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Resenha de Livro

Curso de Formação em Terapia


Relacional Sistêmica
Psicóloga Solange Maria Rosset
  Nome do Livro: Prazer - Uma abordagem criativa da vida

  Autor do Livro: Alexander Lowen

  Editora, ano de publicação: Summus Editorial / 1970


 
RELAÇÃO DOS CAPÍTULOS
Prefácio

Cap. 1 - A psicologia do prazer


Página principal
Curriculum Cap. 2 - O prazer de estar cheio de vida
Terapia Relacional
Cap. 3 - A biologia do prazer
     Sistêmica
Clínica Cap. 4 - Poder versus prazer
Palestras in company
Cap. 5 - O ego: auto - expressão versus egotismo
Cursos
Agenda Cap. 6 - Verdade, beleza e graça
Livros
Cap. 7 - Auto-percepção e auto - afirmação
Filmes
Textos Cap. 8 - As reações emocionais
Links
Cap. 9 - Culpa, vergonha e depressão
Álbuns de fotos
Jornadas TRS Cap.10 - As raízes do prazer

Fale comigo Cap.11 - Uma abordagem criativa da vida

 
A PA N H A D O RESUMIDO SOBRE CADA CAPÍTULO
Prefácio

Alexander Lowen abre sua obra citando Fausto, de Goethe. O prazer não pode ser
controlado nem comandado pelo homem. Goethe achava que o prazer é uma dádiva
de Deus, para os que merecem sentir o esplendor e a beleza que é viver. Mas Deus faz
uma advertência aos seus filhos: "(...) o prazer é efêmero e abstrato, mas é o próprio
significado da vida."

Devemos ver a diferença que há entre o prazer e o poder, O poder vem do ego, o
prazer vem do corpo. O ego não existe para ser mestre do corpo, mas sim, seu servo
obediente. O corpo, ao contrário do ego, deseja prazer e não poder. O prazer é a
origem de todos os bons pensamentos e sentimentos. Quem não tem prazer corporal,
se torna rancoroso, frustrado e cheio de ódio. O pensamento é distorcido e o potencial
criativo se perde. A perda se torna auto - destrutiva. O prazer é a força criativa da vida.

Capítulo 1: A psicologia do prazer

Ao observar um país rico, como por exemplo os EEUU, Lowen verifica que
mesmo com a alta tecnologia disponível, os norte americanos não parecem felizes.
Gastam muito dinheiro em busca de diversão e de prazer.Viajam e sempre têm
novidades consumistas onde gastar seu dinheiro. Norman Lobenz, citado por Lowen,
publicou um estudo sobre a busca do prazer nos Estados Unidos. Intitulado, "Há
alguém feliz?" , não encontrou felizes e em suas conclusões, pergunta se homem
algum um dia, poderá ser feliz. Lobenz, observou também em seu livro: "(...) o
importante hoje em dia é se divertir, ou parecer que se está divertindo, pensar que está
se divertindo ou ao menos fazer com que acreditem que está se divertindo. Quem não
se diverte é suspeito."
Segundo Lowen as pessoas confundem prazer com diversão. Uma das razões de
não termos prazer é que tentamos nos divertir com coisas sérias e levamos a sério as
atividades que são meras diversões. Ou então as pessoas, buscando o prazer, bebem
em demasia e o resultado é sempre ruim. Confundem diversão com bebidas e drogas,
com prazer. A busca de entretenimentos surge da necessidade de fugir dos
problemas, dos conflitos do cotidiano. É por isso que a diversão adulta quase sempre
se associa ao álcool.

Mas a verdadeira diversão aumenta nossa alegria de viver. A felicidade também


está relacionada com o prazer. Felicidade, então pode ser uma questão de filosofia.
Confúcio disse que não poderia ser feliz enquanto alguém sofresse. Ou como o
monarca oriental que disse: "Por mais de trinta anos só fiz o que tive vontade, deixei-me
levar por todos os caprichos, mas não posso dizer que tenha tido, em todos esses anos,
mais do que um ou dois momentos realmente felizes".

Lowen afirma então, que a felicidade é um sentimento que surge em algumas


situações e desaparece quando a situação muda. Assim sendo nos ensina a natureza
do prazer. Sem a sensação de prazer, a felicidade é apenas uma ilusão. A verdadeira
diversão e a felicidade real derivam seus significados do prazer que se sente na
situação. Mas não é necessário estar se divertindo ou feliz, para sentir prazer. Pode se
sentir prazer nas coisas mais comuns da vida pois o mesmo é um modo de ser. A
pessoa está num estado de prazer quando os movimentos de seu corpo fluem livres,
ritmicamente e em harmonia com o seu ambiente.

Pode-se obter prazer trabalhando, cozinhando, cantando, fazendo sexo enfim, o


prazer pode sempre estar ao nosso alcance. O ato criativo pode ser definido como
qualquer forma de expressão que traz novos prazeres e significados à vida.

O prazer e a criatividade estão relacionados dialeticamente. Sem prazer, não


haverá criatividade. Sem uma atitude criativa diante da vida, não haverá prazer. O
prazer na vida encoraja a criatividade e a comunicação, e a criatividade aumenta o
prazer e a alegria de viver.

Cap. 02 O Prazer de estar cheio de vida.

Muitas pessoas já sentiram alguma vez na vida o simples prazer que acompanha
a recuperação de doença ou acidente. No primeiro dia em que a saúde normal é
recuperada, sente-se com intensa satisfação a alegria de se estar vivo. Como é
agradável respirar bem fundo! Que emoção é mover-se fácil e livremente!

As sensações são determinadas pela respiração e pelos movimentos. O


organismo só sente o que se move dentro de seu corpo. Sabe-se da importância de
uma respiração correta para a saúde física e mental da pessoa. A maioria das
pessoas respira mal. Sua respiração é superficial e tem uma forte tendência de a
prenderem em qualquer situação de estresse. A incapacidade de respirar plena e
profundamente é também responsável pelo fracasso em conseguir uma satisfação
sexual plena. Prendendo a respiração ao se aproximar o clímax, elimina as fortes
sensações sexuais. Qualquer limitação da respiração durante o ato sexual elimina o
prazer sexual.

Toda dificuldade em respirar causa ansiedade. E a ansiedade inibe qualquer


possibilidade de sentir prazer. A respiração e a mobilidade corporal são as bases de
toda a espontaneidade, que por sua vez é o ingrediente essencial tanto do prazer
como da criatividade. A respiração leva ao movimento que é o veículo para a
expressão do sentimento. Respirar profundamente, praticar exercícios e tomar
consciência das partes de seu corpo, pode ser uma fonte de prazer, nos diz Lowen.

Cap. 03 - A Biologia do prazer.

Lowen abordou nos dois primeiros capítulos desta obra, a natureza do prazer do
ponto de vista psicológico e do ponto de vista da respiração e movimentação do
corpo. Agora, vai nos relatar, o processo do prazer biológico, o fenômeno do prazer.
Comer, dormir são tipos de prazer que todos sentem. As necessidades criam um
estado de tensão que, quando liberadas, produzem uma sensação de prazer em
forma de alívio. Há pessoas que sentem prazer quando há alguma tensão, algum
desafio. Sentem prazer na competição, na excitação que o desafio produz. No sexo há
o prazer na expectativa e o prazer final. Biologicamente, o prazer está ligado ao ato do
crescimento, fato continuo da vida. Crescemos ao incorporarmos o meio ambiente
em nós, tanto física como psicologicamente. Isso implica uma expansão para fora, o
consumo de ar de alimentação. A relação entre prazer e crescimento explica porque a
juventude, que constitui um ativo período de crescimento físico e mental, encontra-se
mais próxima do prazer do que da idade mais avançada. Explica também porque os
prazeres das pessoas mais velhas possuem um lado mais intelectual, já que neste
aspecto elas ainda são capazes de crescer.

Os segredos do prazer estão escondidos no fenômeno da excitação. Lowen faz


um estudo sobre o espectro "prazer-dor". Fala sobre as reações do corpo, que vão da
agonia ao êxtase, passando pela dor, aflição, boas sensações prazer e alegria. A
capacidade da pessoa aceitar e tolerar situações dolorosas, determinará sua
capacidade para vivenciar o prazer. O ditado popular " (...) não existe prazer sem dor"
passa a significar que a capacidade de viver o prazer está relacionada com a
capacidade de sentir dor em situações de perturbação.

Alexander Lowen passa a discorrer sobre a questão nervosa, nas reações do


organismo. Estas reações dispõem de dois sistemas para regula-las: o sistema
cerebrospinal e o sistema nervoso vegetativo ou autônomo. Um sistema coordena a
ação dos músculos e a energia dos nervos. Regula o tônus muscular e a postura. O
outro sistema regula alguns processos corporais básicos como a respiração,
circulação, pulsação cardíaca, digestão, excreção e atividade glandular.

E o medo do prazer? Parece contraditório, mas muitas pessoas evitam o prazer.


Algumas pessoas desenvolvem uma ansiedade aguda em situações de prazer e
outras chegam a sentir dor quando a excitação do prazer se torna muito intensa. É
bem conhecido o fato de que algumas pessoas sentem prazer na dor. Isso requer
algumas explicações. Por exemplo: alguém que permaneceu um certo tempo na
mesma posição e teve câimbras. Estirar seus músculos é doloroso mas, ao fazer isso,
restaura a circulação e se sente bem. Já o masoquista sexual, que sente prazer em
ser golpeado, precisa da dor para liberar a sua tensão. Os golpes, além de seus
significados psicológicos, quebram as tensões e relaxam os músculos, permitindo
que a excitação sexual flua. Reich, quando estudou o masoquismo, mostrou que o
masoquista não está interessado na dor como tal, mas busca o prazer que se torna
possível através da dor. Medo do prazer é medo da dor que inevitavelmente ocorre
quando um impulso expandido depara com uma área contraída e fechada do corpo.
Medo do prazer é medo da dor, não apenas da dor física que o prazer causa no corpo
rígido e contraído, mas também da dor psicológica, da perda, da frustração e da
humilhação. Se tivermos medo da dor, teremos medo do prazer. O que não significa
que devemos procurar a dor para termos prazer como faz o masoquista. Incapaz de
enfrentar a dor dentro de si mesmo, o masoquista a projeta em situações externas.
Vale dizer que não devemos fugir da dor de nos encararmos honestamente se
desejamos ter alegria em nossas vidas.

Cap. 04 - Poder versus prazer.

Segundo Lowen, a busca natural de prazer de um organismo é normalmente


suspensa em apenas dois casos: no interesse da sobrevivência e em nome de um
prazer maior. Quando há ameaça à sobrevivência, o prazer e a criatividade tornam-se
irrelevantes. Mas em condições normais, o prazer continuará a ser o principal objetivo
do indivíduo. Ao lado da busca do sucesso e do prazer, a sociedade atual induz seus
indivíduos a uma obsessão pelo poder. A luta pelo êxito se desenvolve a partir da
necessidade de se conseguir reconhecimento, alcançar a identidade pública, a sentir-
se importante. A luta pelo poder nasce da necessidade de superar sentimentos
íntimos de impotência e de compensar sentimentos de desespero. Para muitas
pessoas, o sucesso se apresenta sob dois aspectos: a riqueza e a autoridade. Quando
as pessoas percebem que o sucesso, o dinheiro e o poder não lhes dá prazer e não as
fazem felizes, entram em depressão. Uma vez que os valores da sociedade de massa
são o sucesso e o poder, quem aceitá-los se torna um individuo de massa, perdendo
sua verdadeira personalidade. É importante também que as pessoas sintam e
reconheçam sua individualidade e sua identidade. Estão sempre em contato com
seus sentimentos e sabem o que querem e o que não querem. Quando falam, seus
pontos de vista são sempre personalizados, pois não há duas pessoas com
sentimentos iguais. Vê-se que o poder pode ser a meta de muitas pessoas. O que é
realmente a mística do poder? O que é o significado do poder? De forma geral o poder
é a capacidade de manipular e controlar pessoas e o ambiente. Nesse aspecto, todos
os animais têm poder; manipulam e dominam o ambiente para satisfazer suas
necessidades. O homem é o maior manipulador. O aumento do poder é a história da
própria civilização. O poder gradualmente foi crescendo, que a soma do poder, hoje
em dia à disposição do homem é assustadora. Mas o poder é antagônico ao prazer. A
relação que ele mantém com o prazer está entre o ego e o corpo. O prazer se origina
no fluxo livre de sensações e de energias dentro do corpo e entre o corpo e seu meio.
Já o poder se desenvolve através do represamento e controle da energia. Aí está a
diferença básica entre o individuo de prazer e o individuo de poder. O prazer é a
sensação de harmonia entre o organismo e seu ambiente.

Cap. 05 - O Ego: auto-expressão versus egotismo.

Neste capítulo, Lowen trata do ego e do prazer. A necessidade de auto-expressão


e a de sobrevivência, são quase iguais. O prazer da alegria de viver, por si só não pode
ser dissociada da auto-expressão. Ela é a manifestação da existência individual. A
auto-expressão a nível consciente é função do ego e do corpo. A auto-expressão, a
criatividade e o prazer estão intimamente relacionados. Toda forma de auto-
expressão traz prazer e satisfação. A aquisição de conhecimento e habilidade são
importantes funções do ego, além de importantes fontes de satisfação egótica. O "eu"
quer saber das coisas, e ser capaz de fazer coisas. Aprender a andar, falar, ler ou
mesmo andar de bicicleta, dirigir um automóvel, ou mesmo fazer um bolo, trazem
grande satisfação para o ego. "Eu fiz um bolo" - "Eu dirijo automóvel". O desejo de ser
reconhecido é subjacente ao fenômeno de "status". O grau de reconhecimento
determina o "status". A busca do "status" vem da necessidade do ego ser
reconhecido. Muitos fatores determinam a posição do "status" do individuo na
comunidade. Hereditariedade, riqueza, maneira de falar, relações familiares entre
outros, representam papel importante na determinação do "status". Ele molda a
imagem do ego individual. Quanto maior for o "status" maior será a imagem. O ego
tem importante papel no prazer, quando se identifica com o corpo. O ego forte
permite que se aproveite mais a vida. O ego fraco diminui a capacidade de prazer.
Muitas pessoas conscientes de seu ego, não se satisfazem com prazeres simples. Se
atiram flechas, exigem alvos que desafiem sua habilidade de arqueiros. Atingir estes
alvos faz com que eles tenham, além do prazer de atirarem flechas, um prazer maior,
que é o de acertar o alvo. Errar o alvo produz um desapontamento que neutraliza o
prazer de atirar flechas. A satisfação pelo sucesso serve como incentivo a um esforço
maior. O ego expande-se pelo sucesso e pode, em realizações subseqüentes exercer
uma força maior.

A relação entre o ego e a função sexual pode ser ampliada no tocante a todas as
formas de prazer. Quanto mais forte for o ego, maior o prazer. Alternadamente, o
prazer alimenta o ego. Quanto mais prazer se tem, mais forte se torna o ego. Um ego
mais forte suporta uma excitação maior, que então é transformada em prazer e
satisfação quando ocorre a liberação. Sente-se prazer, em qualquer atividade, quando
ocorre a relação total entre a mente e o corpo. O prazer é o resultado da entrega total
ao impulso e às sensações conjugadas à consciência de que o objetivo e o
ajustamento da ação estão corretos. Se o objetivo é alcançado, atinge-se uma
profunda sensação de satisfação e prazer. O ego funciona com imagens e sua
satisfação deriva da realização dessas imagens. Todos nós temos uma auto-imagem,
para cuja realização lutamos sempre. Representa um objetivo que queremos alcançar,
queremos ser felizes. Todo projeto que se empreende envolve uma imagem. Essas
imagens são excitantes porque se antecipa a sensação de que a vida será mais
agradável após sua realização. Mas esse fato pode não acontecer, resultando
incapacidade de sentir prazer e aumento nos estados de tensão e dor. A imagem que
domina a maioria dos indivíduos atualmente, é a do sucesso, do dinheiro e do poder. A
maioria luta pelo êxito. As mulheres se empenham em ser esposas, mães ou damas
de sociedade bem sucedidas. Os homens lutam para serem amantes, grandes
negociantes, ou profissionais bem sucedidos. Se alguém não alcança o sucesso, será
considerado fracassado.Ao assumir essa responsabilidade, o homem torna-se
egotista. Nunca o homem foi tão orgulhoso. Sempre houve indivíduos cujo egotismo
os colocou acima dos princípios morais, revestindo-os de uma personalidade divina.
Suas conquistas traçaram caminhos de dor e sofrimento. Mas as pessoas
transformaram-se em indivíduos responsáveis por suas próprias vidas. Essas
responsabilidades consideráveis fazem os egotistas encara-las com tranqüilidade. Os
egotistas, geralmente, mesmo se considerando um sucesso ou um fracasso, sua
queixa básica reside na insatisfação, no vazio e na incapacidade de sentirem prazer e
alegria. O individuo existe, simplesmente isso. Mas poderá levar sua existência de
forma mais agradável, partindo de dois pontos. Se o fizer a partir do corpo, perceberá
que o prazer é o estado de harmonia com o ambiente natural e humano. Sentirá que a
alegria é a união do interno com o externo e que, no êxtase, as fronteiras do "self" se
dissolvem totalmente.

Cap.06 - Verdade, beleza e graça.

O homem, durante muito tempo, não conseguiu dominar o mundo animal como
faz hoje. Não tinha a velocidade que os outros animais tinham, nem o tamanho, nem a
força nem os dentes, nem as garras. Mas tinha o cérebro. Era mais esperto. Mais
astuto. Pensava. Mais do que qualquer outro animal, o homem sobreviveu e vive por
causa de suas faculdades mentais. A sobrevivência depende de se manter atento. Na
luta pela sobrevivência o homem superou todos os seus adversários. Nos temas
sobre franqueza e astúcia, temos que reconhecer que a malicia tem um papel
importante nas disputas entre o homem e o animal. A astúcia, o artifício, a esperteza
são fundamentais em diversas atividades. No futebol, no xadrez, no pôquer, ou
mesmo na guerra, a aplicação correta da astúcia e da esperteza fará a diferença entre
vitória e derrota. Em situações de conflito, o uso da astúcia requer um grau de
objetividade que aumente o nível de percepção. Para avaliar adequadamente a
importância da artimanha será preciso colocarmo-nos na posição do adversário. "Se
eu disser ou agir assim, ou disser tal coisa, o que ele irá pensar ou fazer?" O sucesso
do ardil, depende da exatidão com que se avalia essa reação. A auto preservação é
identificar o sucesso do ardil. A habilidade de usar de artifícios de artimanhas.

A consciência do homem surge do reconhecimento das diferenças. Significa que


se nos tornamos conscientes da luz, é porque conhecemos a escuridão. Quem vive
apenas numa ou na outra, não se tornaria consciente delas. Da mesma forma que o
"em cima" e o "em baixo". Para se ter consciência de si mesmo é preciso perceber o
outro.

Pensar, é geralmente considerado como o oposto de sentir. A pessoa reflexiva é


contrastada com a impulsiva, a que age segundo seus sentimentos sem pensar. "Pare
para pensar" é a ordem da razão. Parecerá contradição afirmar que o que se sente
está intimamente ligado ao que se pensa. Nossos pensamentos comuns, geralmente,
são subjetivos: pensamos sobre nós mesmos, como nos sentimos, o que vamos
fazer, como o faremos e tal. É necessário um esforço da vontade para nos tornarmos
objetivos em nossos pensamentos. O pensar desempenha um duplo papel em relação
ao sentir. Pensando objetivamente, o pensar se opõem ao sentir. Pensamento
subjetivo é altamente colorido pelo sentimento. Do ponto de vista da consciência o
pensar e o sentir representam aspectos diferentes da função de percepção. O
sentimento é a percepção sensorial do processo corporal, trazendo carga energética
ou emoção. Os sentimentos podem ser quantitativamente diferenciados. O rancor, por
exemplo, possui uma intensidade ou carga afetiva diferente da raiva. Mas o próprio
rancor sujeita-se a variações de intensidade. Pode-se estar mais ou menos rancoroso.
O pensamento, por outro lado, é a percepção psíquica do processo corporal na forma
de imagem. Esta ou o pensamento não carregam nenhuma carga e não tem aspecto
quantitativo. Mas como duas imagens não são idênticas, serão qualitativamente
diferentes. A identidade funcional do pensar e do sentir deriva de sua origem comum
no movimento do corpo. Cada movimento corporal, percebido pela mente consciente,
faz com que surjam sentimentos e pensamentos. A capacidade superior de pensar do
homem em comparação com outros animais também é uma função de sua
consciência mais desenvolvida.

Pensamos subjetivamente quando nosso ponto de referencia está dentro de nós


mesmos e nosso pensamento dirigido para a expressão de nossos sentimentos e
para a satisfação de nossas necessidades. O pensamento objetivo procura definir
relações causais em termos de ação em vez de sentimentos, pois os atos são visíveis,
são acontecimentos públicos, enquanto os sentimentos são eventos internos e
particulares. Os sentimentos não se comprovam objetivamente e sendo assim, não
ocupam lugar no pensamento objetivo. Quando o individuo é obrigado a lutar contra
sensações dolorosas que entram na consciência, o pensamento objetivo se torna um
caso de auto-disciplina. O pensamento objetivo ainda se torna mais difícil quando a
pessoa tenta ser objetiva a respeito de seu próprio comportamento. Somos muito
mais objetivos em relação ao comportamento dos outros do que sobre o nosso
próprio. Para se ser realmente objetivo, devemos reconhecer e expressar nossas
atitudes pessoais ou nossos sentimentos. O pensamento objetivo pouco ajuda para a
infinidade de problemas e conflitos que enfrentamos todos os dias. O pensamento
nunca pode ser divorciado do sentimento. A essência da sabedoria, como disse
Sócrates é "conhecer a si mesmo" . A pessoa que não se conhece não pensará sobre
si mesma e nem pensará criativamente. As pessoas sentem que a verdade é bela e
que a falsidade e a desonestidade são feias. Há também uma certa crença de que o
bonito é verdadeiro. Crianças saudáveis chamam nossa atenção por sua beleza.
Admiramos seus olhos brilhantes, a pele clara e o delicado corpo bem formado. As
reações diante de um animal se baseiam nas mesmas qualidades: vitalidade, graça e
exuberância. Se a beleza estiver dissociada da saúde, encontrar-se-á divorciada do
aspecto mais significativo da existência. A beleza, em seu significado mais simples
representa a harmonia dos elementos de uma cena ou de um objeto. A harmonia ou a
ordem devem vir do excitamento interno que o objeto irradia, unindo todos os seus
elementos. A graça é a beleza dos movimentos e complementa a beleza das formas
num organismo saudável. Tal como o belo, é manifestação de prazer. A palavra
"graça" traz conotações que sugerem qualidades pessoais superiores. No momento
em que se pensa no movimento, o fluxo espontâneo de sentimentos através do corpo
é interrompido. A quebra do movimento rítmico produz uma condição de ausência de
graça. Perde-se a graça quando a pessoa não se encontra livre para seguir seus
instintos e sentimentos. Com a perda da graça, perde-se a graciosidade. A pessoa
dotada de graça é graciosa. É aberta, calorosa e comunicativa. A beleza e a graça são
as metas às quais muitos dos nossos esforços conscientes são dirigidos. Queremos
ser mais bonitos e mais graciosos, pois sentimos que essas qualidades trazem
alegria. Apesar desse interesse pelo belo, o mundo fica cada vez mais feio. Estamos
presos ao poder, não ao prazer, como forma de vida. Como resultado a beleza perdeu
sua verdadeira significação como imagem do prazer.

Cap. 07 - Auto-percepção e auto-afirmação.

A pessoa não pode perceber sua individualidade a menos que tenha o direito e a
capacidade de afirmar sua individualidade. A auto percepção depende da auto-
afirmação. A auto-afirmação é a declaração de individualidade frente a forças que a
negam. O conhecimento é uma função de discriminação. O conhecimento surge
através do reconhecimento das diferenças. A passagem da reação impulsiva ao
pensamento exige a introdução da frustração e da negação. O papel da frustração no
pensamento é evidente. Já o da negação é obscuro. A frustração não acarreta o
pensamento; basta simplesmente transformar-se em rancor e raiva. Estas, na
verdade, são as reações mais naturais à frustração. Dizer não, é manifestação de
oposição, pedra fundamental da sensação de identidade. Opondo-nos aos outros
estaremos dizendo "(...) eu sou eu, não sou você" - "tenho mente própria" . O NÃO como
expressão de auto-afirmação, deriva sua força do conhecimento, do "self". Para
sermos capazes de dizer não de maneira eficaz é preciso saber quem somos e o que
queremos. A auto-afirmação significa que se tem opinião própria. Sem a capacidade
de dizer não, o consentimento não passa de uma forma de submissão, não é a
expressão livre de uma vontade. Quem tem medo de opinar é "vaquinha de presépio",
segundo a sabedoria popular. O não da criança pode ser reprimido, mas não
eliminado. Continua funcionando no inconsciente e se estrutura em tensões
musculares e crônicas. Essas tensões representam a negação inconsciente.

O senso crítico ou o intelecto céptico não é o mesmo que ser negativo ou


desconfiado. A verdade crítica exige pontos de vista fundamentais na experiência e
apoiados em raciocínios claros e objetivos. A experiência da qual depende a
faculdade crítica deve ser pessoal. A crítica é essencial para o pensamento criativo.
Todo individuo tem algo para adicionar ao repertorio de conhecimento baseando-se
na exclusividade de suas experiências pessoais. Duas pessoas nunca vêem o mundo
da mesma forma. Adquirimos conhecimentos quando a informação é transformada e
assimilada pela personalidade. Aprender não é uma simples questão de aquisição de
informações. A ênfase, em nossos sistemas educacionais dada ao ensinar do que ao
aprender reflete a crença inconsciente de que a informação é mais valiosa do que o
pensamento. A quantidade de informações que o estudante se vê obrigado a reter
certamente não lhe dará tempo para pensar criativamente. Ocorrerá depois da
informação ter sido, de alguma maneira adquirida. Mas a essa altura perdeu-se o
prazer de aprender e sufocou-se o impulso criativo. Qual o lugar que o pensamento
criativo ocupa num mundo computadorizado? Sem uma centelha criativa, o prazer de
viver desaparece. O discernimento é a base da função criativa. O papel da cultura é
transformar o individuo massificado num verdadeiro individuo. Mas, para atingir esse
objetivo a individualidade de cada um deve ser reconhecida, sua busca de prazer
apoiada e seu direito de dizer não totalmente respeitado. O aprendizado é uma
atividade criativa. Somos levados a aprender pela promessa de prazer. Quando a
educação é ajustada ao prazer as escolas transformam-se numa agradável aventura
de auto-descoberta.

Cap. 08 - As reações emocionais.

Nos ensina Lowen, neste capítulo, sobre o amor, afeição, hostilidade, raiva, medo,
entre outras reações e emoções.

Em sua busca de conhecimento o homem diferencia e isola diversos fenômenos


da natureza. Como conseqüência, cada aspecto tende a perder suas relações com o
todo. Quando esse procedimento analítico é aplicado às emoções, estas passam a
ser definidas como reações fisiológicas do corpo, ou como padrões de
comportamento que podem ser adotados ou não pela vontade. O medo, por exemplo,
é uma reação corporal produzida fisiologicamente pela secreção de adrenalina em
resposta a uma situação de perigo. Embora nem a secreção, nem a reação corporal
estejam sujeitas ao controle consciente, constantemente aconselhamos as crianças a
não terem medo, deixando assim implícito que podem, controlar suas reações
emocionais. Essa confusão a respeito da natureza das emoções é ainda mais
evidente nas atividades relativas ao amor. Reconhecemos a importância do amor, o
que nos ajuda a lembrar do seu relevante papel. O apelo ao amor é feito para reduzir o
enfoque sobre o próprio ego e restaurar, ao menos momentaneamente, a percepção
de sua relação com os outros, e com sua comunidade. Contudo, o que não
conseguimos ver e as reações emocionais não são fenômenos isolados. A palavra
"emoção" significa movimento "externo" - "para fora" - ou "de fora". Subjacente à
emoção do amor há a necessidade biológica de contato e proximidade com outrem.
Através destes contatos, nossos corpos são estimulados e excitados. Sem eles, os
corpos tendem a se tornar frios e rígidos. Entender a diferença entre o sentimento de
ansiedade e a emoção de amor é importante para compreendermos o amor. A relação
entre a ansiedade e o amor é do mesmo tipo existente entre a fome e o apetite. O
sentimento de ansiedade também é conhecido como amor dependente,
freqüentemente confundido com o verdadeiro amor. Se uma pessoa depende de
outra, irá definir seu sentimento como se fosse amor. Dirá "eu o amo" quando na
verdade quer dizer "preciso de você". Precisar e amar não são a mesma coisa.
Necessitar denota falta; amor é preenchimento. Mas se o prazer é essencial ao amor,
também o amor é necessário ao prazer. Pois o amor representa o vínculo que torna
possível o prazer. O amor possui outra importante função nas relações intimas entre
pessoas das quais depende o ciclo da vida. Falar do amor dissociando-se de sua
relação com o prazer significa moralizar. A moral nunca resolveu as dificuldades
emocionais do homem. Devemos saber que quanto mais prazer se tem, maior será a
capacidade de amar. Algumas vezes, as reações emocionais sutis, são difíceis de
serem descritas. Há dois pares de emoções simples cujos conteúdos mantém entre
si relação antagônica. Medo e raiva formam um par; amor e ódio, o outro. O segundo
par inclui todos os sentimentos que podem ser reunidos sob a denominação de
afeição e hostilidade. A afeição é o envolvimento com outros e com o mundo a partir
de um estado de excitação, de antecipação agradável. Descrevemos a pessoa
afetuosa como sendo calorosa. Os sentimentos opostos, isto é, aqueles que podem
ser denominados como hostis, também são determinados pelo fluxo de sangue, mas
em direção oposta. Todos os sentimentos hostis são frios. A pessoa hostil retira seu
afeto, tornando-se fria em relação à outra. Nem a afeição nem a hostilidade
representam uma atividade agressiva. A palavra "agressivo" é utilizada
psicologicamente em oposição ao passivo. Agressivo significa mover-se em direção a
uma outra pessoa ou objeto, enquanto que "passivo" é a inibição desse movimento. O
amor e o ódio representam o familiar para antagônico. É sempre o sentimento de
traição que transforma a afeição em hostilidade. O outro par de emoções, raiva e
medo, relaciona-se à experiência ou à antecipação da dor. No sentimento de raiva, a
excitação carrega o sistema muscular ao longo das costas, mobilizando o poderoso
movimento de ataque. A raiva e o medo pertencem ao grupo de emoções de
emergência. Se o sentimento for de raiva, o organismo ataca a fonte da dor. Quando é
de medo, vira-se e foge do perigo. A correspondência entre medo e raiva é tão grande
que um se transforma no outro. O medo se desenvolve quando a ameaça de dor é
feita por uma força aparentemente superior. Entretanto em situações onde a raiva não
pode ser mobilizada porque o perigo é incerto desconhecido e impessoal, o medo
surge como uma reação natural. Embora o impulso espontâneo quando se tem medo,
seja o de fugir, ele poderá ser bloqueado pela força de vontade. Quando o pânico é a
sensação subjacente, o corpo mostra uma expressão diferente. A fúria é a
contrapartida do terror. É o ódio sem remorso que produz efeito destruidor. Ao
contrário da raiva, que é quente, e do furor que é selvagem, a fúria é fria e dura.
Representa, entretanto, o aspecto agressivo do ódio. A pessoa com ódio encontra-se
furiosa interna e externamente fria. A pessoa com amor encontra-se relaxada por
dentro e extremamente quente. Esse espectro das emoções simples não pretende ser
definitivo. É um meio conveniente de mostrar a ordem biológica que prevalece nesse
nível da personalidade.

Cap.09 - Culpa, vergonha e depressão.

Muitas pessoas em nossa cultura encontram-se infestadas de sentimentos de


culpa e vergonha, ou sofrem de depressão. Suas vidas emocionais estão confusas e
cheias de conflitos. Nesse estado é muito pouco provável que possam ter uma
abordagem criativa da vida e na verdade, tendência à depressão denota uma
percepção interna de derrota. Como surge o sentimento de culpa? A culpa é produto
da cultura e dos valores que caracterizam a cultura. Esses valores são incorporados
nos princípios morais e nos códigos de comportamento das crianças, fazendo parte
da estrutura do ego das crianças. Se os pais respeitam a individualidade da criança e
acima de tudo, sua busca de prazer, haverá um respeito mútuo entre eles que
aumentará o prazer e a alegria que mantêm entre si. Nessa situação, nem os pais,
desenvolverão sentimentos de culpa. Sentir-se culpado por desejos sexuais, por
exemplo, não faz sentido a nível biológico. Os desejos sexuais representam reação
natural do corpo a um estado de excitação. Têm sua origem nas funções de prazer do
corpo. Se o desejo sexual for julgado como moralmente errado, significará que a
mente consciente voltou-se contra o corpo. Quando isso acontece, rompe-se a
unidade da personalidade. O sentimento de culpa é uma forma de auto-condenação. É
a sensação de culpa que faz as pessoas agirem de maneira destrutiva impedindo os
processos naturais de auto-regulação do corpo. A culpa relaciona-se com a busca de
prazer e também com sentimentos de hostilidade. Toda pessoa que se sente culpada
também carrega um sentimento escondido de superioridade moral. O sentimento de
vergonha, como o de culpa, tem um efeito desintegrador na personalidade. Destrói a
dignidade do individuo e corrói seu senso de "self". Ser humilhado é muitas vezes
mais traumático do que ser machucado fisicamente. A ferida que fica raramente
cicatriza espontaneamente. A humilhação permanece como uma mancha na
personalidade, cuja remoção exige um considerável esforço terapêutico. A sensação
de vergonha tem raízes mais profundas do que a distinção de classes. Os valores são
julgamentos do ego sobre o comportamento e os sentimentos e, como todas as
funções do ego, atuam para promover prazer ou negá-lo. Sempre que houver valores
do ego que determinem posição e "status" a sensação de vergonha surgirá. A nível do
corpo todas as pessoas se sentem iguais entre si; compartilham das mesmas
funções e têm as mesmas necessidades e desejos. A vergonha se origina da
consciência de inferioridade. Muitas pessoa sentem vergonha de seus sentimentos. A
vergonha, como a culpa, é uma barreira para a auto-aceitação. Devemos eliminar a
vergonha em nossos métodos educacionais. Ela é empregada porque os pais e os
professores não confiam nos impulsos naturais das crianças. Se o padrão de
comportamento no lar tender ao prazer, a criança espontaneamente adotará esse
padrão. Se a criança não for julgada aprenderá as maneiras civilizadas através de sua
busca natural de prazer sem desenvolver sentimentos de vergonha. A repressão de
emoções e de sentimentos de culpa e vergonha condiciona a pessoa a uma reação
depressiva. A culpa e a vergonha forçam-na a substituir os valores do ego por valores
corporais. As imagens pela realidade e a aprovação pelo amor. Reconhecimento,
aceitação e aprovação transformam-se nas metas dominantes dos nossos esforços
sem a menor consideração pelo fato de que as respostas vindas de outros não têm
significado até que alguém, em primeiro lugar, as reconheça, as aceite e as aprove. As
emoções reprimidas são as derivadas da antecipação da dor, isto é, hostilidade, raiva
e medo. Essas emoções são reprimidas quando não podem ser expressas nem
toleradas. A pessoa que reprime sua hostilidade ver-se-á como um individuo amoroso
e cumpridor de seus deveres. Se reprime sua raiva, imaginar-se-á como alguém afável
e gentil. Se reprimir seu medo, conceber-se-á como corajoso e bravo. A verdadeira
coragem é a capacidade de agir frente ao medo. A liberação de emoções reprimidas é
a cura da depressão. O choro da tristeza, por exemplo, é um antídoto específico para a
depressão. A pessoa triste não está deprimida. A depressão deixa o individuo sem
vida e sem reação. A tristeza faz com que se sinta quente e vivo. Sentir a própria
tristeza abre a porta para sentir todas as emoções. Trazendo o indivíduo de volta à
condição humana.

Cap. 10 - As raízes do prazer.

Alexander Lowen já definiu o prazer como a percepção consciente da atividade


rítmica e pulsante do corpo. Os tecidos vivos permanecem em constante movimento,
produzido por carga interna ou excitação. Mesmo dormindo ou descansando, o corpo
não se encontra imóvel. O coração bate, os vasos sanguíneos se expandem ou se
contraem, a respiração continua e a atividade celular não para. As raízes do prazer
estão arraigadas nas relações do homem com a natureza. No nível mais profundo,
somos parte da natureza; no mais alto, somos organismos exclusivos, vivenciando
conscientemente o prazer e a dor, a alegrias e a tristeza, do nosso relacionamento
com a natureza. A sensação de prazer, originada do ritmo natural e sem perturbação
da vida, abrange todas as nossas atividades e relações. Os ritmos que governam a
vida são inerentes à vida, não podem ser impostos de fora. Em todo mundo animal e
vegetal a função sexual é um fenômeno periódico, desde o florescimento das plantas
até o fluxo mensal da mulher. A primavera, proverbialmente, é a estação do amor, a
época em que a seiva começa a fluir nas árvores e o sangue é excitado nos jovens. Os
ritmos de nossas atividades são fortemente influenciados pelos ritmos da natureza.
Essa harmonia entre os ritmos internos da pessoa e os ritmos externos da natureza é
a base para que se sinta identificação com o cosmo, a mais profunda raiz de prazer e
alegria. Filogenicamente, a vida começou no mar. Para muitas pessoas a ida ao litoral
é ocasião de prazer e de agradáveis sensações. Próximos do mar sentimo-nos mais
em contato com as forças da natureza. A vida começa em meio aquoso. Por nove
meses, o embrião se desenvolve em ambiente líquido, no qual é suavemente
balançado pelos movimentos do corpo materno. Ao nascer, experimenta uma
transição cataclísmica, se transformando num mamífero que respira em ambiente
seco. As atividades rítmicas do corpo tem algumas características. Umas voluntárias,
outras involuntárias. A respiração por exemplo, não é só feita com os pulmões, mas
com o corpo todo. A importância da respiração é tão grande, que nem precisa ser
enfatizada. Há várias atividades que originam prazer e bem-estar; comer, dormir, por
exemplo. O sono é um estado de excitação difusa e reduzida. Se o processo de dormir
não for perturbado, a pessoa acorda com a sensação de ter se renovado, com
vontade de começar atividades, e com desejo de comer. Mas, muitas pessoas não
tem o simples prazer de dormir o que as fazem usar pílulas soporíferas. A
incapacidade de pegar facilmente no sono reflete a perspectiva do estado de
excitação nas camadas conscientes da personalidade. A pessoa que conhece o
prazer do sono tranqüilo e reparador pode se considerar abençoada. Uma das
grandes raízes do prazer repousa em nossa relação com o mundo externo. Todo
estímulo, encontrando a superfície do corpo e por ele percebido, será agradável ou
doloroso. As pessoas reagem de maneira diversa a estímulos idênticos. O prazer de
alguém significará dor para outro. A relação entre ritmo e prazer é claramente vista
nos movimentos voluntários do corpo. Qualquer atividade motora realizada
ritmicamente é agradável. A pessoa que vive com prazer move-se com ritmo, sem
esforço e graciosamente. Prazer é ritmo e ritmo é prazer. A música, a dança, são
prazeres reais. É correto afirmar que a música, evoca os ritmos existentes dentro de
nós. Os movimentos voluntários em contraste com os involuntários, exigem um alto
grau de coordenação antes de se tornarem rítmicos. Os adultos, que possuem mais
coordenação, procuram ritmos mais complexos exercitar seus corpos. Esportes,
esquiar, nadar, por exemplo.

O homem é um ser criativo. Não produtivo. Mesmo diminuindo seus prazeres, fez
grandes realizações.Infelizmente, de suas realizações obteve poucas alegrias, porque
a produtividade se tornou mais importante que o prazer. Falar do amor como fonte de
prazer é poético. Mas ilógico. Na hierarquia das funções da personalidade , o amor
como emoção, surge do prazer. Como sabemos, o prazer e a alegria se originam de
amar e ser amado. O prazer é descrito da realização do homem com o universo com a
natureza e o mundo à sua volta. Mas se procurarmos as raízes do prazer dentro de
nós mesmos, iremos encontra-las no fenômeno do amor. O amor e a alegria são
sentimentos que pertencem ao coração. O coração é o órgão do amor. É a morada do
amor. Todo sentimento de amor começa no coração, irradiando a pessoa. Qualquer
um que tenha sentido amor, experimentou essa sensação no coração. O amor faz o
coração ficar leve. Já a perda do amor faz o coração sentir peso, tristeza. A batida do
coração é o ritmo do amor.

Cap. 11 - Uma abordagem criativa da vida.

O que é criatividade? Pergunta o autor. Até aqui, tratou-se de dois temas: prazer e
criatividade. Ambos estão intimamente relacionados. O prazer fornece a motivação e
a energia ao processo criativo. Com prazer a vida é uma aventura criativa. A
abordagem criativa da vida implica novas e imaginativas respostas às diversas
situações em que a pessoa diariamente vê-se confrontada. Novas respostas são
urgentemente necessárias porque os valores e as formas sociais que governavam os
relacionamentos e regulavam o comportamento de gerações anteriores já não mais
fornecem soluções satisfatórias à vida moderna. A nova resposta procurada não
poderá limitar-se à rejeição dos conceitos estabelecidos. Outro perigo que
enfrentamos é a crença errada de que a experiência é o único valor verdadeiro na vida.
As experiências não assimiladas criativamente aumentam a confusão e diminuem o
senso de identidade. O que é ser criativo? A pessoa criativa olha o mundo com uma
visão nova. Não tenta resolver novos problemas através de antigas soluções. Ser
criativo é ser imaginativo. Mas nem todo ato imaginativo representa uma atividade
criativa. A imaginação criativa começa com uma avaliação e aceitação da realidade.
O impulso criativo começa com a imaginação da criança e termina com a satisfação
das necessidades do adulto. Educar o filho é um ato criativo para que ele se sinta
amado respeitado e seguro. Por ser um ato criativo, não poderá ser calcado numa
fórmula. O desejo de prazer da criança e sua necessidade de auto-expressão devem
ser compreendidos pelos pais. Só atingirão isso se estiverem livres de culpas
pessoais a respeito do prazer e capazes de expressarem seus próprios sentimentos
de maneira aberta e honesta. Todos os pais são obrigados a enfrentar a necessidade
de desenvolver uma nova forma de relacionamento pais-filhos. O que exigirá
sensibilidade, imaginação, auto-conhecimento e auto-aceitação, o que caracteriza
pessoas saudáveis e indivíduos criativos. O prazer liga-se indissoluvelmente à
realização. Uma vida sem realizações será uma vida sem prazer. Há uma antítese
entre prazer e realização oriunda do fato da realização exigir auto-disciplina. Se não
houve prazer no trabalho e nenhuma possibilidade criativa no prazer, o resultado será
uma sensação de frustração, não de alegria. Todo trabalho deve fornecer
oportunidade para o uso da imaginação criativa. Mas a criatividade só floresce numa
atmosfera de liberdade onde o prazer é a força motriz. A fusão criativa de aspectos
antiéticos da personalidade não pode ser o resultado de um esforço consciente. O ato
criativo é uma função do inconsciente. Por definição, o ato criativo é a formação da
imagem que anteriormente não existia na mente. O pensador criativo mergulha fundo
na fonte de sensações para achar as soluções que procura. É capaz de agir assim em
virtude de sua grande auto-percepção, maior do que a da maioria das pessoas. A
auto-percepção é determinada pelo grande contato que a pessoa mantiver com o
corpo. Os seres humanos são dotados de uma natureza dual. São atores conscientes
e refutadores inconscientes. Na relação entre o ego e o corpo, os aspectos
conscientes e inconscientes do "self" funciona o mesmo princípio. O ego é tão forte
quanto o corpo é vigoroso. No corpo reprimido, o ego encontra-se enfraquecido. Em
outras palavras a pessoa que dá vazão às suas reações inconscientes e, na verdade,
alguém com mais consciência do que a pessoa que teme suas reações
inconscientes. Outra grande polaridade no funcionamento da personalidade é a
relação entre pensar e sentir. A capacidade de pensar claramente é tão importante
para a personalidade como a capacidade de sentir plenamente. A dualidade na
natureza humana, responsável pela sua autoconsciência e pelo seu potencial criativo,
também é causa que a predispõe à auto-negação e a atividades auto-destrutivas. O
ego é o aspecto da personalidade que funciona como o ator consciente, enquanto o
corpo é o aspecto da personalidade que reage involuntariamente às sensações. Não
existe ninguém cujo comportamento seja totalmente controlado conscientemente. A
polaridade adulto-criança é a chave para a personalidade criativa. A pessoa em
contato com a criança dentro de si é um verdadeiro ser comunitário. As crianças
estão também mais em sintonia com a natureza do que os adultos. Todo amante da
natureza traz uma criança no coração.

A humildade é a característica da pessoa que se aceita. Ela não é submissa nem


arrogante. Também não é egotista, nem acanhada. A condição humana é um estado
de aparentes contradições, resolvidas espontaneamente no processo criativo da vida.
Na pessoa criativa não há separação ou barreira entre a criança e o adulto. Entre o
coração e a mente, entre o ego e o corpo. O ser humano tem que assumir o fato de
que sempre portará alguma deficiência. Sempre enfrentará dificuldades. Mas,
mantendo seus pés no chão, conhecendo seu corpo tendo consciência de sua auto-
realização, sempre usará seu potencial criativo.

APRECIAÇÃO PESSOAL SOBRE O LIVRO


Alexander Lowen, como em obras anteriores ou mesmo posteriores a esta,
mostra grande maestria e didática ao abordar os temas do prazer e criatividade
perante a vida. Numa obra de muito conteúdo onde Lowen pouco recorre a outros
autores, assim sendo não ensina no rodapé, mas no conteúdo, na sua própria
experiência. Na sua vivência clínica com seus pacientes. Sendo assim, com muita
clareza nos ensina sobre o prazer, e como termos uma abordagem criativa perante a
vida .

 
Nome do autor da resenha e data: Odete Maria Gomes dos Santos Novembro / 2003.
 

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