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Meu primeiro autógrafo

Neste dia eu me mijei nas cal;as

Hoje escrevi meu primeiro autógrafo. Experimentava um misto felicidade e


ansiedade. O que me tranquilizava era saber que não estaria sozinho na sessão
de autógrafos, outros colegas também estavam lançando seus livros. Por
coincidência, o dia foi cheio de atrapalhos e compromissos que surgiram de
última hora, mas tudo bem, nada que pudesse impedir o momento do
lançamento do livro.
O discurso estava planejado fazia dias. Era só esperar o momento.
Na hora de sair de casa, já dentro do carro, lembrei que precisava de uma
caneta, mas não queria qualquer caneta, tinha que ser aquela que comprei na
Itália, uma “Caneta Tinteiro Italiana Montegrappa” especial para esses
momentos. Só para atrasar ainda mais a saída, a caneta não estava carregada.
Lá vou eu achar a tinta da caneta e carrega-la. Pronto, tudo certo, vamos nós ao
lançamento.
Chegando na feira do livro, o salão estava lotado, obviamente que a grande
maioria não estava aí para o lançamento dos livros, mas sim para outros eventos
que acontecia concomitante.
No momento do lançamento senti a calça molhada, para o meu azar, a caneta
tinteira Montegrapa vazou no bolso. Como a calça era escura, consegui disfarçar
bem. Não tive grandes problemas, a não ser o desconforto. Por sorte, minha
esposa tinha na bolsa uma caneta bic. Para falar a verdade fiquei mais tranquilo,
as Bic nunca falham. Mas fiquei encucado com o preço que paguei aquela caneta
italiana.
Assim iniciou a seção de autógrafos. Para minha surpresa não chamaram os
autores para o discurso, claro eram tantos autores não dava para cada um fazer
o discurso. Teve apenas um discurso geral, senão as pessoas se anoiariam com
tantos autores falando. Menos mal...
Foi solicitado para cada autor ir até a mesa que constava seus livros e esperar
os convidados se aproximarem para receber as dedicatórias.
Quando estava me aproximando dos livros, comecei a pensar: O que escrever
numa dedicatória? Fazer todas iguais? Ou para cada pessoa, uma que seja
significativa?
Lembrei-me do dia que estive na casa do Filósofo Italiano Giorgio Agamben e
do livro que ele autografou. Ele escreveu?
Prezado Ésio,
Cordialmente
Assinou
Data.
Fácil, nada de mistério. Mas Agamben é uma estrela, não podia esperar que
fosse diferente. Será que eu deveria fazer a mesma coisa?
Não dava para pensar muita coisa, o primeiro que veio ao meu encontro para
receber o autógrafo foi um aluno que conheço a dois anos.
Cumprimentei-o e abri o livro para escrever a dedicatória.
Não consegui lembrar do nome do aluno, pensei um pouco e lembrei do seu
sobrenome, mas como era de origem polonesa Kowalewski... sabia falar, mas
não escrever. Chamei- o pelo sobrenome e pedi para soletrar o nome, para
que não houvesse erro. Ele prontamente respondeu: professor... É Marcos,
não precisa soletrar. Constrangido comecei a escrever a dedicatória:
- Prezado Marcos, que essa leitura lhe motive a construção de uma forma-de-
vida capaz de destituir a força do direito e da política.
Abraços
Assinado.
Data

Marcos recebeu a dedicatória e assim que leu transpareceu em seu semblante


uma cara de descontentamento, provavelmente não entendeu a profundidade
daquela dedicatória.
Minha esperança é que ele leia o livro e entenda a tese agambeniana.
Mas para não correr o risco de outras desaprovações, segui fazendo
dedicatórias mais simples, ao estilo de Agamben.

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