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Desde que a sociedade insistiu aquilo que é normal, a figura do louco também apareceu.
Ao decorrer da história, o louco sempre manteve o seu lugar de segregado da sociedade. Tanto
que é a partir do século XVII que a pessoa louca se fixará dentro dos muros dos hospitais
psiquiátricos. (FRAYZE-PEREIRA, 1984). O manicômio passa então a ser um intermediário
de controle entre o Estado e a Sociedade, e como aponta Lüchmann e Rodrigues (2007),
“desculpabiliza a sociedade e descontextualiza os processos sócio-históricos da produção e
reprodução da loucura”.
No Brasil, a Luta Antimanicomial é um movimento social de cunho político, social e
econômico que surgiu durante a década de 70. Durante seu percurso, houve diversas denúncias
da precariedade do tratamento das doenças mentais dentro dos hospitais psiquiátricos, levando
assim um bom número de profissionais desta área refletir sobre a cidadania dos doentes mentais
e a buscar outras alternativas terapêuticas (GONÇALVES; SENA, 2001).
Os debates mais intensos e produtivos, segundo Hirdes (2009) , serão entre a década de
80 e 90. Um dos marcos históricos apontados pela autora neste período é a promulgação da
“Declaração de Caracas” na Conferência Regional para a Reestruturação de Assistência
Psiquátrica em 1990. Nele, os país da américa-latina se comprometeram
“a promover a reestruturação da assistência psiquiátrica, rever criticamente o papel
hegemônico e centralizador do hospital psiquiátrico, salvaguardar os direitos civis, a
dignidade pessoal, os direitos humanos dos usuários e propiciar a sua permanência em
seu meio comunitário.” (HIRDES, 2009)
ALTERNATIVAS SUBSTITUTIVAS
CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
COMUNIDADE TERAPÊUTICA
Conforme o Governo do Estado (SÃO PAULO, 2014), a Comunidade Terapêutica é
uma estratégia de tratamento do abuso de substância psicoativas e problemas decorrentes. É
uma abordagem de autoajuda que conta com serviços para família, educação, formação
vocacional, saúde física e mental.
As Comunidades Terapêuticas (CT) são resultado de dois movimentos sociais do século
XX. Um deles é o da Psiquiatria Social que propôs a expansão do tratamento e apoio dos
indivíduos além dos hospitais; o outro, foram os programas em regime residencial para os
dependentes químicos.
Uma das modalidades surgiu no Reino Unido, em 1940, onde Maxwell Jonas fundou no
Belmont Hospital a Unidade de Reabilitação Social do Hospital Psiquiátrico que atendia,
principalmente, soldados com distúrbios de personalidade devidos aos traumas da 2 ª Guerra
Mundial. (SOMMER, 2011). O outro modelo de tratamento para substâncias ativas seguido é
o dos Alcoólicos Anônimos (AA) criado por Bill W. em 1935 nos Estados Unidos. Um marco
importante dos AA é no ano de 1953 quando um grupo de pessoas decidem morar juntas com
o objetivo de se manterem sóbrios. (FOSSI; GUARESCHI, 2015).
A finalidade da CT é “sanar os problemas oriundos do uso de drogas, oportunizando o
paciente, a se distanciar das mesmas e o colocando como o grande protagonista de seu
tratamento e de sua cura” (FILHO et al., 2016, p. 21). Para Sabino e Cazenave (2005), os
objetivos vão mais além dos resultados obtidos do tratamento. A equipe busca as consequências
da reabilitação em outras áreas do indivíduo, intervindo-as onde for necessário para que haja
uma reinserção social mais efetiva. E Fossi e Guareschi (2015, p. 99) ainda destacam que para
promover as mudanças “valores como espiritualidade, responsabilidade, solidariedade, amor e
honestidade são criados.”
Na questão de eficiência das atividades terapêuticas do CT, os dados da FEBRACT
apontaram que entre 30% e 35% das pessoas que frequentaram as comunidades deixaram de
consumir psicoativos. (SABINO; CAZENAVE, 2005).
RESIDENCIAIS TERAPÊUTICAS
Introduzida no SUS pela portaria n° 106/2000, as Residenciais Terapêuticas (RT) ou
Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) se caracterizam como uma alternativa de espaço para
o resgate da identidade e da autonomia de indivíduos egressos de hospitais psiquiátricos. É uma
das estratégias responsáveis pela desospitalização de pacientes institucionalizados por um
longo período intermitente, onde uma equipe interdisciplinar acompanhará o sujeito no seu
processo de reinserção social (CARRAPATO; AZEVEDO, 2010; SILVA; VICENTIN, 2017).
Para Silva e Vicentin (2017) o termo “residência” demonstra as duas realidades da
prática de um SRT. Um deles é caracterizado como uma resposta à demanda de uma moradia
diferenciada do modelo hospital para os indivíduos em sofrimento psíquico ou com transtornos
mentais. A outra dimensão é mais subjetiva, uma vez que aqui se apresenta o morar-casa no
sentido de reconstruir laços sociais e familiares.
Muito dos usuários do RT já foram pacientes institucionalizados e, por isso, já estavam
acostumados com a rotina despersonalizante das instituições psiquiátricas (CARRAPATO;
AZEVEDO, 2010). Sendo assim, é imprescindível que o RT se apresente como facilitador de
uma moradia que tenha a troca de afetos e recursos. Para tal, há criação de um cotidiano
serializado repleto de atividades diversificadas para que o idnivíduo se apropri da própria
subjetividade. Aqui, a subjetividade entende-se por dar sentidos próprios a vida, ter trocas com
o outro e a conquista da autonomia (SILVA; VICENTIN, 2017).
REFERÊNCIA
BRASIL, Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n° 336/GM, de 19 de fevereiro
de 2002. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0336_19_02_2002.html>. Acesso em
18 mar. 2018.
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estruturação, interdisciplinaridade e intersetorialidade. Aletheia, Canoas , n. 40, p. 87-
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<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
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SILVA, Dayse Andrade Bispo; VICENTIN, Maria Cristina Gonçalves. Cotidiano de uma
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WEBER, César Augusto Trinta; JURUENA, Mário Francisco. Inclusão de usuários de hospital-dia em saúde
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acessos em 25 mar. 2018. http://dx.doi.org/10.15309/14psd150318.
http://facsaopaulo.edu.br/uploads/files/artigo%206.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/centros_atencao_psicossocial_unidades_ac
olhimento.pdf