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COSMOVISÃO CRISTÃ
Objetivos da disciplina:
Fundamentar o aluno no conjunto de valores morais total e unicamente baseado nas
Escrituras Sagradas, pelo qual o homem deve regular sua conduta nesse mundo, diante de
Deus, do próximo e de si mesmo.
Pontos básicos:
Ética cristã, conceitos, desafios, moral, lei, diferenças, princípios.
ição 1
“O destino do homem, quando fiel a sua situação, quer dizer, fiel
a seu destino concreto, é impor ao real seu projeto pessoal, dar
sentido ao que não tem; extrair o logos do inerte, brutal e ilógico,
converter isso que ‘há aí ao seu redor’ em verdadeiro mundo, em
vida humana pessoal.” Julián Marías
Nossas dúvidas quanto à decisão a tomar não manifestam apenas o nosso senso moral,
mas também, põem à nossa consciência moral, pois exigem:
a) Que decidamos o que fazer.
b) Que justifiquemos para nós mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e,
c) Que assumamos todas as consequências delas, porque somos responsáveis por nossas
opções.
1. Ética Cristã
Conjunto de valores morais total e unicamente baseado nas Escrituras Sagradas, pelo
qual o homem deve regular sua conduta nesse mundo, diante de Deus, do próximo e de si
mesmo. Não é um conjunto de regras pelas quais o homem poderá chegar a Deus – mas é
COSMOVISÃO CRISTÃ
a norma de conduta pela qual poderá agradar a Deus que já o redimiu. Por ser baseada na
revelação divina, acredita em valores morais absolutos, que são a vontade de Deus para todos
os homens, de todas as culturas e em todas as épocas.
ÉTICA
Conceitos
O ser humano é essencialmente incompleto: 1
Ajuste adequado
entre as Satisfação
necessidades e individual.
potencialidades.
O conjunto
significativo.
Estado de
felicidade.
O conjunto
Sensação de
significativo de
realização;
satisfações.
Frustração Infelicidade.
Moral
Cultura humana = conjunto escolhido e organizado de problemas, soluções e respostas.
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Possibilidades:
a) Aquelas julgadas melhores, mais eficazes.
b) Aquelas julgada piores, menos eficazes.
ÉTICA
Semelhanças
Lei e moral são ambos os instrumentos de justiça;
Ética
É o estudo daquilo que é certo e daquilo que é errado.
A epistemologia ocupa-se com aquilo que é verdadeiro;
ÉTICA
e) Ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus sentimentos,
4 atitudes e ações, por não estar submetido a poderes externos que o forcem e o
constranjam a sentir, a querer e a fazer alguma coisa.
f) A liberdade não é tanto o poder para escolher entre vários possíveis, mas o poder para
autodeterminar-se, dando a si mesmo as regras de conduta.
Por que a ética é importante?
Buscar solucionar conflitos humanos a respeito de dilemas sobre o que é bom ou mal.
Aspectos filosóficos
3. Filosofia medieval
O cristianismo introduz duas diferenças primordiais na antiga concepção ética:
a) A ideia que a virtude se define por nossa relação com Deus e não com a cidade (a polis)
nem com os outros.
b) Nossa relação com os outros depende da qualidade de nossa relação com Deus, único
mediador entre cada indivíduo e os demais.
Por esse motivo, as duas virtudes cristãs primeiras e condições de todas as outras são
fé (qualidade da relação de nossa alma com Deus) e a caridade (o amor aos outros e a
responsabilidade pela salvação dos outros, conforme exige a fé).
COSMOVISÃO CRISTÃ
As duas virtudes privadas, isto é, são relações do individuo com Deus e com os outros, a
partir da intimidade e da interioridade de cada um;
A afirmação de que somos dotados de vontade livre – ou livre arbítrio e que o primeiro
ÉTICA
impulso de nossa liberdade dirige-se para o mal e para o pecado, isto é, para a transgressão
das leis divinas. 5
Somos seres fracos, pecadores, divididos entre o bem (obediência a Deus) e o mal
(submissão à tentação demoníaca).
Para o cristianismo, a própria vontade está pervertida pelo pecado e precisamos de auxílio
divino param nos tornar morais.
4. Ética de Agostinho
Filosofia greco-romana: ética pagã
Afirma que as ações (atos humanos) são determinadas pela razão. Neste sentido o sujeito
(indivíduo) se identifica com o cidadão da pólis, isto é, como homem político e social que possui
a autonomia de sua vida moral.
a) O dever não é um catálogo de virtudes nem uma lista de “faça isto” e “não faça aquilo”.
c) O dever é uma forma que deve valer para toda e qualquer ação moral.
d) Juntamente com a ideia do dever, a moral cristã introduziu uma outra, também decisiva
na constituição da moralidade ocidental:
6. Liberdade
Para Aristóteles que é livre aquele que tem em si mesmo o princípio para agir ou não agir,
isto é, aquele que é a causa interna de sua ação ou da decisão de não agir.
Pensamento confirmado por Espinoza, Kant e Marx.
falsas confissões vieram a ser o fundamento para poupar as vidas da tripulação e levar à
sua libertação. A pergunta, portanto, é esta: a mentira de Bucher para salvar estas vidas foi
moralmente justificada? Ou, de modo mais geral, mentir para salvar uma vida é moralmente
ÉTICA
das hipóteses, todas (ou pelo menos uma) as normas éticas objetivas devem ser gerais, mas
não podem ser todas elas, princípios universais.
Se falar a verdade for somente uma norma geral, então quando é correto mentir? O
ÉTICA
generalista pode responder a isto de diferentes maneiras. Uma resposta comum é sugerir que
10 é correto mentir quando o mentir realizará um bem maior do que não mentir. Esta abordagem
é utilitária. O mentir é utilizado para levar a efeito um maior bem para um número maior de
pessoas. Outra razão porque alguém pode considerar contar a verdade apenas uma normal
geral, mas não universal, é que há um princípio sobrepujante para se observar, devido ao qual
às vezes é necessário contar uma mentira. Se, no entanto, houver pelo menos uma norma
universalmente objetiva, então já não há um generalismo completo. Pelo contrário, é um
universalismo de uma só norma, o que nos leva à posição seguinte.
Se for assim, o que o Comandante Bucher deveria ter feito? Se não deveria mentir em
circunstância alguma, então, qual curso de ação deveria ter seguido. Há várias coisas que
ÉTICA
Bucher poderia ter feito de modo consistente com esta posição, mas em circunstância alguma
deveria ter contado uma mentira para salvar as vidas da sua tripulação. Poderia ter mantido
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silêncio. Ou soja: poderia ter-se recusado a fazer qualquer confissão falsa. Ou, poderia ter
falado a verdade (viz, que estava fazendo espionagem), mas não ter falado a mentira de que
sua embarcação estava nas águas territoriais coreanas quando não estava realmente ali. Se
esta confissão não fosse aceitável aos interrogadores, então Bucher e seus homens teriam
de sofrer as consequências de contar a verdade e rogar misericórdia. Ou, poderia ter orado
pedindo a intervenção divina para eliminar o dilema.
Mas as consequências de contar a verdade não são um mal maior, viz. A matança de
pessoas inocentes? Uma resposta direta a este dilema, que é perfeitamente consistente com
É difícil dar a este ponto de vista um nome descritivo. Será chamado o absolutismo
ideal, porque acredita em muitos absolutos que idealmente não entram em conflito, mas que
realmente (por causa dos pecados dos outros ou dos próprios pecados da pessoa envolvida)
ÉTICA
às vezes entram em conflito. Mas por causa da sua conexão com o pecado e por causa da sua
12 resolução final no perdão, este ponto de vista também poderia ser chamado o absolutismo
hematológico (que diz respeito à doutrina do pecado) ou o absolutismo soteriológico (que diz
respeito à doutrina da salvação).
8. O que é certo?
A ética é o estudo daquilo que é certo e daquilo que é errado. A epistemologia ocupa-se
com aquilo que é verdadeiro, e a ontologia com aquilo que é real, mas a ética com aquilo que
é bom. Neste primeiro capítulo nossa ocupação primária é definir exatamente o que se quer
dizer com o correto ou bom.
Um breve levantamento da maneira segundo a qual vários filósofos conceberam do certo
preparará o palco para discussão do significado do certo e do errado.
A moralidade é costume
Alguns sustentam que certo é determinado pelo grupo ao qual a pessoa pertence. A ética é
identificada com a étnica; mandamentos morais são considerados exigências comunitárias. Esta
ideia, naturalmente, implica em uma relatividade cultural da moralidade. Qualquer coincidência
de princípios éticos entre culturas e sociedades que pareceria dar a aparência de universalidade
é acidental. O máximo que se pode ser em prol das normas éticas aparentemente universais é
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que “acontece” que todos os grupos têm códigos semelhantes (provavelmente por causa de
aspirações ou situações comum).
Este ponto de vista tem vários problemas. Primeiramente, está baseado naquilo que Hume
ÉTICA
chamava da falácia de “é-deve”. Simplesmente, porque alguma coisa é praxe não significa
que deve ser assim. Em segundo lugar, se toda comunidade está com a razão, então não há 13
maneira de solucionar conflitos entre comunidades e nações. Seja o que for que cada uma
acredita ser certo – ainda que isto importe no aniquilamento da outra - é certo.
O Homem é a medida
O filósofo grego Protágoras disse: “O homem é a medida de toda as coisas.” Se isto for
entendido individual, então o certo é medido pela vontade do indivíduo. O certo é aquilo que é
certo para mim. O que está certo para um pode estar errado para o outro, e vice-versa.
O certo é a moderação
Conforme o antigo ponto de vista grego, especialmente exemplificado em Aristóteles,
o significado do certo acha-se no caminho da moderação. O “compromisso ideal”, ou curso
moderado entre os extremos, era considerado o curso certo de ação. Por exemplo, a temperança
é o meio termo entre tolerância e insensibilidade. O orgulho é o meio termo entre a vaidade e
a humildade. E a coragem é o meio termo entre o medo e a agressão.
Há naturalmente, muita sabedoria em seguir o caminho da moderação. A pergunta é,
no entanto, se o caminho do meio deva ser visto como uma definição daquilo que é certo.
Em primeiro lugar, o certo às vezes parece exigir ação extrema, como nas emergências, na
defesa própria, na guerra, e assim por diante. Até mesmo algumas virtudes, tais como o amor,
parecem melhor expressas não moderadamente, mas sim, liberalmente. Em segundo lugar, o
“meio da estrada” nem sempre é o lugar mais sábio (ou seguro) para ficar. Tudo depende de
quão extrema é a situação. Um extremo às vezes exige outro. Por exemplo, a doença extrema
(o câncer) frequentemente exige uma operação extrema (a remoção dos tecidos doentios).
Finalmente, a moderação parece ser, na melhor das hipóteses, apenas um guia geral para a
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Alguns filósofos simplesmente negam qualquer coisa seja certa ou errada. São chamados
“antinomistas” (contra-lei). Poucos realmente declaram-se completamente antinomistas, mas
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muitos pontos de vista podem ser reduzidos a isto. A.J. Ayer insistia que todas as frases com
“devo”, realmente têm o significado de frases com “sinto”. Daí, “Você não deve ser cruel”
significa “Eu não gosto de crueldade.” A ética não preceitua; é simplesmente emotiva. Não há
mandamentos; apenas há expressões dos sentimentos pessoais de ninguém.
A primeira objeção a este conceito é seu solíssimo radical. O certo é reduzido àquilo de que
“eu gosto”, que reduz a verdade à mera questão de gosto. O conteúdo ético de “Hitler mata:
judeus” não é considerado diferente na sua qualidade do que “Eu não gosto de chocolate.” Em
possua algum padrão do bem além dos resultados? Se, porém, há uma norma para o certo
e o errado além dos resultados, logo, os resultados como tais não determinam aquilo que
é certo.
ÉTICA
O bem é indefinível
G. E. Moore (1873-1958) insistia que o bem é um conceito que não pode ser nem analisado
nem definido. Toda tentativa para definir o bem em termos dalguma outra coisa comete o que
ele chamava da “falácia naturalista.” Esta falácia resulta da suposição de que, porque, por
exemplo, o prazer pode ser atribuído ao bem, então é da natureza do Bem, ou seja, idêntico
a ele. Tudo quanto podemos dizer é que “o Bem é bom,” e nada mais. O Bem é conhecido,
portanto, somente por intuição.
Há bases para aquilo que Moore diz, mas também há perigos. O primeiro problema é
que aparentemente nem todas as pessoas têm intuição do mesmo conteúdo do bom ou do
reto. Além disto, muitos argumentam que intuições são vagas. Falta-lhes clareza, que é uma
das coisas que um filósofo procura. Além disto, há o problema de como evitar a acusação de
tautologia quando tudo quanto alguém pode dizer é: “O Bem é bom.”.
Há, no entanto, alguma verdade na posição de Moore, especialmente porque reconhecia
que a qualidade ulterior do “bem” o torna resistente à definição em termos dalguma outra
coisa. Pois afinal das contas, toda disciplina e ponto de vista deve reconhecer algo como sendo
sua base ou fonte, em termos da qual tudo o mais é entendido. Para cristão, que pensa em
Deus em termos do Bem supremo, isto tem muito apelo.
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REFERÊNCIAS
GEISLER, Norman L.; FEINBERG, Paul, D. Introdução à Filosofia: uma perspectiva cristã. São Paulo: Vida
ÉTICA
Nova, 2007.
16 GEISLER, Norman L. Ética Cristã: alternativas e questões contemporâneas. São Paulo: Vida Nova,
1984.p.11-23.
SANTOS, Antônio Raimundo dos. Ética: Caminhos da realização humana. São Paulo: Ave Maria, 1997.
NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia. São Paulo: Ática, 2001.
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2001.
LAW, Stephen. Guia Ilustrado Zahar: filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.
Filme
Medo da verdade. Miramax. 114 min. 2008.