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Oliveira
Objetivo: Iniciar o estudo dos principais componentes utilizados no comando, controle e proteção
dos circuitos, desenvolvendo uma linha de raciocínio nesse sentido utilizando as opções ofertadas
pelos diversos componentes.
INTRODUÇÃO
capítulo 1
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COMANDOS ELÉTRICOS Prof.: José Kleber C. Oliveira
1.1.1 - Conceito
Dispositivo de manobra mecânico de operação não manual, que tem uma única posição de
repouso e é capaz de conduzir e interromper correntes, sob condições normais, do circuito ou sob
condições de sobrecarga previstas.
1.1.2 - Partes de um Contator
O contator é formado pelas seguintes partes:
a) contatos principais;
b) contatos auxiliares;
c) circuito eletromagnético;
d) sistema de sôpro;
e) suporte ou estrutura do aparelho.
A seguir será feita uma explanação detalhada das partes que compõem um contator:
b) Contatos Auxiliares - São os que têm por finalidade o comando do circuito e sua sinalização. Os
contatos auxiliares podem estar abertos (contatos abertos - NA) ou fechados (contatos fechados - NF),
estando em repouso o contator ele estará conduzindo corrente se for um (NF) e não conduzindo se for
um (NA).
O número de contatos auxiliares do contator depende do tipo de contator selecionado, embora
em alguns casos, determinados fabricantes forneçam blocos de contatos auxiliares que são
incorporados mecanicamente ao contator.
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O núcleo, em forma de E, constitui geralmente a parte fixa do circuito e possui a bobina na sua
parte central. Quando a bobina é atravessada pela corrente elétrica, é gerado um campo
eletromagnético que atrai a parte móvel (armadura), onde os contatos móveis se situam. O movimento
gerado une os contatos fixos com os móveis, que antes estavam abertos e abre os que estavam
fechados. Os contatores utilizados para corrente alternada têm seu núcleo e armadura formados por
várias chapas de aço-silício isoladas entre si, com fim de diminuir as perdas por correntes de Foucault;
já aqueles designados para trabalhar com corrente contínua, possuem o núcleo e a armadura formados
por blocos inteiriços de aço doce, já que não existindo variação de fluxo, não haverão correntes
induzidas e, por consequência, aquecimento.
A intensidade de corrente absorvida pela bobina no instante de sua ligação é elevada por não
existir no circuito nada mais que a resistência do condutor e por ter reatância mínima (circuito
magnético aberto, ou seja, grande entreferro). Ao fechar-se o circuito magnético, eleva-se a impedância
da bobina, reduzindo-se a corrente à sua intensidade nominal.
A tensão de operação que alimenta a bobina poderá ser a mesma que a da linha (fase + fase) ou
preferencialmente inferior (fase + neutro) ou reduzida por transformador ou fornecida por outra fonte
de alimentação.
Além disso, a bobina é calculada de tal forma que permita uma variação em sua tensão de
alimentação da ordem de 85 a 110 % da nominal.
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Ao ser ligada a bobina à corrente alternada, cada vez que o fluxo for zero, a armadura tende a se
separar do núcleo com uma freqüência dupla da freqüência da rede (120 vêzes por segundo). Esse
tempo é muito curto para que haja uma separação definitiva entre a armadura e o núcleo, mas é
suficiente para originar um ruído e uma vibração que, de forma continuada, danificará o contator. Para
contornar esse inconveniente colocam-se nas colunas laterais do núcleo duas espiras denominadas
shunt, que têm por função fornecer um fluxo a circuito magnético quando a bobina não o produzir.
Para eleição de um contator com fim de acionar determinada carga é necessário o pleno
conhecimento dos seguintes ítens:
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As categorias de emprêgo (AC1, AC2, AC3 e AC4) em corrente alternada caracterizam o tipo
de utilização dos contatores e disjuntores conforme a carga, condições de serviço e tipos de motores
utilizados. Assim têm-se:
Tabela 1.1
Tamanho 0 1 2 4 6 8 10 12 14
Tipo A-20 A-21 A-22 A-24 A-26 A-28 A-30 B-32 B-34
Corrente Nominal (A) 9 16 32 85 140 200 250 400 630
220 V (kW) 7,5 11 17 38 60 83 114 152 240
AC-1 380 V (kW) 13 19,5 29,5 66 105 144 195 262 415
440 V (kW) 15 23 34 78 128 165 228 304 472
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EXEMPLO :
Para acionar um motor tipo gaiola de esquilo, de 16 CV em 380 V, que trabalha como
ventilador (logo, pertence à categoria de emprêgo AC-3), o contator adequado será o de tamanho 2,
tipo A-22. Esse contator tem corrente nominal de 32 Ampères e possui dois contatos auxiliares
abridores e dois fechadores. A máxima corrente permissível nesses contatos é de 5 Ampères e sua
bobina consome 100 VA na ligação e 18 VA em regime. Os fusíveis adequados para protegerem o
circuito principal são do tipo DIAZED ou NH retardados de 50 Ampères.
Capítulo 2
2.1 - Fusíveis
2.1.1 - Conceitos.
O fusível é um dispositivo de proteção destinado a interromper a corrente de curto-circuito pela
fusão do elo-fusível. A fusão do elo dá-se devido a efeitos térmicos da corrente de sobrecarga ou de
curto-circuito.
Chama-se corrente de curto-circuito àquela que é passível de ocorrer no local de instalação de
um dispositivo de manobra, quando os terminais estão curto-circuitados. A corrente de curto-circuito
pode ser calculada pela equação a seguir, com I em Ampères e Es em Volts :
100.000 750
I cc 22,79 kA
380 3 5
BASE - Parte fixa de um dispositivo fusível provida de terminais de ligação com o sistema.
Compreende todas as partes necessárias à isolação.
TAMPA - Parte móvel de um dispositivo fusível destinada a conter o fusível, não incluindo este.
PORTA-FUSÍVEL - Combinação de uma base com a respectiva tampa.
FUSÍVEL - Parte de um dispositivo fusível incluindo o elemento fusível e que requer substituição
por um outro fusível, após operação do dispositivo e antes que este possa ser posto
novamente em serviço.
INDICADOR - Parte de um dispositivo fusível destinado a indicar que o dispositivo operou.
PERCUSSOR - Dispositivo mecânico que faz parte do dispositivo fusível e que é liberado durante a
operação do dispositivo fusível, satisfazendo as exigências específicas com relação à
sua força de deslocamento. Um percussor pode ser usado com o objetivo de
sinalização indicação ou disparo de outro equipamento.
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O dispositivo fusível é um fio ou lâmina, geralmente de cobre, ouro,
prata, estanho, zinco ou liga, colocado no interior do corpo fusível, em geral de porcelana, esteatite ou
papelão, hermeticamente fechado. Alguns fusíveis possuem um indicador que permite verificar se o
dispositivo fusível operou ou não; ele é composto por um fio, por exemplo, de aço, ligado em paralelo
com o elemento fusível e que libera uma mola após operação. Essa mola atua sobre uma plaqueta ou
botão, ou mesmo um parafuso, preso na tampa do corpo.
A maioria dos fusíveis contém em seu interior, envolvendo por completo o elemento fusível,
material granulado extintor; para isso utiliza-se em geral, areia de quartzo de granulometria adequada.
O material granulado extintor tem por finalidade o esfriamento do material vaporizado, a absorção do
vapor metálico condensado e a extinção do arco que poderia manter-se no vapor metálico condutor. Se
o vapor metálico criado no instante do curto-circuito mantivesse a corrente do curto-circuito, não só a
carga se danificaria como o próprio fusível poderia explodir devido às altas pressões desenvolvidas
decorrentes da vaporização da liga fusível e da elevada temperatura.
O elemento fusível pode ter diversas formas. Em função da corrente nominal do fusível, ele
compõe-se de um ou mais fios ou lâminas em paralelo, com trechos de seção reduzida. No elemento
fusível ainda existe um elemento adicional, um ponto de solda, cuja temperatura de fusão é bem menor
que a do elemento.
2.1.2 - Operação
Na figura a seguir, para simplificação, é mostrado apenas o elemento fusível em série com os
condutores do circuito. O condutor e o elemento são percorridos por uma corrente I, que os aquece
assumindo a temperatura do condutor, um valor constante. Devido à alta resistência do elemento
fusível, este sofre um aquecimento maior 2, que é transferido para o meio adjacente, principalmente
por meio das conexões com os condutores. A baixa capacidade de condução de calor resulta em uma
alta temperatura no ponto médio do elemento fusível.
A temperatura decresce desde o ponto médio até as extremidades do elemento fusível conforme
mostra a próxima figura. Os pontos de conexão não estão submetidos à mesma temperatura do ponto
médio, mas possuem uma temperatura maior que a dos condutores (1). A temperatura (A) não deve
ultrapassar um determinado valor para não prejudicar a vida útil da isolação dos condutores; esse valor
é limitado por Norma. A corrente que pode percorrer o fusível permanentemente sem que esse valor
limite seja ultrapassado é definida como corrente nominal de um fusível. A passagem de uma
corrente superior à nominal resulta na elevação da temperatura ao longo do fusível. Enquanto o pico de
temperatura, max, com uma certa margem de segurança, permanece abaixo da temperatura de fusão
do elemento fusível, s, o fusível permanece intacto ( Fig.- 2.4 ).
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As Normas de fusíveis definem para diversos tipos e para diferentes faixas de correntes
nominais, o tempo convencional ( tc ), a corrente convencional de não fusão ( Inf ) e a corrente
convencional de fusão ( If ), essas duas dadas em função da corrente nominal ( In ).
Tabela 2.1
In 63 1
63 In 160 2
160 In 400 3
400In 4
As Tabelas 2.2 e 2.3 dão os valores das correntes convencionais de fusão ( If ) e de não
fusão ( Inf ) :
Tabela 2.2
Correntes Convencionais de não fusão ( Inf ) e de fusão ( If ) para fusíveis tipo g1 e g2 (uso industrial)
Tabela 2.3
Correntes Convencionais de não fusão ( Inf ) e de fusão ( If ) para fusíveis tipo g1 e g2 (uso doméstico)
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A classe funcional “g” designa fusíveis de faixa completa, que podem conduzir continuamente
correntes até, no mínimo sua corrente nominal, e podem interromper desde a corrente mínima de fusão
até a capacidade nominal de interrupção. São denominados fusíveis de uso geral e a eles pertencem os
tipos “g1” (destinados às tensões de 220, 380, 500 e 660 VCA) e “g2” (utilizados nas tensões de 120,
208, 240, 277, 415, 480 e 600 VCA). Os fusíveis “GL” são destinados à proteção de fios e cabos, os
“gR” à proteção de semicondutores e os “gB” e “gTr” à proteção de instalações de mineração e
transformadores, respectivamente.
A classe funcional “a” designa fusíveis de faixa parcial que podem conduzir correntes até, no
mínimo, sua corrente nominal, e podem interromper desde um determinado múltiplo de sua corrente
nominal até a capacidade de interrupção. Os fusíveis de retaguarda tipo “aM” destinam-se à proteção
de dispositivos de manobra, enquanto os “aR” são aplicados a semicondutores.
Seja por exemplo, um fusível industrial tipo g1, para o qual In = 160 A. Para essa corrente,
segundo a Tabela 2.1, o tempo convencional será:
Ele deverá conduzir 192 Ampères por duas horas, sem fundir. Quando a corrente se torna maior
que 192 A (Inf), para o tempo tc, a temperatura no ponto de solda do elo fusível atinge o valor de fusão
s e o fusível atua. No exemplo dado, com 256 Ampères o fusível deverá atuar dentro de duas horas.
Se o fusível for percorrido por uma corrente muito superior à nominal, 10 vêzes, por exemplo,
os trechos de seção reduzida das lâminas sofrerão fusão antes dos pontos de solda, em virtude da alta
densidade de corrente. Se a corrente for ainda mais elevada, 50 vêzes, por exemplo, e o tempo de fusão
igual ou menor a 5 (ms), os trechos de seção reduzida do elemento fusível serão levados à temperatura
de fusão antes que a energia calorífica possa fluir para as partes adjacentes.
Após a fusão o elemento fusível está interrompido, porém a corrente que o levou à fusão não é
interrompida instantaneamente, sendo mantida pela fonte e pela indutância do circuito. Ela circula
através do arco voltaico formado no ponto de interrupção do elemento fusível, como mostra a figura a
seguir:
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O arco, que é estreitamente envolvido pelo elemento extintor, vaporiza o elemento fusível. O
vapor do metal, sob alta pressão, é empurrado contra a areia, onde grande parte do arco é extinta. A
areia retira a energia calorífica do arco provocando então sua total extinção. Após o processo resta um
material sinterizado misturado com vapor do elemento fusível.
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Nessas condições a corrente de curto-circuito não atinge seu valor de crista,[ Is ], limitando-se
ao valor correspondente à corrente de corte [Ic], conforme mostra a figura 2.7.
Devido à ação limitadora, esses fusíveis possuem elevada capacidade de interrupção, uma vez
que, na verdade, irão interromper apenas uma fração da corrente de curto-circuito.
A corrente de corte é um valor máximo (instantâneo) da corrente durante a operação de
interrupção, quando o dispositivo de manobra opera de tal modo que não é atingido o valor de crista da
corrente presumida de curto-circuito.
São definidos pelo I.E.C. dois tipos de aplicações para os dispositivos fusíveis: a industrial e a
doméstica. Na aplicação industrial devem ser utilizados dispositivos cujos fusíveis só sejam
accessíveis a pessoas autorizadas e só por elas possam ser substituídos; os dispositivos não precisam
assegurar necessariamente a não-intercambiabilidade e a proteção contra os contatos acidentais com
partes vivas. Instalações, tais como as de locais de serviço elétrico, à quais leigos não possam ter
acesso, são consideradas como industriais. Para essa aplicação o I.E.C. considera os fusíveis g1, g2 e
aM. Na aplicação doméstica são utilizados dispositivos cujos fusíveis são accessíveis a pessoas não
qualificadas; as normas para instalações domésticas podem exigir, para o dispositivo fusível, a não-
intercambiabilidade e uma construção que inclua proteção contra contatos acidentais com partes vivas.
São consideradas pelo I.E.C. como instalações domésticas as residenciais e similares ( pequenos
escritórios, lojas etc... ) e para esse fim são considerados apenas os fusíveis g1 e g2.
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É importante observar que a tensão nominal do fusível pode ser diferente da referente a do
porta-fusíveis em que deverá ser montado; a tensão nominal do dispositivo fusível é o menor valor de
tensão nominal entre relativos ao fusível e ao porta-fusíveis.
Vamos comparar dois fusíveis, g1 e outro g2 (uso industrial ou doméstico), de mesma corrente
nominal. Seja In = 20 A; para ambos o tempo convencional (Tabela 2.1) será de tc = 1 hora; as
correntes convencionais de não fusão e de fusão serão:
g1 g2
Vemos que o fusível “g1” poderá poder conduzir 28 Ampères por uma hora sem fundir,
enquanto que o “g2” apenas 24 Ampères; por outro lado, o “g1” com 35 Ampères deverá fundir antes
de 1 hora, valor que corresponde a 32 Ampères para o fusível “g2”.
Partindo do princípio da proteção do operador uma sequência genérica dos elementos
necessários a partida e manobra de motores é mostrada na Figura 1.2. Nela podem-se distinguir os
seguintes elementos:
A) Seccionamento: Só pode ser operado sem carga. Usado durante a manutenção e verificação
do circuito.
B) Proteção contra correntes de curto-circuito: Destina-se a proteção dos condutores do circuito
terminal.
C) Proteção contra correntes de sobrecarga: para proteger as bobinas do enrolamento do motor.
D) Dispositivos de manobra: destinam-se a ligar e desligar o motor de forma segura, ou seja,
sem que haja o contato do operador no circuito de potência, onde circula a maior corrente.
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mostrada na Figura 1.2 em mente, pois ela consiste na orientação básica para o projeto de qualquer
circuito.
Ainda falando em proteção, as manobras (ou partidas de motores) convencionais são
dividas em dois tipos, segundo a norma IEC 60947:
I. Coordenação do tipo 1: Sem risco para as pessoas e instalações, ou seja, desligamento seguro
da corrente de curto-circuito. Porém, podem haver danos ao contator e ao relé de sobrecarga.
II. Coordenação do tipo 2: Sem risco para as pessoas e instalações. Não pode haver danos ao
relé de sobrecarga ou em outras partes, com exceção de leve fusão dos contatos do contator e estes
permitam uma fácil separação sem deformações significativas.
O relé de sobrecarga, os contatores e outros elementos em maiores detalhes nos
capítulos posteriores, bem como a sua aplicação prática em circuitos reais.
Em comandos elétricos trabalhar-se-á bastante com um elemento simples que é o
contato.
A partir do mesmo é que se forma toda lógica de um circuito e também é ele quem dá
ou não a condução de corrente. Basicamente existem dois tipos de contatos, listados a seguir:
Contato Normalmente Aberto (NA): não há passagem de corrente elétrica na posição de
repouso, como pode ser observado na figura 1.3(a). Desta forma a carga não estará acionada.
Contato Normalmente Fechado (NF): há passagem de corrente elétrica na posição de repouso,
como pode ser observado na figura 1.3(b). Desta forma a carga estará acionada.
Os citados contatos podem ser associados para atingir uma determinada finalidade, como por
exemplo, fazer com que uma carga seja acionada somente quando dois deles estiverem ligados. As
principais associações entre contatos são descritas a seguir.
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Tabela 1.1 – Associação em série de contatos NA
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Um comentário importante neste ponto é que, via de regra, os circuitos de manobra são
divididos em “comando” e “potência”, possibilitando em primeiro lugar a automação do circuito e em
segundo segurança do operador. Embora não pareça clara esta divisão no presente momento, ela
tornar-se-á comum à medida que o aluno familiariza-se com a disciplina.
Quando se fala em ligar um motor, o primeiro elemento que vem a mente é o de uma chave
para ligá-lo. Só que no caso de comandos elétricos a “chave” que liga os motores é diferente de uma
chave usual, destas que se tem em casa para ligar a luz por exemplo.
A diferença principal está no fato de que ao movimentar a “chave residencial” ela vai para uma
posição e permanece nela, mesmo quando se retira a pressão do dedo. Na “chave industrial” ou
botoeira há o retorno para a posição de repouso através de uma mola, como pode ser observado na
Figura 2.1a. O entendimento deste conceito é fundamental para compreender o porque da existência de
um selo no circuito de comando.
Figura 2.1 – (a) Esquema de uma botoeira – (b) Exemplos de botoeiras comerciais
A botoeira faz parte da classe de componentes denominada “elementos de sinais”. Estes são
dispositivos pilotos e nunca são aplicados no acionamento direto de motores.
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A Figura 2.1a mostra o caso de uma botoeira para comutação de 4 pólos. O contato NA
(Normalmente Aberto) pode ser utilizado como botão LIGA e o NF (Normalmente Fechado) como
botão DESLIGA.
Esta é uma forma elementar de intertravamento. Note que o retorno é feito de forma automática
através de mola.
Existem botoeiras com apenas um contato. Estas últimas podem ser do tipo NA ou NF.
Ao substituir o botão manual por um rolete, tem-se a chave fim de curso, muito utilizada em
circuitos pneumáticos e hidráulicos. Este é muito utilizado na movimentação de cargas, acionado no
esbarro de um caixote, engradado, ou qualquer material sólido.
Outros tipos de elementos de sinais são os Termostatos, Pressostatos, as Chaves de Nível e as
chaves de fim de curso (que podem ser roletes).
Todos estes elementos exercem uma ação de controle discreta, ou seja, liga / desliga, como por
exemplo, se a pressão de um sistema atingir um valor máximo, a ação do Pressostato será o de mover
os contatos desligando o sistema. Caso a pressão atinja novamente um valor mínimo o pressostato irá
atuar re-ligando o mesmo.
Relés
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Figura 2.2 – Diagrama esquemático de um relé
Antigamente a proteção contra corrente de sobrecarga era feita por um elemento separado
denominado de relé térmico. Este elemento é composto por uma junta bimetálica que se dilatava na
presença de uma corrente acima da nominal por um período de tempo longo. Atualmente os disjuntores
englobam esta função.
Disjuntores
A Figura 2.5 mostra o aspecto físico dos disjuntores comerciais de três e quatro pólos.
Conforme dito anteriormente uma sobrecorrente é aquela cujo valor excede o valor nominal de
operação do circuito. Ela pode ser causada por dois fatores:
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A proteção contra sobrecarga é feita através de um elemento bimetálico, como mostra a Figura
14.1. Quando se aumenta a corrente por efeito físico de dissipação da energia (efeito Joule) a junta
bimetálica se deforma abrindo os contatos de passagem da corrente elétrica.
Este elemento pode ser comprado de forma separada, como no caso do relé térmico, ou
modernamente, vem acoplado nos disjuntores, permitindo economia de espaço.
A proteção contra o curto-circuito é feita através de um elemento magnético, que nada mais é
do que uma bobina. A variação brusca da corrente cria um campo magnético que puxa o contato para
baixo, abrindo o contato móvel, como pode ser visualizado na Figura 14.2, de forma esquemática.
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Figura 14.3 – Exemplo da curva de disparo para um disjuntor
Norma Técnica: Indica a norma na qual o disjuntor foi projetado, as principais são NBR5361,
NBR IEC 60898, NBR IEC 60947-2.
Simbologia gráfica
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A) Selo
O contato de selo é sempre ligado em paralelo com o contato de fechamento da botoeira. Sua
finalidade é de manter a corrente circulando pelo contator, mesmo após o operador ter retirado o dedo
da botoeira.
C) Intertravamento
Em algumas manobras, onde existem 2 ou mais contatores, para evitar curtos indesejáveis é
necessário o funcionamento simultâneo de um contator. Utiliza-se assim o intertravamento. Neste caso
os contatos devem ficar antes da alimentação da bobina dos contatores.
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F) Ligamento condicionado
Um contato NA do contator K2, antes do contator K1, significa que K1 pode ser operado
apenas quando K2 estiver fechado. Assim condiciona-se o funcionamento do contator K1 ao contator
K2.
G) Proteção do sistema
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O intertravamento também pode ser feito através de botoeiras. Neste caso, para facilidade de
representação, recomenda-se que uma das botoeiras venha indicada com seus contatos invertidos. Não
se recomenda este tipo de ação em motores com cargas pesadas.
I) Esquema Multifiliar
Neste esquema todos os componentes são representados. Os aparelhos são mostrados de acordo
com sua sequência de instalação, obedecendo a construção física dos mesmos.
Não são indicados nos circuitos os valores da circulação de corrente. A posição dos contatos é
feita com o sistema desligado em repouso (sem tensão).
A disposição dos aparelhos pode ser qualquer uma, com a vantagem de que eles são facilmente
reconhecidos, sendo reunidos por trações de contorno, se necessário.
J) Esquema Funcional
Nesta representação também todos os condutores estão representados, não sendo levada em
conta a posição construtiva e a conexão mecânica entre as partes.
O sistema é subdividido de acordo com os circuitos de correntes existentes. Estes circuitos
devem ser representados sempre que possível, por linhas retas, livres de cruzamentos.
A posição dos contatos é desenhada com o sistema desligado (sem tensão).
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A vantagem consiste no fato de que se torna fácil ler os esquemas e respectivas funções, assim
este tipo de representação é o que será adotado neste curso.
J) Recomendações de tensão
Certas normas recomendam que os circuitos de comando sejam alimentados com tensão
máxima de 220 V, admitindo-se excepcionalmente 500 V no caso de acionamento de motor. Neste
último recomenda-se a existência de apenas 1 contator.
Exercícios gerais
1) Descreva quais e quantos componentes são necessários para manobra de dois motores.
Um deve ter partida direta e o outro, partida com reversão. Descreva qual a função de cada
elemento dentro do circuito.
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4) Desenhe um circuito de comando para acionar um motor de indução trifásico, ligado em 220
V, de forma que o operador tenha que utilizar as duas mãos para realizar o acionamento.
5) Desenhe um circuito de comando para um motor de indução trifásico de forma que o
operador possa realizar o ligamento por dois pontos independentes. Para evitar problemas com
sobrecarga deve-se utilizar um relé térmico.
6) Explique o funcionamento dos circuitos abaixo.
A) e B).
Orientações:
Letra A -Tente observar o que acontece quando se liga K1 primeiro que K2 e vice-versa.
Letra B - K1 pode ser ligado antes de K2? Se sim qual chave desliga K1?
Consegue-se ligar K2 após K1? Qual chave deve ser utilizada para desligar K1 após o
ligamento de K2? O contator K2 pode ser desligado de forma independente?
7) Desenhe o circuito de comando para dois motores de forma que o primeiro pode ser ligado
de forma independente e o segundo pode ser ligado apenas se o primeiro estiver ligado.
8) Desafio: Faça um comando para manobrar dois motores de modo que o primeiro pode ser
ligado de forma independente. O segundo pode ser ligado apenas quando o primeiro for ligado, mas
pode se manter ligado mesmo quando se desliga o primeiro motor.
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Assim como cada elemento em um comando tem o seu símbolo gráfico específico, também a
numeração dos contatos e denominação literal dos mesmos tem um padrão que deve ser seguido.
Neste capítulo serão apresentados alguns detalhes, para maiores informações deve-se consultar
a norma NBR 5280 ou a IEC 113.2.
A numeração dos contatos que representam terminais de força é feita da seguinte maneira:
1, 3 e 5 - Circuito de entrada (linha)
2, 4 e 6 - Circuito de saída (terminal)
Já a numeração dos contatos auxiliares segue o seguinte padrão:
1 e 2 - Contato normalmente fechado (NF), sendo 1 a entrada e 2 a saída
3 e 4 - Contato normalmente aberto (NA), sendo 3 a entrada e 4 a saída
Figura 3.1 – Circuitos de comando e potência para uma partida direta de motores
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Componentes: 1 Disjuntor tripolar (Q1), 1 disjuntor bipolar (Q2), 1 relé térmico (F2), 1
contator (K1), 1 botoeira NF (S0), 01 botoeira NA (S1), 1 Motor trifásico (M1).
Figura 4.1 – Circuitos de comando e potência para uma partida direta de motores com
sinalização.
Componentes: 1 Disjuntor tripolar (Q1), 1 disjuntor bipolar (Q2), 1 relé térmico (F2), 1
contator (K1), 1 botoeira NF (S0), 1 botoeira NA (S1), 1 Motor trifásico (M1), 1 lâmpada verde (H1),
1 lâmpada amarela (H2), 1 lâmpada vermelha (H3).
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Figura 5.1 – Circuitos de comando e potência para uma partida com reversão
Componentes: 1 Disjuntor tripolar (Q1), 1 disjuntor bipolar (Q2), 1 relé térmico (F2), 2
contatores (K1 eK2), 1 botoeira NF (S0), 2 botoeiras NA (S1 e S2), 1 Motor trifásico (M1).
Com relação à simbologia literal, alguns exemplos são apresentados na Tabela 8.1 a seguir.
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Objetivo: Demonstrar uma das importantes estratégias para evitar altos picos de corrente
durante a partida de um motor de indução trifásico.
a) Circuito de potência
b) Circuito de comando
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Material utilizado:
1 Disjuntor tripolar (Q1), 1 disjuntor bipolar (Q2), 3 contatores (K1, K2 e K3), 1 relé térmico
(F1), 1 botoeira (NF), 1 botoeira (NA), 1 relé temporizador (K6).
Objetivo: Conhecer uma das estratégias para segurança em prensas, evitando que o operador
inutilize uma das botoeiras, trabalhando somente com a outra.
a) Circuito de comando
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Exercícios:
Objetivo: Conhecer outra estratégia no comando de prensas, para evitar também que o operador
inutilize uma das botoeiras de comando.
a) Circuito de comando
Cometários:
K1 - Contator de potência, K2 e K3 - Contatores auxiliares
Exercícios:
A) Desenhar e montar o circuito de potência para este comando
B) Explicar com suas palavras o funcionamento do circuito
C) Desenhar e montar a sinalização para este comando
Exercícios complementares
1- Faça o comando para acionar uma resistência de aquecimento, de modo que após o operador
pressionar a botoeira, a resistência permaneça 10 min ligada, desligando após este tempo.
2- Faça o comando para uma partida com reversão de modo que ao pressionar a botoeira para
reverter a velocidade de rotação haja um tempo de 15s para que o motor efetue a reversão.
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