso, contra a corrup- no começo dos anos 80, com os conhecidos altos índices
ção da corte. Mas um príncipe discreto prefere nomear os de inflação que a década colecionou, agravou vários dos
que se valem do último desses métodos, pois os tais faná- históricos problemas sociais do país. Entre eles, a violência,
ticos sempre se revelam os mais obsequiosos e subservien- principalmente a urbana, cuja escalada tem sido facilmente
tes à vontade e às paixões do amo. Tendo à sua disposição identificada pela população brasileira.”
todos os cargos, conservam-se no poder esses ministros - Proposição: o autor explicita seus objetivos.
subordinando a maioria do senado, ou grande conselho, - Convite: proposta ao leitor para que participe de al-
e, afinal, por via de um expediente chamado anistia (cuja guma coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na
natureza lhe expliquei), garantem-se contra futuras pres- sua”? Quer se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não
tações de contas e retiram-se da vida pública carregados entre pelo cano! Faça parte desse time de vencedores des-
com os despojos da nação. de a escolha desse momento!
Jonathan Swift. Viagens de Gulliver. - Contestação: contestar uma idéia ou uma situação.
São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 234-235. Ex: “É importante que o cidadão saiba que portar arma de
fogo não é a solução no combate à insegurança.”
Esse texto explica os três métodos pelos quais um ho- - Características: caracterização de espaços ou aspec-
mem chega a ser primeiro-ministro, aconselha o príncipe tos.
discreto a escolhê-lo entre os que clamam contra a cor- - Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex:
rupção na corte e justifica esse conselho. Observe-se que: “Em 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realida- televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque
de com conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um de aparelhos receptores instalados do mundo). Ao todo,
homem particular e do que faz para chegar a ser primeiro- existem no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar
-ministro, mas do homem em geral e de todos os métodos programas) e 2.624 repetidoras (que apenas retransmitem
para atingir o poder); sinais recebidos). (...)”
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a - Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.
mudança de atitude dos que clamam contra a corrupção da - Citação: opinião de alguém de destaque sobre o as-
corte no momento em que se tornam primeiros-ministros); sunto do texto. Ex: “A principal característica do déspota
- a progressão temporal dos enunciados não tem im- encontra-se no fato de ser ele o autor único e exclusivo das
portância, pois o que importa é a relação de implicação normas e das regras que definem a vida familiar, isto é, o
(clamar contra a corrupção da corte implica ser corrupto espaço privado. Seu poder, escreve Aristóteles, é arbitrário,
depois da nomeação para primeiro-ministro). pois decorre exclusivamente de sua vontade, de seu prazer
e de suas necessidades.”
Características: - Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos
que compõem o texto.
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é - Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se
temático; faz a pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entu-
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de si- siasmo pelo futebol não é uma prova de alienação?”
tuação; - Suspense: alguma informação que faça aumentar a
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de curiosidade do leitor.
anterioridade e de posterioridade dos enunciados não - Comparação: social e geográfica.
têm maior importância - o que importa são suas relações - Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à
lógicas: analogia, pertinência, causalidade, coexistência, distância, velocidade, comunicação, linha de montagem,
correspondência, implicação, etc. triunfo das massas, Holocausto: através das metáforas e
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos das realidades que marcaram esses 100 últimos anos, apa-
de redação. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística pos- rece a verdadeira doença do século...”
suem características próprias a cada tipo de texto. - Narração: narrar um fato.
 

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LÍNGUA PORTUGUESA

Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial, Não é uma utopia?!


de forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais Um exemplo vivo são os bóias-frias que trabalham na
importante do texto. Podem ser desenvolvidos de várias colheita da cana de açúcar que devido ao avanço tecnoló-
formas: gico e a lei do governador Geraldo Alkmin, defendendo o
meio ambiente, proibindo a queima da cana de açúcar para
- Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova a colheita e substituindo-os então pelas máquinas, desem-
com este tipo de abordagem. prega milhares deles. (D)
- Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão
a idéia principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a cursos de cabeleleiro, marcenaria, eletricista, para não per-
definição. derem o mercado de trabalho, aumentando, com isso, a
- Comparação: estabelecer analogias, confrontar si- classe de trabalhos informais.
tuações distintas. Como ficam então aqueles trabalhadores que passa-
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta ram à vida estudando, se especializando, para se diferen-
pontos favoráveis e desfavoráveis. ciarem e ainda estão desempregados?, como vimos no úl-
- Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato timo concurso da prefeitura do Rio de Janeiro para “gari”,
ou descrever uma cena. havia até advogado na fila de inscrição. (E)
- Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados es- Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos
tatísticos. têm o direito de trabalho, cabe aos governantes desse país,
- Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para que almeja um futuro brilhante, deter, com urgência esse
prováveis resultados. processo de desníveis gritantes e criar soluções eficazes
- Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve para combater a crise generalizada (F), pois a uma nação
apresentar questionamento e reflexão. doente, miserável e desigual, não compete a tão sonhada
- Refutação: questiona-se praticamente tudo: concei- modernidade. (G)
tos, valores, juízos.
- Causa e Consequência: estruturar o texto através 1º Parágrafo – Introdução
dos porquês de uma determinada situação.
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética. A. Tema: Desemprego no Brasil.
- Exemplificação: dar exemplos. Contextualização: decorrência de um processo histó-
rico problemático.
Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fe-
chamento integrado de tudo que se argumentou. Para ela 2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento
convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas.
B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que
- Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese. remetem a uma análise do tema em questão.
- Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro
pensamento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão dado da realidade.
de quem lê. D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade
de quem propõe soluções.
Exemplo: E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.

Direito de Trabalho 7º Parágrafo: Conclusão


F. Uma possível solução é apresentada.
Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um G. O texto conclui que desigualdade não se casa com
novo modelo econômico: o capitalismo, que até o século modernidade.
XX agia por meio da inclusão de trabalhadores e hoje pas-
sou a agir por meio da exclusão. (A) É bom lembrarmos que é praticamente impossível
A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo opinar sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos
o trabalho automático, devido à evolução tecnológica e a é um dos recursos que permite uma segurança maior no
necessidade de qualificação cada vez maior, o que provoca momento de dissertar sobre algum assunto. Debater e pes-
o desemprego. Outro fator que também leva ao desempre- quisar são atitudes que favorecem o senso crítico, essencial
go de um sem número de trabalhadores é a contenção de no desenvolvimento de um texto dissertativo.
despesas, de gastos. (B)
Segundo a Constituição, “preocupada” com essa cri- Ainda temos:
se social que provém dessa automatização e qualificação,
obriga que seja feita uma lei, em que será dada absoluta Tema: compreende o assunto proposto para discus-
garantia aos trabalhadores, de que, mesmo que as empre- são, o assunto que vai ser abordado.
sas sejam automatizadas, não perderão eles seu mercado Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo
de trabalho. (C) discutido.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Argumentação: é um conjunto de procedimentos lin- Exemplo:


guísticos com os quais a pessoa que escreve sustenta suas
opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É for- 1- O adolescente moderno está se tornando obeso por
necer argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma várias causas: alimentação inadequada, falta de exercícios
determinada tese. sistemáticos e demasiada permanência diante de compu-
Estes assuntos serão vistos com mais afinco posterior- tadores e aparelhos de Televisão.
mente.
2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é gran-
Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são: de o número de emissoras que dedicam parte da sua pro-
gramação à veiculação de programas religiosos de crenças
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessi- variadas.
dade de pleno domínio do assunto e habilidade de argu-
mentação; 3-
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao - A Santa Missa em seu lar.
tema;
- Terço Bizantino.
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
- Despertar da Fé.
- impõem-se sempre o raciocínio lógico;
- Palavra de Vida.
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer
ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na demonstra- - Igreja da Graça no Lar.
ção do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural,
original, nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve 4-
ser impessoal (evitar-se o uso da primeira pessoa). - Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o
governo brasileiro diante de tantos desmatamentos, dese-
O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apre- quilíbrios sociológicos e poluição.
sentar: uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear) - Existem várias razões que levam um homem a enve-
e uma ou mais frases que explicitem tal ideia. redar pelos caminhos do crime.
Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada - A gravidez na adolescência é um problema seríssimo,
(ideia central) porque oculta os problemas sociais realmen- porque pode trazer muitas consequências indesejáveis.
te graves. (ideia secundária)”. - O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua so-
Vejamos: brevivência no mundo atual e vários são os tipos de lazer.
Ideia central: A poluição atmosférica deve ser comba- - O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas
tida urgentemente. em várias categorias.

Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver
combatida urgentemente, pois a alta concentração de ele- através da comparação, que confronta ideias, fatos, fenô-
mentos tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas, menos e apresenta-lhes a semelhança ou dessemelhança.
sobretudo daquelas que sofrem de problemas respirató- Exemplo:
rios:
“A juventude é uma infatigável aspiração de felicida-
- A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem de; a velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e
levado muita gente ao vício. persistente sentimento de dor, porque já estamos nos con-
- A televisão é um dos mais eficazes meios de comuni- vencendo de que a felicidade é uma ilusão, que só o sofri-
cação criados pelo homem.
mento é real”.
- A violência tem aumentado assustadoramente nas ci-
(Arthur Schopenhauer)
dades e hoje parece claro que esse problema não pode ser
resolvido apenas pela polícia.
- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes,
atualmente. encontra no seu desenvolvimento um segmento causal
- O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a (fato motivador) e, em outras situações, um segmento in-
sociedade brasileira. dicando consequências (fatos decorrentes).
Exemplos:
O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras:
- O homem, dia a dia, perde a dimensão de humanida-
Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma de que abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas
série de coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de em ver as coisas imediatistas e lucrativas que o rodeiam.
características, funções, processos, situações, sempre ofe-
recendo o complemente necessário à afirmação estabele- - O espírito competitivo foi excessivamente exercido
cida na frase nuclear. Pode-se enumerar, seguindo-se os entre nós, de modo que hoje somos obrigados a viver
critérios de importância, preferência, classificação ou alea- numa sociedade fria e inamistosa.
toriamente.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos mar- tísticos, da ordenação cronológica, da interrogação e da
cam temporal e espacialmente a evolução de ideias, pro- citação. No desenvolvimento são usados tantos parágrafos
cessos. quantos forem necessários para a completa exposição da
ideia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco
Exemplos: maneiras expostas acima.
Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora
Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma deve aparecer de forma muito mais convincente, uma vez
lenta evolução. Primeiro, o homem aprendeu a grunhir. De- que já foi fundamentada durante o desenvolvimento da
pois deu um significado a cada grunhido. Muito depois, dissertação (um parágrafo). Deve, pois, conter de forma
inventou a escrita e só muitos séculos mais tarde é que sintética, o objetivo proposto na instrução, a confirmação
passou à comunicação de massa. da hipótese ou da tese, acrescida da argumentação básica
Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas empregada no desenvolvimento.
úmidos, os solos são profundos. Existe nessas regiões uma
forte decomposição de rochas, isto é, uma forte transfor- Texto Argumentativo
mação da rocha em terra pela umidade e calor. Nas regiões
temperadas e ainda nas mais frias, a camada do solo é pou- Texto Argumentativo é o texto em que defendemos
co profunda. (Melhem Adas) uma ideia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procu-
rando (por todos os meios) fazer com que nosso ouvinte/
Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se leitor aceite-a, creia nela. Num texto argumentativo, dis-
conceituar, exemplificar e aclarar as ideias para torná-las tinguem-se três componentes: a tese, os argumentos e as
mais compreensíveis. estratégias argumentativas.
Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue prove-
niente do coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão Tese, ou proposição, é a ideia que defendemos, neces-
umbilical e na ligação entre os pulmões e o coração, todas sariamente polêmica, pois a argumentação implica diver-
as artérias contém sangue vermelho-vivo, recém oxigena- gência de opinião.
do. Na artéria pulmonar, porém, corre sangue venoso, mais Argumento tem uma origem curiosa: vem do latim Ar-
escuro e desoxigenado, que o coração remete para os pul- gumentum, que tem o tema ARGU, cujo sentido primeiro
mões para receber oxigênio e liberar gás carbônico”.
é “fazer brilhar”, “iluminar”, a mesma raiz de “argênteo”,
“argúcia”, “arguto”. Os argumentos de um texto são facil-
Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação,
mente localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta
deve delimitar-se o tema que será desenvolvido e que po-
por quê? Exemplo: o autor é contra a pena de morte (tese).
derá ser enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo,
Por que... (argumentos).
o tema é a questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a
Estratégias argumentativas são todos os recursos
partir das seguintes ideias:
(verbais e não-verbais) utilizados para envolver o leitor/
ouvinte, para impressioná-lo, para convencê-lo melhor,
- A violência contra os povos indígenas é uma constan-
te na história do Brasil. para persuadi-lo mais facilmente, para gerar credibilidade,
- O surgimento de várias entidades de defesa das po- etc.
pulações indígenas.
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio A Estrutura de um Texto Argumentativo
brasileiro.
- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena. A argumentação Formal

Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra “Co-
deve fazer a estruturação do texto. municação em Prosa Moderna”. O autor, na mencionada
obra, apresenta o seguinte plano-padrão para o que cha-
A estrutura do texto dissertativo constitui-se de: ma de argumentação formal:
Proposição (tese): afirmativa suficientemente defi-
Introdução: deve conter a ideia principal a ser desen- nida e limitada; não deve conter em si mesma nenhum
volvida (geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura argumento.
do texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e chamar Análise da proposição ou tese: definição do sentido
a atenção para dois itens básicos: os objetivos do texto e o da proposição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar
plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema, mal-entendidos.
seus limites, ângulo de análise e a hipótese ou a tese a ser Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados
defendida. estatísticos, testemunhos, etc.
Desenvolvimento: exposição de elementos que vão Conclusão.
fundamentar a ideia principal que pode vir especificada
através da argumentação, de pormenores, da ilustração, da Observe o texto a seguir, que contém os elementos
causa e da consequência, das definições, dos dados esta- referidos do plano-padrão da argumentação formal.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Gramática e desempenho Linguístico casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que, ao cabo de


todo esse processo, se voltasse a examinar o desempenho
Pretende-se demonstrar no presente artigo que o es- do jovem estudante na produção de um texto. A melhora
tudo intencional da gramática não traz benefícios signifi- seria, indubitavelmente, pouco significativa; uma pequena
cativos para o desempenho linguístico dos utentes de uma melhora, talvez, na gramática da frase, mas o problema de
língua. coesão, de coerência, de informatividade - quem sabe os
Por “estudo intencional da gramática” entende-se o mais graves - haveriam de continuar. Quanto mais não seja
estudo de definições, classificações e nomenclatura; a rea- porque a gramática tradicional não dá conta dos mecanis-
lização de análises (fonológica, morfológica, sintática); a mos que presidem à construção do texto.
memorização de regras (de concordância, regência e colo- Poder-se-á objetar que a ilustração de há pouco é ape-
cação) - para citar algumas áreas. O “desempenho linguís- nas hipotética e que, por isso, um argumento de pouco
tico”, por outro lado, é expressão técnica definida como valor. Contra argumentar-se-ia dizendo que situação como
sendo o processo de atualização da competência na pro- essa ocorre de fato na prática. Na verdade, todo o ensino
dução e interpretação de enunciados; dito de maneira mais de 1° e 2° graus é gramaticalista, descritivista, definitório,
simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições classificatório, nomenclaturista, prescritivista, teórico. O re-
reais de comunicação. sultado? Aí estão as estatísticas dos vestibulares. Valendo
A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem 40 pontos a prova de redação, os escores foram estes no
antiga; na verdade, surgiu com os gregos, quando surgi- vestibular 1996/1, na PUC-RS: nota zero: 10% dos candida-
ram as primeiras gramáticas. Definida como “arte”, “arte tos, nota 01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%.
de escrever”, percebe-se que subjaz à definição a ideia da Ou seja, apenas 20% dos candidatos escreveram um texto
sua importância para a prática da língua. São da mesma que pode ser considerado bom.
época também as primeiras críticas, como se pode ler em Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lem-
Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino do séc. II a.C.: “Raça brando que são os gramáticos, os linguistas - como es-
de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem, es- pecialistas das línguas - as pessoas que conhecem mais a
túpidas lagartas que sujais as grandes obras, ó flagelo dos fundo a estrutura e o funcionamento dos códigos linguís-
poetas que mergulhais o espírito das crianças na escuridão, ticos. Que se esperaria, de fato, se houvesse significativa
ide para o diabo, percevejos que devorais os versos belos”. influência do conhecimento teórico da língua sobre o de-
Na atualidade, é grande o número de educadores, filó- sempenho? A resposta é óbvia: os gramáticos e os linguis-
logos e linguistas de reconhecido saber que negam a rela- tas seriam sempre os melhores escritores. Como na prática
ção entre o estudo intencional da gramática e a melhora do isso realmente não acontece, fica provada uma vez mais a
desempenho linguístico do usuário. Entre esses especialis- tese que se vem defendendo.
tas, deve-se mencionar o nome do Prof. Celso Pedro Luft Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse
com sus obra “Língua e liberdade: por uma nova concepção significativa, deveriam os melhores escritores conhecer -
de língua materna e seu ensino” (L&PM, 1995). Com efeito, teoricamente - a língua em profundidade. Isso, no entan-
o velho pesquisar apaixonado pelos problemas da língua, to, não se confirma na realidade: Monteiro Lobato, quan-
teórico de espírito lúcido e de larga formação linguística, do estudante, foi reprovado em língua portuguesa (muito
reúne numa mesma obra convincente fundamentação para provavelmente por desconhecer teoria gramatical); Macha-
seu combate veemente contra o ensino da gramática em do de Assis, ao folhar uma gramática declarou que nada
sala de aula. Por oportuno, uma citação apenas: havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Veríssimo
“Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez saberia o que é um morfema; nem é de se crer que todos
abandonem a superstição da teoria gramatical, desistindo os nossos bons escritores seriam aprovados num teste de
de querer ensinar a língua por definições, classificações, Português à maneira tradicional (e, no entanto eles são os
análises inconsistentes e precárias hauridas em gramáticas. senhores da língua!).
Já seria um grande benefício”. Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como
Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre, recuperar linguisticamente os alunos, como promover um
acima referida suponha-se que se deva recuperar linguis- melhor desempenho linguístico mediante o ensino-estudo
ticamente um jovem estudante universitário cujo texto da teoria gramatical. O caminho é seguramente outro.
apresente preocupantes problemas de concordância, re-
gência, colocação, ortografia, pontuação, adequação vo- Gilberto Scarton
cabular, coesão, coerência, informatividade, entre outros.
E, estimando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma gramática Eis o esquema do texto em seus quatro estágios:
que ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonolo-
gia? Que é fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borbo- Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se
leta? O feminino de cupim? Como se chama quem nasce enuncia claramente a tese a ser defendida.
na Província de Entre-Douro-e-Minho? Que é oração su- Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se de-
bordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio? E finem as expressões “estudo intencional da gramática” e
decorasse regras de ortografia, fizesse lista de homônimos, “desempenho lingüístico”, citadas na tese.
parônimos, de verbos irregulares... e estudasse o plural de Terceiro Estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo
compostos, todas regras de concordância, regências... os e oitavo parágrafos, em que se apresentam os argumentos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argu- Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte
mentação. qualquer espécie de legalidade ou garantia de soberania
- Quarto parágrafo: argumento de autoridade. popular proveniente dos parlamentos, até porque, na lúci-
- Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração da visão desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa
hipotética. situação, se arvorando, de forma absolutamente espúria,
- Sexto parágrafo: argumento com base em dados es- na condição de legislador.
tatísticos. A esta altura, adotando tal entendimento, estaria insti-
- Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em tucionalizada a insegurança social, sendo que não haveria
fatos. mais qualquer garantia, na medida em que tudo estaria ao
Quarto Estágio: último parágrafo, em que se apresen- sabor dos humores e amores do juiz de plantão.
ta a conclusão. De nada adiantariam as eleições, eis que os represen-
tantes indicados pelo povo não poderiam se valer de sua
A Argumentação Informal maior atribuição, ou seja, a prerrogativa de editar as leis.
Desapareceriam também os juízes de conveniência e
A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já oportunidade política típicos dessas casas legislativas, na
referida. A argumentação informal apresenta os seguintes medida em que sempre poderiam ser afastados por uma
estágios: esfera revisora excepcional.
- Citação da tese adversária. A própria independência do parlamento sucumbiria in-
- Argumentos da tese adversária. tegralmente frente à possibilidade de inobservância e des-
- Introdução da tese a ser defendida. consideração de suas deliberações.
- Argumentos da tese a ser defendida. Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nos-
- Conclusão. sa civilização.
Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete
Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson fiscalizar a constitucionalidade e legalidade dos atos dos
Flores Lenz, Promotor de Justiça. demais poderes do Estado, praticamente aniquilaria as
atribuições destes, ditando a eles, a todo momento, como
Considerações sobre justiça e equidade
proceder.
Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto
Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a aca-
dessa concepção.
dêmico nacional, a ideia de que o julgador, ao apreciar os
Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra,
caos concretos que são apresentados perante os tribunais,
sem sombra de dúvidas, o desconhecimento do próprio
deve nortear o seu proceder mais por critérios de justiça e
conceito de justiça, incorrendo inclusive numa contradictio
equidade e menos por razões de estrita legalidade, no in-
in adjecto.
tuito de alcançar, sempre, o escopo da real pacificação dos
conflitos submetidos à sua apreciação. Isto porque, e como magistralmente o salientou o in-
Semelhante entendimento tem sido sistematicamente superável Calamandrei, “a justiça que o juiz administra é,
reiterado, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistra- no sistema da legalidade, a justiça em sentido jurídico, isto
dos simplesmente desprezarem ou desconsiderarem de- é, no sentido mais apertado, mas menos incerto, da confor-
terminados preceitos de lei, fulminando ditos dilemas le- midade com o direito constituído, independentemente da
gais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade correspondente com a justiça social”.
nacional. Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios
Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura concretos de efetivação da Justiça social compete, funda-
pessoal aos insignes juízes que se filiam a esta corrente, mentalmente, ao Legislativo e ao Executivo, eis que seus
alguns dos quais reconhecidos como dos mais brilhantes membros são indicados diretamente pelo povo.
do país, não nos furtamos, todavia, de tecer breves consi- Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade,
derações sobre os perigos da generalização desse enten- adequando o proceder daqueles aos ditames da Constitui-
dimento. ção e da Legislação.
Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos Luís Alberto Thompson Flores Lenz
dos arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal
contra os princípios da legalidade e da separação de pode- Eis o esquema do texto em seus cinco estágios;
res, esteio no qual se assenta toda e qualquer ideia de de-
mocracia ou limitação de atribuições dos órgãos do Estado. Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se cita
Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o a tese adversária.
insuperável José Alberto dos Reis, o maior processualista Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se cita
português, ao afirmar que: “O magistrado não pode so- um argumento da tese adversária “... fulminando ditos dile-
brepor os seus próprios juízos de valor aos que estão en- mas legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à rea-
carnados na lei. Não o pode fazer quando o caso se acha lidade nacional”.
previsto legalmente, não o pode fazer mesmo quando o Terceiro Estágio: terceiro parágrafo, em que se intro-
caso é omisso”. duz a tese a ser defendida.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quarto Estágio: do quarto ao décimo quinto, em que trata, é imprescindível haver explicações ou enumerações
se apresentam os argumentos. em que estejam elencados os materiais a serem utilizados,
Quinto Estágio: os últimos dois parágrafos, em que bem como os itens de determinados objetos que serão
se conclui o texto mediante afirmação que salienta o que manipulados. Por conta dessas características, é necessário
ficou dito ao longo da argumentação. um título objetivo. Quanto à pontuação, frequentemente
empregam-se dois pontos, vírgulas e pontos e vírgulas. É
Texto Injuntivo/Instrucional possível separar as orientações por itens ou de modo coe-
so, por meio de períodos. Alguns textos instrucionais pos-
No texto injuntivo-instrucional, o leitor recebe orien- suem subtítulos separando em tópicos as instruções, basta
tações precisas no sentido de efetuar uma transformação. reparar nas bulas de remédios, manuais de instruções e
É marcado pela presença de tempos e modos verbais que receitas. Pelo fato de o espaço destinado aos textos instru-
apresentam um valor diretivo. Este tipo de texto distingue- cionais geralmente não ser muito extenso, recomenda-se
-se de uma sequencia narrativa pela ausência de um sujeito o uso de períodos. Leia os exemplos.
responsável pelas ações a praticar e pelo caráter diretivo
dos tempos e modos verbais usado e uma sequência des- Texto organizado em itens:
critiva pela transformação desejada.
Nota: Uma frase injuntiva é uma frase que exprime Para economizar nas compras
uma ordem, dada ao locutor, para executar (ou não exe-
cutar) tal ou tal ação. As formas verbais específicas destas Quem deseja economizar ao comprar deve:
frases estão no modo injuntivo e o imperativo é uma das - estabelecer um valor máximo para gastar;
formas do injuntivo. - escolher previamente aquilo que deseja comprar an-
tes de ir à loja ou entrar em sites de compra;
Textos Injuntivo-Instrucionais: Instruções de monta- - pesquisar os preços em diferentes lojas e sites, se
gem, receitas, horóscopos, provérbios, slogans... são textos possível;
que incitam à ação, impõem regras; textos que fornecem - não se deixar levar completamente pelas sugestões
instruções. São orientados para um comportamento futuro dos vendedores nem pelos apelos das propagandas;
do destinatário. - optar pela forma de pagamento mais cômoda, sem
se esquecer de que o uso do cartão de crédito exige certa
Texto Injuntivo - A necessidade de explicar e orien- cautela e planejamento.
tar por escrito o modo de realizar determinados procedi- Do mais, é só ir às compras e aproveitar!
mentos, manipular instrumentos, desenvolver atividades
lúdicas e desempenhar algumas funções profissionais, por Texto organizado em períodos:
exemplo, deu origem aos chamados textos injuntivos, nos
quais prevalece a função apelativa da linguagem, criando- Para economizar nas compras
-se uma relação direta com o receptor. É comum aos textos
dessa natureza o uso dos verbos no imperativo (Abra o ca- Para economizar ao comprar, primeiramente estabe-
derno de questões) ou no infinitivo (É preciso abrir o cader- leça um valor máximo para gastar e então escolha pre-
no de questões, verificar o número de alternativas...). Não viamente aquilo que deseja comprar antes de ir à loja ou
apresenta caráter coercitivo, haja vista que apenas induz entrar em sites de compra. Se possível, pesquise os preços
o interlocutor a proceder desta ou daquela forma. Assim, em diferentes lojas e sites; não se deixe levar completa-
torna-se possível substituir um determinado procedimento mente pelas sugestões dos vendedores nem pelos apelos
em função de outro, como é o caso do que ocorre com das propagandas e opte pela forma de pagamento mais
os ingredientes de uma receita culinária, por exemplo. São cômoda: não se esqueça de que o uso do cartão de crédito
exemplos dessa modalidade: exige certa cautela e planejamento.
- A mensagem revelada pela maioria dos livros de au- Do mais, aproveite as compras!
toajuda;
- O discurso manifestado mediante um manual de ins- Observe que, embora ambos os textos tratem do mes-
truções; mo assunto, o segundo é uma adaptação do primeiro:
- As instruções materializadas por meio de uma receita tanto o modo verbal quanto a pontuação sofreram alte-
culinária. rações; além disso, algumas palavras foram omitidas e ou-
tras acrescentadas. Isso ocorreu para que o aspecto instru-
Texto Instrucional - o texto instrucional é um tipo de cional, conferido pelos itens do primeiro exemplo, não se
texto injuntivo, didático, que tem por objetivo justamen- perdesse no segundo texto, o qual, sem essas adaptações,
te apresentar orientações ao receptor para que ele realize passaria a impressão de ser um mero texto expositivo.
determinada atividade. Como as palavras do texto serão
transformadas em ações visando a um objetivo, ou seja,
algo deverá ser concretizado, é de suma importância que
nele haja clareza e objetividade. Dependendo do que se

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LÍNGUA PORTUGUESA

Não se usa H:
3. ORTOGRAFIA OFICIAL. - No início de alguns vocábulos em que o h, embo-
ra etimológico, foi eliminado por se tratar de palavras que
entraram na língua por via popular, como é o caso de erva,
inverno, e Espanha, respectivamente do latim, herba, hiber-
ORTOGRAFIA nus e Hispania. Os derivados eruditos, entretanto, grafam-
se com h: herbívoro, herbicida, hispânico, hibernal, hiber-
A palavra ortografia é formada pelos elementos gre- nar, etc.
gos orto “correto” e grafia “escrita” sendo a escrita corre-
ta das palavras da língua portuguesa, obedecendo a uma Emprego das letras E, I, O e U
combinação de critérios etimológicos (ligados à origem Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/
das palavras) e fonológicos (ligados aos fonemas repre- e /i/, /o/ e /u/ nem sempre é nítida. É principalmente desse
sentados). fato que nascem as dúvidas quando se escrevem palavras
Somente a intimidade com a palavra escrita, é que como quase, intitular, mágoa, bulir, etc., em que ocorrem
acaba trazendo a memorização da grafia correta. Deve-se aquelas vogais.
também criar o hábito de consultar constantemente um
dicionário. Escrevem-se com a letra E:
Desde o dia primeiro de Janeiro de 2009 está em vi- - A sílaba final de formas dos verbos terminados em
gor o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, por –uar: continue, habitue, pontue, etc.
isso temos até 2012 para nos “habituarmos” com as novas - A sílaba final de formas dos verbos terminados em
regras, pois somente em 2013 que a antiga será abolida. –oar: abençoe, magoe, perdoe, etc.
- As palavras formadas com o prefixo ante– (antes, an-
terior): antebraço, antecipar, antedatar, antediluviano, an-
Esse material já se encontra segundo o Novo Acor-
tevéspera, etc.
do Ortográfico.
- Os seguintes vocábulos: Arrepiar, Cadeado, Can-
deeiro, Cemitério, Confete, Creolina, Cumeeira, Desper-
Alfabeto
dício, Destilar, Disenteria, Empecilho, Encarnar, Indígena,
Irrequieto, Lacrimogêneo, Mexerico, Mimeógrafo, Orquí-
O alfabeto passou a ser formado por 26 letras. As le-
dea, Peru, Quase, Quepe, Senão, Sequer, Seriema, Seringa,
tras “k”, “w” e “y” não eram consideradas integrantes do
Umedecer.
alfabeto (agora são). Essas letras são usadas em unidades
de medida, nomes próprios, palavras estrangeiras e ou- Emprega-se a letra I:
tras palavras em geral. Exemplos: km, kg, watt, playground, - Na sílaba final de formas dos verbos terminados em
William, Kafka, kafkiano. –air/–oer /–uir: cai, corrói, diminuir, influi, possui, retribui,
Vogais: a, e, i, o, u. sai, etc.
Consoantes: b,c,d,f,g,h,j,k,l,m,n,p,q,r,s,t,v,w,x,y,z. - Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra):
Alfabeto: a,b,c,d,e,f,g,h,i,j,k,l,m,n,o,p,q,r,s,t,u,v,w,x,y,z. antiaéreo, Anticristo, antitetânico, antiestético, etc.
- Nos seguintes vocábulos: aborígine, açoriano, arti-
Emprego da letra H fício, artimanha, camoniano, Casimiro, chefiar, cimento,
Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor crânio, criar, criador, criação, crioulo, digladiar, displicente,
fonético; conservou-se apenas como símbolo, por força erisipela, escárnio, feminino, Filipe, frontispício, Ifigênia, in-
da etimologia e da tradição escrita. Grafa-se, por exemplo, clinar, incinerar, inigualável, invólucro, lajiano, lampião, pá-
hoje, porque esta palavra vem do latim hodie. tio, penicilina, pontiagudo, privilégio, requisito, Sicília (ilha),
silvícola, siri, terebintina, Tibiriçá, Virgílio.
Emprega-se o H:
- Inicial, quando etimológico: hábito, hélice, herói, hér- Grafam-se com a letra O: abolir, banto, boate, bo-
nia, hesitar, haurir, etc. lacha, boletim, botequim, bússola, chover, cobiça, concor-
- Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh e nh: rência, costume, engolir, goela, mágoa, mocambo, moela,
chave, boliche, telha, flecha companhia, etc. moleque, mosquito, névoa, nódoa, óbolo, ocorrência, re-
- Final e inicial, em certas interjeições: ah!, ih!, hem?, botalho, Romênia, tribo.
hum!, etc.
- Algumas palavras iniciadas com a letra H: hálito, har- Grafam-se com a letra U: bulir, burburinho, camun-
monia, hangar, hábil, hemorragia, hemisfério, heliporto, dongo, chuviscar, cumbuca, cúpula, curtume, cutucar, en-
hematoma, hífen, hilaridade, hipocondria, hipótese, hipo- tupir, íngua, jabuti, jabuticaba, lóbulo, Manuel, mutuca, re-
crisia, homenagear, hera, húmus; buliço, tábua, tabuada, tonitruante, trégua, urtiga.
- Sem h, porém, os derivados baianos, baianinha,
baião, baianada, etc. Parônimos: Registramos alguns parônimos que se di-
ferenciam pela oposição das vogais /e/ e /i/, /o/ e /u/. Fixe-
mos a grafia e o significado dos seguintes:

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LÍNGUA PORTUGUESA

área = superfície Escrevem-se com J:


ária = melodia, cantiga - Palavras derivadas de outras terminadas em –já: laran-
arrear = pôr arreios, enfeitar ja (laranjeira), loja (lojista, lojeca), granja (granjeiro, granjen-
arriar = abaixar, pôr no chão, cair se), gorja (gorjeta, gorjeio), lisonja (lisonjear, lisonjeiro), sarja
comprido = longo (sarjeta), cereja (cerejeira).
cumprido = particípio de cumprir - Todas as formas da conjugação dos verbos terminados
comprimento = extensão em –jar ou –jear: arranjar (arranje), despejar (despejei), gor-
cumprimento = saudação, ato de cumprir jear (gorjeia), viajar (viajei, viajem) – (viagem é substantivo).
costear = navegar ou passar junto à costa - Vocábulos cognatos ou derivados de outros que têm j:
custear = pagar as custas, financiar laje (lajedo), nojo (nojento), jeito (jeitoso, enjeitar, projeção,
deferir = conceder, atender rejeitar, sujeito, trajeto, trejeito).
diferir = ser diferente, divergir - Palavras de origem ameríndia (principalmente tupi-
delatar = denunciar guarani) ou africana: canjerê, canjica, jenipapo, jequitibá, je-
dilatar = distender, aumentar rimum, jiboia, jiló, jirau, pajé, etc.
descrição = ato de descrever - As seguintes palavras: alfanje, alforje, berinjela, cafajes-
discrição = qualidade de quem é discreto te, cerejeira, intrujice, jeca, jegue, Jeremias, Jericó, Jerônimo,
emergir = vir à tona jérsei, jiu-jitsu, majestade, majestoso, manjedoura, manjeri-
imergir = mergulhar cão, ojeriza, pegajento, rijeza, sabujice, sujeira, traje, ultraje,
emigrar = sair do país varejista.
imigrar = entrar num país estranho - Atenção: Moji palavra de origem indígena, deve ser
emigrante = que ou quem emigra escrita com J. Por tradição algumas cidades de São Paulo
imigrante = que ou quem imigra adotam a grafia com G, como as cidades de Mogi das Cruzes
eminente = elevado, ilustre e Mogi Mirim.
iminente = que ameaça acontecer
recrear = divertir Representação do fonema /S/
recriar = criar novamente O fonema /s/, conforme o caso, representa-se por:
- C, Ç: acetinado, açafrão, almaço, anoitecer, censura, ci-
soar = emitir som, ecoar, repercutir
mento, dança, dançar, contorção, exceção, endereço, Iguaçu,
suar = expelir suor pelos poros, transpirar
maçarico, maçaroca, maço, maciço, miçanga, muçulmano,
sortir = abastecer
muçurana, paçoca, pança, pinça, Suíça, suíço, vicissitude.
surtir = produzir (efeito ou resultado)
- S: ânsia, ansiar, ansioso, ansiedade, cansar, cansado,
sortido = abastecido, bem provido, variado
descansar, descanso, diversão, excursão, farsa, ganso, hor-
surtido = produzido, causado
tênsia, pretensão, pretensioso, propensão, remorso, sebo,
vadear = atravessar (rio) por onde dá pé, passar a vau
tenso, utensílio.
vadiar = viver na vadiagem, vagabundear, levar vida
- SS: acesso, acessório, acessível, assar, asseio, assinar,
de vadio carrossel, cassino, concessão, discussão, escassez, escasso,
essencial, expressão, fracasso, impressão, massa, massagista,
Emprego das letras G e J missão, necessário, obsessão, opressão, pêssego, procissão,
Para representar o fonema /j/ existem duas letras; g e j. profissão, profissional, ressurreição, sessenta, sossegar, sos-
Grafa-se este ou aquele signo não de modo arbitrário, mas sego, submissão, sucessivo.
de acordo com a origem da palavra. Exemplos: gesso (do - SC, SÇ: acréscimo, adolescente, ascensão, consciência,
grego gypsos), jeito (do latim jactu) e jipe (do inglês jeep). consciente, crescer, cresço, descer, desço, desça, disciplina,
discípulo, discernir, fascinar, florescer, imprescindível, néscio,
Escrevem-se com G: oscilar, piscina, ressuscitar, seiscentos, suscetível, suscetibili-
- Os substantivos terminados em –agem, -igem, -ugem: dade, suscitar, víscera.
garagem, massagem, viagem, origem, vertigem, ferrugem, - X: aproximar, auxiliar, auxílio, máximo, próximo, proxi-
lanugem. Exceção: pajem midade, trouxe, trouxer, trouxeram, etc.
- As palavras terminadas em –ágio, -égio, -ígio, - XC: exceção, excedente, exceder, excelência, excelente,
-ógio, -úgio: contágio, estágio, egrégio, prodígio, reló- excelso, excêntrico, excepcional, excesso, excessivo, exceto,
gio, refúgio. excitar, etc.
- Palavras derivadas de outras que se grafam com g:
massagista (de massagem), vertiginoso (de vertigem), fer- Homônimos
ruginoso (de ferrugem), engessar (de gesso), faringite (de
faringe), selvageria (de selvagem), etc. acento = inflexão da voz, sinal gráfico
- Os seguintes vocábulos: algema, angico, apogeu, assento = lugar para sentar-se
auge, estrangeiro, gengiva, gesto, gibi, gilete, ginete, gíria, acético = referente ao ácido acético (vinagre)
giz, hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, su- ascético = referente ao ascetismo, místico
gestão, tangerina, tigela. cesta = utensílio de vime ou outro material
sexta = ordinal referente a seis

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LÍNGUA PORTUGUESA

círio = grande vela de cera - O sufixo –ez forma substantivos abstratos femininos
sírio = natural da Síria derivados de adjetivos: aridez (de árido), acidez (de ácido),
cismo = pensão rapidez (de rápido), estupidez (de estúpido), mudez (de
sismo = terremoto mudo) avidez (de ávido) palidez (de pálido) lucidez (de lú-
empoçar = formar poça cido), etc.
empossar = dar posse a
incipiente = principiante Sufixo –ESA e –EZA
insipiente = ignorante Usa-se –esa (com s):
intercessão = ato de interceder - Nos seguintes substantivos cognatos de verbos ter-
interseção = ponto em que duas linhas se cruzam minados em –ender: defesa (defender), presa (prender),
ruço = pardacento despesa (despender), represa (prender), empresa (em-
russo = natural da Rússia preender), surpresa (surpreender), etc.
- Nos substantivos femininos designativos de títu-
Emprego de S com valor de Z los nobiliárquicos: baronesa, dogesa, duquesa, marquesa,
- Adjetivos com os sufixos –oso, -osa: gostoso, gostosa, princesa, consulesa, prioresa, etc.
gracioso, graciosa, teimoso, teimosa, etc. - Nas formas femininas dos adjetivos terminados em
- Adjetivos pátrios com os sufixos –ês, -esa: português, –ês: burguesa (de burguês), francesa (de francês), campo-
portuguesa, inglês, inglesa, milanês, milanesa, etc. nesa (de camponês), milanesa (de milanês), holandesa (de
- Substantivos e adjetivos terminados em –ês, feminino holandês), etc.
–esa: burguês, burguesa, burgueses, camponês, campone- - Nas seguintes palavras femininas: framboesa, inde-
sa, camponeses, freguês, freguesa, fregueses, etc. fesa, lesa, mesa, sobremesa, obesa, Teresa, tesa, toesa, tur-
- Verbos derivados de palavras cujo radical termina em quesa, etc.
–s: analisar (de análise), apresar (de presa), atrasar (de atrás), Usa-se –eza (com z):
extasiar (de êxtase), extravasar (de vaso), alisar (de liso), etc. - Nos substantivos femininos abstratos derivados de
- Formas dos verbos pôr e querer e de seus derivados: adjetivos e denotado qualidades, estado, condição: beleza
pus, pusemos, compôs, impuser, quis, quiseram, etc. (de belo), franqueza (de franco), pobreza (de pobre), leveza
- Os seguintes nomes próprios de pessoas: Avis, Bal- (de leve), etc.
tasar, Brás, Eliseu, Garcês, Heloísa, Inês, Isabel, Isaura, Luís,
Verbos terminados em –ISAR e -IZAR
Luísa, Queirós, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás,
Escreve-se –isar (com s) quando o radical dos nomes
Valdês.
correspondentes termina em –s. Se o radical não terminar
- Os seguintes vocábulos e seus cognatos: aliás, anis,
em –s, grafa-se –izar (com z): avisar (aviso + ar), analisar
arnês, ás, ases, através, avisar, besouro, colisão, convés,
(análise + ar), alisar (a + liso + ar), bisar (bis + ar), catalisar
cortês, cortesia, defesa, despesa, empresa, esplêndido, es-
(catálise + ar), improvisar (improviso + ar), paralisar (parali-
pontâneo, evasiva, fase, frase, freguesia, fusível, gás, Goiás, sia + ar), pesquisar (pesquisa + ar), pisar, repisar (piso + ar),
groselha, heresia, hesitar, manganês, mês, mesada, obsé- frisar (friso + ar), grisar (gris + ar), anarquizar (anarquia +
quio, obus, paisagem, país, paraíso, pêsames, pesquisa, pre- izar), civilizar (civil + izar), canalizar (canal + izar), amenizar
sa, presépio, presídio, querosene, raposa, represa, requisito, (ameno + izar), colonizar (colono + izar), vulgarizar (vulgar
rês, reses, retrós, revés, surpresa, tesoura, tesouro, três, usi- + izar), motorizar (motor + izar), escravizar (escravo + izar),
na, vasilha, vaselina, vigésimo, visita. cicatrizar (cicatriz + izar), deslizar (deslize + izar), matizar
Emprego da letra Z (matiz + izar).
- Os derivados em –zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita:
cafezal, cafezeiro, cafezinho, avezinha, cãozito, avezita, etc. Emprego do X
- Os derivados de palavras cujo radical termina em –z: - Esta letra representa os seguintes fonemas:
cruzeiro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar (de vazio), etc. Ch – xarope, enxofre, vexame, etc.
- Os verbos formados com o sufixo –izar e palavras cog- CS – sexo, látex, léxico, tóxico, etc.
natas: fertilizar, fertilizante, civilizar, civilização, etc. Z – exame, exílio, êxodo, etc.
- Substantivos abstratos em –eza, derivados de adje- SS – auxílio, máximo, próximo, etc.
tivos e denotando qualidade física ou moral: pobreza (de S – sexto, texto, expectativa, extensão, etc.
pobre), limpeza (de limpo), frieza (de frio), etc.
- As seguintes palavras: azar, azeite, azáfama, azedo, - Não soa nos grupos internos –xce- e –xci-: exceção,
amizade, aprazível, baliza, buzinar, bazar, chafariz, cicatriz, exceder, excelente, excelso, excêntrico, excessivo, excitar,
ojeriza, prezar, prezado, proeza, vazar, vizinho, xadrez. inexcedível, etc.
- Grafam-se com x e não com s: expectativa, experien-
Sufixo –ÊS e –EZ te, expiar, expirar, expoente, êxtase, extasiado, extrair, fênix,
- O sufixo –ês (latim –ense) forma adjetivos (às vezes texto, etc.
substantivos) derivados de substantivos concretos: montês - Escreve-se x e não ch: Em geral, depois de ditongo:
(de monte), cortês (de corte), burguês (de burgo), monta- caixa, baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol, seixo, etc.
nhês (de montanha), francês (de França), chinês (de China), Excetuam-se caucho e os derivados cauchal, recauchutar
etc. e recauchutagem. Geralmente, depois da sílaba inicial en-:

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LÍNGUA PORTUGUESA

enxada, enxame, enxamear, enxaguar, enxaqueca, enxer- Emprego das iniciais maiúsculas
gar, enxerto, enxoval, enxugar, enxurrada, enxuto, etc. Ex- - A primeira palavra de período ou citação. Diz um pro-
cepcionalmente, grafam-se com ch: encharcar (de charco), vérbio árabe: “A agulha veste os outros e vive nua”. No início
encher e seus derivados (enchente, preencher), enchova, dos versos que não abrem período é facultativo o uso da
enchumaçar (de chumaço), enfim, toda vez que se trata letra maiúscula.
do prefixo en- + palavra iniciada por ch. Em vocábulos de - Substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topô-
origem indígena ou africana: abacaxi, xavante, caxambu, nimos, nomes sagrados, mitológicos, astronômicos): José,
caxinguelê, orixá, maxixe, etc. Nas seguintes palavras: be- Tiradentes, Brasil, Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santís-
xiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, mexer, sima, Tupã, Minerva, Via-Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc.
mexerico, puxar, rixa, oxalá, praxe, vexame, xarope, xaxim, - Nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes,
xícara, xale, xingar, xampu. festas religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário da In-
dependência do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc.
Emprego do dígrafo CH - Nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente
Escreve-se com ch, entre outros os seguintes vocábu- da República, etc.
los: bucha, charque, charrua, chavena, chimarrão, chuchu, - Nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igre-
cochilo, fachada, ficha, flecha, mecha, mochila, pechincha, ja, Nação, Estado, Pátria, União, República, etc.
tocha. - Nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos,
agremiações, órgãos públicos, etc: Rua do Ouvidor, Praça da
Homônimos Paz, Academia Brasileira de Letras, Banco do Brasil, Teatro
Municipal, Colégio Santista, etc.
Bucho = estômago - Nomes de artes, ciências, títulos de produções artísti-
Buxo = espécie de arbusto cas, literárias e científicas, títulos de jornais e revistas: Me-
Cocha = recipiente de madeira dicina, Arquitetura, Os Lusíadas, O Guarani, Dicionário Geo-
Coxa = capenga, manco gráfico Brasileiro, Correio da Manhã, Manchete, etc.
Tacha = mancha, defeito; pequeno prego; prego de - Expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presi-
cabeça larga e chata, caldeira. dente, Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc.
Taxa = imposto, preço de serviço público, conta, tarifa - Nomes dos pontos cardeais, quando designam re-
Chá = planta da família das teáceas; infusão de folhas giões: Os povos do Oriente, o falar do Norte. Mas: Corri o
do chá ou de outras plantas país de norte a sul. O Sol nasce a leste.
Xá = título do soberano da Pérsia (atual Irã) - Nomes comuns, quando personificados ou individua-
Cheque = ordem de pagamento dos: o Amor, o Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc.
Xeque = no jogo de xadrez, lance em que o rei é ata-
cado por uma peça adversária Emprego das iniciais minúsculas
- Nomes de meses, de festas pagãs ou populares, no-
Consoantes dobradas mes gentílicos, nomes próprios tornados comuns: maia, ba-
- Nas palavras portuguesas só se duplicam as con- canais, carnaval, ingleses, ave-maria, um havana, etc.
soantes C, R, S. - Os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quan-
- Escreve-se com CC ou CÇ quando as duas consoan- do empregados em sentido geral: São Pedro foi o primeiro
tes soam distintamente: convicção, occipital, cocção, fric- papa. Todos amam sua pátria.
ção, friccionar, facção, sucção, etc. - Nomes comuns antepostos a nomes próprios geográ-
- Duplicam-se o R e o S em dois casos: Quando, inter- ficos: o rio Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Ne-
vocálicos, representam os fonemas /r/ forte e /s/ sibilante, blina, etc.
respectivamente: carro, ferro, pêssego, missão, etc. Quan- - Palavras, depois de dois pontos, não se tratando de ci-
do a um elemento de composição terminado em vogal tação direta: “Qual deles: o hortelão ou o advogado?”; “Che-
seguir, sem interposição do hífen, palavra começada com gam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso,
/r/ ou /s/: arroxeado, correlação, pressupor, bissemanal, mirra”.
girassol, minissaia, etc. - No interior dos títulos, as palavras átonas, como: o, a,
CÊ - cedilha com, de, em, sem, grafam-se com inicial minúscula.
É a letra C que se pôs cedilha. Indica que o Ç passa a
ter som de /S/: almaço, ameaça, cobiça, doença, eleição, Algumas palavras ou expressões costumam apresentar
exceção, força, frustração, geringonça, justiça, lição, mi- dificuldades colocando em maus lençóis quem pretende fa-
çanga, preguiça, raça. lar ou redigir português culto. Esta é uma oportunidade para
Nos substantivos derivados dos verbos: ter e torcer e você aperfeiçoar seu desempenho. Preste atenção e tente
seus derivados: ater, atenção; abster, abstenção; reter, re- incorporar tais palavras certas em situações apropriadas.
tenção; torcer, torção; contorcer, contorção; distorcer, dis- A anos: a indica tempo futuro: Daqui a um ano iremos
torção. à Europa.
O Ç só é usado antes de A,O,U. Há anos: há indica tempo passado: não o vejo há meses.

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LÍNGUA PORTUGUESA

“Procure o seu caminho À toa: é uma locução adverbial de modo, equivale a


Eu aprendi a andar sozinho (inutilmente, sem razão): Andava à toa pela rua.
Isto foi há muito tempo atrás À toa: é um adjetivo (refere-se a um substantivo), equi-
Mas ainda sei como se faz vale a (inútil, desprezível). Foi uma atitude à toa e precipita-
Minhas mãos estão cansadas da. (até 01/01/2009 era grafada: à-toa)
Não tenho mais onde me agarrar.”
(gravação: Nenhum de Nós) Baixar: os preços quando não há objeto direto; os pre-
ços funcionam como sujeito: Baixaram os preços (sujeito)
Atenção: Há muito tempo já indica passado. Não há nos supermercados. Vamos comemorar, pessoal!
necessidade de usar atrás, isto é um pleonasmo. Abaixar: os preços empregado com objeto direto: Os
postos (sujeito) de combustível abaixaram os preços (ob-
Acerca de: equivale a (a respeito de): Falávamos acerca jeto direto) da gasolina.
de uma solução melhor.
Há cerca de: equivale a (faz tempo). Há cerca de dias Bebedor: é a pessoa que bebe: Tornei-me um grande
resolvemos este caso. bebedor de vinho.
Bebedouro: é o aparelho que fornece água. Este be-
Ao encontro de: equivale (estar a favor de): Sua atitude
bedouro está funcionando bem.
vai ao encontro da verdade.
De encontro a: equivale a (oposição, choque): Minhas
Bem Vindo: é um adjetivo composto: Você é sempre
opiniões vão de encontro às suas.
bem vindo aqui, jovem.
Benvindo: é nome próprio: Benvindo é meu colega
A fim de: locução prepositiva que indica (finalidade): de classe.
Vou a fim de visitá-la.
Afim: é um adjetivo e equivale a (igual, semelhante): Boêmia/Boemia: são formas variantes (usadas nor-
Somos almas afins. malmente): Vivia na boêmia/boemia.

Ao invés de: equivale (ao contrário de): Ao invés de Botijão/Bujão de gás: ambas formas corretas: Com-
falar começou a chorar (oposição). prei um botijão/bujão de gás.
Em vez de: equivale a (no lugar de): Em vez de acom-
panhar-me, ficou só.´ Câmara: equivale ao local de trabalho onde se reúnem
Faça você a sua parte, ao invés de ficar me cobrando! os vereadores, deputados: Ficaram todos reunidos na Câ-
Quantas vezes usamos “ao invés de” quando queremos mara Municipal.
dizer “no lugar de”! Câmera: aparelho que fotografa, tira fotos: Comprei
Contudo, esse emprego é equivocado, uma vez que uma câmera japonesa.
“invés” significa “contrário”, “inverso”. Não que seja absur-
damente errado escrever “ao invés de” em frases que ex- Champanha/Champanhe (do francês): O champa-
pressam sentido de “em lugar de”, mas é preferível optar nha/champanhe está bem gelado.
por “em vez de”.
Observe: Em vez de conversar, preferiu gritar para a es- Cessão: equivale ao ato de doar, doação: Foi confirma-
cola inteira ouvir! (em lugar de) Ele pediu que fosse embora da a cessão do terreno.
ao invés de ficar e discutir o caso. (ao contrário de) Sessão: equivale ao intervalo de tempo de uma reu-
Use “ao invés de” quando quiser o significado de “ao nião: A sessão do filme durou duas horas.
contrário de”, “em oposição a”, “avesso”, “inverso”. Seção/Secção: repartição pública, departamento: Visi-
tei hoje a seção de esportes.
Use “em vez de” quando quiser um sentido de “no
lugar de” ou “em lugar de”. No entanto, pode assumir o
Demais: é advérbio de intensidade, equivale a muito,
significado de “ao invés de”, sem problemas. Porém, o que
aparece intensificando verbos, adjetivos ou o próprio ad-
ocorre é justamente o contrário, coloca-se “ao invés de”
vérbio. Vocês falam demais, caras!
onde não poderia. Demais: pode ser usado como substantivo, seguido de
artigo, equivale a os outros. Chamaram mais dez candida-
A par: equivale a (bem informado, ciente): Estamos a tos, os demais devem aguardar.
par das boas notícias. De mais: é locução prepositiva, opõe-se a de menos,
Ao par: indica relação (de igualdade ou equivalência refere-se sempre a um substantivo ou a um pronome: Não
entre valores financeiros – câmbio): O dólar e o euro estão vejo nada de mais em sua decisão.
ao par.
Dia a dia: é um substantivo, equivale a cotidiano, diário,
Aprender: tomar conhecimento de: O menino apren- que faz ou acontece todo dia. Meu dia a dia é cheio de
deu a lição. surpresas. (até 01/01/2009, era grafado dia a dia)
Apreender: prender: O fiscal apreendeu a carteirinha Dia a dia: é uma expressão adverbial, equivale a diaria-
do menino. mente. O álcool aumenta dia a dia. Pode isso?

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LÍNGUA PORTUGUESA

Descriminar: equivale a (inocentar, absolver de crime). Haja - do verbo haver - É preciso que não haja des-
O réu foi descriminado; pra sorte dele. cuido.
Discriminar: equivale a (diferençar, distinguir, separar). Aja - do verbo agir - Aja com cuidado, Carlinhos.
Era impossível discriminar os caracteres do documento.
Cumpre discriminar os verdadeiros dos falsos valores. /Os Houve: pretérito perfeito do verbo haver, 3ª pessoa
negros ainda são discriminados. do singular
Ouve: presente do indicativo do verbo ouvir, 3ª pes-
Descrição: ato de descrever: A descrição sobre o joga- soa do singular
dor foi perfeita.
Discrição: qualidade ou caráter de ser discreto, reserva- Levantar: é sinônimo de erguer: Ginês, meu estimado
do: Você foi muito discreto. cunhado, levantou sozinho a tampa do poço.
Levantar-se: pôr de pé: Luís e Diego levantaram-se
Entrega em domicílio: equivale a lugar: Fiz a entrega cedo e, dirigiram-se ao aeroporto.
em domicílio.
Entrega a domicílio com verbos de movimento: Enviou Mal: advérbio de modo, equivale a erradamente, é
as compras a domicílio. oposto de bem: Dormi mal. (bem). Equivale a nocivo, pre-
judicial, enfermidade; pode vir antecedido de artigo, adje-
As expressões “entrega em domicílio” e “entrega a do- tivo ou pronome: A comida fez mal para mim. Seu mal é
micílio” são muito recorrentes em restaurantes, na propa- crer em tudo. Conjunção subordinativa temporal, equivale
ganda televisa, no outdoor, no folder, no panfleto, no ca- a assim que, logo que: Mal chegou começou a chorar de-
tálogo, na fala. Convivem juntas sem problemas maiores sesperadamente.
porque são entendidas da mesma forma, com um mesmo Mau: adjetivo, equivale a ruim, oposto de bom; plu-
sentido. No entanto, quando falamos de gramática norma-
ral=maus; feminino=má. Você é um mau exemplo (bom).
tiva, temos que ter cuidado, pois “a domicílio” não é aceita.
Substantivo: Os maus nunca vencem.
Por quê? A regra estabelece que esta última locução adver-
bial deve ser usada nos casos de verbos que indicam mo-
Mas: conjunção adversativa (ideia contrária), equivale
vimento, como: levar, enviar, trazer, ir, conduzir, dirigir-se.
Portanto, “A loja entregou meu sofá a casa” não está a porém, contudo, entretanto: Telefonei-lhe mas ela não
correto. Já a locução adverbial “em domicílio” é usada atendeu.
com os verbos sem noção de movimento: entregar, dar, Mais: pronome ou advérbio de intensidade, opõe-se a
cortar, fazer. menos: Há mais flores perfumadas no campo.
A dúvida surge com o verbo “entregar”: não indicaria
movimento? De acordo com a gramática purista não, uma Nem um: equivale a nem um sequer, nem um único; a
vez que quem entrega, entrega algo em algum lugar. palavra um expressa quantidade: Nem um filho de Deus
Porém, há aqueles que afirmam que este verbo indica apareceu para ajudá-la.
sim movimento, pois quem entrega se desloca de um lugar Nenhum: pronome indefinido variável em gênero e nú-
para outro. mero; vem antes de um substantivo, é oposto de algum:
Contudo, obedecendo às normas gramaticais, deve- Nenhum jornal divulgou o resultado do concurso.
mos usar “entrega em domicílio”, nos atentando ao fato de
que a finalidade é que vale: a entrega será feita no (em+o) Obrigada: As mulheres devem dizer: muito obrigada,
domicílio de uma pessoa. eu mesma, eu própria.
Obrigado: Os homens devem dizer: muito obrigado,
Espectador: é aquele que vê, assiste: Os espectadores eu mesmo, eu próprio.
se fartaram da apresentação.
Expectador: é aquele que está na expectativa, que es- Onde: indica o (lugar em que se está); refere-se a ver-
pera alguma coisa: O expectador aguardava o momento bos que exprimem estado, permanência: Onde fica a far-
da chamada. mácia mais próxima?
Aonde: indica (ideia de movimento); equivale (para
Estada: permanência de pessoa (tempo em algum lu- onde) somente com verbo de movimento desde que indi-
gar): A estada dela aqui foi gratificante. que deslocamento, ou seja, a+onde. Aonde vão com tanta
Estadia: prazo concedido para carga e descarga de pressa?
navios ou veículos: A estadia do carro foi prolongada por
mais algumas semanas.
“Pode seguir a tua estrada
o teu brinquedo de estar
Fosforescente: adjetivo derivado de fósforo; que brilha
fantasiando um segredo
no escuro: Este material é fosforescente.
Fluorescente: adjetivo derivado de flúor, elemento o ponto aonde quer chegar...”
químico, refere-se a um determinado tipo de luminosida- (gravação: Barão Vermelho)
de: A luz branca do carro era fluorescente.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Por ora: equivale a (por este momento, por enquanto): 02. Passe as palavras para o diminutivo:
Por ora chega de trabalhar. - asa; japonês; pai; homem; adeus; português; só; anel;
Por hora: locução equivale a (cada sessenta minutos): - beleza; rosa; país; avô; arroz; princesa; café;
Você deve cobrar por hora. - flor; Oscar; rei; bom; casa; lápis; pé.

Por que: escreve se separado; quando ocorre: preposi- 03. Passe para o plural diminutivo: trem; pé; animal; só;
ção por+que - advérbio interrogativo (Por que você men- papel; jornal; mão; balão; automóvel; pai; cão; mercadoria;
tiu?); preposição por+que – pronome relativo pelo/a qual, farol; rua; chapéu; flor.
pelos/as quais (A cidade por que passamos é simpática e
acolhedora.) (=pela qual); preposição por+que – conjunção 04. Preencha as lacunas com as seguintes palavras: se-
subordinativa integrante; inicia oração subordinada subs- ção, sessão, cessão, comprimento, cumprimento, conserto,
tantiva (Não sei por que tomaram esta decisão. (=por que
concerto
motivo, razão)
a) O pequeno jornaleiro foi à.........do jornal.
Por quê: final de frase, antes de um ponto final, de in-
terrogação, de exclamação, reticências; o monossílabo que b) Na..........musical os pequenos cantores apresenta-
passa a ser tônico (forte), devendo, pois, ser acentuado: ram-se muito bem.
__O show foi cancelado mas ninguém sabe por quê. (final c) O........do jornaleiro é amável.
de frase); __Por quê? (isolado) d) O..... das roupas é feito pela mãe do garoto.
Porque: conjunção subordinativa causal: equivale a: e) O......do sapato custou muito caro.
pela causa, razão de que, pelo fato, motivo de que: Não fui f) Eu......meu amigo com amabilidade.
ao encontro porque estava acamado; conjunção subordi- g) A.......de cinema foi um sucesso.
nativa explicativa: equivale a: pois, já que, uma vez que, visto h) O vestido tem um.........bom.
que: “Mas a minha tristeza é sossego porque é natural e i) Os pequenos violinistas participaram de um........ .
justa.”; conjunção subordinativa final (verbo no subjuntivo,
equivale a para que): “Mas não julguemos, porque não ve- 05. Dê a palavra derivada acrescentando os sufixos ESA
nhamos a ser julgados.” ou EZA: Portugal; certo; limpo; bonito; pobre; magro; belo;
Porquê: funciona como substantivo; vem sempre gentil; duro; lindo; China; frio; duque; fraco; bravo; grande.
acompanhado de um artigo ou determinante: Não foi fácil
encontrar o porquê daquele corre-corre. 06. Forme substantivos dos adjetivos: honrado; rápido;
escasso; tímido; estúpido; pálido; ácido; surdo; lúcido; pe-
Senão: equivale a (caso contrário, a não ser): Não fazia
queno.
coisa nenhuma senão criticar.
Se não: equivale a (se por acaso não), em orações ad-
verbiais condicionais: Se não houver homens honestos, o 07. Use o H quando for necessário: alucinar; élice, umil-
país não sairá desta situação crítica. de, esitar, oje, humano, ora, onra, aver, ontem, êxito, ábil,
Tampouco: advérbio, equivale a (também não): Não arpa, irônico, orrível, árido, óspede, abitar.
compareceu, tampouco apresentou qualquer justificativa. 8. Complete as lacunas com as seguintes formas ver-
Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos bais: Houve e Ouve.
tão pouco esta semana. a) O menino .....muitas recomendações de seu pai.
b) ........muita confusão na cabeça do pequeno.
Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios c) A criança não.........a professora porque não a com-
Traz - do verbo trazer preende.
d) Na escola........festa do Dia do Índio.
Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui.
Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face 9. A letra X representa vários sons. Leia atentamente as
está vultuosa e deformada. palavras oralmente: trouxemos, exercícios, táxi, executarei,
exibir-se, oxigênio, exercer, proximidade, tóxico, extensão,
EXERCÍCIOS existir, experiência, êxito, sexo, auxílio, exame. Separe as
palavras em três seções, conforme o som do X.
01. Observe a ortografia correta das palavras: disente-
- Som de Z;
ria; programa; mortadela; mendigo; beneficente; caderne-
- Som de KS;
ta; problema.
- Som de S.
Empregue as palavras acima nas frases:
a) O......teve.....porque comeu......estragada. 10. Complete com X ou CH: en.....er; dei.....ar; ......eiro;
b) O superpai protegeu demais seu filho e este lhe fle......a; ei.....o; frou.....o; ma.....ucar; .....ocolate; en.....ada;
trouxe um.........: sua.......escolar indicou péssimo aproveita- en.....ergar; cai......a; .....iclete; fai......a; .....u......u; salsi......a;
mento. bai.......a; capri......o; me......erica; ria.......o; ......ingar; .......aleira;
c) A festa......teve um bom.......e, por isso, um bom apro- amei......a; ......eirosos; abaca.....i.
veitamento.

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LÍNGUA PORTUGUESA

11. Complete com MAL ou MAU: 17. Forme novas palavras usando ISAR ou IZAR: análise;
a) Disseram que Carlota passou......ontem. pesquisa; anarquia; canal; civilização; colônia; humano; sua-
b) Ele ficou de......humor após ter agido daquela forma. ve; revisão; real; nacional; final; oficial; monopólio; sintonia;
c) O time se considera......preparado para tal jogo. central; paralisia; aviso.
d) Carlota sofria de um..........curável.
e) O.......é se ter afeiçoado às coisas materiais. 18. Haja ou aja. Use haja ou aja para completar as ora-
f) Ele não é um........sujeito. ções:
g) Mas o.......não durou muito tempo. a) ........ com atenção para que não ........ muitos erros.
b) Talvez ......... greve; é preciso que........... cuidado e
12. Complete as frases com porque ou por que corre- atenção.
tamente: c) Desejamos que ........ fraternidade nessa escola.
a) ....... você está chateada? d) ...... com docilidade, meu filho!
b) Cuidar do animal é mais importante........ele fica lim-
pinho. 19. A palavra MENOS não deve ser modificada para o
c) .......... você não limpou o tapete? feminino. Complete as frases com a palavra MENOS:
d) Concordo com papai.............ele tem razão. a) Conheço todos os Estados brasileiros,.....a Bahia.
e) ..........precisamos cuidar dos animais de estimação.   b) Todos eram calmos,.........mamãe.
c) Quero levar.........sanduíches do que na semana pas-
13. Preencha as lacunas com: mas = porém; mais = in- sada.
dica quantidade; más = feminino de mau. d) Mamãe fazia doces e salgados........tortas grandes.
a) A mãe e o filho discutiram,.......não chegaram a um
acordo. 20. Use por que , por quê , porque e porquê:
b) Você quer.......razões para acreditar em seu pai? a) ..........ninguém ri agora?
c) Pessoas.........deveriam fazer reflexões para acredi- b) Eis........ ninguém ri.
tar...... na bondade do que no ódio. c) Eis os princípios ............luto.
d) Eu limpo,.........depois vou brincar. d) Ela não aprendeu, ...........?
e) O frio não prejudica .........o Tico. e) Aproximei-me .........todos queriam me ouvir.
f) Infelizmente Tico morreu, ........comprarei outro cão- f) Você está assustado, ..........?
zinho. g) Eis o motivo........errei.
g) Todas as atitudes ......devem ser perdoadas,.......jamais h) Creio que vou melhorar.......estudei muito.
ser repetidas, pois, quanto............se vive,.........se aprende. i) O....... é difícil de ser estudado.
j) ........ os índios estão revoltados?
14. Preencha as lacunas com: trás, atrás e traz. k) O caminho ........viemos era tortuoso.
a) ........... de casa havia um pinheiro.
b) A poluição.......consigo graves consequências. 21. Uso do S e Z. Complete as palavras com S ou Z.
c) Amarre-o por......... da árvore. A seguir, copie as palavras na forma correta: pou....ando;
d) Não vou....... de comentários bobos.. pre....ença; arte.....anato; escravi.....ar; nature.....a; va.....o;
pre.....idente; fa.....er; Bra.....il; civili....ação; pre....ente; atra....
15. Preencha as lacunas com: HÁ - indica tempo passa- ados; produ......irem; a....a; hori...onte; torrão....inho; fra....e;
do; A - tempo futuro e espaço. intru ....o; de....ejamos; po....itiva; podero....o; de...envolvido;
a) A loja fica ....... pouco quilômetros daqui. surpre ....a; va.....io; ca....o; coloni...ação.
b) .........instantes li sobre o Natal.
c) Eles não vão à loja porque ........ mais de dois dias a 22. Complete com X ou S e copie as palavras com
mercadoria acabou. atenção: e....trangeiro; e....tensão; e....tranho; e....tender; e....
d) .........três dias que todos se preparam para a festa do tenso; e....pontâneo; mi...to; te....te; e....gotar; e....terior; e....
Natal. ceção; e...plêndido; te....to; e....pulsar; e....clusivo.
e) Esse fato aconteceu ....... muito tempo. 23. Tão Pouco / Tampouco
f) Os alunos da escola dramatizarão a história do Natal
daqui ......oito dias. Complete as frases corretamente:
g) Ele estava......... três passos da casa de André. a) Eu tive ........oportunidades!
h) ........ dois quarteirões existe uma bela árvore de Natal. b) Tenho.......... alunos, que cabem todos naquela sali-
nha.
16. Atenção para as palavras: por cima; devagar; de- c) Ele não veio;.......virão seus amigos.
pressa; de repente; por isso. Agora, empregue-as nas frases: d) Eu tenho .........tempo para estudar.
a) ......... uma bola atingiu o cenário e o derrubou. e) Nunca tive gosto para dançar;......para tocar piano.
b) Bem...........o povo começou a se retirar. f) As pessoas que não amam,........são felizes.
c) O rei descobriu a verdade,..........ficou irritado. g) As pessoas têm.....atitudes de amizade.
d) Faça sua tarefa............, para podermos ir ao dentista. h) O governo daquele país não resolve seus proble-
e) ......... de sua vestimenta real, o rei usava um manto. mas,....... se preocupa em resolvê-los.

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LÍNGUA PORTUGUESA

RESPOSTAS 17. analisar; pesquisar; anarquizar; canalizar; civilizar;


colonizar; humanizar; suavizar; revisar; realizar; nacionali-
01. a) mendigo disenteria mortadela b) problema ca- zar; finalizar; oficializar; monopolizar; sintonizar; centralizar;
derneta c) beneficente programa paralisar; avisar.

02. 18. a) Aja haja b) haja haja c) haja d) Aja


- asinha; japonesinho; paizinho; homenzinho; adeusi-
nho; portuguesinho; sozinho; anelzinho; 19. a) menos b) menos c) menos d) menos
- belezinha; rosinha; paisinho; avozinho; arrozinho;
princesinha; cafezinho; 20. a) Por que b) por que c) por que d) por quê e) por-
- florzinha; Oscarzinho; reizinho; bonzinho; casinha; la- que f) por quê g) por que h) porque i) porquê j) Por que k)
pisinho; pezinho. por que

03. trenzinhos; pezinhos; animaizinhos; sozinhos; pa- 21. Pousando; Presença; Artesanato; Escravizar; Natu-
peizinhos; jornaizinhos; mãozinhas; balõezinhos; automo- reza; Vaso; Presidente; Fazer; Brasil; Civilização; Presente;
veizinhos; paizinhos; cãezinhos; mercadoriazinhas; faroizi- Atrasados; Produzirem; Asa; Horizonte; Torrãozinho; Frase;
nhos; ruazinhas; chapeuzinhos; florezinhas. Intruso; Desejamos; Positiva; Poderoso; Desenvolvido; Sur-
presa; Vazio; Caso; Colonização.
04. a) seção b) sessão c) cumprimento d) conserto e)
conserto f) cumprimento g) sessão h) comprimento i) con- 22. estrangeiro; extensão; estranho; estender; extenso;
certo. Espontâneo; Misto; Teste; Esgotar; Exterior; Exceção; Es-
plêndido; Texto; Expulsar; Exclusivo.
05. portuguesa; certeza; limpeza; boniteza; pobreza;
magreza; beleza; gentileza; dureza; lindeza; Chinesa; frieza; 23. a) tão poucas b) tão poucos c) tampouco d) tão
duquesa; fraqueza; braveza; grandeza. pouco e) tampouco f) tampouco g) tão poucas h) tampouco

06. honradez; rapidez; escassez; timidez; estupidez; pa-


lidez; acidez; surdez; lucidez; pequenez. 4. ACENTUAÇÃO GRÁFICA.

07. alucinar, ontem, hélice, êxito, humilde, hábil, hesi-


tar, harpa, hoje, irônico, humano, horrível, hora, árido, hon-
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
ra, hóspede, haver, habitar.
A acentuação é um dos requisitos que perfazem as re-
08. a) ouve b) Houve c) ouve d) houve
gras estabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se com-
põe de algumas particularidades, às quais devemos estar
09. atentos, procurando estabelecer uma relação de familia-
Som de Z: exercícios, executarei, exibir-se, exercer, ridade e, consequentemente, colocando-as em prática na
existir, êxito e exame. linguagem escrita.
Som de KS: táxi, oxigênio, tóxico e sexo. À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a
Som de S: trouxemos, proximidade, extensão, expe- prática de redigir, automaticamente aprimoramos essas
riência e auxílio. competências, e logo nos adequamos à forma padrão.
10. encher, deixar, cheiro, flecha, eixo, frouxo, machu- Regras básicas – Acentuação tônica
car, chocolate, enxada, enxergar, caixa, chiclete, faixa, chu-
chu, salsicha, baixa, capricho, mexerica, riacho, xingar, cha- A acentuação tônica implica na intensidade com que
leira, ameixa, cheirosos, abacaxi. são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá
de forma mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica.
11. a) mal b) mau c) mal d) mal e) mau f) mau g) mal As demais, como são pronunciadas com menos intensida-
12. a) Por que b) porque c) Por que d) porque e) Porque de, são denominadas de átonas.
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifica-
13. a) mas b) más mais c) más d) mas e) mais f) mas g) das como:
más mas mais mais Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a
última sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel
14. a) Atrás b) traz c) trás d) atrás Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai
na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato
15. a) a b) Há c) há d) Há e) há f) a g) a h) A – passível
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica
16. a) De repente b) devagar c) por isso d) depressa e) está na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tím-
Por cima pano – médico – ônibus

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LÍNGUA PORTUGUESA

Como podemos observar, os vocábulos possuem mais Regras especiais:


de uma sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com
uma sílaba somente: são os chamados monossílabos que, Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
quando pronunciados, apresentam certa diferenciação quan- abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
to à intensidade. de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
Tal diferenciação só é percebida quando os pronuncia- palavras paroxítonas.
mos em uma dada sequência de palavras. Assim como po-
demos observar no exemplo a seguir: * Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma
palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são
“Sei que não vai dar em nada, acentuados. Ex.: herói, céu, dói, escarcéu.
Seus segredos sei de cor”.
Antes Agora
Os monossílabos classificam-se como tônicos; os demais,
como átonos (que, em, de). assembléia assembleia
idéia ideia
Os acentos geléia geleia
jibóia jiboia
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i», «u» e apóia (verbo apoiar) apoia
sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras represen- paranóico paranoico
tam as vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público,
parabéns. Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acom-
timbre aberto.Ex.: herói – médico – céu (ditongos abertos) panhados ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca
– baú – país – Luís
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e”
e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.: tâmara Observação importante:
– Atlântico – pêssego – supôs Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com hiato quando vierem depois de ditongo: Ex.:
artigos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles Antes Agora
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmente bocaiúva bocaiuva
abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em pala-
feiúra feiura
vras derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.: mülleria-
Sauípe Sauipe
no (de Müller)
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais
nasais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
abolido. Ex.:
Regras fundamentais: Antes Agora
crêem creem
Palavras oxítonas: lêem leem
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, vôo voo
“o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) enjôo enjoo
– armazém(s)
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos: - Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, segui- que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais
dos ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há acento como antes: CRER, DAR, LER e VER.
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, se-
guidas de lo, la, los, las. Ex. respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo Repare:
1-) O menino crê em você
Paroxítonas: Os meninos creem em você.
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
2-) Elza lê bem!
- i, is : táxi – lápis – júri
Todas leem bem!
- us, um, uns : vírus – álbuns – fórum
- l, n, r, x, ps : automóvel – elétron - cadáver – tórax – fór- 3-) Espero que ele dê o recado à sala.
ceps Esperamos que os garotos deem o recado!
- ã, ãs, ão, ãos : ímã – ímãs – órfão – órgãos 4-) Rubens vê tudo!
-- Dica da Zê!: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Eles veem tudo!
Repare que essa palavra apresenta as terminações das pa-
roxítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM = * Cuidado! Há o verbo vir:
fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização! Ele vem à tarde!
-ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não Eles vêm à tarde!
de “s”: água – pônei – mágoa – jóquei

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LÍNGUA PORTUGUESA

Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan- 02. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, ru-im, LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
con-tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz Assinale a alternativa com as palavras acentuadas segundo
as regras de acentuação, respectivamente, de intercâmbio
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estive- e antropológico.
rem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha. (A) Distúrbio e acórdão.
(B) Máquina e jiló.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem (C) Alvará e Vândalo.
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba (D) Consciência e características.
(E) Órgão e órfãs.
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz,
com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou 03. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ACRE –
“i” não serão mais acentuadas. Ex.: TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CESPE/2012) As pa-
lavras “conteúdo”, “calúnia” e “injúria” são acentuadas de
Antes Depois acordo com a mesma regra de acentuação gráfica.
apazigúe (apaziguar) apazigue ( ) CERTO ( ) ERRADO
averigúe (averiguar) averigue
argúi (arguir) argui 04. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GE-
RAIS – OFICIAL JUDICIÁRIO – FUNDEP/2010) Assinale a
Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do afirmativa em que se aplica a mesma regra de acentuação.
plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo vir) A) tevê – pôde – vê
B) únicas – histórias – saudáveis
A regra prevalece também para os verbos conter, obter, C) indivíduo – séria – noticiários
reter, deter, abster. D) diário – máximo – satélite
ele contém – eles contêm
ele obtém – eles obtêm 05. (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
ele retém – eles retêm PE/2012) Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego
ele convém – eles convêm
do acento gráfico tem justificativas gramaticais diferentes.
(...) CERTO ( ) ERRADO
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes
eram acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes
06. (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
(regra do acento diferencial). Apenas em algumas exceções,
PE/2012) Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência”
como:
recebem acento gráfico com base na mesma regra de
A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do pre-
acentuação gráfica.
térito perfeito do modo indicativo) ainda continua sendo
acentuada para diferenciar-se de pode (terceira pessoa do (...) CERTO ( ) ERRADO
singular do presente do indicativo). Ex:
Ela pode fazer isso agora. 07. (BACEN – TÉCNICO DO BANCO CENTRAL – CES-
Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou... GRANRIO/2010) As palavras que se acentuam pelas mes-
mas regras de “conferência”, “razoável”, “países” e “será”,
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da respectivamente, são
preposição por. a) trajetória, inútil, café e baú.
- Quando, na frase, der para substituir o “por” por “colo- b) exercício, balaústre, níveis e sofá.
car”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto: “pôr”; c) necessário, túnel, infindáveis e só.
nos outros casos, “por” preposição. Ex: d) médio, nível, raízes e você.
Faço isso por você. e) éter, hífen, propôs e saída.
Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
08. (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) São acentua-
Questões sobre Acentuação Gráfica dos graficamente de acordo com a mesma regra de acen-
tuação gráfica os vocábulos
01. (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA – VU- A) também e coincidência.
NESP/2010) Assinale a alternativa em que as palavras são B) quilômetros e tivéssemos.
acentuadas graficamente pelos mesmos motivos que justifi- C) jogá-la e incrível.
cam, respectivamente, as acentuações de: década, relógios, D) Escócia e nós.
suíços. E) correspondência e três.
(A) flexíveis, cartório, tênis.
(B) inferência, provável, saída. 09. (IBAMA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2012)
(C) óbvio, após, países. As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo
(D) islâmico, cenário, propôs. com a mesma regra de acentuação gráfica.
(E) república, empresária, graúda. (...) CERTO ( ) ERRADO

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LÍNGUA PORTUGUESA

GABARITO 5-) Análise = proparoxítona / mínimos = proparoxíto-


na. Ambas são acentuadas pela mesma regra (antepenúlti-
01. E 02. D 03. E 04. C 05. E ma sílaba é tônica, “mais forte”).
06. C 07. D 08. B 09. E RESPOSTA: “ERRADO”.

RESOLUÇÃO 6-) Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; diária


= paroxítona terminada em ditongo; paciência = paroxítona
1-) Década = proparoxítona / relógios = paroxítona ter- terminada em ditongo. Os três vocábulos são acentuados
minada em ditongo / suíços = regra do hiato devido à mesma regra.
(A) flexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em di- RESPOSTA: “CERTO”.
tongo / tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida de “s”)
(B) inferência = paroxítona terminada em ditongo / pro- 7-) Vamos classificar as palavras do enunciado:
vável = paroxítona terminada em “l” / saída = regra do hiato 1-) Conferência = paroxítona terminada em ditongo
(C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após = 2-) razoável = paroxítona terminada em “l’
oxítona terminada em “o” + “s” / países = regra do hiato 3-) países = regra do hiato
(D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona ter- 4-) será = oxítona terminada em “a”
minada em ditongo / propôs = oxítona terminada em “o”
+ “s” a) trajetória, inútil, café e baú.
(E) república = proparoxítona / empresária = paroxítona Trajetória = paroxítona terminada em ditongo; inútil =
terminada em ditongo / graúda = regra do hiato paroxítona terminada em “l’; café = oxítona terminada em
“e”
2-) Para que saibamos qual alternativa assinalar, primeiro b) exercício, balaústre, níveis e sofá.
temos que classificar as palavras do enunciado quanto à po- Exercício = paroxítona terminada em ditongo; balaústre
sição de sua sílaba tônica: = regra do hiato; níveis = paroxítona terminada em “i + s”;
Intercâmbio = paroxítona terminada em ditongo; Antro- sofá = oxítona terminada em “a”.
pológico = proparoxítona (todas são acentuadas). Agora, c) necessário, túnel, infindáveis e só.
vamos à análise dos itens apresentados: Necessário = paroxítona terminada em ditongo; túnel =
(A) Distúrbio = paroxítona terminada em ditongo; acór- paroxítona terminada em “l’; infindáveis = paroxítona termi-
dão = paroxítona terminada em “ão” nada em “i + s”; só = monossílaba terminada em “o”.
(B) Máquina = proparoxítona; jiló = oxítona terminada d) médio, nível, raízes e você.
em “o” Médio = paroxítona terminada em ditongo; nível = pa-
(C) Alvará = oxítona terminada em “a”; Vândalo = pro- roxítona terminada em “l’; raízes = regra do hiato; será =
paroxítona oxítona terminada em “a”.
(D) Consciência = paroxítona terminada em ditongo; ca- e) éter, hífen, propôs e saída.
racterísticas = proparoxítona Éter = paroxítona terminada em “r”; hífen = paroxítona
(E) Órgão e órfãs = ambas: paroxítona terminada em “ão” terminada em “n”; propôs = oxítona terminada em “o + s”;
e “ã”, respectivamente. saída = regra do hiato.

3-) “Conteúdo” é acentuada seguindo a regra do hiato; 8-)


calúnia = paroxítona terminada em ditongo; injúria = paro- A) também e coincidência.
xítona terminada em ditongo. Também = oxítona terminada em “e + m”; coincidência =
RESPOSTA: “ERRADO”. paroxítona terminada em ditongo
B) quilômetros e tivéssemos.
4-) Quilômetros = proparoxítona; tivéssemos = proparoxí-
A) tevê – pôde – vê tona
Tevê = oxítona terminada em “e”; pôde (pretérito perfei- C) jogá-la e incrível.
to do Indicativo) = acento diferencial (que ainda prevalece Oxítona terminada em “a”; incrível = paroxítona termi-
após o Novo Acordo Ortográfico) para diferenciar de “pode” nada em “l’
– presente do Indicativo; vê = monossílaba terminada em “e” D) Escócia e nós.
B) únicas – histórias – saudáveis Escócia = paroxítona terminada em ditongo; nós = mo-
Únicas = proparoxítona; história = paroxítona terminada nossílaba terminada em “o + s”
em ditongo; saudáveis = paroxítona terminada em ditongo. E) correspondência e três.
C) indivíduo – séria – noticiários Correspondência = paroxítona terminada em ditongo;
Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; séria = três = monossílaba terminada em “e + s”
paroxítona terminada em ditongo; noticiários = paroxítona
terminada em ditongo. 9-) Pó = monossílaba terminada em “o”; só = monos-
D) diário – máximo – satélite sílaba terminada em “o”; céu = monossílaba terminada em
ditongo aberto “éu”.
Diário = paroxítona terminada em ditongo; máximo =
RESPOSTA: “ERRADO”.
proparoxítona; satélite = proparoxítona.

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LÍNGUA PORTUGUESA

casario – de casas; código – de leis; colmeia – de abelhas;


5. EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS. concílio – de bispos em assembleia; conclave – de cardeais;
confraria – de religiosos; constelação – de estrelas; cordi-
lheira – de montanhas; cortejo – acompanhantes em comi-
tiva; discoteca – de discos; elenco – de atores; enxoval – de
SUBSTANTIVO roupas; fato – de cabras; fornada – de pães; galeria – de
quadros; hemeroteca – de jornais, revistas; horda – de inva-
Substantivo é a palavra que dá nomes aos seres. Inclui sores; iconoteca – de imagens; irmandade – de religiosos;
os nomes de pessoas, de lugares, coisas, entes de nature- mapoteca – de mapas; milênio – de mil anos; miríade – de
za espiritual ou mitológica: vegetação, sereia, cidade, anjo, muitas estrelas, insetos; nuvem – de gafanhotos; panapaná
árvore, passarinho, abraço, quadro, universidade, saudade, – de borboletas em bando; penca – de frutas; pinacoteca
amor, respeito, criança. – de quadros; piquete – de grevistas; plêiade – de pessoas
Os substantivos exercem, na frase, as funções de: su- notáveis, sábios; prole – de filhos; quarentena – quarenta
jeito, predicativo do sujeito, objeto direto, objeto indireto, dias; quinquênio – cinco anos; renque – de árvores, pes-
complemento nominal, adjunto adverbial, agente da passi- soas, coisas; repertório – de peças teatrais, música; resma
va, aposto e vocativo. – de quinhentas folhas de papel; século – de cem anos; sex-
Os substantivos classificam-se em: tilha – de seis versos; súcia – de malandros, patifes; terceto
- Comuns: nomeiam os seres da mesma espécie: meni- – de três pessoas, três versos; tríduo – período de três dias;
na, piano, estrela, rio, animal, árvore. triênio – período de três anos; tropilhas – de trabalhadores,
- Próprios: referem-se a um ser em particular: Brasil, alunos; vara – de porcos; videoteca – de videocassetes; xi-
América do Norte, Deus, Paulo, Lucélia. loteca – de amostras de tipos de madeiras.
- Concretos: são aqueles que têm existência própria;
são independentes; reais ou imaginários: mãe, mar, água, Reflexão do Substantivo
anjo, mulher, alma, Deus, vento, DVD, fada, criança, saci.
- Abstrato: são os que não têm existência própria; de- “Na feira livre do arrabaldezinho
pende sempre de um ser para existir: é necessário alguém Um homem loquaz apregoa balõezinhos de cor
ser ou estar triste para a tristeza manifestar-se; é necessário __ O melhor divertimento para crianças!
alguém beijar ou abraçar para que ocorra um beijo ou um Em redor dele há um ajuntamento de menininhos po-
abraço; designam qualidades, sentimentos, ações, estados bres,
dos seres: dor, doença, amor, fé, beijo, abraço, juventude, co- Fitando com olhos muito redondos os grandes
vardia, coragem, justiça. Os substantivos abstratos podem Balõezinhos muito redondos.”
ser concretizados dependendo do seu significado: Leva- (Manoel Bandeira)
mos a caça para a cabana. (caça = ato de caçar, substantivo
abstrato; a caça, neste caso, refere-se ao animal, portanto, Observe que o poema apresenta vários substantivos
concreto). e apresentam variações ou flexões de gênero (masculino/
- Simples: como o nome diz, são aqueles formados feminino), de número (plural/singular) e de grau (aumen-
por apenas um radical: chuva, tempo, sol, guarda, pão, raio, tativo/diminutivo).
água, ló, terra, flor, mar, raio, cabeça. Na língua portuguesa há dois gêneros: masculino e fe-
- Compostos: são os que são formados por mais de minino. A regra para a flexão do gênero é a troca de o por
dois radicais: guarda-chuva, girassol, água-de-colônia, pão a, ou o acréscimo da vogal a, no final da palavra: mestre,
de ló, para raio, sem-terra, mula sem cabeça. mestra.
- Primitivos: são os que não derivam de outras pala-
vras; vieram primeiro,deram origem a outras palavras: ferro, Formação do Feminino
Pedro, mês, queijo, chave, chuva, pão, trovão, casa.
- Derivados: são formados de outra palavra já existen- O feminino se realiza de três modos:
te; vieram depois: ferradura, pedreiro, mesada, requeijão, - Flexionando-se o substantivo masculino: filho, filha /
chaveiro, chuveiro, padeiro, trovoada, casarão, casebre. mestre, mestra / leão, leoa;
- Coletivos: os substantivos comuns que, mesmo no - Acrescentando-se ao masculino a desinência “a” ou
singular, designam um conjunto de seres de uma mesma um sufixo feminino: autor, autora / deus, deusa / cônsul,
espécie: bando, povo, frota, batalhão, biblioteca, constelação. consulesa / cantor, cantora / reitor, reitora.
Eis alguns substantivos coletivos: álbum – de fotogra- - Utilizando-se uma palavra feminina com radical di-
fias; alcateia – de lobos; antologia – de textos escolhidos; ferente: pai, mãe / homem, mulher / boi, vaca / carneiro,
arquipélago – ilhas; assembleia – pessoas, professores; ovelha / cavalo, égua.
atlas – cartas geográficas; banda – de músicos; bando – de
aves, de crianças; baixela – utensílios de mesa; banca – de Observe como são formados os femininos: parente,
examinadores; biblioteca – de livros; biênio – dois anos; bi- parenta / hóspede, hospeda / monge, monja / presidente,
mestre – dois meses; boiada – de bois; cacho – de uva; cá- presidenta / gigante, giganta / oficial, oficiala / peru, perua
fila – camelos; caravana – viajantes; cambada – de vadios, / cidadão, cidadã / aldeão, aldeã / ancião, anciã / guardião,
malvados; cancioneiro – de canções; cardume – de peixes; guardiã / charlatão, charlatã / escrivão, escrivã / papa, papi-

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LÍNGUA PORTUGUESA

sa / faisão, faisoa / hortelão, horteloa / ilhéu, ilhoa / mélro, Plural dos Substantivos
mélroa / folião, foliona / imperador, imperatriz / profeta,
profetisa / píton, pitonisa / abade, abadessa / czar, czarina Há várias maneiras de se formar o plural dos substan-
/ perdigão, perdiz / cão, cadela / pigmeu, pigmeia / ateu, tivos: Acrescentam-se:
ateia / hebreu, hebreia / réu, ré / cerzidor, cerzideira / frade,
freira / frei, sóror / rajá, rani / dom, dona / cavaleiro, dama - S – aos substantivos terminados em vogal ou diton-
/ zangão, abelha / go: povo, povos / feira, feiras / série, séries.
- S – aos substantivos terminados em N: líquen, lí-
Substantivos Uniformes quens / abdômen, abdomens / hífen, hífens. Também: lí-
quenes, abdômenes, hífenes.
Os substantivos uniformes apresentam uma única forma - ES – aos substantivos terminados em R, S, Z: cartaz,
para ambos os gêneros: dentista, vítima. Os substantivos cartazes / motor, motores / mês, meses. Alguns termina-
uniformes dividem-se em: dos em R mudam sua sílaba tônica, no plural: júnior, junio-
- Epicenos: designam certos animais e têm um só gê- res / caráter, caracteres / sênior, seniores.
nero, quer se refiram ao macho ou à fêmea. – jacaré macho - IS – aos substantivos terminados em al, el, ol, ul:
ou fêmea / a cobra macho ou fêmea / a formiga macho ou
jornal, jornais / sol, sóis / túnel, túneis / mel, meles, méis.
fêmea.
Exceções: mal, males / cônsul, cônsules / real, réis (antiga
- Comuns de dois gêneros: apenas uma forma e desig-
moeda portuguesa).
nam indivíduos dos dois sexos. São masculinos ou femini-
- ÃO – aos substantivos terminados em ão, acrescenta
nos. A indicação do sexo é feita com uso do artigo masculino
ou feminino: o, a intérprete / o, a colega / o, a médium / o, a S: cidadão, cidadãos / irmão, irmãos / mão, mãos.
personagem / o, a cliente / o, a fã / o, a motorista / o, a estu-
dante / o, a artista / o, a repórter / o, a manequim / o, a ge- Trocam-se:
rente / o, a imigrante / o, a pianista / o, a rival / o a jornalista.
- Sobrecomuns: designam pessoas e têm um só gêne- - ão por ões: botão, botões / limão, limões / portão,
ro para homem ou a mulher: a criança (menino, menina) / a portões / mamão, mamões.
testemunha (homem, mulher) / a pessoa (homem, mulher) / o - ão por ãe: pão, pães / charlatão, charlatães / alemão,
cônjuge (marido, mulher) / o guia (homem, mulher) / o ídolo alemães / cão, cães.
(homem, mulher). - il por is (oxítonas): funil, funis / fuzil, fuzis / canil,
Substantivos que mudam de sentido, quando se troca canis / pernil, pernis, e por EIS (Paroxítonas): fóssil, fósseis /
o gênero: o lotação (veículo) - a lotação (efeito de lotar); o réptil, répteis / projétil, projéteis.
capital (dinheiro) - a capital (cidade); o cabeça (chefe, líder) - m por ns: nuvem, nuvens / som, sons / vintém, vin-
- a cabeça (parte do corpo); o guia (acompanhante) - a guia téns / atum, atuns.
(documentação); o moral (ânimo) - a moral (ética); o grama - zito, zinho - 1º coloca-se o substantivo no plural:
(peso) - a grama (relva); o caixa (atendente) - a caixa (objeto); balão, balões; 2º elimina-se o S + zinhos.
o rádio (aparelho) - a rádio (emissora); o crisma (óleo sal- Balão – balões – balões + zinhos: balõezinhos;
gado) - a crisma (sacramento); o coma (perda dos sentidos) Papel – papéis – papel + zinhos: papeizinhos;
- a coma (cabeleira); o cura (vigário) - a cura; (ato de curar); Cão – cães - cãe + zitos: Cãezitos.
o lente (prof. Universitário) - a lente (vidro de aumento); o - alguns substantivos terminados em X são invariáveis
língua (intérprete) - a língua (órgão, idioma); o voga (o rema- (valor fonético = cs): os tórax, os tórax / o ônix, os ônix / a
dor) - a voga (moda). fênix, as fênix / uma Xerox, duas Xerox / um fax, dois fax.
- Outros (fora de uso) têm o mesmo plural que suas
Alguns substantivos oferecem dúvida quanto ao gênero. variantes em ice (ainda em vigor): apêndix ou apêndice,
São masculinos: o eclipse, o dó, o dengue (manha), o cham- apêndices / cálix o ucálice, cálices (x, som de s) / látex, látice
panha, o soprano, o clã, o alvará, o sanduíche, o clarinete,
ou láteces / códex ou códice, códices / córtex ou córtice,
o Hosana, o espécime, o guaraná, o diabete ou diabetes, o
córtices / índex ou índice, índices (x, som de cs).
tapa, o lança-perfume, o praça (soldado raso), o pernoite, o
- substantivos terminados em ÃO com mais de uma
formicida, o herpes, o sósia, o telefonema, o saca-rolha, o
plasma, o estigma. forma no plural: aldeão, aldeões, aldeãos; verão, verões,
São geralmente masculinos os substantivos de origem verãos; anão, anões, anãos; guardião, guardiões, guar-
grega terminados em – ma: o dilema, o teorema, o emblema, diães; corrimão, corrimãos, corrimões; hortelão, hortelões,
o trema, o eczema, o edema, o enfisema, o fonema, o aná- hortelãos; ancião, anciões, anciães, anciãos; ermitão, ermi-
tema, o tracoma, o hematoma, o glaucoma, o aneurisma, o tões, ermitães, ermitãos.
telefonema, o estratagema.
A tendência é utilizar a forma em ÕES.
São femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a aluvião, a
análise, a cal, a gênese, a entorse, a faringe, a cólera (doença), - Há substantivos que mudam o timbre da vogal tô-
a cataplasma, a pane, a mascote, a libido (desejo sexual), a nica, no plural. Chama-se metafonia. Apresentam o “o”
rês, a sentinela, a sucuri, a usucapião, a omelete, a hortelã, tônica fechado no singular e aberto no plural: caroço (ô),
a fama, a Xerox, a aguardante. coroços (ó) / imposto (ô), impostos (ó) / forno (ô), fornos

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LÍNGUA PORTUGUESA

(ó) / miolo (ô), miolos (ó) / poço (ô), poços (ó) / olho (ô), - elemento invariável + palavra variável: sempre-viva
olhos (ó) / povo (ô), povos (ó) / corvo (ô), corvos (ó). Também = sempre-vivas / abaixo-assinado = abaixo-assinados / re-
são abertos no plural (ó): fogos, ovos, ossos, portos, porcos, cém-nascido = recém-nascidos / ex-marido = ex-maridos /
postos, reforços. Tijolos, destroços. autoescola = autoescolas.
- Há substantivos que mudam de sentido quando usa- - palavras repetidas: o reco-reco = os reco-recos / o
dos no plural: Fez bem a todos (alegria); Houve separação tico-tico = os tico-ticos / o corre-corre = os corre-corres.
de bens. (patrimônio); Conferiu a féria do dia. (salário); As fé- - substantivo composto de três ou mais elementos
rias foram maravilhosas. (descanso); Sua honra foi exaltada. não ligados por preposição: o bem-me-quer = os bem-
(dignidade); Recebeu honras na solenidade. (homenagens); me-queres / o bem-te-vi = os bem-te-vis / o sem-terra = os
Outros: bem = virtude, benefício / bens = valores / costa = li- sem-terra / o fora-da-lei = os fora-da-lei / o João-ninguém
toral / costas = dorso / féria = renda diária / férias = descanso = os joões-ninguém / o ponto e vírgula = os ponto e vírgula
/ vencimento = fim / vencimento = salário / letra = símbolo / o bumba-meu-boi = os bumba-meu-boi.
gráfico / letras = literatura. - quando o primeiro elemento for: grão, grã (grande),
- Muitos substantivos conservam no plural o “o” fechado:
bel: grão-duque = grão-duques / grã-cruz = grã-cruzes /
acordos, adornos, almoços, bodas, bojos, bolos, cocos, confortos,
bel-prazer = bel-prazeres.
dorsos, encontros, esposos, estojos, forros, globos, gostos, moços,
molhos, pilotos, piolhos, rolos, rostos, sopros, sogros, subornos.
Somente o primeiro elemento vai para o plural:
- Substantivos empregados somente no plural: Arre-
dores, belas-artes, bodas (ô), condolências, cócegas, costas, - substantivo + preposição + substantivo: água de
exéquias, férias, olheiras, fezes, núpcias, óculos, parabéns, pê- colônia = águas-de-colônia / mula-sem-cabeça = mulas-
sames, viveres, idos, afazeres, algemas. sem-cabeça / pão-de-ló = pães-de-ló / sinal-da-cruz = si-
- A forma singular das palavras ciúme e saudade são tam- nais-da-cruz.
bém usadas no plural, embora a forma singular seja prefe- - quando o segundo elemento limita o primeiro ou
rencial, já que a maioria dos substantivos abstratos não se dá ideia de tipo, finalidade: samba-enredo = sambas-en-
pluralizam. Aceita-se os ciúmes, nunca o ciúmes. redos / pombo-correio = pombos-correio / salário-família
= salários-família / banana-maçã = bananas-maçã / vale-
“Quando você me deixou, -refeição = vales-refeição (vale = ter valor de, substanti-
meu bem, vo+especificador)
me disse pra eu ser feliz
e passar bem A tendência na língua portuguesa atual é pluralizar os
Quis morrer de ciúme, dois elementos: bananas-maçãs / couves-flores / peixes-
quase enloqueci -bois / saias-balões.
mas depois, como era
de costume, obedeci” (gravado por Maria Bethânia) Os dois elementos ficam invariáveis quando hou-
ver:
“Às vezes passo dias inteiros - verbo + advérbio: o ganha-pouco = os ganha-pouco
imaginando e pensando em você / o cola-tudo = os cola-tudo / o bota-fora = os bota-fora
e eu fico com tanta saudade - os compostos de verbos de sentido oposto: o entra-
que até parece que eu posso morrer. -e-sai = os entra-e-sai / o leva-e-traz = os leva-e-traz / o
Pode creditar em mim. vai-e-volta = os vai-e-volta.
Você me olha, eu digo sim...” (Fernanda Abreu)
Os dois elementos, vão para o plural:
Atenção: avô – avôs (o avô materno e o avô paterno;
- substantivo + substantivo: decreto-lei = decretos-leis
avôs, fechado) avó - avós (o avô e a avó). Termos no singular
/ abelha-mestra = abelhas-mestras / tia-avó = tias-avós /
com valor de plural: Muito negro ainda sofre com o precon-
tenente-coronel = tenentes-coronéis / redator-chefe = re-
ceito social. / Tem morrido muito pobre de fome.
datores-chefes. Coloque entre dois elementos a conjunção
Plural dos Substantivos Compostos e, observe se é possível a pessoa ser o redator e chefe ao
mesmo tempo / cirurgião e dentista / tia e avó / decreto e
Não é muito fácil a formação do plural dos substantivos lei / abelha e mestra.
compostos. - substantivo + adjetivo: amor-perfeito = amores-per-
feitos / capitão-mor = capitães-mores / carro-forte = car-
Somente o segundo (ou último) elemento vai para o ros-fortes / obra-prima = obras-primas / cachorro-quente
plural: = cachorros-quentes.
- Palavra unida sem hífen: pontapé = pontapés / girassol - adjetivo + substantivo: boa-vida = boas-vidas / cur-
= girassóis / autopeça = autopeças. ta-metragem = curtas-metragens / má-língua = más-lín-
- verbo + substantivo: saca-rolha = saca-rolhas / arra- guas /
nha-céu = arranha-céus / bate-bola = bate-bolas / guarda- - numeral ordinal + substantivo: segunda-feira = se-
-roupa = guarda-roupas / guarda-sol = guarda-sóis / vale- gundas-feiras / quinta-feira = quintas-feiras.
-refeição = vale-refeições.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Composto com a palavra guarda só vai para o plu- Substantivo caracterizador de adjetivo: os adjetivos
ral se for pessoa: guarda-noturno = guardas-noturnos / referentes a cores podem ser modificados por um substan-
guarda-florestal = guardas-florestais / guarda-civil = guar- tivo: verde piscina, azul petróleo, amarelo ouro, roxo bata-
das-civis / guarda-marinha = guardas-marinha. ta, verde garrafa.
Plural das palavras de outras classes gramaticais
usadas como substantivo (substantivadas), são flexio- EXERCÍCIOS
nadas como substantivos: Gritavam vivas e morras; Fiz a
prova dos noves; Pesei bem os prós e contras. 01. Numa das seguintes frases, há uma flexão de plural
grafada erradamente:
Numerais substantivos terminados em s ou z não va- a) os escrivães serão beneficiados por esta lei.
riam no plural. Este semestre tirei alguns seis e apenas um b) o número mais importante é o dos anõezinhos.
dez. c) faltam os hífens nesta relação de palavras.
d) Fulano e Beltrano são dois grandes caráteres.
Plural dos nomes próprios personalizados: os Almei- e) os répteis são animais ovíparos.
das / os Oliveiras / os Picassos / os Mozarts / os Kennedys
/ os Silvas. 02. Assinale o par de vocábulos que fazem o plural da
mesma forma que “balão” e “caneta-tinteiro”:
Plural das siglas, acrescenta-se um s minúsculo: CDs a) vulcão, abaixo-assinado;
/ DVDs / ONGs / PMs / Ufirs. b) irmão, salário-família;
c) questão, manga-rosa;
Grau do Substantivo d) bênção, papel-moeda;
e) razão, guarda-chuva.
Os substantivos podem ser modificados a fim de expri-
mir intensidade, exagero ou diminuição. A essas modifica- 03. Assinale a alternativa em que está correta a forma-
ções é que damos o nome de grau do substantivo. São dois ção do plural:
os graus dos substantivos: aumentativo e diminutivo. a) cadáver – cadáveis;
Os graus aumentativos e diminutivos são formados por
b) gavião – gaviães;
dois processos:
c) fuzil – fuzíveis;
- Sintético: com o acréscimo de um sufixo aumenta-
d) mal – maus;
tivo ou diminutivo: peixe – peixão (aumentativo sintético);
e) atlas – os atlas.
peixe-peixinho (diminutivo sintético); sufixo inho ou isinho.
- Analítico: formado com palavras de aumento: gran-
04. Indique a alternativa em que todos os substantivos
de, enorme, imensa, gigantesca: obra imensa / lucro enor-
são abstratos:
me / carro grande / prédio gigantesco; e formado com as
palavras de diminuição: diminuto, pequeno, minúscula, a) tempo – angústia – saudade – ausência – esperança–
casa pequena, peça minúscula / saia diminuta. imagem;
b) angústia – sorriso – luz – ausência – esperança –ini-
- Sem falar em aumentativo e diminutivo alguns subs- mizade;
tantivos exprimem também desprezo, crítica, indiferença c) inimigo – luz – esperança – espaço – tempo;
em relação a certas pessoas e objetos: gentalha, mulheren- d) angústia – saudade – ausência – esperança – inimi-
go, narigão, gentinha, coisinha, povinho, livreco. zade;
- Já alguns diminutivos dão ideia de afetividade: filhi- e) espaço – olhos – luz – lábios – ausência – esperança.
nho, Toninho, mãezinha.
- Em consequência do dinamismo da língua, alguns 05. Assinale a alternativa em que todos os substantivos
substantivos no grau diminutivo e aumentativo adquiriram são masculinos:
um significado novo: portão, cartão, fogão, cartilha, folhi- a) enigma – idioma – cal;
nha (calendário). b) pianista – presidente – planta;
- As palavras proparoxítonas e as palavras terminadas c) champanha – dó(pena) – telefonema;
em sílabas nasal, ditongo, hiato ou vogal tônica recebem d) estudante – cal – alface;
o sufixo zinho(a): lâmpada (proparoxítona) = lampadazi- e) edema – diabete – alface.
nha; irmão (sílaba nasal) = irmãozinho; herói (ditongo) =
heroizinho; baú (hiato) = bauzinho; café (voga tônica) = 06. Sabendo-se que há substantivos que no masculi-
cafezinho. no têm um significado; e no feminino têm outro, diferente.
- As palavras terminadas em s ou z, ou em uma des- Marque a alternativa em que há um substantivo que não
sas consoantes seguidas de vogal recebem o sufixo inho: corresponde ao seu significado:
país = paisinho; rapaz = rapazinho; rosa = rosinha; beleza a) O capital = dinheiro;
= belezinha. A capital = cidade principal;
- Há ainda aumentativos e diminutivos formados por
prefixação: minissaia, maxissaia, supermercado, minicalcu- b) O grama = unidade de medida;
ladora. A grama = vegetação rasteira;

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) O rádio = aparelho transmissor; Os adjetivos belo, triste e rápida expressa uma quali-
A rádio = estação geradora; dade dos sujeitos: o mundo, o amor, a vida.
Adjetivo é a palavra variável em gênero, número e grau
d) O cabeça = o chefe; que modifica um substantivo, atribuindo-lhe uma quali-
A cabeça = parte do corpo; dade, estado, ou modo de ser: laranjeira florida; céu azul;
mau tempo; cavalo baio; comida saudável; político honesto;
e) A cura = o médico. professor competente; funcionário consciente; pais respon-
O cura = ato de curar. sáveis. Os adjetivos classificam-se em:
- simples: apresentam um único radical, uma única pa-
07. Marque a alternativa em que haja somente subs- lavra em sua estrutura: alegre, medroso, simpático, covar-
tantivos sobrecomuns: de, jovem, exuberante, teimoso;
a) pianista – estudante – criança; - compostos: apresentam mais de um radical, mais de
b) dentista – borboleta – comentarista; duas palavras em sua estrutura: estrelas azul-claras; sapa-
c) crocodilo – sabiá – testemunha; tos marrom-escuros; garoto surdo-mudo;
d) vítima – cadáver – testemunha; - primitivos: são os que vieram primeiro; dão origem a
e) criança – desportista – cônjuge. outras palavras: atual, livre, triste, amarelo, brando, amável,
confortável.
08. Aponte a sequência de substantivos que, sendo ori- - derivados: são aqueles formados por derivação, vie-
ram depois dos primitivos: amarelado, ilegal, infeliz, des-
ginalmente diminutivos ou aumentativos, perderam essa
confortável, entristecido, atualizado.
acepção e se constituem em formas normais, independen-
- pátrios: indicam procedência ou nacionalidade, refe-
tes do termo derivante:
rem-se a cidades, estados, países.
a) pratinho – papelinho – livreco – barraca;
b) tampinha – cigarrilha – estantezinha – elefantão; Locução Adjetiva: é a expressão que tem o mesmo
c) cartão – flautim – lingüeta – cavalete; valor de um adjetivo. A locução adjetiva é formada por
d) chapelão – bocarra – cidrinho – portão; preposição + um substantivo. Vejamos algumas locuções
e) palhacinho – narigão – beiçola – boquinha. adjetivas: angelical = de anjo; abdominal = de abdômen;
apícola = de abelha; aquilino = de águia; argente = de pra-
09. Dados os substantivos “caroço”, “imposto”, “coco” ta; áureo = de ouro; auricular = da orelha; bucal = da boca;
e “ovo”, conclui-se que, indo para o plural a vogal tônica bélico = de guerra; cervical = do pescoço; cutâneo = de pele;
soará aberta em: discente = de aluno; docente = de professor; estelar = de
a) apenas na palavra nº 1; estrela; etário = de idade; fabril = de fábrica; filatélico = de
b) apenas na palavra nº 2; selos; urbano = da cidade; gástrica = do estômago; hepático
c) apenas na palavra nº 3; = do fígado; matutino = da manhã; vespertino = da tarde;
d) em todas as palavras; inodoro = sem cheiro; insípido = sem gosto; pluvial = da
e) N.D.A. chuva; humano = do homem; umbilical = do umbigo; têxtil
= de tecido.
10. Marque a alternativa que apresenta os femininos Algumas locuções adjetivas não possuem adjetivos cor-
de “Monge”, “Duque”, “Papa” e “Profeta”: respondentes: lata de lixo, sacola de papel, parede de tijolo,
a) monja – duqueza – papisa – profetisa; folha de papel, e outros.
b) freira – duqueza – papiza – profetisa;
c) freira – duquesa – papisa – profetisa; Cidade, Estado, País e Adjetivo Pátrio: Amapá: ama-
d) monja – duquesa – papiza – profetiza; pense; Amazonas: amazonense ou baré; Anápolis: ana-
e) monja – duquesa – papisa – profetisa. polino; Angra dos Reis: angrense; Aracajú: aracajuano ou
aracajuense; Bahia: baiano; Bélgica: belga; Belo Horizon-
Respostas: 01-D / 02-C / 03-E / 04-D / 05-C / 06-E / te: belo-horizontino; Brasil: brasileiro; Brasília: brasiliense;
07-D / 08-C / 09-E / 10-E / Buenos Aires: buenairense ou portenho; Cairo: cairota;
Cabo Frio: cabo-friense; Campo Grande: campo-grandese;
Ceará: cearense; Curitiba: curitibano; Distrito Federal: can-
ADJETIVO
dango ou brasiliense; Espírito Santo: espírito-santense ou
capixaba; Estados Unidos: estadunidense ou norte ameri-
Não digas: “o mundo é belo.”
cano; Florianópolis: florianopolitano; Florença: florentino;
Quando foi que viste o mundo? Fortaleza: fortalezense; Goiânia: goianiense; Goiás: goiano;
Não digas: “o amor é triste.” Japão: japonês ou nipônico; João Pessoa: pessoense; Lon-
Que é que tu conheces do amor? dres: londrino; Maceió: maceioense; Manaus: manauense
Não digas: “a vida é rápida.” ou manauara; Maranhão: maranhense; Mato Grosso: ma-
Com foi que mediste a vida? to-grossense; Mato Grosso do Sul: mato-grossense-do-sul;
(Cecília Meireles) Minas Gerais: mineiro; Natal: natalense ou papa-jerimum;
Nova Iorque: nova-iorquino; Niterói: niteroiense; Novo

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LÍNGUA PORTUGUESA

Hamburgo: hamburguense; Palmas: palmense; Pará: pa- Semântica e sintaticamente falando, valem por adje-
raense; Paraíba: paraibano; Paraná: paranaense; Pernam- tivos.
buco: pernambucano; Petrópolis: petropolitano; Piauí: Vale associar ao substantivo principal outro substanti-
piauiense; Porto Alegre: porto-alegrense; Porto Velho: por- vo em forma de aposto.
to-velhense; Recife: recifense; Rio Branco: rio-branquense; O rio Tietê atravessa o estado de São Paulo.
Rio de Janeiro: carioca/ fluminense (estado); Rio Grande
do Norte: rio-grandense-do-norte ou potiguar; Rio Grande Plural do Adjetivo: o plural dos adjetivos simples fle-
do Sul: rio-grandense ou gaúcho; Rondônia: rondoniano; xionam de acordo com o substantivo a que se referem: me-
Roraima: roraimense; Salvador: soteropolitano; Santa Ca- nino chorão = meninos chorões / garota sensível = garotas
tarina: catarinense ou barriga-verde; São Paulo: paulista/ sensíveis / vitamina eficaz = vitaminas eficazes / exemplo
paulistano (cidade); São Luís: são-luisense ou ludovicense; útil = exemplos úteis.
Sergipe: sergipano; Teresina: teresinense; Tocantins: tocan-
tinense; Três Corações: tricordiano; Três Rios: trirriense; Vi- - quando os dois elementos formadores são adjetivos,
tória: vitoriano. só o segundo vai para o plural: questões político-partidá-
- pode-se utilizar os adjetivos pátrios compostos, rias, olhos castanho-claros, senadores democrata-cristãos
como: afro-brasileiro; Anglo-americano, franco-italiano, com exceção de: surdo-mudo = surdos-mudos, variam os
sino-japonês (China e Japão); Américo-francês; luso-brasi- dois elementos.
leira; nipo-argentina (Japão e Argentina); teuto-argentinos - Composto formado de adjetivo + substantivo referin-
(alemão). do-se a cores, o adjetivo cor e o substantivo permanecem
- “O professor fez uma simples observação”. O adjetivo, invariáveis, não vão para o plural: terno azul-petróleo = ter-
simples, colocado antes do substantivo observação, equi- nos azul-petróleo (adjetivo azul, substantivo petróleo); saia
vale à banal. amarelo-canário = saias amarelo-canário (adjetivo, amare-
- “O professor fez uma observação simples”. O adjetivo lo; substantivo canário).
simples colocado depois do substantivo observação, equi- - As locuções adjetivas formadas de cor + de + subs-
vale à fácil. tantivo, ficam invariáveis: papel cor-de-rosa = papéis cor-
de-rosa / olho cor-de-mel = olhos cor-de-mel.
Flexões do Adjetivo: O adjetivo, como palavra variável, - São invariáveis os adjetivos raios ultravioleta / ale-
sofre flexões de: gênero, número e grau. grias sem-par, piadas sem-sal.

Gênero do Adjetivo: Quanto ao gênero os adjetivos Grau do Adjetivo


classificam-se em:
- uniformes: têm forma única para o masculino e o fe- Grau comparativo de: igualdade, superioridade (Ana-
minino. Funcionário incompetente = funcionária incompe- lítico e Sintético) e Inferioridade;
tente; Homens desonestos = mulheres desonestas Grau superlativo: absoluto (analítico e sintético) ou re-
- biformes: troca-se a vogal o pela vogal a ou com o lativo (superioridade e inferioridade).
acréscimo da vogal a no final da palavra: ator famoso = O grau do adjetivo exprime a intensidade das qualida-
atriz famosa / jogador brasileiro = jogador brasileira. des dos seres. O adjetivo apresenta duas variações de grau:
Os adjetivos compostos recebem a flexão feminina comparativo e superlativo.
apenas no segundo elemento: sociedade luso-brasileira / O grau comparativo é usado para comparar uma qua-
festa cívico-religiosa / saia verde-escura. Vejamos alguns lidade entre dois ou mais seres, ou duas ou mais qualida-
adjetivos biformes que apresentam uma flexão especial: des de um mesmo ser. O comparativo pode ser:
ateu – ateia / europeu – europeia / glutão – glutona / he- - de igualdade: iguala duas coisas ou duas pessoas:
breu – hebreia / Judeu – judia / mau – má / plebeu – plebeia Sou tão alto quão / quanto / como você. (as duas pessoas
/ são – sã / vão – vã. têm a mesma altura)
- de superioridade: iguala duas pessoas / coisas sendo
Atenção: que uma é mais do que a outra: Minha amiga Many é mais
- às vezes, os adjetivos são empregados como substan- elevante do que / que eu. (das duas, a Many é mais)
tivos u como advérbios: Agia como um ingênuo. (adjetivo O grau comparativo de superioridade possui duas for-
como substantivo: acompanha um artigo). mas:
- A cerveja que desce redondo. (adjetivo como advér- Analítica: mais bom / mais mau / mais grande / mais
bio: redondamente). pequeno: O salário é mais pequeno do que / que justo
- substantivos que funcionam como adjetivos, num (salário pequeno e justo). Quando comparamos duas qua-
processo de derivação imprópria, isto é, palavra que tem o lidades de um mesmo ser, podemos usar as formas: mais
valor de outra classe gramatical, que não seja a sua: Alguns grande, mais mau, mais bom,mais pequeno.
brasileiros recebem um salário-família. (substantivo com Sintética: bom, melhor / mau, pior / grande, maior /
valor de adjetivo). pequeno, menor: Esta sala é melhor do que / que aquela.
- substituto do adjetivo: palavras / expressões de outra - de inferioridade: um elemento é menor do que ou-
classe gramatical podem caracterizar o substantivo, fican- tro: Somos menos passivos do que / que tolerantes.
do a ele subordinadas na frase.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O grau superlativo: a característica do adjetivo se apre- Emprego Adverbial do Adjetivo


senta intensificada: O superlativo pode ser absoluto ou relativo. O menino dorme tranquilo. / As meninas dormem tran-
- Superlativo Absoluto: atribuída a um só ser; de forma quilas. Em ambas as frases o adjetivo concorda em gênero
absoluta. Pode ser: e número com o sujeito.
Analítico: advérbio de intensidade muito, intensamente, O menino dorme tranquilamente. / As meninas dor-
bastante, extremamente, excepcionalmente + adjetivo: Nicola mem tranquilamente. O adjetivo assume um valor adver-
é extremamente simpático. bial, com o acréscimo do sufixo mente, sendo, portanto,
Sintético: adjetivo + issimo, imo, ílimo, érrimo: Minha co- invariável, não vai para o plural.
madre Mariinha é agradabilíssima. Sorriu amarelo e saiu. / Ficou meio chateada e calou-
- o sufixo -érrimo é restrito aos adjetivos latinos termi- se. O adjetivo amarelo modificou um verbo, portanto, as-
nados em r; pauper (pobre) = paupérrimo; macer (magro) = sume a função de advérbio; o adjetivo meio + chateada
macérrimo; (adjetivo) assume, também, a função de advérbio.
- forma popular: radical do adjetivo português + íssimo:
pobríssimo; EXERCÍCIOS
- adjetivos terminados em vel + bilíssimo: amável =
amabilíssimo; 01. Assinale a alternativa em que o adjetivo que quali-
- adjetivos terminados em eio formam o superlativo fica o substantivo seja explicativo:
apenas com i: feio = feíssimo / cheio = cheíssimo. a) dia chuvoso;
- os adjetivos terminados em io forma o superlativo em b) água morna;
iíssimo: sério = seriíssimo / necessário = necessariíssimo / c) moça bonita;
frio = friíssimo. d) fogo quente;
e) lua cheia.
Algumas formas do superlativo absoluto sintético erudi-
to (culto): ágil = agílimo; agradável = agradabilíssimo; agudo 02. Assinale a alternativa que contém o grupo de adje-
= acutíssimo; amargo = amaríssimo; amigo = amicíssimo; tivos gentílicos, relativos a “Japão”, “Três Corações” e “Mos-
antigo = antiquíssimo; áspero = aspérrimo; atroz = atro- cou”:
císsimo; benévolo = benevolentíssimo; bom = boníssimo, a) Oriental, Tricardíaco, Moscovita;
ótimo; capaz = capacíssimo; célebre = celebérrimo; cruel = b) Nipônico,Tricordiano, Soviético;
crudelíssimo; difícil = deficílimo; doce = dulcíssimo; eficaz = c) Japonês, Trêscoraçoense, Moscovita;
eficacíssimo; fácil = facílimo; feliz = felicíssimo; fiel = fidelís- d) Nipônico, Tricordiano, Moscovita;
simo; frágil = fragílimo; frio = frigidíssimo, friíssimo; geral = e) Oriental, Tricardíaco, Soviético.
generalíssimo; humilde = humílimo; incrível = incredibilíssi-
mo; inimigo = inimicíssimo; jovem = juvenilíssimo; livre = 03. Ainda sobre os adjetivos gentílicos, diz-se que
libérrimo; magnífico = magnificentíssimo; magro = macér- quem nasce em “Lima”, “Buenos Aires” e “Jerusalém” é:
rimo, magérrimo; mau = péssimo; miserável = miserabilís- a) Limalho-Portenho-Jerusalense;
simo; negro = nigérrimo, negríssimo; nobre = nobilíssimo; b) Limenho-Bonaerense-Hierosolimita;
pessoal = personalíssimo; pobre = paupérrimo, pobríssimo; c) Límio-Portenho-Jerusalita
sábio = sapientíssimo; sagrado = sacratíssimo; simpático = d) Limenho-Bonaerense-Jerusalita;
simpaticíssimo; simples = simplícimo; tenro = teneríssimo; e) Limeiro-Bonaerense-Judeu;
terrível = terribilíssimo; veloz = velocíssimo.
04.No trecho “os jovens estão mais ágeis que seus
Usa-se também, no superlativo: pais”, temos:
- prefixos: maxinflação / hipermercado / ultrassono- a) um superlativo relativo de superioridade;
grafia / supersimpática. b) um comparativo de superioridade;
- expressões: suja à beça / pra lá de sério / duro que c) um superlativo absoluto;
nem sola / podre de rico / linda de morrer / magro de d) um comparativo de igualdade.
dar pena. e) um superlativo analítico de ágil.
- adjetivos repetidos: fofinho, fofinho (=fofíssimo) /
linda, linda (=lindíssima). 05. Relacione a 1ª coluna à 2ª:
- diminutivo ou aumentativo: cheinha / pequenininha 1 - água de chuva ( ) Fluvial
/ grandalhão / gostosão / bonitão. 2 - olho de gato ( ) Angelical
- linguagem informa, sufixo érrimo, em fez de íssimo: 3 - água de rio ( ) Felino
chiquérrimo, chiquentérrimo, elegantérrimo. 4 - Cara-de-anjo ( ) Pluvial

- Superlativo Relativo: ressalta a qualidade de um ser Assim temos:


entre muitos, com a mesma qualidade. Pode ser: a) 1 – 4 – 2 – 3;
Superlativo Relativo de Superioridade: Wilma é a mais b) 3 – 2 – 1 – 4;
prendada de todas as suas amigas. (ela é a mais de todas) c) 3 – 1 – 2 – 4;
Superlativo Relativo de Inferioridade: Paulo César é o d) 3 – 4 – 2 – 1;
menos tímido dos filhos. e) 4 – 3 – 1 – 2.

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06. Nas orações “Esse livro é melhor que aquele” e “Este ARTIGO
livro é mais lindo que aquele”, Há os graus comparativos:
a) de superioridade, respectivamente sintético e ana- Artigo é a palavra que acompanha o substantivo, in-
lítico; dicando-lhe o gênero e o número, determinando-o ou
b) de superioridade, ambos analíticos; generalizando-o. Os artigos podem ser:
c) de superioridade, ambos sintéticos; - definidos: o, a, os, as; determinam os substantivos,
d) relativos; trata de um ser já conhecido; denota familiaridade: “A
e) superlativos. grande reforma do ensino superior é a reforma do ensino
fundamental e do médio.” (Veja – maio de 2005)
07. Selecione a alternativa que completa corretamen- - indefinidos: um, uma, uns, umas; estes; trata-se de
te as lacunas da frase apresentada: “Os acidentados foram um ser desconhecido, dá ao substantivo valor vago: “...foi
encaminhados a diferentes clínicas ____” . chegando um caboclinho magro, com uma taquara na
a) médicas-cirúrgicas;
mão.” (A. Lima)
b) médica-cirúrgicas;
c) médico-cirúrgicas;
Usa-se o artigo definido:
d) médicos-cirúrgicas;
- com a palavra ambos: falou-nos que ambos os cul-
e) médica-cirúrgicos.
pados foram punidos.
08. Sabe-se que a posição do adjetivo, em relação ao - com nomes próprios geográficos de estado, pais,
substantivo, pode ou não mudar o sentido do enunciado. oceano, montanha, rio, lago: o Brasil, o rio Amazonas, a
Assim, nas frases “Ele é um homem pobre” e “Ele é um po- Argentina, o oceano Pacífico, a Suíça, o Pará, a Bahia. /
bre homem”. Conheço o Canadá mas não conheço Brasília.
a) 1ª fala de um sem recursos materiais; a 2ª fala de um - com nome de cidade se vier qualificada: Fomos à
homem infeliz; histórica Ouro Preto.
b) a 1ª fala de um homem infeliz; a 2ª fala de um ho- - depois de todos/todas + numeral + substantivo:
mem sem recursos materiais; Todos os vinte atletas participarão do campeonato.
c) em ambos os casos, o homem é apenas infeliz, sem - com toda a/todo o, a expressão que vale como tota-
fazer referência a questões materiais; lidade, inteira. Toda cidade será enfeitada para as come-
d) em ambos os casos o homem é apenas desprovido morações de aniversário. Sem o artigo, o pronome todo/
de recursos; toda vale como qualquer. Toda cidade será enfeitada
e) o homem é infeliz e desprovido de recursos mate- para as comemorações de aniversário. (qualquer cidade)
riais, em ambas. - com o superlativo relativo: Mariane escolheu as
mais lindas flores da floricultura.
09.O item em que a locução adjetiva não corresponde - com a palavra outro, com sentido determinado:
ao adjetivo dado é: Marcelo tem dois amigos: Rui é alto e lindo, o outro é
a) hibernal - de inverno; atlético e simpático.
b) filatélico - de folhas; - antes dos nomes das quatro estações do ano: De-
c) discente - de alunos; pois da primavera vem o verão.
d) docente - de professor; - com expressões de peso e medida: O álcool custa
e) onírico - de sonho. um real o litro. (=cada litro)
10. Assinale a alternativa em que todos os adjetivos
Não se usa o artigo definido:
têm uma só forma para os dois gêneros:
- antes de pronomes de tratamento iniciados por pos-
a) andaluz, hindu, comum;
sessivos:
b) europeu, cortês, feliz;
Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Vossa Majestade,
c) fofo, incolor, cru;
d) superior, agrícola, namorador; Vossa Alteza.
e) exemplar, fácil, simples. Vossa Alteza estará presente ao debate?
“Nosso Senhor tinha o olhar em pranto / Chorava Nos-
Respostas: 1- D / 2- D / 3- B / 4- B / 5- D / 6- A / 7- C sa Senhora.”
/ 8- A / 9- B / 10-E - antes de nomes de meses:
O campeonato aconteceu em maio de 2002. Mas: O
campeonato aconteceu no inesquecível maio de 2002.
- alguns nomes de países, como Espanha, França, In-
glaterra, Itália podem ser construídos sem o artigo, prin-
cipalmente quando regidos de preposição.
“Viveu muito tempo em Espanha.” / “Pelas estradas
líricas de França.” Mas: Sônia Salim, minha amiga, visitou
a bela Veneza.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- antes de todos / todas + numeral: Eles são, todos 03. Em uma destas frases, o artigo definido está empre-
quatro, amigos de João Luís e Laurinha. Mas: Todos os três gado erradamente. Em qual?
irmãos eu vi nascer. (o substantivo está claro) a) A velha Roma está sendo modernizada.
- antes de palavras que designam matéria de estudo, b) A “Paraíba” é uma bela fragata.
empregadas com os verbos: aprender, estudar, cursar, ensi- c) Não reconheço agora a Lisboa de meu tempo.
nar: Estudo Inglês e Cristiane estuda Francês. d) O gato escaldado tem medo de água fria.
e) O Havre é um porto de muito movimento.
O uso do artigo é facultativo:
- antes do pronome possessivo: Sua / A sua incompe- 04. Assinale a alternativa em que os topônimos não ad-
tência é irritante. mitem artigo:
- antes de nomes próprios de pessoas: Você já visitou a) Portugal, Copacabana.
Luciana / a Luciana? b) Petrópolis, Espanha.
- “Daqui para a frente, tudo vai ser diferente.” (para a c) Viena, Rio de Janeiro.
frente: exige a preposição) d) Madri, Itália.
e) Alemanha, Curitiba.
Formas combinadas do artigo definido: Preposição + o
= ao / de + o,a = do, da / em + o, a = no, na / por + o, a = Respostas: 01-B / 02-B / 03-D / 04-A /
pelo, pela.
Usa-se o artigo indefinido: NUMERAL
- para indicar aproximação numérica: Nicole devia ter
uns oito anos / Não o vejo há uns meses. Os numerais exprimem quantidade, posição em uma sé-
- antes dos nomes de partes do corpo ou de objetos em rie, multiplicação e divisão. Daí a sua classificação, respecti-
pares: Usava umas calças largas e umas botas longas. vamente, em: cardinais, ordinais, multiplicativos e fracionários.
- em linguagem coloquial, com valor intensivo: Rafaela - Cardinal: indica número, quantidade: um, dois, três,
é uma meiguice só. oito, vinte, cem, mil;
- para comparar alguém com um personagem célebre: - Ordinal: indica ordem ou posição: primeiro, segundo,
Luís August é um Rui Barbosa. terceiro, sétimo, centésimo;
O artigo indefinido não é usado: - Fracionário: indica uma fração ou divisão: meio, terço,
- em expressões de quantidade: pessoa, porção, parte, quarto, quinto, um doze avos;
gente, quantidade: Reservou para todos boa parte do lucro. - Multiplicativo: indica a multiplicação de um número:
- com adjetivos como: escasso, excessivo, suficiente: duplo, dobro, triplo, quíntuplo.
Não há suficiente espaço para todos.
- com substantivo que denota espécie: Cão que ladra Os numerais que indicam conjunto de elementos de
não morde. quantidade exata são os coletivos: bimestre: período de dois
meses; centenário: período de cem anos; decálogo: conjunto
Formas combinadas do artigo indefinido: Preposição de dez leis; decúria: período de dez anos; dezena: conjunto de
de e em + um, uma = num, numa, dum, duma. dez coisas; dístico: dois versos; dúzia: conjunto de doze coisas;
O artigo (o, a, um, uma) anteposto a qualquer palavra grosa: conjunto de doze dúzias; lustro: período de cinco anos;
transforma-a em substantivo. O ato literário é o conjunto milênio: período de mil anos; milhar: conjunto de mil coisas;
do ler e do escrever. novena: período de nove dias; quarentena: período de quaren-
ta dias; quinquênio: período de cinco anos; resma: quinhentas
EXERCÍCIOS folhas de papel; semestre: período de seis meses; septênio:
período de sete meses; sexênio: período de seis anos; terno:
01. Em que alternativa o termo grifado indica aproxi- conjunto de três coisas; trezena: período de treze dias; triênio:
mação: período de três anos; trinca: conjunto de três coisas.
a) Ao visitar uma cidade desconhecida, vibrava.
b) Tinha, na época, uns dezoito anos. Algarismos: Arábicos e Romanos, respectivamente: 1-I,
c) Ao aproximar de uma garota bonita, seus olhos bri- 2-II, 3-III, 4-IV, 5-V, 6-VI, 7-VII, 8-VIII, 9-IX, 10-X, 11-XI, 12-
lhavam. XII, 13-XIII, 14-XIV, 15-XV, 16-XVI, 17-XVII, 18-XVIII, 19-XIX,
d) Não havia um só homem corajoso naquela guerra. 20-XX, 30-XXX, 40-XL, 50-L, 60-LX, 70-LXX, 80-LXXX, 90-XC,
e) Uns diziam que ela sabia tudo, outros que não. 100-C, 200-CC, 300-CCC, 400-CD, 500-D, 600-DC, 700-DCC,
800-DCCC, 900-CM, 1.000-M.
02. Determine o caso em que o artigo tem valor quali-
ficativo: Numerais Cardinais: um, dois, três, quatro, cinco, seis,
a) Estes são os candidatos que lhe falei. sete, oito, nove, dez, onze, doze, treze, catorze ou quator-
b) Procure-o, ele é o médico! Ninguém o supera. ze, quinze, dezesseis, dezessete, dezoito, dezenove, vinte...,
c) Certeza e exatidão, estas qualidades não as tenho. trinta..., quarenta..., cinquenta..., sessenta..., setenta..., oiten-
d) Os problemas que o afligem não me deixam descui- ta..., noventa..., cem..., duzentos..., trezentos..., quatrocentos...,
dado. quinhentos..., seiscentos..., setecentos..., oitocentos..., nove-
e) Muito é a procura; pouca é a oferta. centos..., mil.

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Numerais Ordinais: primeiro, segundo, terceiro, quar- - os numerais multiplicativos variam quando usados
to, quinto, sexto, sétimo, oitavo, nono, décimo, décimo como adjetivos: Fizemos duas apostas triplas. (valor de ad-
primeiro, décimo segundo, décimo terceiro, décimo quar- jetivo – variável)
to, décimo quinto, décimo sexto, décimo sétimo, décimo - os numerais fracionários variam em número, concor-
oitavo, décimo nono, vigésimo..., trigésimo..., quadragé- dando com os cardinais que indicam números das partes.
simo..., quinquagésimo..., sexagésimo..., septuagésimo..., - Um quarto de litro equivale a 250 ml; três quartos
octogésimo..., nonagésimo..., centésimo..., ducentésimo..., equivalem a 750 ml.
trecentésimo..., quadringentésimo..., quingentésimo..., sex-
centésimo..., septingentésimo..., octingentésimo..., nongen- Grau
tésimo..., milésimo.
Na linguagem coloquial é comum a flexão de grau dos
Numerais Multiplicativos: dobro, triplo, quádruplo, numerais: Já lhe disse isso mil vezes. / Aquele quarentão
quíntuplo, sêxtuplo, sétuplo, óctuplo, nônuplo, décuplo, é um “gato”! / Morri com cincão para a “vaquinha”, lá da
escola.
undécuplo, duodécuplo, cêntuplo.
Emprego dos Numerais
Numerais Fracionários: meia, metade, terço, quarto,
quinto, sexto, sétimo, oitavo, nono, décimo, onze avos, - para designar séculos, reis, papas, capítulos, cantos
doze avos, treze avos, catorze avos, quinze avos, dezesseis (na poesia épica), empregam-se: os ordinais até décimo:
avos, dezessete avos, dezoito avos, dezenove avos, vinte João Paulo II (segundo). Canto X (décimo) / Luís IX (nono);
avos..., trinta avos..., quarenta avos..., cinquenta avos..., ses- os cardinais para os demais: Papa Bento XVI (dezesseis);
senta avos..., setenta avos..., oitenta avos..., noventa avos..., Século XXI (vinte e um).
centésimo..., ducentésimo..., trecentésimo..., quadringen- - se o numeral vier antes do substantivo, usa-se o or-
tésimo..., quingentésimo..., sexcentésimo..., septingentési- dinal. O XX século foi de descobertas científicas. (vigésimo
mo..., octingentésimo..., nongentésimo..., milésimo. século)
- com referência ao primeiro dia do mês, usa-se o nu-
Flexão dos Numerais meral ordinal: O pagamento do pessoal será sempre no dia
primeiro.
Gênero - na enumeração de leis, decretos, artigos, circulares,
portarias e outros textos oficiais, emprega-se o numeral or-
- os numerais cardinais um, dois e as centenas a partir dinal até o nono: O diretor leu pausadamente a portaria 8ª.
de duzentos apresentam flexão de gênero: Um menino e (portaria oitava)
uma menina foram os vencedores. / Comprei duzentos gra- - emprega-se o numeral cardinal, a partir de dez: O
mas de presunto e duzentas rosquinhas. artigo 16 não foi justificado. (artigo dezesseis)
- os numerais ordinais variam em gênero: Marcela foi a - enumeração de casa, páginas, folhas, textos, aparta-
nona colocada no vestibular. mentos, quartos, poltronas, emprega-se o numeral cardi-
- os numerais multiplicativos, quando usados com o nal: Reservei a poltrona vinte e oito. / O texto quatro está
valor de substantivos, são variáveis: A minha nota é o triplo na página sessenta e cinco.
da sua. (triplo – valor de substantivo) - se o numeral vier antes do substantivo, emprega-se o
- quando usados com valor de adjetivo, apresentam ordinal. Paulo César é adepto da 7ª Arte. (sétima)
flexão de gênero: Eu fiz duas apostas triplas na lotofácil. - não se usa o numeral um antes de mil: Mil e duzentos
reais é muito para mim.
(triplas valor de adjetivo)
- o artigo e o numeral, antes dos substantivos milhão,
- os numerais fracionários concordam com os cardinais
milhar e bilhão, devem concordar no masculino:
que indicam o número das partes: Dois terços dos alunos
- Quando o sujeito da oração é milhões + substantivo
foram contemplados. feminino plural, o particípio ou adjetivo podem concordar,
- o fracionário meio concorda em gênero e número no masculino, com milhões, ou com o substantivo, no fe-
com o substantivo no qual se refere: O início do concurso minino. Dois milhões de notas falsas serão resgatados ou
será meio-dia e meia. (hora) / Usou apenas meias palavras. serão resgatadas (milhões resgatados / notas resgatadas)
- os numerais multiplicativos quíntuplo, sêxtuplo, sétu-
Número plo e óctuplo valem como substantivos para designar pes-
soas nascidas do mesmo parto: Os sêxtuplos, nascidos em
- os numerais cardinais milhão, bilhão, trilhão, e ou- Lucélia, estão reagindo bem.
tros, variam em número: Venderam um milhão de ingressos - emprega-se, na escrita das horas, o símbolo de cada
para a festa do peão. / Somos 180 milhões de brasileiros. unidade após o numeral que a indica, sem espaço ou pon-
- os numerais ordinais variam em número: As segundas to: 10h20min – dez horas, vinte minutos.
colocadas disputarão o campeonato. - não se emprega a conjunção e entre os milhares e
- os numerais multiplicativos são invariáveis quando as centenas: mil oitocentos e noventa e seis. Mas 1.200 –
usados com valor de substantivo: Minha dívida é o dobro mil e duzentos (o número termina numa centena com dois
da sua. (valor de substantivo – invariável) zeros)

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EXERCÍCIOS Se tiramos as terminações ar, er, ir do infinitivo dos


verbos, teremos o radical desses verbos. Também pode-
01. Marque o emprego incorreto do numeral: mos antepor prefixos ao radical: des nutr ir / re conduz ir.
a) século III (três)
b) página 102 (cento e dois) Vogal Temática: é o elemento mórfico que designa a
c) 80º (octogésimo) qual conjugação pertence o verbo. Há três vogais temáti-
d) capítulo XI (onze) cas: 1ª conjugação: a; 2ª conjugação: e; 3ª conjugação: i.
e) X tomo (décimo) Tema: é o elemento constituído pelo radical mais a vo-
  gal temática: contar: -cont (radical) + a (vogal temática) =
Alternativa correta: A tema. Se não houver a vogal temática, o tema será apenas
O numeral quando for usado para designar Papas, reis, o radical: contei = cont ei.
séculos, capítulos etc, usam-se: Os ordinais de 1 a 10; Os
cardinais de 11 em diante. Desinências: são elementos que se juntam ao radical,
Logo, a letra A está incorreta por está grafado século ou ao tema, para indicar as flexões de modo e tempo, de-
três, quando o correto é século terceiro. sinências modo temporais e número pessoa, desinências
número pessoais.
02. Indique o item em que os numerais estão correta-
mente empregados: Contávamos
a) Ao Papa Paulo seis sucedeu João Paulo primeiro. Cont = radical
b) após o parágrafo nono, virá o parágrafo dez. a = vogal temática
c) depois do capítulo sexto, li o capítulo décimo pri- va = desinência modo temporal
meiro. mos = desinência número pessoal
d) antes do artigo décimo vem o artigo nono.
e) o artigo vigésimo segundo foi revogado. Flexões Verbais: Flexão de número e de pessoa: o ver-
bo varia para indicar o número e a pessoa.
Alternativa correta: B - eu estudo – 1ª pessoa do singular;
Está corretamente grafado parágrafo nono e parágrafo - nós estudamos – 1ª pessoa do plural;
dez na alternativa B, pois os numerais ordinais são de 1 a 9. - tu estudas – 2ª pessoa do singular;
De 10 em diante usamos os cardinais. - vós estudais – 2ª pessoa do plural;
- ele estuda – 3ª pessoa do singular;
VERBO - eles estudam – 3ª pessoa do plural.

Verbo é a palavra que indica ação, movimento, fenô- - Algumas regiões do Brasil, usam o pronome tu de
menos da natureza, estado, mudança de estado. Flexiona- forma diferente da fala culta, exigida pela gramática oficial,
se em número (singular e plural), pessoa (primeira, segun- ou seja, tu foi, tu pega, tu tem, em vez de: tu fostes, tu
da e terceira), modo (indicativo, subjuntivo e imperativo, pegas, tu tens. O pronome vós aparece somente em textos
formas nominais: gerúndio, infinitivo e particípio), tempo literários ou bíblicos. Os pronomes: você, vocês, que levam
(presente, passado e futuro) e apresenta voz (ativa, passiva, o verbo na 3ª pessoa, é o mais usado no Brasil.
reflexiva). De acordo com a vogal temática, os verbos estão - Flexão de tempo e de modo – os tempos situam o
agrupados em três conjugações: fato ou a ação verbal dentro de determinado momento;
1ª conjugação – ar: cantar, dançar, pular. pode estar em plena ocorrência, pode já ter ocorrido ou
2ª conjugação – er: beber, correr, entreter. não. Essas três possibilidades básicas, mas não únicas, são:
3ª conjugação – ir: partir, rir, abrir. presente, pretérito, futuro.

O verbo pôr e seus derivados (repor, depor, dispor, O modo indica as diversas atitudes do falante com re-
compor, impor) pertencem a 2ª conjugação devido à sua lação ao fato que enuncia. São três os modos:
origem latina poer. - Modo Indicativo: a atitude do falante é de certeza,
precisão: o fato é ou foi uma realidade; Apresenta presente,
Elementos Estruturais do Verbo: As formas verbais pretérito perfeito, imperfeito e mais que perfeito, futuro do
apresentam três elementos em sua estrutura: Radical, Vo- presente e futuro do pretérito.
gal Temática e Tema. - Modo Subjuntivo: a atitude do falante é de incer-
teza, de dúvida, exprime uma possibilidade; O subjuntivo
Radical: elemento mórfico (morfema) que concentra o expressa uma incerteza, dúvida, possibilidade, hipótese.
significado essencial do verbo. Observe as formas verbais Apresenta presente, pretérito imperfeito e futuro. Ex: Te-
da 1ª conjugação: contar, esperar, brincar. Flexionando es- nha paciência, Lourdes; Se tivesse dinheiro compraria um
ses verbos, nota-se que há uma parte que não muda, e que carro zero; Quando o vir, dê lembranças minhas.
nela está o significado real do verbo. - Modo Imperativo: a atitude do falante é de ordem,
cont é o radical do verbo contar; um desejo, uma vontade, uma solicitação. Indica uma or-
esper é o radical do verbo esperar; dem, um pedido, uma súplica. Apresenta imperativo afir-
brinc é o radical do verbo brincar. mativo e imperativo negativo

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LÍNGUA PORTUGUESA

Emprego dos Tempos do Indicativo Pretérito Mais-Que-Perfeito: partira, partiras, partira,


partíramos, partíreis, partiram.
- Presente do Indicativo: Para enunciar um fato mo- Futuro do Presente: partirei, partirás, partirá, partire-
mentâneo. Ex: Estou feliz hoje. Para expressar um fato que mos, partireis, partirão.
ocorre com frequência. Ex: Eu almoço todos os dias na casa Futuro do Pretérito: partiria, partirias, partiria, partiría-
de minha mãe. Na indicação de ações ou estados perma- mos, partiríeis, partiriam.
nentes, verdades universais. Ex: A água é incolor, inodora,
insípida. Emprego dos Tempos do Subjuntivo
- Pretérito Imperfeito: Para expressar um fato passa- Presente: é empregado para indicar um fato incerto ou
do, não concluído. Ex: Nós comíamos pastel na feira; Eu duvidoso, muitas vezes ligados ao desejo, à suposição: Du-
cantava muito bem. vido de que apurem os fatos; Que surjam novos e honestos
- Pretérito Perfeito: É usado na indicação de um fato políticos.
passado concluído. Ex: Cantei, dancei, pulei, chorei, dormi... Pretérito Imperfeito: é empregado para indicar uma
- Pretérito Mais-Que-Perfeito: Expressa um fato pas- condição ou hipótese: Se recebesse o prêmio, voltaria à uni-
sado anterior a outro acontecimento passado. Ex: Nós can- versidade.
táramos no congresso de música. Futuro: é empregado para indicar um fato hipotético,
- Futuro do Presente: Na indicação de um fato rea- pode ou não acontecer. Quando/Se você fizer o trabalho,
lizado num instante posterior ao que se fala. Ex: Cantarei será generosamente gratificado.
domingo no coro da igreja matriz.
- Futuro do Pretérito: Para expressar um aconteci- 1ª Conjugação –AR
mento posterior a um outro acontecimento passado. Ex:
Compraria um carro se tivesse dinheiro Presente: que eu dance, que tu dances, que ele dance,
que nós dancemos, que vós danceis, que eles dancem.
1ª conjugação: -AR Pretérito Imperfeito: se eu dançasse, se tu dançasses,
se ele dançasse, se nós dançássemos, se vós dançásseis, se
eles dançassem.
Presente: danço, danças, dança, dançamos, dançais,
Futuro: quando eu dançar, quando tu dançares, quando
dançam.
ele dançar, quando nós dançarmos, quando vós dançardes,
Pretérito Perfeito: dancei, dançaste, dançou, dança-
quando eles dançarem.
mos, dançastes, dançaram.
Pretérito Imperfeito: dançava, dançavas, dançava,
2ª Conjugação -ER
dançávamos, dançáveis, dançavam.
Pretérito Mais-Que-Perfeito: dançara, dançaras, dan- Presente: que eu coma, que tu comas, que ele coma,
çara, dançáramos, dançáreis, dançaram. que nós comamos, que vós comais, que eles comam.
Futuro do Presente: dançarei, dançarás, dançará, dan- Pretérito Imperfeito: se eu comesse, se tu comesses,
çaremos, dançareis, dançarão. se ele comesse, se nós comêssemos, se vós comêsseis, se
Futuro do Pretérito: dançaria, dançarias, dançaria, eles comessem.
dançaríamos, dançaríeis, dançariam. Futuro: quando eu comer, quando tu comeres, quando
2ª Conjugação: -ER ele comer, quando nós comermos, quando vós comerdes,
quando eles comerem.
Presente: como, comes, come, comemos, comeis, co-
mem. 3ª conjugação – IR
Pretérito Perfeito: comi, comeste, comeu, comemos,
comestes, comeram. Presente: que eu parta, que tu partas, que ele parta, que
Pretérito Imperfeito: comia, comias, comia, comía- nós partamos, que vós partais, que eles partam.
mos, comíeis, comiam. Pretérito Imperfeito: se eu partisse, se tu partisses, se
Pretérito Mais-Que-Perfeito: comera, comeras, co- ele partisse, se nós partíssemos, se vós partísseis, se eles par-
mera, comêramos, comêreis, comeram. tissem.
Futuro do Presente: comerei, comerás, comerá, co- Futuro: quando eu partir, quando tu partires, quan-
meremos, comereis, comerão. do ele partir, quando nós partirmos, quando vós partirdes,
Futuro do Pretérito: comeria, comerias, comeria, co- quando eles partirem.
meríamos, comeríeis, comeriam.
Emprego do Imperativo
3ª Conjugação: -IR
Imperativo Afirmativo:
Presente: parto, partes, parte, partimos, partis, partem. - Não apresenta a primeira pessoa do singular.
Pretérito Perfeito: parti, partiste, partiu, partimos, - É formado pelo presente do indicativo e pelo presente
partistes, partiram. do subjuntivo.
Pretérito Imperfeito: partia, partias, partia, partíamos, - O Tu e o Vós saem do presente do indicativo sem o “s”.
partíeis, partiam. - O restante é cópia fiel do presente do subjuntivo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Indicativo: eu amo, tu amas, ele ama, nós - Quando é regido de preposição e funciona como
amamos, vós amais, eles amam. complemento de um substantivo, adjetivo ou verbo da
Presente do subjuntivo: que eu ame, que tu ames, oração anterior; Por exemplo: Eles não têm o direito de
que ele ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles gritar assim; As meninas foram impedidas de participar
amem. do jogo; Eu os convenci a aceitar.
Imperativo afirmativo: (X), ama tu, ame você, ame- No entanto, na voz passiva dos verbos “contentar”,
mos nós, amai vós, amem vocês. “tomar” e “ouvir”, por exemplo, o Infinitivo (verbo auxiliar)
deve ser flexionado. Por exemplo: Eram pessoas difíceis de
Imperativo Negativo: serem contentadas; Aqueles remédios são ruins de serem
- É formado através do presente do subjuntivo sem a tomados; Os CDs que você me emprestou são agradáveis
primeira pessoa do singular. de serem ouvidos.
- Não retira os “s” do tu e do vós.
Nas locuções verbais; Por exemplo:
Presente do Subjuntivo: que eu ame, que tu ames, - Queremos acordar bem cedo amanhã.
que ele ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles - Eles não podiam reclamar do colégio.
amem. - Vamos pensar no seu caso.
Imperativo negativo: (X), não ames tu, não ame você,
não amemos nós, não ameis vós, não amem vocês. Quando o sujeito do infinitivo é o mesmo do verbo da
oração anterior; Por exemplo:
Além dos três modos citados, os verbos apresentam - Eles foram condenados a pagar pesadas multas.
ainda as formas nominais: infinitivo – impessoal e pessoal, - Devemos sorrir ao invés de chorar.
gerúndio e particípio. - Tenho ainda alguns livros por (para) publicar.

Infinitivo Impessoal: Exprime a significação do verbo Quando o infinitivo preposicionado, ou não, preceder
de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de ou estiver distante do verbo da oração principal (verbo re-
substantivo. Por exemplo: Viver é lutar. (= vida é luta); É gente), pode ser flexionado para melhor clareza do período
indispensável combater a corrupção. (= combate à) e também para se enfatizar o sujeito (agente) da ação ver-
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen- bal. Por exemplo:
te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por - Na esperança de sermos atendidos, muito lhe agra-
exemplo: É preciso ler este livro; Era preciso ter lido este decemos.
livro. - Foram dois amigos à casa de outro, a fim de jogarem
Quando se diz que um verbo está no infinitivo im- futebol.
pessoal, isso significa que ele apresenta sentido genérico - Para estudarmos, estaremos sempre dispostos.
ou indefinido, não relacionado a nenhuma pessoa, e sua - Antes de nascerem, já estão condenadas à fome mui-
forma é invariável. Assim, considera-se apenas o processo tas crianças.
verbal. Por exemplo: Amar é sofrer; O infinitivo pessoal, por
sua vez, apresenta desinências de número e pessoa. Com os verbos causativos “deixar”, “mandar” e “fazer”
Observe que, embora não haja desinências para a 1ª e e seus sinônimos que não formam locução verbal com o
3ª pessoas do singular (cujas formas são iguais às do infi- infinitivo que os segue; Por exemplo: Deixei-os sair cedo
nitivo impessoal), elas não deixam de referir-se às respec- hoje.
tivas pessoas do discurso (o que será esclarecido apenas Com os verbos sensitivos “ver”, “ouvir”, “sentir” e si-
pelo contexto da frase). Por exemplo: Para ler melhor, eu nônimos, deve-se também deixar o infinitivo sem flexão.
uso estes óculos. (1ª pessoa); Para ler melhor, ela usa estes Por exemplo: Vi-os entrar atrasados; Ouvi-as dizer que não
óculos. (3ª pessoa) iriam à festa.
As regras que orientam o emprego da forma variável
ou invariável do infinitivo não são todas perfeitamente de- É inadequado o emprego da preposição “para” antes
finidas. Por ser o infinitivo impessoal mais genérico e vago, dos objetos diretos de verbos como “pedir”, “dizer”, “falar”
e o infinitivo pessoal mais preciso e determinado, reco- e sinônimos;
menda-se usar este último sempre que for necessário dar à - Pediu para Carlos entrar (errado),
frase maior clareza ou ênfase. - Pediu para que Carlos entrasse (errado).
- Pediu que Carlos entrasse (correto).
O Infinitivo Impessoal é usado:
Quando a preposição “para” estiver regendo um verbo,
- Quando apresenta uma ideia vaga, genérica, sem se como na oração “Este trabalho é para eu fazer”, pede-se o
referir a um sujeito determinado; Por exemplo: Querer é emprego do pronome pessoal “eu”, que se revela, neste
poder; Fumar prejudica a saúde; É proibido colar cartazes caso, como sujeito. Outros exemplos:
neste muro. - Aquele exercício era para eu corrigir.
- Quando tiver o valor de Imperativo; Por exemplo: Sol- - Esta salada é para eu comer?
dados, marchar! (= Marchai!) - Ela me deu um relógio para eu consertar.

51
LÍNGUA PORTUGUESA

Em orações como “Esta carta é para mim!”, a prepo- - O verbo “parecer” pode relacionar-se de duas ma-
sição está ligada somente ao pronome, que deve se apre- neiras distintas com o infinitivo. Quando “parecer” é verbo
sentar oblíquo tônico. auxiliar de um outro verbo: Elas parecem mentir. Elas parece
mentirem. Neste exemplo ocorre, na verdade, um período
Infinitivo Pessoal: É o infinitivo relacionado às três composto. “Parece” é o verbo de uma oração principal cujo
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não sujeito é a oração subordinada substantiva subjetiva reduzi-
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do im- da de infinitivo “elas mentirem”. Como desdobramento dessa
pessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira: reduzida, podemos ter a oração “Parece que elas mentem.”

2ª pessoa do singular: Radical + ES. Ex.: teres (tu) Gerúndio: O gerúndio pode funcionar como adjetivo
1ª pessoa do plural: Radical + mos. Ex.: termos (nós) ou advérbio. Por exemplo: Saindo de casa, encontrei alguns
2ª pessoa do plural: Radical + dês. Ex.: terdes (vós) amigos. (função de advérbio); Nas ruas, havia crianças ven-
3ª pessoa do plural: Radical + em. Ex.: terem (eles) dendo doces. (função adjetivo)
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
boa colocação. Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro; Tendo traba-
lhado, aprendeu o valor do dinheiro.
Quando se diz que um verbo está no infinitivo pessoal,
isso significa que ele atribui um agente ao processo verbal, Particípio: Quando não é empregado na formação dos
flexionando-se. tempos compostos, o particípio indica geralmente o resulta-
do de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, nú-
O infinitivo deve ser flexionado nos seguintes casos: mero e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os candi-
- Quando o sujeito da oração estiver claramente ex- datos saíram. Quando o particípio exprime somente estado,
presso; Por exemplo: Se tu não perceberes isto...; Convém sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a
vocês irem primeiro; O bom é sempre lembrarmos desta função de adjetivo (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a
regra (sujeito desinencial, sujeito implícito = nós). aluna escolhida para representar a escola.
- Quando tiver sujeito diferente daquele da oração
principal; Por exemplo: O professor deu um prazo de cin- 1ª Conjugação –AR
co dias para os alunos estudarem bastante para a prova;
Perdôo-te por me traíres; O hotel preparou tudo para os Infinitivo Impessoal: dançar.
turistas ficarem à vontade; O guarda fez sinal para os mo- Infinitivo Pessoal: dançar eu, dançares tu; dançar ele,
toristas pararem. dançarmos nós, dançardes vós, dançarem eles.
- Quando se quiser indeterminar o sujeito (utilizado na Gerúndio: dançando.
terceira pessoa do plural); Por exemplo: Faço isso para não Particípio: dançado.
me acharem inútil; Temos de agir assim para nos promo-
verem; Ela não sai sozinha à noite a fim de não falarem 2ª Conjugação –ER
mal da sua conduta.
Infinitivo Impessoal: comer.
- Quando apresentar reciprocidade ou reflexibilidade Infinitivo pessoal: comer eu, comeres tu, comer ele, co-
de ação; Por exemplo: Vi os alunos abraçarem-se alegre- mermos nós, comerdes vós, comerem eles.
mente; Fizemos os adversários cumprimentarem-se com Gerúndio: comendo.
gentileza; Mandei as meninas olharem-se no espelho. Particípio: comido.

Como se pode observar, a escolha do Infinitivo Flexio- 3ª Conjugação –IR


nado é feita sempre que se quer enfatizar o agente (sujeito)
da ação expressa pelo verbo. Infinitivo Impessoal: partir.
Infinitivo pessoal: partir eu, partires tu, partir ele, partir-
- Se o infinitivo de um verbo for escrito com “j”, esse “j” mos nós, partirdes vós, partirem eles.
aparecerá em todas as outras formas. Por exemplo: Gerúndio: partindo.
Enferrujar: enferrujou, enferrujaria, enferrujem, enfer- Particípio: partido.
rujarão, enferrujassem, etc. (Lembre, contudo, que o subs-
tantivo ferrugem é grafado com “g”.). Verbos Auxiliares: Ser, Estar, Ter, Haver
Viajar: viajou, viajaria, viajem (3ª pessoa do plural do
presente do subjuntivo, não confundir com o substantivo Ser
viagem) viajarão, viajasses, etc.
- Quando o verbo tem o infinitivo com “g”, como em Modo Indicativo
“dirigir” e “agir” este “g” deverá ser trocado por um “j” Presente: eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são.
apenas na primeira pessoa do presente do indicativo. Por Pretérito Imperfeito: eu era, tu eras, ele era, nós éra-
exemplo: eu dirijo/ eu ajo mos, vós éreis, eles eram.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito Perfeito Simples: eu fui, tu foste, ele foi, nós Modo Subjuntivo
fomos, vós fostes, eles foram. Presente: que eu esteja, que tu estejas, que ele esteja,
Pretérito Perfeito Composto: tenho sido. que nós estejamos, que vós estejais, que eles estejam.
Mais-que-perfeito simples: eu fora, tu foras, ele fora, Pretérito Imperfeito: se eu estivesse, se tu estivesses,
nós fôramos, vós fôreis, eles foram. se ele estivesse, se nós estivéssemos, se vós estivésseis, se
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha sido. eles estivessem.
Futuro do Pretérito simples: eu seria, tu serias, ele Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse esta-
seria, nós seríamos, vós seríeis, eles seriam. do
Futuro do Pretérito Composto: teria sido. Futuro Simples: quando eu estiver, quando tu estive-
Futuro do Presente: eu serei, tu serás, ele será, nós res, quando ele estiver, quando nós estivermos, quando vós
seremos, vós sereis, eles serão. estiverdes, quando eles estiverem.
Futuro do Pretérito Composto: Teria sido. Futuro Composto: Tiver estado.

Modo Subjuntivo Modo Imperativo


Presente: que eu seja, que tu sejas, que ele seja, que Imperativo Afirmativo: está tu, esteja ele, estejamos
nós sejamos, que vós sejais, que eles sejam. nós, estai vós, estejam eles.
Pretérito Imperfeito: se eu fosse, se tu fosses, se ele Imperativo Negativo: não estejas tu, não esteja ele,
fosse, se nós fôssemos, se vós fôsseis, se eles fossem. não estejamos nós, não estejais vós, não estejam eles.
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse sido. Infinitivo Pessoal: por estar eu, por estares tu, por es-
Futuro Simples: quando eu for, quando tu fores, tar ele, por estarmos nós, por estardes vós, por estarem eles.
quando ele for, quando nós formos, quando vós fordes,
quando eles forem. Formas Nominais
Futuro Composto: tiver sido. Infinitivo: estar
Gerúndio: estando
Modo Imperativo Particípio: estado
Imperativo Afirmativo: sê tu, seja ele, sejamos nós,
sede vós, sejam eles. Ter
Imperativo Negativo: não sejas tu, não seja ele, não
sejamos nós, não sejais vós, não sejam eles. Modo Indicativo
Infinitivo Pessoal: por ser eu, por seres tu, por ser ele, Presente: eu tenho, tu tens, ele tem, nós temos, vós
por sermos nós, por serdes vós, por serem eles. tendes, eles têm.
Pretérito Imperfeito: eu tinha, tu tinhas, ele tinha, nós
Formas Nominais tínhamos, vós tínheis, eles tinham.
Infinitivo: ser Pretérito Perfeito Simples: eu tive, tu tiveste, ele teve,
Gerúndio: sendo nós tivemos, vós tivestes, eles tiveram.
Particípio: sido Pretérito Perfeito Composto: tenho tido.
Estar Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu tivera, tu ti-
veras, ele tivera, nós tivéramos, vós tivéreis, eles tiveram.
Modo Indicativo Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha tido.
Presente: eu estou, tu estás, ele está, nós estamos, vós Futuro do Presente Simples: eu terei, tu terás, ele terá,
estais, eles estão. nós teremos, vós tereis, eles terão.
Pretérito Imperfeito: eu estava, tu estavas, ele estava,
nós estávamos, vós estáveis, eles estavam. Futuro do Presente Composto: terei tido.
Pretérito Perfeito Simples: eu estive, tu estiveste, ele Futuro do Pretérito Simples: eu teria, tu terias, ele te-
esteve, nós estivemos, vós estivestes, eles estiveram. ria, nós teríamos, vós teríeis, eles teriam.
Pretérito Perfeito Composto: tenho estado. Futuro do Pretérito composto: teria tido.
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu estivera, tu
estiveras, ele estivera, nós estivéramos, vós estivéreis, eles Modo Subjuntivo
estiveram. Presente: que eu tenha, que tu tenhas, que ele tenha,
Pretérito Mais-que-perfeito Composto: tinha estado que nós tenhamos, que vós tenhais, que eles tenham.
Futuro do Presente Simples: eu estarei, tu estarás, ele Pretérito Imperfeito: se eu tivesse, se tu tivesses, se ele
estará, nós estaremos, vós estareis, eles estarão. tivesse, se nós tivéssemos, se vós tivésseis, se eles tivessem.
Futuro do Presente Composto: terei estado. Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse tido.
Futuro do Pretérito Simples: eu estaria, tu estarias, Futuro: quando eu tiver, quando tu tiveres, quando ele
ele estaria, nós estaríamos, vós estaríeis, eles estariam. tiver, quando nós tivermos, quando vós tiverdes, quando
Futuro do Pretérito Composto: teria estado. eles tiverem.
Futuro Composto: tiver tido.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Modo Imperativo Formas Nominais


Imperativo Afirmativo: tem tu, tenha ele, tenhamos Infinitivo: haver
nós, tende vós, tenham eles. Gerúndio: havendo
Imperativo Negativo: não tenhas tu, não tenha ele, Particípio: havido
não tenhamos nós, não tenhais vós, não tenham eles.
Infinitivo Pessoal: por ter eu, por teres tu, por ter ele, Verbos Regulares: Não sofrem modificação no radical
por termos nós, por terdes vós, por terem eles. durante toda conjugação (em todos os modos) e as de-
sinências seguem as do verbo paradigma (verbo modelo)
Formas Nominais
Infinitivo: ter Amar: (radical: am) Amo, Amei, Amava, Amara, Amarei,
Gerúndio: tendo Amaria, Ame, Amasse, Amar.
Particípio: tido Comer: (radical: com) Como, Comi, Comia, Comera,
Comerei, Comeria, Coma, Comesse, Comer.
Haver Partir: (radical: part) Parto, Parti, Partia, Partira, Partirei,
Partiria, Parta, Partisse, Partir.
Modo Indicativo
Verbos Irregulares: São os verbos que sofrem modifi-
Presente: eu hei, tu hás, ele há, nós havemos, vós ha-
cações no radical ou em suas desinências.
veis, eles hão.
Pretérito Imperfeito: eu havia, tu havias, ele havia, Dar: dou, dava, dei, dera, darei, daria, dê, desse, der
nós havíamos, vós havíeis, eles haviam. Caber: caibo, cabia, coube, coubera, caberei, caberia,
Pretérito Perfeito Simples: eu houve, tu houveste, caiba, coubesse, couber.
ele houve, nós houvemos, vós houvestes, eles houveram. Agredir: agrido, agredia, agredi, agredira, agredirei,
Pretérito Perfeito Composto: tenho havido. agrediria, agrida, agredisse, agredir.
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu houvera,
tu houveras, ele houvera, nós houvéramos, vós houvéreis, Anômalos: São aqueles que têm uma anomalia no ra-
eles houveram. dical. Ser, Ir
Pretérito Mais-que-Prefeito Composto: tinha havi-
do. Ir
Futuro do Presente Simples: eu haverei, tu haverás,
ele haverá, nós haveremos, vós havereis, eles haverão. Modo Indicativo
Futuro do Presente Composto: terei havido. Presente: eu vou, tu vais, ele vai, nós vamos, vós ides,
Futuro do Pretérito Simples: eu haveria, tu haverias, eles vão.
ele haveria, nós haveríamos, vós haveríeis, eles haveriam. Pretérito Imperfeito: eu ia, tu ias, ele ia, nós íamos,
Futuro do Pretérito Composto: teria havido. vós íeis, eles iam.
Pretérito Perfeito: eu fui, tu foste, ele foi, nós fomos,
Modo Subjuntivo vós fostes, eles foram.
Presente: que eu haja, que tu hajas, que ele haja, que Pretérito Mais-que-Perfeito: eu fora, tu foras, ele
nós hajamos, que vós hajais, que eles hajam. fora, nós fôramos, vós fôreis, eles foram.
Pretérito Imperfeito: se eu houvesse, se tu houves- Futuro do Presente: eu irei, tu irás, ele irá, nós iremos,
ses, se ele houvesse, se nós houvéssemos, se vós houvés- vós ireis, eles irão.
seis, se eles houvessem. Futuro do Pretérito: eu iria, tu irias, ele iria, nós iría-
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse ha- mos, vós iríeis, eles iriam.
Modo Subjuntivo
vido.
Presente: que eu vá, que tu vás, que ele vá, que nós
Futuro Simples: quando eu houver, quando tu hou-
vamos, que vós vades, que eles vão.
veres, quando ele houver, quando nós houvermos, quan-
Pretérito Imperfeito: se eu fosse, se tu fosses, se ele
do vós houverdes, quando eles houverem.
fosse, se nós fôssemos, se vós fôsseis, se eles fossem.
Futuro Composto: tiver havido. Futuro: quando eu for, quando tu fores, quando ele
for, quando nós formos, quando vós fordes, quando eles
Modo Imperativo forem.
Imperativo Afirmativo: haja ele, hajamos nós, havei
vós, hajam eles. Modo Imperativo
Imperativo Negativo: não hajas tu, não haja ele, não Imperativo Afirmativo: vai tu, vá ele, vamos nós, ide
hajamos nós, não hajais vós, não hajam eles. vós, vão eles.
Infinitivo Pessoal: por haver eu, por haveres tu, por Imperativo Negativo: não vás tu, não vá ele, não va-
haver ele, por havermos nós, por haverdes vós, por have- mos nós, não vades vós, não vão eles.
rem eles. Infinitivo Pessoal: ir eu, ires tu, ir ele, irmos nós, irdes
vós, irem eles.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formas Nominais: - Futuro do Pretérito Composto do Indicativo: É a for-


Infinitivo: ir mação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futu-
Gerúndio: indo ro do Pretérito simples do Indicativo e o principal no parti-
Particípio: ido cípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Pretérito simples
do Indicativo. Por exemplo: Eu teria estudado no Maxi, se não
Verbos Defectivos: São aqueles que possuem um de- me tivesse mudado de cidade.
feito. Não têm todos os modos, tempos ou pessoas. - Futuro Composto do Subjuntivo: É a formação de lo-
cução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Sub-
Verbo Pronominal: É aquele que é conjugado com o juntivo simples e o principal no particípio, tendo o mesmo
pronome oblíquo. Ex: Eu me despedi de mamãe e parti valor que o Futuro do Subjuntivo simples. Por exemplo: Quan-
sem olhar para o passado. do você tiver terminado sua série de exercícios, eu caminharei
6 Km. Veja os exemplos:
Verbos Abundantes: “São os verbos que têm duas ou Quando você chegar à minha casa, telefonarei a Manuel.
mais formas equivalentes, geralmente de particípio.” (Sac- Quando você chegar à minha casa, já terei telefonado a
coni) Manuel.
Infinitivo: Aceitar, Anexar, Acender, Desenvolver, Perceba que o significado é totalmente diferente em am-
Emergir, Expelir. bas as frases apresentadas. No primeiro caso, esperarei “você”
Particípio Regular: Aceitado, Anexado, Acendido, De- praticar a sua ação para, depois, praticar a minha; no segundo,
senvolvido, Emergido, Expelido. primeiro praticarei a minha. Por isso o uso do advérbio “já”.
Particípio Irregular: Aceito, Anexo, Aceso, Desenvol- Assim, observe que o mesmo ocorre nas frases a seguir:
to, Emerso, Expulso. Quando você tiver terminado o trabalho, telefonarei a
Manuel.
Tempos Compostos: São formados por locuções ver- Quando você tiver terminado o trabalho, já terei telefo-
bais que têm como auxiliares os verbos ter e haver e como
nado a Manuel.
principal, qualquer verbo no particípio. São eles:
- Infinitivo Pessoal Composto: É a formação de locu-
- Pretérito Perfeito Composto do Indicativo: É a for-
ção verbal com o auxiliar ter ou haver no Infinitivo Pessoal
mação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no
simples e o principal no particípio, indicando ação passada
Presente do Indicativo e o principal no particípio, indican-
em relação ao momento da fala. Por exemplo: Para você ter
do fato que tem ocorrido com freqüência ultimamente. Por
comprado esse carro, necessitou de muito dinheiro
exemplo: Eu tenho estudado demais ultimamente.
- Pretérito Perfeito Composto do Subjuntivo: É a for-
mação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no EXERCÍCIOS
Presente do Subjuntivo e o principal no particípio, indi-
cando desejo de que algo já tenha ocorrido. Por exemplo: 01. Assinale o período em que aparece forma verbal in-
Espero que você tenha estudado o suficiente, para conse- corretamente empregada em relação à norma culta da língua:
guir a aprovação. a) Se o compadre trouxesse a rabeca, a gente do ofício
- Pretérito Mais-que-Perfeito Composto do Indica- ficaria exultante.
tivo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou b) Quando verem o Leonardo, ficarão surpresos com os
haver no Pretérito Imperfeito do Indicativo e o principal trajes que usava.
no particípio, tendo o mesmo valor que o Pretérito Mais- c) Leonardo propusera que se dançasse o minuete da
que-Perfeito do Indicativo simples. Por exemplo: Eu já tinha corte.
estudado no Maxi, quando conheci Magali. d) Se o Leonardo quiser, a festa terá ares aristocráticos.
- Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Subjun- e) O Leonardo não interveio na decisão da escolha do
tivo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou padrinho do filho.
haver no Pretérito Imperfeito do Subjuntivo e o prin-
cipal no particípio, tendo o mesmo valor que o Pretérito 02. ....... em ti; mas nem sempre ....... dos outros.
Imperfeito do Subjuntivo simples. Por exemplo: Eu teria a) Creias – duvidas
estudado no Maxi, se não me tivesse mudado de cidade. b) Crê – duvidas
Perceba que todas as frases remetem a ação obrigatoria- c) Creias – duvida
mente para o passado. A frase Se eu estudasse, aprenderia d) Creia – duvide
é completamente diferente de Se eu tivesse estudado, teria e) Crê - duvides
aprendido.
- Futuro do Presente Composto do Indicativo: É a 03. Assinale a frase em que há erro de conjugação verbal:
formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no a) Os esportes entretêm a quem os pratica.
Futuro do Presente simples do Indicativo e o principal b) Ele antevira o desastre.
no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Pre- c) Só ficarei tranquilo, quando vir o resultado.
sente simples do Indicativo. Por exemplo: Amanhã, quando d) Eles se desavinham frequentemente.
o dia amanhecer, eu já terei partido. e) Ainda hoje requero o atestado de bons antecedentes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

04. Dê, na ordem em que aparecem nesta questão, as 09. Assinale a alternativa incorreta quanto à forma verbal:
seguintes formas verbais: a) Ele reouve os objetos apreendidos pelo fiscal.
advertir - no imperativo afirmativo, segunda pessoa do b) Se advierem dificuldades, confia em Deus.
plural c) Se você o vir, diga-lhe que o advogado reteve os
compor - no futuro do subjuntivo, segunda pessoa do documentos.
plural d) Eu não intervi na contenda porque não pude.
rever - no perfeito do indicativo, segunda pessoa do e) Por não se cumprirem as cláusulas propostas, as par-
plural tes desavieram-se e requereram rescisão do contrato.
prover - no perfeito do indicativo, segunda pessoa do
singular 10. Indique a incorreta:
a) Estão isentados das sanções legais os citados no ar-
a) adverti, componhais, revês, provistes tigo 6º.
b) adverti, compordes, revestes, provistes b) Estão suspensas as decisões relativas ao parágrafo
c) adverte, compondes, reveis, proviste 3º do artigo 2º.
d) adverti, compuserdes, revistes, proveste c) Fica revogado o ato que havia extinguido a obriga-
e) n.d.a toriedade de apresentação dos documentos mencionados.
d) Os pareceres que forem incursos na Resolução ante-
05. “Eu não sou o homem que tu procuras, mas dese- rior são de responsabilidade do Governo Federal.
java ver-te, ou, quando menos, possuir o teu retrato.” Se e) Todas estão incorretas.
o pronome tu fosse substituído por Vossa Excelência, em
lugar das palavras destacadas no texto acima transcrito te- Respostas: 01-B / 02-E / 03-E / 04-D / 05-B / 06-D /
ríamos, respectivamente, as seguintes formas: 07-E / 08-B / 09-D / 10-A /
a) procurais, ver-vos, vosso
b) procura, vê-la, seu ADVÉRBIO
c) procura, vê-lo, vosso
d) procurais, vê-la, vosso Advérbio é a palavra invariável que modifica um verbo
e) procurais, ver-vos, seu (Chegou cedo), um outro advérbio (Falou muito bem), um
adjetivo (Estava muito bonita). De acordo com a circunstân-
06. Assinale a única alternativa que contém erro na pas- cia que exprime, o advérbio pode ser de:
sagem da forma verbal, do imperativo afirmativo para o im-
Tempo: ainda, agora, antigamente, antes, amiúde
perativo negativo:
(=sempre), amanhã, breve, brevemente, cedo, diariamen-
a) parti vós - não partais vós
te, depois, depressa, hoje, imediatamente, já, lentamente,
b) amai vós - não ameis vós
logo, novamente, outrora.
c) sede vós - não sejais vós
Lugar: aqui, acolá, atrás, acima, adiante, ali, abaixo,
d) ide vós - não vais vós
além, algures (=em algum lugar), aquém, alhures (= em
e) perdei vós - não percais vós
outro lugar), aquém,dentro, defronte, fora, longe, perto.
Modo: assim, bem, depressa, aliás (= de outro modo
07. Vi, mas não ............; o policial viu, e também não ), devagar, mal, melhor pior, e a maior parte dos advérbios
............, dois agentes secretos viram, e não ............ Se todos que termina em mente: calmamente, suavemente, rapida-
nós ............ , talvez .......... tantas mortes. mente, tristemente.
a) intervir - interviu - tivéssemos intervido - teríamos Afirmação: certamente, decerto, deveras, efetivamen-
evitado te, realmente, sim, seguramente.
b) me precavi - se precaveio - se precaveram - nos pre- Negação: absolutamente, de modo algum, de jeito ne-
cavíssemos - não teria havido nhum, nem, não, tampouco (=também não).
c) me contive - se conteve - contiveram - houvéssemos Intensidade: apenas, assaz bastante bastante, bem,
contido - tivéssemos impedido demais,mais, meio, menos, muito, quase, quanto, tão, tan-
d) me precavi - se precaveu - precaviram - precavêsse- to, pouco.
mo-nos não houvesse Dúvida: acaso, eventualmente, por ventura, quiçá, pos-
e) intervim - interveio - intervieram - tivéssemos inter- sivelmente, talvez.
vindo - houvéssemos evitado
Advérbios Interrogativos: São empregados em ora-
08. Assinale a alternativa em que uma forma verbal foi ções interrogativas diretas ou indiretas. Podem exprimir:
empregada incorretamente: lugar, tempo, modo, ou causa.
a) O superior interveio na discussão, evitando a briga. Onde fica o Clube das Acácias ? (direta)
b) Se a testemunha depor favoravelmente, o réu será Preciso saber onde fica o Clube das Acássias.(indireta)
absolvido. Quando minha amiga Delma chegará de Campinas?
c) Quando eu reouver o dinheiro, pagarei a dívida. (direta)
d) Quando você vir Campinas, ficará extasiado. Gostaria de saber quando minha amiga Delma chegará
e) Ele trará o filho, se vier a São Paulo. de Campinas. (indireta)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Locuçoes Adverbiais: São duas ou mais palavras que - Frequentemente empregamos adjetivos com valor de
têm o valor de advérbio: às cegas, às claras, às toa, às pres- advérbio: A cerveja que desce redondo. (redondamente)
sas, às escondidas, à noite, à tarde, às vezes, ao acaso, de - Bastante antes de adjetivo, é advérbio, portanto, não
repente, de chofre, de cor, de improviso, de propósito, de vai para o plural; equivale a muito / a: Aquelas jovens são
viva voz, de medo, com certeza, por perto, por um triz, de bastante simpáticas e gentis.
vez em quando, sem dúvida, de forma alguma, em vão, por - Bastante, antes de substantivo, é adjetivo, portanto
certo, à esquerda, à direta, a pé, a esmo, por ali, a distância. vai para o plural, equivale a muitos / as: Contei bastantes
De repente o dia se fez noite. estrelas no céu.
Por um triz eu não me denunciei. - Não confunda mal (advérbio, oposto de bem) com
Sem dúvida você é o melhor. mau (adjetivo, oposto de bom): Mal cheguei a casa, en-
contrei a de mau humor.
Graus dos Advérbios: o advérbio não vai para o plural, - Antes de verbo no particípio, diz-se mais bem, mais
são palavras invariáveis, mas alguns admitem a flexão de mal: Ficamos mais bem informados depois do noticiário
grau: comparativo e superlativo. noturmo.
- Em frase negativa o advérbio já equivale a mais: Já
Comparativo de: não se fazem professores como antigamente. (=não se fa-
Igualdade - tão + advérbio + quanto, como: Sou tão zem mais)
feliz quanto / como você. - Na locução adverbial a olhos vistos (=claramente),
Superioridade - Analítico: mais do que: Raquel é mais o particípio permanece no masculino plural: Minha irmã
elegante do que eu. Zuleide emagrecia a olhos vistos.
- Sintético: melhor, pior que: Amanhã será melhor do - Dois ou mais advérbios terminados em mente, ape-
que hoje. nas no último permanece mente: Educada e pacientemen-
Inferioridade - menos do que: Falei menos do que de- te, falei a todos.
via. - A repetição de um mesmo advérbio assume o valor
superlativo: Levantei cedo, cedo.
Superlativo Absoluto:
Analítico - mais, muito, pouco,menos: O candidato EXERCÍCIOS
defendeu-se muito mal.
Sintético - íssimo, érrimo: Localizei-o rapidíssimo. 01. Assinale a frase em que meio funciona como ad-
vérbio:
Palavras e Locuções Denotativas: São palavras seme- a) Só quero meio quilo.
lhantes a advérbios e que não possuem classificação espe- b) Achei-o meio triste.
cial. Não se enquadram em nenhuma das dez classes de c) Descobri o meio de acertar.
palavras. São chamadas de denotativas e exprimem: d) Parou no meio da rua.
e) Comprou um metro e meio. 
Afetividade: felizmente, infelizmente, ainda bem: Ain-
da bem que você veio. 02. Só não há advérbio em:
Designação, Indicação: eis: Eis aqui o herói da turma. a) Não o quero.
Exclusão: exclusive, menos, exceto, fora, salvo, senão, b) Ali está o material.
sequer: Não me disse sequer uma palavra de amor. c) Tudo está correto.
Inclusão: inclusive, também, mesmo, ainda, até, além d) Talvez ele fale.
disso, de mais a mais: Também há flores no céu. e) Já cheguei. 
Limitação: só, apenas, somente, unicamente: Só Deus
é perfeito. 03. Qual das frases abaixo possui advérbio de modo?
Realce: cá, lá, é que, sobretudo, mesmo: Sei lá o que a) Realmente ela errou.
ele quis dizer! b) Antigamente era mais pacato o mundo.
Retificação: aliás, ou melhor, isto é, ou antes: Irei à Bah- c) Lá está teu primo.
ia na próxima semana, ou melhor, no próximo mês. d) Ela fala bem.
Explicação: por exemplo, a saber: Você, por exemplo, e) Estava bem cansado. 
tem bom caráter.
04. Classifique a locução adverbial que aparece em
Emprego do Advérbio “Machucou-se com a lâmina”.
a) modo
- Na linguagem coloquial, familiar, é comum o empre- b) instrumento
go do sufixo diminutivo dando aos advérbios o valor de c) causa
superlativo sintético: agorinha, cedinho, pertinho, devaga- d) concessão
rinho, depressinha, rapidinho (bem rápido): Rapidinho che- e) fim
gou a casa; Moro pertinho da universidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA

05. Indique a alternativa gramaticalmente incorreta: PRONOME


a) A casa onde moro é excelente.
b) Disseram-me por que chegaram tarde. É a palavra que acompanha ou substitui o nome, re-
c) Aonde está o livro? lacionando-o a uma das três pessoas do discurso. As três
d) É bom o colégio donde saímos. pessoas do discurso são:
e) O sítio aonde vais é pequeno.  1ª pessoa: eu (singular) nós (plural): aquela que fala ou
emissor;
06. Ele ficou em casa. A palavra em é: 2ª pessoa: tu (singular) vós (plural): aquela com quem
a) conjunção se fala ou receptor;
b) pronome indefinido 3ª pessoa: ele, ela (singular) eles, elas (plural): aquela
c) artigo definido de quem se fala ou referente.
d) advérbio de lugar
e) preposição Dependendo da função de substituir ou acompanhar o
nome, o pronome é, respectivamente: pronome substanti-
07. Marque o exemplo em que ambas as palavras em vo ou pronome adjetivo.
negrito estão na mesma classe gramatical: Os pronomes são classificados em: pessoais, de trata-
a) O seu talvez deixou preocupado o professor. mento, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interroga-
b) Respondeu-nos simplesmente com um não. tivos e relativos.
c) Boas notícias duram pouco.
d) Nossa irmã é mais nova que a sua. Pronomes Pessoais: Os pronomes pessoais dividem-
e) n.d.a se em:
08. Morfologicamente, a expressão sublinhada na frase - retos exercem a função de sujeito da oração: eu, tu,
abaixo é classificada como locução: “Estava à toa na vida...” ele, nós, vós, eles:
a) adjetiva - oblíquos exercem a função de complemento do ver-
b) adverbial bo (objeto direto / objeto indireto) ou as, lhes. - Ela não
c) prepositiva vai conosco. (ela pronome reto / vai verbo / conosco com-
d) conjuntiva
plemento nominal. São: tônicos com preposição: mim, co-
e) substantiva 
migo, ti, contigo,si, consigo, conosco, convosco; átonos sem
preposição: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os,pronome oblí-
09. Em todas as opções há dois advérbios, exceto em:
quo) - Eu dou atenção a ela. (eu pronome reto / dou verbo /
a) Ele permaneceu muito calado.
atenção nome / ela pronome oblíquo)
b) Amanhã, não iremos ao cinema.
c) O menino, ontem, cantou desafinadamente.
Saiba mais sobre os Pronomes Pessoais
d) Tranquilamente, realizou-se, hoje, o jogo.
e) Ela falou calma e sabiamente.
- Colocados antes do verbo, os pronomes oblíquos da
10. Leia o texto que segue: 3ª pessoa, apresentam sempre a forma: o, a, os, as: Eu os vi
saindo do teatro.
“Não há muito tempo atrás - As palavras “só” e “todos” sempre acompanham os
Eu sonhava um dia ter pronomes pessoais do caso reto: Eu vi só ele ontem.
Esse ordenado enorme - Colocados depois do verbo, os pronomes oblíquos
Que mal me dá pra viver.” da 3ª pessoa apresentam as formas:
(Millôr Fernandes) o, a, os, as: se o verbo terminar em vogal ou ditongo
oral: Encontrei-a sozinha. Vejo-os diariamente.
“Um dia” e “mal” exprimem, respectivamente, circuns- o, a, os, as, precedidos de verbos terminados em: R/S/Z,
tâncias de: assumem as formas: lo, Ia, los, las, perdendo, consequente-
a) tempo / intensidade. mente, as terminações R, S, Z. Preciso pagar ao verdureiro.
b) tempo / modo. = pagá-lo; Fiz os exercícios a lápis. = Fi-los a lápis.
c) lugar / intensidade. lo, la, los, las: se vierem depois de: eis / nos / vos Eis a
d) tempo / causa. prova do suborno. = Ei-la; O tempo nos dirá. = no-lo dirá.
e) lugar / modo. (eis, nos, vos perdem o S)
no, na, nos, nas: se o verbo terminar em ditongo na-
Respostas: 01-B / 02-C / 03-D / 04-B / 05-C / 06-E / sal: m, ão, õe: Deram-na como vencedora; Põe-nos sobre
07-E / 08-B / 09-A / 10-B a mesa.
lhe, lhes colocados depois do verbo na 1ª pessoa do
plural, terminado em S não modificado: Nós entregamoS-
lhe a cópia do contrato. (o S permanece)
nos: colocado depois do verbo na 1ª pessoa do plural,
perde o S: Sentamo-nos à mesa para um café rápido.

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LÍNGUA PORTUGUESA

me, te, lhe, nos, vos: quando colocado com verbos tran- levantou-se com elegância e levou consigo (com ela pró-
sitivos diretos (TD), têm sentido possessivo, equivalendo a pria) todos os olhares. (Nicole sujeito, 3ª pessoa/ levantou
meu, teu, seu, dele, nosso, vosso: Os anos roubaram-lhe a verbo 3ª pessoa / se complemento 3ª pessoa / levou verbo
esperança. (sua, dele, dela possessivo) 3ª pessoa / consigo complemento 3ª pessoa)
as formas conosco e convosco são substituídas por: com - O pronome pessoal oblíquo não funciona como re-
+ nós, com + vós. seguidos de: ambos, todos, próprios, flexivo se não se referir ao sujeito: Ela me protegeu do aci-
mesmos, outros, numeral: Mariane garantiu que viajaria dente. (ela sujeito 3ª pessoa me complemento 1ª pessoa)
com nós três. - Você é segunda ou terceira pessoa? Na estrutura da
o pronome oblíquo funciona como sujeito com os ver- fala, você é a pessoa a quem se fala e, portanto, da 2ª
bos: deixar, fazer, ouvir, mandar, sentir e ver+verbo no in- pessoa. Por outro lado, você, como os demais pronomes
finitivo. Deixe-me sentir seu perfume. (Deixe que eu sinta de tratamento senhor, senhora, senhorita, dona, pede o
seu perfume me sujeito do verbo deixar Mandei-o calar. verbo na 3ª pessoa, e não na 2ª.
(= Mandei que ele calasse), o= sujeito do verbo mandar. - Os pronomes oblíquos me, te, lhe, nos, vos, lhes (for-
os pronomes pessoais oblíquos nos, vos, e se recebem
mas de objeto indireto, 0I) juntam-se a o, a, os, as (formas
o nome de pronomes recíprocos quando expressam uma
de objeto direto), assim: me+o: mo/+a: ma/+ os: mos/+as:
ação mútua ou recíproca: Nós nos encontramos emocio-
mas: Recebi a carta e agradeci ao jovem, que me trouxe.
nados. (pronome recíproco, nós mesmos). Nunca diga: Eu
nos +o: no-lo / + a: no-la / + os: no-los / +as: no-las: Ven-
se apavorei. / Eu já se arrumei; Eu me apavorei. / Eu me
arrumei. (certos) deríamos a casa, se no-la exigissem. te+ o: to/+ a: ta/+ os:
- Os pronomes pessoais retos eu e tu serão substituí- tos/+ as: tas: Deite os meus melhores dias. Dei-tos. lhe+ o:
dos por mim e ti após preposição: O segredo ficará so- lho/+ a: lha/+ os: lhos/+ as:lhas: Ofereci-lhe flores. Ofereci
mente entre mim e ti. lhas. vos+ o: vo-lo/+ a: vo-la/+ os: vo-los/+ as: vo-las:
- É obrigatório o emprego dos pronomes pessoais eu e Pedi-vos conselho. Pedi vo-lo.
tu, quando funcionarem como Sujeito: Todos pediram para No Brasil, quase não se usam essas combinações (mo,
eu relatar os fatos cuidadosamente. (pronome reto + verbo to, lho, no-lo, vo-lo), são usadas somente em escritores
no infinitivo). Lembre-se de que mim não fala, não escreve, mais sofisticados.
não compra, não anda. Somente o Tarzã e o Capitão Ca-
verna dizem: mim gosta / mim tem / mim faz. / mim quer. Pronomes de Tratamento: São usados no trato com
- As formas oblíquas o, a, os, as são sempre emprega- as pessoas. Dependendo da pessoa a quem nos dirigimos,
das como complemento de verbos transitivos diretos ao do seu cargo, idade, título, o tratamento será familiar ou
passo que as formas lhe, lhes são empregadas como com- cerimonioso: Vossa Alteza-V.A.-príncipes, duques; Vossa
plementos de verbos transitivos indiretos; Dona Cecília, Eminência-V.Ema-cardeais; Vossa Excelência-V.Ex.a-altas
querida amiga, chamou-a. (verbo transitivo direto, VTD); autoridades, presidente, oficiais; Vossa Magnificência-V.
Minha saudosa comadre, Nircleia, obedeceu-lhe. (verbo Mag.a-reitores de universidades; Vossa Majestade-V.M.-
transitivo indireto,VTI) -reis, imperadores; Vossa Santidade-V.S.-Papa; Vossa Se-
- É comum, na linguagem coloquial, usar o brasileirís- nhoria-V.Sa-tratamento cerimonioso.
simo a gente, substituindo o pronome pessoal nós: A gente - São também pronomes de tratamento: o senhor, a
deve fazer caridade com os mais necessitados. senhora, a senhorita, dona, você.
- Os pronomes pessoais retos ele, eles, ela, elas, nós e - Doutor não é forma de tratamento, e sim título aca-
vós serão pronomes pessoais oblíquos quando emprega- dêmico. Nas comunicações oficiais devem ser utilizados
dos como complementos de um verbo e vierem precedi- somente dois fechos:
dos de preposição. O conserto da televisão foi feito por - Respeitosamente: para autoridades superiores, inclu-
ele. (ele= pronome oblíquo)
sive para o presidente da República.
- Os pronomes pessoais ele, eles e ela, elas podem se
- Atenciosamente: para autoridades de mesma hierar-
contrair com as preposições de e em: Não vejo graça nele./
quia ou de hierarquia inferior.
Já frequentei a casa dela.
- A forma Vossa (Senhoria, Excelência) é empregada
- Se os pronomes pessoais retos ele, eles, ela, elas es-
tiverem funcionando como sujeito, e houver uma prepo- quando se fala com a própria pessoa: Vossa Senhoria não
sição antes deles, não poderá haver uma contração: Está compareceu à reunião dos sem terra? (falando com a pes-
na hora de ela decidir seu caminho. (ela sujeito de decidir; soa)
sempre com verbo no infinitivo) - A forma Sua (Senhoria, Excelência ) é empregada
- Chamam-se pronomes pessoais reflexivos os prono- quando se fala sobre a pessoa: Sua Eminência, o cardeal,
mes pessoais que se referem ao sujeito: Eu me feri com viajou para um Congresso. (falando a respeito do cardeal)
o canivete. (eu 1ª pessoa sujeito / me pronome pessoal - Os pronomes de tratamento com a forma Vossa (Se-
reflexivo) nhoria, Excelência, Eminência, Majestade), embora indi-
- Os pronomes pessoais oblíquos se, si e consigo de- quem a 2ª pessoa (com quem se fala), exigem que outros
vem ser empregados somente como pronomes pessoais pronomes e o verbo sejam usados na 3ª pessoa. Vossa Ex-
reflexivos e funcionam como complementos de um verbo celência sabe que seus ministros o apoiarão.
na 3ª pessoa, cujo sujeito é também da 3ª pessoa: Nicole

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Possessivos: São os pronomes que indicam Esse (s), essa (s), isso: indicam o tempo passado há pou-
posse em relação às pessoas da fala. co ou o futuro em relação ao momento em se fala. Onde
Singular: 1ª pessoa: meu, meus, minha, minhas; 2ª pes- você esteve essa semana toda?
soa: teu, teus, tua, tuas; 3ª pessoa: seu, seus, sua, suas; Aquele (s), aquela (s), aquilo: indicam um tempo distan-
Plural: 1ª pessoa: nosso/os nossa/as, 2ª pessoa: vosso/ te em relação ao momento em que se fala. Bons tempos
os vossa/as. 3ª pessoa: seu, seus, sua, suas. aqueles em que brincávamos descalços na rua...

Emprego dos Pronomes Possessivos - dependendo do contexto, também são considerados


pronomes demonstrativos o, a, os, as, mesmo, próprio, se-
- O uso do pronome possessivo da 3ª pessoa pode melhante, tal, equivalendo a aquele, aquela, aquilo. O pró-
provocar, às vezes, a ambiguidade da frase. João Luís disse prio homem destrói a natureza; Depois de muito procurar,
que Laurinha estava trabalhando em seu consultório. achei o que queria; O professor fez a mesma observação;
- O pronome seu toma o sentido ambíguo, pois pode Estranhei semelhante coincidência; Tal atitude é inexplicá-
referir se tanto ao consultório de João Luís como ao de vel.
Laurinha. No caso, usa-se o pronome dele, dela para desfa- - para retomar elementos já enunciados, usamos aque-
zer a ambiguidade. le (e variações) para o elemento que foi referido em 1º lu-
- Os possessivos, às vezes, podem indicar aproxima- gar e este (e variações) para o que foi referido em último
ções numéricas e não posse: Cláudia e Haroldo devem ter lugar. Pais e mães vieram à festa de encerramento; aqueles,
seus trinta anos. sérios e orgulhosos, estas, elegantes e risonhas.
- Na linguagem popular, o tratamento seu como em: - dependendo do contexto os demonstrativos também
Seu Ricardo, pode entrar!, não tem valor possessivo, pois é servem como palavras de função intensificadora ou depre-
uma alteração fonética da palavra senhor ciativa. Júlia fez o exercício com aquela calma! (=expressão
intensificadora). Não se preocupe; aquilo é uma tranqueira!
- Os pronomes possessivos podem ser substantivados:
(=expressão depreciativa)
Dê lembranças a todos os seus.
- as formas nisso e nisto podem ser usadas com valor
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
de então ou nesse momento. A festa estava desanimada;
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
nisso, a orquestra atacou um samba é todos caíram na dan-
anotações.
ça.
- Usam-se elegantemente certos pronomes oblíquos:
- os demonstrativos esse, essa, são usados para desta-
me, te, lhe, nos, vos, com o valor de possessivos. Vou seguir-
car um elemento anteriormente expresso. Ninguém ligou
lhe os passos. (os seus passos) para o incidente, mas os pais, esses resolveram tirar tudo
- Deve-se observar as correlações entre os pronomes a limpo.
pessoais e possessivos. “Sendo hoje o dia do teu aniver-
sário, apresso-me em apresentar-te os meus sinceros pa- Pronomes Indefinidos: São aqueles que se referem à
rabéns; Peço a Deus pela tua felicidade; Abraça-te o teu 3ª pessoa do discurso de modo vago indefinido, impreci-
amigo que te preza.” so: Alguém disse que Paulo César seria o vencedor. Alguns
- Não se emprega o pronome possessivo (seu, sua) desses pronomes são variáveis em gênero e número; ou-
quando se trata de parte do corpo. Veja: “Um cavaleiro tros são invariáveis.
todo vestido de negro, com um falcão em seu ombro es- Variáveis: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco,
querdo e uma espada em sua, mão”. (usa-se: no ombro; na certo, vários, tanto, quanto, um, bastante, qualquer.
mão) Invariáveis: alguém, ninguém, tudo, outrem, algo,
quem, nada, cada, mais, menos, demais.
Pronomes Demonstrativos: Indicam a posição dos se-
res designados em relação às pessoas do discurso, situan- Emprego dos Pronomes Indefinidos
do-os no espaço ou no tempo. Apresentam-se em formas
variáveis e invariáveis. Não sei de pessoa alguma capaz de convencê-lo. (al-
guma, equivale a nenhum)
- Em relação ao espaço: - Em frases de sentido negativo, nenhum (e variações)
Este (s), esta (s), isto: indicam o ser ou objeto que está equivale ao pronome indefinido um: Fiquei sabendo que
próximo da pessoa que fala. ele não é nenhum ignorante.
Esse (s), essa (s), isso: indicam o ser ou objeto que está - O indefinido cada deve sempre vir acompanhado
próximo da pessoa,com quem se fala, que ouve (2ª pessoa) de um substantivo ou numeral, nunca sozinho: Ganharam
Aquele (s), aquela (s), aquilo: indicam o ser ou objeto cem dólares cada um. (inadequado: Ganharam cem dólares
que está longe de quem fala e da pessoa de quem se fala cada.)
(3ª pessoa) - Colocados depois do substantivo, os pronomes al-
gum/alguma ganham sentido negativo. Este ano, funcio-
- Em relação ao tempo: nário público algum terá aumento digno.
Este (s), esta (s), isto: indicam o tempo presente em re- - Colocados antes do substantivo, os pronomes al-
lação ao momento em que se fala. Este mês termina o pra- gum/alguma ganham sentido positivo. Devemos sempre
zo das inscrições para o vestibular da FAL. ter alguma esperança.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Certo, certa, certos, certas, vários, várias, são indefi- - O pronome cujo não admite artigo nem antes nem
nidos quando colocados antes do substantivo e adjetivos, depois de si.
quando colocados depois do substantivo: Certo dia perdi - O relativo onde é usado para indicar lugar e equivale
o controle da situação. (antes do substantivo= indefinido); a: em que, no qual: Desconheço o lugar onde vende tudo
Eles voltarão no dia certo. (depois do substantivo=adjeti- mais barato. (= lugar em que)
vo). - Quanto, quantos e quantas são relativos quando
- Todo, toda (somente no singular) sem artigo, equivale usados depois de tudo, todos, tanto: Naquele momento,
a qualquer: Todo ser nasce chorando. (=qualquer ser; inde- a querida comadre Naldete, falou tudo quanto sabia.
termina, generaliza).
- Outrem significa outra pessoa: Nunca se sabe o pen- Pronomes Interrogativos: São os pronomes em frases
samento de outrem. interrogativas diretas ou indiretas. Os principais interroga-
- Qualquer, plural quaisquer: Fazemos quaisquer ne- tivos são: que, quem, qual, quanto:
gócios. Afinal, quem foram os prefeitos desta cidade? (interro-
gativa direta, com o ponto de interrogação)
Locuções Pronominais Indefinidas: São locuções - Gostaria de saber quem foram os prefeitos desta ci-
pronominais indefinidas duas ou mais palavras que esqui- dade. (interrogativa indireta, sem a interrogação)
va em ao pronome indefinido: cada qual / cada um / quem
quer que seja / seja quem for / qualquer um / todo aquele EXERCÍCIOS
que / um ou outro / tal qual (=certo) / tal e, ou qual /
Reescreva os períodos abaixo, corrigindo-os quando
Pronomes Relativos: São aqueles que representam, for o caso:
numa 2ª oração, alguma palavra que já apareceu na oração
anterior. Essa palavra da oração anterior chama-se antece- 01. “Jamais haverá inimizade entre você e eu “, disse o
dente: Comprei um carro que é movido a álcool e à gaso- rapaz lamentando e chorando”.
lina. É Flex Power. Percebe-se que o pronome relativo que, 02. “Venha e traga contigo todo o material que estiver
substitui na 2ª oração, o carro, por isso a palavra que é um aí!”
pronome relativo. Dica: substituir que por o, a, os, as, qual 03. “Ela falou que era para mim comer, e depois, para
/ quais. mim sair dali.”
Os pronomes relativos estão divididos em variáveis e 04. Polidamente, mandei eles entrar e, depois, deixei
invariáveis. eles sentar”
Variáveis: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cujos, 05. “Durante toda a aula os alunos falaram sobre ti e
sobre mim.”
cuja, cujas, quanto, quantos;
06. “Comunico-lhe que, quanto ao livro, deram-no ao
Invariáveis: que, quem, quando, como, onde.
professor.”
07. “Informamo- lhe que tudo estava bem conosco e
Emprego dos Pronomes Relativos
com eles.”
08. “Espero que V. Exa. e vossa distinta consorte nos
- O relativo que, por ser o mais usado, é chamado de
honrem com vossa visita.
relativo universal. Ele pode ser empregado com referência
09. “Vossa Majestade, Senhor Rei, sois generoso e bom
à pessoa ou coisa, no plural ou no singular: Este é o CD para com o vosso povo.”
novo que acabei de comprar; João Adolfo é o cara que 10. “Ela irá com nós mesmo, disse o homem com voz
pedi a Deus. grave e solene.
- O relativo que pode ter por seu antecedente o pro- 11. “Ele falou do lugar onde foi com entusiasmo e sau-
nome demonstrativo o, a, os, as: Não entendi o que você dade ao mesmo tempo”
quis dizer. (o que = aquilo que). 12. “Você já sabe aonde ela foi com aquele canalha?
- O relativo quem refere se a pessoa e vem sempre 13. “Espero que ele vá ao colégio e leve consigo o livro
precedido de preposição: Marco Aurélio é o advogado a que me pertence.
quem eu me referi. 14. “Se vier, traga comigo o livro que lhe pedi”
- O relativo cujo e suas flexões equivalem a de que, 15. “Mandaram-no à delegacia para explicar o caso da
do qual, de quem e estabelecem relação de posse entre o morte.”
antecedente e o termo seguinte. (cujo, vem sempre entre 16. Enviaremos lhe todo o estoque que estiver dispo-
dois substantivos) nível.
- O pronome relativo pode vir sem antecedente claro, 17. “Para lhe dizer tudo, eu preciso de muito mais di-
explícito; é classificado, portanto, como relativo indefinido, nheiro.”
e não vem precedido de preposição: Quem casa quer casa; 18. “Ela me disse apenas isto: me deixe passar que eu
Feliz o homem cujo objetivo é a honestidade; Estas são as quero morrer.”
pessoas de cujos nomes nunca vou me esquecer. 19. “Me diga toda a verdade porque, assim as coisas
- Só se usa o relativo cujo quando o consequente é ficam mais fáceis.”
diferente do antecedente: O escritor cujo livro te falei é 20. “Tenho informado-o sobre todos os pormenores da
paulista. viagem.”

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LÍNGUA PORTUGUESA

21. “Mandei-te todo o material de que precisas.” 34. Em “Todo sistema coordenado é...........”. “Mas o pro-
22. “Dir-lhe-ei toda a verdade sobre o caso do roubo pósito de toda teoria física é.......”. As palavras destacadas
do banco.” são.... e significam, respectivamente:
23. Espero que lhe não digam nada a meu respeito. a) pronomes substantivos indefinidos qualquer e qual-
24. “Haviam-lhe informado que ela só chegaria depois quer
das três horas.” b) pronomes adjetivos indefinidos qualquer e inteiro
25. “Nesse ano, muitos alunos passarão no vestibular.” c) pronomes adjetivos demonstrativos inteiro e cada um
26. “Corria o ano de 1964. Neste ano houve uma revo- d) pronomes adjetivos indefinidos inteiro e qualquer
lução no Brasil.” e) pronomes adjetivos indefinidos qualquer e qualquer.
27. “Estes alunos que estão aqui podem sair, aqueles
irão depois.” Respostas:
28. “Os livros cujas páginas estiverem rasgadas serão 01 .... entre você e mim.
devolvidos.’ 02 ...Traga consigo...
29. “Apalpei-lhe as pernas que se deixavam entrever 03 ....para eu comer... para eu sair
pela saia rasgada.” 04 ... mandei-os entrar ... deixei-os sair
05 ...sobre ele...
30. “Agora, pegue a tua caneta e comece a substituir, 06 ...
abaixo os complementos grifados pelo pronome oblíquo 07 ...bem com nós
correspondente: 08 ...sua distinta ... com sua visita
a) Mandamos o filho ao colégio. 09 ...é generoso e ...seu povo...
b) Enviamos à menina um telegrama 10 ...
c) Informaram os meninos sobre a menina. 11 ... aonde
d) Fez o exercício corretamente. 12 ...
e) Diremos aos professores toda a verdade. 13 ...
f) Ela nunca obedece aos superiores. 14 ... traga consigo.
g) Ontem, ela viu você com outra. 15 ...
h) Chamei a amiga para a festa. 16 ... enviar-lhe-emos
17 ...
31. Indique quando, na segunda frase, ocorre a substi- 18 ...deixe-me passar
tuição errada das palavras destacadas na primeira, por um 19. Diga-me ...
pronome: 20. Tenho- o...
a) O gerente chamou os empregados. 21. Mandar- te- ei
O gerente chamou-os 22 ...
b) Quero muito a meu irmão. 23 ...
Quero-lhe muito. 24 ...
c) Perdoei sua falta por duas vezes. 25 ... neste ano
Perdoei-lhe por duas vezes 26 ...
d) Tentei convencer o diretor de que a solução não 27 ...
seria justa 28 ...
Tentei convencê-lo de que a solução não seria justa. 29 ...
e) A proposta não agradou aos jovens 30.
A proposta não lhe agradou. a) Mandamos-o...
b) Enviamos-lhe...
32. Numa das frases, está usado indevidamente um c) Informaram-nos
pronome de tratamento. Assinale-a: d) Fê-lo
a) Os Reitores das Universidades recebem o título de e) Dir-lhes-emos
Vossa Magnificência. f) Ela nunca lhes obedece
b) Senhor Deputado, peço a Vossa Excelência que con- g) ...ela o viu...
clua a sua oração. h) Chamei-a ...
c) Sua Eminência, o Papa Paulo VI, assistiu à solenidade. 31-A / 32-C /
d) Procurei a chefe da repartição, mas Sua Senhoria se
recusou a ouvir minhas explicações. 33-A

33. Em “O que estranhei é que as substâncias eram Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
transferidas........! frase, sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a pa-
a) artigo - expletivo lavra que não exerce função sintática; como o próprio nome
b) pronome pessoal - pronome relativo indica, é usada apenas para dar realce. Como partícula ex-
c) pronome demonstrativo - integrante pletiva, aparece também na expressão é que. Exemplo:
d) pronome demonstrativo - expletivo - Quase que não consigo chegar a tempo.
e) artigo - pronome relativo - Elas é que conseguiram chegar.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Como Pronome, a palavra que pode ser: - Não confunda locução prepositiva com locução ad-
verbial. Na locução adverbial, nunca há uma preposição
- Pronome Relativo: retoma um termo da oração an- no final, e sim no começo: Vimos de perto o fenômeno do
tecedente, projetando-o na oração consequente. Equivale “tsunami”. (locução adverbial); O acidente ocorreu perto
a o qual e flexões. Exemplo: Não encontramos as pessoas de meu atelier. (locução prepositiva)
que saíram. - Uma preposição ou locução prepositiva pode vir com
outra preposição: Abola passou por entre as pernas do go-
- Pronome Indefinido: nesse caso, pode funcionar leiro. Mas é inadequado dizer: Proibido para menores de
como pronome substantivo ou pronome adjetivo. até 18 anos; Financiamento em até 24 meses.

- Pronome Substantivo: equivale a que coisa. Quan- Combinações e Contrações


do for pronome substantivo, a palavra que exercerá as
funções próprias do substantivo (sujeito, objeto direto, Combinação: ocorre combinação quando não há per-
objeto indireto, etc.). Exemplo: Que aconteceu com você? da de fonemas: a+o,os= ao, aos / a+onde = aonde.
Contração: ocorre contração quando a preposição
- Pronome Adjetivo: determina um substantivo. Nes- perde fonemas: de+a, o, as, os, esta, este, isto =da, do, das,
se caso, exerce a função sintática de adjunto adnominal. dos, desta, deste, disto.
Exemplo: Que vida é essa? - em+ um, uma, uns, umas,isto, isso, aquilo, aquele,
aquela, aqueles, aquelas = num, numa, nuns, numas, nisto,
34-D nisso, naquilo, naquele, naquela, naqueles.
PREPOSIÇÃO - de+ entre, aquele, aquela, aquilo = dentre, daquele,
daquela, daquilo.
É a palavra invariável que liga um termo dependente a - para+ a = pra.
um termo principal, estabelecendo uma relação entre am- A contração da preposição a com os artigos ou prono-
bos. As preposições podem ser: essenciais ou acidentais. mes demonstrativos a, as, aquele, aquela, aquilo recebe o
As preposições essenciais atuam exclusivamente como nome de crase e é assinalada na escrita pelo acento grave
preposições. São: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, ficando assim: à, às, àquele, àquela, àquilo.
em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás. Exem-
plos: Não dê atenção a fofocas; Perante todos disse, sim. Valores das Preposições
As preposições acidentais são palavras de outras clas-
A (movimento=direção): Foram a Lucélia comemorar
ses que atuam eventualmente como preposições. São:
os Anos Dourados. modo: Partiu às pressas. tempo: Iremos
como (=na qualidade de), conforme (=de acordo com),
nos ver ao entardecer. A preposição a indica deslocamento
consoante, exceto, mediante, salvo, visto, segundo, senão,
rápido: Vamos à praia. (ideia de passear)
tirante: Agia conforme sua vontade. (= de acordo com)
Ante (diante de): Parou ante mim sem dizer nada, tan-
ta era a emoção. tempo (substituída por antes de): Preciso
- O artigo definido a que vem sempre acompanhado
chegar ao encontro antes das quatro horas.
de um substantivo, é flexionado: a casa, as casas, a árvore,
Após (depois de): Após alguns momentos desabou
as árvores, a estrela, as estrelas. A preposição a nunca vai
num choro arrependido.
para o plural e não estabelece concordância com o subs- Até (aproximação): Correu até mim. tempo: Certamen-
tantivo. Exemplo: Fiz todo o percurso a pé. (não há concor- te teremos o resultado do exame até a semana que vem.
dância com o substantivo masculino pé) Atenção: Se a preposição até equivaler a inclusive, será pa-
lavra de inclusão e não preposição. Os sonhadores amam
- As preposições essenciais são sempre seguidas dos até quem os despreza. (inclusive)
pronomes pessoais oblíquos: Despediu-se de mim rapida- Com (companhia): Rir de alguém é falta de caridade;
mente. Não vá sem mim. deve-se rir com alguém. causa: A cidade foi destruída com
o temporal. instrumento: Feriu-se com as próprias armas.
Locuções Prepositivas: É o conjunto de duas ou mais modo: Marfinha, minha comadre, veste-se sempre com
palavras que têm o valor de uma preposição. A última pa- elegância.
lavra é sempre uma preposição. Veja quais são: abaixo de, Contra (oposição, hostilidade): Revoltou-se contra a
acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo decisão do tribunal. direção a um limite: Bateu contra o
com, dentro de, embaixo de, em cima de, em frente a, em muro e caiu.
redor de, graças a, junto a, junto de, perto de, por causa De (origem): Descendi de pais trabalhadores e hones-
de, por cima de, por trás de, a fim de, além de, antes de, a tos. lugar: Os corruptos vieram da capital. causa: O bebê
par de, a partir de, apesar de, através de, defronte de, em chorava de fome. posse: Dizem que o dinheiro do povo su-
favor de, em lugar de, em vez de, (=no lugar de), ao invés miu. assunto: Falávamos do casamento da Mariele. matéria:
de (=ao contrário de), para com, até a. Era uma casa de sapé. A preposição de não deve contrair-
se com o artigo, que precede o sujeito de um verbo. É tem-
po de os alunos estudarem. (e não: dos alunos estudarem)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Desde (afastamento de um ponto no espaço): Essa ne- 04. Assinale a alternativa em que a norma culta não
blina vem desde São Paulo. tempo: Desde o ano passado aceita a contração da preposição de:
quero mudar de casa. a) Aos prantos, despedi-me dela.
Em (lugar): Moramos em Lucélia há alguns anos. maté- b) Está na hora da criança dormir.
ria: As queridas amigas Nilceia e Nadélgia moram em Curi- c) Falava das colegas em público.
tiba. especialidade: Minha amiga Cidinha formou-se em d) Retirei os livros das prateleiras para limpá-los.
Letras. tempo: Tudo aconteceu em doze horas. e) O local da chacina estava interditado.
Entre (posição entre dois limites): Convém colocar o
vidro entre dois suportes. 05. Assinale a alternativa em que a preposição destaca-
Para direção: Não lhe interessava mais ir para a Euro- da estabeleça o mesmo tipo de relação que na frase matriz:
pa. tempo: Pretendo vê-lo lá para o final da semana. finali- Criaram-se a pão e água.
dade: Lute sempre para viver com dignidade. A preposição a) Desejo todo o bem a você.
para indica de permanência definitiva. Vou para o litoral. b) A julgar por esses dados, tudo está perdido.
(ideia de morar) c) Feriram-me a pauladas.
Perante (posição anterior): Permaneceu calado peran- d) Andou a colher alguns frutos do mar.
te todos. e) Ao entardecer, estarei aí.
Por (percurso, espaço, lugar): Caminhava por ruas des-
conhecidas. causa: Por ser muito caro, não compramos um 06. Assinale a opção em que a preposição com traduz
DVD novo. espaço: Por cima dela havia um raio de luz. uma relação de instrumento:
Sem (ausência): Eu vou sem lenço sem documento. a) “Teria sorte nos outros lugares, com gente estranha.”
Sob (debaixo de / situação): Prefiro cavalgar sob o luar. b) “Com o meu avô cada vez mais perto de mim, o
Viveu, sob pressão dos pais. Santa Rosa seria um inferno.”
Sobre (em cima de, com contato): Colocou ás taças de c) “Não fumava, e nenhum livro com força de me pren-
cristal sobre a toalha rendada. assunto: Conversávamos der.”
sobre política financeira. d) “Trancava-me no quarto fugindo do aperreio, ma-
Trás (situação posterior; é preposição fora de uso. É tando-as com jornais.”
substituída por atrás de, depois de): Por trás desta carinha
e) “Andavam por cima do papel estendido com outras
vê-se muita falsidade.
já pregadas no breu.”
Curiosidade: O símbolo @ (arroba) significa AT em In-
07. “O policial recebeu o ladrão a bala. Foi necessário
glês, que em Português significa em. Portanto, o nome está
apenas um disparo; o assaltante recebeu a bala na cabeça e
at, em algum provedor.
morreu na hora.” No texto, os vocábulos em destaque são
respectivamente:
EXERCÍCIOS
a) preposição e artigo
01. Use o sinal de crase, se necessário: b) preposição e preposição
a) Não vai a festas nem a reuniões. c) artigo e artigo
b) Chegamos a Universidade as oito horas. d) artigo e preposição
e) artigo e pronome indefinido
02. No final da Guerra Civil americana, o ex-coronel
ianque (...) sai à caça do soldado desertor que realizou as- 08. “Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las
salto a trem com confederados. O uso da preposição com na bolsa.”, os vocábulos em destaque são, respectivamen-
permite diferentes interpretações da frase acima. te:
a) Reescreva-a de duas maneiras diversas, de modo a) pronome pessoal oblíquo, preposição, artigo
que haja um sentido diferente em cada uma. b) artigo, preposição, pronome pessoal oblíquo
b) Indique, para cada uma das reações, a noção expres- c) artigo, pronome demonstrativo, pronome pessoal
sa da preposição com. oblíquo
d) artigo, preposição, pronome demonstrativo
03. No trecho: “(O Rio) não se industrializou, deixou e) preposição, pronome demonstrativo, pronome pes-
explodir a questão social, fermentada por mais de dois mi- soal oblíquo.
lhões de favelados, e inchou, à exaustão, uma máquina ad-
ministrativa que não funciona...”, a preposição a (que está 09. Assinale a alternativa em que ocorre combinação
contraída com o artigo a) traduz uma relação de: de uma preposição com um pronome demonstrativo:
a) fim a) Estou na mesma situação.
b) causa b) Neste momento, encerramos nossas transmissões.
c) concessão c) Daqui não saio.
d) limite d) Ando só pela vida.
e) modo e) Acordei num lugar estranho.

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LÍNGUA PORTUGUESA

10. Classifique a palavra como nas construções seguin- Subordinativas - ligam duas orações dependentes, su-
tes, numerando, convenientemente, os parênteses. A se- bordinando uma à outra. Apresentam dez tipos:
guir, assinale a alternativa correta: - causais: porque, visto que, já que, uma vez que,
1) Preposição como, desde que;
2) Conjunção Subordinativa Causal - comparativas: como, (tal) qual, assim como, (tanto)
3) Conjunção Subordinativa Conformativa quanto, (mais ou menos +) que;
4) Conjunção Coordenativa Aditiva - condicionais: se, caso, contanto que, desde que,
5) Advérbio Interrogativo de Modo salvo se, sem que (= se não), a menos que;
- consecutivas (conseqüência, resultado, efeito): que
(     ) Perguntamos como chegaste aqui. (precedido de tal, tanto, tão etc. - indicadores de inten-
(     ) Percorrera as salas como eu mandara. sidade), de modo que, de maneira que, de sorte que, de
(     ) Tinha-o como amigo. maneira que, sem que;
(     ) Como estivesse muito frio, fiquei em casa. - conformativas (conformidade, adequação): confor-
(     ) Tanto ele como o irmão são meus amigos. me, segundo, consoante, como;
- concessiva: embora, conquanto, posto que, por
a) 2 - 4 - 5 - 3 – 1
muito que, se bem que, ainda que, mesmo que;
b) 4 -5 - 3 - 1 – 2
- temporais: quando, enquanto, logo que, desde que,
c) 5 - 3 - 1 - 2 – 4
assim que, mal (= logo que), até que;
d) 3 - 1 - 2 - 4 – 5
e) 1 - 2 - 4 - 5 - 3 - finais - a fim de que, para que, que;
- proporcionais: à medida que, à proporção que, ao
RESOLUÇÃO: passo que, quanto mais (+ tanto menos);
- integrantes - que, se.
01 - a) --------- b) Chegamos a Universidade às oito As conjunções integrantes introduzem as orações
horas. subordinadas substantivas, enquanto as demais iniciam
02 orações subordinadas adverbiais. Muitas vezes a função
a) 1. No final da Guerra Civil americana, o ex-coronel de interligar orações é desempenhada por locuções con-
ianque (...) sai à caça do soldado desertor que realizou as- juntivas, advérbios ou pronomes.
salto a trem que levava confederados. 2. No final da Guerra
Civil americana, o ex-coronel ianque (...) sai à caça do sol- INTERJEIÇÃO
dado desertor, que, com confederados, realizou assalto a
trem. É a palavra invariável que exprime emoções, sensa-
b) Na frase 1, com indica a relação continente-conteú- ções, estados de espírito ou apelos: As interjeições são
do, (trem-soldados), como em copo com água. Na frase 2, como que frases resumidas: Ué ! =Eu não esperava essa!
com  indica “em companhia de”. Em 1, com introduz um São proferidas com entonação especial, que se represen-
adjunto adnominal (de trem); em 2, introduz um adjunto ta, na escrita, com o ponto de exclamação(!)
adverbial de companhia. Locução Interjetiva: É o conjunto de duas ou mais
palavras com valor de uma interjeição: Muito bem! Que
03-E / 04-B / 05-C / 06-D / 07-A / 08-B / 09-B / 10-C / pena! Quem me dera! Puxa, que legal!
CONJUNÇÃO Classificação das Interjeições e Locuções Interjeti-
vas
É a palavra que liga orações basicamente, estabelecen-
do entre elas alguma relação (subordinação ou coordena-
As interjeições e as locuções interjetivas são classifi-
ção). As conjunções classificam-se em:
cadas,’de acordo com o sentido que elas expressam em
Coordenativas, aquelas que ligam duas orações inde-
determinado contexto. Assim, uma mesma palavra ou ex-
pendentes (coordenadas), ou dois termos que exercem a
mesma função sintática dentro da oração. Apresentam cin- pressão pode exprimir emoções variadas.
co tipos: Admiração ou Espanto: Oh!, Caramba!, Oba!, Nossa!,
- aditivas (adição): e, nem, mas também, como tam- Meu Deus!, Céus!
bém, bem como, mas ainda; Advertência: Cuidado!, Atenção!, Alerta!, Calma!,
- adversativas (adversidade, oposição): mas, porém, Alto!, Olha lá!
todavia, contudo, antes (= pelo contrário), não obstante, Alegria: Viva!, Oba!, Que bom!, Oh!, Ah!;
apesar disso; Ânimo: Avante!, Ânimo!, Vamos!, Força!, Eia!, Toca!
- alternativas (alternância, exclusão, escolha): ou, ou ... Aplauso: Bravo!, Parabéns!, Muito bem!
ou, ora ... ora, quer ... quer; Chamamento: Olá!, Alô!, Psiu!, Psit!
- conclusivas (conclusão): logo, portanto, pois (depois Aversão: Droga!, Raios!, Xi!, Essa não!, lh!
do verbo), por conseguinte, por isso; Medo: Cruzes!, Credo!, Ui!, Jesus!, Uh! Uai!
- explicativas (justificação): - pois (antes do verbo), Pedido de Silêncio: Quieto!, Bico fechado!, Silêncio!,
porque, que, porquanto. Chega!, Basta!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Saudação: Oi!, Olá!, Adeus!, Tchau! 07. A flexão do número incorreta é:


Concordância: Claro!, Certo!, Sim!, Sem dúvida! a) tabelião - tabeliães.
Desejo: Oxalá!, Tomara!, Pudera!, Queira Deus! Quem b) melão - melões.
me dera! c) ermitão - ermitões.
d) chão - chãos.
Observe na relação acima, que as interjeições muitas e) catalão - catalões.
vezes são formadas por palavras de outras classes gramati-
cais: Cuidado! Não beba ao dirigir! (cuidado é substantivo). 08. Dos verbos abaixo apenas um é regular, identifi-
que-o:
EXERCÍCIO GERAL a) pôr.
b) adequar.
01. A alternativa que apresenta classes de palavras c) copiar.
cujos sentidos podem ser modificados pelo advérbio são: d) reaver.
a) adjetivo - advérbio - verbo. e) brigar.
b) verbo - interjeição - conjunção.
c) conjunção - numeral - adjetivo. 09. A alternativa que não apresenta erro de flexão ver-
d) adjetivo - verbo - interjeição. bal no presente do indicativo é:
e) interjeição - advérbio - verbo. a) reavejo (reaver).
b) precavo (precaver).
02. Das palavras abaixo, faz plural como “assombra- c) coloro (colorir).
ções” d) frijo (frigir).
a) perdão. e) fedo (feder).
b) bênção.
c) alemão. 10. A classe de palavras que é empregada para exprimir
d) cristão. estados emotivos:
e) capitão. a) adjetivo.
b) interjeição.
03. Na oração “Ninguém está perdido se der amor...”, a c) preposição.
palavra grifada pode ser classificada como: d) conjunção.
a) advérbio de modo. e) advérbio.
b) conjunção adversativa.
c) advérbio de condição. Respostas: 1-A / 2-A / 3-D / 4-A / 5-E / 6-B / 7-E / 8-E
d) conjunção condicional. / 9-D / 10-B /
e) preposição essencial.

04. Marque a frase em que o termo destacado expressa


circunstância de causa: 6. EMPREGO DO SINAL
a) Quase morri de vergonha. INDICATIVO DE CRASE.
b) Agi com calma.
c) Os mudos falam com as mãos.
d) Apesar do fracasso, ele insistiu.
e) Aquela rua é demasiado estreita. Crase

05. “Enquanto punha o motor em movimento.” O ver- Crase é a superposição de dois “a”, geralmente a pre-
bo destacado encontra-se no: posição “a” e o artigo a(s), podendo ser também a prepo-
a) Presente do subjuntivo. sição “a” e o pronome demonstrativo a(s) ou a preposição
b) Pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo. “a” e o “a” inicial dos pronomes demonstrativos aqueles(s),
c) Presente do indicativo. aquela(s) e aquilo. Essa superposição é marcada por um
d) Pretérito mais-que-perfeito do indicativo. acento grave (`).
e) Pretérito imperfeito do indicativo. Assim, em vez de escrevermos “entregamos a merca-
doria a a vendedora”, “esta blusa é igual a a que com-
06. Aponte a opção em que muito é pronome indefi- praste” ou “eles deveriam ter comparecido a aquela festa”,
nido: devemos sobrepor os dois “a” e indicar esse fato com um
a) O soldado amarelo falava muito bem. acento grave: “Entregamos a mercadoria à vendedora”.
b) Havia muito bichinho ruim. “Esta blusa é igual à que compraste”. “Eles deveriam ter
c) Fabiano era muito desconfiado. comparecido àquela festa.”
d) Fabiano vacilava muito para tomar decisão. O acento grave que aparece sobre o “a” não constitui,
e) Muito eficiente era o soldado amarelo. pois, a crase, mas é um mero sinal gráfico que indica ter
havido a união de dois “a” (crase).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Para haver crase, é indispensável a presença da prepo- - Antes de pronome interrogativo, não ocorre crase:
sição “a”, que é um problema de regência. Por isso, quanto A que artista te referes?
mais conhecer a regência de certos verbos e nomes, mais
fácil será para ele ter o domínio sobre a crase. - Na expressão valer a pena (no sentido de valer o
sacrifício, o esforço), não ocorre crase, pois o “a” é ar-
Não existe Crase tigo definido: Parodiando Fernando Pessoa, tudo vale a
pena quando a alma não é pequena...
- Antes de palavra masculina: Chegou a tempo ao
trabalho; Vieram a pé; Vende-se a prazo. A Crase é Facultativa
- Antes de verbo: Ficamos a admirá-los; Ele começou
- Antes de nomes próprios feminino: Enviamos um
a ter alucinações.
telegrama à Marisa; Enviamos um telegrama a Marisa. Em
- Antes de artigo indefinido: Levamos a mercadoria a português, antes de um nome de pessoa, pode-se ou não
uma firma; Refiro-me a uma pessoa educada. empregar o artigo “a” (“A Marisa é uma boa menina”. Ou
“Marisa é uma boa menina”). Por isso, mesmo que a prepo-
- Antes de expressão de tratamento introduzida sição esteja presente, a crase é facultativa. Quando o nome
pelos pronomes possessivos Vossa ou Sua ou ainda da próprio feminino vier acompanhado de uma expressão que
expressão Você, forma reduzida de Vossa Mercê: Enviei o determine, haverá crase porque o artigo definido estará
dois ofícios a Vossa Senhoria; Traremos a Sua Majestade, o presente. Dedico esta canção à Candinha do Major Queve-
rei Hubertus, uma mensagem de paz; Eles queriam oferecer do. [A (artigo) Candinha do Major Quevedo é fanática por
flores a você. seresta.]

- Antes dos pronomes demonstrativos esta e essa: - Antes de pronome adjetivo possessivo feminino
Não me refiro a esta carta; Os críticos não deram impor- singular: Pediu informações à minha secretária; Pediu in-
tância a essa obra. formações a minha secretária. A explicação é idêntica à do
item anterior: o pronome adjetivo possessivo aceita arti-
- Antes dos pronomes pessoais: Nada revelei a ela; go, mas não o exige (“Minha secretária é exigente.” Ou:
Dirigiu-se a mim com ironia.
“A minha secretária é exigente”). Portanto, mesmo com a
presença da preposição, a crase é facultativa.
- Antes dos pronomes indefinidos com exceção de
outra: Direi isso a qualquer pessoa; A entrada é vedada a
toda pessoa estranha. Com o pronome indefinido outra(s), - Com o pronome substantivo possessivo feminino
pode haver crase porque ele, às vezes, aceita o artigo defi- singular, o uso de acento indicativo de crase não é facul-
nido a(s): As cartas estavam colocadas umas às outras (no tativo (conforme o caso, será proibido ou obrigatório): A
masculino, ficaria “os cartões estavam colocados uns aos minha cidade é melhor que a tua. O acento indicativo de
outros”). crase é proibido porque, no masculino, ficaria assim: O meu
sítio é melhor que o teu (não há preposição, apenas o arti-
- Quando o “a” estiver no singular e a palavra se- go definido). Esta gravura é semelhante à nossa. O acento
guinte estiver no plural: Falei a vendedoras desta firma; indicativo de crase é obrigatório porque, no masculino, fi-
Refiro-me a pessoas curiosas. caria assim: Este quadro é semelhante ao nosso (presença
de preposição + artigo definido).
- Quando, antes do “a”, existir preposição: Ela com-
pareceu perante a direção da empresa; Os papéis estavam Casos Especiais
sob a mesa. Exceção feita, às vezes, para até, por motivo de
clareza: A água inundou a rua até à casa de Maria (= a água - Nomes de localidades: Dentre as localidades, há
chegou perto da casa); se não houvesse o sinal da crase, o as que admitem artigo antes de si e as que não o admi-
sentido ficaria ambíguo: a água inundou a rua até a casa tem. Por aí se deduz que, diante das primeiras, desde que
de Maria (= inundou inclusive a casa). Quando até signifi-
comprovada a presença de preposição, pode ocorrer cra-
ca “perto de”, é preposição; quando significa “inclusive”, é
se; diante das segundas, não. Para se saber se o nome de
partícula de inclusão.
uma localidade aceita artigo, deve-se substituir o verbo da
- Com expressões repetitivas: Tomamos o remédio frase pelos verbos estar ou vir. Se ocorrer a combinação
gota a gota; Enfrentaram-se cara a cara. “na” com o verbo estar ou “da” com o verbo vir, haverá
crase com o “a” da frase original. Se ocorrer “em” ou “de”,
- Com expressões tomadas de maneira indetermi- não haverá crase: Enviou seus representantes à Paraíba (es-
nada: O doente foi submetido a dieta leve (no masc. = tou na Paraíba; vim da Paraíba); O avião dirigia-se a Santa
foi submetido a repouso, a tratamento prolongado, etc.); Catarina (estou em Santa Catarina; vim de Santa Catarina);
Prefiro terninho a saia e blusa (no masc. = prefiro terninho Pretendo ir à Europa (estou na Europa; vim da Europa). Os
a vestido). nomes de localidades que não admitem artigo passarão a

67
LÍNGUA PORTUGUESA

admiti-lo, quando vierem determinados. Porto Alegre in- tantivo masculino. Se o “a” se transforma em “ao”, há cra-
determinadamente não aceita artigo: Vou a Porto Alegre se diante do relativo. Mas, se o “a” permanece inalterado
(estou em Porto Alegre; vim de Porto Alegre); Mas, acom- ou se transforma em “o”, então não há crase: é preposição
panhando-se de uma expressão que a determine, passará pura ou pronome demonstrativo: A fábrica a que me refiro
a admiti-lo: Vou à grande Porto Alegre (estou na grande precisa de empregados. (O escritório a que me refiro preci-
Porto Alegre; vim da grande Porto Alegre); Iríamos a Madri sa de empregados.); A carreira à qual aspiro é almejada por
para ficar três dias; Iríamos à Madri das touradas para ficar muitos. (O trabalho ao qual aspiro é almejado por muitos.).
três dias. Na passagem do antecedente para o masculino, o pronome
relativo não pode ser substituído, sob pena de falsear o re-
- Pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), sultado: A festa a que compareci estava linda (no masculino
aquilo: quando a preposição “a” surge diante desses de- = o baile a que compareci estava lindo). Como se viu, subs-
monstrativos, devemos sobrepor essa preposição à primei- tituímos festa por baile, mas o pronome relativo que não foi
ra letra dos demonstrativos e indicar o fenômeno mediante substituído por nenhum outro (o qual etc.).
um acento grave: Enviei convites àquela sociedade (= a +
aquela); A solução não se relaciona àqueles problemas (= a A Crase é Obrigatória
+ aqueles); Não dei atenção àquilo (= a + aquilo). A simples
interpretação da frase já nos faz concluir se o “a” inicial do - Sempre haverá crase em locuções prepositivas, lo-
demonstrativo é simples ou duplo. Entretanto, para maior cuções adverbiais ou locuções conjuntivas que tenham
segurança, podemos usar o seguinte artifício: Substituir os como núcleo um substantivo feminino: à queima-roupa, à
demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo pelos demons- maneira de, às cegas, à noite, às tontas, à força de, às vezes,
trativos este(s), esta(s), isto, respectivamente. Se, antes des- às escuras, à medida que, às pressas, à custa de, à vontade
tes últimos, surgir a preposição “a”, estará comprovada a (de), à moda de, às mil maravilhas, à tarde, às oito horas, às
hipótese do acento de crase sobre o “a” inicial dos prono- dezesseis horas, etc. É bom não confundir a locução adver-
mes aquele(s), aquela(s), aquilo. Se não surgir a preposição bial às vezes com a expressão fazer as vezes de, em que não
“a”, estará negada a hipótese de crase. Enviei cartas àquela há crase porque o “as” é artigo definido puro: Ele se aborre-
empresa./ Enviei cartas a esta empresa; A solução não se ce às vezes (= ele se aborrece de vez em quando); Quando o
relaciona àqueles problemas./ A solução não se relaciona a maestro falta ao ensaio, o violinista faz as vezes de regente
estes problemas; Não dei atenção àquilo./ Não dei atenção (= o violinista substitui o maestro).
a isto; A solução era aquela apresentada ontem./ A solu-
ção era esta apresentada ontem. - Sempre haverá crase em locuções que exprimem
hora determinada: Ele saiu às treze horas e trinta minutos;
- Palavra “casa”: quando a expressão casa significa Chegamos à uma hora. Cuidado para não confundir a, à e há
“lar”, “domicílio” e não vem acompanhada de adjetivo ou com a expressão uma hora: Disseram-me que, daqui a uma
locução adjetiva, não há crase: Chegamos alegres a casa; hora, Teresa telefonará de São Paulo (= faltam 60 minutos
Assim que saiu do escritório, dirigiu-se a casa; Iremos a para o telefonema de Teresa); Paula saiu daqui à uma hora;
casa à noitinha. Mas, se a palavra casa estiver modificada duas horas depois, já tinha mudado todos os seus planos (=
por adjetivo ou locução adjetiva, então haverá crase: Leva- quando ela saiu, o relógio marcava 1 hora); Pedro saiu daqui
ram-me à casa de Lúcia; Dirigiram-se à casa das máquinas; há uma hora (= faz 60 minutos que ele saiu).
Iremos à encantadora casa de campo da família Sousa.
- Quando a expressão “à moda de” (ou “à maneira
- Palavra “terra”: Não há crase, quando a palavra ter- de”) estiver subentendida: Nesse caso, mesmo que a pala-
ra significa o oposto a “mar”, “ar” ou “bordo”: Os marinhei- vra subsequente seja masculina, haverá crase: No banquete,
ros ficaram felizes, pois resolveram ir a terra; Os astronau- serviram lagosta à Termidor; Nos anos 60, as mulheres se
tas desceram a terra na hora prevista. Há crase, quando a apaixonavam por homens que tinham olhos à Alain Delon.
palavra significa “solo”, “planeta” ou “lugar onde a pessoa
nasceu”: O colono dedicou à terra os melhores anos de sua - Quando as expressões “rua”, “loja”, “estação de rá-
vida; Voltei à terra onde nasci; Viriam à Terra os marcianos? dio”, etc. estiverem subentendidas: Dirigiu-se à Marechal
Floriano (= dirigiu-se à Rua Marechal Floriano); Fomos à
- Palavra “distância”: Não se usa crase diante da pa- Renner (fomos à loja Renner); Telefonem à Guaíba (= telefo-
lavra distância, a menos que se trate de distância determi- nem à rádio Guaíba).
nada: Via-se um monstro marinho à distância de quinhen-
tos metros; Estávamos à distância de dois quilômetros do - Quando está implícita uma palavra feminina: Esta
sítio, quando aconteceu o acidente. Mas: A distância, via-se religião é semelhante à dos hindus (= à religião dos hindus).
um barco pesqueiro; Olhava-nos a distância.
- Não confundir devido com dado (a, os, as): a primei-
- Pronome Relativo: Todo pronome relativo tem um ra expressão pede preposição “a”, havendo crase antes de
substantivo (expresso ou implícito) como antecedente. palavra feminina determinada pelo artigo definido. Devido
Para saber se existe crase ou não diante de um pronome à discussão de ontem, houve um mal-estar no ambiente (=
relativo, deve-se substituir esse antecedente por um subs- devido ao barulho de ontem, houve...); A segunda expres-

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LÍNGUA PORTUGUESA

são não aceita preposição “a” (o “a” que aparece é artigo 05. Em qual das alternativas o uso do acento indicativo
definido, não havendo, pois, crase): Dada a questão pri- de crase é facultativo?
mordial envolvendo tal fato (= dado o problema primor- a) Minhas idéias são semelhantes às suas.
dial...); Dadas as respostas, o aluno conferiu a prova (= da- b) Ele tem um estilo à Eça de Queiroz.
dos os resultados...). c) Dei um presente à Mariana.
d) Fizemos alusão à mesma teoria.
Excluída a hipótese de se tratar de qualquer um dos e) Cortou o cabelo à Gal Costa.
casos anteriores, devemos substituir a palavra feminina por
outra masculina da mesma função sintática. Se ocorrer “ao” 06. “O pobre fica ___ meditar, ___ tarde, indiferente ___
no masculino, haverá crase no “a” do feminino. Se ocorrer que acontece ao seu redor”.
“a” ou “o” no masculino, não haverá crase no “a” do fe- a) à - a - aquilo
minino. O problema, para muitos, consiste em descobrir b) a - a - àquilo
o masculino de certas palavras como “conclusão”, “vezes”, c) a - à - àquilo
“certeza”, “morte”, etc. É necessário então frisar que não d) à - à - aquilo
há necessidade alguma de que a palavra masculina tenha e) à - à - àquilo
qualquer relação de sentido com a palavra feminina: deve
apenas ter a mesma função sintática: Fomos à cidade com- 07. “A casa fica ___ direita de quem sobe a rua, __ duas
prar carne. (ao supermercado); Pedimos um favor à direto- quadras da Avenida Central”.
ra. (ao diretor); Muitos são incensíveis à dor alheia. (ao so- a) à - há
frimento); Os empregados deixam a fábrica. (o escritório); b) a - à
O perfume cheira a rosa. (a cravo); O professor chamou a c) a - há
aluna. (o aluno). d) à - a
e) à - à
Exercícios
08. “O grupo obedece ___ comando de um pernambu-
01. A crase não é admissível em:
cano, radicado __ tempos em São Paulo, e se exibe diaria-
a) Comprou a crédito.
mente ___ hora do almoço”.
b) Vou a casa de Maria.
a) o - à - a
c) Fui a Bahia.
b) ao - há - à
d) Cheguei as doze horas.
c) ao - a - a
e) A sentença foi favorável a ré.
d) o - há - a
e) o - a - a
02. Assinale a opção em que falta o acento de crase:
a) O ônibus vai chegar as cinco horas.
b) Os policiais chegarão a qualquer momento. 09. “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ pro-
c) Não sei como responder a essa pergunta. blemas já expostos __ V.Sª __ alguns dias”.
d) Não cheguei a nenhuma conclusão. a) à - àqueles - a - há
b) a - àqueles - a - há
03. Assinale a alternativa correta: c) a - aqueles - à - a
a) O ministro não se prendia à nenhuma dificuldade d) à - àqueles - a - a
burocrática. e) a - aqueles - à - há
b) O presidente ia a pé, mas a guarda oficial ia à cavalo.
c) Ouviu-se uma voz igual à que nos chamara anterior- 10. Assinale a frase gramaticalmente correta:
mente. a) O Papa caminhava à passo firme.
d) Solicito à V. Exa. que reconheça os obstáculos que b) Dirigiu-se ao tribunal disposto à falar ao juiz.
estamos enfrentando. c) Chegou à noite, precisamente as dez horas.
d) Esta é a casa à qual me referi ontem às pressas.
04. Marque a alternativa correta quanto ao acento in- e) Ora aspirava a isto, ora aquilo, ora a nada.
dicativo da crase:
a) A cidade à que me refiro situa-se em plena floresta, 11. O Ministro informou que iria resistir __ pressões
a algumas horas de Manaus. contrárias __ modificações relativas __ aquisição da casa
b) De hoje à duas semanas estaremos longe, a muitos própria.
quilômetros daqui, a gozar nossas merecidas férias. a) às - àquelas - à
c) As amostras que servirão de base a nossa pesquisa b) as - aquelas - a
estão há muito tempo à disposição de todos. c) às - àquelas - a
d) À qualquer distância percebia-se que, à falta de cui- d) às - aquelas - à
dados, a lavoura amarelecia e murchava. e) as - àquelas - à

69
LÍNGUA PORTUGUESA

12. A alusão ___ lembranças da casa materna trazia ___ Na oração as palavras estão relacionadas entre si,
tona uma vivência ___ qual já havia renunciado. como partes de um conjunto harmônico: elas formam os
a) às - a - a termos ou as unidades sintáticas da oração. Cada termo
b) as - à - há da oração desempenha uma função sintática. Geralmen-
c) as - a - à te apresentam dois grupos de palavras: um grupo sobre o
d) às - à - à qual se declara alguma coisa (o sujeito), e um grupo que
e) às - a - há apresenta uma declaração (o predicado), e, excepcional-
mente, só o predicado. Exemplo:
13. Use a chave ao sair ou entrar ___ 20 horas.
a) após às A menina banhou-se na cachoeira.
b) após as A menina – sujeito
c) após das banhou-se na cachoeira – predicado
d) após a
e) após à Choveu durante a noite. (a oração toda predicado)
O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver-
14. ___ dias não se consegue chegar ___ nenhuma das lo- bo em número e pessoa. É normalmente o “ser de quem se
calidades ___ que os socorros se destinam. declara algo”, “o tema do que se vai comunicar”.
a) Há - à - a O predicado é a parte da oração que contém “a infor-
b) A - a - a mação nova para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere
c) À - à - a ao sujeito, constituindo a declaração do que se atribui ao
d) Há - a - a sujeito.
e) À - a - a
Observe: O amor é eterno. O tema, o ser de quem se
15. Fique __ vontade; estou ___ seu inteiro dispor para ou- declara algo, o sujeito, é “O amor”. A declaração referente
vir o que tem ___ dizer. a “o amor”, ou seja, o predicado, é “é eterno”.
a) a - à – a
b) à - a – a
Já na frase: Os rapazes jogam futebol. O sujeito é “Os
c) à - à – a
rapazes”, que identificamos por ser o termo que concorda
d) à - à – à
em número e pessoa com o verbo “jogam”. O predicado é
e) a - a - a
“jogam futebol”.
Núcleo de um termo é a palavra principal (geralmente
Respostas: (1-A) (2-A) (3-C) (4-C)
um substantivo, pronome ou verbo), que encerra a essên-
cia de sua significação. Nos exemplos seguintes, as pala-
a – é facultativo o uso de crase antes de pronome adjetivo
possessivo feminino singular (nossa). vras amigo e revestiu são o núcleo do sujeito e do predica-
à - Sempre haverá crase em locuções prepositivas, locu- do, respectivamente:
ções adverbiais ou locuções conjuntivas que tenham como “O amigo retardatário do presidente prepara-se para
núcleo um substantivo feminino (à disposição). desembarcar.” (Aníbal Machado)
A avezinha revestiu o interior do ninho com macias plu-
(5-C) (6-C) (7-D) (8-B) (9-B) (10-D) (11-A) (12-D) (13-B) mas.
(14-D) (15-B) Os termos da oração da língua portuguesa são classifi-
cados em três grandes níveis:
- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e Predicado.
- Termos Integrantes da Oração: Complemento No-
7. SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO. minal e Complementos Verbais (Objeto Direto, Objeto in-
direto e Agente da Passiva).
- Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal,
Oração: é todo enunciado linguístico dotado de sentido, po- Adjunto Adverbial, Aposto e Vocativo.
rém há, necessariamente, a presença do verbo. A oração encerra
uma frase (ou segmento de frase), várias frases ou um período, - Termos Essenciais da Oração: São dois os termos
completando um pensamento e concluindo o enunciado através essenciais (ou fundamentais) da oração: sujeito e predicado.
de ponto final, interrogação, exclamação e, em alguns casos, atra- Exemplos:
vés de reticências. Em toda oração há um verbo ou locução verbal
(às vezes elípticos). Não têm estrutura sintática, portanto não são Sujeito Predicado
orações, não podem ser analisadas sintaticamente frases como:
Socorro! Pobreza não é vileza.
Com licença! Os sertanistas capturavam os índios.
Que rapaz impertinente!
Um vento áspero sacudia as árvores.
Muito riso, pouco siso.
“A bênção, mãe Nácia!” (Raquel de Queirós)

70
LÍNGUA PORTUGUESA

Sujeito: é equivocado dizer que o sujeito é aquele que Exemplos:


pratica uma ação ou é aquele (ou aquilo) do qual se diz
alguma coisa. Ao fazer tal afirmação estamos considerando Eu acompanho você até o guichê.
o aspecto semântico do sujeito (agente de uma ação) ou eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa
o seu aspecto estilístico (o tópico da sentença). Já que o Vocês disseram alguma coisa?
sujeito é depreendido de uma análise sintática, vamos res- vocês: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa
tringir a definição apenas ao seu papel sintático na senten- Marcos tem um fã-clube no seu bairro.
ça: aquele que estabelece concordância com o núcleo do Marcos: sujeito = substantivo próprio
predicado. Quando se trata de predicado verbal, o núcleo Ninguém entra na sala agora.
é sempre um verbo; sendo um predicado nominal, o núcleo ninguém: sujeito = pronome substantivo
é sempre um nome. Então têm por características básicas: O andar deve ser uma atividade diária.
- estabelecer concordância com o núcleo do predicado; o andar: sujeito = núcleo: verbo substantivado nessa
- apresentar-se como elemento determinante em rela- oração
ção ao predicado;
- constituir-se de um substantivo, ou pronome subs- Além dessas formas, o sujeito também pode se cons-
tantivo ou, ainda, qualquer palavra substantivada. tituir de uma oração inteira. Nesse caso, a oração recebe o
nome de oração substantiva subjetiva:
Exemplos:
É difícil optar por esse ou aquele doce...
A padaria está fechada hoje. É difícil: oração principal
está fechada hoje: predicado nominal optar por esse ou aquele doce: oração substantiva
fechada: nome adjetivo = núcleo do predicado subjetiva
a padaria: sujeito
padaria: núcleo do sujeito - nome feminino singular O sujeito é constituído por um substantivo ou pro-
nome, ou por uma palavra ou expressão substantivada.
Nós mentimos sobre nossa idade para você. Exemplos:
mentimos sobre nossa idade para você: predicado
verbal O sino era grande.
mentimos: verbo = núcleo do predicado Ela tem uma educação fina.
nós: sujeito Vossa Excelência agiu como imparcialidade.
Isto não me agrada.
No interior de uma sentença, o sujeito é o termo de-
terminante, ao passo que o predicado é o termo determi- O núcleo (isto é, a palavra base) do sujeito é, pois, um
nado. Essa posição de determinante do sujeito em relação substantivo ou pronome. Em torno do núcleo podem apa-
ao predicado adquire sentido com o fato de ser possível, na recer palavras secundárias (artigos, adjetivos, locuções ad-
língua portuguesa, uma sentença sem sujeito, mas nunca jetivas, etc.) Exemplo:
uma sentença sem predicado. “Todos os ligeiros rumores da mata tinham uma voz
Exemplos: para a selvagem filha do sertão.” (José de Alencar)

As formigas invadiram minha casa. O sujeito pode ser:


as formigas: sujeito = termo determinante
invadiram minha casa: predicado = termo determinado Simples: quando tem um só núcleo: As rosas têm es-
pinhos; “Um bando de galinhas-d’angola atravessa a rua
Há formigas na minha casa. em fila indiana.”
há formigas na minha casa: predicado = termo deter- Composto: quando tem mais de um núcleo: “O burro
minado e o cavalo nadavam ao lado da canoa.”
sujeito: inexistente Expresso: quando está explícito, enunciado: Eu viajarei
amanhã.
O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma Oculto (ou elíptico): quando está implícito, isto é,
nominal, isto é, seu núcleo é sempre um nome. Quando quando não está expresso, mas se deduz do contexto: Via-
esse nome se refere a objetos das primeira e segunda pes- jarei amanhã. (sujeito: eu, que se deduz da desinência do
soas, o sujeito é representado por um pronome pessoal verbo); “Um soldado saltou para a calçada e aproximou-
do caso reto (eu, tu, ele, etc.). Se o sujeito se refere a um se.” (o sujeito, soldado, está expresso na primeira oração e
objeto da terceira pessoa, sua representação pode ser feita elíptico na segunda: e (ele) aproximou-se.); Crianças, guar-
através de um substantivo, de um pronome substantivo ou dem os brinquedos. (sujeito: vocês)
de qualquer conjunto de palavras, cujo núcleo funcione, na Agente: se faz a ação expressa pelo verbo da voz ativa:
sentença, como um substantivo. O Nilo fertiliza o Egito.

71
LÍNGUA PORTUGUESA

Paciente: quando sofre ou recebe os efeitos da ação Observação: São verbos impessoais: Haver (nos senti-
expressa pelo verbo passivo: O criminoso é atormenta- dos de existir, acontecer, realizar-se, decorrer), Fazer, pas-
do pelo remorso; Muitos sertanistas foram mortos pelos sar, ser e estar, com referência ao tempo e Chover, ventar,
índios; Construíram-se açudes. (= Açudes foram construí- nevar, gear, relampejar, amanhecer, anoitecer e outros que
dos.) exprimem fenômenos meteorológicos.
Agente e Paciente: quando o sujeito faz a ação ex-
pressa por um verbo reflexivo e ele mesmo sofre ou re- Predicado: assim como o sujeito, o predicado é um
cebe os efeitos dessa ação: O operário feriu-se durante o segmento extraído da estrutura interna das orações ou
trabalho; Regina trancou-se no quarto. das frases, sendo, por isso, fruto de uma análise sintática.
Indeterminado: quando não se indica o agente da Nesse sentido, o predicado é sintaticamente o segmento
ação verbal: Atropelaram uma senhora na esquina. (Quem linguístico que estabelece concordância com outro termo
atropelou a senhora? Não se diz, não se sabe quem a atro- essencial da oração, o sujeito, sendo este o termo deter-
pelou.); Come-se bem naquele restaurante. minante (ou subordinado) e o predicado o termo deter-
minado (ou principal). Não se trata, portanto, de definir
Observações: o predicado como “aquilo que se diz do sujeito” como
- Não confundir sujeito indeterminado com sujeito fazem certas gramáticas da língua portuguesa, mas sim
oculto. estabelecer a importância do fenômeno da concordância
- Sujeito formado por pronome indefinido não é inde- entre esses dois termos essenciais da oração. Então têm
terminado, mas expresso: Alguém me ensinará o caminho. por características básicas: apresentar-se como elemento
Ninguém lhe telefonou. determinado em relação ao sujeito; apontar um atributo
- Assinala-se a indeterminação do sujeito usando-se ou acrescentar nova informação ao sujeito. Exemplos:
o verbo na 3ª pessoa do plural, sem referência a qualquer
agente já expresso nas orações anteriores: Na rua olha- Carolina conhece os índios da Amazônia.
vam-no com admiração; “Bateram palmas no portãozi-
sujeito: Carolina = termo determinante
nho da frente.”; “De qualquer modo, foi uma judiação ma-
predicado: conhece os índios da Amazônia = termo
tarem a moça.”
determinado
- Assinala-se a indeterminação do sujeito com um ver-
bo ativo na 3ª pessoa do singular, acompanhado do pro-
Todos nós fazemos parte da quadrilha de São João.
nome se. O pronome se, neste caso, é índice de indeter-
sujeito: todos nós = termo determinante
minação do sujeito. Pode ser omitido junto de infinitivos.
predicado: fazemos parte da quadrilha de São João =
Aqui vive-se bem.
termo determinado
Devagar se vai ao longe.
Quando se é jovem, a memória é mais vivaz.
Trata-se de fenômenos que nem a ciência sabe ex- Nesses exemplos podemos observar que a concordân-
plicar. cia é estabelecida entre algumas poucas palavras dos dois
termos essenciais. No primeiro exemplo, entre “Carolina” e
- Assinala-se a indeterminação do sujeito deixando- “conhece”; no segundo exemplo, entre “nós” e “fazemos”.
se o verbo no infinitivo impessoal: Era penoso carregar Isso se dá porque a concordância é centrada nas palavras
aqueles fardos enormes; É triste assistir a estas cenas re- que são núcleos, isto é, que são responsáveis pela princi-
pulsivas. pal informação naquele segmento. No predicado o núcleo
pode ser de dois tipos: um nome, quase sempre um atri-
Normalmente, o sujeito antecede o predicado; toda- buto que se refere ao sujeito da oração, ou um verbo (ou
via, a posposição do sujeito ao verbo é fato corriqueiro em locução verbal). No primeiro caso, temos um predicado
nossa língua. Exemplos: nominal (seu núcleo significativo é um nome, substanti-
É fácil este problema! vo, adjetivo, pronome, ligado ao sujeito por um verbo de
Vão-se os anéis, fiquem os dedos. ligação) e no segundo um predicado verbal (seu núcleo é
“Breve desapareceram os dois guerreiros entre as ár- um verbo, seguido, ou não, de complemento(s) ou termos
vores.” (José de Alencar) acessórios). Quando, num mesmo segmento o nome e o
“Foi ouvida por Deus a súplica do condenado.” (Ra- verbo são de igual importância, ambos constituem o nú-
malho Ortigão) cleo do predicado e resultam no tipo de predicado verbo-
“Mas terás tu paciência por duas horas?” (Camilo Cas- nominal (tem dois núcleos significativos: um verbo e um
telo Branco) nome). Exemplos:

Sem Sujeito: constituem a enunciação pura e absoluta Minha empregada é desastrada.


de um fato, através do predicado; o conteúdo verbal não predicado: é desastrada
é atribuído a nenhum ser. São construídas com os verbos núcleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito
impessoais, na 3ª pessoa do singular: Havia ratos no po- tipo de predicado: nominal
rão; Choveu durante o jogo.

72
LÍNGUA PORTUGUESA

O núcleo do predicado nominal chama-se predicati- Observe que, sem os seus complementos, os verbos
vo do sujeito, porque atribui ao sujeito uma qualidade ou puxou, invejo, aspiro, etc., não transmitiriam informações
característica. Os verbos de ligação (ser, estar, parecer, etc.) completas: puxou o quê? Não invejo a quem? Não aspiro
funcionam como um elo entre o sujeito e o predicado. a que?
Os verbos de predicação completa denominam-se in-
A empreiteira demoliu nosso antigo prédio. transitivos e os de predicação incompleta, transitivos. Os
predicado: demoliu nosso antigo prédio verbos transitivos subdividem-se em: transitivos diretos,
núcleo do predicado: demoliu = nova informação so- transitivos indiretos e transitivos diretos e indiretos (bi-
bre o sujeito transitivos).
tipo de predicado: verbal Além dos verbos transitivos e intransitivos, quem en-
cerram uma noção definida, um conteúdo significativo,
Os manifestantes desciam a rua desesperados. existem os de ligação, verbos que entram na formação do
predicado: desciam a rua desesperados predicado nominal, relacionando o predicativo com o su-
núcleos do predicado: desciam = nova informação so- jeito.
bre o sujeito; desesperados = atributo do sujeito Quanto à predicação classificam-se, pois os verbos em:
tipo de predicado: verbo-nominal
Intransitivos: são os que não precisam de comple-
Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo é mento, pois têm sentido completo.
responsável também por definir os tipos de elementos que “Três contos bastavam, insistiu ele.” (Machado de As-
aparecerão no segmento. Em alguns casos o verbo sozinho sis)
basta para compor o predicado (verbo intransitivo). Em ou- “Os guerreiros Tabajaras dormem.” (José de Alencar)
tros casos é necessário um complemento que, juntamente “A pobreza e a preguiça andam sempre em compa-
com o verbo, constituem a nova informação sobre o sujeito. nhia.” (Marquês de Maricá)
De qualquer forma, esses complementos do verbo não in-
terferem na tipologia do predicado.
Observações: Os verbos intransitivos podem vir acom-
Entretanto, é muito comum a elipse (ou omissão) do
panhados de um adjunto adverbial e mesmo de um pre-
verbo, quando este puder ser facilmente subentendido, em
dicativo (qualidade, características): Fui cedo; Passeamos
geral por estar expresso ou implícito na oração anterior.
pela cidade; Cheguei atrasado; Entrei em casa aborre-
Exemplos:
cido. As orações formadas com verbos intransitivos não
podem “transitar” (= passar) para a voz passiva. Verbos
“A fraqueza de Pilatos é enorme, a ferocidade dos algo-
intransitivos passam, ocasionalmente, a transitivos quando
zes inexcedível.” (Machado de Assis) (Está subentendido o
verbo é depois de algozes) construídos com o objeto direto ou indireto.
“Mas o sal está no Norte, o peixe, no Sul” (Paulo Moreira - “Inutilmente a minha alma o chora!” (Cabral do Nas-
da Silva) (Subentende-se o verbo está depois de peixe) cimento)
“A cidade parecia mais alegre; o povo, mais contente.” - “Depois me deitei e dormi um sono pesado.” (Luís
(Povina Cavalcante) (isto é: o povo parecia mais contente) Jardim)
- “Morrerás morte vil da mão de um forte.” (Gonçalves
Chama-se predicação verbal o modo pelo qual o verbo Dias)
forma o predicado. - “Inútil tentativa de viajar o passado, penetrar no
Há verbos que, por natureza, tem sentido completo, po- mundo que já morreu...” (Ciro dos Anjos)
dendo, por si mesmos, constituir o predicado: são os verbos
de predicação completa denominados intransitivos. Exem- Alguns verbos essencialmente intransitivos: anoitecer,
plo: crescer, brilhar, ir, agir, sair, nascer, latir, rir, tremer, brincar,
chegar, vir, mentir, suar, adoecer, etc.
As flores murcharam.
Os animais correm. Transitivos Diretos: são os que pedem um objeto di-
As folhas caem. reto, isto é, um complemento sem preposição. Pertencem a
“Os inimigos de Moreiras rejubilaram.” (Graciliano Ra- esse grupo: julgar, chamar, nomear, eleger, proclamar, de-
mos) signar, considerar, declarar, adotar, ter, fazer, etc. Exemplos:
Comprei um terreno e construí a casa.
Outros verbos há, pelo contrário, que para integrarem “Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês
o predicado necessitam de outros termos: são os verbos de de Maricá)
predicação incompleta, denominados transitivos. Exemplos: “Então, solenemente Maria acendia a lâmpada de sá-
bado.” (Guedes de Amorim)
João puxou a rede.
“Não invejo os ricos, nem aspiro à riqueza.” (Oto Lara Dentre os verbos transitivos diretos merecem destaque
Resende) os que formam o predicado verbo nominal e se constrói
“Não simpatizava com as pessoas investidas no poder.” com o complemento acompanhado de predicativo. Exem-
(Camilo Castelo Branco) plos:

73
LÍNGUA PORTUGUESA

Consideramos o caso extraordinário. De Ligação: Os que ligam ao sujeito uma palavra ou


Inês trazia as mãos sempre limpas. expressão chamada predicativo. Esses verbos, entram na
O povo chamava-os de anarquistas. formação do predicado nominal. Exemplos:
Julgo Marcelo incapaz disso. A Terra é móvel.
A água está fria.
Observações: Os verbos transitivos diretos, em geral, po- O moço anda (=está) triste.
dem ser usados também na voz passiva; Outra características Mário encontra-se doente.
desses verbos é a de poderem receber como objeto direto, os A Lua parecia um disco.
pronomes o, a, os, as: convido-o, encontro-os, incomodo-a,
conheço-as; Os verbos transitivos diretos podem ser construí-
Observações: Os verbos de ligação não servem ape-
dos acidentalmente, com preposição, a qual lhes acrescenta
nas de anexo, mas exprimem ainda os diversos aspectos
novo matiz semântico: arrancar da espada; puxar da faca; pe-
gar de uma ferramenta; tomar do lápis; cumprir com o dever; sob os quais se considera a qualidade atribuída ao sujeito.
Alguns verbos transitivos diretos: abençoar, achar, colher, avi- O verbo ser, por exemplo, traduz aspecto permanente e
sar, abraçar, comprar, castigar, contrariar, convidar, desculpar, o verbo estar, aspecto transitório: Ele é doente. (aspecto
dizer, estimar, elogiar, entristecer, encontrar, ferir, imitar, levar, permanente); Ele está doente. (aspecto transitório). Muito
perseguir, prejudicar, receber, saldar, socorrer, ter, unir, ver, etc. desses verbos passam à categoria dos intransitivos em fra-
ses como: Era =existia) uma vez uma princesa.; Eu não es-
Transitivos Indiretos: são os que reclamam um comple- tava em casa.; Fiquei à sombra.; Anda com dificuldades.;
mento regido de preposição, chamado objeto indireto. Exem- Parece que vai chover.
plos:
“Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma Os verbos, relativamente à predicação, não têm classi-
adolescente.” (Ciro dos Anjos) ficação fixa, imutável. Conforme a regência e o sentido que
“Populares assistiam à cena aparentemente apáticos e apresentam na frase, podem pertencer ora a um grupo,
neutros.” (Érico Veríssimo) ora a outro. Exemplo:
“Lúcio não atinava com essa mudança instantânea.” (José O homem anda. (intransitivo)
Américo) O homem anda triste. (de ligação)
“Do que eu mais gostava era do tempo do retiro espiri-
tual.” (José Geraldo Vieira)
O cego não vê. (intransitivo)
O cego não vê o obstáculo. (transitivo direto)
Observações: Entre os verbos transitivos indiretos impor-
ta distinguir os que se constroem com os pronomes objeti-
vos lhe, lhes. Em geral são verbos que exigem a preposição a: Deram 12 horas. (intransitivo)
agradar-lhe, agradeço-lhe, apraz lhe, bate-lhe, desagrada-lhe, A terra dá bons frutos. (transitivo direto)
desobedecem-lhe, etc. Entre os verbos transitivos indiretos im-
porta distinguir os que não admitem para objeto indireto as Não dei com a chave do enigma. (transitivo indireto)
formas oblíquas lhe, lhes, construindo-se com os pronomes Os pais dão conselhos aos filhos. (transitivo direto e
retos precedidos de preposição: aludir a ele, anuir a ele, assistir indireto)
a ela, atentar nele, depender dele, investir contra ele, não ligar
para ele, etc. Predicativo: Há o predicativo do sujeito e o predica-
Em princípio, verbos transitivos indiretos não compor- tivo do objeto.
tam a forma passiva. Excetuam-se pagar, perdoar, obedecer,
e pouco mais, usados também como transitivos diretos: João Predicativo do Sujeito: é o termo que exprime um
paga (perdoa, obedece) o médico. O médico é pago (perdoa- atributo, um estado ou modo de ser do sujeito, ao qual se
do, obedecido) por João. Há verbos transitivos indiretos, como prende por um verbo de ligação, no predicado nominal.
atirar, investir, contentar-se, etc., que admitem mais de uma Exemplos:
preposição, sem mudança de sentido. Outros mudam de sen- A bandeira é o símbolo da Pátria.
tido com a troca da preposição, como nestes exemplos: Trate A mesa era de mármore.
de sua vida. (tratar=cuidar). É desagradável tratar com gente
O mar estava agitado.
grosseira. (tratar=lidar). Verbos como aspirar, assistir, dispor,
A ilha parecia um monstro.
servir, etc., variam de significação conforme sejam usados
como transitivos diretos ou indiretos.
Além desse tipo de predicativo, outro existe que entra
Transitivos Diretos e Indiretos: são os que se usam com na constituição do predicado verbo-nominal. Exemplos:
dois objetos: um direto, outro indireto, concomitantemente. O trem chegou atrasado. (=O trem chegou e estava
Exemplos: atrasado.)
No inverso, Dona Cléia dava roupas aos pobres. O menino abriu a porta ansioso.
A empresa fornece comida aos trabalhadores. Todos partiram alegres.
Oferecemos flores à noiva. Marta entrou séria.
Ceda o lugar aos mais velhos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observações: O predicativo subjetivo às vezes está a tempo.; Procuram-na em toda parte.; Meu Deus, eu vos
preposicionado; Pode o predicativo preceder o sujeito e até amo.; “Marchei resolutamente para a maluca e intimei-a a
mesmo ao verbo: São horríveis essas coisas!; Que linda es- ficar quieta.”; “Vós haveis de crescer, perder-vos-ei de vista.”
tava Amélia!; Completamente feliz ninguém é.; Raros são - Por qualquer pronome substantivo: Não vi ninguém
os verdadeiros líderes.; Quem são esses homens?; Lentos e na loja.; A árvore que plantei floresceu. (que: objeto direto
tristes, os retirantes iam passando.; Novo ainda, eu não en- de plantei); Onde foi que você achou isso? Quando vira as
tendia certas coisas.; Onde está a criança que fui? folhas do livro, ela o faz com cuidado.; “Que teria o homem
percebido nos meus escritos?”
Predicativo do Objeto: é o termo que se refere ao obje- Frequentemente transitivam-se verbos intransitivos,
to de um verbo transitivo. Exemplos: dando-se lhes por objeto direto uma palavra cognata ou
O juiz declarou o réu inocente. da mesma esfera semântica:
O povo elegeu-o deputado. “Viveu José Joaquim Alves vida tranquila e patriarcal.”
As paixões tornam os homens cegos. (Vivaldo Coaraci)
Nós julgamos o fato milagroso. “Pela primeira vez chorou o choro da tristeza.” (Aníbal
Machado)
Observações: O predicativo objetivo, como vemos dos “Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina.” (Ma-
exemplos acima, às vezes vem regido de preposição. Esta, chado de Assis)
em certos casos, é facultativa; O predicativo objetivo geral- Em tais construções é de rigor que o objeto venha
mente se refere ao objeto direto. Excepcionalmente, pode acompanhado de um adjunto.
referir-se ao objeto indireto do verbo chamar. Chamavam-
lhe poeta; Podemos antepor o predicativo a seu objeto: O Objeto Direto Preposicionado: Há casos em que o
advogado considerava indiscutíveis os direitos da herdeira.; objeto direto, isto é, o complemento de verbos transitivos
Julgo inoportuna essa viagem.; “E até embriagado o vi mui- diretos, vem precedido de preposição, geralmente a pre-
tas vezes.”; “Tinha estendida a seus pés uma planta rústica posição a. Isto ocorre principalmente:
da cidade.”; “Sentia ainda muito abertos os ferimentos que - Quando o objeto direto é um pronome pessoal tôni-
aquele choque com o mundo me causara.” co: Deste modo, prejudicas a ti e a ela.; “Mas dona Carolina
amava mais a ele do que aos outros filhos.”; “Pareceu-me
Termos Integrantes da Oração que Roberto hostilizava antes a mim do que à ideia.”; “Ri-
Chamam-se termos integrantes da oração os que com- cardina lastimava o seu amigo como a si própria.”; “Ama-
pletam a significação transitiva dos verbos e nomes. Integram va-a tanto como a nós”.
(inteiram, completam) o sentido da oração, sendo por isso in- - Quando o objeto é o pronome relativo quem: “Pedro
dispensável à compreensão do enunciado. São os seguintes: Severiano tinha um filho a quem idolatrava.”; “Abraçou a
- Complemento Verbais (Objeto Direto e Objeto Indi- todos; deu um beijo em Adelaide, a quem felicitou pelo
reto); desenvolvimento das suas graças.”; “Agora sabia que podia
- Complemento Nominal; manobrar com ele, com aquele homem a quem na realida-
- Agente da Passiva. de também temia, como todos ali”.
- Quando precisamos assegurar a clareza da frase, evi-
Objeto Direto: é o complemento dos verbos de predi- tando que o objeto direto seja tomado como sujeito, im-
cação incompleta, não regido, normalmente, de preposição. pedindo construções ambíguas: Convence, enfim, ao pai o
Exemplos: filho amado.; “Vence o mal ao remédio.”; “Tratava-me sem
As plantas purificaram o ar. cerimônia, como a um irmão.”; A qual delas iria homena-
“Nunca mais ele arpoara um peixe-boi.” (Ferreira Castro) gear o cavaleiro?
Procurei o livro, mas não o encontrei. - Em expressões de reciprocidade, para garantir a cla-
Ninguém me visitou. reza e a eufonia da frase: “Os tigres despedaçam-se uns
aos outros.”; “As companheiras convidavam-se umas às
O objeto direto tem as seguintes características: outras.”; “Era o abraço de duas criaturas que só tinham uma
- Completa a significação dos verbos transitivos diretos; à outra”.
- Normalmente, não vem regido de preposição; - Com nomes próprios ou comuns, referentes a pes-
- Traduz o ser sobre o qual recai a ação expressa por um soas, principalmente na expressão dos sentimentos ou por
verbo ativo: Caim matou Abel. amor da eufonia da frase: Judas traiu a Cristo.; Amemos a
- Torna-se sujeito da oração na voz passiva: Abel foi Deus sobre todas as coisas. “Provavelmente, enganavam é
morto por Caim. a Pedro.”; “O estrangeiro foi quem ofendeu a Tupã”.
- Em construções enfáticas, nas quais antecipamos o
O objeto direto pode ser constituído: objeto direto para dar-lhe realce: A você é que não enga-
- Por um substantivo ou expressão substantivada: O la- nam!; A médico, confessor e letrado nunca enganes.; “A
vrador cultiva a terra.; Unimos o útil ao agradável. este confrade conheço desde os seus mais tenros anos”.
- Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, - Sendo objeto direto o numeral ambos(as): “O agua-
vos: Espero-o na estação.; Estimo-os muito.; Sílvia olhou-se ceiro caiu, molhou a ambos.”; “Se eu previsse que os ma-
ao espelho.; Não me convidas?; Ela nos chama.; Avisamo-lo tava a ambos...”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Com certos pronomes indefinidos, sobretudo refe- O objeto indireto é sempre regido de preposição, ex-
rentes a pessoas: Se todos são teus irmãos, por que amas a pressa ou implícita. A preposição está implícita nos prono-
uns e odeias a outros?; Aumente a sua felicidade, tornan- mes objetivos indiretos (átonos) me, te, se, lhe, nos, vos, lhes.
do felizes também aos outros.; A quantos a vida ilude!. Exemplos: Obedece-me. (=Obedece a mim.); Isto te pertence.
- Em certas construções enfáticas, como puxar (ou ar- (=Isto pertence a ti.); Rogo-lhe que fique. (=Rogo a você...);
rancar) da espada, pegar da pena, cumprir com o dever, Peço-vos isto. (=Peço isto a vós.). Nos demais casos a pre-
atirar com os livros sobre a mesa, etc.: “Arrancam das es- posição é expressa, como característica do objeto indireto:
padas de aço fino...”; “Chegou a costureira, pegou do pano, Recorro a Deus.; Dê isto a (ou para) ele.; Contenta-se com
pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha pouco.; Ele só pensa em si.; Esperei por ti.; Falou contra nós.;
e entrou a coser.”; “Imagina-se a consternação de Itaguaí, Conto com você.; Não preciso disto.; O filme a que assisti
quando soube do caso.” agradou ao público.; Assisti ao desenrolar da luta.; A coisa
de que mais gosto é pescar.; A pessoa a quem me refiro você
Observações: Nos quatro primeiros casos estudados a a conhece.; Os obstáculos contra os quais luto são muitos.;
preposição é de rigor, nos cinco outros, facultativa; A substi- As pessoas com quem conto são poucas.
tuição do objeto direto preposicionado pelo pronome oblí-
quo átono, quando possível, se faz com as formas o(s), a(s) Como atestam os exemplos acima, o objeto indireto é re-
e não lhe, lhes: amar a Deus (amá-lo); convencer ao amigo presentado pelos substantivos (ou expressões substantivas)
(convencê-lo); O objeto direto preposicionado, é obvio, só ou pelos pronomes. As preposições que o ligam ao verbo são:
ocorre com verbo transitivo direto; Podem resumir-se em a, com, contra, de, em, para e por.
três as razões ou finalidades do emprego do objeto direto
preposicionado: a clareza da frase; a harmonia da frase; a Objeto Indireto Pleonástico: à semelhança do objeto
ênfase ou a força da expressão. direto, o objeto indireto pode vir repetido ou reforçado, por
ênfase. Exemplos: “A mim o que me deu foi pena.”; “Que me
Objeto Direto Pleonástico: Quando queremos dar importa a mim o destino de uma mulher tísica...? “E, aos bri-
destaque ou ênfase à idéia contida no objeto direto, colo- gões, incapazes de se moverem, basta-lhes xingarem-se a
camo-lo no início da frase e depois o repetimos ou reforça- distância.”
mos por meio do pronome oblíquo. A esse objeto repetido
sob forma pronominal chama-se pleonástico, enfático ou Complemento Nominal: é o termo complementar recla-
redundante. Exemplos: mado pela significação transitiva, incompleta, de certos subs-
O dinheiro, Jaime o trazia escondido nas mangas da tantivos, adjetivos e advérbios. Vem sempre regido de prepo-
camisa. sição. Exemplos: A defesa da pátria; Assistência às aulas; “O
O bem, muitos o louvam, mas poucos o seguem. ódio ao mal é amor do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo
“Seus cavalos, ela os montava em pêlo.” (Jorge Amado) divino.”; “Ah, não fosse ele surdo à minha voz!”

Objeto Indireto: É o complemento verbal regido de Observações: O complemento nominal representa o re-
preposição necessária e sem valor circunstancial. Represen- cebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um
ta, ordinariamente, o ser a que se destina ou se refere a nome: amor a Deus, a condenação da violência, o medo de
ação verbal: “Nunca desobedeci a meu pai”. O objeto indi- assaltos, a remessa de cartas, útil ao homem, compositor de
reto completa a significação dos verbos: músicas, etc. É regido pelas mesmas preposições usadas no
- Transitivos Indiretos: Assisti ao jogo; Assistimos à objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de com-
missa e à festa; Aludiu ao fato; Aspiro a uma vida calma. plementar verbos, complementa nomes (substantivos, adjeti-
- Transitivos Diretos e Indiretos (na voz ativa ou pas- vos) e alguns advérbios em –mente. A nomes que requerem
siva): Dou graças a Deus; Ceda o lugar aos mais velhos; complemento nominal correspondem, geralmente, verbos de
Dedicou sua vida aos doentes e aos pobres; Disse-lhe a mesmo radical: amor ao próximo, amar o próximo; perdão
verdade. (Disse a verdade ao moço.) das injúrias, perdoar as injúrias; obediente aos pais, obede-
cer aos pais; regresso à pátria, regressar à pátria; etc.
O objeto indireto pode ainda acompanhar verbos de
outras categorias, os quais, no caso, são considerados aci- Agente da Passiva: é o complemento de um verbo na
dentalmente transitivos indiretos: A bom entendedor meia voz passiva. Representa o ser que pratica a ação expressa pelo
palavra basta; Sobram-lhe qualidades e recursos. (lhe=a verbo passivo. Vem regido comumente pela preposição por,
ele); Isto não lhe convém; A proposta pareceu-lhe aceitável. e menos frequentemente pela preposição de: Alfredo é esti-
mado pelos colegas; A cidade estava cercada pelo exército
Observações: Há verbos que podem construir-se com romano; “Era conhecida de todo mundo a fama de suas ri-
dois objetos indiretos, regidos de preposições diferentes: quezas.”
Rogue a Deus por nós.; Ela queixou-se de mim a seu pai.;
Pedirei para ti a meu senhor um rico presente; Não con- O agente da passiva pode ser expresso pelos substanti-
fundir o objeto direto com o complemento nominal nem vos ou pelos pronomes:
com o adjunto adverbial; Em frases como “Para mim tudo As flores são umedecidas pelo orvalho.
eram alegrias”, “Para ele nada é impossível”, os pronomes A carta foi cuidadosamente corrigida por mim.
em destaque podem ser considerados adjuntos adverbiais. Muitos já estavam dominados por ele.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O agente da passiva corresponde ao sujeito da oração Adjunto adverbial: É o termo que exprime uma cir-
na voz ativa: cunstância (de tempo, lugar, modo, etc.) ou, em outras pa-
A rainha era chamada pela multidão. (voz passiva) lavras, que modifica o sentido de um verbo, adjetivo ou
A multidão aclamava a rainha. (voz ativa) advérbio. Exemplo: “Meninas numa tarde brincavam de
Ele será acompanhado por ti. (voz passiva) roda na praça”. O adjunto adverbial é expresso: Pelos ad-
Tu o acompanharás. (voz ativa) vérbios: Cheguei cedo.; Ande devagar.; Maria é mais alta.;
Não durma ao volante.; Moramos aqui.; Ele fala bem, fala
Observações: Frase de forma passiva analítica sem corretamente.; Volte bem depressa.; Talvez esteja enga-
complemento agente expresso, ao passar para a ativa, terá nado.; Pelas locuções ou expressões adverbiais: Às vezes
sujeito indeterminado e o verbo na 3ª pessoa do plural: viajava de trem.; Compreendo sem esforço.; Saí com meu
Ele foi expulso da cidade. (Expulsaram-no da cidade.); As pai.; Júlio reside em Niterói.; Errei por distração.; Escure-
florestas são devastadas. (Devastam as florestas.); Na pas- ceu de repente.
siva pronominal não se declara o agente: Nas ruas assobia-
vam-se as canções dele pelos pedestres. (errado); Nas ruas
Observações: Pode ocorrer a elipse da preposição an-
eram assobiadas as canções dele pelos pedestres. (certo);
tes de adjuntos adverbiais de tempo e modo: Aquela noi-
Assobiavam-se as canções dele nas ruas. (certo)
te, não dormi. (=Naquela noite...); Domingo que vem não
Termos Acessórios da Oração sairei. (=No domingo...); Ouvidos atentos, aproximei-me
da porta. (=De ouvidos atentos...); Os adjuntos adverbiais
Termos acessórios são os que desempenham na ora- classificam-se de acordo com as circunstâncias que ex-
ção uma função secundária, qual seja a de caracterizar um primem: adjunto adverbial de lugar, modo, tempo, inten-
ser, determinar os substantivos, exprimir alguma circuns- sidade, causa, companhia, meio, assunto, negação, etc; É
tância. São três os termos acessórios da oração: adjunto importante saber distinguir adjunto adverbial de adjunto
adnominal, adjunto adverbial e aposto. adnominal, de objeto indireto e de complemento nominal:
sair do mar (ad.adv.); água do mar (adj.adn.); gosta do mar
Adjunto adnominal: É o termo que caracteriza ou de- (obj.indir.); ter medo do mar (compl.nom.).
termina os substantivos. Exemplo: Meu irmão veste roupas
vistosas. (Meu determina o substantivo irmão: é um adjun- Aposto: É uma palavra ou expressão que explica ou
to adnominal – vistosas caracteriza o substantivo roupas: é esclarece, desenvolve ou resume outro termo da oração.
também adjunto adnominal). Exemplos:
O adjunto adnominal pode ser expresso: Pelos adjeti- D. Pedro II, imperador do Brasil, foi um monarca sá-
vos: água fresca, terras férteis, animal feroz; Pelos artigos: bio.
o mundo, as ruas, um rapaz; Pelos pronomes adjetivos: “Nicanor, ascensorista, expôs-me seu caso de cons-
nosso tio, este lugar, pouco sal, muitas rãs, país cuja his- ciência.” (Carlos Drummond de Andrade)
tória conheço, que rua?; Pelos numerais: dois pés, quinto “No Brasil, região do ouro e dos escravos, encontra-
ano, capítulo sexto; Pelas locuções ou expressões adjetivas mos a felicidade.” (Camilo Castelo Branco)
que exprimem qualidade, posse, origem, fim ou outra es- “No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói
pecificação: de nossa gente.” (Mário de Andrade)
- presente de rei (=régio): qualidade
- livro do mestre, as mãos dele: posse, pertença O núcleo do aposto é um substantivo ou um pronome
- água da fonte, filho de fazendeiros: origem substantivo:
- fio de aço, casa de madeira: matéria
Foram os dois, ele e ela.
- casa de ensino, aulas de inglês: fim, especialidade
Só não tenho um retrato: o de minha irmã.
- homem sem escrúpulos (=inescrupuloso): qualidade
O dia amanheceu chuvoso, o que me obrigou a ficar
- criança com febre (=febril): característica
- aviso do diretor: agente em casa.

Observações: Não confundir o adjunto adnominal O aposto não pode ser formado por adjetivos. Nas fra-
formado por locução adjetiva com complemento nomi- ses seguintes, por exemplo, não há aposto, mas predicativo
nal. Este representa o alvo da ação expressa por um nome do sujeito:
transitivo: a eleição do presidente, aviso de perigo, decla- Audaciosos, os dois surfistas atiraram-se às ondas.
ração de guerra, empréstimo de dinheiro, plantio de ár- As borboletas, leves e graciosas, esvoaçavam num
vores, colheita de trigo, destruidor de matas, descoberta balé de cores.
de petróleo, amor ao próximo, etc. O adjunto adnomi-
nal formado por locução adjetiva representa o agente da Os apostos, em geral, destacam-se por pausas, indica-
ação, ou a origem, pertença, qualidade de alguém ou de das, na escrita, por vírgulas, dois pontos ou travessões. Não
alguma coisa: o discurso do presidente, aviso de amigo, havendo pausa, não haverá vírgula, como nestes exemplos:
declaração do ministro, empréstimo do banco, a casa do Minha irmã Beatriz; o escritor João Ribeiro; o roman-
fazendeiro, folhas de árvores, farinha de trigo, beleza das ce Tóia; o rio Amazonas; a Rua Osvaldo Cruz; o Colégio
matas, cheiro de petróleo, amor de mãe. Tiradentes, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

“Onde estariam os descendentes de Amaro vaqueiro?” EXERCÍCIOS


(Graciliano Ramos)
O aposto pode preceder o termo a que se refere, o qual, 01. Considere a frase “Ele andava triste porque não
às vezes, está elíptico. Exemplos: encontrava a companheira” – os verbos grifados são res-
Rapaz impulsivo, Mário não se conteve. pectivamente:
Mensageira da idéia, a palavra é a mais bela expressão a) transitivo direto – de ligação;
da alma humana. b) de ligação – intransitivo;
“Irmão do mar, do espaço, amei as solidões sobre os ro- c) de ligação – transitivo indireto;
chedos ásperos.” (Cabral do Nascimento)(refere-se ao sujeito d) transitivo direto – transitivo indireto;
oculto eu). e) de ligação – transitivo direto.

O aposto, às vezes, refere-se a toda uma oração. Exem- 02. Indique a única alternativa que não apresenta
plos: agente da passiva:
Nuvens escuras borravam os espaços silenciosos, sinal de a) A casa foi construída por nós.
tempestade iminente. b) O presidente será eleito pelo povo.
O espaço é incomensurável, fato que me deixa atônito. c) Ela será coroada por ti.
Simão era muito espirituoso, o que me levava a preferir d) O avô era querido por todos.
sua companhia. e) Ele foi eleito por acaso.

Um aposto pode referir-se a outro aposto: 03. Em: “A terra era povoada de selvagens”, o termo
“Serafim Gonçalves casou-se com Lígia Tavares, filha do grifado é:
velho coronel Tavares, senhor de engenho.” (Ledo Ivo) a) objeto direto;
b) objeto indireto;
O aposto pode vir precedido das expressões explicativas c) agente da passiva;
isto é, a saber, ou da preposição acidental como: d) complemento nominal;
Dois países sul-americanos, isto é, a Bolívia e o Para- e) adjunto adverbial.
guai, não são banhados pelo mar.
Este escritor, como romancista, nunca foi superado. 04. Em: “Dulce considerou calada, por um momento,
aquele horrível delírio”, os termos grifados são respecti-
O aposto que se refere a objeto indireto, complemento vamente:
nominal ou adjunto adverbial vem precedido de preposição: a) objeto direto – objeto direto;
O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado. b) predicativo do sujeito – adjunto adnominal;
“Acho que adoeci disso, de beleza, da intensidade das c) adjunto adverbial – objeto direto;
coisas.” (Raquel Jardim) d) adjunto adverbial – adjunto adnominal;
De cobras, morcegos, bichos, de tudo ela tinha medo. e) objeto indireto – objeto direto.

Vocativo: (do latim vocare = chamar) é o termo (nome, 05. Assinale a alternativa correta: “para todos os males,
título, apelido) usado para chamar ou interpelar a pessoa, o há dois remédios: o tempo e o silêncio”, os termos grifa-
animal ou a coisa personificada a que nos dirigimos: dos são respectivamente:
“Elesbão? Ó Elesbão! Venha ajudar-nos, por favor!” (Ma- a) sujeito – objeto direto;
ria de Lourdes Teixeira) b) sujeito – aposto;
“A ordem, meus amigos, é a base do governo.” (Macha- c) objeto direto – aposto;
do de Assis) d) objeto direto – objeto direto;
“Correi, correi, ó lágrimas saudosas!” (fagundes Varela) e) objeto direto – complemento nominal.
“Ei-lo, o teu defensor, ó Liberdade!” (Mendes Leal)
06. “Usando do direito que lhe confere a Constituição”,
Observação: Profere-se o vocativo com entoação excla- as palavras grifadas exercem a função respectivamente de:
mativa. Na escrita é separado por vírgula(s). No exemplo ini- a) objeto direto – objeto direto;
cial, os pontos interrogativo e exclamativo indicam um cha- b) sujeito – objeto direto;
mado alto e prolongado. O vocativo se refere sempre à 2ª c) objeto direto – sujeito;
pessoa do discurso, que pode ser uma pessoa, um animal, d) sujeito – sujeito;
uma coisa real ou entidade abstrata personificada. Podemos e) objeto direto – objeto indireto.
antepor-lhe uma interjeição de apelo (ó, olá, eh!):
“Tem compaixão de nós , ó Cristo!” (Alexandre Herculano) 07. “Recebeu o prêmio o jogador que fez o gol”. Nessa
“Ó Dr. Nogueira, mande-me cá o Padilha, amanhã!” (Gra- frase o sujeito de “fez”?
ciliano Ramos) a) o prêmio;
“Esconde-te, ó sol de maio, ó alegria do mundo!” (Ca- b) o jogador;
milo Castelo Branco) c) que;
O vocativo é um tempo à parte. Não pertence à estrutura d) o gol;
da oração, por isso não se anexa ao sujeito nem ao predicado. e) recebeu.

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LÍNGUA PORTUGUESA

08. Assinale a alternativa correspondente ao período As três orações que compõem esse período têm sen-
onde há predicativo do sujeito: tido próprio e não mantêm entre si nenhuma dependên-
a) como o povo anda tristonho! cia sintática: elas são independentes. Há entre elas, é claro,
b) agradou ao chefe o novo funcionário; uma relação de sentido, mas, como já dissemos, uma não
c) ele nos garantiu que viria; depende da outra sintaticamente.
d) no Rio não faltam diversões; As orações independentes de um período são chama-
e) o aluno ficou sabendo hoje cedo de sua aprovação. das de orações coordenadas (OC), e o período formado
só de orações coordenadas é chamado de período com-
09. Em: “Cravei-lhe os dentes na carne, com toda a força posto por coordenação.
que eu tinha”, a palavra “que” tem função morfossintática de:
a) pronome relativo – sujeito; As orações coordenadas são classificadas em assindé-
b) conjunção subordinada – conectivo; ticas e sindéticas.
c) conjunção subordinada – complemento verbal;
d) pronome relativo – objeto direto; - As orações coordenadas são assindéticas (OCA)
e) conjunção subordinada – objeto direto. quando não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo:
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram.
10. Assinale a alternativa em que a expressão grifada tem OCA OCA OCA
a função de complemento nominal:
a) a curiosidade do homem incentiva-o a pesquisa; “Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado
b) a cidade de Londres merece ser conhecida por todos; de Assis)
c) o respeito ao próximo é dever de todos; “A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.”
d) o coitado do velho mendigava pela cidade; (Antônio Olavo Pereira)
e) o receio de errar dificultava o aprendizado das lín- “O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.”
guas. (Coelho Neto)

Respostas: 01-E / 02-E / 03-C / 04-C / 05-C / 06-E / 07-C - As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quan-
/ 08-A / 09-D / 10-C / do vêm introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo:
O homem saiu do carro / e entrou na casa.
Período: Toda frase com uma ou mais orações constitui OCA OCS
um período, que se encerra com ponto de exclamação, pon-
to de interrogação ou com reticências. As orações coordenadas sindéticas são classificadas de
O período é simples quando só traz uma oração, cha- acordo com o sentido expresso pelas conjunções coorde-
mada absoluta; o período é composto quando traz mais de nativas que as introduzem. Pode ser:
uma oração. Exemplo: Pegou fogo no prédio. (Período sim-
ples, oração absoluta.); Quero que você aprenda. (Período - Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem,
composto.) não só... mas também, não só... mas ainda.
Saí da escola / e fui à lanchonete.
Existe uma maneira prática de saber quantas orações há OCA OCS Aditiva
num período: é contar os verbos ou locuções verbais. Num
período haverá tantas orações quantos forem os verbos ou Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma
as locuções verbais nele existentes. Exemplos: conjunção que expressa idéia de acréscimo ou adição com
Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração) referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção
Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações) coordenativa aditiva.
Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma
oração) A doença vem a cavalo e volta a pé.
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas locu- As pessoas não se mexiam nem falavam.
ções verbais, duas orações) “Não só findaram as queixas contra o alienista, mas até
Há três tipos de período composto: por coordenação, nenhum ressentimento ficou dos atos que ele praticara.”
por subordinação e por coordenação e subordinação ao (Machado de Assis)
mesmo tempo (também chamada de misto).
- Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas,
Período Composto por Coordenação. Orações Coorde- porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto.
nadas Estudei bastante / mas não passei no teste.
Considere, por exemplo, este período composto: OCA OCS Adversativa
Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os
tempos de infância. Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma
1ª oração: Passeamos pela praia conjunção que expressa idéia de oposição à oração ante-
2ª oração: brincamos rior, ou seja, por uma conjunção coordenativa adversativa.
3ª oração: recordamos os tempos de infância

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LÍNGUA PORTUGUESA

A espada vence, mas não convence. EXERCÍCIOS


“É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles)
Tens razão, contudo não te exaltes. 01. Relacione as orações coordenadas por meio de
Havia muito serviço, entretanto ninguém trabalhava. conjunções:
a) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões sur-
- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: por- giram.
tanto, por isso, pois, logo. b) Não durma sem cobertor. A noite está fria.
Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gra- c) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los.
tidão.
OCA OCS Conclusiva Respostas:
Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões sur-
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma giram.
conjunção que expressa idéia de conclusão de um fato Não durma sem cobertor, pois a noite está fria.
enunciado na oração anterior, ou seja, por uma conjunção Quero desculpar-me, mais consigo encontrá-los.
coordenativa conclusiva.
02. Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o
Vives mentindo; logo, não mereces fé. marulhar das ondas...” a partícula como expressa uma ideia
Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade. de:
Raimundo é homem são, portanto deve trabalhar. a) causa
b) explicação
- Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou- c) conclusão
,ou... ou, ora... ora, seja... seja, quer... quer. d) proporção
Seja mais educado / ou retire-se da reunião! e) comparação
OCA OCS Alternativa
Resposta: E
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma A conjunção como exercer a função comparativa. Os
conjunção que estabelece uma relação de alternância ou
amplos bocejos ouvidos são comparados à força do maru-
escolha com referência à oração anterior, ou seja, por uma
lhar das ondas.
conjunção coordenativa alternativa.
03. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, ora-
Venha agora ou perderá a vez.
ção sublinhada pode indicar uma ideia de:
“Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo.” (Ma-
a) concessão
chado de Assis)
b) oposição
“Em aviação, tudo precisa ser bem feito ou custará
c) condição
preço muito caro.” (Renato Inácio da Silva)
“A louca ora o acariciava, ora o rasgava frenetica- d) lugar
mente.” (Luís Jardim) e) consequência

- Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, Resposta: C


porque, pois, porquanto. A condição necessária para procurar emprego é entrar
Vamos andar depressa / que estamos atrasados. na faculdade.
OCA OCS Explicativa
04. Assinale a sequência de conjunções que estabele-
Observe que a 2ª oração é introduzida por uma con- cem, entre as orações de cada item, uma correta relação
junção que expressa idéia de explicação, de justificativa em de sentido.
relação à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coor-
denativa explicativa. 1. Correu demais, ... caiu.
2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.
Leve-lhe uma lembrança, que ela aniversaria amanhã. 3. A matéria perece, ... a alma é imortal.
“A mim ninguém engana, que não nasci ontem.” (Éri- 4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens
co Veríssimo) com detalhes.
“Qualquer que seja a tua infância, conquista-a, que te 5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde.
abençôo.” (Fernando Sabino)
O cavalo estava cansado, pois arfava muito. a) porque, todavia, portanto, logo, entretanto
b) por isso, porque, mas, portanto, que
c) logo, porém, pois, porque, mas
d) porém, pois, logo, todavia, porque
e) entretanto, que, porque, pois, portanto

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LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: B para meu desânimo, a soma do faturamento das nossas


Por isso – conjunção conclusiva. mil maiores e melhores empresas, e chego a um número
Porque – conjunção explicativa. menor do que o faturamento de apenas duas empresas
Mas – conjunção adversativa. japonesas. Digamos, a Mitsubishi e mais um pouquinho.
Portanto – conjunção conclusiva. Sejamos francos. Em termos mundiais somos irrelevantes
Que – conjunção explicativa. como potência econômica, mas o mesmo tempo extrema-
mente representativos como população.”
05. Reúna as três orações em um período composto (“Discurso de Semler aos empresários”, Folha de
por coordenação, usando conjunções adequadas. São Paulo)
Os dias já eram quentes.
A água do mar ainda estava fria. Dentre os períodos transcritos do texto acima, um é
As praias permaneciam desertas. composto por coordenação e contém uma oração coorde-
nada sindética adversativa. Assinalar a alternativa corres-
Resposta: Os dias já eram quentes, mas a água do mar pondente a este período:
ainda estava fria, por isso as praias permaneciam desertas. a) A frustração cresce e a desesperança não cede.
b) O que dizer sem resvalar para o pessimismo, a crítica
06. No período “Penso, logo existo”, oração em des- pungente ou a autoabsorvição.
taque é: c) É também ocioso pensar que nós, da tal elite, temos
a) coordenada sindética conclusiva riqueza suficiente para distribuir.
b) coordenada sindética aditiva d) Sejamos francos.
c) coordenada sindética alternativa e) Em termos mundiais somos irrelevantes como po-
d) coordenada sindética adversativa tência econômica, mas ao mesmo tempo extremamente
e) n.d.a representativos como população.
Resposta E
Resposta: A
Período Composto por Subordinação
07. Por definição, oração coordenada que seja despro-
vida de conectivo é denominada assindética. Observando Observe os termos destacados em cada uma destas
os períodos seguintes: orações:
I- Não caía um galho, não balançava uma folha. Vi uma cena triste. (adjunto adnominal)
II- O filho chegou, a filha saiu, mas a mãe nem notou. Todos querem sua participação. (objeto direto)
III- O fiscal deu o sinal, os candidatos entregaram a Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial
prova. Acabara o exame. de causa)

Nota-se que existe coordenação assindética em: Veja, agora, como podemos transformar esses termos
a) I apenas em orações com a mesma função sintática:
b) II apenas Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordina-
c) III apenas da com função de adjunto adnominal)
d) I e III Todos querem / que você participe. (oração subordi-
e) nenhum deles nada com função de objeto direto)
Não pude sair / porque estava chovendo. (oração su-
Resposta: D bordinada com função de adjunto adverbial de causa)

08. “Vivemos mais uma grave crise, repetitiva dentro Em todos esses períodos, a segunda oração exerce
do ciclo de graves crises que ocupa a energia desta nação. uma certa função sintática em relação à primeira, sendo,
A frustração cresce e a desesperança não cede. Empresá- portanto, subordinada a ela. Quando um período é cons-
rios empurrados à condição de liderança oficial se reúnem, tituído de pelo menos um conjunto de duas orações em
em eventos como este, para lamentar o estado de coisas. que uma delas (a subordinada) depende sintaticamente da
O que dizer sem resvalar para o pessimismo, a crítica pun- outra (principal), ele é classificado como período compos-
gente ou a autoabsorvição? to por subordinação. As orações subordinadas são classi-
É da história do mundo que as elites nunca introdu- ficadas de acordo com a função que exercem: adverbiais,
ziram mudanças que favorecessem a sociedade como um substantivas e adjetivas.
todo. Estaríamos nos enganando se achássemos que estas
lideranças empresariais aqui reunidas teriam motivação Orações Subordinadas Adverbiais
para fazer a distribuição de poderes e rendas que uma na-
ção equilibrada precisa ter. Aliás, é ingenuidade imaginar As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aque-
que a vontade de distribuir renda passe pelo empobreci- las que exercem a função de adjunto adverbial da oração
mento da elite. É também ocioso pensar que nós, de tal principal (OP). São classificadas de acordo com a conjunção
elite, temos riqueza suficiente para distribuir. Faço sempre, subordinativa que as introduz:

81
LÍNGUA PORTUGUESA

- Causais: Expressam a causa do fato enunciado na Formiga, quando quer se perder, cria asas.
oração principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), “Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se
pois que, visto que. esvaziam.” (Carlos Povina Cavalcânti)
Não fui à escola / porque fiquei doente. “Quando os tiranos caem, os povos se levantam.”
OP OSA Causal (Marquês de Maricá)
Enquanto foi rico, todos o procuravam.
O tambor soa porque é oco.
Como não me atendessem, repreendi-os severamente. - Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi
Como ele estava armado, ninguém ousou reagir. enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim
“Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de que, porque (=para que), que.
de Sousa) Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar.
- Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para OP OSA Final
a ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções:
se, contanto que, a menos que, a não ser que, desde que. “O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.”
Irei à sua casa / se não chover. (Marquês de Maricá)
OP OSA Condicional Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor.
“Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que
Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos ofen- = para que)
sores. “Instara muito comigo não deixasse de freqüentar as
Se o conhecesses, não o condenarias. recepções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse =
“Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond para que não deixasse)
de Andrade) - Consecutivas: Expressam a consequência do que foi
A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiên- enunciado na oração principal. Conjunções: porque, que,
cia tenha êxito. como (= porque), pois que, visto que.
A chuva foi tão forte / que inundou a cidade.
- Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da OP OSA Consecutiva
oração principal, sem, no entanto, impedir sua realização.
Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos.
mais que, mesmo que. “A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.”
Ela saiu à noite / embora estivesse doente. (José J. Veiga)
OP OSA Concessiva De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia
mais.
Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto As notícias de casa eram boas, de maneira que pude
que ou se bem que) não o conhecesse pessoalmente. prolongar minha viagem.
Embora não possuísse informações seguras, ainda as-
sim arriscou uma opinião. - Comparativas: Expressam ideia de comparação com
Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo referência à oração principal. Conjunções: como, assim como,
quando ou ainda quando ou mesmo que) todos nos cri- tal como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado
tiquem. com menos ou mais).
Por mais que gritasse, não me ouviram. Ela é bonita / como a mãe.
OP OSA Comparativa
- Conformativas: Expressam a conformidade de um
fato com outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o
segundo. ferro.” (Marquês de Maricá)
O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado. Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro.
OP OSA Conformativa Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vie-
ram.
O homem age conforme pensa. Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu
Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi. à luz daquele olhar.
Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas. Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam
O jornal, como sabemos, é um grande veículo de in- claramente o verbo, como no exemplo acima, em que está
formação. subentendido o verbo ser (como a mãe é).

- Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo - Proporcionais: Expressam uma ideia que se relacio-
ao que foi expresso na oração principal. Conjunções: quan- na proporcionalmente ao que foi enunciado na principal.
do, assim que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que,
mal (=assim que). quanto mais, quanto menos.
Ele saiu da sala / assim que eu cheguei. Quanto mais reclamava / menos atenção recebia.
OP OSA Temporal OSA Proporcional OP

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LÍNGUA PORTUGUESA

À medida que se vive, mais se aprende. - Oração Subordinada Substantiva Completiva No-
À proporção que avançávamos, as casas iam rareando. minal: É aquela que exerce a função de complemento no-
O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai minal de um termo da oração principal. Observe: Estou con-
diminuindo. vencido de sua inocência. (complemento nominal)
Estou convencido / de que ele é inocente.
Orações Subordinadas Substantivas OP OSS Completiva Nominal

As orações subordinadas substantivas (OSS) são Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à pri-
aquelas que, num período, exercem funções sintáticas pró- são dele.)
prias de substantivos, geralmente são introduzidas pelas Estava ansioso por que voltasses.
conjunções integrantes que e se. Elas podem ser: Sê grato a quem te ensina.
“Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: cedo.” (Graciliano Ramos)
É aquela que exerce a função de objeto direto do verbo
da oração principal. Observe: O grupo quer a sua ajuda. - Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É
(objeto direto) aquela que exerce a função de predicativo do sujeito da ora-
O grupo quer / que você ajude. ção principal, vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O
OP OSS Objetiva Direta importante é sua felicidade. (predicativo)
O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O importante é / que você seja feliz.
O mestre exigia a presença de todos.) OP OSS Predicativa
Mariana esperou que o marido voltasse.
Ninguém pode dizer: Desta água não beberei. Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.)
O fiscal verificou se tudo estava em ordem. Minha esperança era que ele desistisse.
Meu maior desejo agora é que me deixem em paz.
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indire-
Não sou quem você pensa.
ta: É aquela que exerce a função de objeto indireto do ver-
- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aque-
bo da oração principal. Observe: Necessito de sua ajuda.
la que exerce a função de aposto de um termo da oração
(objeto indireto)
principal. Observe: Ele tinha um sonho: a união de todos
Necessito / de que você me ajude.
em benefício do país. (aposto)
OP OSS Objetiva Indireta
Ele tinha um sonho / que todos se unissem em
Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho
benefício do país.
à sua viagem.)
OP OSS Apositiva
Aconselha-o a que trabalhe mais.
Daremos o prêmio a quem o merecer.
Lembre-se de que a vida é breve. Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma
coisa: a sua felicidade)
- Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É Só lhe peço isto: honre o nosso nome.
aquela que exerce a função de sujeito do verbo da oração “Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio dis-
principal. Observe: É importante sua colaboração. (sujeito) to: de que virias a morrer...” (Osmã Lins)
É importante / que você colabore. “Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum
OP OSS Subjetiva motivo oculto?” (Machado de Assis)

A oração subjetiva geralmente vem: As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de


- depois de um verbo de ligação + predicativo, em dois-pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas
construções do tipo é bom, é útil, é certo, é conveniente, à oração principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho recupe-
etc. Ex.: É certo que ele voltará amanhã. rasse a saúde, tornou-se realidade.
- depois de expressões na voz passiva, como sabe-se,
conta-se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade. Observação: Além das conjunções integrantes que e se,
- depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir, as orações substantivas podem ser introduzidas por outros
ocorrer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e conectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos:
seguidos das conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos Não sei quando ele chegou.
participem da reunião. Diga-me como resolver esse problema.

É necessário que você colabore. (= Sua colaboração Orações Subordinadas Adjetivas


é necessária.)
Parece que a situação melhorou. As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem a
Aconteceu que não o encontrei em casa. função de adjunto adnominal de algum termo da oração
Importa que saibas isso bem. principal. Observe como podemos transformar um adjunto
adnominal em oração subordinada adjetiva:

83
LÍNGUA PORTUGUESA

Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal) As orações subordinadas que apresentam o verbo
Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada numa das formas nominais são chamadas de reduzidas.
adjetiva) Para classificar a oração que está sob a forma redu-
zida, devemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo:
As orações subordinadas adjetivas são sempre intro- colocamos a conjunção ou o pronome relativo adequado
duzidas por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem, ao sentido e passamos o verbo para uma forma do indica-
etc.) e podem ser classificadas em: tivo ou subjuntivo, conforme o caso. A oração reduzida terá
a mesma classificação da oração desenvolvida.
- Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas
quando restringem ou especificam o sentido da palavra a Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês.
que se referem. Exemplo: Quando entrei na escola, / encontrei o professor de
O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar. inglês.
OP OSA Restritiva OSA Temporal

Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar es- Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial
pecifica o sentido do substantivo cantor, indicando que o temporal, reduzida de infinitivo.
público não aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que
ganhou o 1º lugar. Precisando de ajuda, telefone-me.
Se precisar de ajuda, / telefone-me.
Pedra que rola não cria limo. OSA Condicional
Os animais que se alimentam de carne chamam-se
carnívoros. Precisando de ajuda: oração subordinada adverbial
Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas pá- condicional, reduzida de gerúndio.
ginas escreveram.
“Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegá- Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário.
rio Mariano) Assim que acabou o treino, / os jogadores foram para
o vestiário.
OSA Temporal
- Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explica-
tivas quando apenas acrescentam uma qualidade à pa-
Acabado o treino: oração subordinada adverbial tem-
lavra a que se referem, esclarecendo um pouco mais seu
poral, reduzida de particípio.
sentido, mas sem restringi-lo ou especificá-lo. Exemplo:
O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou
Observações:
um novo livro.
OP OSA Explicativa OP
- Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo
de desenvolvimento. Há casos também de orações reduzi-
Deus, que é nosso pai, nos salvará. das fixas, isto é, orações reduzidas que não são passíveis de
Valério, que nasceu rico, acabou na miséria. desenvolvimento. Exemplo: Tenho vontade de visitar essa
Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho. cidade.
Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assal- - O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem
tado. orações reduzidas quando fazem parte de uma locução
verbal. Exemplos:
Orações Reduzidas Preciso terminar este exercício.
Ele está jantando na sala.
Observe que as orações subordinadas eram sempre Essa casa foi construída por meu pai.
introduzidas por uma conjunção ou pronome relativo e
apresentavam o verbo numa forma do indicativo ou do - Uma oração coordenada também pode vir sob a for-
subjuntivo. Além desse tipo de orações subordinadas há ma reduzida. Exemplo:
outras que se apresentam com o verbo numa das formas O homem fechou a porta, saindo depressa de casa.
nominais (infinitivo, gerúndio e particípio). Exemplos: O homem fechou a porta e saiu depressa de casa.
- Ao entrar nas escola, encontrei o professor de in- (oração coordenada sindética aditiva)
glês. (infinitivo) Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida
- Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio) de gerúndio.
- Acabado o treino, os jogadores foram para o ves- Qual é a diferença entre as orações coordenadas expli-
tiário. (particípio) cativas e as orações subordinadas causais, já que ambas po-
dem ser iniciadas por que e porque? Às vezes não é fácil es-
tabelecer a diferença entre explicativas e causais, mas como
o próprio nome indica, as causais sempre trazem a causa
de algo que se revela na oração principal, que traz o efeito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) en- 05. A palavra “se” é conjunção integrante (por intro-
tre a oração explicativa e a precedente e que esta é, muitas duzir oração subordinada substantiva objetiva direta) em
vezes, imperativa, o que não acontece com a oração adver- qual das orações seguintes?
bial causal. Essa noção de causa e efeito não existe no pe- a) Ele se mordia de ciúmes pelo patrão.
ríodo composto por coordenação. Exemplo: Rosa chorou b) A Federação arroga-se o direito de cancelar o jogo.
porque levou uma surra. Está claro que a oração iniciada c) O aluno fez-se passar por doutor.
pela conjunção é causal, visto que a surra foi sem dúvida d) Precisa-se de operários.
a causa do choro, que é efeito. Rosa chorou, porque seus e) Não sei se o vinho está bom.
olhos estão vermelhos.
O período agora é composto por coordenação, pois a 06. “Lembro-me de que ele só usava camisas brancas.”
oração iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo A oração sublinhada é:
que se revelou na coordena anterior. Não existe aí relação a) subordinada substantiva completiva nominal
de causa e efeito: o fato de os olhos de Elisa estarem ver- b) subordinada substantiva objetiva indireta
melhos não é causa de ela ter chorado. c) subordinada substantiva predicativa
d) subordinada substantiva subjetiva
Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto. e) subordinada substantiva objetiva direta
OP OSA Comparativa SA Condicional
07. Na passagem: “O receio é substituído pelo pavor,
pelo respeito, pela emoção que emudece e paralisa.” Os
EXERCÍCIOS
termos sublinhados são:
a) complementos nominais; orações subordinadas adver-
01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que biais concessivas, coordenadas entre si
estava para ser mãe”, a oração destacada é: b) adjuntos adnominais; orações subordinadas adverbiais
a) subordinada substantiva objetiva indireta comparativas
b) subordinada substantiva completiva nominal c) agentes da passiva; orações subordinadas adjetivas,
c) subordinada substantiva predicativa coordenadas entre si
d) coordenada sindética conclusiva d) objetos diretos; orações subordinadas adjetivas, coor-
e) coordenada sindética explicativa denadas entre si
e) objetos indiretos; orações subordinadas adverbiais
02. A segunda oração do período? “Não sei no que comparativas
pensas” , é classificada como:
a) substantiva objetiva direta 08. Neste período “não bate para cortar” , a oração “para
b) substantiva completiva nominal cortar” em relação a “não bate” , é:
c) adjetiva restritiva a) a causa
d) coordenada explicativa b) o modo
e) substantiva objetiva indireta c) a consequência
d) a explicação
03. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inven- e) a finalidade
tada. Há reconstituição de uma cena como ela devia ter
sido na realidade.” A oração sublinhada é: 09. Em todos os períodos há orações subordinadas subs-
a) adverbial conformativa tantivas, exceto em:
b) adjetiva a) O fato era que a escravatura do Santa Fé não andava
c) adverbial consecutiva nas festas do Pilar, não vivia no coco como a do Santa Rosa.
d) adverbial proporcional b) Não lhe tocara no assunto, mas teve vontade de tomar
o trem e ir valer-se do presidente.
e) adverbial causal
c) Um dia aquele Lula faria o mesmo com a sua filha, faria
o mesmo com o engenho que ele fundara com o suor de seu
04. No seguinte grupo de orações destacadas:
rosto.
1. É bom que você venha. d) O oficial perguntou de onde vinha, e se não sabia no-
2. Chegados que fomos, entramos na escola. tícias de Antônio Silvino.
3. Não esqueças que é falível. e) Era difícil para o ladrão procurar os engenhos da vár-
zea, ou meter-se para os lados de Goiana
Temos orações subordinadas, respectivamente:
a) objetiva direta, adverbial temporal, subjetiva
b) subjetiva, objetiva direta, objetiva direta Respostas: (01-B) (02-E) (03-A) (04-D) (05-E) (06-B)
c) objetiva direta, subjetiva, adverbial temporal (07-C) (08-E) (09-C)
d) subjetiva, adverbial temporal, objetiva direta
e) predicativa, objetiva direta, objetiva indireta

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LÍNGUA PORTUGUESA

2- Depois de interjeições ou vocativos


8. PONTUAÇÃO. - Ai! Que susto!
- João! Há quanto tempo!
Ponto de Interrogação
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
servem para compor a coesão e a coerência textual, além vedo)
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Ve-
jamos as principais funções dos sinais de pontuação co- Reticências
nhecidos pelo uso da língua portuguesa. 1- Indica que palavras foram suprimidas.
- Comprei lápis, canetas, cadernos...
Ponto
1- Indica o término do discurso ou de parte dele. 2- Indica interrupção violenta da frase.
- Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
que se encontra.
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite. 3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava. - Este mal... pega doutor?
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr. 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito
- Deixa, depois, o coração falar...
Ponto e Vírgula ( ; )
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma Vírgula
importância.
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo Não se usa vírgula
pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida;
*separando termos que, do ponto de vista sintático, li-
os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
gam-se diretamente entre si:
- entre sujeito e predicado.
2- Separa partes de frases que já estão separadas por
Todos os alunos da sala foram advertidos.
vírgulas.
Sujeito predicado
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, monta-
nhas, frio e cobertor.
- entre o verbo e seus objetos.
O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
tivos, decreto de lei, etc. V.T.D.I. O.D. O.I.
- Ir ao supermercado;
- Pegar as crianças na escola; Usa-se a vírgula:
- Caminhada na praia; - Para marcar intercalação:
- Reunião com amigos. a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
dância, vem caindo de preço.
Dois pontos b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
1- Antes de uma citação produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto: c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
2- Antes de um aposto querem abrir mão dos lucros altos.
- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
tarde e calor à noite. - Para marcar inversão:
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fe-
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, viven- chadas.
do a rotina de sempre. b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
4- Em frases de estilo direto c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
Maria perguntou: maio de 1982.
- Por que você não toma uma decisão?
- Para separar entre si elementos coordenados (dispos-
Ponto de Exclamação tos em enumeração):
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
susto, súplica, etc. A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Para marcar elipse (omissão) do verbo: 03.(BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BNDES/2012)


Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. Em que período a vírgula pode ser retirada, mantendo-se o
- Para isolar: sentido e a obediência à norma-padrão?
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasilei- (A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino.
ra, possui um trânsito caótico. (B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos espor-
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. tes?
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se pre-
Fontes: http://www.infoescola.com/portugues/pontua- para para o evento.
cao/ (D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimora-
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula. mento do desportista.
htm (E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda:
judô, natação e canoagem.
Questões sobre Pontuação
04. (BANPARÁ/PA – TÉCNICO BANCÁRIO – ESPP/2012)
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alter- Assinale a alternativa em que a pontuação está correta.
nativa em que a pontuação está corretamente empregada, a) Meu grande amigo Pedro, esteve aqui ontem!
b) Foi solicitado, pelo diretor o comprovante da transação.
de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
c) Maria, você trouxe os documentos?
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
d) O garoto de óculos leu, em voz alta o poema.
embora, experimentasse, a sensação de violar uma intimi-
e) Na noite de ontem o vigia percebeu, uma movimenta-
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en-
ção estranha.
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua
dona. 05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). Assi-
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, nale a alternativa em que a frase mantém-se correta após o
embora experimentasse a sensação, de violar uma intimi- acréscimo das vírgulas.
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en- (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na pul-
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua seira instruções para que envie, uma mensagem eletrônica ao
dona. grupo ou acione o código na internet.
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, (B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o
embora experimentasse a sensação de violar uma intimi- código foi acionado.
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en- (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados,
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua recebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a
dona. criança foi encontrada.
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega pri-
embora experimentasse a sensação de violar uma intimi- meiro às, areias do Guarujá.
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, en- (E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefo-
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua ne de quem a encontrou e informar um ponto de referência
dona.
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, 06. (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013) Para
embora, experimentasse a sensação de violar uma intimi- que o fragmento abaixo seja coerente e gramaticalmente
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, en- correto, é necessário inserir sinais de pontuação. Assinale a
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua posição em que não deve ser usado o sinal de ponto, e sim
dona. a vírgula, para que sejam respeitadas as regras gramaticais.
Desconsidere os ajustes nas letras iniciais minúsculas.
02. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2013 - ADAP- O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de
bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A) o
TADA) Jogadores de futebol de diversos times entraram em
programa desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças
campo em prol do programa “Pai Presente”, nos jogos do
utilizarem a bicicleta de forma segura e correta(B) os alunos
Campeonato Nacional em apoio à campanha que visa 4
ajudam a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre
reduzir o número de pessoas que não possuem o nome do cidadania e reciclagem(C) as escolas participantes se tornam
pai em sua certidão de nascimento. (...) também centros de descarte de garrafas PET(D) destinadas de-
A oração subordinada “que não possuem o nome do pois para reciclagem(E) o programa possibilitará o retorno das
pai em sua certidão de nascimento” não é antecedida por bicicletas pela saúde das crianças e transformação das comuni-
vírgula porque tem natureza restritiva. dades em lugares melhores para se viver.
( ) Certo ( ) Errado (Adaptado de Vida Simples, abril de 2012, edição 117)
a) A
b) B
c) C
d) D
e) E

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LÍNGUA PORTUGUESA

07. (DETRAN - OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO – VU- (B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa
NESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto ao uso da e, embora experimentasse a sensação , (X) de violar uma
pontuação. intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando
(A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua
circunstâncias, ceder à frustração para que a raiva seja ali- dona.
viada. (D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa e,
(B) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, por- embora experimentasse a sensação de violar uma intimida-
que você está junto; com os outros motoristas cujos com- de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encon-
portamentos, são desconhecidos. trar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
(C) Os motoristas, devem saber, que os carros podem (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em-
ser uma extensão de nossa personalidade. bora , (X) experimentasse a sensação de violar uma intimida-
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; au- de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encon-
mentar os níveis de estresse em alguns motoristas. trar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na
rua, são as principais causas da ira de trânsito. 2-) A oração restringe o grupo que participará da cam-
panha (apenas os que não têm o nome do pai na certidão
08. (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS de nascimento). Se colocarmos uma vírgula, a oração tornar-
GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - FU- se-á “explicativa”, generalizando a informação, o que dará a
MARC/2013) “Paciência, minha filha, este é apenas um ciclo entender que TODAS as pessoa não têm o nome do pai na
econômico e a nossa geração foi escolhida para este vexame, certidão.
você aí desse tamanho pedindo esmola e eu aqui sem nada RESPOSTA: “CERTO”.
para te dizer, agora afasta que abriu o sinal.”
No período acima, as vírgulas foram empregadas em 3-)
“Paciência, minha filha, este é [...]”, para separar (A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino.
(A) aposto. = mantê-la (termo deslocado)
(B) vocativo.
(B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos espor-
(C) adjunto adverbial.
tes? = mantê-la (vocativo)
(D) expressão explicativa.
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se pre-
para para o evento.
09. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
= mantê-la (explicação)
PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011) O perío-
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimora-
do corretamente pontuado é:
mento do desportista.
(A) Os filmes que, mostram a luta pela sobrevivência
= pode retirá-la (advérbio de tempo)
em condições hostis nem sempre conseguem agradar, aos
espectadores. (E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda:
(B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes en- judô, natação e canoagem.
tre si, podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma = mantê-la (enumeração)
história ficcional.
(C) A história de heroísmo e de determinação que nem 4-) Assinalei com (X) a pontuação inadequada ou faltante:
sempre, é convincente, se passa em um cenário marcado, a) Meu grande amigo Pedro, (X) esteve aqui ontem!
pelo frio. b) Foi solicitado, (X) pelo diretor o comprovante da tran-
(D) Caminhar por um extenso território gelado, é correr sação.
riscos iminentes que comprometem, a sobrevivência. c) Maria, você trouxe os documentos?
(E) Para os fugitivos que se propunham, a alcançar a d) O garoto de óculos leu, em voz alta (X) o poema.
liberdade, nada poderia parecer, realmente intransponível. e) Na noite de ontem (X) o vigia percebeu, (X) uma movi-
mentação estranha.
GABARITO
5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade-
01. C 02. C 03. D 04. C 05. E quadas
06. D 07. A 08. B 09.B (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá
na pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem
RESOLUÇÃO eletrônica ao grupo ou acione o código na internet.
(B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais
1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas de onde o código foi acionado.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados
embora, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma , (X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem dizendo
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando que a criança foi encontrada.
encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega
sua dona. primeiro às , (X) areias do Guarujá.

88
LÍNGUA PORTUGUESA

6-)
O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas 9. CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL.
de bambu para 4600 alunos da rede pública de São Pau-
lo(A). O programa desenvolve ainda oficinas e cursos para
as crianças utilizarem a bicicleta de forma segura e corre-
ta(B). Os alunos ajudam a traçar ciclorrotas e participam de CONCORDÂNCIA
atividades sobre cidadania e reciclagem(C). As escolas parti-
cipantes se tornam também centros de descarte de garrafas A concordância consiste no mecanismo que leva as
PET(D), destinadas depois para reciclagem(E). O programa palavras a adequarem-se umas às outras harmonicamente
possibilitará o retorno das bicicletas pela saúde das crian- na construção frasal. É o princípio sintático segundo o qual
ças e transformação das comunidades em lugares melhores as palavras dependentes se harmonizam, nas suas flexões,
para se viver. com as palavras de que dependem.
A vírgula deve ser colocada após a palavra “PET”, posi- “Concordar” significa “estar de acordo com”. Assim, na
ção (D), pois antecipa um termo explicativo. concordância, tanto nominal quanto verbal, os elementos
que compõem a frase devem estar em consonância uns
7-) Fiz as indicações (X) das pontuações inadequadas: com os outros.
(A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas Essa concordância poderá ser feita de duas formas: gra-
circunstâncias, ceder à frustração para que a raiva seja ali- matical ou lógica (segue os padrões gramaticais vigentes);
viada. atrativa ou ideológica (dá ênfase a apenas um dos vários
(B) Dirigir pode aumentar, (X) nosso nível de estresse, elementos, com valor estilístico).
porque você está junto; (X) com os outros motoristas cujos
comportamentos, (X) são desconhecidos. Concordância Nominal: adequação entre o substan-
(C) Os motoristas, (X) devem saber, (X) que os carros tivo e os elementos que a ele se referem (artigo, pronome,
podem ser uma extensão de nossa personalidade. adjetivo).
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, (X) acidentes e; (X) Concordância Verbal: variação do verbo, conforman-
aumentar os níveis de estresse em alguns motoristas. do-se ao número e à pessoa do sujeito.
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na
rua, (X) são as principais causas da ira de trânsito. CONCORDÂNCIA NOMINAL

8-) Paciência, minha filha, este é... = é o termo usado Concordância do adjetivo adjunto adnominal: a con-
para se dirigir ao interlocutor, ou seja, é um vocativo. cordância do adjetivo, com a função de adjunto adnominal,
efetua-se de acordo com as seguintes regras gerais:
9-) Fiz as marcações (X) onde as pontuações estão ina- O adjetivo concorda em gênero e número com o subs-
dequadas ou faltantes: tantivo a que se refere. Exemplo: O alto ipê cobre-se de
(A) Os filmes que,(X) mostram a luta pela sobrevivência flores amarelas.
em condições hostis nem sempre conseguem agradar, (X) O adjetivo que se refere a mais de um substantivo de
aos espectadores. gênero ou número diferentes, quando posposto, poderá
(B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes en- concordar no masculino plural (concordância mais aconse-
tre si, podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma lhada), ou com o substantivo mais próximo. Exemplo:
história ficcional.
(C) A história de heroísmo e de determinação (X) que - No masculino plural:
nem sempre, (X) é convincente, se passa em um cenário “Tinha as espáduas e o colo feitos de encomenda para
marcado, (X) pelo frio. os vestidos decotados.” (Machado de Assis)
(D) Caminhar por um extenso território gelado, (X) é “Os arreios e as bagagens espalhados no chão, em
correr riscos iminentes (X) que comprometem, (X) a sobre- roda.” (Herman Lima)
vivência. “Ainda assim, apareci com o rosto e as mãos muito
(E) Para os fugitivos que se propunham, (X) a alcançar marcados.” (Carlos Povina Cavalcânti)
a liberdade, nada poderia parecer, (X) realmente intrans- “...grande número de camareiros e camareiras nativos.”
ponível. (Érico Veríssimo)

- Com o substantivo mais próximo:


A Marinha e o Exército brasileiro estavam alerta.
Músicos e bailarinas ciganas animavam a festa.
“...toda ela (a casa) cheirando ainda a cal, a tinta e a
barro fresco.” (Humberto de Campos)
“Meu primo estava saudoso dos tempos da infância e
falava dos irmãos e irmãs falecidas.” (Luís Henrique Tavares)
- Anteposto aos substantivos, o adjetivo concorda,
em geral, com o mais próximo:

89
LÍNGUA PORTUGUESA

“Escolhestes mau lugar e hora...” (Alexandre Herculano) - Se o sujeito for representado por um pronome de
“...acerca do possível ladrão ou ladrões.” (Antônio Ca- tratamento, a concordância se efetua com o sexo da
lado) pessoa a quem nos referimos:
Velhas revistas e livros enchiam as prateleiras. Vossa Senhoria ficará satisfeito, eu lhe garanto.
Velhos livros e revistas enchiam as prateleiras. “Vossa Excelência está enganado, Doutor Juiz.” (Ariano
Suassuna)
Seguem esta regra os pronomes adjetivos: A sua ida- Vossas Excelências, senhores Ministros, são merecedo-
de, sexo e profissão.; Seus planos e tentativas.; Aqueles ví- res de nossa confiança.
cios e ambições.; Por que tanto ódio e perversidade?; “Seu Vossa Alteza foi bondoso. (com referência a um prín-
Príncipe e filhos”. Muitas vezes é facultativa a escolha desta cipe)
ou daquela concordância, mas em todos os casos deve su- O predicativo aparece às vezes na forma do masculino
bordinar-se às exigências da eufonia, da clareza e do bom singular nas estereotipadas locuções é bom, é necessário,
gosto. é preciso, etc., embora o sujeito seja substantivo feminino
ou plural:
- Quando dois ou mais adjetivos se referem ao mes- Bebida alcoólica não é bom para o fígado.
mo substantivo determinado pelo artigo, ocorrem dois “Água de melissa é muito bom.” (Machado de Assis)
tipos de construção, um e outro legítimos. Exemplos: “É preciso cautela com semelhantes doutrinas.” (Camilo
Estudo as línguas inglesa e francesa. Castelo Branco)
Estudo a língua inglesa e a francesa. “Hormônios, às refeições, não é mau.” (Aníbal Macha-
Os dedos indicador e médio estavam feridos. do)
O dedo indicador e o médio estavam feridos.
Observe-se que em tais casos o sujeito não vem de-
- Os adjetivos regidos da preposição de, que se re- terminado pelo artigo e a concordância se faz não com a
ferem a pronomes neutros indefinidos (nada, muito, forma gramatical da palavra, mas com o fato que se tem
algo, tanto, que, etc.), normalmente ficam no masculino em mente:
singular: Tomar hormônios às refeições não é mau.
Sua vida nada tem de misterioso.
É necessário ter muita fé.
Seus olhos têm algo de sedutor.
Todavia, por atração, podem esses adjetivos concordar
Havendo determinação do sujeito, ou sendo preciso
com o substantivo (ou pronome) sujeito:
realçar o predicativo, efetua-se a concordância normalmen-
“Elas nada tinham de ingênuas.” (José Gualda Dantas)
te:
É necessária a tua presença aqui. (= indispensável)
Concordância do adjetivo predicativo com o sujeito:
“Se eram necessárias obras, que se fizessem e larga-
a concordância do adjetivo predicativo com o sujeito reali-
mente.” (Eça de Queirós)
za-se consoante as seguintes normas:
“Seriam precisos outros três homens.” (Aníbal Macha-
- O predicativo concorda em gênero e número com do)
o sujeito simples: “São precisos também os nomes dos admiradores.”
A ciência sem consciência é desastrosa. (Carlos de Laet)
Os campos estavam floridos, as colheitas seriam far-
tas. Concordância do predicativo com o objeto: A concor-
É proibida a caça nesta reserva. dância do adjetivo predicativo com o objeto direto ou indi-
- Quando o sujeito é composto e constituído por reto subordina-se às seguintes regras gerais:
substantivos do mesmo gênero, o predicativo deve con- - O adjetivo concorda em gênero e número com o
cordar no plural e no gênero deles: objeto quando este é simples:
O mar e o céu estavam serenos. Vi ancorados na baía os navios petrolíferos.
A ciência e a virtude são necessárias. “Olhou para suas terras e viu-as incultas e maninhas.”
“Torvos e ferozes eram o gesto e os meneios destes (Carlos de Laet)
homens sem disciplina,” (Alexandre Herculano) O tribunal qualificou de ilegais as nomeações do ex-
-prefeito.
- Sendo o sujeito composto e constituído por subs- A noite torna visíveis os astros no céu límpido.
tantivos de gêneros diversos, o predicativo concordará
no masculino plural: - Quando o objeto é composto e constituído por ele-
O vale e a montanha são frescos. mentos do mesmo gênero, o adjetivo se flexiona no plu-
“O céu e as árvores ficariam assombrados.” (Machado ral e no gênero dos elementos:
de Assis) A justiça declarou criminosos o empresário e seus au-
Longos eram os dias e as noites para o prisioneiro. xiliares.
“O César e a irmã são louros.” (Antônio Olinto) Deixe bem fechadas a porta e as janelas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Sendo o objeto composto e formado de elementos - Os pronomes um... outro, quando se referem a subs-
de gênero diversos, o adjetivo predicativo concordará tantivos de gênero diferentes, concordam no masculino:
no masculino plural: Marido e mulher viviam em boa harmonia e ajudavam-
Tomei emprestados a régua e o compasso. se um ao outro.
Achei muito simpáticos o príncipe e sua filha. “Repousavam bem perto um do outro a matéria e o
“Vi setas e carcás espedaçados”. (Gonçalves Dias) espírito.” (Alexandre Herculano)
Encontrei jogados no chão o álbum e as cartas. Nito e Sônia casaram cedo: um por amor, o outro, por
interesse.
- Se anteposto ao objeto, poderá o predicativo, nes-
te caso, concordar com o núcleo mais próximo: A locução um e outro, referida a indivíduos de sexos di-
É preciso que se mantenham limpas as ruas e os jar- ferentes, permanece também no masculino: “A mulher do
dins. colchoeiro escovou-lhe o chapéu; e, quando ele [Rubião]
Segue as mesmas regras o predicativo expresso pelos saiu, um e outro agradeceram-lhe muito o benefício da sal-
substantivos variáveis em gênero e número: Temiam que as vação do filho.” (Machado de Assis)
tomassem por malfeitoras; Considero autores do crime o
comerciante e sua empregada. O substantivo que se segue às locuções um e outro e
nem outro fica no singular. Exemplos: Um e outro livro me
Concordância do particípio passivo: Na voz passiva, agradaram; Nem um nem outro livro me agradaram.
o particípio concorda em gênero e número com o sujeito,
como os adjetivos: Outros casos de concordância nominal: Registramos
Foi escolhida a rainha da festa. aqui alguns casos especiais de concordância nominal:
Foi feita a entrega dos convites.
Os jogadores tinham sido convocados. - Anexo, incluso, leso. Como adjetivos, concordam com
O governo avisa que não serão permitidas invasões de o substantivo em gênero e número:
propriedades. Anexa à presente, vai a relação das mercadorias.
Vão anexos os pareceres das comissões técnicas.
Quando o núcleo do sujeito é, como no último exem- Remeto-lhe, anexas, duas cópias do contrato.
plo, um coletivo numérico, pode-se, em geral, efetuar a Remeto-lhe, inclusa, uma fotocópia do recibo.
concordância com o substantivo que o acompanha: Cente- Os crimes de lesa-majestade eram punidos com a morte.
nas de rapazes foram vistos pedalando nas ruas; Dezenas Ajudar esses espiões seria crime de lesa-pátria.
de soldados foram feridos em combate.
Referindo-se a dois ou mais substantivos de gênero di- Observação: Evite a locução espúria em anexo.
ferentes, o particípio concordará no masculino plural: Atin-
gidos por mísseis, a corveta e o navio foram a pique; “Mas - A olhos vistos. Locução adverbial invariável. Significa
achei natural que o clube e suas ilusões fossem leiloados.” visivelmente.
(Carlos Drummond de Andrade) “Lúcia emagrecia a olhos vistos”. (Coelho Neto)
“Zito envelhecia a olhos vistos.” (Autren Dourado)
Concordância do pronome com o nome: - Só. Como adjetivo, só [sozinho, único] concorda em nú-
mero com o substantivo. Como palavra denotativa de limita-
- O pronome, quando se flexiona, concorda em gênero ção, equivalente de apenas, somente, é invariável.
e número com o substantivo a que se refere: Eles estavam sós, na sala iluminada.
“Martim quebrou um ramo de murta, a folha da tris- Esses dois livros, por si sós, bastariam para torná-los cé-
teza, e deitou-o no jazido de sua esposa”. (José de Alencar) lebre.
“O velho abriu as pálpebras e cerrou-as logo.” (José de Elas só passeiam de carro.
Alencar) Só eles estavam na sala.

- O pronome que se refere a dois ou mais substantivos Forma a locução a sós [=sem mais companhia, sozinho]:
de gêneros diferentes, flexiona-se no masculino plural: Estávamos a sós. Jesus despediu a multidão e subiu ao mon-
“Salas e coração habita-os a saudade”” (Alberto de Oli- te para orar a sós.
veira)
“A generosidade, o esforço e o amor, ensinaste-os tu em - Possível. Usado em expressões superlativas, este adje-
toda a sua sublimidade.” (Alexandre Herculano) tivo ora aparece invariável, ora flexionado:
Conheci naquela escola ótimos rapazes e moças, com “A volta, esperava-nos sempre o almoço com os pratos
os quais fiz boas amizades. mais requintados possível.” (Maria Helena Cardoso)
“Referi-me à catedral de Notre-Dame e ao Vesúvio fa- “Estas frutas são as mais saborosas possível.” (Carlos
miliarmente, como se os tivesse visto.” (Graciliano Ramos) Góis)
“A mania de Alice era colecionar os enfeites de louça
Os substantivos sendo sinônimos, o pronome concor- mais grotescos possíveis.” (ledo Ivo)
da com o mais próximo: “Ó mortais, que cegueira e desati- “... e o resultado obtido foi uma apresentação com movi-
no é o nosso!” (Manuel Bernardes) mentos os mais espontâneos possíveis.” (Ronaldo Miranda)

91
LÍNGUA PORTUGUESA

Como se vê dos exemplos citados, há nítida tendência, Contudo, esta palavra é, atualmente, sentida antes
no português de hoje, para se usar, neste caso, o adjetivo como adjetivo, sendo, por isso, flexionada no plural:
possível no plural. O singular é de rigor quando a expres- Nossos chefes estão alertas. (=vigilantes)
são superlativa inicia com a partícula o (o mais, o menos, o Papa diz aos cristãos que se mantenham alertas.
maior, o menor, etc.) “Uma sentinela de guarda, olhos abertos e sentidos
Os prédios devem ficar o mais afastados possível. alertas, esperando pelo desconhecido...” (Assis Brasil, Os
Ele trazia sempre as unhas o mais bem aparadas pos- Crocodilos, p. 25)
sível.
O médico atendeu o maior número de pacientes pos- - Meio. Usada como advérbio, no sentido de um pou-
sível. co, esta palavra é invariável. Exemplos:
A porta estava meio aberta.
- Adjetivos adverbiados. Certos adjetivos, como sério, As meninas ficaram meio nervosas.
claro, caro, barato, alto, raro, etc., quando usados com a Os sapatos eram meio velhos, mas serviam.
função de advérbios terminados em – mente, ficam inva-
riáveis: - Bastante. Varia quando adjetivo, sinônimo de sufi-
Vamos falar sério. [sério = seriamente] ciente:
Penso que falei bem claro, disse a secretária. Não havia provas bastantes para condenar o réu.
Esses produtos passam a custar mais caro. [ou mais Duas malas não eram bastantes para as roupas da
barato] atriz.
Estas aves voam alto. [ou baixo]
Fica invariável quando advérbio, caso em que modifica
Junto e direto ora funcionam como adjetivos, ora como um adjetivo:
advérbios: As cordas eram bastante fortes para sustentar o peso.
“Jorge e Dante saltaram juntos do carro.” (José Lou- Os emissários voltaram bastante otimistas.
zeiro) “Levi está inquieto com a economia do Brasil. Vê que se
“Era como se tivessem estado juntos na véspera.” (Au- aproximam dias bastante escuros.” (Austregésilo de Ataí-
tram Dourado). de)
“Elas moram junto há algum tempo.” (José Gualda
- Menos. É palavra invariável:
Dantas)
Gaste menos água.
“Foram direto ao galpão do engenheiro-chefe.” (Josué
À noite, há menos pessoas na praça.
Guimarães)
EXERCÍCIOS
- Todo. No sentido de inteiramente, completamente,
costuma-se flexionar, embora seja advérbio:
01. Assinale a frase que encerra um erro de concordân-
Esses índios andam todos nus.
cia nominal:
Geou durante a noite e a planície ficou toda (ou todo)
a) Estavam abandonadas a casa, o templo e a vila.
branca. b) Ela chegou com o rosto e as mãos feridas.
As meninas iam todas de branco. c) Decorrido um ano e alguns meses, lá voltamos.
A casinha ficava sob duas mangueiras, que a cobriam d) Decorridos um ano e alguns meses, lá voltamos.
toda. e) Ela comprou dois vestidos cinza.
Mas admite-se também a forma invariável: 02. Enumere a segunda coluna pela primeira (adjetivo
Fiquei com os cabelos todo sujos de terá. posposto):
Suas mãos estavam todo ensangüentadas. (1) velhos
(2) velhas
- Alerta. Pela sua origem, alerta (=atentamente, de ( ) camisa e calça.
prontidão, em estado de vigilância) é advérbio e, portanto, ( ) chapéu e calça.
invariável: ( ) calça e chapéu.
Estamos alerta. ( ) chapéu e paletó.
Os soldados ficaram alerta. ( ) chapéu e camisa.
“Todos os sentidos alerta funcionam.” (Carlos Drum-
mond de Andrade) a) 1-2-1-1-2
“Os brasileiros não podem deixar de estar sempre aler- b) 2-2-1-1-2
ta.” (Martins de Aguiar) c) 2-1-1-1-1
d) 1-2-2-2-2
e) 2-1-1-1-2

92
LÍNGUA PORTUGUESA

03. Complete os espaços com um dos nomes coloca- 09. Aponte o erro de concordância nominal.
dos nos parênteses. a) Andei por longes terras.
a) Será que é ____ essa confusão toda? (necessário/ ne- b) Ela chegou toda machucada.
cessária) c) Carla anda meio aborrecida.
b) Quero que todos fiquem ____. (alerta/ alertas) d) Elas não progredirão por si mesmo.
c) Houve ____ razões para eu não voltar lá. (bastante/ e) Ela própria nos procurou.
bastantes)
d) Encontrei ____ a sala e os quartos. (vazia/vazios) 10. Assinale o erro de concordância nominal.
e) A dona do imóvel ficou ____ desiludida com o inqui- a) – Muito obrigada, disse ela.
lino. (meio/ meia) b) Só as mulheres foram interrogadas.
c) Eles estavam só.
04. “Na reunião do Colegiado, não faltou, no momen- d) Já era meio-dia e meia.
to em que as discussões se tornaram mais violentas, argu- e) Sós, ficaram tristes.
mentos e opiniões veementes e contraditórias.” No trecho
acima, há uma infração as normas de concordância. Respostas:
a) Reescreva-o com devida correção.
b) Justifique a correção feita. 01-A / 02-C

05. Reescrever as frases abaixo, corrigindo-as quando 03. a) necessária b) alerta c) bastantes d) vazia e) meio
necessário.
a) “Recebei, Vossa Excelência, os processos de nossa 04. a) “Na reunião do colegiado, não faltaram, no mo-
estima, pois não podem haver cidadãos conscientes sem mento em que as discussões se tornaram mais violentas,
argumentos e opiniões veementes e contraditórias.”
educação.”
b) Concorda com o sujeito “argumentos e opiniões”.
b) “Os projetos que me enviaram estão em ordem;
devolvê-los-ei ainda hoje, conforme lhes prometi.”
05. a) “Receba, Vossa Excelência, os protestos de nossa
estima, pois não pode haver cidadãos conscientes sem a
06. Como no exercício anterior.
educação.”
a) “Ele informou aos colegas de que havia perdido os
b)  A frase está correta.
documentos cuja originalidade duvidamos.”
b) “Depois de assistir algumas aulas, eu preferia mais
06. a) “Ele informou aos colegas que havia perdido (ou:
ficar no pátio do que continuar dentro da classe.” ele informou os colegas de que havia perdido os documen-
tos de cuja originalidade duvidamos.”
07. A frase em que a concordância nominal está cor- b) “Depois de assistir algumas aulas, eu preferia ficar
reta é: no pátio a continuar dentro da classe.”
a) A vasta plantação e a casa grande caiados há pouco
tempo era o melhor sinal de prosperidade da família. 07-E / 08-E / 09-D / 10-C
b) Eles, com ar entristecidos, dirigiram-se ao salão
onde se encontravam as vítimas do acidente. CONCORDÂNCIA VERBAL
c) Não lhe pareciam útil aquelas plantas esquisitas
que ele cultivava na sua pacata e linda chácara do interior. O verbo concorda com o sujeito, em harmonia com as
d) Quando foi encontrado, ele apresentava feridos a seguintes regras gerais:
perna e o braço direitos, mas estava totalmente lúcido.
e) Esses livro e caderno não são meus, mas poderão - O sujeito é simples: O sujeito sendo simples, com ele
ser importante para a pesquisa que estou fazendo. concordará o verbo em número e pessoa. Exemplos:
Verbo depois do sujeito:
08. Assinale a alternativa em que, pluralizando-se a “As saúvas eram uma praga.” (Carlos Povina Cavalcânti)
frase, as palavras destacadas permanecem invariáveis: “Tu não és inimiga dele, não? (Camilo Castelo Branco)
a) Este é o meio mais exato para você resolver o pro- “Vós fostes chamados à liberdade, irmãos.” (São Paulo)
blema: estude só.
b) Meia palavra, meio tom - índice de sua sensatez. Verbo antes do sujeito:
c) Estava só naquela ocasião; acreditei, pois em sua Acontecem tantas desgraças neste planeta!
meia promessa. Não faltarão pessoas que nos queiram ajudar.
d) Passei muito inverno só. A quem pertencem essas terras?
e) Só estudei o elementar, o que me deixa meio
apreensivo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- O sujeito é composto e da 3ª pessoa As normas que a seguir traçamos têm, muitas vezes,
valor relativo, porquanto a escolha desta ou daquela con-
O sujeito, sendo composto e anteposto ao verbo, leva ge- cordância depende, freqüentemente, do contexto, da si-
ralmente este para o plural. Exemplos: tuação e do clima emocional que envolvem o falante ou o
“A esposa e o amigo seguem sua marcha.” (José de escrevente.
Alencar)
“Poti e seus guerreiros o acompanharam.” (José de - Núcleos do sujeito unidos por ou
Alencar)
“Vida, graça, novidade, escorriam-lhe da alma como de Há duas situações a considerar:
uma fonte perene.” (Machado de Assis)
- Se a conjunção ou indicar exclusão ou retificação, o
É licito (mas não obrigatório) deixar o verbo no singular: verbo concordará com o núcleo do sujeito mais próximo:
- Quando o núcleo dos sujeitos são sinônimos: Paulo ou Antônio será o presidente.
“A decência e honestidade ainda reinava.” (Mário Bar- O ladrão ou os ladrões não deixaram nenhum vestígio.
reto) Ainda não foi encontrado o autor ou os autores do
“A coragem e afoiteza com que lhe respondi, pertur- crime.
bou-o...” (Camilo Castelo Branco) - O verbo irá para o plural se a idéia por ele expressa se
“Que barulho, que revolução será capaz de perturbar referir ou puder ser atribuída a todos os núcleos do sujeito:
esta serenidade?” (Graciliano Ramos) “Era tão pequena a cidade, que um grito ou gargalhada
- Quando os núcleos do sujeito formam sequência gra- forte a atravessavam de ponta a ponta.” (Aníbal Macha-
dativa: do) (Tanto um grito como uma gargalhada atravessavam
Uma ânsia, uma aflição, uma angústia repentina come- a cidade.)
çou a me apertar à alma. “Naquela crise, só Deus ou Nossa Senhora podiam
acudir-lhe.” (Camilo Castelo Branco)
Sendo o sujeito composto e posposto ao verbo, este poderá
concordar no plural ou com o substantivo mais próximo: Há, no entanto, em bons autores, ocorrência de verbo
“Não fossem o rádio de pilha e as revistas, que seria de no singular:
Elisa?” (Jorge Amado) “A glória ou a vergonha da estirpe provinha de atos
“Enquanto ele não vinha, apareceram um jornal e uma individuais.” (Vivaldo Coaraci)
vela.” (Ricardo Ramos) “Há dessas reminiscências que não descansam antes
“Ali estavam o rio e as suas lavadeiras.” (Carlos Povina que a pena ou a língua as publique.” (Machado de Assis)
Cavalcânti) “Um príncipe ou uma princesa não casa sem um vulto-
... casa abençoada onde paravam Deus e o primeiro dos so dote.” (Viriato Correia)
seus ministros.” (Carlos de Laet)
Aconselhamos, nesse caso, usar o verbo no plural. - Núcleos do sujeito unidos pela preposição com:
Usa-se mais frequentemente o verbo no plural quando se
- O sujeito é composto e de pessoas diferentes atribui a mesma importância, no processo verbal, aos ele-
mentos do sujeito unidos pela preposição com. Exemplos:
Se o sujeito composto for de pessoas diversas, o verbo se Manuel com seu compadre construíram o barracão.
flexiona no plural e na pessoa que tiver prevalência. (A 1ª pes- “Eu com outros romeiros vínhamos de Vigo...” (Camilo
soa prevalece sobre a 2ª e a 3ª; a 2ª prevale sobre a 3ª): Castelo Branco)
“Foi o que fizemos Capitu e eu.” (Machado de Assis) (ela “Ele com mais dois acercaram-se da porta.” (Camilo
e eu = nós) Castelo Branco)
“Tu e ele partireis juntos.” (Mário Barreto) (tu e ele = vós) Pode se usar o verbo no singular quando se deseja
Você e meu irmão não me compreendem. (você e ele dar relevância ao primeiro elemento do sujeito e também
= vocês) quando o verbo vier antes deste. Exemplos:
Muitas vezes os escritores quebram a rigidez dessa regra: O bispo, com dois sacerdotes, iniciou solenemente a
missa.
- Ora fazendo concordar o verbo com o sujeito mais próxi- O presidente, com sua comitiva, chegou a Paris às 5h
mo, quando este se pospõe ao verbo: da tarde.
“O que resta da felicidade passada és tu e eles.” (Camilo “Já num sublime e público teatro se assenta o rei in-
Castelo Branco) glês com toda a corte.” (Luís de Camarões)
“Faze uma arca de madeira; entra nela tu, tua mulher e
teus filhos.” (Machado de Assis) - Núcleos do sujeito unidos por nem: Quando o sujei-
- Ora preferindo a 3ª pessoa na concorrência tu + ele (tu to é formado por núcleos no singular unidos pela conjun-
+ ele = vocês em vez de tu + ele = vós): ção nem, usa-se, comumente, o verbo no plural. Exemplos:
“...Deus e tu são testemunhas...” (Almeida Garrett) Nem a riqueza nem o poder o livraram de seus inimi-
“Juro que tu e tua mulher me pagam.” (Coelho Neto) gos.
Nem eu nem ele o convidamos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

“Nem o mundo, nem Deus teriam força para me cons- - Núcleos do sujeito são infinitivos: O verbo concor-
tranger a tanto.” (Alexandre Herculano) dará no plural se os infinitivos forem determinados pelo
“Nem a Bíblia nem a respeitabilidade lhe permitem artigo ou exprimirem idéias opostas; caso contrário, tanto
praguejar alto.” (Eça de Queirós) é lícito usar o verbo no singular como no plural. Exemplos:
É preferível a concordância no singular: O comer e o beber são necessários.
Rir e chorar fazem parte da vida
- Quando o verbo precede o sujeito: Montar brinquedos e desmontá-los divertiam muito
“Não lhe valeu a imensidade azul, nem a alegria das flo- o menino.
res, nem a pompa das folhas verdes...” (Machado de Assis) “Já tinha ouvido que plantar e colher feijão não dava
Não o convidei eu nem minha esposa. trabalho.” (Carlos Povina Cavalcânti) (ou davam)
“Na fazenda, atualmente, não se recusa trabalho, nem
dinheiro, nem nada a ninguém.” (Guimarães Rosa) - Sujeito oracional: Concorda no singular o verbo cujo
sujeito é uma oração:
- Quando há exclusão, isto é, quando o fato só pode ser Ainda falta / comprar os cartões.
atribuído a um dos elementos do sujeito: Predicado Sujeito Oracional
Nem Berlim nem Moscou sediará a próxima Olimpíada.
(Só uma cidade pode sediar a Olimpíada.) Estas são realidades que não adianta esconder.
Nem Paulo nem João será eleito governador do Acre. Sujeito de adianta: esconder que (as realidades)
(Só um candidato pode ser eleito governador.)
- Sujeito Coletivo: O verbo concorda no singular com
- Núcleos do sujeito correlacionados: O verbo vai para o sujeito coletivo no singular. Exemplos:
o plural quando os elementos do sujeito composto estão A multidão vociferava ameaças.
ligados por uma das expressões correlativas não só... mas O exército dos aliados desembarcou no sul da Itália.
também, não só como também, tanto...como, etc. Exemplos: Uma junta de bois tirou o automóvel do atoleiro.
Não só a nação mas também o príncipe estariam po- Um bloco de foliões animava o centro da cidade.
bres.” (Alexandre Herculano)
“Tanto a Igreja como o Estado eram até certo ponto
Se o coletivo vier seguido de substantivo plural que
inocentes.” (Alexandre Herculano)
o especifique e anteceder ao verbo, este poderá ir para o
“Tanto Noêmia como Reinaldo só mantinham relações
plural, quando se quer salientar não a ação do conjunto,
de amizade com um grupo muito reduzido de pessoas.”
mas a dos indivíduos, efetuando-se uma concordância não
(José Condé)
gramatical, mas ideológica:
“Tanto a lavoura como a indústria da criação de gado
“Uma grande multidão de crianças, de velhos, de mu-
não o demovem do seu objetivo.” (Cassiano Ricardo)
lheres penetraram na caverna...” (Alexandre Herculano)
- Sujeitos resumidos por tudo, nada, ninguém: Quan- “Uma grande vara de porcos que se afogaram de es-
do o sujeito composto vem resumido por um dos prono- cantilhão no mar...” (Camilo Castelo Branco)
mes, tudo, nada, ninguém, etc. o verbo concorda, no sin- “Reconheceu que era um par de besouros que zum-
gular, com o pronome resumidor. Exemplos: biam no ar.” (Machado de Assis)
Jogos, espetáculos, viagens, diversões, nada pôde sa- “Havia na União um grupo de meninos que pratica-
tisfazê-lo. vam esse divertimento com uma pertinácia admirável.”
“O entusiasmo, alguns goles de vinho, o gênio imperio- (Carlos Povina Cavalcânti)
so, estouvado, tudo isso me levou a fazer uma coisa única.” - A maior parte de, grande número de, etc: Sendo o
(Machado de Assis) sujeito uma das expressões quantitativas a maior parte de,
Jogadores, árbitro, assistentes, ninguém saiu do cam- parte de, a maioria de, grande número de, etc., seguida de
po. substantivo ou pronome no plural, o verbo, quando pos-
posto ao sujeito, pode ir para o singular ou para o plural,
- Núcleos do sujeito designando a mesma pessoa ou conforme se queira efetuar uma concordância estritamente
coisa: O verbo concorda no singular quando os núcleos do gramatical (com o coletivo singular) ou uma concordância
sujeito designam a mesma pessoa ou o mesmo ser. Exem- enfática, expressiva, com a idéia de pluralidade sugerida
plos: pelo sujeito. Exemplos:
“Aleluia! O brasileiro comum, o homem do povo, o A maior parte dos indígenas respeitavam os pajés.”
João-ninguém, agora é cédula de Cr$ 500,00!” (Carlos (Gilberto Freire)
Drummond Andrade) “A maior parte dos doidos ali metidos estão em seu
“Embora sabendo que tudo vai continuar como está, perfeito juízo.” (Machado de Assis)
fica o registro, o protesto, em nome dos telespectadores.” “A maior parte das pessoas pedem uma sopa, um pra-
(Valério Andrade) to de carne e um prato de legumes.” (Ramalho Ortigão)
Advogado e membro da instituição afirma que ela é “A maior parte dos nomes podem ser empregados em
corrupta. sentido definido ou em sentido indefinido.” (Mário Barreto)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o verbo precede o sujeito, como nos dois últi- Há gramáticas que condenam tal concordância. Por
mos exemplos, a concordância se efetua no singular. Como coerência, deveriam condenar também a comumente acei-
se vê dos exemplos supracitados, as duas concordâncias ta em construções anormais do tipo: Quais de vós sois
são igualmente legítimas, porque têm tradição na língua. isentos de culpa? Quantos de nós somos completamente
Cabe a quem fala ou escreve escolher a que julgar mais felizes? O verbo fica obrigatoriamente no singular quan-
adequada à situação. Pode-se, portanto, no caso em foco, do se aplica apenas ao indivíduo de que se fala, como no
usar o verbo no plural, efetuando a concordância não com exemplo:
a forma gramatical das palavras, mas com a ideia de plu- Jairo é um dos meus empregados que não sabe ler.
ralidade que elas encerram e sugerem à nossa mente. Essa (Jairo é o único empregado que não sabe ler.)
concordância ideológica é bem mais expressiva que a gra-
matical, como se pode perceber relendo as frases citadas Ressalte-se porém, que nesse caso é preferível cons-
de Machado de Assis, Ramalho Ortigão, Ondina Ferreira e truir a frase de outro modo:
Aurélio Buarque de Holanda, e cotejando-as com as dos Jairo é um empregado meu que não sabe ler.
autores que usaram o verbo no singular. Dos meus empregados, só Jairo não sabe ler.

- Um e outro, nem um nem outro: O sujeito sendo Na linguagem culta formal, ao empregar as expressões
uma dessas expressões, o verbo concorda, de preferência, em foco, o mais acertado é usar no plural o verbo da ora-
no plural. Exemplos: ção adjetiva:
“Um e outro gênero se destinavam ao conhecimen- O Japão é um dos países que mais investem em tec-
to...” (Hernâni Cidade) nologia.
“Um e outro descendiam de velhas famílias do Norte.” Gandhi foi um dos que mais lutaram pela paz.
(Machado de Assis) O sertão cearense é uma das áreas que mais sofrem
Uma e outra família tinham (ou tinha) parentes no Rio. com as secas.
“Depois nem um nem outro acharam novo motivo Heráclito foi um dos empresários que conseguiram
para diálogo.” (Fernando Namora) superar a crise.

- Um ou outro: O verbo concorda no singular com o Embora o caso seja diferente, é oportuno lembrar que,
sujeito um ou outro: nas orações adjetivas explicativas, nas quais o pronome
“Respondi-lhe que um ou outro colar lhe ficava bem.” que é separado de seu antecedente por pausa e vírgula, a
(Machado de Assis) concordância é determinada pelo sentido da frase:
“Uma ou outra pode dar lugar a dissentimentos.” (Ma- Um dos meninos, que estava sentado à porta da casa,
chado de Assis) foi chamar o pai. (Só um menino estava sentado.)
“Sempre tem um ou outro que vai dando um vintém.” Um dos cinco homens, que assistiam àquela cena es-
(Raquel de Queirós) tupefatos, soltou um grito de protesto. (Todos os cinco ho-
mens assistiam à cena.)
- Um dos que, uma das que: Quando, em orações ad-
jetivas restritivas, o pronome que vem antecedido de um - Mais de um: O verbo concorda, em regra, no singu-
dos ou expressão análoga, o verbo da oração adjetiva fle- lar. O plural será de rigor se o verbo exprimir reciprocidade,
xiona-se, em regra, no plural: ou se o numeral for superior a um. Exemplos:
“O príncipe foi um dos que despertaram mais cedo.” Mais de um excursionista já perdeu a vida nesta mon-
(Alexandre Herculano) tanha.
“A baronesa era uma das pessoas que mais desconfia- Mais de um dos circunstantes se entreolharam com
vam de nós.” (Machado de Assis) espanto.
“Areteu da Capadócia era um dos muitos médicos gre- Devem ter fugido mais de vinte presos.
gos que viviam em Roma.” (Moacyr Scliar)
Ele é desses charlatães que exploram a crendice hu- - Quais de vós? Alguns de nós: Sendo o sujeito um
mana. dos pronomes interrogativos quais? quantos? Ou um dos
indefinidos alguns, muitos, poucos, etc., seguidos dos pro-
Essa é a concordância lógica, geralmente preferida pe- nomes nós ou vós, o verbo concordará, por atração, com
los escritores modernos. Todavia, não é prática condenável estes últimos, ou, o que é mais lógico, na 3ª pessoa do
fugir ao rigor da lógica gramatical e usar o verbo da ora- plural:
ção adjetiva no singular (fazendo-o concordar com a pala- “Quantos dentre nós a conhecemos?” (Rogério César
vra um), quando se deseja destacar o indivíduo do grupo, Cerqueira)
dando-se a entender que ele sobressaiu ou sobressai aos “Quais de vós sois, como eu, desterrados...?” (Alexan-
demais: dre Herculano)
Ele é um desses parasitas que vive à custa dos outros. “...quantos dentre vós estudam conscienciosamente o
“Foi um dos poucos do seu tempo que reconheceu a passado?” (José de Alencar)
originalidade e importância da literatura brasileira.” (João Alguns de nós vieram (ou viemos) de longe.
Ribeiro)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Estando o pronome no singular, no singular (3ª pessoa) - Concordância com certos substantivos próprios no
ficará o verbo: plural: Certos substantivos próprios de forma plural, como
Qual de vós testemunhou o fato? Estados Unidos, Andes, Campinas, Lusíadas, etc., levam o
Nenhuma de nós a conhece. verbo para o plural quando se usam com o artigo; caso con-
Nenhum de vós a viu? trário, o verbo concorda no singular.
Qual de nós falará primeiro? “Os Estados Unidos são o país mais rico do mundo.”
(Eduardo Prado)
- Pronomes quem, que, como sujeitos: O verbo con- Os Andes se estendem da Venezuela à Terra do Fogo.
cordará, em regra, na 3ª pessoa, com os pronomes quem e “Os Lusíadas” imortalizaram Luís de Camões.
que, em frases como estas: Campinas orgulha-se de ter sido o berço de Carlos Go-
Sou eu quem responde pelos meus atos. mes.
Somos nós quem leva o prejuízo. Tratando-se de títulos de obras, é comum deixar o ver-
bo no singular, sobretudo com o verbo ser seguido de pre-
Eram elas quem fazia a limpeza da casa.
dicativo no singular:
“Eras tu quem tinha o dom de encantar-me.” (Osmã
“As Férias de El-Rei é o título da novela.” (Rebelo da
Lins)
Silva)
“As Valkírias mostra claramente o homem que existe
Todavia, a linguagem enfática justifica a concordância por detrás do mago.” (Paulo Coelho)
com o sujeito da oração principal: “Os Sertões é um ensaio sociológico e histórico...” (Cel-
“Sou eu quem prendo aos céus a terra.” (Gonçalves so Luft)
Dias)
“Não sou eu quem faço a perspectiva encolhida.” (Ri- A concordância, neste caso, não é gramatical, mas
cardo Ramos) ideológica, porque se efetua não com a palavra (Valkírias,
“És tu quem dás frescor à mansa brisa.” (Gonçalves Sertões, Férias de El-Rei), mas com a ideia por ela sugerida
Dias) (obra ou livro). Ressalte-se, porém, que é também correto
“Nós somos os galegos que levamos a barrica.” (Cami- usar o verbo no plural:
lo Castelo Branco) As Valkírias mostram claramente o homem...
“Os Sertões são um livro de ciência e de paixão, de
A concordância do verbo precedido do pronome rela- análise e de protesto.” (Alfredo Bosi)
tivo que far-se-á obrigatoriamente com o sujeito do verbo
(ser) da oração principal, em frases do tipo: - Concordância do verbo passivo: Quando apassivado
Sou eu que pago. pelo pronome apassivador se, o verbo concordará normal-
És tu que vens conosco? mente com o sujeito:
Somos nós que cozinhamos. Vende-se a casa e compram-se dois apartamentos.
Eram eles que mais reclamavam. Gataram-se milhões, sem que se vissem resultados
concretos.
Em construções desse tipo, é lícito considerar o verbo “Correram-se as cortinas da tribuna real.” (Rebelo da
ser e a palavra que como elementos expletivos ou enfati- Silva)
zantes, portanto não necessários ao enunciado. Assim: “Aperfeiçoavam-se as aspas, cravavam-se pregos ne-
Sou eu que pago. (=Eu pago) cessários à segurança dos postes...” (Camilo Castelo Branco)
Somos nós que cozinhamos. (=Nós cozinhamos) Na literatura moderna há exemplos em contrário, mas
que não devem ser seguidos:
Foram os bombeiros que a salvaram. (= Os bombeiros
“Vendia-se seiscentos convites e aquilo ficava cheio.”
a salvaram.)
(Ricardo Ramos)
Seja qual for a interpretação, o importante é saber que,
“Em Paris há coisas que não se entende bem.” (Rubem
neste caso, tanto o verbo ser como o outro devem concor-
Braga)
dar com o pronome ou substantivo que precede a palavra
que. Nas locuções verbais formadas com os verbos auxiliares
poder e dever, na voz passiva sintética, o verbo auxiliar con-
- Concordância com os pronomes de tratamento: cordará com o sujeito. Exemplos:
Os pronomes de tratamento exigem o verbo na 3ª pessoa, Não se podem cortar essas árvores. (sujeito: árvores;
embora se refira à 2ª pessoa do discurso: locução verbal: podem cortar)
Vossa Excelência agiu com moderação. Devem-se ler bons livros. (=Devem ser lidos bons li-
Vossas Excelências não ficarão surdos à voz do povo. vros) (sujeito: livros; locução verbal: devem-se ler)
“Espero que V.Sª. não me faça mal.” (Camilo Castelo “Nem de outra forma se poderiam imaginar façanhas
Branco) memoráveis como a do fabuloso Aleixo Garcia.” (Sérgio
“Vossa Majestade não pode consentir que os touros Buarque de Holanda)
lhe matem o tempo e os vassalos.” (Rebelo da Silva) “Em Santarém há poucas casas particulares que se
possam dizer verdadeiramente antigas.” (Almeida Garrett)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Entretanto, pode-se considerar sujeito do verbo prin- Esse emprego do verbo ter, impessoal, não é estranho
cipal a oração iniciada pelo infinitivo e, nesse caso, não há ao português europeu: “É verdade. Tem dias que sai ao
locução verbal e o verbo auxiliar concordará no singular. romper de alva e recolhe alta noite, respondeu Ângela.”
Assim: (Camilo Castelo Branco) (Tem = Há)
Não se pode cortar essas árvores. (sujeito: cortar essas
árvores; predicado: não se pode) - Existir não é verbo impessoal. Portanto:
Deve-se ler bons livros. (sujeito: ler bons livros; predi- Nesta cidade existem ( e não existe) bons médicos.
cado: deve-se) Não deviam (e não devia) existir crianças abandona-
das.
Em síntese: de acordo com a interpretação que se es-
colher, tanto é lícito usar o verbo auxiliar no singular como - Concordância do verbo ser: O verbo de ligação ser
no plural. Portanto: concorda com o predicativo nos seguintes casos:
Não se podem (ou pode) cortar essas árvores.
Devem-se (ou deve-se) ler bons livros. - Quando o sujeito é um dos pronomes tudo, o, isto, isso,
“Quando se joga, deve-se aceitar as regras.” (Ledo Ivo) ou aquilo:
“Concluo que não se devem abolir as loterias.” (Ma- “Tudo eram hipóteses.” (Ledo Ivo)
chado de Assis) “Tudo isto eram sintomas graves.” (Machado de Assis)
Na mocidade tudo são esperanças.
- Verbos impessoais: Os verbos haver, fazer (na indica- “Não, nem tudo são dessemelhanças e contrastes en-
ção do tempo), passar de (na indicação de horas), chover e tre Brasil e Estados Unidos.” (Viana Moog)
outros que exprimem fenômenos meteorológicos, quando
usados como impessoais, ficam na 3ª pessoa do singular: A concordância com o sujeito, embora menos comum,
“Não havia ali vizinhos naquele deserto.” (Monteiro é também lícita:
Lobato) “Tudo é flores no presente.” (Gonçalves Dias)
“Havia já dois anos que nos não víamos.” (Machado “O que de mim posso oferecer-lhe é espinhos da mi-
de Assis) nha coroa.” (Camilo Castelo Branco)
“Aqui faz verões terríveis.” (Camilo Castelo Branco)
“Faz hoje ao certo dois meses que morreu na forca o O verbo ser fica no singular quando o predicativo é
tal malvado...” (Camilo Castelo Branco) formado de dois núcleos no singular:
“Tudo o mais é soledade e silêncio.” (Ferreira de Castro)
Observações:
- Quando o sujeito é um nome de coisa, no singular, e o
- Também fica invariável na 3ª pessoa do singular o predicativo um substantivo plural:
verbo que forma locução com os verbos impessoais haver “A cama são umas palhas.” (Camilo Castelo Branco)
ou fazer: “A causa eram os seus projetos.” (Machado de Assis)
Deverá haver cinco anos que ocorreu o incêndio. “Vida de craque não são rosas.” (Raquel de Queirós)
Vai haver grandes festas. Sua salvação foram aquelas ervas.
Há de haver, sem dúvida, fortíssimas razões para ele
não aceitar o cargo. O sujeito sendo nome de pessoa, com ele concordará
Começou a haver abusos na nova administração. o verbo ser:
- o verbo chover, no sentido figurado (= cair ou so- Emília é os encantos de sua avó.
brevir em grande quantidade), deixa de ser impessoal e, Abílio era só problemas.
portanto concordará com o sujeito:
Dá-se também a concordância no singular com o su-
Choviam pétalas de flores.
jeito que:
“Sou aquele sobre quem mais têm chovido elogios e
“Ergo-me hoje para escrever mais uma página neste
diatribes.” (Carlos de Laet)
Diário que breve será cinzas como eu.” (Camilo Castelo
“Choveram comentários e palpites.” (Carlos Drum-
Branco)
mond de Andrade)
“E nem lá (na Lua) chovem meteoritos, permanente-
- Quando o sujeito é uma palavra ou expressão de sen-
mente.” (Raquel de Queirós)
tido coletivo ou partitivo, e o predicativo um substantivo no
plural:
- Na língua popular brasileira é generalizado o uso de
ter, impessoal, por haver, existir. Nem faltam exemplos em “A maioria eram rapazes.” (Aníbal Machado)
escritores modernos: A maior parte eram famílias pobres.
“No centro do pátio tem uma figueira velhíssima, com O resto (ou o mais) são trastes velhos.
um banco embaixo.” (José Geraldo Vieira) “A maior parte dessa multidão são mendigos.” (Eça de
“Soube que tem um cavalo morto, no quintal.” (Carlos Queirós)
Drummond de Andrade)

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Quando o predicativo é um pronome pessoal ou um - Locução de realce é que: O verbo ser permanece in-
substantivo, e o sujeito não é pronome pessoal reto: variável na expressão expletiva ou de realce é que:
“O Brasil, senhores, sois vós.” (Rui Barbosa) Eu é que mantenho a ordem aqui. (= Sou eu que man-
“Nas minhas terras o rei sou eu.” (Alexandre Herculano) tenho a ordem aqui.)
“O dono da fazenda serás tu.” (Said Ali) Nós é que trabalhávamos. (= Éramos nós que traba-
“...mas a minha riqueza eras tu.” (Camilo Castelo Branco) lhávamos)
As mães é que devem educá-los. (= São as mães que
Mas: Eu não sou ele. Vós não sois eles. Tu não és ele. devem educá-los.)
Os astros é que os guiavam. (= Eram os astros que os
- Quando o predicativo é o pronome demonstrativo o ou guiavam.)
a palavra coisa:
Divertimentos é o que não lhe falta. Da mesma forma se diz, com ênfase:
“Os bastidores é só o que me toca.” (Correia Garção) “Vocês são muito é atrevidos.” (Raquel de Queirós)
“Mentiras, era o que me pediam, sempre mentiras.” ( “Sentia era vontade de ir também sentar-me numa ca-
Fernando Namora) deira junto do palco.” (Graciliano Ramos)
“Os responsórios e os sinos é coisa importuna em Ti- “Por que era que ele usava chapéu sem aba?” (Graci-
bães.” (Camilo Castelo Branco) liano Ramos)

- Nas locuções é muito, é pouco, é suficiente, é demais, Observação: O verbo ser é impessoal e invariável em
é mais que (ou do que), é menos que (ou do que), etc., cujo construções enfáticas como:
sujeito exprime quantidade, preço, medida, etc.: Era aqui onde se açoitavam os escravos. (= Aqui se
“Seis anos era muito.” (Camilo Castelo Branco) açoitavam os escravos.)
Dois mil dólares é pouco. Foi então que os dois se desentenderam. (= Então os
Cinco mil dólares era quanto bastava para a viagem. dois se desentenderam.)
Doze metros de fio é demais.
- Era uma vez: Por tradição, mantém-se invariável a
- Na indicação das horas, datas e distância , o verbo ser expressão inicial de histórias era uma vez, ainda quando
é impessoal (não tem sujeito) e concordará com a expressão seguida de substantivo plural: Era uma vez dois cavaleiros
designativa de hora, data ou distância:
andantes.
Era uma hora da tarde.
“Era hora e meia, foi pôr o chapéu.” (Eça de Queirós)
- A não ser: É geralmente considerada locução invariá-
“Seriam seis e meia da tarde.” ( Raquel de Queirós)
vel, equivalente a exceto, salvo, senão. Exemplos:
“Eram duas horas da tarde.” (Machado de Assis)
Nada restou do edifício, a não ser escombros.
A não ser alguns pescadores, ninguém conhecia aque-
Observações:
la praia.
“Nunca pensara no que podia sair do papel e do lápis,
- Pode-se, entretanto na linguagem espontânea, deixar
o verbo no singular, concordando com a idéia implícita de a não ser bonecos sem pescoço...” (Carlos Drummond de
“dia”: Andrade)
“Hoje é seis de março.” (J. Matoso Câmara Jr.) (Hoje é Mas não constitui erro usar o verbo ser no plural, fa-
dia seis de março.) zendo-o concordar com o substantivo seguinte, convertido
“Hoje é dez de janeiro.” (Celso Luft) em sujeito da oração infinitiva. Exemplos:
- Estando a expressão que designa horas precedida da “As dissipações não produzem nada, a não serem dívi-
locução perto de, hesitam os escritores entre o plural e o das e desgostos.” (Machado de Assis)
singular: “A não serem os antigos companheiros de mocidade,
“Eram perto de oito horas.” (Machado de Assis) ninguém o tratava pelo nome próprio.” (Álvaro Lins)
“Era perto de duas horas quando saiu da janela.” (Ma- “A não serem os críticos e eruditos, pouca gente ma-
chado de Assis) nuseia hoje... aquela obra.” (Latino Coelho)
“...era perto das cinco quando saí.” (Eça de Queirós) - Haja vista: A expressão correta é haja vista, e não
haja visto. Pode ser construída de três modos:
- O verbo passar, referente a horas, fica na 3ª pessoa do Hajam vista os livros desse autor. (= tenham vista, ve-
singular, em frases como: Quando o trem chegou, passava jam-se)
das sete horas. Haja vista os livros desse autor. (= por exemplo, veja)
Haja vista aos livros desse autor. (= olhe-se para, aten-
te-se para os livros)
A primeira construção (que é a mais lógica) analisa-se
deste modo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Sujeito: os livros; verbo hajam (=tenham); objeto direto: vista. Essa dualidade de sintaxe verifica-se também com
A situação é preocupante; hajam vista os incidentes de o verbo ver na voz passiva: “Viam-se entrar mulheres e
sábado. crianças.” Ou “Via-se entrarem mulheres e crianças.”
Seguida de substantivo (ou pronome) singular, a expres-
são, evidentemente, permanece invariável: A situação é preo- - Concordância com o sujeito oracional: O verbo
cupante; haja vista o incidente de sábado. cujo sujeito é uma oração concorda obrigatoriamente na
3ª pessoa do singular:
- Bem haja. Mal haja: Bem haja e mal haja usam-se Parecia / que os dois homens estavam bêbedos.
em frases optativas e imprecativas, respectivamente. O ver- Verbo sujeito (oração subjetiva)
bo concordará normalmente com o sujeito, que vem sempre Faltava / dar os últimos retoques.
posposto: Verbo sujeito (oração subjetiva)
“Bem haja Sua Majestade!” (Camilo Castelo Branco)
Bem hajam os promovedores dessa campanha! Outros exemplos, com o sujeito oracional em desta-
“Mal hajam as desgraças da minha vida...” (Camilo Cas- que:
telo Branco) Não me interessa ouvir essas parlendas.
Anotei os livros que faltava adquirir. (faltava adquirir
- Concordância dos verbos bater, dar e soar: Referin- os livros)
do-se às horas, os três verbos acima concordam regularmen- Esses fatos, importa (ou convém) não esquecê-los.
te com o sujeito, que pode ser hora, horas (claro ou oculto), São viáveis as reformas que se intenta implantar?
badaladas ou relógio:
“Nisto, deu três horas o relógio da botica.” (Camilo Cas- - Concordância com sujeito indeterminado: O pro-
telo Branco) nome se, pode funcionar como índice de indeterminação
“Bateram quatro da manhã em três torres a um tem- do sujeito. Nesse caso, o verbo concorda obrigatoriamente
po...” (Mário Barreto) na 3ª pessoa do singular. Exemplos;
“Tinham batido quatro horas no cartório do tabelião
Em casa, fica-se mais à vontade.
Vaz Nunes.” (Machado de Assis)
Detesta-se (e não detestam-se) aos indivíduos falsos.
“Deu uma e meia.” (Said Ali)
Acabe-se de vez com esses abusos!
Para ir de São Paulo a Curitiba, levava-se doze horas.
Pasar, com referência a horas, no sentido de ser mais
de, é verbo impessoal, por isso fica na 3ª pessoa do singular:
- Concordância com os numerais milhão, bilhão e
Quando chegamos ao aeroporto, passava das 16 horas; Va-
trilhão: Estes substantivos numéricos, quando seguidos
mos, já passa das oito horas – disse ela ao filho.
de substantivo no plural, levam, de preferência, o verbo ao
- Concordância do verbo parecer: Em construções com plural. Exemplos:
o verbo parecer seguido de infinitivo, pode-se flexionar o Um milhão de fiéis agruparam-se em procissão.
verbo parecer ou o infinitivo que o acompanha: São gastos ainda um milhão de dólares por ano para a
As paredes pareciam estremecer. (construção corrente) manutenção de cada Ciep.
As paredes parecia estremecerem. (construção literária) Meio milhão de refugiados se aproximam da fronteira
do Irã.
Análise da construção dois: parecia: oração principal; as Meio milhão de pessoas foram às ruas para reveren-
paredes estremeceram: oração subordinada substantiva sub- ciar os mártires da resistência.
jetiva.
Outros exemplos: Observações:
“Nervos... que pareciam estourar no minuto seguinte.”
(Fernando Namora) - Milhão, bilhão e milhar são substantivos masculinos.
“Referiu-me circunstâncias que parece justificarem o Por isso, devem concordar no masculino os artigos, nu-
procedimento do soberano.” (Latino Coelho) merais e pronomes que os precedem: os dois milhões de
“As lágrimas e os soluços parecia não a deixarem pros- pessoas; os três milhares de plantas; alguns milhares de
seguir.” (Alexandre Herculano) telhas; esses bilhões de criaturas, etc.
“...quando as estrelas, em ritmo moroso, parecia cami- - Se o sujeito da oração for milhões, o particípio ou
nharem no céu.” (Graça Aranha) o adjetivo podem concordar, no masculino, com milhões,
ou, por atração, no feminino, com o substantivo feminino
Usando-se a oração desenvolvida, parecer concordará plural: Dois milhões de sacas de soja estão ali armazena-
no singular: dos (ou armazenadas) no próximo ano. Foram colhidos
“Mesmo os doentes parece que são mais felizes.” (Cecília três milhões de sacas de trigo. Os dois milhões de árvores
Meireles) plantadas estão altas e bonitas.
“Outros, de aparência acabadiça, parecia que não po-
diam com a enxada.” (José Américo) - Concordância com numerais fracionários: De re-
“As notícias parece que têm asas.” (Oto Lara Resende) gra, a concordância do verbo efetua-se com o numerador.
(Isto é: Parece que as notícias têm asas.) Exemplos:

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LÍNGUA PORTUGUESA

“Mais ou menos um terço dos guerrilheiros ficou ato- - Concordância com formas gramaticais: Palavras no
caiado perto...” (Autran Dourado) plural com sentido gramatical e função de sujeito exigem
“Um quinto dos bens cabe ao menino.” (José Gualda o verbo no singular:
Dantas) “Elas” é um pronome pessoal. (= A palavra elas é um
Dois terços da população vivem da agricultura. pronome pessoal.)
Na placa estava “veiculos”, sem acento.
Não nos parece, entretanto, incorreto usar o verbo no “Contudo, mercadores não tem a força de vendilhões.”
plural, quando o número fracionário, seguido de substanti- (Machado de Assis)
vo no plural, tem o numerador 1, como nos exemplos:
Um terço das mortes violentas no campo acontecem - Mais de, menos de: O verbo concorda com o subs-
no sul do Pará. tantivo que se segue a essas expressões:
Um quinto dos homens eram de cor escura. Mais de cem pessoas perderam suas casas, na enchente.
Sobrou mais de uma cesta de pães.
Gastaram-se menos de dois galões de tinta.
- Concordância com percentuais: O verbo deve con-
Menos de dez homens fariam a colheita das uvas.
cordar com o número expresso na porcentagem:
Só 1% dos eleitores se absteve de votar.
EXERCÍCIOS
Só 2% dos eleitores se abstiveram de votar.
Foram destruídos 20% da mata. 01. Indique a opção correta, no que se refere à concor-
“Cerca de 40% do território ficam abaixo de 200 me- dância verbal, de acordo com a norma culta:
tros.” (Antônio Hauaiss) a) Haviam muitos candidatos esperando a hora da pro-
va.
Em casos como o da última frase, a concordância efe- b) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha.
tua-se, pela lógica, no feminino (oitenta e duas entre cem c) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui.
mulheres), ou, seguindo o uso geral, no masculino, por se d) Bateu três horas quando o entrevistador chegou.
considerar a porcentagem um conjunto numérico invariá- e) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo.
vel em gênero.
02. Assinale a frase em que há erro de concordância
- Concordância com o pronome nós subentendido: verbal:
O verbo concorda com o pronome subentendido nós em a) Um ou outro escravo conseguiu a liberdade.
frases do tipo: b) Não poderia haver dúvidas sobre a necessidade da
Todos estávamos preocupados. (= Todos nós estáva- imigração.
mos preocupados.) c) Faz mais de cem anos que a Lei Áurea foi assinada.
Os dois vivíamos felizes. (=Nós dois vivíamos felizes.) d) Deve existir problemas nos seus documentos.
“Ficamos por aqui, insatisfeitos, os seus amigos.” (Car- e) Choveram papéis picados nos comícios.
los Drummond de Andrade)
03. Assinale a opção em que há concordância inade-
- Não restam senão ruínas: Em frases negativas em quada:
que senão equivale a mais que, a não ser, e vem seguido a) A maioria dos estudiosos acha difícil uma solução
de substantivo no plural, costuma-se usar o verbo no plu- para o problema.
ral, fazendo-o concordar com o sujeito oculto outras coisas. b) A maioria dos conflitos foram resolvidos.
Exemplos: c) Deve haver bons motivos para a sua recusa.
d) De casa à escola é três quilômetros.
Do antigo templo grego não restam senão ruínas. (Isto
e) Nem uma nem outra questão é difícil.
é: não restam outras coisas senão ruínas.)
Da velha casa não sobraram senão escombros.
04. Há erro de concordância em:
“Para os lados do sul e poente, não se viam senão edi-
a) atos e coisas más
fícios queimados.” (Alexandre Herculano) b) dificuldades e obstáculo intransponível
“Por toda a parte não se ouviam senão gemidos ou c) cercas e trilhos abandonados
clamores.” (Rebelo da Silva) d) fazendas e engenho prósperas
Segundo alguns autores, pode-se, em tais frases, efe- e) serraria e estábulo conservados
tuar a concordância do verbo no singular com o sujeito
subentendido nada: 05. Indique a alternativa em que há erro:
Do antigo templo grego não resta senão ruínas. (Ou a) Os fatos falam por si sós.
seja: não resta nada, senão ruínas.) b) A casa estava meio desleixada.
Ali não se via senão (ou mais que) escombros. c) Os livros estão custando cada vez mais caro.
As duas interpretações são boas, mas só a primeira tem d) Seus apartes eram sempre o mais pertinentes pos-
tradição na língua. síveis.
e) Era a mim mesma que ele se referia, disse a moça.

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LÍNGUA PORTUGUESA

06. Assinale a alternativa correta quanto à concordân-


cia verbal: 10. REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL.
a) Soava seis horas no relógio da matriz quando eles
chegaram.
b) Apesar da greve, diretores, professores, funcioná- REGÊNCIA NOMINAL
rios, ninguém foram demitidos.
c) José chegou ileso a seu destino, embora houvessem Regência nominal é a relação de dependência que se
muitas ciladas em seu caminho. estabelece entre o nome (substantivo, adjetivo ou advér-
d) Fomos nós quem resolvemos aquela questão. bio) e o termo por ele regido. Certos substantivos e adjeti-
e) O impetrante referiu-se aos artigos 37 e 38 que am- vos admitem mais de uma regência. Na regência nominal o
para sua petição. principal papel é desempenhado pela preposição.
No estudo da regência nominal, é preciso levar em
07. A concordância verbal está correta na alternativa: conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo
a) Ela o esperava já faziam duas semanas. regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
b) Na sua bolsa haviam muitas moedas de ouro. um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos
c) Eles parece estarem doentes. nomes cognatos. Observe o exemplo:
d) Devem haver aqui pessoas cultas. Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos
e) Todos parecem terem ficado tristes. regem complementos introduzidos pela preposição “a”.
Obedecer a algo/ a alguém.
08. É provável que ....... vagas na academia, mas não Obediente a algo/ a alguém.
....... pessoas interessadas: são muitas as formalidades a .......
cumpridas. Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados
a) hajam - existem - ser da preposição ou preposições que os regem. Observe-os
b) hajam - existe - ser atentamente e procure, sempre que possível, associar es-
c) haja - existem - serem ses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você
d) haja - existe - ser conhece.
e) hajam - existem - serem
- acessível a: Este cargo não é acessível a todos.
09. ....... de exigências! Ou será que não ....... os sacrifí- - acesso a, para: O acesso para a região ficou impos-
cios que ....... por sua causa? sível.
a) Chega - bastam - foram feitos - acostumado a, com: Todos estavam acostumados a
b) Chega - bastam - foi feito ouvi-lo.
c) Chegam - basta - foi feito - adaptado a: Foi difícil adaptar-me a esse clima.
d) Chegam - basta - foram feitos - afável com, para com: Tinha um jeito afável para com
e) Chegam - bastam - foi feito os turistas.
- aflito: com, por.
10. Soube que mais de dez alunos se ....... a participar - agradável a, de: Sua saída não foi agradável à equipe.
dos jogos que tu e ele ...... - alheio: a, de.
a) negou – organizou - aliado: a, com.
b) negou – organizastes - alusão a: O professor fez alusão à prova final.
c) negaram – organizaste - amor a, por: Ele demonstrava grande amor à namo-
d) negou – organizaram rada.
e) negaram - organizastes - análogo: a.
- antipatia a, por: Sentia antipatia por ela.
Respostas: (01-C) (02-D) (03-D) (04-D) (05-D) (06-D) - apto a, para: Estava apto para ocupar o cargo.
(07-C) (08-C) (09-A) (10-E) - atenção a, com, para com: Nunca deu atenção a nin-
guém.
- aversão a, por: Sempre tive aversão à política.
- benéfico a, para: A reforma foi benéfica a todos.
- certeza de, em: A certeza de encontrá-lo novamente
a animou.
- coerente: com.
- compatível: com.
- contíguo: a.
- desprezo: a, de, por.
- dúvida em sobre: Anotou todas as dúvidas sobre a
questão dada.
- empenho: de, em, por.
- equivalente: a.

102
LÍNGUA PORTUGUESA

- favorável a: Sou favorável à sua candidatura. 04. “As mulheres da noite,......o poeta faz alusão a colo-
- fértil: de, em. rir Aracaju,........coração bate de noite, no silêncio”. A opção
- gosto de, em: Tenho muito gosto em participar desta que completa corretamente as lacunas da frase acima é:
brincadeira. a) as quais, de cujo
- grato a: Grata a todos que me ensinaram a ensinar. b) a que, no qual
- horror a, de: Tinha horror a quiabo refogado. c) de que, o qual
- hostil: a, para com. d) às quais, cujo
- impróprio para: O filme era impróprio para menores. e) que, em cujo
- inerente: a.
- junto a, com, de: Junto com o material, encontrei este 05. Assinale a alternativa correta quanto à regência:
documento. a) A peça que assistimos foi muito boa.
- lento: em. b) Estes são os livros que precisamos.
- necessário a, para: A medida foi necessária para aca- c) Esse foi um ponto que todos se esqueceram.
bar com tanta dúvida. d) Guimarães Rosa é o escritor que mais aprecio.
- passível de: As regras são passíveis de mudanças. e) O ideal que aspiramos é conhecido por todos.
- preferível a: Tudo era preferível à sua queixa.
- próximo: a, de. 06. Assinale a alternativa que contém as respostas cor-
- rente: a. retas.
- residente: em. I. Visando apenas os seus próprios interesses, ele, invo-
- respeito a, com, de, entre, para com, por: É necessário luntariamente, prejudicou toda uma família.
o respeito às leis. II. Como era orgulhoso, preferiu declarar falida a firma
- satisfeito: com, de, em, por. a aceitar qualquer ajuda do sogro.
- semelhante: a. III. Desde criança sempre aspirava a uma posição de
- sensível: a. destaque, embora fosse tão humilde.
IV. Aspirando o perfume das centenas de flores que
- sito em: O apartamento sito em Brasília foi vendido.
enfeitavam a sala, desmaiou.
- situado em: Minha casa está situada na Avenida In-
a) II, III, IV
ternacional.
b) I, II, III
- suspeito: de.
e) I, III, IV
- útil: a, para.
d) I, III
- vazio: de.
e) I, II
- versado: em.
- vizinho: a, de.
07. Assinale o item em que há erro quanto à regência:
a) São essas as atitudes de que discordo.
EXERCÍCIOS b) Há muito já lhe perdoei.
c) Informo-lhe de que paguei o colégio.
01. O projeto.....estão dando andamento é incompatí- d) Costumo obedecer a preceitos éticos.
vel.....tradições da firma. e) A enfermeira assistiu irrepreensivelmente o doente.
a) de que, com as
b) a que, com as 08. Dentre as frases abaixo, uma apenas apresenta a
c) que, as regência nominal correta. Assinale-a:
d) à que, às a) Ele não é digno a ser seu amigo.
e) que, com as b) Baseado laudos médicos, concedeu-lhe a licença.
c) A atitude do Juiz é isenta de qualquer restrição.
02. Quanto a amigos, prefiro João.....Paulo,.....quem sin- d) Ele se diz especialista para com computadores ele-
to......simpatia. trônicos.
a) a, por, menos e) O sol é indispensável da saúde.
b) do que, por, menos
c) a, para, menos Respostas: 01-B / 02-A / 03-D / 04-D / 05-D / 06-A /
d) do que, com, menos 07-C / 08-C
e) do que, para, menos

03. Assinale a opção em que todos adjetivos podem


ser seguidos pela mesma preposição:
a) ávido, bom, inconsequente
b) indigno, odioso, perito
c) leal, limpo, oneroso
d) orgulhoso, rico, sedento
e) oposto, pálido, sábio

103
LÍNGUA PORTUGUESA

REGÊNCIA VERBAL Ansiar: emprega-se sem preposição no sentido de


causar mal-estar, angustiar: A emoção ansiava-me. (VTD);
A regência verbal estuda a relação que se estabelece Emprega-se com preposição no sentido de desejar arden-
entre os verbos e os termos que os complementam (ob- temente por: Ansiava por vê-lo novamente. (VTI)
jetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjun-
tos adverbiais). O estudo da regência verbal permite-nos Aspirar: emprega-se sem preposição no sentido de
ampliar nossa capacidade expressiva, pois oferece oportu- respirar, cheirar: Aspiramos um ar excelente, no campo.
nidade de conhecermos as diversas significações que um (VTD) Emprega-se com preposição no sentido de querer
verbo pode assumir com a simples mudança ou retirada de muito, ter por objetivo: Gincizinho aspira ao cargo de
uma preposição. diretor da Penitenciária. (VTI)

A mãe agrada o filho. (agradar significa acariciar, con- Assistir: emprega-se com preposição a no sentido
tentar) de ver, presenciar: Todos assistíamos à novela Almas Gê-
A mãe agrada ao filho. (agradar significa “causar agra- meas. (VTI) Nesse caso, o verbo não aceita o pronome lhe,
do ou prazer”, satisfazer) mas apenas os pronomes pessoais retos + preposição: O
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de filme é ótimo. Todos querem assistir a ele. (VTI) Emprega-
“agradar a alguém”. se sem / com preposição no sentido de socorrer, ajudar:
O conhecimento do uso adequado das preposições é A professora sempre assiste os alunos com carinho. (VTD);
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- A professora sempre assiste aos alunos com carinho. (VTI)
bal (e também nominal). As preposições são capazes de Emprega-se com preposição no sentido de caber, ter di-
modificar completamente o sentido do que se está sendo reito ou razão: O direito de se defender assiste a todos.
dito. (VTI) No sentido de morar, residir é intransitivo e exige a
preposição em: Assiste em Manaus por muito tempo. (VI)
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Atender: empregado sem preposição no sentido de
receber alguém com atenção: O médico atendeu o clien-
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se-
te pacientemente. (VTD) No sentido de ouvir, conceder:
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A
Deus atendeu minhas preces.(VTD); Atenderemos quais-
oração “Cheguei no metrô”, popularmente usada a fim de
quer pedido via internet. Emprega-se com preposição no
indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da lín-
sentido de dar atenção a alguém: Lamento não poder
gua, sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem di-
atender à solicitação de recursos. (VTI) Emprega-se com
vergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns
preposição no sentido de ouvir com atenção o que al-
verbos, e a regência culta.
guém diz: Atenda ao telefone, por favor; Atenda o telefo-
ne. (preferência brasileira)
Abdicar: renunciar ao poder, a um cargo, título de-
sistir. Pode ser intransitivo (VI não exige complemento) /
transitivo direto (TD) ou transitivo indireto (TI + preposi- Avisar: avisar alguém de alguma coisa: O chefe avi-
ção): D. Pedro abdicou em 1831. (VI); A vencedora abdicou sou os funcionários de que os documentos estavam pron-
o seu direto de rainha. (VTD); Nunca abdicarei de meus di- tos. (VTD); Avisaremos os clientes da mudança de endere-
reitos. (VTI) ço. (VTD ); Já tem tradição na língua o uso de avisar como
OI de pessoa e OD de coisa; Avisamos aos clientes que
Abraçar: emprega-se sem / sem preposição no sen- vamos atendê-los em novo endereço.
tido de apertar nos braços: A mãe abraçou-a com ternura.
(VTD); Abraçou-se a mim, chorando. (VTI) Bater: emprega-se com preposição no sentido de dar
pancadas em alguém: Os irmãos batiam nele (ou batiam-
Agradar: emprega-se com preposição no sentido de lhe) à toa; Nervoso, entrou em casa e bateu a porta.(fe-
contentar, satisfazer.(VTI): A banda Legião Urbana agrada chou com força); Foi logo batendo à porta. (bater junto à
aos jovens. (VTI); Emprega-se sem preposição no sentido porta, para alguém abrir); Para que ele pudesse ouvir, era
de acariciar, mimar: Márcio agradou a esposa com um lindo preciso bater na porta de seu quarto. (dar pancadas)
presente. (VTD)
Casar: Marina casou cedo e pobre. (VI não exige com-
Ajudar: emprega-se sem preposição; objeto direto de plemento); Você é realmente digno de casar com minha
pessoa: Eu ajudava-a no serviço de casa. (VTD) filha. (VTI com preposição); Ela casou antes dos vinte anos.
(VTD sem preposição. O verbo casar pode vir acompa-
Aludir: (=fazer alusão, referir-se a alguém), emprega- nhado de pronome reflexivo: Ela casou com o seu grande
se com preposição: Na conversa aludiu vagamente ao seu amor; ou Ela casou-se com seu grande amor.
novo projeto. (VTI)

104
LÍNGUA PORTUGUESA

Chamar: emprega-se sem preposição no sentido sem preposição no sentido de embaraçar, comprome-
de convocar; O juiz chamou o réu à sua presença. (VTD) ter, é TD: O vizinho implicou-o naquele caso de estupro.
Emprega-se com ou sem preposição no sentido de de- (VTD) É inadequada a regência do verbo implicar em: Im-
nominar, apelidar, construído com objeto + predicativo: plicou em confusão.
Chamou-o covarde. (VTD) / Chamou-o de covarde. (VID);
Chamou-lhe covarde. (VTI) / Chamou-lhe de covarde. Informar: o verbo informar possui duas construções,
(VTI); Chamava por Deus nos momentos difíceis. (VTI) VTD e VTI: Informei-o que sua aposentaria saiu. (VTD); In-
formei-lhe que sua aposentaria. (VT); Informou-se das mu-
Chegar: como intransitivo, o verbo chegar exige a danças logo cedo. (inteirar-se, verbo pronominal)
preposição a quando indica lugar: Chegou ao aeroporto
meio apressada. Como transitivo direto (VTD) e intransiti- Investir: emprega-se com preposição (com ou con-
vo (VI) no sentido de aproximar; Cheguei-me a ele. tra) no sentido de atacar, é TI: O touro Bandido investiu
contra Tião. Empregado como verbo transitivo direto e in-
Contentar-se: emprega-se com as preposições com, direto, no sentido de dar posse: O prefeito investiu Renata
de, em: Contentam-se com migalhas. (VTI); Contento-me no cargo de assessora. (VTDI) Emprega-se sem preposição
em aplaudir daqui. no sentido também de empregar dinheiro, é TD: Nós in-
vestimos parte dos lucros em pesquisas científicas. (VTD)
Custar: é transitivo direto no sentido de ter valor de,
ser caro. Este computador custa muito caro. (VTD) No Morar: antes de substantivo rua, avenida, usase mo-
sentido de ser difícil é TI. É conjugado como verbo refle- rar com a preposição em: D. Marina Falcão mora na rua
xivo, na 3ª pessoa do singular, e seu sujeito é uma oração Dorival de Barros.
reduzida de infinitivo: Custou-me pegar um táxi.(foi difícil);
O carro custou-me todas as economias. É transitivo direto Namorar: a regência correta deste verbo é namorar
alguém e NÃO namorar com alguém: Meu filho, Paulo Cé-
e indireto (TDI) no sentido de acarretar: A imprudência
sar, namora Cristiane. Marcelo namora Raquel.
custou-lhe lágrimas amargas. (VTDI)
Necessitar: emprega-se com verbo transitivo direto
Ensinar: é intransitivo no sentido de doutrinar, pre-
ou indireto, no sentido de precisar: Necessitávamos o seu
gar: Minha mãe ensina na FAI. É transitivo direto no senti-
apoio; Necessitávamos de seu apoio,(VTDI)
do de educar: Nem todos ensinam as crianças. É transitivo
direto e indireto no sentido de dar instrução sobre: Ensino
Obedecer / Desobedecer: emprega-se com verbo
os exercícios mais difíceis aos meus alunos.
transitivo direto e indireto no sentido de cumprir ordens:
Obedecia às irmãs e irmãos; Não desobedecia às leis de
Entreter: empregado como divertir-se exige as pre- trânsito.
posições: a, com, em: Entretinham-nos em recordar o
passado. Pagar: emprega-se sem preposição no sentido de sal-
dar coisa, é VTI): Cida pagou o pão; Paguei a costura. (VTD)
Esquecer / Lembrar: estes verbos admitem as cons- Emprega-se com preposição no sentido de remunerar
truções: Esqueci o endereço dele; Lembrei um caso inte- pessoa, é VTI: Cida pagou ao padeiro; Paguei à costureira.,
ressante; Esqueci-me do endereço dele; Lembrei-me de à secretária. (VTI) Emprega-se como verbo transitivo dire-
um caso interessante. Esqueceu-me seu endereço; Lem- to e indireto, pagar alguma coisa a alguém: Cida pagou a
bra-me um caso interessante. Você pode observar que carne ao açougueiro. (VTDI) Por alguma coisa: Quanto pa-
no 1º exemplo tanto o verbo esquecer como lembrar, não gou pelo carro? Sem complemento: Assistiu aos jogos sem
são pronominais, isto é, não exigem os pronomes me, se, pagar.
lhe, são transitivos diretos (TD). Nos exemplos, ambos os
verbos, esquecer e lembrar, exigem o pronome e a pre- Pedir: somente se usa pedir para, quando, entre pedir
posição de; são transitivos indiretos e pronominais. No e o para, puder colocar a palavra licença. Caso contrário,
exemplo o verbo esquecer está empregado no sentido de diz-se pedir que; A secretária pediu para sair mais cedo.
apagar da memória. e o verbo lembrar está empregado (pediu licença); A direção pediu que todos os funcionários,
no sentido de vir à memória. Na língua culta, os verbos comparecessem à reunião.
esquecer e lembrar quando usados com a preposição de,
exigem os pronomes. Perdoar: emprega-se sem preposição no sentido de
perdoar coisa, é TD: Devemos perdoar as ofensas. (VTD )
Implicar: emprega-se com preposição no sentido de Emprega-se com preposição no sentido de conceder o
ter implicância com alguém, é TI: Nunca implico com perdão à pessoa, é TI: Perdoemos aos nossos inimigos.
meus alunos. (VTI) Emprega-se sem preposição no senti- (VTI) Emprega-se como verbo transitivo direto e indireto,
do de acarretar, envolver, é TD: A queda do dólar impli- no sentido de ter necessidade: A mãe perdoou ao filho a
ca corrida ao poder. (VTE); O desestímulo ao álcool com- mentira. (VTDI) Admite voz passiva: Todos serão perdoados
bustível implica uma volta ao passado. (VTD) Emprega-se pelos pais.

105
LÍNGUA PORTUGUESA

Permitir: empregado com preposição, exige objeto Responder: emprega-se no sentido de responder al-
indireto de pessoa: O médico permitiu ao paciente que guma coisa a alguém: O senador respondeu ao jornalista
falasse. (VTI) Constrói-se com o pronome lhe e não o: O que o projeto do rio São Francisco estava no final. (VTDI)
assistente permitiu-lhe que entrasse. Não se usa a prepo- Emprega-se no sentido de responder a uma carta, a uma
sição de antes de oração infinitiva: Os pais não lhe permite pergunta: Enrolou, enrolou e não respondeu à pergunta do
ir sozinha à festa do Peão. (e não de ir sozinha) professor.

Pisar: é verbo transitivo direto VTD: Tinha pisado o Reverter: emprega-se no sentido de regressar, voltar
continente brasileiro. (não exige a preposição no) ao estado primitivo: Depois de aposentar-se reverteu à
ativa. Emprega-se no sentido de voltar para.a posse de
Precisar: emprega-se com preposição no sentido de alguém: As jóias reverterão ao seu verdadeiro dono. Em-
ter necessidade, é VTI: As crianças carentes precisam de prega-se no sentido de destinar-se: A renda da festa será
melhor atendimento médico. (VTI) Quando o verbo preci- revertida em beneficio da Casa da Sopa.
sar vier acompanhado de infinitivo, pode-se usar a pre-
posição de; a língua moderna tende a dispensá-la: Você é Simpatizar / Antipatizar: empregam-se com a pre-
rico, não precisa trabalhar muito. Usa-se, às vezes na voz posição com: Sempre simpatizei com pessoas negras; An-
passiva, com sujeito indeterminado: Precisa-se de funcio- tipatizei com ela desde o primeiro momento. Estes verbos
nários competentes. (sujeito indeterminado) Emprega- não são pronominais, isto é, não exigem os pronomes me,
se sem preposição no sentido de indicar com exatidão: se, nos, etc: Simpatizei-me com você. (inadequado); Simpa-
Perdeu muito dinheiro no jogo, mas não sabe precisar a tizei com você. ( adequado)
quantia.(VTD)
Subir: Subiu ao céu; Subir à cabeça; Subir ao trono; Su-
Preferir: emprega-se sem preposição no sentido de bir ao poder. Essas expressões exigem a preposição a.
ter preferência. (sem escolha): Prefiro dias mais quentes.
(VTD) Preferir VTDI, no sentido de ter preferência, exige Suceder: emprega-se com a preposição a no sentido
a preposição a: Prefiro dançar a nadar; Prefiro chocolate a de substituir, vir depois: O descanso sucede ao trabalho.
doce de leite. Na linguagem formal, culta, é inadequado
usar este verbo reforçado pelas palavras ou expressões: Tocar: emprega-se no sentido de pôr a mão, tocar
antes, mais, muito mais, mil vezes mais, do que. alguém, tocar em alguém: Não deixava tocar o / no gato
doente. Emprega-se no sentido de comover, sensibilizar,
usa-se com OD: O nascimento do filho tocou-o profunda-
Presidir: emprega-se com objeto direto ou objeto in-
mente. Emprega-se no sentido de caber por sorte, heran-
direto, com a preposição a: O reitor presidiu à sessão; O
ça, é OI: Tocou-lhe, por herança, uma linda fazenda. Em-
reitor presidiu a sessão.
prega-se no sentido de ser da competência de, caber: Ao
prefeito é que toca deferir ou indeferir o projeto.
Prevenir: admite as construções: A paciência previne
dissabores; Preveni minha turma; Quero preveni-los; Preve-
Visar: emprega-se sem preposição como VT13 no sen-
nimo-nos para o exame final.
tido de apontar ou pôr visto: O garoto visou o inocente
passarinho; O gerente visou a correspondência. Emprega-
Proceder: emprega-se como verbo intransitivo no se com preposição como VTI no sentido de desejar, pre-
sentido de ter fundamento: Sua tese não procede. (VI) tender: Todos visam ao reconhecimento de seus esforços.
Emprega-se com a preposição de no sentido de originar-
se, vir de: Muitos males da humanidade procedem da falta Casos Especiais
de respeito ao próximo. Emprega-se como transitivo indi-
reto com a preposição a, no sentido de dar início: Procede- Dar-se ao trabalho ou dar-se o trabalho? Ambas as
remos a uma investigação rigorosa. (VTI) construções são corretas. A primeira é mais aceita: Dava-
se ao trabalho de responder tudo em Inglês. O mesmo se
Querer: emprega-se sem preposição no sentido de dá com: dar-se ao / o incômodo; poupar-se ao /o trabalho;
desejar: Quero vê-lo ainda hoje.(VTD) Emprega-se com dar-se ao /o luxo.
preposição no sentido de gostar, ter afeto, amar: Quero
muito bem às minhas cunhadas Vera e Ceiça. Propor-se alguma coisa ou propor-se a alguma coisa?
Propor-se, no sentido de ter em vista, dispor-se a, pode
Residir: como o verbo morar, o verbo responder, cons- vir com ou sem a preposição a: Ela se propôs levá-lo/ a
trói-se com a preposição em: Residimos em Lucélia, na levá-lo ao circo.
Avenida Internacional. Residente e residência têm a mes-
ma regência de residir em. Passar revista a ou passar em revista? Ambas estão
corretas, porém a segunda construção é mais frequente: O
presidente passou a tropa em revista.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Em que pese a - expressão concessiva equivalendo a 03. Assinale a opção em que o verbo assistir é empre-
ainda que custe a, apesar de, não obstante: “Em que pese gado com o mesmo sentido que apresenta em “não direi
aos inimigos do paraense, sinceramente confesso que o ad- que assisti às alvoradas do romantismo”.
miro.” (Graciliano Ramos) a) não assiste a você o direito de me julgar;
b) é dever do médico assistir a todos os enfermos;
Observações Finais c) em sua administração, sempre foi assistido por bons
conselheiros;
Os verbos transitivos indiretos (exceção ao verbo obe- d) não se pode assistir indiferente a um ato de injustiça;
decer), não admitem voz passiva. Os exemplos citados e) o padre lhe assistiu nos derradeiros momentos.
abaixo são considerados inadequados.
O filme foi assistido pelos estudantes; O cargo era vi- 04. Em todas as alternativas, o verbo grifado foi empre-
sado por todos; Os estudantes assistiram ao filme; Todos gado com regência certa, exceto em:
visavam ao cargo. a) a vista de José Dias lembrou-me o que ele me dis-
Não se deve dar o mesmo complemento a verbos de sera.
regências diferentes, como: Entrou e saiu de casa; Assisti e b) estou deserto e noite, e aspiro sociedade e luz.
gostei da peça. Corrija-se para: Entrou na casa e saiu dela; c) custa-me dizer isto, mas antes peque por excesso;
Assisti à peça e gostei dela. d) redobrou de intensidade, como se obedecesse a voz
As formas oblíquas o, a, os, as funcionam como com- do mágico;
plemento de verbos transitivos diretos, enquanto as formas e) quando ela morresse, eu lhe perdoaria os defeitos.
lhe, lhes funcionam como transitivos indiretos que exigem
a preposição a. Convidei as amigas. Convidei-as; Obedeço 05. O verbo chamar está com a regência incorreta em:
ao mestre. Obedeço-lhe. a) chamo-o de burguês, pois você legitima a submis-
são das mulheres;
EXERCÍCIOS b) como ninguém assumia, chamei-lhes de discrimina-
dores;
01. Assinale a única alternativa que está de acordo com c) de repente, houve um nervosismo geral e chama-
as normas de regência da língua culta. ram-nas de feministas;
a) avisei-o de que não desejava substituí-lo na presi- d) apesar de a hora ter chegado, o chefe não chamou
dência, pois apesar de ter sempre servido à instituição, ja- às feministas a sua seção;
mais aspirei a tal cargo; e) as mulheres foram para o local do movimento, que
b) avisei-lhe de que não desejava substituí-lo na pre- elas chamaram de maternidade.
sidência, pois apesar de ter sempre servido a instituição,
jamais aspirei a tal cargo; 06. Assinale o exemplo, em que está bem empregada a
c) avisei-o de que não desejava substituir- lhe na pre- construção com o verbo preferir:
sidência, pois apesar de ter sempre servido à instituição, a) preferia ir ao cinema do que ficar vendo televisão;
jamais aspirei tal cargo; b) preferia sair a ficar em casa;
d) avisei-lhe de que não desejava substituir-lhe na pre- c) preferia antes sair a ficar em casa;
sidência, pois apesar de ter sempre servido à instituição, d) preferia mais sair do que ficar em casa;
jamais aspirei a tal cargo; e) antes preferia sair do que ficar em casa.
e) avisei-o de que não desejava substituí-lo na presi-
dência, pois apesar de ter sempre servido a instituição, ja- 07. Assinale a opção em que o verbo lembrar está em-
mais aspirei tal cargo. pregado de maneira inaceitável em relação à norma culta
da língua:
02. Assinale a opção em que o verbo chamar é empre- a) pediu-me que o lembrasse a meus familiares;
gado com o mesmo sentido que apresenta em __ “No dia b) é preciso lembrá-lo o compromisso que assumiu co-
em que o chamaram de Ubirajara, Quaresma ficou reserva- nosco;
do, taciturno e mudo”: c) lembrou-se mais tarde que havia deixado as chaves
a) pelos seus feitos, chamaram-lhe o salvador da pátria; em casa;
b) bateram à porta, chamando Rodrigo; d) não me lembrava de ter marcado médico para hoje;
c) naquele momento difícil, chamou por Deus e pelo e) na hora das promoções, lembre-se de mim.
Diabo;
d) o chefe chamou-os para um diálogo franco; 08. O verbo sublinhado foi empregado corretamente,
e) mandou chamar o médico com urgência. exceto em:
a) aspiro à carreira militar desde criança;
b) dado o sinal, procedemos à leitura do texto.
c) a atitude tomada implicou descontentamento;
d) prefiro estudar Português a estudar Matemática;
e) àquela hora, custei a encontrar um táxi disponível.

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09. Em qual das opções abaixo o uso da preposição - Moral e ética.


acarreta mudança total no sentido do verbo? - Colóquio e diálogo.
a) usei todos os ritmos da metrificação portuguesa. / - Transformação e metamorfose.
usei de todos os ritmos da metrificação portuguesa; - Oposição e antítese.
b) cuidado, não bebas esta água./ cuidado, não bebas
desta água; O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se si-
c) enraivecido, pegou a vara e bateu no animal./ enrai- nonímia, palavra que também designa o emprego de sinô-
vecido, pegou da vara e bateu no animal; nimos.
d) precisou a quantia que gastaria nas férias./ precisou
da quantia que gastaria nas férias; Antônimos: são palavras de significação oposta. Exem-
e) a enfermeira tratou a ferida com cuidado. / a enfer- plos:
meira tratou da ferida com cuidado. - Ordem e anarquia.
- Soberba e humildade.
10. Assinale o mau emprego do vocábulo “onde”: - Louvar e censurar.
a) todas as ocasiões onde nos vimos às voltas com pro- - Mal e bem.
blemas no trabalho, o superintendente nos ajudou;
b) por toda parte, onde quer que fôssemos, encontrá- A antonímia pode originar-se de um prefixo de senti-
vamos colegas; do oposto ou negativo. Exemplos: Bendizer/maldizer, sim-
c) não sei bem onde foi publicado o edital; pático/antipático, progredir/regredir, concórdia/discórdia,
d) onde encontraremos quem nos forneça as informa- explícito/implícito, ativo/inativo, esperar/desesperar, co-
ções de que necessitamos; munista/anticomunista, simétrico/assimétrico, pré-nupcial/
e) os processos onde podemos encontrar dados para o pós-nupcial.
relatório estão arquivados Homônimos: são palavras que têm a mesma pronún-
cia, e às vezes a mesma grafia, mas significação diferente.
Respostas: 1-A / 2-A / 3-D / 4-B / 5-D / 6-B / 7-B / 8-E Exemplos:
/ 9-D / 10-B / - São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo).
- Aço (substantivo) e asso (verbo).

11. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS. Só o contexto é que determina a significação dos ho-
mônimos. A homonímia pode ser causa de ambiguidade,
por isso é considerada uma deficiência dos idiomas.
O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspec-
Quanto à significação, as palavras são divididas nas se- to fônico (som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em:
guintes categorias:
Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e dife-
Sinônimos: são palavras de sentido igual ou aproxima- rentes no timbre ou na intensidade das vogais.
do. Exemplo: - Rego (substantivo) e rego (verbo).
- Alfabeto, abecedário. - Colher (verbo) e colher (substantivo).
- Brado, grito, clamor. - Jogo (substantivo) e jogo (verbo).
- Extinguir, apagar, abolir, suprimir. - Apoio (verbo) e apoio (substantivo).
- Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial. - Para (verbo parar) e para (preposição).
- Providência (substantivo) e providencia (verbo).
Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinô- - Às (substantivo), às (contração) e as (artigo).
nimo pelo outro. Embora irmanados pelo sentido comum, - Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de
os sinônimos diferenciam-se, entretanto, uns dos outros, per+o).
por matizes de significação e certas propriedades que o
escritor não pode desconhecer. Com efeito, estes têm sen- Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e di-
tido mais amplo, aqueles, mais restrito (animal e quadrúpe- ferentes na escrita.
de); uns são próprios da fala corrente, desataviada, vulgar, - Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir).
outros, ao invés, pertencem à esfera da linguagem culta, - Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar).
literária, científica ou poética (orador e tribuno, oculista e - Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato
oftalmologista, cinzento e cinéreo). de consertar).
A contribuição Greco-latina é responsável pela existên- - Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar).
cia, em nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. - Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (ace-
Exemplos: lerar).
- Adversário e antagonista. - Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo se-
- Translúcido e diáfano. lar).
- Semicírculo e hemiciclo. - Censo (recenseamento) e senso (juízo).
- Contraveneno e antídoto. - Cerrar (fechar) e serrar (cortar).

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Paço (palácio) e passo (andar). EXERCÍCIOS


- Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo).
- Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar 01. Estava ....... a ....... da guerra, pois os homens ....... nos
= anular). erros do passado.
- Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e ses- a) eminente, deflagração, incidiram
são (tempo de uma reunião ou espetáculo). b) iminente, deflagração, reincidiram
c) eminente, conflagração, reincidiram
Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pro- d) preste, conflaglação, incidiram
núncia. e) prestes, flagração, recindiram
- Caminhada (substantivo), caminhada (verbo).
- Cedo (verbo), cedo (advérbio). 02. “Durante a ........ solene era ........ o desinteresse do
- Somem (verbo somar), somem (verbo sumir). mestre diante da ....... demonstrada pelo político”.
- Livre (adjetivo), livre (verbo livrar). a) seção - fragrante - incipiência
- Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr). b) sessão - flagrante - insipiência
- Alude (avalancha), alude (verbo aludir). c) sessão - fragrante - incipiência
d) cessão - flagrante - incipiência
Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na pro- e) seção - flagrante - insipiência
núncia: Coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente, te- 03. Na ..... plenária estudou-se a ..... de direitos territo-
tânico e titânico, atoar e atuar, degradar e degredar, cético e riais a ..... .
séptico, prescrever e proscrever, descrição e discrição, infligir a) sessão - cessão - estrangeiros
(aplicar) e infringir (transgredir), osso e ouço, sede (vontade b) seção - cessão - estrangeiros
de beber) e cede (verbo ceder), comprimento e cumprimen- c) secção - sessão - extrangeiros
to, deferir (conceder, dar deferimento) e diferir (ser diferente, d) sessão - seção - estrangeiros
divergir, adiar), ratificar (confirmar) e retificar (tornar reto, e) seção - sessão - estrangeiros
corrigir), vultoso (volumoso, muito grande: soma vultosa) e
vultuoso (congestionado: rosto vultuoso).
04. Há uma alternativa errada. Assinale-a:
a) A eminente autoridade acaba de concluir uma via-
Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma signi-
gem política.
ficação. A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia.
b) A catástrofe torna-se iminente.
Exemplos:
c) Sua ascensão foi rápida.
- Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as
d) Ascenderam o fogo rapidamente.
plantas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral
e) Reacendeu o fogo do entusiasmo.
de gado.
- Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; dó.
- Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo ao 05. Há uma alternativa errada. Assinale-a:
véu do palato. a) cozer = cozinhar; coser = costurar
Podemos citar ainda, como exemplos de palavras po- b) imigrar = sair do país; emigrar = entrar no país
lissêmicas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que c) comprimento = medida; cumprimento = saudação
têm dezenas de acepções. d) consertar = arrumar; concertar = harmonizar
e) chácara = sítio; xácara = verso
Sentido Próprio e Sentido Figurado: as palavras po-
dem ser empregadas no sentido próprio ou no sentido figu- 06. Assinale o item em que a palavra destacada está
rado. Exemplos: incorretamente aplicada:
- Construí um muro de pedra. (sentido próprio). a) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.
- Ênio tem um coração de pedra. (sentido figurado). b) A justiça infligiu a pena merecida aos desordeiros.
- As águas pingavam da torneira, (sentido próprio). c) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.
- As horas iam pingando lentamente, (sentido figurado). d) Devemos ser fiéis ao cumprimento do dever.
e) A cessão de terras compete ao Estado.
Denotação e Conotação: Observe as palavras em des-
taque nos seguintes exemplos: 07. O ...... do prefeito foi ..... ontem.
- Comprei uma correntinha de ouro. a) mandado - caçado
- Fulano nadava em ouro. b) mandato - cassado
No primeiro exemplo, a palavra ouro denota ou designa c) mandato - caçado
simplesmente o conhecido metal precioso, tem sentido pró- d) mandado - casçado
prio, real, denotativo. e) mandado - cassado
No segundo exemplo, ouro sugere ou evoca riquezas,
poder, glória, luxo, ostentação; tem o sentido conotativo,
possui várias conotações (ideias associadas, sentimentos,
evocações que irradiam da palavra).

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LÍNGUA PORTUGUESA

08. Marque a alternativa cujas palavras preenchem


corretamente as respectivas lacunas, na frase seguinte: ANOTAÇÕES
“Necessitando ...... o número do cartão do PIS, ...... a data
de meu nascimento.”
a) ratificar, proscrevi ___________________________________________________
b) prescrever, discriminei
c) descriminar, retifiquei ___________________________________________________
d) proscrever, prescrevi
___________________________________________________
e) retificar, ratifiquei
___________________________________________________
09. “A ......... científica do povo levou-o a .... de feiticeiros
os ..... em astronomia.” ___________________________________________________
a) insipiência tachar expertos
b) insipiência taxar expertos ___________________________________________________
c) incipiência taxar espertos ___________________________________________________
d) incipiência tachar espertos
e) insipiência taxar espertos ___________________________________________________

10. Na oração: Em sua vida, nunca teve muito ......, apre- ___________________________________________________
sentava-se sempre ...... no ..... de tarefas ...... . As palavras
___________________________________________________
adequadas para preenchimento das lacunas são:
a) censo - lasso - cumprimento - eminentes ___________________________________________________
b) senso - lasso - cumprimento - iminentes
c) senso - laço - comprimento - iminentes ___________________________________________________
d) senso - laço - cumprimento - eminentes
e) censo - lasso - comprimento - iminentes ___________________________________________________

___________________________________________________
Respostas: (01.B)(02.B)(03.A)(04.D)(05.B)(06.C)(07.B)
(08.E)(09.A)(10.B) ___________________________________________________

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