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DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE – A TERRITORIALIZAÇÃO DAS DOENÇAS

As doenças relacionam-se com as condições de vida do indivíduo: a cólera em Manaus


se dá por falta de saneamento e pela baixa renda da população atingida. Embora em
condições semelhantes, pode acontecer de, em algumas comunidades, ela não ocorrer,
como nas comunidades próximas ao Rio Negro, provavelmente pela acidez de suas
águas, o que promove a não disseminação do vibrião colérico.
Ao analisarmos o surgimento das doenças, devemos analisar o ambiente de uma forma
mais completa, envolvendo a área natural, física, mas também as esferas sociais e
econômicas.
Asclépio e suas filhas:
 Hygea  cuidava das pessoas  prevenção das doenças
 Panaceia  não se preocupava muito com a prevenção  atuação curativa

Hipócrates se preocupava em identificar a origem das doenças no ambiente. Já


observava os aspectos climáticos como as estações do ano e os ventos. Observava a
qualidade das águas e também as condições das construções em relação à insolação e
ao sol nascente e os ventos.
Os aspectos ambientais influenciam na produção de certas doenças  complexo
patogênico  Max Sorre (1930)  doenças que tem um vetor e um reservatório
silvestre, tem uma ambiência relacionada ao clima, vegetações e aspectos físicos. O
patógeno circula pelo ambiente e o homem, ao entrar neste ambiente, acaba
adquirindo a doença. O homem modifica o meio, alterando o complexo patogênico.
O meio geográfico tem grande importância no aparecimento e distribuição de uma
determinada doença.
Saúde e doença são determinadas, prioritariamente, por aspectos sociais ou
ambientais. Assim, existem as chamadas doenças da pobreza, como a malária, a
tuberculose, a hanseníase e a doença de Chagas.
1. Fatores físico-
climáticos

2. Fatores SAÚDE E 4. Sistemas de


socioeconômicos DOENÇA atenção à saúde
e culturais e vigilância

3. Fatores
biológicos

1. Fatores físico-climáticos  clima, hidrografia, relevo, solo.


2. Fatores socioeconômicos e culturais  distribuição e densidade populacional,
infraestrutura (principalmente sua falta), cultura, religião, nível de renda.
3. Fatores biológicos  agente etiológico, vetores, ecologia do lugar.
4. Sistemas de atenção à saúde e vigilância  atenção básica, alta complexidade,
vigilância e monitoramento, medicina preventiva.

A unicausalidade das doenças não representa o que realmente ocorre, uma vez que
existe o patógeno, mas existem também o vetor, a ecologia deste e a inserção do
homem neste ambiente. Desta maneira, a multicausalidade apresenta os diversos
fatores que influenciam nas doenças.
Desde Hipócrates até a segunda metade do século XX, prevalecia o conceito de
determinismo natural das doenças. As doenças que mais afligiam a humanidade eram
as doenças infecciosas e parasitárias.
Complexo patogênico – Max Sorre e Pavloswki
Humano, animal,
vetor

Hospedeiro
Exposição, Exposição,
sensibilidade sensibilidade

Patógeno Ambiente
Exposição,
Físico, ecológico,
Zoonose, sensibilidade
socioeconômico
humano
Complexo técnico-patogênico informacional

Sistemas de
fatores
determinantes

Sistemas de Sistemas de
atendimento informação e
à saúde monitoramento

DETERMINAÇÃO SOCIAL DAS DOENÇAS


A partir da segunda metade do século XX, houve uma queda drástica na incidência das
doenças infectocontagiosas, graças ao avanço das ciências médicas, uso de
antibióticos, campanhas de imunização em massa e expansão da infraestrutura urbana
com a melhoria no saneamento básico. Ocorreu um aumento da morbidade por
doenças crônico-degenerativas: transição epidemiológica  doenças de idade
avançada surgiram com o aumento da expectativa de vida.
Porém, com os benefícios do desenvolvimento técnico-científico na área da saúde não
atinge a todos, uma vez que a maioria das pessoas não tem acesso às condições
básicas de saúde e a minoria usufrui o que há de mais moderno em termos de
tecnologia médica. Assim, a transição epidemiológica não atinge a todos, somente a
população que pode usufruir dos benefícios sociais e tecnológicos do desenvolvimento.
Há uma determinação mais forte que o meio físico-biológico – o meio social. Desta
forma, pode-se falar em determinação social das doenças. Portanto, as doenças são
determinadas socialmente.
Mesmo que as relações ecológicas entre o hospedeiro, o patógeno e o vetor sejam um
evento natural, os eventos naturais ocorrem em lugares cada vez mais produzidos
socialmente, fazendo com que as determinações sociais da doença, fiquem cada vez
mais evidentes.
O ciclo da malária depende do homem e do vetor, não existe hospedeiro, portanto,
eliminando-se o vetor não existirá a doença e eliminando-se o doente, também não
mais existirá a doença.
A malária fica circunscrita a ambientes tropicais, especialmente às florestas tropicais.
Com o aquecimento global, prevê-se uma migração da malária para climas temperados
e subtropicais, de acordo com o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change). A
malária, até a metade do século XX, atingia a Europa, os EUA e o Canadá, de onde foi
erradicada, o que também ocorreu em algumas regiões tropicais. A saída da malária de
zonas temperadas e de amplas regiões da Ásia e América do Sul revela seus laços
perenes com a pobreza e sua biologia. Durante o século XVII (1650), a malária matava
também na Europa (Pequena Idade do Gelo).

A malária e o aquecimento global: até a metade do século XXI, o aquecimento global


colocará 60% dos seres humanos em áreas de risco para malária, com estimativa de até
350 milhões de pessoas infectadas todos os anos. Hoje existem cerca de 100 milhões
de infectados no mundo a cada ano, sendo mais de 90% na África, com número de
óbitos entre 1 a 1,5 milhão, restringindo-se entre os Trópicos de Câncer e de
Capricórnio, devido às dificuldades econômicas e sociais desta região.
Portanto, a malária é uma doença de falta de investimento em controle e tratamento –
determinada socialmente:
País Casos de malária/ano Mortes por malária/ano
Brasil Cerca de 300.000 Cerca de 30
Tanzânia Cerca de 10.000.000 Cerca de 14.000
Mundo Cerca de 100.000.000 Cerca de 100.000

Na África, o investimento governamental em saúde pública varia de US$ 120,00 a US$


1,00 por ano, com a grande maioria abaixo de US$ 10,00 por ano.
O clima dos lugares pode ser determinante para influenciar a saúde e a doença, mas as
determinações sociais são muito mais fortes do que as determinações climáticas,
físicas ou biológicas. Portanto, doença é de determinação social, tem ligação com a
pobreza  as doenças são determinadas socialmente!
De acordo com Pavlosky, existe um foco natural que integra o conhecimento das
doenças transmissíveis com a geografia e a ecologia. O foco antropogênico seria a
transformação do espaço pela ação humana, o que influenciaria o surgimento das
doenças. Max Sorre ampliou as teorias de Pavlosvky colocando que seria necessário
mudar o território que é alterado pelo homem para se reduzir as doenças.

Determinantes sociais da saúde e cidadania


O número de pessoas na pobreza (menos de US$ 1,00/dia) no mundo vem diminuindo
de 1981 a 2004, tendendo ao aumento a partir de 2007. O declínio foi maior na Ásia
Leste (principalmente na China). No mesmo período, na África subsaariana aumentou.
Pensar em determinação social da saúde implica em uma reflexão sobre a saúde
enquanto objeto das ciências sociais, uma vez que as doenças são determinadas
socialmente e a epidemiologia das doenças relaciona-se do lugar e condição social em
que se vive.
O modelo de desenvolvimento atual tem contribuído para a degradação do meio
ambiente e da saúde das populações e aumentando a iniquidade pela polarização da
distribuição de renda e da saúde. Se na prosperidade a diferença entre rico e pobre
diminui, na crise aumenta.
O conceito de segurança humana seria uma visão mais ampla dos direitos civis,
focalizando determinantes econômicos, sociais e ambientais, para uma vida mais justa,
com menos violência e desastres naturais.
O nível de saúde decorre da estratificação social que configura determinado contexto
ou território e que determina a distribuição desigual dos fatores produtores de saúde:
 Materiais – habitação, trabalho, etc.
 Psicossociais e comportamentais
 Sociológicos
As desigualdades econômicas expressas pela posição que se ocupa na estratificação
social determinam uma desigualdade de acesso aos fatores de boa ou má saúde.
A participação popular como condição para a saúde passa à transformação das
condições negativas de saúde e de vida.
Os níveis de pobreza e péssimas condições ambientais observadas na maioria dos
países só poderiam ser enfrentados com a participação das populações mais envolvidas
por esses problemas.
A saúde é obrigação do governo, mais como direito, deve ser reivindicada pelo cidadão
que deve ser participativo e comprometido. O exemplo da dengue pode explicar esta
afirmativa: mesmo que o poder público atue com autoritarismo, sem o
comprometimento e a responsabilidade do cidadão não se conseguirá o efeito
desejado; é necessário um pacto social-política pública do governo e responsabilização
e mobilização popular. Deve-se, portanto, aliar a política pública autoritária e
impositiva com a participação popular.

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