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São José e o silêncio

A palavra do mês aqui no Jovens de Maria é silêncio. Nesse quesito, São José é um personagem
interessante das Sagradas Escrituras porque apesar de ser citado, nenhuma fala sua nos é
relatada. São José aparece na Bíblia como um personagem, literalmente, silencioso. Mas será
que esse não falar é o ponto fundamental para ser uma pessoa silenciosa? Talvez, o fato de que
São José não diga nada na Bíblia pode nos ajudar a ver que o silêncio é muito mais do que apenas
fechar a boca.

Quando José soube que Maria estava grávida, sua primeira reação não foi a de pensar que o
filho que maria carregava era do Espírito Santo. Qualquer um entenderia isso. E porque era um
bom homem, queria largar Maria de tal forma que ela não se visse prejudicada, que não tivesse
sua fama manchada. Mas o ponto aqui não é esse. Nós sabemos que o plano de Deus estava se
cumprindo, que não poderia haver pessoa mais pura que Maria além daquele mesmo que tinha
se encarnado em seu seio. Nós sabemos disso, José não sabia. Quantos pensamentos não lhe
cruzaram pela cabeça? Até com boa intenção (Não difamar Maria), José tinha tanto barulho em
sua cabeça que não pode discernir, a princípio, o que estava acontecendo.

Apesar de não falar nada, sua cabeça dava voltas e voltas em torno de si mesma. Foi preciso um
silêncio mais interior que o de palavra para que as coisas se aclarassem. Em sonho, quando não
temos controle sobre nossos pensamentos, um anjo do Senhor lhe avisa o que está
acontecendo. A partir desse momento, José não duvida em tomar Maria como esposa. Percebe-
se um silêncio diferente agora. Já não duvida. As vozes que o afastavam do Plano de Deus que
se gestava já não o atingem. Pelo menos não com relação ao bebê e a virgindade de Maria.

Uma experiência comum quando se faz um retiro de silêncio é a de perceber que quando não
se fala muito para fora, geralmente fala-se muito para dentro. Nos damos conta, então, que
vivemos uma dupla distração no dia a dia. No meio do barulho, das conversas e da gritaria
cotidiana, nos distraímos das vozes interiores. Quando silenciamos o externo, começamos a dar-
nos conta da segunda distração: As muitas vozes interiores. Elas que podem ser até mais
desnorteantes que as de fora, porque normalmente falam de coisas mais importantes. Quando
suspendemos as preocupações mais ordinárias, começamos a nos perguntar qual é o sentido de
tudo isso, para onde estamos levando nossas vidas, tentamos discernir o chamado de Deus para
cada um de nós.

E responder a essas perguntas, além de não ser algo fácil de se fazer, normalmente implica uma
conversão interior que pode dar medo, que pode assustar pela grandiosidade do chamado à
vida cristã e a constatação da nossa fragilidade, do nosso pecado. Talvez esse tenha sido o
motivo da reação de São Pedro quando diz a Jesus: “Afasta-te de mim, pois sou um pecador”.
Viver de verdade a vida cristã, é abraçar a vida real com todo o drama que ela traz, com a
esperança de salvação posta em Cristo.

E São José nos mostra esse caminho dramático de forma ímpar. Uma vez reconhecida a vontade
amorosa de Deus, coloca-se a disposição desse Plano em um silêncio mais perfeito que o de
antes do sonho que teve. Ele abraça a vocação de acolher uma mulher grávida, de custodiar um
filho que não leva seu sangue. Ele assume esse drama. Os protege quando fogem para o Egito.
Está a sua frente quando voltam de lá. Se preocupa quando Jesus se perde da caravana, educa
o Senhor para que cresça em “estatura e graça diante de Deus e dos homens”. São José nos
ensina, com seu silêncio, a abraçar a Vida em seu Filho, o Senhor Jesus.

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