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Plano de texto, conforme a Análise Textual dos Discursos

(ATD), e organização retórica, de acordo com a RST: uma


relação possível?
Maria Eduarda Giering1, Elizabet Beatriz Follmann2, Êrica Ehlers Iracet3
1
Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada – Universidade do Vale do Rio
dos Sinos (UNISINOS)
2
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
3
Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada – Universidade do Vale do Rio
dos Sinos (UNISINOS)

eduardag@unisinos.br, elizabetbeatriz@unisinos.br,
ericairacet@gmail.com

Abstract. In this study we intend to establish a connection between RST


rhetorical relations (MANN; THOMPSON, 1988) and segments of text plan
(ADAM, 2011) in articles of media scientific diffusion for children. We aim to
highlight that the rhetorical macrostructural relations match with the text plan
segmentation and allow to identify rhetorical functions that are established
between the parts and their role for the construction of the macro speech acts.
For this purpose, we analyze 30 segmented articles in their text plans,
according to Adam (2011) proposal, considering the hierarchical structure of
the speech acts. We study the same texts from the perspective of Rhetorical
Structure Theory establishing the rhetorical relations between the segments.

Keywords: text plan, rhetorical relations, hierarchical structure, macro


speech act, media scientific diffusion

Resumo. Procura-se estabelecer conexão entre relações retóricas da RST


(MANN; THOMPSON, 1988) e segmentos do plano de texto (ADAM, 2011)
em artigos de divulgação científica midiática para crianças. Objetiva-se
evidenciar que as relações retóricas macroestruturais coincidem com a
segmentação do plano de texto dos artigos e permitem identificar as funções
retóricas que se estabelecem entre as partes e seu papel para a construção do
macroato de discurso dos textos. Para isso, analisam-se 30 artigos já
segmentados em seus planos de textos, conforme proposto por Adam (2011),
levando-se em consideração a estrutura hierárquica dos atos de discurso.
Estudam-se os mesmos textos na perspectiva da Teoria da Estrutura Retórica,
estabelecendo-se as relações retóricas entre os segmentos.

Palavras-chave: plano de texto, relações retóricas, estrutura hierárquica,


macroato de discurso, divulgação científica midiática.

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Anais do IV Workshop “A RST e os Estudos do Texto”, páginas 6–10, Fortaleza, CE, Brasil, Outubro 21–23,
2013. 2013
c Sociedade Brasileira de Computação
1. Introdução
Este trabalho faz parte de um estudo que procura relacionar as investigações da Análise
Textual dos Discursos – doravante ATD (ADAM, 1999; 2011) – com as do
Funcionalismo, aqui focado na Rethorical Structure Theory - doravante RST - (MANN;
THOMPSON, 1988; Mann, Matthiessen & Thompson, 1992). Trata-se de uma
iniciativa de estabelecer estudos conjuntos no âmbito dos Grupos de Pesquisa (GP) da
ANPOLL (Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação). Participam das
investigações membros do GP Linguística Textual e Análise da Conversação e do GP
Descrição do Português.
A RST, segundo Mann &Thompson (1988), ao analisar as relações retóricas
existentes entre segmentos textuais, investiga como o produtor estabelece tais relações e
como faz para atingir os objetivos comunicativos a que se propõe. Para isso, as ligações
entre as partes do texto devem de ser descritas. Já a ATD, conforme Adam (2011), ao
observar como se estabelecem encadeamentos periódicos e sequenciais, estuda a
estrutura composicional global dos textos, que é ordenada por um plano de texto, o que
permite “construir (na produção) e reconstruir (na leitura ou na escuta) a organização
global de um texto, prescrita por um gênero” (ADAM, 2011, p. 257).
No trabalho atual, partimos da hipótese de que é possível aproximar as relações
retóricas que articulam segmentos macroestruturais de um texto, da macrossegmentação
do plano de texto proposta pela ATD. Objetiva-se evidenciar que os segmentos
macroestruturais pertinentes às relações retóricas coincidem frequentemente com a
macrossegmentação do plano de texto dos artigos e que a identificação das relações
retóricas facilita a compreensão das funções dos segmentos do plano de texto para a
construção do fim discursivo dos artigos. Tanto a ATD quanto a RST propõem
segmentações em unidades de análise cuja extensão pode ser a de uma sentença ou
período ou até de macrossegmentos compostos de mais de um ou mais parágrafos.
Neste estudo, focamos nas unidades macroestruturais de composição textual.

2. Fundamentação Teórica
A ATD considera que as unidades textuais organizam-se em níveis crescentes de
complexidade e que sua configuração permite unir as proposições em macroproposições
e em feixes de proposições que formam os períodos, as sequências e as partes que
compõem um plano de texto. Adam (2011, p. 204) propõe que sejam considerados os
períodos, que são “unidades que entram diretamente na composição de partes de um
plano de texto”, e as sequências, que são “unidades textuais complexas, compostas de
um número limitado de conjuntos de proposições-enunciados: as macroproposições”. O
autor postula que haja “um continuum de complexidade crescente entre o período e a
sequência”, sendo uma questão de grau estabelecer a diferença entre eles, uma vez que
os períodos são menos tipificados e as sequências são estruturas que têm uma
organização interna que lhes é própria, estabelecendo-se uma relação de dependência-
independência das sequências com o texto como um todo.
Adam postula a existência de cinco tipos de sequências de base, as quais
correspondem a “tipos de relações macrossemânticas memorizadas por impregnação
cultural (pela leitura, escuta e produção de textos) e transformadas em esquema de
reconhecimento e de estruturação da informação textual” (ADAM, 2011, p. 205); são
elas as sequências narrativa, descritiva, argumentativa, dialogal e explicativa.

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Apesar da importância das sequências prototípicas na composição textual, para
Adam (2011), não é o encadeamento de sequências de um tipo ou de outro que faz com
que saibamos quando estamos diante de um texto e não de um amontoado de frases,
mas, sim, os planos de texto. De acordo com Adam (2004, p. 377), eles “desempenham
um papel capital na composição macrotextual do sentido”, uma vez que os planos de
texto abarcam blocos de texto formados pelas sequências e estabelecem a organização
global prescrita por um gênero. Os planos de texto são, dessa forma, “o principal fato
unificador da estrutura composicional” (ADAM, 2011, p. 258).
Segundo Adam (2011), existem planos de texto fixos, que correspondem às
constantes composicionais de gêneros discursivos como, por exemplo, artigos
acadêmicos, verbetes de dicionário, receitas culinárias. Mais recorrentemente, porém,
ocorrem os planos de texto ocasionais, deslocados em relação aos gêneros de discurso e,
por isso, dependentes em maior grau de decisões do produtor textual no momento da
escrita. Adam (2004, p. 378) lembra que “o plano é inventado e descoberto durante o
evento”. De acordo com o autor,

A (re)construção de partes ou segmentos que correspondem ou


ultrapassam os níveis do período e da sequência é uma atividade
cognitiva fundamental que permite a compreensão de um texto e, para
isso, mobiliza todas as informações linguísticas de superfície
disponíveis [...]”. (ADAM, 2011, p. 263).

Para o linguista, os planos de texto podem ser mais ou menos marcados, mais ou
menos visíveis e legíveis, seja pela segmentação, pelos anúncios de temas e subtemas,
pelas mudanças de tópico e reformulações, pela articulação dos organizadores textuais.
Planos de textos permitem reunir partes multiperiódicas ou multisequenciais mais
complexas, na medida em que possuem uma homogeneidade semântica interna.
Focalizando as unidades textuais da RST, conforme Mann e Thompson (1988) e
Taboada e Habel (2013), elas são denominadas períodos [sequências, segmentos], os
quais podem ser atômicos [uma cláusula ou uma frase], ou compostos de outros
períodos ou unidades textuais maiores. A noção da estrutura de um texto inteiro é
definida em termos de composições de esquemas.
Alguns dos critérios para a identificação das relações retóricas entre as unidades
textuais são o julgamento de plausibilidade, o reconhecimento das restrições que o
satélite impõe ao núcleo enquanto estratégias ou movimentos recursivos para alcançar
determinados objetivos, a necessidade de provocar efeitos pragmáticos; além disso, a
situação de comunicação e as intenções presumíveis ou declaradas da instância de
produção são levadas em consideração (TABOADA; HABEL, 2013, p. 69).
Para a RST, as partes ou unidades textuais se organizam em núcleo e satélite,
pressupondo que um texto é formado por dois níveis básicos de informação: o que
contém a informação mais importante proporcionada pelo produtor, e o que encerra a
informação secundária, ou seja, a informação que auxilia na compreensão, na aceitação
da informação principal. As relações postuladas pela RST são: (a) de Apresentação -
Antítese, Capacitação, Concessão, Evidência, Fundo, Justificativa, Motivação,
Preparação, Reformulação, Resumo; (b) de Conteúdo - Alternativa, Causalidade,
Circunstância, Condição, Elaboração, Avaliação, Método, Não-condicional, Propósito,
Resultado, Solução, Comentário; (c) Multinucleares - Contraste, Lista, Reformulação,

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Sequência, União. A coerência é entendida como a ausência de sequências ilógicas e
lacunas.
É comum, tanto à RST quanto à teoria de Adam, a atenção aos efeitos
pragmáticos das relações entre as unidades textuais, uma vez que as informações
apresentadas nos textos são, de certo modo, planejadas para atingir determinados efeitos
sobre o locutor. Na ATD, o texto é uma estrutura hierárquica de atos, conforme postula
Adam (2011, p. 196). Ele considera o texto como “uma estrutura de atos ilocucionários
ligados entre si”, mas destaca que atos de discurso pontuais só assumem sentido pela
sua inserção em estruturas hierárquicas de níveis de complexidade superiores.
RST e ATD parecem ambas se relacionarem com a ideia expressa por Adam
(2011, p. 202) de que “o sentido de um enunciado reside, fundamentalmente, na
continuidade do discurso que ele torna possível”, dessa forma, o importante, na análise
do texto, é considerar o movimento textual ou estratégia discursiva em que os atos de
discurso se realizam.

3. Metodologia
Para estudar a relação entre as teorias, analisamos um corpus composto por 30 artigos
de divulgação científica, publicados na seção “Você sabia...” da revista Ciência Hoje
das Crianças, no qual, em pesquisa anterior (Características Linguístico-Discursivas de
Textos de Divulgação Científica Midiática para Crianças – Projeto Universal/ Capes
2010), já foram identificadas as estruturas do plano de texto. Verificou-se, na ocasião, a
existência de macroações discursivas marcadas pelas sequências prototípicas. O
objetivo foi observar a relação que se estabelecia entre as macroproposições que
compõem a estrutura do plano de texto e o macroato de discurso (ato de discurso
dominante), que permitiu determinar a coerência semântico-pragmática global do texto.
Sob a perspectiva da RST, na pesquisa atual, verificamos, no mesmo corpus, a
relação entre a estrutura do plano de texto e as macrounidades retóricas, identificando
os tipos de relações (núcleo/satélite) que se estabelecem entre as partes. O propósito
dessa análise é compreender a relação entre os critérios de identificação das unidades do
plano e das unidades retóricas, acompanhando o movimento textual-discursivo que
permite identificar um macroato discursivo dominante.

4. Resultados preliminares
Análises preliminares mostram que há coincidência entre os segmentos do plano de
texto e as unidades da estrutura retórica que formam os artigos; além disso, observou-se
que a atribuição de uma função retórica entre os segmentos possibilita/facilita
identificar o papel de cada parte na construção do ato discursivo dominante,
especialmente o papel das relações retóricas situadas na parte final dos textos em
estudo.

Referências
ADAM, Jean-Michel. (2011). A linguística textual: introdução à análise textual dos
discursos. 2. ed. rev. aum. São Paulo: Cortez.
______. (1999). Linguistique textuelle: des genres de discours aux textes. Paris, Nathan.

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______. (2004). Plano de texto. In: CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU,
Dominique. Dicionário de análise do discurso. São Paulo: Contexto.
MANN, W.C.; THOMPSON, S.A. (1988). Rhethorical Structure Theory: toward a
functional theory of text organization. Text, 8 (3), p. 243-281.
MANN, W.C.; MATTHIESSEN, C.M.I.M.; THOMPSON, S.A. (1992). Rhetorical
Structure Theory and Text Analysis. In: MANN, W.C.; THOMPSON, S.A.
Discourse description: diverse linguistic analyses of a fund-raising text. Amsterdam:
John Benjamins, p. 39-78.
TABOADA, Maite. (2013). Relation definitions. Disponível em:
<http://www.sfu.ca/rst/08spanish/definitions.html >. Acesso em: 18. mar. 2013.
TABOADA, Maite; MANN, William C. (2006).Rhetorical Structure Theory: looking
back and moving ahead. 24 jan. 2006. Disponível em:
<ttp://www.sfu.ca/~mtaboada/docs/Taboada_Mann_RST_Part1.pdf >. Acesso em:
05 set. 2006.
TABOADA, Maite; HABEL, Christopher. (2013). Rhetorical relations in multimodal
documents. Discourse Studies 15 (1): 59-85.

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