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A ESSENCIA DO | AMOR como aMar Com aol erate e se relaciong,; pe ee eae Ghitgh Ox ae tied Neste livro provocative, que nos faz re- Siete eat eso Reon eer oa nace at nent Cece Recaro mete ae oe Tacs Peer eed acl cid Poeeerie eee ea reiaac tee ia cante e livre do citime e da possessividade. (eter ec eee ent ead Riccar Cet CC Te Oso Peete Cicer rid doentios de relacionamento que apren- CO ee Mis Bee Pee ae acon eC ci) ee Ceti en eines vocé esta pronto para explorar 0 mundo Cen eee aetna cece ema c] Renters sen cnet ene teste) Peed ie ane na arias Pence ie ai ae iat) Pere eR Re eto Renate ite once ie Fee eee ee seal oes eh Ree een eae cate tate ee atic hc ec eENec ese cere (ole sRec sae cd forty OUT ke ae Meee er ro OO sidur rete eee eel eee gts a Cee acie Me Mu ees ty Rr aon Leese al od Pen Se Rar Ree ue sempre renovada eee eo ee aun een eet eet Ceca ECR CUun enc eley re ee re U Ren ons Rene mee ug Este livro inspirara vocé a dar as boas- Te eR IMR ca LW ce roca Meal gress Ie verdadeiramente vivo para compartilha-lo. OSHO A ESSENCIA DO AMOR Como amar com consciéncia e se relacionar sem medo Tradugto Denise de C. Rocha Delela Editora Cultrix stopauia Titulo original: Being in Love. Copyright © 2008 Osho International Foundation, Switzerland. www.osho.com/copyrights Copyright da edicto brasileira © 2009 Editora Pensamento Cultris Leda. Publicado mediante acordo com Harmony Books, uma diviséo da Random House, Ine. I edigio 2009. 3 peimpressio 2014, OSHO é ume marca segistrada da Osho Intemational Foundation, usids com a devida permissio i clicenga, www.osho.com/trademarks Texto de acordo com as novas regras ortogedficas da lingua porcuguesa Os textos contidos neste livro foram selecionados de varios discursos que Osho proferiu ao piiblico ‘Todos os discursos foram publicados na integra em forma de livzos, ¢ estao disponiveis também na i lingua original cm audio, As gravagdes em dudio ¢ os arquivos dos textos em lingue original podem ser encontrados via online no site www osho.com. Todos os ditsitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou usada de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrénico ou mecinico, inclusive foroedpias, gravagGes ou sistema de armazenamento om baneo de dados, scm permissio por escrito, exceco nos casos de techas curtos citados em resenhas erfticas ou artigos de revistas. A Edivora Cultrix nio se responsabiliza por eventwais mudangas ocortidas nos enderegos conven- cionais ou cletrinicos citedos neste livro, Dados internacionais de Catalogacao na Publicacao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Osho, 1931-1990. A essencia do amor : come amar com conssiéncia e se telacionar sem medo / Osho Uwadugiv Denise de C. Rocha Delela.-- $a Paulo : Culeris, 2009 ‘holo original: Reng In love ; how to love with ewareness and relace withous fear ISBN 9) 16-1047-9 |. Amor Aspectos religiosos 2. Vida espiritual - 1. Tele. 99.06412 €0p.299.93 Indices para catdlogo sistemitico: 1. Amor : Ensinamentos de Osho : Religioes de natureza universal 209.93 Direicos de traducio para a 0 Brasil adquizidos com exclusividade pela EDITORA PENSAMENTO-CULTRIX LTDA., que se reserva a propricdade literavia desta traducio. Rua Dr. Mério Vicente, 368 — 04270-000 — Sao Paulo, SP Fone: (11) 2066-9000 — Fax: (11) 2066-9008 E-mail: atendimento@editoracultrix.com.br swww.edicoraculzrix.com.br Foi feito 0 depésito legal, Introdugio: O queéoamor? 7 PARTE |. A jornada do "eu" para o “nds” Compreenda a natureza do amor ¢ como nutri-lo Além da dependéncia ¢ da dominagio—rompendo a crosta do ego As ctapas naturais da vidaedo amar 27 A chama da consciéncia 39 PARTE Il. O amor é uma brisa Aproveite o romance ao maximo Idcias absurdas na sua mente 45 “O amor fere” e outros mal-cntendidos 64 Atragao e oposigao 87 Diga adeus 20 Clube dos Coragées Solitarios 98 Almas gémeas ou “celas” gémeas? 125 O amor ea arte do nao fazer 160 PARTE Ill, Do relacionamento ao relacionar-se — © amor como um estado de ser Compreenda a natureza do amor e como nutti-lo O “amor” ¢ um verbo 187 Aconselhamento de casais — ideias para viver e crescer no amor S6 0 amor permanece 217 Sobre 0 autor 223 Sobre o Resort Osho” de Meditagao 224 Para maiores informagses 224 19 193 INTRODUCAO: © QUE E O AMOR? E lamentivel que tenhamos de fazer essa pergunta. Se as coisas seguissem o seu curso natural, todo mundo sabera 0 que 0 amot, Mas, na realidade, ninguém, sabe, ou quase ninguém sabe. O amor se tomou uma das mais raras expe- rigncias da vida. Sim, fala-se a respeito dele. Historias ¢ roteiros de cinema sho esctitos sobre ele, cangbes s4o compostas sobre ele, voce o encontra nos pro- gramas de TV, no radio, nas revistas — existe uma grande indéstria para nos su- prirde ideias sobre o que seja o amor. Muitos se dedicam a inddstria de ajudar as pessoas a entender o que seja o amor, Contudo, 0 amor continua sendo um fendmeno desconhecido, E deveria ser um dos mais conhecidos. E quase como se alguém perguntasse o que é comida. Vocé nao ficatia surpreso se alguém o procurasse para fazer essa petgunta? Somente se essa pessoa nascesse esfomeada ¢ nunca tivesse provado nenhum alimento, essa pergunta teria fundamento. O mesmo vale para a pergunta “O que é 0 amor?” Q amor ¢ 0 alimento da alma, mas vocé vive com fome. A sua alma nao recebe nenhum alimento, por isso voce néo sabe que gosto ele tem, Por isso a pergunta € relevante, embora lamentavel. Q corpo recebeu alimento, por isso continua vivos mas a alma ao recebeu, por isso estd morta, ou ndo nasceu ainda, ou esté sempre no leito de morte. Quando nascemos, chegamos ao mundo com a capacidade plena de amar e ser amados. Toda crianga nasce cheia de amor ¢ sabe perfeitamente © que ele é, Nao hd necessidade nenhuma de dizer a uma crianga 0 que é0 amot. Mas o problema surge porque a mée ou 0 pai néo sabem o que é 0 amor. Nenhuma crianga recebe os pais que merece ~ nenhuma crianga ja- mais recebeu os pais que merece; esses pais simplesmente nao existem na ‘Terra. E na época em que essa crianga se tornar pai ou mae, ela também j4 tera perdido a sua capacidade de amar. 8 A ESSENCIA DO AMOR Eu ouvi falar de um pequeno vale onde as criancas nasciam e, em trés meses, ficavam cegas. Era uma sociedade pequena e primitiva, ¢ havia um inseto ali que causava uma infecgio nos olhos ¢ levava os bebés & cegueira, de modo que toda a comunidade era cega. Todas as criancas nasciam com visio perfeita, mas com trés meses, no maximo, ficavam cegas por causa desses insetos. Ora, em algum momento posterior da vida, essas criancas de- vem ter perguntado “O que sio olhos? O que vocé quer dizer quando usa a palavra ‘olho’? O que é visto? O que significa ver? O que vocé quer dizer com isso?” FE, essas perguntas seriam relevantes. Essas criancas nasceram en- imento. xergando, mas perderam a viséo em alguma etapa do seu cre: E isso 0 que acontece com o amor. Todas as criancas nascem com to- do o amor que podem conter, com mais amor do que podem conter; nas- cem transbordantes de amor. A crianga nasce como amor; ela ¢ feita dessa coisa chamada amor. Mas os pais so incapazes de dar amor. Eles eém as suas proprias dores — os pais deles nunca os amaram. Os pais s6 podem fingit. Eles podem falar de amor. Podem dizer “Nés te amamos muito”, mas 0 que eles na realidade fazem é “mal-amar”. A maneira como se comportam, a maneira como tratam a crianga é insultuosa; n4o existe respeito. Nenhum. pai respeita o filho. Quem ja pensou em respeitar uma crianga? A crianca nao é vista como uma pessoa. E vista como um problema. Se ela ficar quie- ta, ¢ boazinha; se nao gritar nem fizer nenhuma travessura, dtimo; se ficar simplesmente fora do caminho dos pais, maravilhoso. E assim que uma crianga deve ser. Mas nfo existe respeito nem existe amor. Os pais nao sabem o que é amor. A esposa néo ama o marido, 0 ma- tido ndo ama a esposa. Nao existe amor entre eles — existe dominacao, pos- sessividade, citime, ¢ todos os venenos que destroem o amor. Assim como certos venenos podem destruir a nossa visio, 0 veneno da possessividade e do citime pode destruir o amor. O amor é uma flor muito frégil. Ele tem de ser protegido, tem de ser fortalecido, tem de ser regado; sé assim ele fica forte. E 0 amor da crianca é muito frégil — naturalmente, pois a crianga é fragil, o seu corpo € frdgil. Vocé acha que uma crianca abandonada A propria sorte é capar de sobrevi- INTRODUGAO: O QUE EO AMOR? 3 ver? Pense em como a crianca humana ¢ indefesa — se ela é abandonada & propria sorte, nao consegue sobreviver, Ela morrerd, ¢ isso 6 0 que est’ acon- tecendo com o amor. O amor estd abandonado a propria sorte, sem ter quem cuide dele. Os pais sao incapazes de amar, nao sabem o que ¢ 0 amor, nunca flo- resceram no amor. Basta pensar nos seus proprios pais — e lembre-se, nao estou dizendo que cles sejam responsiveis, Bles so vitimas assim como vo- cés 08 pais deles também eram. E assim por diante... vooé pode tetroceder até Adéo ¢ Eva c Deus Pai! Parece que nem o Deus Pai era muito respeitoso com Adio ¢ Eva. E por isso que, desde 0 comeco, ele mandava neles, “Faca isto”, “Nao faca aquilo”. Ele comegou fazendo as mesmas bobagens que todos os pais fazem. “Nao coma o fruto desta érvore.” E quando Adao comeu o fru- to, Deus ficou tio furioso que expulsou Adao ¢ Eva do paraiso. Essa expulsdo ¢ sempre uma possibilidade, e todo pai ameaca expulsar 0 filho, mand4-lo embora. “Se néo me ouvir, se nao se comportar bem, vo- cé vai embora.” E claro que o filho fica com medo. Ir embora? Para os ri- gores da vida ld fora? Ele comeca a fazer cancessdes. A crianca pouco a pouco é corrompida, ¢ comeca a manipular. Ela no quer sorrir, mas se a mie esti por perto e ela quer mamar, ela sorri. Agora isso ¢ politica — 0 ini- cio, 0 ABC da politica La no fundo, a crianga comega a odiar os pais, porque ela nao é respei- tada; ld no fundo, comecaa ficar frustrada porque nao é amada como ela é. Esperam que ela faca certas coisas, ¢ sé entio seri amada. Q amor tem con- dicées; ela nao € valorizada pelo que é. Primeiro tem que se tornar merece- dora, 86 entéo recebe o amor dos pai Entdo, para se tornar “merecedora”, a.ctianga comega a ser falsa; perde toda nogdo do seu valor intrinseco. Per- de o respeito por si mesma e, pouco a pouco, comeca a se sentir culpada, Muitas vezes ocorte & crianga, “Send que eles so meus pais de verda- de? Seri que néo me adoraram? Talver estejam mentindo para mim, pois no parecem me amar”. E milhares de vezes ela vé raiva nos olhos dos pais, esgares de raiva no rosto deles, e por coisas tio pequenas que ela nao con- segue entender a proporcéo da raiva causada por essas pequenas coisas, Por 10 A ESSENCIA DO AMOR coisas to pequenas ela vé a fiiria dos pais — nao consegue acreditar em ta- manha injustiga! Mas ela tem de ceder, tem de se curvar, tem de accité-la por necessidade. Aos poucos, a sua capacidade de amar é exterminada, © amor $6 cresce em meio ao amor. O amor precisa de um ambiente di biente de amor 0 amor ctesce; ele precisa a sua volta do mesmo tipo de pul- mor ~ essa é a coisa mais fundamental para sc lembrar. $6 num am- sagiio. Se a mae é amorosa, se 0 pai é amoroso = nao sé com a crianca, se eles sdo amorosos um com 0 outro também, se a casa tem uma aumosfera conde flua o amor, a crianga comecar4 a agir como um ser de amor, e.nun- ca perguntard “O que é 0 amor?” Ela saberd, desde 0 comecinho; 0 amor se tornard a sua base. Contudo, isso nao acontece. E lamentavel, mas nao tem acontecido até os dias de hoje. E as criangas aprendem a ser como os pais — aprendem as suas queixas, os seus conflitos. Basta que vocé continue se observando. Se éuma mulher, observe — vocé pode estar repetindo, de modo quase idén- tico, 0 modo como a Sua mie costumava se comportar, Observe-se quan- do estiver com o seu namorado ou: marido: 0 que esté fazendo? Nao es repetindo um padsao? Se é um homem, observe: 0 que esté fazendo? Nao estd se comportando igualzinho ao seu pai? Nao esté fazendo as mesmas bobagens que cle costumaya fazer? Antigamente voce ficava surpreso — “Co: mo 0 meu pai pode fazer uma coisa dessas?” - ¢ agora voce esté fazendo igual. As pessoas vivem se repetindo, vivem imitando uma a outia. O ser humano é um macaco. Voce estd repetindo 0 que.o seu pai ou.a sua me fa- ia, € isso tem de acabar. $6 entao vocé saberd o que ¢ 0 amor, do contra- tio continuard corrompido, Eu nfo posso definir o que é 0 amor porque ele nao tem definicao. E uma daquelas coisas indefiniveis como nascimento, morte, Deus, medita- cao. E uma daquelas coisas indefintveis — cu nao posso defini-lo. Nao pos- so dizer “isto é 0 amor”, ndo posso mostré-lo a vocé. Ele nao é um fendmeno visivel. Nao pode ser dissecado, nao pode ser analisado; s6 pode set vivenciado, ¢ 86 por meio da experiencia vacé realmente sabe 0 que ele ‘Mas eu posso Ihe mostrar como vivencié-lo. INTRODUCAO: O QUE E O AMOR? il Opri com isso que vocé desrespeite os seus pais, claro que ndo. Bu seria a tiltima eito passo é livrar-se dos seus pais. E nao estou querendo dizer pessoa a dizer isso. Nao quero dizer que vocé deva se livrat dos seus pais fi- sicos; quero dizer que vocé precisa se livrar das vozes interiores dos seus pais, do seu programa interno, das fitas cassete que tocam dentro de vocé. Elimine-os... ¢ vocé vai ficar simplesmente surpreso ao descobrir que, a0 climinar 0s seus pais do seu ser interior, vocé ficard livre. Pela primeira vez yocé conseguird sentir compaixao pelos seus pais, do contrario néo conse- guird; vocé vai continuar ressentido. ‘Todas as pessoas sentem ressentimento pelos pais. Como vocé pode no ter ressentimento se eles lhe fizeram tanto mal? E eles ndo fizeram isso de propdsito — sé queriam o seu bem, queriam fazer tudo pelo seu bem-es- tar. Mas 0 que eles podiam fazer? Nao ¢ porque vocé quer uma coisa que cla acontece, Desejar 0 melhor nao basta. Eles desejavam o melhor para vo- €@, isso é verdade; disso nao ha dtivida; todos os pais querem que 0 filho s6 tenha alegrias na vida. Mas o que podem fazer? Eles préprios nunca tiveram nenhuma alegria. Eles s4o robés, e conscientemente ou nao, intencional- mente ou nao, criaram wma atmosfera em que os filhos cedo ou tarde se tor- nariam robds também. © Se vocé quer se tornar um ser humano ¢ no uma méquina, livre-se dos seus pais. E vocé precisard ter muita cautela. Trata-se de um trabalho ar- duo, muito arduo; vocé nao consegue fazé-lo num estalar de dedos. Teri de ter muito cuidado com o seu comportamento. Observe ¢ veja quando a sua mie entra em cena, € comega a agir por seu intermédio — assim que perce- ber, afaste-se desse comportamento. F algo absoluramente novo, que a sua mae nem. poderia imaginar. Por exemplo, 0 seu namorado esté olhan- do para outra mulher com um brilho de admiracéo nos olhos. Agora ob- serve 0 que vocé esta fazendo. Esté fazendo 0 mesmo que a sua mae fazia quando o seu pai olhava com admiragéo para outra mulher? Se esté, voce nunca saber4 o que é 0 amor; vai simplesmente repetir 2 mesma historia, Se- a mesma cena representada por outros atores, mais nada; o mesmo ato desgastado sendo repetido varias ¢ varias vezes. Nao seja uma imitagao, saia 2 A ESSENCIA DO AMOR disso, Paga algo novo. Faga algo que a sua mae nem sequer poderia conce- ber. Faga algo que o seu pai nem sequer poderia conceber. Essa novidade tem.que brotar do seu set, sé entio.o amor comecaré a fluir. O primeiro principio bisico, portanto, é livrar-se dos seus pais, O segundo é o seguinte: as pessoas acham que s6 podem amar quan- do encontram, um. parceiro digno delas — bobagem! Vocé nunca encontra- um, As pessoas acham que s6 amaro quando encontrarem o homem perfeito ou a mulher perfeita. Balelal Vocé nunca os encontrard, porque a mulher ou 0 homem perfeito nao existem. E se existirem, nao se importa- rao com o seu amor. Nao estarao interessados. Ouvi falar de um bomem que continuon solteiro a vida toda por- que estava em busca de uma mulher perfeita. Quando estava com 70 anos, alguém the perguntou, “Voce viajou tanto — fai de Nova York a Katmandu, de Katmandu para Roma, de Roma para Londres, sempre nessa busca. Nao conseguiu encontrar uma mulher perfeita? Nem mesmo uma?” O velho aparentou uma grande tristeza. “Sim, uma vez encontrei. perfeita.” O outro indagon, “Entio o que acontecen? Por que ndo se casaram?” Muito tempo atrds, conbeci uma mubh Pesavasa, o vellto respondeu, “Adivinhe. Ela estava em busca do homem perfeito!” E, lembre-se, quando dois seres séo perfeitos, a necessidade que tém de amor nGo é igual 4 sua necessidade. F algo totalmente diferente. Vocé nao compreende nem mesmo o amor que é possivel para vocé, como ser capaz de compreender o amor que envolve alguém como Buda, ou o amor que flui de alguém como Lao-Ts¢ para voc’ — voce nfo é capaz compreender. Primeiro vocé tem que entender o amor que é um fendmeno natural, 0 esse aconteceu ainda. Primeiro vooe tem que entender o. na- do 0 transcendental. Portanto, a segunda coisa a lembrar é& INTRODUGAO: O QUE E O AMOR? 13 nunca saia em busca do homem perfeito ou da mulher perfeita, Essa ideia também foi incurida na sua mente — de que 2 menos que encontre o homem, perfeito ou a mulher perfeita, vocé nunca seré feliz. Entao vocé continua em busca do perfeito, endo o encontra, portanto vive infeli, Nao é preciso perfeicao para fluir e crescer no amor. O amor nao tem nada a ver com o outro. Uma pessoa amorosa simplesmente ama, assim co- mo uma pessoa viva respira, come, bebe ¢ dorme, Exatamente desse modo, uma pessoa realmente viva, uma pessoa amorosa, ama. Vocé nao diz, “A menos que o ar esteja perfeitamente puro e despoluido, nao vou respirar Vocé continua respirando mesmo que more em Los Angeles; vocé continua respirando mesmo que more em Mumbai. Continua respirando aonde quer que vé, mesmo com o at poluido, envenenado. Continua respirando! Voce nao pode parar de respirar $6 porque o ar nao esté nas condigoes ideais. Se estd com fome, vocé come alguma coisa, seja o que for. No deserto, se est morrendo de sede, vocé bebe qualquer coisa. Nao insistiré para que lhe ua- gam coca-cola, qualquer coisa servird — qualquer bebida, 4gua, até 4gua su- ja. J& se soube de pessoas que beberam até a propria urina. Quando voce esta morrendo de sede, ndo importa o que & vocé bebe qualquer coisa para ma- tara sede, Pessoas matam camelos no deserto para beber égua — porque os camelos tém agua dentro deles. Porém, isso é perigoso, porque depois a pes- soa terd de andar por quilémetros. Mas ela esté com tanta sede que pensa primeiro no mais importante ~ primeito na 4gua, do contrétio morrerd. Sem dgua, mesmo que o camelo estivesse ali, o que ela iria fazer? O came- lo teria que levar um cadaver para a cidade mais préxima, pois sem 4gua vo- cé morreria, Uma pessoa vi va c amorosa simplesmente ama. O amor é uma funcéo natural, Entéo, a segunda coisa a lembrar é: nao espere perfeicso; do contrério. amor nenhum fluiraé de voce, Do contrario, vocé sera “desamoroso”. Aque les que cxigem perfeicéo sfo pessoas muito “desamorosas”, neurdticas. Mes- mo que consigam encontrar um companheiro, elas exigem perfeicao, ¢ 0 amor é destruido por causa dessa exiggncia. 14 A ESSENCIA DO AMOR Assim que um homem passa a amar uma mulher ou uma mulher pas- saa amar um homem, comeca a exigéncia. A mulher comeca a exigir que o homem seja perfeito, s6 porque ele a ama. Como se ele tivesse cometido um pecado! Agora ele tem que ser perfeito, tem que sc livrar de todas as suas limitag6es — de repente, s6 por causa dessa mulher? Agora ele nao pode mais ser humano? Qu ele tem que se cornar sobre-humano ou tem que se tornar um impostor, alguém falso, trapaceiro. Naturalmente, tornar-se sobre-humano é muito dificil, entéo as pes- soas se tornam trapaceiras. Elas comecam a fingir, representar ¢ fazer jo- guinhos. Em nome do amos, as pessoas estéo apenas fazendo joguinhos Pori o diteito de exigir nada de ninguém., Se alguém ama voce, seja grato, mas so a segunda coisa a se lembrar é nunca exigir perfeicao. Vocé nao tem. no exija nada — porque o outro ndo tem obrigacdo de ama-lo. Se uma pes- soa ama, trata-se de um milagre. Emocione-se com o milagre. Mas as pessoas nfo se emocionam. Por causa de pequeninas coisas, clas acabam com todas as possibilidades de amor. Elas nao estéo muito in- teressadas em amor e na alegria que ele traz. Estéo mais interessadas em ou- “tras viagens do ego. Preocupe-se com a sua alegria. Preocupe-se totalmente com a sua ale- aria, preocupe-se apenas com a sua alegria. Todo o resto & secundério. Ame como uma funcio natural, tal como respirat. E quando amar uma pessoa, nao comece a fazer exigéncias; do contritio desde o inicio vai comecar a fe- char as portas. Nao tenha nenhuma expectativa. Se algo cruzar 0 seu cami- nho, sinta-se grato, Se nada acontecer, nao é preciso que acontega, nao hé necessidade nenhuma que aconteca. Vocé nao pode ter expectativas. Mas observe as pessoas, veja como elas néo dio nenhum valor umas as outras. Se a sua esposa lhe prepara o jantar, vacé nao agradece. Nao estou dizendo que vocé tenha de verbalizar o seu agradecimento, mas ele tem que estar nos seus olhos. Mas yocé ndo se incomoda com isso, nao dé a menor importincia - é a obrigacéo dela. Quem disse? . Se o seu marido vai trabalhar para ganhar dinheiro, vocé nunca agra- dece, Nao sente a menor gratidao, “E isso mesmo que um homem tem de INTRODUCAO: © QUE E O AMOR? 1 fazer.” Isso é 0 que vocé pensa, Como 0 amor pode crescer? Ele precisa de um clima de amor, precisa de um clima de gratidao. Precisa de uma at. mosfera em. que nao haja exigéncias, ndo haja expectativas. Essa é a segun- da coisa.alembrar. Ea terceira é: em ver de pensar em como receber amor, comece a amar. Se vocé da, vocé recebe. Nao existe outra maneira. As pessoas estao mais in- teressadas em receber, em se apoderar. Todo mundo est inceressado em re- cebet ¢ ninguém parece gostar de dar. As pessoas s6 dao alguma coisa com muita relutancia ~ se déo, és6 porque querem receber algo em troca; é qua- se um negécio, um comércio. Elas esto sempre querendo ter certeza de que vao receber mais do que dao — ai seré um bom negécio, vai valer a pe- na. E a outra pessoa esté fazendo a mesma coisa. O amor nao ¢ um comércio, portanto pare de agit como um comer- ciante. Do contrério vocé nao aproveitard a vida, 0 amor ¢ todas as coisas belas que cla tem — porque nada que ¢ belo é um comércio. O comércio é 2 pior coisa do mundo — um mal necessario, mas a existéncia no sabe na- da sobre cométcio. As drvores florescem, néo ¢ um comércio; as estrelas bri- lham, nao é um comércio e vocé no tem que pagar por isso nem ninguém ex ige nada de vocé. Um péssaro vem, pousa na sua porta ¢ comeca a can- _ fan, € 0 passaro nao lhe pede um certificado ou algum sinal de que vocé es- td gostando, Ble canta e depois sai voando alegremente, sem deixar rastro E assim qac 0 amor cresce. Dar, ¢ nao esperar para vet quanto poderte- ceber em troca. Sim, voce recebe, e recebe multiplicadamente, mas isso ¢ al- go natural. Vem por conta prépria, no € preciso que voce exija. Se exigis, nao vem. Quando exige, vocé mata 0 amor. Portanto, dé. Comece a dar. No inicio, seré dificil, porque a vida toda vocé weinou nao para dar, mas para receber. No inicio, vood terd que lutar com a sua propria armadura, A sua musculatura se tornou rija, 0 seu coracao se tornou uma pedra de ge- lo, voc8 se tornou uma pessoa fria. No inicio, seré dificil, mas cada passo 0 levard mais longe ¢, pouco a pouco, o rio comecaré a fluir, Primeiro livre-se dos seus pais. Livrando-se dos seus pais, voc’ se livrard da sociedade; livrando-se dos seus pais, vocé se livrard da civilizacao, da 16 A ESSENCIA DO AMOR co, de tudo — porque os seus-pais representam.tudo isso, Voce se tor- educe _na um individuo, Pela primeira vez na vida, vocé nao fard mais parte da massa, vocé tera uma individualidade auténtica, Vocé estara por conta pré- pria. Isso é que é crescimento. E assim que uma pessoa adulta deve ser. A pessoa adulta € aquela que nao precisa dos pais. A pessoa adulta é aquela que nao precisa se agarrar nem se apoiar em ninguém. A pessoa adul- ta é aquela que vive feliz na sua solidao —a sua solidao é uma cangio, uma celebracéo. A pessoa adulta ¢ aquela que vive feliz em sua propria compa- nhia. A sua solidao nao é propriamente solidao; é solitude, ¢ meditariva. Um dia vocé teve que sair do titero da sua mae. Se tivesse ficado l& por mais de nove meses, teria morrido — e nao sé vocé, mas ela também. Um dia vocé teve que sair do Utero materno; entzo um dia teve que sair também do seu ambiente familiar, outro ticero, e ir & escola, Entéo um dia teve de sair da atmosfera escolar, outro titero, ¢ entrar num mundo maior. Mas lé no fundo vocé continua sendo uma crianga. Vocé ainda esté no titero! Sao camadas e camadas de titero e esse titero precisa ser rompido. Isso € 0 que, no Ocidente, vocés chamam de segundo nascimento. Quando vocé passa pelo segundo nascimento, fica completamente livre das impresses dos pais. Ea beleza disso € que s6 entéo a pessoa sente gratidao pelos pais. Ela sente compaixio e amor por eles, lamenta por eles, porque também sofreram do mesmo jeito. Ela nao fica com raiva ¢ faz tudo para aju- dar os pais a conquistar a plenitude da solidéo, o pice desse sentimento. ‘Tornar- ¢ individuo, isso é a primeira coisa. A segunda é: nao espere per- feicao ¢ nao peca nada, nao exija nada. Ame as pessoas comuns. Nao hé na- da de errado com as pessoas comuns. As pessoas comuns sio extraordindrias! Todo ser humano € tinico ¢ exclusivo; tenha respeito por essa originalidade Torceiro, dé, e dé sem condigdes — ent4o voce saber 0 que é amor. Eu nao posso defini-lo. Sé posso Ihe mostrar o caminhé que leva ao seu cres- cimento. Posso lhe mostrar como fazer com que ele se torne uma roseirza, como regé-lo, como fertilizé-lo, como protegé-lo. Entéo um dia, a partir do nada, surge a rosa, ¢ a sua casa fica toda perfumada. E assim que o amor acontece. PARTE | A jornada do “eu" para o “nds” Compreenda a natureza do amor € como nutri-lo Qamor no pode ser aprendido, nado pode ser cultivado. O amor cultivado nao seré amor coisa nenhuma. No sera uma rosa de verdade, sera uma flor de plastico. Se vocé aprende alguma coisa, isso significa que ela veio de fora; nao é.um crescimento interior E 0 amor tem que crescer interiormente para ser auténtico e verdadeiro. © amor nao é um aprendizado, mas um crescimento. © que vocé precisa fazer nao é aprender maneiras de amar, mas desaprender maneiras de “desamar”. Os obs- taculos precisam ser removidos, as pedras tém que ser re- tiradas do caminho, para que ele possa fluir. Ele ja existe -escondido atras de muitas pedras, mas a sua nascente ja existe. Ele é o seu préprio ser. ALEM DA DEPENDENCIA E DA DOMINAGAO Rompendo a crosta do ego Eu sempre me surpreendo com a quantidade de pessoas que me procuram ¢ dizem que tém medo do amor. Por que medo do amor? Porque, quando voce realmente ama alguém, o seu ego comega a se desva- necer, a derreter. Vocé néo pode amar com o ego; o ego se tora uma bar- reita ¢, quando vocé quer tirar a barreira entre vocé e 0 outro, 0 ego diz, “Isso vai ser a morte, cuidado!” A morte do ego nao é a sua morte; a morte do ego & na verdade, a sua possibilidade de vida, O ego € apenas uma crosta sem vida em volta de vo- cé, ela cem de ser quebrada e abandonada. Ela se desenvolve naturalmente — como o viajante que acummula poeira nas toupas, no corpo, € tem que to- mar banho para se livrar da sujeira. Com 0 tempo, a poeira das nossas ex- periéncias, do nosso conhecimento, da yida que vivemos, do passado, vai se acumulando, Essa poeira se torna o ego. Ela se acumula e se toma uma crosta em torno de voce, € tem que ser quebrada e abandonada. E preciso tomar banho todos os dias, na verdade a todo momento, para que essa cros- ta nao sc torne uma prisao. 19 20 A ESSENCIA DO AMOR E muito Gtil encender de onde vem o ego, entender as ralzes. Acctianga nasce ¢ é totalmente indefesa, principalmente a crianca hu- mana. Nao podemos sobreviver sem a ajuda de outras pessoas. A maioria dos hotes de anii is, as drvores, os pdssaros consepuem sobreviver sem 0s pais, sem uma sociedade, sem uma familia. Mesmo que as vezes precise de ajuda, € muito pouco — alguns dias, no maximo alguns meses. Mas a jana humana é tio indefesa que passa anos dependendo de outras pes- soas. F ai que € preciso buscar as rafzes. Por que esse desamparo deu origem ao ego humano? A crianca é inde- fesa, ela depende dos outros, mas a mente ignorante da crianca interpreta es- sa dependéncia como se o mundo girasse em torno dela. A crianga pensa, “Sempre que eu choro, a minha mae vem correndo; sempre que tenho fo- me, basta eu dar um sinal para que me oferecam o peito, Sempre que estou molhado, choro um pouquinho e alguém troca as minhas fraldas”. A ctian- ¢a vive como um imperador, Na verdade, ela é absolutamente indefesa ¢ de- pendente, ¢ a mic co pai, a familia ¢ aqueles que cuidam da crianga estio, todos eles, ajudando-a a sobreviver. Eles nao dependem da crianga, a crian- ca é que depende deles. Mas a ctianga interpreta isso como se o mundo gi- rasse em torno dela, como se 0 mundo inteiro sé existisse por causa dela. E o mundo da crianca, obviamente, € muito pequeno no infcio. Ele consiste na mie, a pessoa que cuida dela, no pai, que esté ali por perto — nis- So se resume o mundo da crianca. Essas pessoas a amam. E a crianga se tor- na cada vez mais egoista. Ela se considera 0 centto de toda a existéncia, ¢ dessa maneira 0 ego é criado. Por meio da dependéncia ¢ do desamparo,.o ego é criado. Na verdade, a situacao real da crianca é justamente o contrétio do que cla pensa; nao existe uma justificativa real para que esse ego seja criado. Mas a ianga ¢ absolutamente ignotante, nao é capaz de entender a complexi- dade da coisa. Fla nao sabe que é indefesa, acha que ¢ um ditador! E, en- tao, pelo resto da vida, ela continuaré tentando ser um ditador. Ela se rornaré um Napoledo, um Alexandre, um Adolf Hitler os seus presiden- primeiros-ministros, ditadores, so todos infantis. Eles esto tentando ALEM DA DEPENDENCIA E DA DOMINACAO ‘0 de toda a existéncia, Com eles, 0 mundo tem que viver e morrer; 0 mundo in- conseguir a mesma coisa que viveram na infincia; querem ser o cen: teiro a sua periferia ¢ eles so 0 centro do mundo; o proprio significado da vida est encerrado dentro deles. Acctianga, é claro, naturalmente acha essa interpretagio correta, pois, quando a mac olha para ela, nos seus olhos ela vé que é ela quem dé senti- do para a vida da mae. Quando o pai chega em casa, a ctianga percebe que é ela quem dé sentido para a vida do pai, Isso dura uns trés ou quatro anos ~€ os primeiros anos da infancia so os mais importantes; nunca mais ha- verd um tempo, na vida da pessoa, com 0 mesmo potencial. Os psicélogos dizem que, depois dos primeitos quatro anos, a crianca escd quase completa. Todos os padrées ja estao fixados; pelo resto da vida ela repetiré os mesmos padres em diferentes situacées. E ali pelo sétimo ano, a ctianga jd tem todas as atitudes confirmadas, o seu ego jé esta esta- belecido. Agora ela sai para o mundo ~ ¢ dai em diante em todos os huga- tes encontrard problemas, milhdes de problemas! Depois que cla sai do circulo familiar, os problemas comesam a surgit — porque ninguém se im- porta com vocé como a sua mée se importay: ninguém esté tio preocupa- do com voot como o seu pai estava. Pelo contritio, aonde quer que va voce sé encontra indiferenca, ¢ 0 ego fica ferido. Mas agora o padrio ja esta estabelecido. Ferida ou nao, a ctianca nao pode mudar o padrao ~ ela se tornou a propria odpia do seu ser. Brincard com as outras criangas ¢ tentard dominé-las, Ird 4 escola tentaré dominar, ser a primeira da classe, ser a aluna mais importante. Talvez ela acreditasse que era superior, mas vai descobrir que todos os alunos acreditam na mes- ma coisa. Existem conflitos, existem egos, existe briga, discussées. E essa se torna toda a hist6ria da vida: existem milhées de egos em tor- no de vocé, assim como vocé, e todo mundo esta tentando controlar, ma- nipular, dominar — por meio do dinheiro, do poder, da politica, do conhecimento, da forca, das mentire , das pretens6es, da hipoctisia. Até mesmo na religido ¢ na motalidade, todo mundo est tentando dominar, mostrar ao resto do mundo que “Eu sou o centro do mundo” 22 A ESSENCIA DO AMOR Essa é a raiz. de todos os problemas entre as pessoas. Por causa desse conceito, vooé estd sempre em conflito e Iutando com uma pessoa ou ou- ura, Nao que os outros sejam inimigos seus — toda mundo é como voce, es- té no mesmo barco. A situago é a mesma para todo mundo; eles foram criados do mesmo modo. Existe uma certa escola de psicandllise ocidental segundo a qual, a me- nos que as criancas sejam criadas longe do pai e da mae, nunca haverd paz no mundo. Eu nao concordo com eles, pois sem os pais as criangas nao se- ro criadas de maneira alguma! Esses psicélogos tém uma certa raz4o, mas trata-se de uma ideia muito perigosa. Porque, se as criancas forem criadas em creches, longe do pai ¢ da mie, sem nenhum amor, com total indife- renea, clas podem néo ter os problemas do ego, mas terdo outros, até mais prejudiciais ¢ perigosos. Sea ctianca for criada com toral indiferenga, ela nao tera centro. Ela serd uma confusio, seta desajeitada, nao saberd quem ela é. Nao terd ne- nhuma identidade. Com medo, apavotada, ela nao ser4 capaz de dar nem mesmo um passo sem morrer de medo, porque ninguém a amou. E claro que no haverd ego nenhum, mas sem ego ela nao terd centro. Ela nao se tornaré um buda; ser apenas alguém embotado e incapacitado, que sente medo 0 tempo todo. E preciso amor para que vocé sinta destemor, para que se sinta aceito, alguém que nao é imprestvel, que pode ser jogado no lixo. Se as criangas fo- rem criadas numa situagio em que nao haja amor, elas nao terao ego, isso é verdade. A vida delas nao terd tantas disputas e combates. Mas elas nao se- ro absolutamente capazes de se defender. Esto sempre fugindo, correndo de tode mundo, escondida nas cavernas do seu proprio ser. Elas nao serio budas, nao irradiarao vitalidade, nao viverao centradas, 4 vontade, em casa. Serio simplesmente excéntricas, fora do centro. Também nao seré nada bom. Portanto, cu ndo concorde com esses psicdlogos. A proposta deles cria~ robés, nfo seres humanos — c os robés, é claro, nao tém problemas. Ou pode dar origem a seres humanos que sejam mais parecidos com ani- menos preocupagio, menos tilceras, menos cancer, mas nada ALEM DA DEPENDENCIA E DA DOMINACAO z disso vale a pena se significa que vocé nao pode chegar ao ponto mais ele- vado da consciéncia. Em vez disso, vocé estard numa queda livre; estard re- gredindo. E evidente que, se vocé se tornar um animal, haverd menos angtistia, porque haverd menos consciéncia. E, se voce se tornar uma pedra, uma rocha, néo haverd preocupagdo nenhuma, porque néo haverd ninguém ali dentro para sentir preocupacéo, para sentir angtistia. Mas néo vale a pe- na. A pessoa tem que ser como um deus, néo como uma rocha, E com is- so quero dizer absoluta consciéncia e mesmo assim nenhuma preocupacio. Nenhuma ansiedade, nenhum problema; viver a vida como um passaro, celebrar a vida corno um pdssaro, cantar como um passaro — nao regredin- do, mas avangando até um nivel étimo de consciéncia. A crianga forma o ego — é natural, nada pode ser feito com relagio a isso. FE preciso aceitar. Mas, posteriormente, nao ha necessidade de se con- tinuar com ¢l Esse ego ¢ necessirio no inicio, para que a crianga se sinta aceita, amada, bem-vinda ~ sinta que ela é um convidado de honra, néo um acidente. O pai, a mae ¢ o calor humano em torno da crianga a ajudam a crescer forte, enraizada, ancorada. F. necessario, 0 ego Ihe dé protecao — bom, € assim como a casca de uma semente. Mas a casca nao deve se tor- nar definitiva, do contrdrio a semente more! A protecéo pode durar por tempo demais ¢ se tornar uma pri 0 precisa continuar sendo 0. A prote uma protecio enquanto for necesséria ¢, quando chega o momento de a casca dura da semente cai por terra, ela precisa morrer naturalmente para que a semente possa brotar ¢ a vida nascet. © ego € s6 uma casca protetora — a crianga precisa dela porque é in- defesa. Precisa dela porque é fraca; porque é vulneravel ¢ existem milhées de forgas em toro dela, Ela precisa de protegao, de uma casa, de uma ba- se. O mundo todo pode ser indiferente, mas ela sempre pode se volear pa- 12.0 seu lat, ¢ ali pode adquirir importancia. Mas com a importincia vem o ego. A crianga fica egofsta, € com 0 ego surgem todos os problemas que vocé enfrenta. Esse ego ndo deixard que vo- cé se apaixone, Esse ego gostaria que todas as pessoas se rendessem a ele; ele nio vai deixar que vocé se renda a ninguém — ¢ 0 amor $6 acontece quan- 24 A ESSENCIA DO AMOR do vocé se rende. Quando vocé forga outra pessoa a se render, isso € deces- ravel, destrutivo. Nao é amor. E se nao existe amor, a sua vida ndo terd afe- to, nao terd poesia. Ela pode set prosa, matematica, légica, racional. Mas como viver sem poesia? Nao hd nada de errado com a prosa, racionalmente tudo bem, ela € til, necessdria — mas viver apenas por meio da razao ¢ da Igica pode nun- caser uma celebragéo, pode nunca ser festiva. E quando a vida nao é festi- va, ela é chata. A poesia € necessdria — mas pela poesia vooe tem que se render. Precisa descartar 0 ego. Se fizer isso, se colocé-lo de lado por alguns instantes, a sua vida ter vislumbres da beleza, do divino. Sem poesia vocé nao consegue viver de verdade, vocé s6 pode existir. O amor é poesia. E, se 0 amor nao é possivel, como vocé pode ser reveren- te, meditativo, consciente? E quase impossivel. E sem uma consciéncia me- ditativa, vocé ser4 apenas um corpo; nunca ficaré consciente da sua alma mais profunda. Somente na devocio, na meditagao profunda e no siléncio vocé chega ao pice. Esse siléncio reverente, essa consciéncia meditativa, es- 14 no dpice da experigncia — mas o amor abre a porta. Carl Gustav Jung, depois de passar a vida toda estudando milhares de pessoas — milhares de casos de pessoas doentes, psicologicamente mutiladas, psicologicamente confusas —, afirmou que nunca tinha conhecido uma pes- soa doente cujo problema real, depois dos 40 anos, néo fosse espiritual. Existe um ritmo na vida, na casa dos 40 anos surge uma nova dimensio, a dimensao espirirual. Se vocé nao lidar com ela diteito, sé nfo souber o que farcr, ficard doente, inquieto. Todo 0 crescimento humano é uma conti- nuidade, Se vocé queima uma etapa, ele fica descontinuo. A crianga forma 0 ego — ese cla nunca aprender a deixar esse ego de lado, néo conseguiré amar, ndo conseguiré ficar 4 vontade na companhia de ninguém. O ego vi- verd guerreando. Vocé pode se sentar em siléncio, mas o sen ego esté cons- tantemente brigando, procurando maneiras de dominas, de ser ditatorial, er 0 governador do mundo. Isso s6 cria problemas em todo Ingar. Na amizade, no sexo, no amor, dade — em todo lugar, vocé esté em conflito. Haveré contflito até ALEM DA DEPENDENCIA E DA DO! IACAO mesmo com os pais que Ihe deram esse ego. E raro que um filho perdoe o q pai, € raro que uma mulher perdoc 2 mic. [sso acontece muito raramen George Gurdjieff tinha uma frase na parede da sala onde ele costu- mava receber as pessoas. A frase cra assim: “Se voc’ ainda nfo fez as pazes com 0 seu pai ¢ a sua mae, v4 embora, Nao posso fazer nada por voce”, Por qué? Porque © problema foi criado ali c tem de ser resolvido ali. B. pot isso que todas as tradigées o aconselham a amar os seus pais, a tespeitar os scus Pais tanto quanto possivel — porque o ego vem dali, essa é a base, Solucio- ne-0, caso contrério isso vai assombrar voce em todo lugar. Os psicanalistas também chegaram a concluséo de que tudo o que fa- zem € levar o paciente de volta aos problemas que existiam entre ele e 0s pais € tenrar resolvé-los de alguma maneira, Se voce conseguir resolver 0 seu conflito com os seus pais, muitos outros conflitos simplesmente desepare- ceréo, porque eles se basciam no mesmo conflito bésico. Por exemplo, um homem que nao se dé bem com o pai no consegue se dar bem com 0 chefe no escrit6rio ~ nunca, porque o chefe é uma figura paterna. Esse pequeno conflito com os pais continua a se refletir em todos os seus relacionamentos. Se vocé nao se dé bem com a sua mie, também nao se di bem com a sua esposa, porque ela representa as mulheres; voce ndo con- segue se sentir bem com as mulheres em geral, porque a sua mée é a primei- ra mulher da sua vida, é 0 seu primeiro modelo de mulher. Onde quer que haja uma mulher, a sua mie estd, e um relacionamento sutil continua. © ego nasce no relacionamento com o pai ¢ a mae, ¢ é ali que € pre- ciso enfrenté-lo. Do contratio, vocé continuard cortando os galhos e as fo- thas da Atvore, ¢ a raiz. continuard intacta. Se chegou a um acordo com o seu pai ca sua mde, voc’ amadureceu. Nie existe mais ego. Vooé compreende que era indefeso, que dependia dos outros, que nao eta o centro do mun- do. Na realidade, vocé era completamente dependente; nao teria sobrevi- vido de outro modo. Se voce entende isso, 0 ego pouco a pouco se desvanece; e, quando nao est4 mais em conflito com a vida, vocé se torna solto ¢ natural, vocé relaxa, Fica leve como o ar. 0 mundo nao parece mai cheio de inimigos, ele € uma familia, uma unidade organica. O mundo nao 26 A ESSENCIA DO AMOR estd mail contra vocé, voce pode flutuar com ele. Ao descobrir que 0 ego uma bobagem, ao descobrir que o ego nao tem base existencial, ao desco- bric que o ego é sé um sonho pueril, uma ideia equivocada nascida da ig- norancia, a pessoa simplesmente deixa de ver ego. Existem pessoas que me procuram para perguntar, “Como eu me apai- xono? Existe um jeito?” Como se apaixonar? Elas querem saber um jeito, um método, uma certa técnica. Elas ndo entendem o que estio perguntando, Apaixonar-se significa que agora nao h4 mais jeito, nao ha uma técnica, nao hd um método. E Por isso que se fala em “cair de amores” — voce nao est4 mais controlando nada, voce simplesmente cai. E por isso que as pessoas de muito raciocinio dizem que 0 amor é cego. O amor & 0 tinico olho, a dnica visio — mas elas dirdo que o amor ¢ cego, e se voot estiver apaixonado dirfo que vacé ficou louco. © amor parece loucura para-a-pessoa movida pela cabeea, porque a mente € uma grande manipuladora. Qualquer situagao cm que se perde 0 controle parece perigosa para a mente. Mas existe 0 mundo do coracéo humano, existe o mundo do ser hu- mano ¢ da consciéncia, onde nenhuma técnica é possivel. ‘Todas as tecno- logias sao possiveis com a matéria; com a consciéncia nenhuma tecnologia € possivel e, na verdade, nenhum controle é possivel. O proprio esforco pa- ra controlar ou para fazer com que as coisas acontecam é egoista. AS ETAPAS NATURAIS DA VIDA E DO AMAR Ass pessoas me perguntam qual 0 jeito certo de promover uma atmosfera afetuosa que propicie o crescimento da ctianga, sem inter- ferir na potencialidade natural dela, ‘Todas as maneiras de ajudar uma crianca estio etradas. A prdpria ideia de ajudar nao estd certa. A crianca precisa do seu amor, no da sua ajuda, A ctianca precisa do seu afeto, do seu amparo, mas nao precisa da sua aju- da. O porencial natural da crianga é desconhecido, por isso nao existe um Jeito de ajudé-la a atingir esse potencial, Vacé nao pode ajudar quando 0 ob- jetivo € desconhecido; tudo 0 que pode fazer é nao interferis, E, na verda- de, em nome da “ajuda” todo mundo incerfere na vida de todo mundo;< Porque o nome ¢ bonito, ninguém faz objecéo. E claro que a crianga é mui- fo pequena, completamente dependente de vocé, néo pode contestar. ‘Todas as pessoas & sua volta sao iguaizinhas a vocé: também receberam a ajuda dos pais, assim como voce. Elas nao atingiram 0 potencial natural que tinham, do mesmo modo que voce também no atingiu o seu. O mun- do todo esta se perdendo malgrado toda ajuda dos pais, da familia, dos pa- 27 28 A ESSENCIA DO AMOR rentes, dos vizinhos, dos professores, dos padres. Na verdade, todo mundo est to sobrecarregado de ajuda que a pessoa néo consegue atingir nem 0 seu potencial antinatural, que dird o natural! Ninguém consegue se mexers © peso sobre os ombros de cada pessoa é maiot do que o do Himalaial Todas as pessoas & sua volta foram ajudadas, muito ajudadas para ser © que so. Voce foi ajudado; agora quer ajudar os seus filhos também? Tu- do o que pode fazer é ser amoroso, afetuoso. Seja caloroso, tolerante. A ctianga traz. um potencial desconhecido, e nao ha meios de adivinhar o que ela vai ser. Portanto, nao hé como sugeris, “Vocé deve ajudar o seu filho deste jeito”. Cada crianga ¢ tinica, por isso néo pode haver uma disciplina geral para todas. Q jeito certo é nao ajudar a crianca de maneira alguma. Se vocé ¢ de fato corajoso, entio néo ajude o seu filho. Ame-o, incentive-o. Deixe-o fa- zero que quer fazer. Deixe-o ir aonde quer it A sua mente viverd instigan- do-o a interfetir, ¢ com uma boa desculpa. A mente é muito esperta quando se trata de racionalizar: “Se vocé nao interferir pode ser perigoso; a crianca pode acabar num buraco, se vocé nao a detiver”. Mas eu lhe digo que é me- lhor deixé-la cair no buraco do que ajudé-la e destruf-la. A possibilidade de que ela acabe num buraco é muito pequena — mesmo que isso acontega, isso ndo significa 2 mortes ela pode ser tirada de Id, Se voce est realmente preocupado, entao pode cobrit o buracos mas ndo a ajude, nfo interfira. © buraco pode ser cercado, mas nao interfira com a crianga. A sua verdadcira preocupagao deve ser climinar todos os pe- rigos, mas nao interfira com a ctiangas deixe-a seguir 0 seu caminho. Vocé terd que entender alguns padrées de crescimento importantes. A vida tem ciclos de sete anos, ela avanga em ciclos de sete anos, como a Ter- za perfaz um giro em torno do seu eixo num perfodo de 24 horas. Ora, ninguém sabe por que néo séo 25 horas, por que nao séo 23. Nao existe res- posta para isso; € simplesmente um fato, Portanto, nao me pergunte por que a vida avanga em ciclos de sete anos. Eu ndo sei. Isso € tudo o que eu sei, a avanca em ciclos de sete anos, e se vocé entender esses ciclos en- tenderd muita coisa sobre o crescimento humano. AS ETAPAS NATURAIS DA VIDA E DO AMAR 29 Os primeiros sete anos sio os mais importantes, porque a base da vi- da esti sendo lancada. F por isso que todas as religides se preocupam tan- to em arrebanhar a crianca o quanto antes. Aqueles sete anos so o peziodo em que vocé € condicionado, abarrotado com todo tipo de ideias que as- sombrario vocé pelo resto da vida, que continuario desviando-o da sua po- tencialidade, que corromperio vocé, que nunca deixardo que veja com clareza. Elas sempre nublarao como nuvens a sua visio e tornario tudo con- faso. As coisas sio claras, muito claras — a existéncia é absolutamente clara — mas os seus olhos acumularam camadas e mai is camadas de pocira. E to- da essa pocira foi acumulada nos primeiros sete anos da sua vida, quando vocé eta tio inocente, téo confiante, que tudo o que the diziam vocé acei- Tava como verdade. E seja o que for que tenha formado os seus alicerces, mais tarde serd muito dificil para vocé descobric: aquilo passa a fazer parce do seu sangue, dos seus ossos, da sua medula. Vocé fard milhares de outras perguntas, mas nunca perguntard sobre os fundamentos basicos das suas crencas. A primeira expressio de amor pelo seu filho ¢ deixar que ele passe pe- Jos ptimeiros sete anos da vida completamente inocente, incondicionado; deixé-lo durante sete anos completamente primitivo, um pagio. Ele néo deve ser convertido para o hinduismo, o islamismo, o cristianismo. Qual- quer pessoa que estiver tentando converter o filho para alguma religiZo néo tem compaixao, ¢ cruel; est4 contaminando a prépria alma de um recém- chegado. Antes mesmo que a crianga tenha feito perguntas, ela jé recebe respostas cheias de filosofias, dogmas, ideologias. Essa ¢ uma situagéo mui- to estranha. A crianga nao perguntou sobre Deus, ¢ voce vai ensind-la so- bre Deus. Por que tanta impaciéncia? Espere! Sea crlanga algum dia mostrar interesse por Deus e comecar a per- guntau; entéo procure responder &s perguntas dela com base no apenas na sua ideia de Deus — porque ninguém tem 0 monopélio. Coloque diante dela todas as ideias de Deus que jé foram apresentadas a diferentes pessoas em diferentes épocas, religiGes, culturas, civilizagées. Coloque diante dela 30 A ESSENCIA DO AMOR todas as ideias sobre Deus e entéo diga, “Vocé pode escolher qualquer uma dessas, a que the parecer mais interessante. Ou pode inventar a sua prépria, se nada mais agradé-lo, Se tudo Ihe parecer ruim, ¢ vocé achar que pode ter uma ideia melhor, entao invente a sua propria, E, se achar que nio é pos- sivel inventar uma ideia que nfo tenha falhas, entéo largue a coisa toda; nao faz mal”. Uma pessoa pode viver sem Deus} nao existe uma necessidade intrin- seca, Milhdes de pessoas vivem sem Deus, portanto Deus nao é uma ne- cessidade inevitavel para qualquer pessoa. Vocé pode dizer & crianca, “Sim, cu tenho a minha prépria ideia; ¢ ela est incluida nessa combinacio de to- dos os tipos de ideia que lhe apresentei. Vocé pode escolhé-la, mas nao es- tou dizendo que 2 minha ideia seja a certa. Hla me parece boa: pode nao parecer para voce”. Nio existe nenhuma necessidade interior de que o filho concorde com pai, a filha concorde com a mae. Na verdade, parece muito melhor que 0 filho do concorde com 0s pais. E assim que a evolugio acontece, Se o filho concordar com © pai, nao haveré nenhuma evolueio, porque cada pai con- cordars com o seu préprio pai e todo mundo estard onde Deus deixou Addo ¢ Eva — nus, fora dos portées do Paraiso. Todo mundo ficard parado ali. Foi porque filhos e filhas discordaram de seus pais ¢ mae, de toda a trae dicdo deles que os seres humanos evoluiram, Toda essa evolucao resulrou da discordincia com o pasado. E quanto mais inteligente vocé for, mais voce vai discordar. Mas os pais apreciam os filhos que concordam com eles condenam os que discordam. Se, até os 7 anos, a crianca tiver preservada a sua inocéncia, sem ser cor- rompida pelas ideias de outras pessoas, entéo ser4 impossivel desvid-la do seu proprio potencial de crescimento. Os primeiros sete anos da crianga sio os mais vulnerdveis, E clas esto nas mos dos pais, dos professores, dos pax dies. Como salvar as criangas dos pais, dos padres, dos professores é uma questéo de enorme importancia, mas cuja solugéo parece quase impossfvel. N se trata de ajudar a crianga. Trata-se de protegé-la. Se voce tem um fic proteja-o de vocé mesmo. Proteja-o de outras pessoas que possam in- AS ETAPAS NATURAIS DA VIDA E DO AMAR fluencid-lo; pelo menos até os 7 anos, proteja-o. A crianca é como uma plantinha, frégil, delicada; um vento forte pode derrubé-la, um animal po- de devoré-la. Vocd pode par uma cerca procetora em torno dela, ¢ isso no serd 0 mesmo que aprisioné-la; vocé estaré apenas protegendo-a. Quando a planca crescer, a cerca poderd ser removida. Proteja a crianca de todo tipo de influéncia para que ela possa conti- uar sendo ela mesma, € isso s6 até os 7 anos, porque dai o primeiro ciclo estar completo. Aos 7 anos ela jé estard bem alicercada, centrada, suli- cientemente forte. Voce nao sabe como uma crianca de 7 anos pode ser for- t, porque nunca viu uma crianga que nao tenha sido corrompida; sé viu criangas corrompidas. Estas carregam 0 medo, a covardia do pai, da mae, da familia. Nao sio elas prdprias. Se a crianga se mantiver imaculada até os 7 anos, vocé ficaré sur- preendido ao conhecé-la. A lucidez dela seré agueada. Os olhos serio lim- pidos, a visto serd clara. E vocé veré uma tremenda forca nela, como nunca viu em adultos de 70 anos, porque os alicerces nao so firmes nos adultos. Quando os alicerces nao sao firmes, a medida que a construcéo é eri- gida e vai ficando cada ver mais alta, as bases vio ficando cada ver mais ins- taveis. Voce perceberd que, quanto mais velha a pessoa, mais medrosa ela é. Quando vocé é jovem, pode ser ateu, quando fica mais velho vocé comesa aacreditar em Deus. Por que isso? Quando tinha menos de 30 anos, vocé cra um hippie, Tinha coragem de ir contia a sociedade, se comportar do seu préptio jeito; ter cabelos compridos, ter barba, vagar pelo mundo ¢ cor- rer todos 0s tiscos. Mas quando cheger aos 40, tudo isso jd terd desapareci- do. Voce estaré em algum esctitério de terno, barbeado, bem-atrumado. Ninguém nem desconfia que um dia vocé foi hippie. Para onde foram todos os hippies? A principio vocé os vé em toda a sua forca, depois eles se toram como cartuchos vazios, impotentes, derrorados, deprimidos, tentando dar algum sentido & vida deles, sentindo que todos aqueles anos de estilo de vida hippie foram em vio, Outros foram além: al- guns se tornarain presidentes, outros se tornaram governadores, ¢ comeca- ram a pensar, “Como éramos idiotas... ficivamos sé tocando violio

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