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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Professora: Michelle Mothé


Alunos: Bruna Brito, John Santana, Paulo de Castro.
Disciplina: EQO595 – Tec.Org.Experimental

Relatório de Tec.Org.Experimental:
Síntese de biodiesel e Aplicação do Glicerol
1. Objetivo

Realizar o processo de obtenção de biodiesel através do óleo de milho

refinado por reação de transesterificação, e apresentar uma aplicação para

glicerina (subproduto da reação).

2. Compilação de dados/Levantamento bibliográfico

O biodiesel é um biocombustível, derivado de biomassa renovável para

uso em motores à combustão interna com ignição por compressão ou,

conforme regulamento para geração de outro tipo de energia, que possa

substituir parcial ou totalmente combustível de origem fóssil. Sob ação de um

catalisador, reagem com um álcool de cadeia curta, como o metanol ou etanol,

num tipo de reação orgânica denominada de transesterificação. Existem

diferentes espécies de oleaginosas no Brasil adotadas na produção de

biodiesel, como a mamona, dendê, canola, girassol, amendoim, soja e algodão.

Matérias-primas de origem animal, como o sebo bovino e gordura suína,

também podem ser utilizadas na fabricação do biodiesel. Devido à grande

extensão territorial e a seu clima propício à plantação de sementes

oleaginosas, o Brasil é um país com grande potencial para consumo do

biodiesel. O biodiesel pode ser utilizado como alternativa ao diesel de petróleo

em máquinas de ciclo Diesel, como motores de caminhão, ônibus, tratores e

geradores de energia elétrica.

Apesar dos investimentos desde a década de 1990, somente em 2004

foi criado pelo governo federal o Programa Nacional de Produção e Uso do

Biodiesel (PNPB), que investiu maciçamente em pesquisa e desenvolvimento

desse tipo de combustível, de modo a introduzir esse mesmo na matriz


energética brasileira. Essa medida conciliou com os interesses de latifundiários,

pois gerou os subsídios necessários aos mesmos na produção dos gêneros

necessários ao biodiesel. Além disso, apostou-se como uma alternativa “verde”

ao respectivo derivado de petróleo, que devido ao contexto internacional sofre

grande oscilação de preços, causando insegurança no mercado de

combustíveis. O uso de combustíveis derivados da biomassa tem sido

apontado como uma alternativa técnica capaz de minimizar os problemas

associados às emissões de dióxido de carbono, o efeito estufa. Os

biocombustíveis permitem que se estabeleça um ciclo fechado de carbono, o

que reduz significativamente as emissões de gás carbônico, dentre outros

compostos. Isso é possível, pois o CO2 liberado durante a combustão do

biocombustível é absorvido pela planta que é utilizada como matéria-prima,

durante sua fase de crescimento.

A mistura de biodiesel ao diesel de petróleo se tornou legalmente

obrigatória em todo território nacional a partir de 2008, na proporção de 2%,

ampliado para 5% em 2010.

Em 2011, a produção de biodiesel passou de 2,5 bilhões de litros,

tornando o Brasil o segundo maior produtor mundial, atrás apenas da

Alemanha e dados de 2017 mostram que a produção foi de 4,5 bilhões de

litros.

O biodiesel é facilmente produzido e armazenado. Devido ao pequeno

risco de explosão, é facilmente transportado. Além disso, no processo da

transesterificação resulta como subproduto a glicerina, sendo seu

aproveitamento outro aspecto importante na viabilização do processo da

produção do biodiesel, fazendo com que ele se torne relativamente competitivo


no mercado de combustíveis. Por outro lado, a glicerina pode ser utilizada na

indústria de cosméticos na forma de sabonetes, cremes, xampus, hidratantes e

produtos de limpeza, dentre outros.

Depois de extrair o óleo das plantas oleaginosas, sobra à fração

protéica, uma espécie de “bagaço” (detrito sólido). Este material não precisa

ser descartado, podendo ser utilizado como alimento, ração animal, adubo

orgânico na agricultura ou como combustível para caldeiras em vários tipos de

indústrias.

3. Processos existentes e escolha de tecnologia limpa

A produção em escala industrial de biodiesel é complexa e pode ser

dividida nas seguintes etapas:

 Preparação da matéria-prima (fonte de triglicerídeo e alcoólica).


 Preparação de catalisador.
 Processo reacional.
 Separação de fases.
 Recuperação do álcool.
 Lavagem do biodiesel.
 Secagem do biodiesel.
 Purificação da glicerina.

O diagrama de blocos abaixo sintetiza o processo de forma simplificada:


Figura 1: Diagrama de blocos para produção de biodiesel em rota etílica.

Figura 2: Fluxograma de obtenção de biodiesel.

Preparação da matéria-prima

Nessa etapa ocorre o tratamento do triglicerídeo adotado, seja a gordura

animal ou o óleo vegetal, sendo esse último mais usual. Será descrito o

processo de refino desse último.

O óleo bruto sofre um condicionamento, de modo a remover ácidos

graxos livres e fosfolipídeos não hidratáveis. O óleo bruto é misturado ao ácido

fosfórico em um reator encamisado à 90°C. Após o tempo de residência, a

mistura é escoada a um tanque de mistura com soda cáustica e posteriormente

centrifugada, removendo os sabões formados como resíduo de fundo. O óleo

obtido na lavagem é submetido ao secador tipo “flash drier”.

A matéria-prima alcoólica para a reação de transesterificação pode ser o

metanol ou etanol. Cada rota alcoólica apresenta vantagens e desvantagens e


a seleção é condicionada em função disso. A rota metílica apresenta como

vantagens o baixo consumo de álcool (até 45% inferior em relação ao etanol

anidro), menor custo, maior reatividade (para mesma conversão, o tempo

reacional é inferior ao do etanol em 50%) e menor custo de separação (a

menor cadeia carbônica facilita a separação entre biodiesel e glicerina. Além

disso, o volume dos equipamentos necessários é cerca de 25% dos adotados

na rota etílica. Por outro lado, o metanol é altamente tóxico, inflamável,

produzido a partir de um combustível fóssil, o gás natural e seu transporte é

controlado pela Polícia Federal, o que envolve maiores custos com segurança

e documentação. O etanol é menos tóxico e inflamável, tem produção industrial

consolidada no Brasil e gera biodiesel com maior índice de cetano e

lubricidade, quando comparado com o processo metílico. Por outro lado, o

custo produtivo é quase o dobro da rota metílica, decorrente sobretudo nos

processos de separação. O etanol forma azeótropo com água e os ésteres

etílicos possuem maior afinidade com a glicerina, fatores que dificultam a

separação do biodiesel da glicerina e da recuperação do etanol.

Preparação de catalisador

São diversos catalisadores passíveis de serem utilizados, podendo ser

divididos conforme a solubilidade na mistura reacional, em catálise homogênea

e heterogênea.

Os catalisadores homogêneos adotados podem ser divididos em

alcalinos ou ácidos, sendo usualmente adotados os alcalinos de hidróxido de

sódio ou potássio. Seu uso deve-se em grande parte da velocidade reacional

superar em oito vezes da catálise ácida, possuírem baixo custo, não serem

corrosivos aos tanques e tubulações (como os ácidos) e requererem uma


massa muito pequena (1.0% da massa de óleo). Por outro lado, se o óleo tiver

elevada acidez, podem-se formar sabões, o que dificulta a separação da

glicerina.

Processo reacional, separação e tratamento

Em escala industrial adotam-se reatores contínuos do tipo mistura

(conhecidos como CSTR) em série, de modo a elevar a conversão reacional. O

reator é encamisado, de modo a manter a temperatura a 60°C e o tempo de

residência é de cerca de uma hora, com conversão de 93 à 98% quando

adotado o metanol. A agitação é um fator crítico nesse processo, pois há

formação de duas fases durante a reação. Deve ser elevada, de modo a

manter elevadas as taxas de transferência de massa.

A separação das fases de biodiesel e glicerina ocorrem em centrífugas,

que apesar de serem mais caras, são mais eficientes e rápidas, quando

comparados ao processo de decantação.

O biodiesel deve sofrer um processo de lavagem, de modo a remover os

sabões presentes e possíveis substâncias de caráter polar. Posteriormente, o

biodiesel deve sofrer um processo de secagem, de modo a remover a água

decorrente do processo anterior.

A glicerina é um subproduto que pode ser aproveitado na indústria

farmacêutica, tintas, adesivos e de produtos de limpeza. Segundo Ferres et al.,

o custo de produção de biodiesel é de U$$ 394,78 por tonelada e considerando

o custo da glicerina em U$$ 1000,00 por tonelada e que o processo gere 15%

de glicerina, estima-se que o custo caia para U$$ 316,99 por tonelada, caso a

venda seja total.


Esse subproduto deve ser tratado para comercialização, removendo-se

o excesso de álcool dissolvido e sabões. O tratamento mais adotado é a

destilação, que é eficiente no processo de separação, mas envolve custo

energético para prover o aquecimento.

Especificação do Biodiesel

A resolução número 42 da ANP (agência nacional do petróleo)

estabelece a especificação do biodiesel puro para adição ao óleo diesel

comercializado por agentes autorizados em território nacional. As

especificações do biodiesel são:

 Aspecto: Deve ser límpido e isento de precipitados.


 Densidade
 Viscosidade cinemática: Utilizada como parâmetro para os sistemas de
injeção e bombeamento, indicando também degradação do diesel.
 Ponto de fulgor: Mede a temperatura em que seus vapores geram
chama espontaneamente no ar. Parâmetro adotado para condição de
transporte e estocagem, além de determinar indiretamente a presença
de álcool no diesel.
 Acidez: Deve ser baixa, de modo a evitar corrosão.
 Cinzas: Indica o teor de resíduos minerais, que podem causar danos ao
motor.
 Enxofre: Pode indicar contaminação de processo.Deve ser minimizado,
de modo a reduzir as emissões dos óxidos de enxofre.
 Número de Cetanos: Mede a qualidade da ignição do biodiesel. Baixos
índices indicam ignição mais pobre, podendo formar depósitos e
desgastar os pistões, além de requerer maior consumo de combustível.

4. Processos mais limpos

O biodiesel é um combustível mais “limpo” do que os de origem fóssil,

por decorrer de biomassa sendo, portanto, um produto renovável.

Porém, a rota usual adotada na indústria é a metílica. O metanol é um


produto obtido do gás natural, um combustível fóssil, o que torna o

processo menos ecologicamente “correto” do que deveria. O etanol pode

ser obtido de biomassa mais facilmente, mas por outro lado, o

rendimento reacional é baixo, requer maior gasto com energia e

equipamentos. Além disso, gera-se um excesso de glicerol, que nem

sempre consegue ser comercializado e requer tratamento prévio para

aproveitamento.

Rotas mais “limpas” envolvem o uso de enzimas para as reações de

transesterificação (lipases), substituindo o metanol pelo etanol, gerando

um biodiesel de maior qualidade e com maior aproveitamento de

biomassa. Além disso, a rota enzimática requer condições menos

drásticas, não requerendo condições de aquecimento até 60°C, como no

processo usual. A temperatura de reação adotada deve ser de 27°C,

com tempo reacional de 15 minutos.

O processo consiste no uso de dois reatores. O reagente alcoólico, óleo

e solvente inerte são misturados com biodiesel reciclado e é escoado ao

primeiro reator, que pode ser de leito empacotado ou contínuo de

mistura (CSTR). A saída do reator é conectada a um evaporador, onde a

parcela não reativa de álcool e o solvente são removidos. O óleo

residual que não reagiu, biodiesel e glicerol são então separados em

duas camadas líquidas. Assim como no processo usual, a camada mais

leve é o biodiesel cru e a inferior é o glicerol cru com traços de etanol e

solvente. O biodiesel é misturado com o álcool recuperado e solvente e

é destinado ao segundo reator, onde se forma novamente duas fases, o

biodiesel e a mistura de glicerol, solvente e álcool que não reagiu. O


biodiesel nesse processo não requer tratamento, como ocorre no

processo usual. A centrifugação é suficiente para separar as duas fases

e com o biodiesel pronto para consumo. O glicerol ainda deve sofrer

tratamento, de modo a separar o solvente e o componente alcoólico. Se

desejável enquadrar a glicerina para uso farmacêutico, esta pode ser

tratada em carvão ativado, descolorindo a mesma. O fluxograma do

processo é indica

Figura 3: Processo de transesterificação enzimática para síntese de biodiesel.

5. Reações químicas

A reação do óleo com o álcool é de transesterificação e pode ser

expressa de forma simplificada:


1 mol de óleo + 3 moles de Álcool ↔ 3 moles de Éster + 1 mol de Glicerol

Usualmente adota-se o excesso de álcool, de modo a deslocar o

equilíbrio da reação para formação do biodiesel (éster). Nos processos

industriais adota-se a proporção de 6 moles de álcool para 1 de óleo.

Por outro lado, o excesso de álcool gerado deve ser removido ao final do

processo. Na figura 3 está expressa a reação completa e na figura 4 o possível

mecanismo reacional:

Figura 4: Reação completa de síntese do biodiesel (transesterificação).

Figura 5: Mecanismo reacional de síntese do biodiesel (transesterificação).


6. Desenho da aparelhagem (Materiais, métodos e procedimentos

experimentais)

Óleo de milho Bastão de vidro


Hidróxido de sódio em pérolas Pipeta de 25 mL
Metanol PA Balão volumétrico de 100 mL
Ácido sulfúrico Placa de agitação e aquecimento
Água oxigenada 40 volumes Barra magnética
Detergente Termômetro
Fita indicadora de pH Papel alumínio
Proveta de 25, 50 e 100 mL Garrafa plástica
Bécher de 100, 250 e 500 mL Recipiente metálico
Funil de separação Pedaço de tecido de algodão

5.1 Procedimento experimental

5.1.1 – Síntese do biodiesel

Mediu-se em proveta 100 mL de óleo de milho. Transferiu-se o conteúdo


para um bécher de 500 mL.

Figura 6: Matéria-prima
Pesou-se 1,085g de hidróxido de sódio num bécher, adicionou-se a este
20 mL de metanol, medido em proveta. Misturou-se até obter a completa
dissolução.

Figura 7 - Reagentes usados na prática

Com o auxílio da placa de aquecimento e agitação, aqueceu-se o óleo


até a temperatura de 60°C. Ao atingir esta temperatura, adicionou-se a solução
de hidróxido de sódio em metanol. Manteve-se a mistura à 60°C por uma hora
sob agitação, acompanhando a temperatura por um termômetro acoplado ao
sistema. Para evitar a evaporação do metanol, o bécher foi envolto por papel
alumínio.

Figura 8 - Desenho esquemático da aparelhagem de bancada


Figura 9 - Fotos da reação na aula prática

Após terminado o tempo de reação, transferiu-se o conteúdo de bécher


para um funil de separação. A mistura foi deixada em repouso até a prática
seguinte.

Figura 10 - Mistura após a reação


Uma semana depois, as fases tinham se separado bem, mediu-se o pH
com fita indicadora das duas fases. Separaram-se as fases, pesou-se o
conteúdo delas e mediu-se o volume de cada uma.

5.1.2 - Neutralização do biodiesel

Como o pH encontrado no biodiesel estava básico, preparou-se uma


solução 50% em volume de ácido sulfúrico. Mediu-se com pipeta 50 mL de
ácido sulfúrico e adicionou-se lentamente ao balão volumétrico, que continha
previamente aproximadamente 25mL de água. Avolumou-se o balão para 100
mL e homogeneizou-se.

Adicionou-se lentamente gota a gota a solução ácida ao biodiesel


sintetizado, misturando bem e leu-se o pH. Ao atingir o pH 7, parou-se a
adição. O biodiesel neutralizado foi transferido para uma garrafa plástica.

5.1.3 – Análise do biodiesel

Analisou-se o biodiesel utilizando as técnicas de análise térmica:


termogravimetria (TG) ,termogravimetria derivada (DTG) e análise térmica
diferencial (DTA). Utilizou-se uma razão de aquecimento de 10°C/min de 25°C
até 500°C e como atmosfera gasosa N2.

5.1.4 - Aplicação da glicerina

A glicerina obtida na síntese do biodiesel o grupo decidiu usar para


obtenção de mistura alvejante para roupas. Por isso, adicionou-se 40mL da
glicerina, 10 mL de detergente, 10mL de água oxigenada e 40 mL de água em
uma garrafa plástica. Agitou-se até obter uma mistura homogênea.

5.1.5 – Teste da mistura alvejante

Num recipiente metálico adicionou-se cerca de 50 mL da mistura


alvejante a um pano de algodão manchado de café. Esperou-se agir por 20
min, em seguida lavou-o em água corrente. Por fim, observou-se o aspecto do
pano.

5.2 – Resultados e discussão

5.2.1 - Síntese do biodiesel

No final da separação de fases, acredita-se que, pela coloração e

densidade, ao fundo obteve-se a glicerina e, na fase menos densa, o biodiesel

(figura 3):

Figura 11 - Separação das fases

Depois da pesagem, medida de volume e do pH, obtiveram-se os

seguintes resultados:
Parâmetro Biodiesel Glicerol
Massa (g) 28,951 69,858
Volume (mL) 33,0 60,0
Densidade (g/mL) 0,88 1,16
pH 10 10

Apesar dos produtos não estarem puros, os valores de densidade são

próximos ao da literatura, que para o biodiesel de óleo de milho é de 0,88 g/mL

e do glicerol é de 1,26 g/mL.

7. Balanço de Massa

MM óleo = 878 g/mol MM metanol = 32 g/mol

MM biodiesel = 294gmol MM glicerina = 92 gmol

Massa = Volume / densidade

ρóleo = 0,88 g/mLρmetanol = 0,79 g/mL

Óleo de milho+ 3 Metanol→3 biodiesel + glicerol

872 g ------- 96 g ------- 878 g ---- 92

88 g ------- 31,6 g ------ 3xMbiodiesel

Mbiodiesel= 29,54 g

Rendimento = (28,951x100) / 29,54 Rendimento = 98%


8. Caracterização do produto obtido

Existem diversas técnicas para caracterização do biodiesel, dentre as

mais consagradas são a cromatografia gasosa com analisador de

espectrômetro de massas e a análise térmica. Ambas são técnicas analíticas

de alta precisão (sobretudo a primeira) e de alto custo de implementação

(sobretudo a primeira, cujos equipamentos podem chegar a R$ 1.000.000,00).

A primeira é uma análise baseada na diferença de afinidade de cada composto

com a coluna. A segunda é uma análise baseada na temperatura de

volatilização/decomposição de cada componente da amostra. A cromatografia

é mais sensível e precisa, mas é mais custosa, requer maiores cuidados

quanto ao manuseio da coluna, pureza do gás de arraste e com a composição

da amostra, o que requer muitas vezes um pré-tratamento. A análise térmica é

uma técnica que não requer pré-tratamento da amostra e os cuidados

operacionais e de manutenção são menores em comparação à cromatografia.

Sofre menor interferência à ação de ruídos e o custo de implementação,

operação e manutenção é menor. Devido à essas vantagens, a técnica de

análise térmica é adotada para caracterização do biodiesel. No conjunto de

análises tem-se a análise termogravimétrica e a calorimetria diferencial. Ambas

as técnicas envolvem transformações da amostra sob ação do calor.

O equipamento é composto, sobretudo de uma balança, um sistema de

aquecimento e um sistema de purga. A amostra é colocada em um cadinho de

material que não sofra fusão nas temperaturas trabalhadas, usualmente

próximas a 900°C, e que seja inerte, ou seja, que não reaja com a amostra.

Usualmente os cadinhos são de alumina, tungstênio e de platina. Na balança, a

amostra tem a massa medida e registrada continuamente. Dessa forma, sob


ação do aquecimento a amostra sofre redução da massa, em virtude de

volatilização da amostra ou de decomposição térmica. Com isso, ocorre o

registro dessa variação de massa, expressa pela curva TGA e da taxa de

variação de massa, expressa pela curva DTG.

A atmosfera que circunda a amostra pode ser controlada, possibilitando

trabalhar com atmosfera estática ou dinâmica, em pressão ambiente, superior

ou em vácuo. Os gases adotados podem ser oxidantes ou inertes, dependendo

do tipo de análise a ser realizada. No caso da análise do biodiesel de milho, o

gás adotado é o N2, que é inerte. Esse gás possui a função de remover os

voláteis do meio. Algumas análises podem ser melhoradas com o uso de

equipamentos acoplados, como o espectrômetro de massa, que permitiria uma

análise detalhada do gás liberado. Esse acoplamento é particularmente útil em

amostras complexas ou com pouca liberação de gás.

A Termogravimetria Derivada (DTG) é a derivada primeira da curva

termogravimétrica, ou seja, a derivada da variação de massa em relação ao

tempo ou temperatura. A curva DTG apresenta as informações de uma forma

mais visualmente acessível, mostrando com mais clareza os pontos inicial e

final do processo, sendo a área diretamente proporcional à variação de massa,

levando à pronta determinação da temperatura do pico e indicando as

temperaturas inicial e final do processo

A análise térmica diferencial (DTA) é uma análise que compara a

evolução da temperatura em uma amostra e a evolução no cadinho. Permite

determinar dessa forma se a transformação é exotérmica ou endotérmica.


Ao se aquecer a amostra o seu calor específico varia muito, ao mudar de

estado se altera bruscamente, também ocorrem processos físicos e químicos,

como fusão e decomposição, nos quais há variações de entalpia, como por

exemplo: calor latente de fusão, calor de reação, e outros. Se uma reação

endotérmica acontece no interior da amostra, a temperatura da amostra,

comparada com a temperatura da referência, produz uma diferença de

temperatura e por analogia, uma diferença oposta de temperaturas aparece

como efeitos exotérmicos.

A curva DTG e TG obtida na prática da disciplina está expressa na figura

11 e seu perfil foi comparado com a da literatura. Deve-se ressaltar que a

amostra da literatura foi o biodiesel de milho obtido por rota metílica, o gás de

arraste e a razão de aquecimento foram os mesmos. A quantificação não foi

obtida, mas poderia ter sido avaliado pelo próprio software de aquisição de

dados na curva TG (cor verde), na faixa de temperatura entre 180ºC até 240ºC.

Uma análise pouco precisa da curva indicaria uma perda de massa de 95%

nessa faixa de temperatura. Observou-se uma ligeira perda de massa numa

faixa abaixo de 120ºC, indicando possível volatilização de metanol ainda

presente na amostra. O fato de não ter sido realizada uma lavagem do

biodiesel, conforme ocorre em processos industriais pode explicar a perda de

massa nessa faixa de temperatura.


Sample: Biodiesel EQN Grupo3 18.1_13041 File: C:...\Biodiesel EQN Grupo3 18.1_130418
Size: 6.0120 mg DSC-TGA Operator: Profa. Cheila/Bia
Run Date: 13-Apr-2018 07:58
Comment: N2, 10°C/min até 500°C - Platina - 6mg Instrument: SDT Q600 V20.9 Build 20
2.5
100

0.14 2.0
80

Temperature Difference (°C/mg)

Deriv. Weight (%/°C)


0.12 1.5
60
Weight (%)

40 0.10 1.0

20 0.5
0.08

0 0.0
0 100 200 300 400 500
Exo Up Temperature (°C) Universal V4.7A TA Instruments

Figura 12: Curva TG, DTG e DTA da amostra de biodiesel obtido por rotametílica prática da

disciplina de Tecnologia Orgânica Experimental – EQN.

Figura 13: Curva TG, DTG e DTA da amostra de biodiesel obtido por rota metílica da literatura.
Como se pode observar na comparação do perfil TG e DTG entre o

biodiesel obtido na prática e do obtido na literatura, conclui-se que o processo

foi bem-sucedido na obtenção desse combustível. Não se pode determinar que

o processo tivesse gerado biodiesel comercializável, de forma que deveria ser

especificada quanto ao índice de cetanos, viscosidade cinemática, índice de

iodo, índice de saponificação e entre outros ensaios determinados pela

Resolução Nº42 da ANP

6.1 – Ação Alvejante

A mistura alvejante obtida tinha coloração branca, como pode ser

observado pela figura 1:

Figura 14 - Mistura alvejante

O pano que usamos para testar a mistura estava completamente sujo de

café, porém ao passar do tempo de ação da mistura alvejante já era possível

observar a remoção da mancha. Após 20 min de ação e lavagem sob água


corrente, pode-se observar a completa remoção da mancha, como é visto na

figura abaixo que está em ordem cronológica:

Figura 15 - Remoção da mancha pela mistura alvejante

9. Cálculos econômicos ou avaliação de custo

Para saber se o processo de obtenção de biodiesel por óleo de milho

refinado é viável ou não, no ponto de vista econômico, tem-se que saber os

custos envolvidos na sua produção.

O custo de 900 mL de óleo de milho gira em torno de R$4,85 de acordo

com o Valor Econômico de 2018, o Metanol custa cerca de R$ 14,10 por litro

(preço promocional na Hexis científica, mas normalmente ele custa R$21,15).

O Hidróxido de sódio pode ser encontrado a R$67,40 por kilograma.

O valor de mercado do biodiesel foi avaliado de acordo com o 59° leilão (

que atende o abastecimento de março a abril) foi de R$ 2,590 por litro, sem a

margem da Petrobras. O volume de “biodiesel” total observado foi de 33mL,

mas ao fazer a análise térmica, determinou-se que apenas 95% desse total é

de fato biodiesel, ou seja, nessa batelada produziu-se cerca de 31,35 mL de

biodiesel.
A tabela a seguir mostra os cálculos econômicos:

Componente Preço por kg ou L (R$) Utilizado (g ou mL) Custo (R$)


Óleo de Milho 5,39 100 0,539
Metanol 14,10 20 0,282
NaOH 67,40 1,085 0,0731
Biodiesel 2,59 31,25 0,081

Gasto com MP 0,894


Retorno com Produto 0,081
Balanço -0,813
Tabela com o balanço

Pelo balanço pode-se concluir que o processo não é viável

economicamente, basicamente pelo custo das matérias primas, sobretudo do

preço do óleo refinado de milho. Como alternativa, pode-se procurar outro óleo

mais barato, com o intuito de gerar biodiesel com alta pureza usando as

mesmas condições de processo.

10. Aplicações do biodiesel e glicerina

A principal aplicação do biodiesel é como combustível automobilístico,

sendo também aplicado como óleo lubrificante para limpeza de peças e

máquinas; como solvente de tintas, ou até mesmo no funcionamento de fornos

de aquecedores e lanternas.

O principal subproduto na produção de biodiesel é a glicerina que possui

algumas aplicações importantes na indústria de cosméticos como sabonetes,

cremes, produtos de limpezas, além de servir na fabricação de tintas, vernizes,

resinas e lubrificantes.
Além disso, a torta (detrito sólido que se forma depois de extrair o óleo

das plantas oleaginosas) pode ser usada como adubo para agricultura, ração

para animais ou até mesmo como combustível para caldeiras.

11. Perspectivas industriais

Em 2008, por lei, todo diesel vendido tinha que vir com 2% de

biodiesel, esse percentual foi aumentando até que chegou a 7% em 2016.

Na ocasião o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), definiu um

aumento para 8% para o ano passado, e nesse ano, desde o dia primeiro

de março, um percentual de 10%. O Ministério de Minas e Energia (MME)

tem a expectativa que a demanda por biodiesel cresça em um bilhão de

litros nesse ano e espera um consumo total de 5,3 bilhões de litros. A

escolha do mês de março coincide com o início da safra de soja, que é a

principal matéria-prima para produção de biodiesel. Além disso, fatalmente,

ocorrerá diminuição da importação de óleo diesel, e agregará valor

agroindústria do biodiesel.

No dia 01/02/2018, a União Brasileira do Biodiesel e Querosene

(UBRABIO) fez um evento na FGV onde se debateu o programa RenovaBio

que tem o objetivo de aumentar o uso de biocombustíveis no país para reduzir

a emissão de gases poluentes na atmosfera, e a criação de metas nacionais de

redução das emissões. Um dos principais objetivos desse programa é

aumentar a produção de biodiesel tendo como matéria-prima o óleo de fritura

usado:
Além disso, fez-se uma estimativa no número de usinas e refinarias para

produção de biodiesel até 2030:


12. Referências bibliográficas

 www.brasil.gov.br/infraestrutura/biodiesel – Acessado em 15/04/2018 às


18:05
 Innocentini, Murilo Daniel de Mello – O processo de produção industrial
do biodiesel, UNAERP – Sétima jornada Científica, UFSCar, 2007.
 Krause, Laíza C – Desenvolvimento do processo de produção de
biodiesel de origem animal – Tese de doutorado, UFRGS, 2008.
 Dantas, Manuel Barbosa – Obtenção, caracterização e estudo
termoanalítico de biodiesel de milho – Dissertação de mestrado, UFPB,
2006.
 Bela, R.V; Resende, M.C; Análise do processo de produção de biodiesel
a partir de linhaça e proposta de projeto industrial – Trabalho de
Conclusão de Curso em Engenharia Química, PUC-RJ, 2015.
 Aranda, D.G – O desenvolvimento do biodiesel – UFRJ, 2011
 Concenição, M. M.; Estudo termoanalítico e cinético do milho e
derivados. João Pessoa, Programa de Pós-Graduação em Química,
UFPB, 2000. Dissertação de mestrado
 Agrawal, R. K. & Das, L. M.; Journal of Engineering for Gas Turbines and
Power – T.ASME, 132 (2): 440 – 447, 2001
 Zhao, X., Qi,F, Yuan, C., Du, W., Liu, D., - Lipase-catalyzed process for
biodiesel production: Enzyme immobilization, process simulation and
optimization – Beijing, China. Revista Science Direct, 2014
 https://www.renewableenergyworld.com/articles/2013/07/enzymatic-
process-for-biodiesel-and-biobased-material-production.html - Acessado
em 16/04/2018 às 18:58.

13. Componentes do grupo de trabalho e assinatura

Bruna Luiza Brito _______________________________________________

John Cláudio Barros de Santana __________________________________

Paulo Roberto Vieira de Castro ___________________________________

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