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Mercantilismo

Política econômica desenvolvida pelos Estados europeus entre os séculos XVI e XVIII, baseada no absolutismo estatal e
na empresa privada. Corresponde à transição do feudalismo para o capitalismo, portanto à era de acumulação do capital.
Caracteriza-se pela interferência do governo na economia, na acumulação de metais preciosos, na balança comercial
favorável (exportação maior que importação) e na exploração colonial.
O fortalecimento do poder real depende de sua capacidade de acumular riquezas e de proteger a nação da concorrência
militar e econômica de outros países. Com a formação das monarquias nacionais surge o desejo das nações de se tornar
potências, apoiadas pela burguesia. Nessa época, a riqueza é determinada pela quantidade de metais preciosos (ouro e
prata) que se possui.
Os países que não têm acesso direto às minas procuram aumentar seu comércio. Para isso iniciam a expansão marítima e
comercial, conquistando e explorando novos territórios. Para controlar a riqueza e a economia, o Estado utiliza-se de
barreiras alfandegárias, tarifas de comércio, incentivo às empresas privadas, controle da produção interna e promoção das
atividades comerciais.
A criação de companhias de comércio para a exploração colonial também é um elemento da política mercantilista. São
empresas privadas nas quais se associam governo e empresas comerciais para ampliar e defender, inclusive militarmente,
os negócios nos territórios então descobertos. Um exemplo é a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, cujo
objetivo era garantir para a Holanda (Países Baixos) o mercado fornecedor de açúcar.
Com a Revolução Industrial, em meados do século XVIII, o mercantilismo é substituído pelo liberalismo econômico, que
defende a não-interferência do Estado na economia.
Teoria Econômica
Mercantilismo, teoria econômica que acompanhou o absolutismo na Europa nos séculos XVI e XVII e XVIII. Assim
como o absolutismo dava ao monarca poder absoluto por força do Direito Divino (O Rei tinha autoridade promanada de
Deus), pela mesma razão cabia-lhe conduzir, com seus ministros, a economia nacional. Foi o economista inglês Adam
Smith, no seu Wealth of Nations (“A Riqueza das Nações”), de 1776, que denunciou o procedimento e lhe deu o nome
Mercantilismo, que ele passou a combater. Na teoria mercantilista, a base de sustentação da economia eram os estoques
de ouro e prata, o comércio e a indústria. A nação que não tivesse minas, deveria obter aqueles metais preciosos através
do comércio. O país devia buscar exportar mais que importar. As colônias deveriam ser mantidas como consumidoras dos
produtos da metrópole e ao mesmo tempo fornecedoras de matéria prima para a metrópole. A manufatura era proibida
nas colônias, onde todo o comércio era monopólio da metrópole. Para ser forte uma nação deveria ter uma grande
população, que constituiria seu mercado interno, além de criar abundância de mão de obra e forças de defesa. A
austeridade era fundamental, a fim de que houvesse pouca necessidade de importação, principalmente de artigos de luxo.
O povo e o governo deviam poupar e ser parcimoniosos nos gastos. Os inimigos do mercantilismo argumentavam que
não havia diferença entre o comércio interno e o comércio externo, pois todo comércio beneficiava tanto o mercador
quanto o consumidor, e condenavam a poupança por retirar recursos do mercado. Negavam que uma nação pudesse
crescer economicamente apenas suplantando outras nações através do comércio, porque o comércio somente se manteria
em duas vias, de entrada e saída.
Mercantilismo
O mercantilismo
O mercantilismo é o conjunto de medidas econômicas adotado pelos soberanos (reis absolutistas) em seus territórios,
com finalidade de garantir o crescimento dos reinos. Em outra palavras: “Mercantilismo é o conjunto de idéias, seguido
de uma prática política e econômica desenvolvidas pelos Estados europeus na . Época Moderna, mais especificamente,
dos séculos XV ao XVIII”.
Os monarcas e seus conselheiro adotaram procedimentos eficazes para o engrandecimento de seus reinos, apropriando-se
dos regulamentos e das experiências comerciais muitas vezes já empregadas pelos mercadores das cidades medievais. Na
Inglaterra, o Parlamento e a Coroa, desde o século XII, adotaram medidas protetoras à produção têxtil, proibindo a
exportação de lã em favor da indústria local. O protecionismo adotado pelo Estado visava fortalecer a economia nacional
contra a concorrência estrangeira. Outra medida aplicada pelos soberanos para preservar a economia nacional foi a de
impedir a saída de ouro e metais preciosos das fronteiras do reino (metalismo). Na França, o Rei Luís XI, percebendo que
a saída do ouro e prata pode significar a ruína do Estado, procurou reduzir a compra de artigos de luxo, estimular a
exploração de minérios e fortalecer a manufatura de tecidos. Buscava, dessa maneira, estabelecer a balança comercial
favorável, vendendo muito e comprando pouco. A política mercantilista levou os soberanos a fazerem concessões aos
empreendedores. Neste sentido, intensificaram a criação de novas manufaturas, defenderam as fabricações nacionais,
estipulando, portanto, taxas e medidas proibitivas aos produtos estrangeiros. Cuidaram também da balança comercial
favorável e desenvolveram empresas voltadas para a exploração colonial.
Nas colônias situadas no “além-mar”, estabeleceram o sistema de monopólio: O monopólio seria a exclusividade que
as metrópoles europeias tinham em comercializar com as suas colônias, controlando a circulação de mercadorias e as
remessas de riquezas. Estas práticas, aliadas ao mercantilismo, transformaram o comércio colonial em um monopólio do
Estado, ligado a um pacto com a burguesa comercial. (imprimido)
A doutrina e a política
A doutrina e a política mercantilista situam-se numa fase histórica precisa: a do capitalismo mercantil, etapa
intermediária entre o esfacelamento da estrutura feudal, de um lado, e o surgimento do capitalismo industrial, de outro. O
sistema feudal, estrutura sócio-político-econômica típica da Idade Média Ocidental, resultou, fundamentalmente, do
declínio do Império Romano e da deterioração de seu regime escravista de trabalho.
Em linhas gerais, pode-se descrever o processo de feudalização como a distribuição de terras entre os senhores e a
simultânea transformação dos trabalhadores rurais em servos de gleba. O regime feudal foi-se desenvolvendo, até atingir
a plenitude de suas características, do século V ao X da Era Cristã.
Em seus momentos iniciais, o feudalismo promoveu um grande desenvolvimento das técnicas e dos instrumentos de
produção. O aparecimento do arado de ferro, o aperfeiçoamento da viticultura, da vitivinicultura, da horticultura e
também da criação de equinos, ao lado de outras realizações materiais, assinalaram, de maneira expressiva, o referido
progresso. No entanto, apesar de seus êxitos momentâneos, o sistema de produção feudal, depois de uma prolongada
crise, entrou em colapso.
Numa perspectiva global, a desintegração do regime feudal de produção derivou dos abalos sofridos pelo sistema, em
decorrência do ressurgimento do comércio a longa distância no Continente Europeu. Efetivamente, a ampliação do raio
geográfico das atividades mercantis provocou transformações relevantes na estrutura feudal. A abertura do Mediterrâneo
à presença ocidental, possibilitando o comércio com o Oriente, e o consequente aumento do volume das trocas entre
regiões europeias, até então comercialmente isoladas, geraram um universo econômico complexo, diante do qual o
feudalismo reagiu de modos diversos.
De um lado, nas áreas próximas às grandes rotas comerciais, onde a presença do comerciante era constante, o
desenvolvimento do setor mercantil e da economia de mercado levou a uma natural dissolução dos laços de dependência
servil. Do outro, em regiões menos desenvolvidas comercialmente, onde o contato com o mercado era privilégio das
elites dominantes da sociedade feudal, o renascimento comercial promoveu, numa primeira fase, o reforço dos laços de
servidão. Realmente, vitimado pela febre do consumo, atraído pelo número crescente de bens supérfluos colocados à sua
disposição pelos mercadores, o senhor feudal, carente de renda, passou a tributar pesada e diferentemente os seus servos.
Pouco a pouco, a camada servil, para atender às necessidades financeiras dos seus senhores, deixaria de pagar suas
contribuições em produtos para fazer contribuições em dinheiro. Assim, progressivamente, os servos, agora obrigados a
trocar sua produção por moedas, passariam a vender o produto do seu trabalho nas feiras e mercados urbanos. Dessa
forma, em breve, a cidade capitalizaria o campo. Essa alteração da taxação senhorial, acompanhada da exigência de
quantias cada vez mais elevadas, fez da servidão um fardo insuportável. Em consequência dessa situação opressiva,
milhares de servos abandonaram os campos, buscando melhores oportunidades nas áreas urbanas.
Outros, aqueles que permaneceram nos feudos, esmagados por tributação abusiva, foram levados à violência. Logo, a
Europa Ocidental conheceria a explosão de inúmeras insurreições camponesas – fenômeno típico do período final da
Idade Média. Assim, uma grave crise social no campo abalaria os alicerces do feudalismo.
Nas cidades, a expansão do mercado e o crescimento das atividades de troca estimulavam as diferenciações sociais
no meio urbano: os mestres enriquecidos tornavam-se capitalistas; os mais pobres — oficiais e aprendizes —
transformavam-se em assalariados. As atividades artesanais, insuficientes para atender à crescente demanda, mostravam
claros sinais de decomposição. A proletarização de grande número de produtores simples, agora desprovidos de seus
instrumentos de produção levaria a crise social para dentro dos muros das cidades, através de inúmeros motins urbanos
no Ocidente Europeu. Todas essas tensões sociais, que assolaram os campos e as cidades do Velho Mundo, refletiam as
radicais alterações sofridas pela estrutura feudal em função do desenvolvimento da economia mercantil.
Sem dúvida, as mudanças foram substanciais: o crescimento do mercado e o impulso dado às trocas acelerando o
declínio do feudalismo, condicionaram realidades econômicas complexas e até então desconhecidas. Logo o Continente
Europeu sofreria a especialização regional da produção. Com efeito, áreas inteiras, atingidas pela economia mercantil,
dedicaram-se à produção de gêneros exclusivos, umas procurando nas outras o que não produziam e oferecendo ao
mercado seus bens. Assim, a especialização das atividades produtivas — a divisão social do trabalho alargaria o universo
das trocas, originando, a longo prazo, um mercado interno prenunciador dos mercados nacionais. Em pouco tempo,
regiões européias, secularmente separadas entre si, passariam a ser ligadas pelo incessante fluxo de mercadorias através
de movimentadas rotas comerciais.
Não obstante, o regime feudal, mesmo decadente, ainda apresentava obstáculos ao progresso das atividades mercantis. A
Europa era vítima de uma contradição: sua velha realidade política, o feudalismo, conflitava com sua nova realidade
econômica, o comércio a longa distância.
De fato, a permanência dos feudos, unidades políticas isoladas e plenamente independentes, contrastava com o
movimento de alargamento dos mercados. Dessa forma, o sistema feudal, caracterizado pelo particularismo político, pela
fragmentação do poder e pela total autonomia tributária, ao retalhar o Continente Europeu, retardava o ritmo de
crescimento do comércio. Impunha-se, portanto, a extinção do fracionamento feudal.
Nesse ponto residia o núcleo da maior fonte de tensões sociais e políticas no final da Idade Média. O desenvolvimento
das novas formas econômicas de produção e comércio passou a depender da superação das profundas e persistentes
crises que marcaram o desaparecimento do sistema feudal. Um novo regime político, que permitisse a solução daqueles
problemas sociais, se fazia necessário, sob o risco da dissolução das novas conquistas econômicas. Os Estados Nacionais
e as Monarquias Absolutistas foram a resposta àquela exigência.
As monarquias absolutistas foram instrumento político empregado na superação das crises determinadas pela
desintegração do feudalismo. Efetivamente, a unificação territorial e a centralização política dos Estados Nacionais
europeus, rompendo o isolacionismo dos feudos, possibilitaram o disciplinamento das tensões resultantes da expansão do
setor mercantil. A primeira função da monarquia absolutista foi a manutenção da ordem social interna dos Estados
Nacionais, mediante a sujeição de todas as forças sociais – do plebeu ao nobre – ao poder real.
Em breve, o Estado Nacional centralizado desempenharia um segundo papel: o de estimular a expansão das
atividades comerciais.
No fim da Idade Média, o comércio europeu chegara a um impasse: a economia do Velho Mundo, além de abalada
pelas tensões sociais provenientes da crise do feudalismo, sofria uma severa depressão monetária. A Europa, possuidora
de pequenas reservas de ouro, contava basicamente com linhas externas de abastecimento do precioso minério. Tal
situação provocou uma enorme competição entre os principais centros de comércio, todos eles interessados no domínio
exclusivo das grandes rotas mercantis.
Os mercadores italianos de Gênova e Veneza controlavam o setor comercial mais importante da época (século
XV): o de produtos orientais. Os demais núcleos mercantis — ingleses, holandeses, franceses e ibéricos — tiveram,
portanto, de buscar novas e melhores rotas.
Entretanto, a abertura de novas frentes de comércio dependia de uma ação ousada: a penetração no oceano
desconhecido. Esse empreendimento, a par de envolver uma grande margem de risco, requeria uma quantidade de meios
financeiros superior às possibilidades das empresas mercantis medievais. Na realidade, tão grande mobilização de capital
e rentabilidade a longo prazo da aventura marítima tornaram-na inviável para as precárias estruturas empresariais então
existentes. Somente uma forma organizacional mais sofisticada, como a do Estado Nacional, poderia levantar os
recursos, humanos e materiais, necessários à tarefa de desbravar os oceanos.
Há uma íntima conexão entre esses dois processos quase simultâneos: a formação dos Estados Nacionais europeus e
a expansão ultramarina. Na realidade, Portugal, Espanha, Holanda, Inglaterra e França só puderam lançar-se à corrida
colonial à medida que se estruturaram internamente como Estados Modernos, isto é, centralizados e unitários.
As conquistas ultramarinas e o consequente desenvolvimento da economia europeia, propiciaram, a um grande número
de pensadores europeus, a elaboração de um projeto teórico que serviria de guia para o estabelecimento de uma política
econômica que era favorável ao fortalecimento dos Estados Nacionais e ao enriquecimento de suas camadas mercantis.
Esse conjunto de doutrinas e normas, que caracterizaram a história e a política econômica dos Estados europeus, ficou
conhecido pela denominação genérica de Mercantilismo.
O Mercantilismo teve um objetivo preliminar estritamente prático e imediato: estabelecer as diretrizes econômicas
do Estado Nacional centralizado. Por essa razão, não partiu de uma conceituação científica pura ou de uma contemplação
desinteressada da vida econômica.
Ao contrário da maioria das correntes da Economia Política, percorreu o caminho inverso : as diretrizes
mercantilistas nasceram da intervenção concreta na realidade econômica, assumindo a forma inicial de uma série de
receitas para superar os obstáculos que dificultavam a expansão da economia de mercado e a prosperidade das nações.
Mais tarde, plenamente amadurecido, o Mercantilismo firmou-se como uma teoria sistemática de explicação da realidade
econômica.
Isto, entretanto, resultou da necessidade, experimentada pelos defensores das medidas mercantilistas, de justificar, no
plano teórico, a exatidão de suas normas e recomendações práticas.
Apesar das variações de Estado para Estado e de época para época, houve uma série de princípios comuns que
orientaram a política mercantilista. O metalismo incentivava o acúmulo de ouro e prata, com o objetivo de facilitar a
circulação de mercadorias.
Era fundamental para os países arranjar novos mercados consumidores para poderem comprar a baixos custos e vender
os produtos a preços mais altos. Assim, uma balança de comércio favorável era indispensável à política econômica
mercantilista. Para conseguir isso, restringia-se a importação de manufaturas, através do protecionismo. As colônias
complementavam a economia da metrópole, consumindo as manufaturas e fornecendo matérias-primas e metais
preciosos. A única maneira de realizar grandes empreendimentos era a formação de monopólios, onde os capitais eram
unidos para monopolizar um ramo da produção manufatureira. O monopólio pertencia ao Estado absolutista, e era
transferido aos burgueses em troca de pagamento. No intervencionismo estatal o Estado intervinha na economia de
acordo com os seus interesses, visando o fortalecimento do poder nacional.
Nos países europeus o mercantilismo foi adaptado de acordo com os recursos naturais disponíveis em cada um. No
mercantilismo espanhol, no século XVI não foram muito desenvolvidos o comércio e a manufatura, já que à Espanha o
ouro e a prata bastavam. Até mesmo suas colônias eram abastecidas por manufaturas estrangeiras. O rápido esgotamento
dos minérios gerou a desvalorização da moeda, e consequentemente, uma grande inflação, que prejudicou a classe mais
pobre (assalariada) mas beneficiou a burguesia de toda a Europa.
O mercantilismo inglês era fundamentalmente industrial e agrícola. A política econômica inglesa era sempre bem
planejada. O governo incentivava a produção manufatureira, protegendo-a da concorrência estrangeira por meio de uma
rígida política alfandegária. Houve a formação de uma burguesia industrial, que empregava o trabalho assalariado e era
dona dos meios de produção (máquinas, galpões, equipamentos).
O absolutismo atingiu sua maior força na França, onde o Estado intervinha na economia de forma autoritária. O
desenvolvimento da marinha, das companhias de comércio e das manufaturas mantinham a balança comercial favorável.
O mercantilismo francês atingiu seu ápice com o rei Luís XIV. Era um país essencialmente agrícola, com o preço de seus
produtos mantidos baixos para que os trabalhadores pudessem se alimentar e não reclamar dos baixos salários, o que era
favorável para os manufatureiros. Mesmo com o incentivo e intervenção estatais, a França enfrentava uma forte
concorrência com a Inglaterra e a Holanda.
O exemplar mercantilismo holandês atraiu muitos estrangeiros, que abandonavam seus países devido às perseguições e
com seus capitais favoreceram o crescimento da Holanda, modelo de país capitalista no começo do século XVII. Era
dominada pelas grandes companhias comerciais, tendo o poder central muito fraco, e desenvolvendo as manufaturas e o
comércio interno e externo. Além disso, o intervencionismo estatal não existia neste país.
Foram organizadas nesse país duas grandes companhias monopolistas holandesas, com o objetivo de colonizar e
explorar as possessões espanholas na Ásia e luso-espanholas na América: a Companhia das Índias Orientais (Ásia) e
a Companhia das Índias Ocidentais (América). Através do desenvolvimento das manufaturas e do poderio dessas
companhias, durante o século XVII a Holanda conseguiu acumular um grande capital.
O principal objetivo do mercantilismo era o desenvolvimento nacional a qualquer preço. Ao adotar uma política
econômica orientada pelo Mercantilismo, o Estado Moderno buscou propiciar todas as condições de lucratividade para
que as empresas privadas exportassem o maior número possível de excedentes.
Trabalho indígena nas minas de prata, Gravura de Théodore
De Bry, século XVI
Assim, o aparelho estatal absolutista incentivava o processo
de acumulação de capital por parte de sua burguesia
mercantil. Com essa finalidade, todos os estímulos passaram
a ser legítimos, até mesmo aqueles que, eventualmente,
viessem a prejudicar o bem-estar social.
Por isso, o Mercantilismo pregava uma política de salários
baixos, além de crescimento demográfico descontrolado,
como meio de ampliação da força de trabalho interna. Dessa
forma, o Estado Moderno garantia o barateamento dos custos
da produção nacional, visando à conquista dos mercados
estrangeiros.
Paralelamente à proteção dispensada ao processo de
acumulação de capital da burguesia mercantil, o Estado
Nacional, a título de retribuição, fortalecia-se pela aplicação
de uma rígida política tributária.
Dessa forma, percebe-se então, que Estados Absolutistas e Capitalistas Comerciais são dois polos interagentes de
uma mesma realidade: a superação do modo de produção feudal e o surgimento do capitalismo moderno. Em resumo,
foi o desenvolvimento do Estado Nacional absolutista que garantiu a ascensão da burguesia mercantil.
Entretanto, a implantação do Estado Absolutista, por si só, não assegurava a expansão do ritmo das atividades da
burguesia comercial.
Na realidade, a camada mercantil ainda deparava-se com inúmeros entraves de ordem econômica. Esses obstáculos —
tais como a depressão monetária, a carência de matérias-primas em solo europeu e a relativa pobreza dos mercados
continentais — geraram a necessidade de apoios externos para manter o processo de acumulação de capital. Nesse
sentido, atuaram como poderosas alavancas a expansão ultramarina e as economias coloniais.
O mercantilismo não foi um sistema econômico e, portanto, não pode ser considerado um modo de produção,
terminologia que se aplica ao feudalismo. O mercantilismo é a lógica econômica da transição do feudalismo para o
capitalismo. 2º impressão
Mercantilismo 3ª impressão
“ouro, poder e glória”
“Para seu fortalecimento, o Estado absolutista precisava dispor de um grande volume de recursos financeiros necessários
à manutenção de um exército permanente e de uma marinha poderosa, ao pagamento dos funcionários reais e à
manutenção do aparelho administrativo e ainda ao custeio dos gastos suntuosos da corte e das despesas das guerras no
exterior.
A obtenção desses recursos financeiros exigiu do Estado absolutista uma nova política econômica, conhecida como
mercantilismo. Se na Idade Média, no auge do feudalismo, a riqueza básica era a terra, na Idade Moderna, no apogeu do
absolutismo, os metais preciosos (ouro e prata) passaram a ser a nova forma de riqueza.
O absolutismo e o mercantilismo constituíam, pois, a dupla face do Antigo Regime. O mercantilismo foi a política
econômica dos Estados modernos em sua fase de transição para o capitalismo (por esse motivo, é também chamado pré-
capitalismo ou capitalismo comercial). Na definição de Edward MacNall Burns, o mercantilismo foi um ‘sistema de
intervenção governamental para promover a prosperidade nacional e aumentar o poder do Estado’.
Como expressão econômica da aliança política realeza-burguesia, o mercantilismo visava, por um lado, ao
enriquecimento desta classe e, por outro, ao fortalecimento do Estado. Nesse sistema econômico o Estado exercia um
rígido controle sobre todas as atividades produtivas, cujo objetivo era aumentar a produção de mercadorias, regulamentar
os diversos tipos de artigos produzidos e estabelecer um sistema de tarifas alfandegárias para proteger o mercado
nacional contra a concorrência externa de outros países. O mercantilismo era, pois, uma forma de nacionalismo baseado
no intervencionismo estatal, no dirigismo econômico e no protecionismo alfandegário.
Suas origens remontam ao processo de formação do Estado moderno e ao desenvolvimento da Revolução Comercial. Na
passagem da Idade Média aos Tempos Modernos, os pequenos mercados locais formados pelas cidades medievais
cederam lugar a um amplo mercado nacional formado pelo território e pela população submetidos à soberania da
monarquia centralizada. Ao mercado nacional somou-se o mercado mundial, que se formou em consequência da
descoberta dos novos continentes pelas Grandes Navegações do século XV.
Europeu chegando na América – Binghan
O fluxo de metais preciosos do Novo Mundo e de especiarias do Oriente
impulsionou o crescimento do comércio europeu, que se encontrava
estagnado desde a crise do século XIV. A essa expansão das trocas deu-se o
nome de Revolução Comercial, à nova política econômica desenvolvida
pelos Estados modernos absolutistas durante a Revolução Comercial deu-se
o nome de mercantilismo.
O mercantilismo europeu fundamentou-se, de maneira geral, em dois
princípios: o Metalismo e a balança comercial favorável. O metalismo
baseava-se na tese de que a riqueza de um país dependeria de sua
capacidade de acumular metais preciosos. Assim, quanto mais ouro e prata
possuísse o país, mais rico e poderoso seria Os metais preciosos permitiriam
ao governo comprar armas, contratar soldados, construir navios, pagar
funcionários e custear as guerras.
O caso espanhol demonstrou, entretanto, o quanto era enganosa a política metalista. A Espanha era, no século XV o
país mais rico da Europa em consequência do ouro e da prata oriundos de suas colônias da América. O atraso do
comércio das manufaturas e da agricultura espanholas, entretanto, obrigavam a Espanha a importar de outros países
europeus a quase totalidade das mercadorias necessárias ao seu consumo. Como essas importações eram pagas em ouro e
prata, os metais preciosos que chegavam à Espanha eram, em seguida, desviados para o resto da Europa. A Espanha
tornou-se, assim, a ‘garganta por onde passava o ouro para o estômago de outros países mais desenvolvidos do ponto de
vista comercial e industrial, como a França, a Inglaterra e a Holanda’.
A partir desse exemplo, a balança comercial favorável transformou-se no segundo principio mais importante do
mercantilismo europeu. Como os metais preciosos constituíam o principal meio de pagamento nas relações econômicas
Internacionais, o Incremento do comércio exterior tornou-se a forma por excelência de acumulação de ouro e prata –
cada país procurava exportar o máximo e Importar o mínimo para obter uma balança de comércio favorável. Essa política
de Incremento unilateral do comércio exterior acabou gerando um nacionalismo econômico exacerbado, que se tornou
uma das principais causas das guerras permanentes entre as grandes potências europeias nos Tempos Modernos.
A política econômica mercantilista estava voltada para três objetivos principais: o desenvolvimento da indústria, o
crescimento do comércio e a expansão do poderio naval. Para incentivar o desenvolvimento da Indústria, o governo
concedia a grupos particulares o monopólio de determinados ramos da produção ou criava as manufaturas do Estado. A
meta era a obtenção da autossuficiência econômica e a produção de excedentes exportáveis.
O crescimento do comércio era Incentivado através da criação de grandes companhias comerciais, como a Companhia
das Índias Ocidentais e a Companhia das índias Orientais e da organização de vastos Impérios coloniais. O comércio
entre metrópole e colônia era regulado pelo pacto colonial, baseado num sistema de monopólio comerciei também
chamado de exclusivo metropolitano. A metrópole adquiria da colônia produtos tropicais e exportava para esta artigos
manufaturados, obtendo, naturalmente, sempre uma balança de comércio favorável.
A expansão do poderio naval era essencial para garantir as comunicações marítimas entre as metrópoles europeias e seus
Impérios coloniais assim como para a redução do comércio em escala mundial. No século XV, Portugal exerceu a
supremacia naval; no século XVI. esta passou à Espanha; no século seguinte, à Holanda; e. finalmente. no século XVIII a
Inglaterra tornou-se a “rainha dos mares”.
Modalidades de Mercantilismo
“Os três tipos mais importantes de mercantilismo foram o bulionismo, o comercialismo e o industrialismo. O bulionismo
(metalismo) desenvolveu-se na Espanha, para onde fluíam o ouro do México e a prata do Alto Peru.
Esse gigantesco fluxo de metais preciosos trouxe para a Espanha duas graves consequências: por um lado, Levou ao
desinteresse pelas atividades industriais e agrárias, ocasionando queda na produção; por outro, desencadeou uma inflação
generalizada no país resultante da alta vertiginosa do preço das mercadorias então em escassez, conhecida como
Revolução dos Preços.
Os efeitos dessa crise econômica, que atingiu sobretudo as camadas populares, chegaram a provocar o decréscimo
da população espanhola: a Espanha era obrigada a adquirir no exterior os gêneros necessários à sua sobrevivência, sem
nada exportar em contrapartida, não conseguindo assim reter os metais preciosos, que acabaram escoando para outros
países europeus. O comercialismo originou-se na Inglaterra, cujo desenvolvimento manufatureiro e poderio naval
impulsionaram, sobretudo no século XVII, a expansão do comércio exterior. Os navios da marinha mercante distribuíam
no mercado mundial os tecidos produzidos pelas manufaturas inglesas, possibilitando ao país o acúmulo de metais
preciosos através da manutenção de uma balança comercial favorável.
Reproduzimos o trecho de um documento do século XVI que sintetiza a concepção do comercialismo inglês: ‘A única
maneira de fazer com que muito ouro seja trazido de outros reinos para o tesouro real é conseguir que grande quantidade
de nossos produtos seja levada além dos mares, e menor quantidade de seus produtos seja para cá transportada…”.
Barra de ouro retirado de Minas Gerais

O industrialismo chegou ao apogeu na França com o mercantilismo de Colbert, ministro de Luís XIV. De acordo com as
concepções de sua época, Colbert buscou fazer a riqueza da França com a acumulação de metais preciosos obtidos
através de uma balança comercial favorável. Para isso, procurou tornar o país economicamente autossuficiente, proibindo
as importações e incentivando as exportações. Sua política econômica consistia em acelerar o desenvolvimento industrial
da França através da criação das manufaturas reais, da concessão de monopólios estatais, da subvenção à produção de
artigos de luxo, da criação de grandes companhias comerciais, da conquista de colônias e do fomento ao crescimento da
marinha mercante. O mercantilismo francês ficou conhecido também como colbertismo.
A principal consequência do mercantilismo para a história da Europa foi o processo denominado acumulação primitiva
de capital, realizado através da pilhagem das riquezas coloniais, em escala mundial.
Esse processo se deu da seguinte maneira: a conquista dos novos continentes resultou na destruição das civilizações
pré-colombianas (astecas, maias e incas), na subjugação das populações nativas e na instauração do lucrativo tráfico de
escravos africanos; as riquezas das colônias foram saqueadas e transferidas para as metrópoles européias. Para o Velho
Mundo foram drenados os metais preciosos da América espanhola, o açúcar e o ouro do Brasil, os produtos tropicais da
África e da América e as especiarias do Oriente.
A acumulação de capital foi, assim, duplamente primitiva: por ter sido a primeira grande acumulação de riqueza
realizada por um continente em toda a história da humanidade, e pelos métodos brutais empregados pelos europeus para
realizá-la.
O poderio naval e o desenvolvimento manufatureiro fizeram da Inglaterra o país que maiores lucros obteve na
Revolução Comercial e que mais ouro e prata acumulou com o mercantilismo. Esses capitais acumulados fizeram da
Inglaterra a fábrica do mundo” e lhe conferiram um papel pioneiro na Revolução Industrial.
Com o processo de industrialização, sobreveio a crise do mercantilismo e a sua substituição pelo liberalismo econômico.
Com o advento do capitalismo industrial no século XVIII, o controle da economia pelo Estado cedeu lugar ao Iaissez-
faire, Iaissez-passer, ou seja, à mais ampla liberdade de comércio e de produção. Ate aqui
Mercantilismo
Os Estados europeus absolutistas desenvolveram ideias e práticas econômicas, posteriormente denominadas
Mercantilismo, cujo objetivo era fortalecer o poder dos reis e dos países através da acumulação interna de ouro e de
prata.
De acordo com as idéias econômicas da época, o ouro e a prata traziam o crescimento do comércio e das manufaturas,
permitiam a com pra de cereais e de lã para o consumo da população, de madeira para a construção de navios e
possibilitavam a contratação, pelo rei, de exércitos com soldados, armas e munições para combater os inimigos do país
ou para conquistar territórios. A quantidade de ouro e de prata que 1 um país possuísse era, portanto, o índice de sua
riqueza e poder, “Um país rico, tal como um homem rico, deve ser UM país com muito dinheiro e juntar ouro e prata
num país deve ser a forma mais fácil de enriquecer (Citado por A. Smith, em “Causa da riqueza das nações.)
Para obter o ouro e a prata, as nações que não possuíam colônias que os fornecessem (como a Espanha e mais tarde
Portugal), deveriam procurar vender aos outros países mais do que deles comprar, gerando assim, uma balança comercial
favorável.
Numerosos documentos da época moderna retratavam claramente a importância que se dava à acumulação de
ouro e de prata e ao saldo favorável na balança comercial: “A única maneira de fazer com que muito ouro seja trazido
de outros reinos para o tesouro real é conseguir que grande quantidade de nossos produtos seja levada anualmente além
dos mares, e menos quantidade de seus produtos seja para cá transportada”. Documentos econômicos dos Tudors. citado
por HUBERMAN, Leo. História da riqueza do Homem. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1972, P. 130) “0 comércio
exterior é a riqueza do soberano, a honra do reino, a nobre vocação dos mercadores, nossa subsistência e o emprego de
nossos pobres, o melhoramento de nossas terras, a escola de nossos marinheiros, o nervo de nossa guerra, o terror de
nossos inimigos.” (THOMAS MUN,Englandls Treasure by foreing trade” 1622. Citado por DEYON, Pierre. 0
Mercantilismo. São Paulo, Editora Perspectiva, p. 54)
Visando a obtenção do ouro e o saldo comercial favorável, os governos absolutistas passaram a interferir na economia de
seus países, estabelecendo o protecionismo alfandegário através da cobrança de altos impostos sobre os produtos
importados, estimulando a fabricação interna de mercadorias e concedendo prêmios e facilidades às exportações. Além,
disso, os reis transformaram a exploração e o comércio de determinadas matérias-primas em monopólio do Estado ou de
determinados súditos e favoreceram os empreendimentos coloniais.
A intervenção dos governos, via protecionismo, monopólios e exploração colonial, fortaleceu os reinos e enriqueceu a
burguesia que acumulou grandes lucros com tais práticas . Os mercantilistas consideravam a agricultura uma atividade
secundária em relação ao comércio e a produção de manufaturas, devendo apenas fornecer gêneros alimentícios à
população, a baixos preços. Dessa maneira, os comerciantes e os empresários eram favorecidos, pagando salários
reduzidos aos seus trabalhadores.
As práticas mercantilistas promoveram o desenvolvimento do comércio, incentivando o aparecimento de novos sistemas
de produção de manufaturas (além das corporações de ofício existentes desde a época medieval) e estabeleceram o
sistema colonial que vigorou até o início do século XIX.
O DESENVOLVIMENTO DAS MANUFATURAS
A crescente procura de mercadorias gerada pelo mercantilismo estimulou a produção doméstica e a criação de oficinas de
manufaturas que em longo prazo causaram a decadência das corporações de ofício. Tais sistemas desenvolveram-se em
função da ação do mercadores-fabricante que se interpôs entre o produtor e o consumidor. Ele era o empresário burguês
que, de posse do capital, fornecia ao artesão a matéria-prima, as ferramentas, pagava salário e se encarregava da venda do
produto onde houvesse procura. As práticas intervencionistas e protecionistas foram herdadas das cidades medievais,
onde os mercadores e os mestres das corporações de oficio monopolizavam e protegiam seus mercados da concorrência
de outras cidades. Tendo contribuído para tornar as cidades medievais ricas e poderosas, tais medidas foram adotadas
pelos monarcas absolutistas a nível nacional.
A atuação do mercador-fabricante foi muito importante na produção domestica têxtil (fiação e tecelagem da lã) e de
artigos de couro. Ele entregava ao camponês, em sua casa, a matéria-prima e as ferramentas e recebia posteriormente, o
produto pronto, em troca de um salário. O camponês e sua família trabalhavam no período de inatividade no campo,
conseguindo aumentar a renda doméstica.
O sistema de produção caseiro era vantajoso para o mercador porque utilizava a mão-de-obra mais barata do trabalhador
rural e também fugia das restrições impostas pelas corporações de ofício que impediam a introdução de inovações
técnicas para evitar a concorrência. Por outro lado, oferecia algumas limitações, como o pequeno controle de qualidade
por falta de padronização e a dificuldade de fiscalização sobre a matéria-prima entregue ao camponês e sua família.
A partir do século XVI, desenvolveu-se também a produção realizadas em oficinas localizadas nas cidades. O mercador-
fabricante reunia um certo número de artesãos num determinado local; fornecia a matéria-prima, as ferramentas e se
apropriava da produção, pagando por tarefa ou salário. 0 artigo era fabricado segundo o princípio da divisão do trabalho,
isto é, cada artesão executava apenas uma parte do produto, de modo que a mercadoria só estava acabada após passar
sucessivamente por várias mãos. A divisão do trabalho trouxe um significativo aumento da produtividade.
A produção manufatureira encontrava-se dispersa no campo e nas cidades e o empresário ainda não exercia um controle
direto sobre o operário-artesão, visto que este ainda dominava todas as fases da produção. À medida que crescia a
demanda de mercadorias, aumentou também o controle sobre o trabalhador, forçando a população ao trabalho regular e
sistemático. As pessoas que se recusavam eram punidas com prisões, multas e castigos pelas leis em vigor. 0 pagamento
de salários, a disciplina e a técnica foram se impondo e se generalizando. Os mercadores-fabricantes tornaram-se
empresários capitalistas bem sucedidos. Os investimentos realizados por eles resultaram em avanços técnicos que
aumentaram a produção e os lucros a custos menores. Sua ação alterou profundamente o sistema de produção,
caracterizando a fase de “manufatura” específica dos séculos XVI, XVII e XVIII que antecedeu o surgimento da
indústria mecanizada.
O MERCANTILISMO E O SISTEMA COLONIAL
A exploração dos domínios ultramarinos enquadrava-se na prática do protecionismo e do intervencionismo das
monarquias absolutistas europeias. A função da colônia era suplementar a economia de sua metrópole, produzindo
matérias-primas, metais preciosos e gêneros agrícolas de alto valor no mercado. 0 comércio com as colônias era
exclusividade da burguesia metropolitana, que vendia produtos manufaturados e escravos a preços elevados e adquiria as
mercadorias coloniais a preço reduzido. Além disso, as colônias eram proibidas de comerciar diretamente com outras
nações e não podiam se dedicar à indústria e à navegação. Esse comércio desigual, fonte constante de atrito com os
colonos, foi denominado “pacto colonial”.
Ao “pacto colonial” estavam submetidos, na América, o Brasil, colônia portuguesa produtora de açúcar e de ouro; as
colônias espanholas, vasto território que ia do México a Argentina, fornecedoras do ouro e da prata que mantiveram a
Espanha como grande potencia até o século XVII; e as treze colônias inglesas no litoral leste da América do Norte,
menos valorizadas por não possuírem condições de fornecer metais ou gêneros tropicais à Inglaterra.
A venda de monopólios sobre a exploração dos produtos coloniais de suas vastas possessões permitia à monarquia
portuguesa sustentar a nobreza, o clero, uma dispendiosa burocracia e soldados na defesa das feitorias espalhadas pelo
Atlântico, Indico e Pacífico. Entretanto, por não ser centro produtor de manufaturas, Portugal transformou-se num
simples intermediário entre o ultramar e os mercados europeus. Os produtos orientais e brasileiros, que chegavam a
Lisboa, capital do reino português, iam para Londres ou para Antuérpia (um dos maiores centros de comércio do norte
europeu, estrategicamente situada a foz dos rios Reno e Mosa), onde eram revendidos para o resto da Europa,
enriquecendo as burguesias inglesa e holandesa.
Portugal tornou-se grande importador de produtos manufaturados dos países europeus, para atender às necessidades de
consumo da corte, do exército e da população das cidades e das colônias. O poderio português na área asiática somente
foi contestado em fins do século XVI, quando os holandeses, através da Companhia Holandesa das Índias Orientais,
arrebataram o lucrativo comercio asiático. Em meados do século XVII, Portugal perdeu o monopólio da venda do açúcar
brasileiro no mercado europeu, após a invasão do Nordeste pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais e início da
concorrência da produção açucareira na região do Caribe.
Em consequência da decadência dos negócios do açúcar, o governo metropolitano incentivou a pesquisa mineral no
Brasil, obtendo os primeiros resultados favoráveis em 1693. Durante o século XVIII, cada vez mais necessitado do metal
precioso para pagar suas importações de manufaturados, Portugal exerceu uma dura fiscalização da região mineradora,
exigindo da população local o pagamento de impostos cada vez mais elevados. A Espanha, que possuía uma importante
manufatura de tecidos, se das e armas, também não conseguia atender à demanda de sua população, tendo de recorrer às
importações pagas com o ouro americano. Dos metais preciosos chegados à Europa, via Espanha, 20% eram utilizados
pelos reis espanhóis na manutenção do exército e na compra de armas e de munições. 0 restante ficava em mãos de
burgueses, nobres e conquistadores, sendo empregado na compra de tecidos, vinhos, armas, mobílias e jóias, além de
serviços comerciais e de transporte.
Os Países ibéricos enfrentaram o protecionismo alfandegário da Holanda, França e Inglaterra, a pirataria, os naufrágios e
as enormes despesas em armas e soldados para garantir as rotas das Índias e da América, fato que levou o historiador
Manuel-Nunes Dias a afirmar que Portugal e Espanha tornaram-se prisioneiros da pimenta e do ouro. Ao se esgotarem as
minas de ouro e de prata, ambos entraram em decadência suplantada pelos países produtores de manufaturas.
MERCANTILISMO E REVOLUÇÃO COMERCIAL
O desenvolvimento do comércio europeu, nos séculos XV, XVI e XVII, favorecido pelas práticas mercantilistas das
monarquias absolutistas, foi também chamado de “revolução comercial”. A revolução comercial caracterizou-se pela
integração da América, África e Ásia à economia europeia, através da navegação pelo Oceano Atlântico; pelo aumento da
circulação de mercadorias e de moedas; pela criação de novos métodos de produção de manufaturas; pela ampliação dos
bancos, dos sis temas de crédito, seguros e demais operações financeiras. 0 crescimento to da agricultura, da mineração,
da metalurgia, da navegação, da divisão do trabalho, do comércio colonial promoveu uma grande acumulação de capital
preparando a Europa para avanços importantes na produção o corridos a partir do século XVIII.
Mercantilismo Organização e Caracterização dos Estados Absolutistas
Entre a época dos modos de produção feudais e capitalistas encontra-se uma outra época com características
bastante peculiares: a mercantilista.
Durante o mercantilismo desenvolveram-se várias atividades comerciais, políticas, sociais antes não vistas. No campo
político podemos destacar a criação dos Estados absolutistas que tiveram um papel crucial nessa transição do feudalismo
para o capitalismo. Neste relatório, baseando-se em outros textos, foram retratados as principais características e os
principais aspectos que desencadearam na formação de tais Estados. Uma das afirmações que merecem destaque é que,
como já pôde-se perceber, não há uma ruptura do feudalismo para o capitalismo e sim uma transição.
Alguns aspectos econômicos também foram retratados, mas com menor destaque, somente para possibilitar o
entendimento das questões ligadas ao tema principal: os Estados absolutistas.
ORGANIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS ESTADOS ABSOLUTISTAS
A organização dos Estados modernos não surgiu de uma hora para outra. Foram vários séculos de organização e
formação de limites e fronteiras, ocorridos principalmente durante e em consequência do mercantilismo.
Podemos considerar o mercantilismo um período de transição do feudalismo para o capitalismo, o qual não tem
características estritamente feudais ou capitalistas.
Além da convivência de características feudais e capitalistas ao mesmo tempo, há também características exclusivamente
mercantilistas, as quais não podem ser encontradas em nenhum outro modo de produção, apesar de que o mercantilismo
não é um modo de produção e sim, apenas uma “político-econômica” da época. Portanto, pode-se caracterizar o
mercantilismo como “o conjunto de ideias e práticas econômicas que caracterizam a história econômica europeia e,
principalmente, a política econômica dos Estados modernos europeus durante o período situado entre os séculos XV/XVI
e XVIII” .
Em todos os textos analisados, o mercantilismo é considerado uma época de transição. Não houveram grandes rupturas
no caminho do feudalismo para o capitalismo.
Em toda essa época de transição, segundo Engels, os reis ganharam maior poder, devido ao enfraquecimento da nobreza
feudal. Portanto, à visão de Engels, pode-se dizer que o absolutismo foi a idade em que “a nobreza feudal foi levada a
compreender que o período de sua dominação política e social chegara ao fim” . Essa época configura-se pelos Estados
ou monarquias absolutistas, onde o rei tinha todo o poder concentrado em suas mãos.
Perry Anderson analisa as palavras de Engels e diz que a aristocracia feudal não perdeu poder político durante o
mercantilismo ou antes desse. Também diz que “desde o princípio até o final da história do absolutismo nunca foi
desalojada do seu poder político”, referindo-se à aristocracia feudal.
Além disso, ele explica que, o Estado absolutista surgiu para reafirmar o poder da nobreza, que estava debilitado com o
fim ou pelo menos a diminuição da servidão. Portanto “os Estados monárquicos da Renascença foram em primeiro lugar
e acima de tudo instrumentos modernizados para a manutenção do domínio da nobreza sobre as massas rurais” , ao
contrário do que dizia Engels, que os Estados absolutistas surgiram como oposição aos nobres.
Assim, as monarquias surgiram praticamente ao mesmo tempo em vários lugares diferentes devido aos mesmos
motivos: a necessidade de reafirmação das classes dominantes e, talvez um ponto menos crucial, a ascensão da burguesia
urbana que vinha tendo um grande avanço técnico e comercial e que deveria ser limitada em suas ações.
Com a volta das atenções durante o Renascimento para o passado clássico, o que se viu foi a recuperação do direito
romano, o qual teve grande influência nos Estados absolutistas, principalmente porque tinha uma concepção de
propriedade privada. “A assimilação do direito romano na Europa do Renascimento foi, assim, um indício da
difusão das relações capitalistas nas cidades e no campo: economicamente, ela correspondia aos interesses vitais da
burguesia comercial e manufatureira”.
No campo político, o direito romano teve influência na centralização do poder, o que era necessário para estabilizar a
situação dos nobres, como já foi dito anteriormente. E foi exatamente essa a consequência da adoção do direito romano.
Como disse Perry Anderson: “o efeito supremo da modernização jurídica foi, portanto, o reforço da dominação da
classe feudal tradicional”.
Um dos grandes problemas da centralização é que com ela, aumenta-se o número de funções do Estado, mas ao mesmo
tempo, há o aumento da necessidade financeira. Portanto não é de se entranhar que cada vez mais os Estados absolutistas
procuraram o apoio da burguesia. Em primeiro lugar porque os Estados talvez necessitassem de empréstimos de
banqueiros assim como estes devem pagar impostos ao governo; em segundo, as medidas fiscais ligadas à produção
favoreciam o Estado somente se este tivesse uma produção, que era feita pela burguesia, à qual também era favorecida
pelas mesmas medidas; em terceiro o Estado usava os conhecimentos da burguesia para ter sucesso em sua administração
principalmente econômica. Essas medidas serviram muitas vezes como um meio de ascensão social para os burgueses,
além de terem assim maior prestígio político.
As práticas mercantilistas foram feitas para o favorecimento do próprio Estado, mas as medidas tomadas envolviam
outras camadas sociais, às quais, entre elas, estava a burguesia que conseguia se beneficiar. Na verdade as concepções
econômicas da época eram apenas para a conquista de novas riquezas para o enriquecimento do Estado. Apesar disso, a
burguesia soube tirar proveito das medidas mercantis impostas pelos Estados, mesmo quando estas procuravam limitar a
ação da própria burguesia.
Segundo Francisco Falcon, com o declínio da renda feudal, o Estado necessitava aumentar as suas próprias rendas, o que
somente era possível estimulando e protegendo as atividades produtivas e comerciais, às quais estavam ligadas à
burguesia mercantil.
As estruturas ideológicas da época de transição também estavam sendo mudadas. Enquanto que na Idade Média, as
concepções eram direcionadas à religião, durante a fase de transição as pessoas começaram a pensar mais em seu próprio
mundo, em si mesmas e em suas ações. O avanço nas ciências foram uma das consequências. A exemplo da obra O
Príncipe de Maquiavel, onde evidencia-se a política, o que mais tarde aconteceria com a economia e isto será um dos
principais argumentos usados pelos liberalistas, que querem a retirada do Estado na economia. Estes alegariam que a
economia, como parte distinta da política, nada teria a ver com o Estado.
As atividades externas tiveram grande importância nos Estados absolutistas. Uma dessas atividades consideradas mais
lucrativas era a guerra, uma concepção vinda da Idade Média, que considerava a guerra o mais rápido meio de conquistar
riquezas e território. Nesse período é que desenvolveram-se os exércitos especializados em que seus integrantes
dedicavam-se somente à guerra e que em sua maioria eram mercenários vindos de outras regiões.
Além da guerra, o comércio externo teve também uma grande importância, pois era através dele que podia-se vender o
excedente, por exemplo, e conseguir lucro com isso.
A diplomacia talvez tenha sido a grande novidade dos Estados absolutistas em relação às atividades externas. E também
talvez tenha sido uma das grandes cooperadoras para a criação das fronteiras, já que para poder ter relações com outros
Estados era necessário saber onde começavam e terminavam as fronteiras, quais povos pertenciam a um Estado e quais
pertenciam a outro.
A teoria da balança comercial criada no século XVII pode ter sido também uma das influências para a criação dos
Estados nacionais, pois somente com as fronteiras definidas é que pode-se contar o número de exportações e importações
e, assim, poder contar a margem de lucro do Estado.
Para poder-se contar a riqueza de um Estado, também seria necessário delimitá-lo, o que consiste em mais um fator para
a criação dos Estados nacionais. Cada território, mesmo que pequeno podia ter grande importância para a economia de
um Estado, pois onde não havia a produção manufatureira ou artesanal, havia a agricultura que ajudava na auto-
sustentação de um Estado ou pelo menos reduziria o número de suas importações ou também poderia servir para a
exportação se fosse mercadoria excedente.
Apesar de um aparente sucesso, o controle do Estado sobre a economia deixava a burguesia cada vez mais insatisfeita
pois não poderiam comercializar livremente com outros lugares o que, segundo as práticas mercantilistas, poderia
empobrecer o Estado. Essa limitação fez surgir os liberalistas, inicialmente na Inglaterra depois na França, que pediam a
não intervenção do Estado na economia. Essa limitação que o Estado faz perante à economia, o que afeta a burguesia, é
um dos fatores que dirigem à uma revolução burguesa da França.
CONCLUSÃO Apesar de o Estado absolutista visar principalmente ao benefício dos nobres e do próprio rei, pode-se
perceber claramente que a burguesia também foi bastante beneficiada, mesmo que indiretamente, a ponto de mais tarde
transformar-se na principal classe social do mundo moderno. Como o mercantilismo dedica suas atenções ao mercado,
obviamente a burguesia não ficaria de fora dos acontecimentos, pois é ela quem dedica-se inteiramente ao comércio e
indústria (manufatureira). “A centralização econômica, o protecionismo e a expansão ultramarina engrandeceram o
Estado feudal tardio, ao mesmo tempo que beneficiaram a burguesia emergente. Expandiram os rendimentos tributáveis
de um, fornecendo oportunidades comerciais à outra” . Sendo assim, os únicos que não conseguiram benefícios foram os
camponeses, as classes mais baixas.
Porém, quem dominava o Estado absolutista ainda era a nobreza feudal, que, depois de terminado o seu domínio daria
lugar a burguesia que estava disposta a fazer uma grande revolução na qual, obviamente, ela seria a grande beneficiada.
Mercantilismo
Mercantilismo e Absolutismo
O processo de centralização do poder e a unificação territorial das nações europeias começaram com a formação das
monarquias nacionais, no século XIV. Até esse momento o poder politico estava descentralizado nas mão dos senhores
feudais.
Em razão dos diversos interesses políticos e econômicos convergentes estabeleceu-se, na constituição do Estado
centralizado, urna aliança entre o rei, a burguesia e parcela da nobreza. Gradativamente, os poderes da monarquia foram
se fortalecendo.
Na maioria das monarquias nacionais da Europa ocidental, esse processo político se acentuou, caminhando para a
centralização do poder real ao longo dos séculos XVI e XVII. A partir de então, o rei passou a representar a nação,
concentrando em suas mãos todos os poderes; era a origem do sistema politico conhecido como absolutismo.
O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO
Conceito: Sistema de governo que predominou na Europa na Idade Moderna, caracterizado pela centralização dos
poderes nas mãos do Rei.
Teses explicativas da natureza do Estado Absolutista:
1. Tradicional (Estado Burguês): resultante da aliança Rei e Burguesia.
2. Neutra (Estado Misto): Rei acima dos interesses das classes.
3. Provável (Estado Feudal): resultante da aliança Rei e Nobreza.
TEÓRICOS DO DIREITO TEMPORAL DO ABSOLUTISMO
Nicolau Maquiavel (1469-1527): Em sua obra “O Príncipe”, fundamentava a necessidade de um Estado Nacional forte e
independente da Igreja e encarnado na pessoa do chefe do governo (o “príncipe) que governaria baseado na razão, em
benefício coletivo; considerava válido todos os meios utilizados para o alcance desses objetivos.
Thomas Hobbes (1588-1679): Em sua obra “Leviatã” justificava o Absolutismo, advogando que os homens
acostumados com guerras e lutas, deveriam transferir para o Estado a responsabilidade de zelar pela proteção dos mais
fracos diante da tirania dos mais fortes. Segundo ele, o Rei era a garantia da paz entre os súditos.
TEÓRICOS DO DIREITO ESPIRITUAL DO ABSOLUTISMO
Jean Bodin (1530-1595): Em sua obra “Da República” argumentava que a origem do poder do Rei era divina, não
havendo impedimento à autoridade real.
Bousset (1627-1704): Em sua obra”A Política tirada das Sagradas Escrituras” reforçou a doutrina do direito divino, que
legitimava qualquer governo, justo ou injusto; todo governo é sagrado e revoltar-se contra ele é, portanto, um sacrilégio.
IMPORTANTE
Dos tipos de Estados Absolutistas, o mais forte e centralizado foi o modelo francês, enquanto que o mais brando foi o
modelo inglês. O primeiro, devido a presença de uma nobreza radicalmente parasitária e conservadora e o segundo por
causa da existência, desde o século XIII, do Parlamentarismo, sistema de governo que controla o poder real
.MERCANTILISMO
Para seu fortalecimento, o Estado absolutista precisava dispor de um grande volume de recursos financeiros para a
manutenção de um exército permanente e de urna marinha poderosa, o pagamento dos funcionários reais, a conservação
do aparelho administrativo e ainda o custeio dos gastos suntuosos da corte e das despesas das guerras no exterior.
A obtenção desses recursos financeiros exigiu do Estado absolutista urna nova politica econômica, concebida corno
mercantilismo. Se na idade Media, no auge do feudalismo, a riqueza básica era a terra, na idade Moderna, no apogeu do
absolutismo, os metais preciosos (ouro e prata) passaram a ser a nova forma de riqueza.
O absolutismo e o mercantilismo constituíam, pois, a dupla face do Antigo Regime. O mercantilismo foi a politica
econômica dos Estados modernos em sua fase de transição para o capitalismo.
Características do Mercantilismo
Intervencionismo Estatal.
Metalismo ou Bulionismo.
Protecionismo.
Incentivo à Manufatura.
Sistema Colonial.
Balança de Comércio Favorável.

Importante
Como expressão econômica da aliança politica realeza-burguesia, o mercantilismo visava, por um lado, ao
enriquecimento dessa classe e, por outro, ao fortalecimento do Estado. Nesse sistema econômico, o Estado exercia um
rígido controle sobre todas as atividades produtivas, com o objetivo de aumentar a produção de mercadorias,
regulamentar os diversos tipos de artigos produzidos e estabelecer um sistema de tarifas alfandegarias para proteger o
mercado nacional contra a concorrência externa de outros países. O mercantilismo era, pois, urna forma de
nacionalismo baseado no intervencionismo estatal, no dirigismo econômico e no protecionismo alfandegário.

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