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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO MARANHÃO

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL


Adna Sousa de Lima
Caroline Paes
Cleanilde Moreno
Daiane Brito Costa
Fernanda dos Santos
Gabrielle Barros
Ideana Reis Sousa
Nadja Katiuce Silva
Renata Penha
Quenaz Meireles
A REALIDADE DOS POVOS INDÍGENAS NO
MARANHÃO
São Luís
2011
Adna Sousa de Lima
Caroline Paes
Cleanilde Moreno
Daiane Brito Costa
Fernanda dos Santos
Gabrielle Barros
Ideana Reis Sousa
Nadja Katiuce Silva
Renata Penha
Quenaz Meireles
A REALIDADE DOS POVOS INDÍGENAS NO MARANHÃO
Trabalho apresentado à disciplina Questão Social no Brasil e Expressões
Territoriais do Curso de Serviço Social/UNICEUMA, sob a orientação da
professora Laurinete Delgado.
São Luís
2011
INTRODUÇÃO
A realidade indígena suscita discussões no que diz respeito às
condições de saúde e educação em que se encontram. Dessa forma, convém
ressaltar que a desassistência nessas áreas traduz a fragilidade e a ineficiência
das organizações responsáveis pela garantia desses direitos.
Essa situação se agrava, sobretudo, pela inexistência de uma
política indigenista efetiva que não apenas garanta, mas sistematize e
implemente ações voltadas para a atenção à educação, habitação e saúde dos
povos indígenas, facilitando assim o acesso.
Outro agravante dessa realidade é a discriminação e o desrespeito
sofridos pelos indígenas no enfrentamento da questão social e na auto-
perpetuação física e cultural do seu povo. Esse fato desencadeia uma série
de violências e problemáticas como assassinatos, abusos sexuais,
disseminação de drogas e suicídios com explicações desconhecidas, mas que
se originam a partir do descaso e omissão do poder público.
Além disso, percebe-se a incansável luta em prol da demarcação de
suas terras e a implementação das políticas públicas garantidas pela
Constituição Federal – esses fatores revelam os principais desafios atuais dos
povos indígenas.

OS INDIOS DO MARANHÃO – O MARANHÃO DOS INDIOS

No século XVII, a população indígena no estado do Maranhão, era


formada por aproximadamente 250.000 pessoas. Faziam parte dessa
população, cerca de 30 etnias diferentes; a maioria delas, hoje, não existe
mais. Povos indígenas como os Tupinambás que habitavam a cidade de São
Luís, os Barbado, os Amanajós, os Tremembé, os Araioses, os Kapiekrã, entre
outros, foram simplesmente exterminados ou dissolvidos social e culturalmente.
Outras etnias existentes na época, como os Krikati, Canela, Guajajara-
Tenetehara e Gavião, continuam presentes até hoje. São notórias as causas do
desaparecimento de cerca de 20 povos indígenas no Maranhão: as guerras de
expedição para escravizar, as doenças importadas, a miscigenação forçada, a
imposição de novos modelos culturais, entre outras causas.
A população atual dos povos indígenas no estado do Maranhão
soma cerca de 20.000 pessoas e está em progressivo aumento. Isto vem se
dando a partir de uma série de fatores, entre eles certa melhoria das condições
de vida, uma maior qualificação dos próprios índios em gerirem a educação, a
saúde, as atividades agrícolas e uma determinante vontade de viver segundo
seus costumes.
Outro fator importante foi à demarcação de suas terras que, embora
invadidas, conferiram à população indígena maior auto-confiança e segurança
em sua perspectiva de auto-perpetuação física e cultural. Tudo isto não
significa que não haja problemas e carências estruturais entre os povos
indígenas do Maranhão. O estado, hoje, não consegue, ou não quer garantir os
direitos mínimos consagrados na Constituição de 1988. Como se observa nos
artigos seguintes:
Art. 2º - Aos povos indígenas, às comunidades e aos índios se
estende a proteção das leis do País, em condições de igualdade com os
demais brasileiros, resguardados os usos, costumes e tradições indígenas,
bem como as condições peculiares reconhecidas nesta lei.
Art. 8º - Os índios são brasileiros natos e a eles são assegurados
todos os direitos civis, políticos, sociais e trabalhistas, bem como as garantias
fundamentais estabelecidas na Constituição Federal.
Atualmente, parece não haver mais “guerras justas ou santas” contra
os pagãos e selvagens índios, mas pouco se tem feito para superar e extirpar
os preconceitos disseminados na sociedade brasileira, e as inúmeras formas
de racismos contra os índios. Hoje, não se planejam mais etnocídios oficiais,
mas procura-se introduzir nas aldeias os mais novos e sofisticados modelos
culturais, econômicos e religiosos, que ameaçam a coesão e a identidade
étnica dos povos indígenas. Isso ocorre como conseqüência necessária para a
expansão do capitalismo.
Além disso, as invasões das terras indígenas e os saques ao rico
patrimônio indígena por partes de grandes grupos econômicos nacionais
ressuscitam um moderno colonialismo explorador, que só se diferencia do
antigo pelo seu grau de sofisticação, mas permanece igualmente brutal e
desumano.
GRUPOS INDÍGENAS DO MARANHÃO
Os povos indígenas presentes no Maranhão são distribuídos em dois
grandes grupos: o Tupi-Guarani e os Macro-Jê.
DIFERENÇAS

Tupi-Guarani Macro Jê
Vivem nas florestas tropicais, às
Habitação Vivem na região dos cerrados
margens de grandes rios ou igarapés
Estão rigorosamente alicerçados em
Sabem acolher e se adaptar às
regras e normas bem definidas que
Adaptação mudanças sociais e culturais trazidas de
regulam as relações sociais entre
fora
eles.
Possuem mitos, crenças e
São extremamente místicos, mas não se
organização sociais próprias.
Misticidade manifestam de forma explícita, através
Manifestam sua cultura de forma
de muitas cerimônias e festas.
mais explícita e visível
As casas estão dispostas em forma
As casas estão dispostas de forma perfeitamente circular, como se
Disposição
quase que desordenada, numa grande fosse um grande sol e inúmeros
das casas
rua, uma em frente da outra. raios que ligam as casas com o
centro, o pátio central.
Krikati, Pukobyê (Gavião)
Povos do Tenetehara/Guajajara, Ka’apor, Awá-
Rankokamekrá e Apaniekrá
tronco Guajá. Existem índios Guarani, na área
(Canela), Krepum Kateyê (Timbira) e
linguístico- indígena Pindaré e Tembé/Tenetehara
algumas famílias Timbira (Krenyê)
cultural na área indígena Alto Turiaçu
na área indígena Alto Turiaçu.
POLÍTICA INDIGENISTA
Cabe-nos fazer uma análise sobre a política indigenista. Não pelos
acontecimentos que marcaram a relação Estado-Povos indígenas e sim, pelo
sentido que fez emergir as causas e consequências de omissões, opções
administrativas e descasos oficiais que chegam às raias do crime político para
com os povos que ainda sofrem uma grave fragilidade social.
A questão indígena é estratégica, mas não prioritária. Embora
superficialmente, a questão indígena no Brasil nesses últimos anos, é a
ausência de um eixo político norteador, inovador e aglutinador da política
indigenista federal como um todo.
Um segundo ponto essencial na avaliação da politica indigenista é o
descaso com relação à demarcação/homologação de terras indígenas
imemoriais onde a regularização é feita, apenas, em ultima instância. No
entanto, a realidade mostra-nos a inconstitucionalidade da lei, uma vez que, no
Artigo 64 do Estatuto do Índio:
Fica assegurado aos povos e comunidades indígenas o direito de
executar a demarcação das terras por elas ocupadas tradicionalmente e em
seguida apresentar ao órgão indigenista federal os documentos comprobatórios
necessários.
SAÚDE E EDUCAÇÃO NA REALIDADE INDÍGENA
Em 2010, o número de denúncias de desassistência na área de
saúde aumentou significativamente, pois surge um quadro muito precário da
saúde indígena em todas as regiões do país e em todos os níveis. Falta
atendimento, consultas são negadas, pacientes recebem apenas
medicamentos paliativos em vez de um tratamento adequado, falta transporte
para os pacientes, faltam médicos nas aldeias e nos postos de saúde, e assim
por diante. São recorrentes as denúncias de falta de medicamentos e
materiais, falta de pagamentos ao pessoal da saúde, falta de médicos e
desvios de recursos.
No Maranhão, dezenas de crianças awá-Guajá, da terra indígena
Caru, sofreram com surtos de diarréia. Elas foram tratadas, mas nada foi feito
para descobrir e eliminar a fonte das infecções.
Esse atendimento precário se deve à terceirização da saúde, que
embora tenha funcionado em outros estados, não funciona bem no Maranhão,
devido à falta de experiência das organizações responsáveis pelo atendimento
nas áreas dos povos indígenas; uma vez que a responsabilidade pela saúde
indígena foi assumida por organizações pouco sólidas e pelas próprias
prefeituras que, historicamente, têm conflitos com os indígenas maranhenses.
A infecção pelo HIV/Aids também é um agravo que tem ameaçado
um grande número de comunidades, onde os índios infectados pelo vírus vem
aumentando consideravelmente com o passar dos anos, isto se deve à falta de
informações entre os índios sobre os modos de transmissão do vírus e
prevenção da doença, bem como as limitações de ordem linguística e cultural
para a comunicação com eles.
Nota-se, também, o aparecimento de novos problemas de saúde
relacionados às mudanças introduzidas no seu modo de vida e, especialmente,
na alimentação: a hipertensão arterial, o diabetes, o câncer, o alcoolismo, a
depressão e o suicídio são problemas cada vez mais frequentes em diversas
comunidades.
A deficiência do sistema de informações em saúde, que não
contempla, entre outros dados, a identificação étnica e o domicílio do paciente
indígena, dificulta a construção do perfil epidemiológico e cria dificuldades para
a sistematização de ações voltadas para a atenção à saúde dos povos
indígenas.
A atual Politica Nacional de Atenção à Saúde dos povos indígenas
tem como propósito garantir aos povos indígenas o acesso à atenção integral à
saúde, de acordo com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde,
contemplando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política de
modo a favorecer a superação dos fatores que tornam essa população mais
vulnerável aos agravos à saúde de maior magnitude e transcendência entre os
brasileiros, reconhecendo a eficácia de sua medicina e o direito desses povos à
sua cultura.
O princípio que permeia todas as diretrizes da Política Nacional de
Atenção à Saúde dos Povos Indígenas é o respeito às concepções, valores e
práticas relativos ao processo saúde-doença próprios a cada sociedade
indígena e a seus diversos especialistas. A articulação com esses saberes e
práticas deve ser estimulada para a obtenção da melhoria do estado de saúde
dos povos indígenas.
As políticas públicas para Educação Escolar Indígena foram
formuladas a partir da Constituição Federal de 1988, que estabeleceu uma
nova postura de reconhecimento e valorização dos povos indígenas por parte
do Estado brasileiro.
Ao implantar essas políticas, os Sistemas de Ensino levaram em
conta princípios, ideias e práticas educativas discutidos no movimento social
indígena. Desse importante movimento surgiu o conceito de educação escolar
indígena como direito, caracterizada pela afirmação das identidades étnicas,
recuperação das memórias históricas, valorização das línguas e
conhecimentos dos povos indígenas.
Muitos avanços ocorreram a partir dessas mudanças, mas os
direitos educacionais dos povos indígenas ainda encontram obstáculos na
organização dos Sistemas de Ensino no Brasil, especificamente no Estado do
Maranhão.
Dessa forma, os povos indígenas reivindicam a oferta da educação
básica em seus territórios, para que a escola forme crianças, jovens e adultos
comprometidos com os projetos comunitários de melhoria das condições de
vida, com afirmação das identidades étnicas.
MOVIMENTO INDÍGENA
Ao longo destes quinhentos anos os povos indígenas foram
encontrando maneiras criativas e diversas de resistir à opressão e às tentativas
de extermínio. Nas últimas três décadas surgem de maneira articulada
inúmeras formas de organizações, articulações, mobilizações que constituem
hoje o Movimento Indígena. Este movimento é instrumento de luta na defesa
dos direitos indígenas, é espaço para a construção de propostas comuns e
para a consolidação das alianças. O CIMI (Conselho Indigenista Missionário)
atua como parceiro nas lutas do movimento indígena, informando, discutindo
possibilidades e caminhos e apoiando as suas iniciativas.
CIMI
A ação prioritária do CIMI constitui-se no apoio à luta dos povos e
comunidades indígenas pela recuperação, demarcação e garantia da
integralidade de seus territórios. Nesta perspectiva, o CIMI assume como
bandeira de luta a proteção dos territórios de todos os povos indígenas,
inclusive daqueles que permanecem sem contato com a sociedade brasileira.
O compromisso na defesa da vida e dos direitos indígenas implica
em um projeto de transformação ampla da sociedade brasileira. Dessa forma, é
fundamental consolidar alianças na perspectiva de construção de uma nova
ordem social, baseada na solidariedade, no respeito à dignidade humana e à
diversidade étnica e cultural. O CIMI visa, a partir de sua atuação, estabelecer
alianças com setores da sociedade civil, organizações latino-americanas,
grupos e entidades de solidariedade e cooperação internacional no sentido de
assegurar aos povos indígenas as condições para a conquista de sua
autonomia.
A atuação do CIMI nas dimensões da saúde, educação e auto-
sustentação tem como base o reconhecimento e a valorização das formas
próprias de cada povo conceber e construir sua vida. Neste sentido, é
necessário conhecer, compreender em profundidade e respeitar radicalmente
as diferentes cosmovisões, construindo com os Povos Indígenas, e a partir de
seus próprios sistemas, ações diferenciadas de atendimento à saúde, escolas
específicas e propostas auto-sustentáveis. A atuação do CIMI tanto nas aldeias
quanto nas esferas do poder público assume esta perspectiva como condição
para a concretização dos projetos de futuro de cada povo indígena.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo realizado sobre a realidade dos povos indígenas no
Maranhão facilitou a percepção da atuação do Poder Público e de
determinadas organizações como a Funai, que foram criadas com o objetivo de
prestar assistência às comunidades indígenas e constantemente ignoram seus
apelos, seus protestos e seus projetos de vida. Atropelam, sobremaneira, os
seus direitos demonstrando, dessa forma, sua falha na proteção dessas
comunidades.
A ação ineficiente e omissa dessas organizações é compreensível
no quadro da política desenvolvimentista do Governo Federal que, ao invés de
defender os direitos dos povos indígenas, estimula a penetração capitalista nos
territorios indígenas.
Percebe-se, desse modo, que a falta de uma ação eficaz e efetiva
do Estado possibilitou, ao longo dos anos, assassinatos, espancamentos,
ameaças de morte, invasão e depredação de suas terras.
A problemática enfrentada pelos indios atualmente requer, portanto,
a construção de políticas públicas mais adequadas. Logo, nota-se que, no
âmbito governamental há uma necessidade de determinar e propor, em diálogo
com os povos indígenas e outras instituições, ações políticas que venham
reconhecer efetiva e definitivamente o papel cidadão (direitos e deveres) de
sociedades culturalmente diferenciadas.

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