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OUTROS MUNICÍPIOS
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2 REVISTA OBSERVATÓRIO
EDITORIAL

Observatório Social das Relações de Consumo

A Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor, na sua histórica luta pela prevenção e


reparação de danos aos consumidores, ao imple-mentar de forma pioneira em nosso país o
Projeto “Observatório Social das Relações de Consumo” nos municípios do Estado de São Paulo,
não apenas atende às diretrizes da Política Nacional e Estadual das Relações de Consumo e
cumpre atribuições constitucionais e legais, mas, essencialmente, oferece condições para que a
sociedade possa efetivamente exercer a cidadania frente às relações de consumo.
Não restam dúvidas que a implementação de políticas públicas desta natureza constitui um
pressuposto da moderna democracia e facilita a participação do cidadão na estrutura política e
técnica da defesa do consumidor, principalmente pelo fato de serem voltadas para grupos
vulneráveis da população.
As primeiras experiências feitas com a implementação do projeto piloto no município de Franca–
SP, que embasaram este trabalho, já demonstraram que a interação entre sociedade e órgãos
públicos é o melhor caminho para garantir a tutela dos interesses e direitos dos consumidores.
Pretendemos, com a publicação desta revista, incentivar os órgãos municipais de defesa do
consumidor do Estado de São Paulo, bem como todos os atores sociais interessados, a
implementar o projeto Observatório Social das Relações de Consumo, contribuindo ainda mais
para a efetividade do sistema estadual de monitoramento e acompanhamento das relações de
consumo.
Desta forma, considerando o fiel e fundamental compromisso da Fundação Procon-SP com a
cidadania, acreditamos que a elaboração desta revista sintetize a importância desta atividade e
os resultados alcançados pelos parceiros engajados no projeto piloto.
Trata-se de uma ferramenta de apresentação do projeto, um material de referência informativo,
no intuito de permitir uma melhor compreensão do projeto e subsidiar a definição de ações de
prevenção e reparação de danos aos consumidores.

Robson Santos Campos


Diretor de Relações Institucionais
da Fundação Procon-SP
e coordenador do projeto
Observatório Social das Relações de Consumo

REVISTA OBSERVATÓRIO 3
SUMÁRIO CRÉDITOS
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
03 - Editorial Governador
Cláudio Lembo
05 - Mensagem da Secretária da Justiça e
SECRETARIA DA JUSTIÇA
da Defesa da Cidadania E DA DEFESA DA CIDADANIA

Secretária
06 - Mensagem dos ex-secretários Eunice Aparecida de Jesus Prudente

Secretária-adjunta
Evane Kramer
07 - Conselho dos direitos difusos

08 - Mensagem da diretora-executiva da Conselho Procon-SP


William César La Torre, Lindalva Rufina De Lima, Alberto José
Fundação de Proteção e Defesa do Macedo Filho, Luiz Orlando De Barros Segala, Margaret Cruz,
Lúcio Mauro Da Cruz Tunice, Fernando Dias Menezes De
Consumidor (Procon – SP) Almeida, Antonio Carlos Santa Izabel, Marcelo Gomes Sodré,
Anselmo Prieto Alvarez, Antonio Sabóia Barros Jr., Cornélia
Nogueira Porto, Silmara Juny De Abreu Chinelato, Ronaldo
09 - Projeto social: postura pró-ativa Porto Macedo, Rosana Piccoli Dos Santos e Maria Augusta
Pontes Cardoso

10 - Modelo de projeto social Diretora-executiva


Marli Sampaio
11 - Procon-SP cria projeto social inovador Jornalista Responsável
Valter Santos
12 - Franca: projeto inédito no Brasil Redação
Denise de Paiva e Vanessa Fonseca
13 - Primeiro curso em 2002 Memória
Mariana Dias, Marcelo Florêncio e Tatiana Ramos
14 - Primeiro projeto com as comunidades
Colaboração
Angelo Turato, Caroline Wolter, Flávia Gadini,
15 - Experiência contribui Fernanda Baptista,George Erwin Oliveira, Leonardo
Tote e Regina Lunardelli
no desenvolvimento profissional
Coordenação geral
Robson Campos
16 - Piloto de Franca é modelo a ser
copiado Produção e impressão
Gráfica Serrano

19 - Evolução das relações de consumo JUNHO


2006
21 - Universitários auxiliam no resgate REVISTA DO PROCON-SP
da cidadania imprensaprocon@procon.sp.gov.br

24 - Empresa Júnior de Assessoria Jurídica


e comentário do diretor do DPDC

25- Fórum mostra crescimento do projeto

27 - Carta de Princípios

4 REVISTA OBSERVATÓRIO
OPINIÃO DA SECRETÁRIA

Observatório Social das Relações de Consumo:


Política de integração

Com o advento da Constituição Federal de 1998 e do Código de Defesa do Consumidor, em


vigor há 15 anos, cada vez mais se faz necessário que o Poder Público tenha iniciativas que
permitam maior participação da sociedade na elaboração das políticas públicas voltadas à
proteção e defesa do cidadão frente às relações de consumo.
A política estadual conduzida pelo Procon-SP mais uma vez inova e se consolida ao implementar
o projeto Observatório Social das Relações de Consumo, pautado numa política de integração,
não só dos órgãos
A política estadual conduzida pelo Procon-SP municipais de defesa
mais uma vez inova e se consolida ao do consumidor, mas
implementar o projeto Observatório Social das também com
Relações de Consumo Ministério Público
Estadual, instituições
de ensino, sociedade civil organizada e, principalmente, as camadas menos privilegiadas da
população, com adoção de medidas de prevenção e reparação de danos.
Solidificado num forte trabalho de conscientização e divulgação de direitos, o projeto, além de
contribuir para a efetivação do sistema estadual de defesa do consumidor, visa a provocar
mudanças no comportamento dos fornecedores e consumidores, em busca da harmonização
das relações de consumo, de forma a melhorar a qualidade de vida da população.

Eunice de Jesus Prudente


Secretária da Justiça e da Defesa da Cidadania

REVISTA OBSERVATÓRIO 5
OPINIÃO DOS EX-SECRETÁRIOS

Tendência da política pública das relações de consumo

Entre os projetos que a fundação Procon-SP desenvolve, um dos mais importantes, que sinaliza
o futuro, é exatamente o Observatório Social das Relações de Consumo.
Uma sinergia, uma parceria, um intercâmbio, uma ação conjunta fundamental com as
universidades, acadêmicos, pesquisadores e principais centros de produção de conhecimento
do nosso Estado, apontando exatamente a tendência da política pública das relações de consumo.

Hédio Silva Jr.

Concretização das Relações de Consumo

Nas últimas décadas, com o crescimento e o desenvolvimento do mercado interno, os


consumidores se viram inseridos em um mundo repleto de particularidades, leis, regras e
questionamentos. Com isso, a simples compra de um produto no supermercado ou a aquisição
da casa própria podem se transformar em enigmas de difícil solução.
O projeto tem o objetivo de mapear comunidades carentes, encontrar lideranças, capacitá-las
nos assuntos referentes às relações de consumo e cidadania e, finalmente, criar um modelo de
autogestão. Assim, cada turma de agentes formados pela capacitação inicial poderá dar seqüência
ao processo de educação da comunidade, propagando os fundamentos das políticas públicas
das relações de consumo.

Alexandre de Moraes

6 REVISTA OBSERVATÓRIO
CONSELHO

Conselho de direitos difusos


O Fundo de Defesa de Direitos Difusos Afinal, trata-se de projeto piloto que abrange
(FDD), criado pela Lei nº 7.347, de 24 de julho uma modernização na implementação de
de 1985, tem por finalidade a reparação dos políticas públicas das relações de consumo
danos causados ao meio ambiente, efetivamente construídas com a participação da
consumidor, bens e direitos de valor artístico, sociedade civil e, principalmente, de
estético, histórico, turístico, paisagístico, por universitários e lideranças comunitárias, que
infração à ordem econômica e a outros servirá como referência para implementação
interesses difusos e coletivos. em outros municípios, não somente Estado de
Cabe esclarecer que direitos difusos são São Paulo, mas em todo o Brasil.
todos aqueles direitos que não podem ser Assim, o referido projeto tornou-se realidade
atribuídos a um grupo específico de pessoas, graças à parceria entre a União e o Estado de
pois dizem respeito a toda a sociedade. Assim, São Paulo (por meio dos recursos
por exemplo, os direitos ligados à área do meio orçamentários do Fundo de Defesa de Direitos
ambiente têm reflexos sobre toda a população, Difusos - FDD cedidos) e de diversas
pois se ocorrer qualquer dano ou mesmo um Instituições partícipes, que, atuando em rede,
benefício ao meio ambiente, este afetará, direta contribuíram para realização dos objetivos.
ou indiretamente, a qualidade de vida de toda a A publicação, analogamente ao projeto,
população. O mesmo ocorre com os direitos também destina-se a servir como referência
do consumidor (pois potencialmente todos para implementação, em outros municípios, do
somos consumidores), com os direitos ligados observatório social das relações de consumo,
à preservação do patrimônio histórico-cultural implementado, no período de junho de 2004 a
e com os bens e direitos de valor artístico, maio de 2005 nos Municípios de São Paulo e
estético, histórico, turístico, paisagístico, por Franca.
infração à ordem econômica etc. Por fim, agradecemos a valiosa colaboração
Nesse contexto é que se insere o projeto em prestada pela Fundação Procon-SP quanto à
tela, que visa não somente à divulgação das iniciativa do referido projeto, que tanto contribuiu
relações de consumo, mas também o para o avanço e a disseminação do
envolvimento e a conscientização da população conhecimento e da conscientização da
sobre seus direitos de consumidor, com a população do Estado de São Paulo acerca das
realização de atividades de cunho educativo, relações de consumo e dos direitos do
elaboração de material informativo e prestação consumidor.
de serviços de atendimento à população, Marcelo Takeyama
possibilitando a ação na prevenção e reparação presidente do CFDD
dos danos causados aos consumidores, tendo Nelson Campos
como foco principal o exercício da cidadania. secretário-executivo

REVISTA OBSERVATÓRIO 7
OPINIÃO DA DIRETORA -EXECUTIVA

Projeto pioneiro no desenvolvimento da cidadania

Trata-se de um projeto pioneiro para o desenvolvimento da cidadania por meio de um sistema


de monitoramento, acompanhamento e execução de políticas públicas das relações de consumo,
os quais geram atividades práticas, tais como ações civis, campanhas educativas, etc.
O projeto atua diretamente em comunidades carentes do Estado de São Paulo, de forma
integrada, contando com a participação de estudantes e lideranças comunitárias, integrados às
prefeituras municipais, Ministério Público do Estado de São Paulo, aos órgãos de defesa do
consumidor Estadual e Municipal e sociedade civil organizada.
O objetivo do projeto não é apenas possibilitar a promoção da defesa do consumidor no Estado
de São Paulo, mas também envolver e conscientizar a população sobre direitos do consumidor,
tendo como foco principal o exercício da cidadania.
Para que esses objetivos sejam alcançados, a Fundação Procon, juntamente com as entidades
que participam do projeto, desenvolve atividades de cunho educativo, com a elaboração de
materiais informativos, bem como encontros, seminários e/ou oficinas culturais.
Nessas atividades, que ocorrem geralmente nas comunidades carentes focadas, são discutidos
temas específicos de consumo e identificadas as principais necessidades dos consumidores
locais. A partir daí, poderão surgir ações práticas para prevenir e reparar danos coletivos e difusos,
como campanhas educativas, interposição de medidas administrativas, de fiscalização e até
mesmo judiciais.
Essa participação da comunidade, juntamente com as entidades governamentais e sociedades
civis, demonstra um fortalecimento da defesa coletiva dos interesses dos consumidores e na
educação para o consumo de forma preventiva, que possibilita a conscientização das pessoas
sobre os direitos dos consumidores e cidadãos, promovendo a ética e consolidando a cidadania,
culminando com o consumo consciente e sustentável.
Por fim, o Observatório Social mantém um fórum permanente de discussão de idéias, capazes
de melhorar a qualidade de vida da população, sempre trabalhando em temas importantes para
a comunidade, como por exemplo, a questão do superendividamento, que é de fundamental
importância ser discutido, face ao demasiado avanço dos empréstimos na modalidade de crédito
consignado.

Marli Aparecida Sampaio

8 REVISTA OBSERVATÓRIO
ENTREVISTA

Projeto Social: postura pró-ativa


Projeto piloto motiva sociedade civil e torna-se
exemplo para outras cidades do Estado de São Paulo
O Observatório Social surgiu esclarecimentos sobre seus prática o que estava somente
com o objetivo principal de reais direitos como cidadãos. no papel”, disse.
aplicar medidas educativas de Somente com informação a Marrone foi uma das
forma que fosse possível sociedade pode ser mais pessoas que auxiliou na
orientar e prevenir futuros justa”, comenta Gustavo. implementação do
danos para as pessoas Segundo o ex-diretor Observatório Social das
envolvidas no projeto. executivo, na época, o objetivo Relações de Consumo e
Foi feito um diagnóstico dos já era levar o programa para realizou um dos primeiros
problemas existentes nas Franca e, posteriormente, cursos na Universidade
comunidades mais carentes da expandir para outras cidades Estadual Paulista de Franca.
cidade de Franca, “ V a l e
ressaltar que o
Projeto teve grande repercussão
local onde foi
Observatório
e resultado, sendo levado para
iniciado o projeto
piloto, para que foi um projeto
fossem escolhidos outras cidades o mais rápido que deu certo,
os bairros que que puderam imaginar com resultado
mais precisavam prático, e não
do projeto. ficou apenas
De acordo com o então do Estado de São Paulo. na teoria”, finaliza Gustavo.
Diretor Executivo da Fundação “Todos os que estavam A cada dia a sociedade civil,
de Proteção e Defesa do envolvidos ficaram muito em especial as comunidades
Consumidor – Procon- SP, motivados e contentes ao ver carentes, está mais informada
Gustavo José Marrone de a recepção do trabalho. A e capacitada para lutar pelo
Castro Sampaio, foram participação intensa dos respeito aos seus direitos
promovidas diversas palestras, estudantes universitários, como consumidores.
cursos e formações, com o órgãos, entidades e “O projeto teve grande
envolvimento dos parceiros, comunidades foi repercussão e resultado,
para que o projeto piloto fosse surpreendente”, afirma ele. sendo levado para outras
aplicado. Criaram-se núcleos de cidades mais rápido do que
“O projeto tem um apelo estudo e a própria comunidade puderam imaginar. Logo foi
social muito grande e de local se organizou. “Sem a implantado em Ribeirão Preto,
profundo interesse, pois, é um participação da sociedade não uma das primeiras cidades a
meio que a sociedade tem de seria possível colocar em receber o projeto social depois
obter informações e de Franca’’, finaliza Marrone.

REVISTA OBSERVATÓRIO 9
ENTREVISTA

Após quebrar barreiras, programa conquista


interesse dos parceiros;

Hoje é modelo de projeto social


A necessidade de atender aos deslanchar por, justamente, ser ficou esclarecida não tivemos
anseios de interesse comum e uma experiência pioneira, já que ma io r e s p r o bl e mas ”,
geral da população na questão não existiam parâmetros para ser comentou.
dos direitos do consumidor e de comparado. Precisávamos reunir Com atuação direta, a ex-
orientá-los fez surgir a idéia para todos os esforços e interessados diretora acredita que, ainda
a criação do Observatório Social em participar como parceiros. hoje, existem problemas e falta
das Relações de Consumo. Com persistência e dedicação de informação em relação aos
A ex-diretora executiva do conseguimos instalar o direitos do cidadão. Para ela, o
Procon-SP, Maria Inês Fornazaro, Observatório Social das projeto tem estrutura para ser
esteve engajada desde o início no Relações de Consumo com levado aos municípios mais
direcionamento do projeto para sucesso”, afirma. afastados da capital. “Foi uma
ser aplicado no vitória realizar o
município de Franca. projeto e acredito
De acordo com a “Ao ser criado, o Observatório que deve continuar
ex-diretora, o programa possibilitou a atuação de vários s er v i nd o co mo
estímulo para a
órgãos e entidades em prol de um
foi idealizado a partir da
de adoção de outros
objetivo que é o melhorar a
constatação
d i v e r s a s d e ss e gê n e ro ”,
vulnerabilidades nos qualidade de vida da população”, ressalta.
municípios com afirma a ex-diretora Maria Inês Embora a
relação à defesa do população tenha
consumidor. Fornazaro m aior acesso à
“Ao ser criado, o i nf o r m a ç ã o e
Observatório saiba que existe o
possibilitou a atuação de vários A Fundação Procon-SP C ó di g o d e D ef e s a d o
órgãos e entidades em prol de um obteve forte apoio do Procon Consumidor, ainda persistem
objetivo que é o melhorar a municipal e da Prefeitura de questionamentos sobre as leis
qualidade de vida da população”, Franca, além das demais e regras existentes. Para isso,
comentou Fornazaro. entidades envolvidas. De acordo a Fundação de Proteção e
No começo foi difícil, mas, aos com Maria Inês, a maior barreira Defesa do Consumidor criou
poucos, foi possível agregar encontrada foi a compreensão da Observatório.
estado, município, instituições, proposta por parte das pessoas. S eg u nd o Ma r ia In ê s , a
sociedade civil, enfim, para “Conseguimos instalar o experiência foi extremamente
trabalharem unidos por um projeto piloto em Franca após positiva. “Acredito que, sem
interesse comum. realizar vários cursos, seminários d úv i d a, o p r oj e to d ev e
Segundo ela, com todos os e palestras. O mais difícil foi, continuar e ser ampliado para
parceiros envolvidos foi mais fácil realmente, fazer com que todos outras regiões de forma que
levar o conceito para as entendessem o programa na possa abranger um número
comunidades carentes. “O essência. Depois que a idéia maior de municípios”, finaliza.
projeto demorou para conseguir

10 REVISTA OBSERVATÓRIO
HISTÓRICO

Fundação Procon - SP cria projeto social inovador

A Fundação Procon-SP é responsável pelo “Observatório Social das Relações de Consumo”,


cujo objetivo principal é elaborar, articular e propor junto às comunidades mais carentes do Estado
de São Paulo, a aplicação de um sistema de monitoramento, acompanhamento e execução de
políticas de relações de consumo.
O projeto pretende também mobilizar e subsidiar tecnicamente os agentes sociais para que
possam interagir e agir na prevenção e reparação dos danos causados aos consumidores. A
principal função é promover a articulação dos envolvidos e dos diversos segmentos da sociedade,
interessados na reflexão e ação, sobre os diversos ângulos que envolvem as relações de consumo
no espaço político-social local de forma descentralizada na política de defesa do consumidor.
Para que o projeto fosse executado e desenvolvido a Fundação Procon-SP estabeleceu
parceria entre os órgãos de defesa do consumidor estadual, municipal, Ministério Público,
universidade e sociedade civil, permitindo o acompanhamento e a realização de ações efetivas
sobre políticas das relações de consumo, além de detectar junto à sociedade as necessidades,
bem como possíveis resoluções dos problemas.

“Equipe do observatório
desenvolve trabalhos
junto à comunicdade

REVISTA OBSERVATÓRIO 11
HISTÓRICO

Franca: projeto inédito no Brasil

Curso de capacitação: Iniciativa une estudantes e especialistas de diveros ramos

O Observatório Social das Neste primeiro momento, A primeira reunião foi no dia
Relações de Consumo, no foram organizadas diversas 22 de março de 2002, com a
município de Franca, teve início reuniões na Prefeitura,Procon presença dos seguintes
em janeiro de 2002 e foi Municipal, Unesp, Ministério participantes: Eduardo
implementado de forma pioneira Público e também na sede da Rodrigues da Costa, Carlos
para desenvolver o resgate da Fundação Procon em São Paulo, Eduardo Nobre Correia,
cidadania por meio de um com o intuito de disseminar a Douglas Dias, Thaís Hackmey
sistema de monitoramento. O filosofia do projeto. Guarino, Mariana Dias e
projeto piloto foi estruturado em Os encontros tinham como Fernanda Peres da Silva pela
quatro importantes fases: objetivo sensibilizar os EJUR, Denílson P. Carvalho do
institucionalização; capacitação; representantes dos órgãos, Procon de Franca. Pela
identificação das comunidades e entidades e estudantes Fundação Procon-SP, os
aplicação. universitários envolvidos para diretores Ricardo Morishita
Foi feita a institucionalização explicar qual era a proposta do Wada e Maria Teresa Mormillo,
do projeto com os parceiros: Observatório, além de agregar o técnico Robson Campos e os
Prefeitura do Município, sugestões. estagiários Tatiana Tom az
Universidade Estadual Paulista, Em fevereiro, foram feitos os Ramos, Décio Lemos Amaral e
cursos de Direito, História e primeiros cursos de capacitação Marcelo Akyama Florêncio,
Serviço Social, Empresa Júnior e formação dos multiplicadores, conform e ata da ocasião,
de Assessoria Jurídica – EJUR e sendo direcionados, ondeconstam esses nomes e
Ministério Público. Isso foi especificamente, para defesa do as respectivas entidades e
possível por meio de um termo consumidor e para o próprio órgãos que essas pessoas
de cooperação. conceito do projeto. integravam na época.

12 REVISTA OBSERVATÓRIO
HISTÓRICO

Primeiro curso em 2002


Ministrado pela Diretoria de e prática da educação com o metodologia mais adequada
Programas Especiais da auxílio do Gapaf (Grupo de p a r a s e r u t i l i z a d a n o
Fundação Procon-SP, nos dias 28 Alfabetização Paulo Freire), desenvolvimento dos temas.
de fevereiro, 1 e 2 de março, o também integrado por estudantes Outro parceiro que auxiliou
primeiro curso “Básico – Código da Unesp, que teve por objetivo na forma de discussão e na
de Defesa do Consumidor”, fixar os conceitos e a metodologia elaboração de relatórios foi
dirigido aos funcionários do do projeto. a Empresa Júnior de
Procon Municipal de Franca e Por meio dos líderes de cada Assessoria Jurídica.
estagiários da EJUR, totalizou 30 comunidade foram levantados os A Ejur trabalhou, nesta
horas de intensa formação. temas que seriam debatidos e f a s e , a s p a r t e s t e ó r i c a s
Os mais de 30 jurídicas dos
participantes a s s u n t o s ,
puderam aprimorar seguindo a
o conhecimento doutrina e a
sobre os direitos do posição da
consumidor, além jurisprudência,
d a s analisando,
responsabilidades i n c l u s i ve ,
do fornecedor, experiências
práticas comerciais internacionais.
abusivas, etc. T a m b é m
Após a formação foram feitas
e capacitação das duas oficinas
pessoas envolvidas para que
foi necessário fazer houvesse maior
a identificação das integração entre
comunidades que Oficina permite troca de experiências entre estudantes os grupos.
deveriam receber o Direito do
projeto. Nesta etapa, foram estudados. Os dois primeiros C o n s u m i d o r - o r i g e m ,
analisados vários aspectos das foram: o direito à habitação com f u n d a m e n t o e n o ç õ e s
comunidades do município. enfoque nos problemas sofridos básicas - e a Metodologia
Para a seleção, foram com a venda de loteamentos Paulo Freire, seus principais
mapeadas as comunidades mais clandestinos e a exploração da pontos.
carentes do município de Franca, falta de informação dos Depois da identificação e
e as lideranças encontradas em consumidores, bem como os s e n s i b i l i z a ç ã o das
cada bairro foram capacitadas problemas envolvendo os c o m u n i d a d e s é que
nos assuntos referentes às serviços públicos: telefonia, começaram , efetivam ente,
relações de consumo e fornecimento de energia e a s atividades do
cidadania. Em seguida, foram saneamento básico. Observatório Social com
formadas as turmas de agentes. O Gapaf teve papel enfoque nos procedimentos
Foram selecionadas cinco co extremamente importante nesta e r e c o n h e c i m e n t o d o s
munidades. Cada qual passou parte do projeto, pois foi o c on f l i to s c ol et i vo s d en tr o
por um período de sensibilização responsável por escolher a das oficinas.

REVISTA OBSERVATÓRIO 13
HISTÓRICO

Primeiro contato com as comunidades


Projeto desperta interesse e participação dos moradores dos primeiros bairros
onde foram desenvolvidas as atividades do Observatório Social

Ficou marcada na história aprofundar o conhecimento serem multiplicadores do


do Observatório Social das sobre o projeto. projeto.
Relações de Consumo a No dia 15 de julho, ocorreu Após a conscientização
primeira experiência com a a segunda reunião no Recanto dos participantes quanto aos
comunidade do Recanto Elimar, com a participação de direitos dos consumidores e
Elimar, bairro do município de 18 moradores, dois cidadãos, a primeira etapa
F r a n c a participantes da Ejur, dois foi finalizada e os integrantes
escolhido do Observatório
para a Social iniciaram
realização do uma n o va
projeto. discussão com o
A primeira objetivo de ampliar
oficina feita os trabalhos.
n e s t a Um mês após a
comunidade in s t a la ç ã o do
foi no dia 8 de p ro gra m a no
julho de 2002. Recanto Elimar,
Estiveram f o i a ve z d o s
presentes 26 m o ra d o re s do
moradores do jardim Aeroporto II
bairro, quatro compartilharem as
Oficina com a comunidade desperta interesse
participantes dos cidadãoe em lutar pelos seus direitos experiências do
da Ejur, dois Observatório.
do Gapaf, dois membros da integrantes do Gapaf e um E st ive ra m p re s e n t e s n a
Prefeitura e o coordenador do membro da Prefeitura, com o primeira reunião cerca de 20
projeto, Robson Santos objetivo de dar continuidade ao moradores do bairro, sendo
Campos. encontro anterior e um participante da Ejur e dois
Durante o encontro, que apresentando mais três novos integrantes do Gapaf para
durou cerca de três horas, casos para análise do grupo. apresentação do projeto.
foram feitas dinâmicas, De acordo com o relatório A comunidade apresentou
dividindo os participantes em apresentado, a experiência no grande interesse e mostrou-
subgrupos para discussão de primeiro bairro escolhido foi se disposta e engajada em
temas relacionados ao direito positiva e os moradores questões que tratam sobre os
do consumidor e em um grande mostraram-se extremamente direitos do consumidor.
grupo, quando todos puderam participativos e capazes de

14 REVISTA OBSERVATÓRIO
HISTÓRICO

Ex-coordenadora do Procon de Franca:


Experiência contribui no desenvolvimento
da atividade profissional
O Observatório Social é que se possa pensar, a O Observatório Social na
uma parceria que conseguiu população tem sede de minha opinião vai muito além de
reunir em um mesmo projeto, conhecimento, justiça e levar a Defesa do Consumidor
entidades com a grandeza e cidadania. às comunidades mais carentes
credibilidade da Fundação A experiência que obtive uma oportunidade de resgatar a
Procon-SP, Ministério Público deste trabalho na comunidade credibilidade e semear a
do Estado de São Paulo e contribuiu e contribuirá esperança, inspirando uma
Unesp. Quando me refiro à sobremaneira para todas as mudança de atitude e
Unesp, quero englobar os minhas atividades comportamento frente aos
acadêmicos e a instituição. É profissionais, não podemos problemas do cotidiano. Toda esta
m u i t o engenharia de
significativo educação e
para nós transformação
Franca ser o “É inevitável, que ao falar do Observatório
ocorre com
p r i m e i r o Social, não deixarei transparecer a alegria e todos os
município a satisfação em participar deste projeto”, envolvidos,
trabalhar o afirma Juliana Pereira da Silva, seja com os
projeto e sediar
o Observatório
ex- coordenadora do Procon de Franca” membros da
comunidade,
Social em sua seja com os
fase piloto. agentes do
C o m o projeto, como
coordenadora do Procon nos encastelar nas repartições era o meu caso.
Franca, tive a oportunidade onde estamos, é no convívio O Observatório Social é um
juntamente com os estudantes que tiramos as idéias e grande aprendizado para todos os
da Unesp, de preparar a sedimentamos os princípios envolvidos e uma idéia que se deve
chegada do Observatório no que devem nortear o nosso difundir, para que mais e mais
bairro. Isto se deu com a nossa trabalho. comunidades possam aproveitar o
inserção nas lideranças locais, Todos nós temos que seu modelo, estar na comunidade
participando das reuniões dos cumprir o papel de e trabalhar a prevenção de
centros comunitários e socializadores de problemas, orientando e formando
associações de bairro, para conhecimento, fomentadores de o cidadão.
estabelecer uma relação de cidadania, além de estar Isso deve ser prioridade em
confiança, essa era a nossa presente na comunidade, qualquer segmento da
primeira missão, na qual conquistar a confiança e
administração pública ou sociedade
obtivemos êxito, e desta forma resgatar a credibilidade nos
conseguimos montar o órgãos públicos, na legislação e civil organizada, somente assim
primeiro curso de Defesa do na justiça. Isto é cumprir a construiremos uma sociedade
Consumidor no bairro. É socialização do saber. mais justa e humana.
incrível como ao contrário do

REVISTA OBSERVATÓRIO 15
RESULTADOS POSITIVOS

Projeto do Procon conscientiza população sobre


cidadania do consumidor
Piloto de Franca é modelo a ser copiado
O Observatório Social está prática em Franca, por meio de “A parceria objetivou a
em execução em vários cursos, reuniões e oficinas, integração do órgão de defesa
municípios do Estado de São quando a comunidade do do consumidor, em nível
Paulo, como Ribeirão Preto, Recanto Elimar recebeu estadual e municipal, com a
Jaboticabal, Presidente orientações com a universidade e a sociedade
colaboração de universitários. civil organizada, com o
Prudente, Presidente Epitácio,
São Bernardo do Campo,
estabelecimento de um fórum
Santo André, São Caetano do
No dia-a-dia das reuniões,

Sul, Mauá, Diadema, Ribeirão


esse acompanhamento dos permanente de discussão de
Pires e Rio Grande da Serra,
estudantes consistiu em problemas e propostas
além da capital paulista. diagnosticar as demandas dos capazes de incrementar a
Em Fran-ca, no entanto, o consumidores em especial no qualidade de vida da
piloto feito no Recanto Elimar âmbito coletivo e difuso. população, a partir da
serve de modelo a ser copiado. proteção e defesa do
Tanto é que nessa mesma Engajamento consumidor”, acrescentou o
cidade já se planeja a extensão de vários parceiros Professor Paulo Borges.
do trabalho em outros bairros, O coordenador do projeto
como por exemplo, no Jardim De acordo com o professor pela Unesp citou ainda que os
Paulistano, a partir do segundo Paulo César Correa Borges, objetivos específicos foram o
semestre de 2006. que coordena o projeto pela de analisar e diagnosticar as
Localizada na região Unesp, esse termo de demandas dos consumidores,
nordeste de São Paulo, Franca cooperação propiciou o para permitir a defesa
possui cerca de 300 mil engajamento de vários administrativa e judicial, no
habitantes, e foi escolhida para parceiros na elaboração, âmbito individual, coletivo e
a implantação do primeiro articulação e atuação junto à difuso, bem como o produzir e
projeto do Observatório Social comunidade francana, divulgar análises, conceitos e
das Relações de Consumo. notadamente com a interpretações a respeito das
Os objetivos básicos do participação de jovens relações de consumo efetivas
Observatório Social das lideranças em um de Franca.
Relações de Consumo de monitoramento, acom- “Ao mesmo tempo, pros-
conscientizar a população, panhamento e execução de seguiu, subsidiando a
transmitindo noções de políticas das relações de produção de políticas públicas
cidadania e de direitos da consumo. de forma a promover a
pessoa, foram colocadas em proteção e defesa do

16 REVISTA OBSERVATÓRIO
RESULTADOS POSITIVOS

consumidor de Franca, “Esse é um


principalmente com a p r o j e t o
participação dos próprios fundamental,
consumidores diretamente seja qual for o
interessados. Foram feitos nome que ele
estudos sobre o Direito tiver e a
Consumidor, por meio da met odolo gia
organização de encontros, que estiver
seminários e atividades s e n d o
educacionais e culturais, que utilizada, ele
permitiram uma melhor não pode
compreensão desse ramo do acabar e Assinatura do termo de cooperação
ordenamento jurídico’’. deixar de
Segundo Borges, todos os auxiliar grande parte das energia elétrica e telefonia’’,
objetivos permitiram constatar comunidades carentes”, explica Borges.
a fundamental participação da destaca. Com as oficinas nos bairros
Unesp, porquanto propiciou A realização do projeto em foi possível formar agentes
uma efetiva inserção da Franca permitiu que os multiplicadores para dar
universidade na concretização estudantes da Unesp tivessem, seqüência ao processo de
da defesa do consumidor em além do conhecimento teórico educação da comunidade de
Franca, servindo de projeto- aprendido dentro da forma mais consciente.
piloto para futura ampliação e faculdade, contato com a “Muitas vezes, os
implementação em outras realidade e também a participantes não tinham
cidades do Estado de São experiência na prática com o conhecimento sobre os
Paulo. trabalho direto com a direitos que lhes são
população. garantidos e a quem recorrer.
Resgate da cidadania “Todos os parceiros Com o subsídio das oficinas a
auxiliaram. Na medida em que comunidade local pôde
“O Observatório Social das as demandas individuais aprender e esclarecer as
Relações de Consumo é um puderam ser canalizadas para dúvidas. Acredito que estes
projeto pioneiro que atua a assistência, propiciou foram os principais aspectos
diretamente nas opções para que o próprio positivos apresentados pelo
comunidades. Este é um Procon-Franca pudesse projeto”, relatou o coordenador
espaço que está sendo trabalhar com as demandas Borges.
ocupado, principalmente, no coletivas. As demandas
serviço e resgate da individuais que chegaram ao Filosofia precisa
cidadania, que é a educação Procon, e que porventura continuar
para o consumo, por meio de tinham uma causa coletiva
atividades práticas’’, afirma também foram encaminhadas De acordo com o
Paulo Borges, acrescentando ao Ministério Público. A partir coordenador do projeto pela
que esse trabalho, com de toda essa organização e Unesp em Franca, o objetivo é
certeza, propicia a integração esforços foi proposta uma sempre melhorar e prestar um
e o resgate da cidadania das série de ações em relação a trabalho que realmente
pessoas, principalmente em concessionárias de serviços promova a conscientização
comunidades mais carentes. públicos, como por exemplo, das pessoas e de seus direitos

REVISTA OBSERVATÓRIO 17
RESULTADOS POSITIVOS

“É preciso registrar que o projeto não Nessas relações o consumidor


existiria se não houvesse ocorrido adesão, acaba sendo, ao mesmo
empenho e comprometimento tempo, cliente e vítima das
grandes corporações, dos
dos estudantes”
interesses e práticas abusivas.
Por esta razão, é necessário
de consumidor e cidadãos. Por tempo de implementação e estabelecer um feedback para
isso, é importante a vinculação amadurecimento nos permitiu que ocorra o próprio
dos princípios fundamentais do fazer uma análise crítica do aprimoramento constante do
projeto para a propagação e projeto e aprimorar as projeto, e para que os
aplicação em outros locais e ferramentas que deram certo elementos que não foram
cidades. e os pontos que não foram positivos durante o processo
“É preciso registrar que o muito eficazes “, relata Paulo possam ser, efetivamente,
projeto não existiria se não Borges. melhorados’’, defende.
houvesse ocorrido a adesão, A inserção da Universidade
o empenho e o
Segundo o coordenador
na comunidade, prosseguiu Paulo Borges, é importante a
comprometimento dos
supervisão do projeto por todos
estudantes. Sem eles não há
ele, tem que ser muito bem
os parceiros envolvidos. ‘’As
como prosseguir”, afirmou o
planejada e estruturada,
porque é criada uma comunidades também
coordenador Borges, citando
que um novo projeto está para
expectativa muito grande em precisam ser revisitadas
volta do projeto, que não pode periodicamente para que os
ser implementado em Franca.
De acordo com ele, já foi
ser frustrada, para que não princípios fundamentais não se
feito o primeiro contato com o ocorra um retrocesso em todo percam e os agentes
próximo bairro e está sendo o trabalho feito. multiplicadores continuem
rediscutido qual o papel da ‘’É notório que as relações desenvolvendo a metodologia
universidade e a melhor de consumo em um mundo e filosofia do projeto original’’,
metodologia a ser utilizada, cada vez mais mercantil e finaliza Borges.
além de todos os pontos globalizado tendem a se
fundamentais para dar intensificar cada vez mais.
continuidade ao Observatório
Social das Relações de
“As comunidades também precisam ser
Consumo na cidade.
“O projeto em Franca está
em preparação e constante
revisitadas periodicamente para que
análise para que possa atingir os princípios fundamentais não se percam”
novos bairros e formar um
maior número de
multiplicadores. Todo esse

18 REVISTA OBSERVATÓRIO
RESULTADOS POSITIVOS

Evolução das relações de consumo, na visão


do representante do Ministério Público

“Acredito que a realização O representante do semestre de 2003 a 2004,


do 1º Projeto do Observatório Ministério Público menciona quando o mesmo também era
Social das Relações de ainda que está atento às desenvolvido.
Consumo em Franca, mais necessidades dos De acordo com Carvalho, o
especificamente com a consumidores para oprojeto viabilizou-se porque
comunidade do Recanto encaminhamento de ações manteve a participação de
Elimar, foi muito importante públicas, oriundas do Procon parceiros fortes, instituições,
para a sociedade civil, pois por de Franca. órgãos e a própria comunidade
meio da união de esforços dos ‘’Embora, tenha assumido trouxeram benefícios para toda
participantes ocorreu a esse trabalho recentemente, a sociedade.
conscientização e a evolução estou à disposição para ajudar “Foi muito gratificante
das relações de consumo’’. na melhoria da qualidade de acompanhar os estudantes
A afirmação foi feita pelo vida da população a partir da nos bairros, no
promotor Carlos Gasparoto, promoção da proteção e desenvolvimento do projeto,
atual representante do defesa do consumidor’’, bem como a própria troca de
Ministério Público para encerra. experiências e informações
assuntos referentes à defesa entre os envolvidos’’, finaliza
do consumidor de Franca, Experiência gratificante ele, mencionando ainda que o
desde o final de 2005. Procon de Franca acabou
Segundo Gasparoto, a “A avaliação que faço do também se fortalecendo com
evolução das relações de Observatório Social das esse projeto pioneiro
consumo na cidade fica Relações de Consumo, em desenvolvido na cidade.
comprovada com a Franca, é extremamente
propagação do projeto para positiva. Na minha opinião os Sempre encontramos
outras comunidades, a objetivos de defender os as soluções
exemplo do Jardim Aeroporto, direitos do consumidor e
e do Jardim Paulistano. buscar o resgate da cidadania “Durante as nossas
“Toda a equipe que foram atingidos’’. reuniões, mais do que a
participou do 1º Projeto no A afirmação é do advogado discussão das leis e direitos
Recanto Elimar está de Denílson Pereira Carvalho, dos consumidores realçamos
parabéns. Houve um coordenador do Procon de o verdadeiro sentido da
entrosamento muito grande de Franca durante o período de palavra cidadania. Mesmo
todos que colaboraram para a 2001 ao primeiro semestre de diante de muitas dificuldades,
disseminação da defesa dos 2002, quando o projeto foi sempre encontramos as
Direitos do Consumidor ’’, implantando na cidade e soluções para cada problema’’,
acrescenta Gasparoto. depois entre o segundo conclui.

REVISTA OBSERVATÓRIO 19
RESULTADOS POSITIVOS

Na fase de implantação do Assim Luís Antonio Murari, sanando dúvidas e agregando


projeto, Luís Antonio Murari, avaliou satisfatoriamente o projeto sugestões.
funcionário do Procon de Franca, do Recanto Elimar, sob sua A etapa seguinte abrangeu os
relembra que as reuniões na coordenação na época da cursos de capacitação dirigidos
comunidade ocorreram implantação. Na opinião dele, a aos participantes do projeto, com
comunidade daquele bairro ênfase nas estratégias para
melhor atuação em relação aos
semanalmente, geralmente no
período noturno, que chegaram
continua mobilizada para a defesa
dos consumidores. consumidores.
a contar com 30 participantes, “Entendo que a comunidade Na terceira etapa, foram
em média. mantém alta conscientização identificadas as lideranças locais
A idade média dos para esses direitos, e até mesmo e diagnosticados os principais
participantes variou de 16 a 60 pela constante busca da problemas a serem trabalhados.
anos, de ambos os sexos, que cidadania”. Na fase final, começaram as
integraram os vários cursos e oficinas temáticas direcionadas à
palestras ministrados. Ação estimula busca dos população local, conforme as
As maiores demandas de direitos demandas verificadas.
informações da população foram “Todo o projeto de Franca,
relacionadas a serviços públicos, Na avaliação do funcionário do seguiu as orientações baseadas
saúde, segurança e orçamento Procon de Franca, José Antonio na proposta original do
Ribeiro, as ações estimularam as Observatório Social. Por isso,
entendo que realmente ele possa
doméstico.
pessoas a buscarem seus
servir de exemplo para a
Inicialmente, o projeto
direitos e atingiram plenamente
desenvolveu cursos relacionados implantação de outros modelos
à área de Habitação, com base
os objetivos principais do projeto.
‘’Acho que a iniciativa em comunidades interessadas
no número elevado de identificou os problemas da nessa implan-tação’’, mencionou
reclamações no Ministério comunidade. A partir daí foram ele.
Público e no Procon da cidade. adotadas as medidas para O representante do Procon de
Foram destacados os solucioná-los. Com isso, tenho Franca destacou ainda que para
problemas relativos à venda de certeza de que o Observatório se atingir a finalidade básica do
loteamentos clandestinos e falta Social promoveu a educação Observatório Social é importante
de informação a respeito da para o consumo, levando noções que toda a comunidade
compra e venda de imóveis. de cidadania ao Recanto Elimar’’, participante tenha interesse em
Outros assuntos abordados acrescentou José Antonio. promover a educação para o
Ele cita algumas ações de consumo, levando noções de
ordem prática desenvolvidas em cidadania às populações locais,
foram os problemas relacionados
públicos,
além de englobar as instituições
aos serviços
Franca, como a campanha de
especialmente telefonia, orientação sobre leitura de contas de ensino universitário na
fornecimento de energia elétrica de água e luz e a ação civil pública promoção e defesa do
e saneamento básico. Murari proposta pelo Ministério Público consumidor.
também fez questão de ressaltar Estadual, em razão do corte de “Com o envolvimento de todos
a mobilização participativa dos fornecimento de energia elétrica os parceiros, qualquer
universitários que passaram pelo por falta de pagamento. comunidade sente a boa vontade
Observatório Social. “Sem eles, O referido representante dos participantes, e torna-se
realmente, o sucesso não teria explica que a execução do projeto organizada e unida em busca de
sido atingido. Os estudantes na cidade ocorreu em quatro sua cidadania’’, finalizou José
deram vida ao projeto’’, enfatiza. etapas, sendo que na primeira, Antônio Ribeiro, confiante de que
foram promovidos encontros para a experiência francana possa
apresentar e sensibilizar os servir de estímulo para outros
órgãos e entidades participantes, municípios.

20 REVISTA OBSERVATÓRIO
PARTICIPAÇÃO DOS ESTUDANTES

Universitários auxiliam no resgate da cidadania


Grupo da Unesp desperta mobilização da comunidade
Todos somos consumidores para orientar e prevenir alguns parte do projeto, entraram
e temos meios de conhecer a problemas e achei muito dispostos a aprender e tiveram
lei que pode nos proteger e até interessante”, contou ela que a oportunidade de acompanhar
explicar quais são todos os participou do projeto no o desenvolvimento e
direitos, deveres, como Recanto Elimar. crescimento do trabalho em
podemos reclamar e a quem “Quando surgiu a Franca por meio de oficinas no
procurar cada vez que nos oportunidade, participei da bairro e dinâmicas entre os
sentirmos prejudicados. oficina para a entrada de participantes da comunidade
Com essa filosofia, e novos membros no grupo. local.
baseada na parceria firmada Foram três dias de formação. “As pessoas começaram a
entre a Universidade Estadual Quando tive contato com a perceber que, com a
Paulista “Júlio de Mesquita metodologia Paulo Freire, presença dos estudantes e os
Filho” (Campus – UNESP ideologia e membros já ativos demais envolvidos, estavam
Franca) e a ap ren den do
Fundação de e
Proteção e “Consegui colocar em prática o que aprendi
descobrindo
Defesa do na faculdade e percebi que não estava lá de que forma
Consumidor somente para passar conhecimento”, conta a poderiam agir
v á r i o s estudante Cristiane Canella em relação
universitários aos direitos
ajudaram a d e
despertar o interesse da do grupo. Foi uma oficina consumidor. O grupo
comunidade a participarem do muito produtiva”, conta percebia que a comunidade
projeto Observatório Social Cristiane. estava tomando consciência
das Relações de Consumo na “Consegui colocar em e que, efetivamente, se
cidade. prática as informações tornavam multiplicadores de
Segundo a estudante do teóricas que aprendi na forma a transmitir a
último ano do curso de Direito faculdade e percebi que não informação para outras
da Unesp, Cristiane Canella estava lá somente para passar pessoas”, relata Cristiane.
Vallin, 23 anos, o projeto foi um conhecimento, mas para Segundo a estudante, o
instrumento de grande trocar experiências e acabava ponto que mais chamou
importância para o seu aprendendo sempre algo atenção foi um problema de
aprendizado e crescimento novo. Realmente, sentia-me iluminação que surgiu em um
profissional. muito emocionada em dos bairros e os próprios
“Fiquei sabendo do projeto participar do projeto e em moradores tiveram a iniciativa
quando estagiava no Procon. saber que o meu curso tinha de f azer um “abaixo-
Fiquei curiosa para saber utilidade ao ajudar, instruir e assinado” para reivindicar a
como era porque ouvia o mostrar o caminho certo para solução para aquela
pessoal com quem eu as pessoas”, comenta. localidade, junto aos órgãos
trabalhava comentar que Todos os estudantes, assim competentes.
faziam visitas às comunidades como Cristiane, que fizeram

REVISTA OBSERVATÓRIO 21
PARTICIPAÇÃO DOS ESTUDANTES

“A idéia não foi nossa e cidadania em cada pessoa”, Direito da Unesp, Paola
nós os auxiliamos neste afirma Amanda. Martins Pimenta, 20 anos.
assunto. Foi muito Já a estudante de Serviço “O direito do consumidor é
gratificante”, acrescentou Social, também pela Unesp, um tema que abrange todo o
Cristiane, mencionando ainda Anihelen Prado, 20 anos, tem cidadão. Todos os debates
que depois que entrou no pouco mais de seis meses no são levados à tona porque nós
Observatório ocorreu uma Observatório e ficou surpresa somos questionados sobre
transformação pessoal muito ao conhecê-lo. diversas discrepâncias que
grande na sua vida. “Achava que o grupo seria ocorrem na sociedade”,
“O meu pensamento hoje fechado por ser formado acrescenta ela.
é totalmente diferente de praticamente por estudantes De acordo com uma das
quando eu entrei na de Direito e foi uma surpresa mais novas integrantes do
faculdade. Hoje, eu faço para mim quando percebi que projeto, Amanda Fagundes, a
estágio num lugar, onde não era totalmente diferente. lei não pode ser imposta e
teria interesse de atuar antes Acredito que a existência do deveria surgir da sociedade.
de conhecer “A maior
este projeto parte das leis
s o c i a l ” , aprovadas
“Nosso conceito é fazer a ligação entre a não refletem
universidade e a comunidade”, afirma
conclui.
a realidade.
Depoimentos a estudante Amanda Fagundes As pessoas
de outros não sabem a
estudantes q u e m
grupo é essencial para a recorrer. A
Segundo a estudante do comunidade local”, disse minha visão mudou depois
terceiro ano de Serviço Social, Anihelen. que eu entrei para este grupo
Amanda Fagundes, 20 anos, e acredito que ele é um
as oficinas de formação são Formação da instrumento muito importante
preparadas para debaterem conscientização para a sociedade”, afirma a
assuntos de maior interesse. Já estudante.
as oficinas de capacitação são Uma unanimidade entre o Segundo Paola, o Código
feitas por técnicos, grupo de universitários atuantes de Defesa do Consumidor é
profissionais ou integrantes é de construir o conhecimento um instrumento a ser utilizado
mais antigos que explicam com a comunidade. Para os para que a comunidade saiba
itens mais abrangentes, como entrevistados, o projeto ajudou compreender esta sociedade
por exemplo, artigos do Código a formar a consciência das de consumo em que vivemos e
de Defesa do Consumidor. pessoas por meio das como fugir dessa visão
“O nosso conceito é fazer a palestras . extremamente consumista que
ligação entre a universidade e “O projeto desenvolve os meios de comunicação
a comunidade. O que ferramentas para que a ajudam a propagar.
realmente pretendemos é comunidade compreenda Para integrar ainda mais os
fazer uma transformação quais são os seus direitos universitários, mais
social, fazer uma mobilização como consumidor e ajuda a recentemente, está sendo feito
geral e resgatar o papel da criar um olhar crítico sobre tudo um rodízio para que além do
o que o mercado oferece’’, Observatório Social, os
afirma a estudante do curso de estudantes também possam
22 REVISTA OBSERVATÓRIO
PARTICIPAÇÃO DOS ESTUDANTES

Equipe reunida em
encontro histórico na
Secretaria da Justiça

atuar como estagiários na universitários, fazendo esse “No entanto, com o passar
própria sede do Procon de rodízio entre os participantes do tempo, a identidade que se
Franca. do Observatório Social. formou entre os membros do
É o caso das estudantes Ana Observatório e a paixão pelo
Paula Pinheiro, 21 anos, e Ex-integrante do Gapaf trabalho foi crescendo de tal
Luiza Basse de Castro, 22 forma que passei a integrar o
anos, que estão terminando o Atualmente formada em grupo como membro do
estágio no Procon e vão se Direito, Gabriela de Sousa próprio Observatório e não
integrar agora à turma do Augusto, 26 anos, fez parte do apenas como representante
Observatório projeto do Gapaf”, conta.
Social. De acordo
“ N ó s
De acordo com Gabriela, relação
com Gabriela, a
fazemos r e l a ç ã o
atendimento desenvolvida entre membros, grupo e d esen vo lvid a
e comunidade foi a melhor coisa que aconteceu entre os
acompanhamento membros, o
d e grupo e a
audiências, comunidade foi
em contato direto com o piloto. “Fui convidada a a melhor coisa que aconteceu
público e conseguimos participar do Observatório para o Observatório Social.
perceber a demanda de desde o princípio do projeto, ‘’Um grupo heterogêneo,
problemas existentes na mas, inicialmente, como porém, com plena identidade.
cidade, aí fica mais fácil representante de outro grupo Um mesmo objetivo, uma
participar do Observatório’’, de extensão universitária do mesma língua, uma mesma
afirma Luiza. qual eu fazia parte, o Gapaf, história. Num grupo de
A cada seis meses é devido à experiência que extensão, essas
renovada a turma que participa tínhamos com educação e características são
do estágio no Procon em trabalhos que já fazíamos com fundamentais e isso sempre
Franca com o objetivo de a comunidade carcerária e existiu no Observatório
aprimorar o conhecimento dos com o Recanto Elimar”. Social”, afirma.

REVISTA OBSERVATÓRIO 23
EJUR

Experiência com o Observatório Social leva


Empresa Júnior a conquistar prêmio de qualidade
A Ejur (Empresa Júnior de orientados pela FPNQ projetos internos, comerciais,
Assessoria Jurídica), da Unesp (Fundação para o Prêmio eventos e projetos sociais.
de Franca, conquistou o prêmio Nacional de Qualidade). Na avaliação final, a Ejur foi
de qualidade da Fejesp Na segunda fase, a avaliada por um representante da
(Federação das Empresas avaliação foi feita em empresa 2M10 e um
Juniores do Estado de São apresentações de 5 minutos representante da empresa Gnext
Paulo) pelo trabalho para cada projeto, observando- – Talent Search.
desenvolvido com o projeto do se a apresentação, conteúdo A Ejur de Franca é a primeira
Observatório Social das dos trabalhos, desde o do Brasil na área do Direito e a
Relações de Consumo, no final planejamento até a execução, única federada desse setor. É
de 2004. avaliando resultados obtidos e formada por alunos do curso de
O prêmio conquistado foi na o que se aprendeu da Direito da Unesp. Ela existe desde
categoria projetos sociais – experiência. 1994 e desenvolve trabalhos na
terceiro setor. A avaliação foi A Ejur concorreu com área jurídica, como pesquisas
dividida em duas partes. Na empresas juniores federadas doutrinárias e jurisprudenciais,
primeira, as empresas das mais diversas áreas de além da organização de
enviaram um relatório sobre o atuação, que se inscreveram no processos seletivos e
projeto, sendo que os 8º Prêmio Qualidade Fejesp, disponibilização de estagiários
fundamentos e critérios dividido em quatro categorias: para empresas, escritórios de
utilizados na avaliação foram advocacia, e outras Ejs.

Diretor do DPDC comenta o projeto

O atual diretor do Departamento Nacional de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC),


Ricardo Morishita Wada, ex- diretor de Programas Especiais da Fundação Procon-SP, diretoria
responsável pela elaboração e apresentação do Observatório, em entrevista à imprensa ( Jornal
EPTV - Comunidade), destaca: “O desafio maior de todos os procons não é só atender bem o
nosso consumidor, mas inserir esse tema na agenda nacional, nas principais questões que hoje
afetam o dia a dia dos consumidores.”
Segundo ele o objetivo do projeto “não é só criar multiplicadores junto às comunidades,
mas que esses multiplicadores possam capacitá-las para que possam exercer seus direitos. Isso
é um pouco a nossa proposta, que a população não só conheça o projeto, mas que saiba
também dos instrumentos e mecanismos para poder de fato ter esses direitos”, conclui Morishita.
.

24 REVISTA OBSERVATÓRIO
I FÓRUM

I Fórum do Observatório Social


mostra crescimento do projeto
O I Fórum do Observatório importante. “Enquanto repente, a gente está lá
Social das Relações de estudante, a importância do fechado, nos Procons, achando
Consumo teve o objetivo de Observatório é a aproximação que o tema é responsabilidade
avaliar e disseminar o trabalho de profissionais do direito, objetiva e o tema não este é
desenvolvido junto às historiadores e assistentes outro completamente diferente,
comunidades carentes em sociais. Com o objetivo de que a gente, na verdade, não
alguns municípios do Estado. aproximar a aplicação do percebeu”, ressalta.
Na ocasião, foram direito do consumidor com a Na opinião da participante
apresentadas as realidade”. Ana Paula Pinheiro, o projeto
características desenvolve um
e propostas trabalho de
do projeto g r a n d e
social, além importância
dos meios junto à
utilizados comunidade por
para levar até meio de uma
a metodologia
comunidade apropriada. “O
a educação projeto me
para o e n c a n t a
consumo, primeiro pelo
noções de principal objetivo
cidadania e que é trabalhar
de direitos da na comunidade,
p e s s o a Auditório da Secretaria da Justiça lotado durante o fórum pela atuação
humana. cidadã, pelo
Durante o evento, no dia 2 O Observatório tem uma método que ele desenvolve,
de dezembro de 2005, foi atuação pró-ativa em relação à que é o método Paulo Freire”,
destacada a necessidade de sociedade, criando uma linha comenta.
identificar os problemas ou direta de comunicação entre Presente também a
demandas dos consumidores todos os envolvidos, para assessora da Secretaria da
para, a partir daí, adotar captar a real necessidade da Justiça e da Defesa da
medidas para solucioná-los, população. Esse aspecto foi Cidadania, Mariana Dias, que
mostrando que o Observatório destacado pelo Procurador do colaborou no projeto desde seu
Social procura atuar de forma Estado de São Paulo, Marcelo início, quando era presidente
efetiva para que seja possível Gomes Sodré, durante o da Ejur, comenta: “O projeto
aplicar a metodologia decorrer do I Fórum. “Dentro de Observatório Social das
adequada. um Observatório como este Relações de Consumo traz na
Segundo Douglas Dias, um que nós estamos discutindo prática o que muitos dizem na
dos primeiros participantes do aqui, é que vai nascer, com teoria, que são os princípios da
projeto, a participação dos certeza absoluta, qual é a horizontalidade, proximidade
universitários é muito temática da sociedade. De com a comunidade, não
REVISTA OBSERVATÓRIO 25
I FÓRUM

imposição do conhecimento e organização coletiva para eles água e luz, em Franca, com o
troca de conhecimento com conseguirem os objetivos da intuito de orientar a população.
agentes multiplicadores. Com comunidade, às vezes, algum Também foi divulgada a
certeza, é por tudo isso que o problema que eles estão ação civil pública impetrada
projeto dá tão certo”. enfrentando em questões como pelo Ministério Público
O Fórum foi uma serviços públicos, por exemplo, Estadual, em razão do corte
oportunidade de apresentar, telefonia, água e luz. Então, de fornecimento de energia
abertamente, todo o trabalho além de ser um instrumento elétrica numa das
desenvolvido desde a criação facilitador para o aprendizado, comunidades carentes de
do projeto, em 2002, até o também possibilita uma Franca, onde estava sendo
momento. Foram autonomia para a sociedade”, executado o projeto. O
apresentados os pontos relata. interesse das comunidades
positivos e sua expansão. No evento, foi divulgado que em participar das oficinas do
De acordo com o ex- o Observatório Social havia projeto foi outra abordagem
participante do projeto piloto, sido instalado em apresentada no evento.
Samuel Feliciano, o comunidades no município de Com a participação dos
Observatório além de ser um Franca e, que o projeto também parceiros dos Observatórios já
instrumento que facilita o já estava sendo aplicado na instalados, o I Fórum permitiu
aprendizado, possibilita o capital, em Ribeirão Preto e em um grande balanço das
desenvolvimento e autonomia Jaboticabal. Também foram atividades desenvolvidas
das comunidades. “Eu fiz parte apresentados os planos para desde a criação do projeto.
do Observatório desde o início, ser levado às regiões de Além disso, o evento
e acho que a importância dele Presidente Prudente, proporcionou a troca de
para a sociedade, antes de Presidente Epitácio e Vinhedo experiências entre os
mais nada, é a oportunidade até o final de 2006. municípios, deixando
que eles têm de um espaço Quanto aos resultados, ao estabelecida a realização
para discutir o direito do final do evento, foram anual do Fórum, tendo
consumidor e essa cidadania apresentados alguns exemplos alternadamente cada um dos
como um todo. Nesse espaço práticos e que surtiram efeito municípios onde o projeto
eles conseguem, com as diretamente nas comunidades. estiver instalado, como
discussões que ali são Como por exemplo, uma anfitrião.
travadas, buscar uma campanha sobre leitura de

Revista do Procon-SP
imprensaprocon@procon.sp.gov.br

26 REVISTA OBSERVATÓRIO
CARTA DE PRINCÍPIOS
OBSERVATÓRIO SOCIAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO
(Elaborada pelos participantes do Projeto Piloto - Franca)

I - Dos objetivos do trabalho:


a) democratizar o conhecimento a respeito dos direitos do consumidor preferencialmente junto aos
bairros periféricos;
b) possibilitar a todos os envolvidos uma releitura crítica da realidade através da problematização
acerca da sociedade de consumo;
c) promover a independência e a autonomia da defesa individual e fortalecer a defesa coletiva em
face das relações de consumo;
d) proporcionar aos multiplicadores informações na área do direito de consumidor, por meio de
metodologia crítica adotada para busca da implementação de efetividade do processo do
consumidor, preferindo-se a via conciliatória perante a comunidade, o Procon ou o MP, sem
prescindir da demanda judicial, quando necessária;
e) sensibilizar os fornecedores quanto à sua responsabilidade social na tutela coletiva dos
consumidores;
f) promover a efetiva aplicação da legislação consumerista;
g) fortalecer a defesa individual e coletiva dos consumidores em relação à qualidade e quantidade
dos serviços públicos, principalmente quando prestados por concessionárias, permissionárias
ou instituições financeiras;
h) possibilitar a melhora da qualidade de vida da população a partir da promoção da proteção e
defesa do consumidor;
i) desenvolver um processo educativo, principalmente junto a grupos desfavorecidos da população,
que possibilite aos educandos uma leitura crítica da realidade, possibilitando a estes uma
intervenção qualificada na sua realidade;
j) contribuir para o desenvolvimento da consciência crítica dos educandos e dos educadores
envolvidos;

II - Dos princípios da educação


Os trabalhos educacionais do observatório deverão utilizar-se de uma metodologia fundada:
a) na dignidade da pessoa humana;
b) no princípio da democracia;
c) na busca da eqüidade social e na luta pela libertação humana através de um tratamento diferenciado
ao consumidor, por ser este a parte mais frágil da relação de consumo.

III - Dos princípios da ética


O observatório social constituirá as relações internas e externas baseadas na:
a) dignidade da pessoa humana e no princípio da democracia;
b) horizontalidade e não hierarquização;
c) eqüidade e respeito com o ser humano em geral e seus conhecimentos;
d) diálogo e tolerância frente à diversidade;
e) transparência dos procedimentos e divulgação das informações;
f) democratização do conhecimento sobre os direitos dos consumidores;
g) eqüidade nas relações de consumo;
h) emancipação humana;
i) efetivação do processo de defesa do consumidor na responsabilidade social dos fornecedores;
j) harmonização dos interesses do consumidor e fornecedores, sem prejuízo da preponderância
daqueles;
k) participação popular.

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28 REVISTA OBSERVATÓRIO

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