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Introdução ao Conceito de Neurose Obsessiva

Autor: Alex Barbosa Sobreira de Miranda | Publicado na Edição de: Dezembro de 2013
Categoria: Psicanálise

Resumo: A neurose obsessiva situa-se no campo de estudo da psicanálise


de Sigmund Freud, podendo ser entendida a partir de uma experiência
traumática que acomete a estrutura do sujeito. O presente artigo tem a finalidade
de fomentar discussões sobre a utilização das terminologias usadas pelo DSM-
IV, fazendo uma inter-relação com a psicanálise. Assim como apresentar
algumas ideias psicanalíticas sobre a neurose obsessiva e introduzir o aspecto
obsessivo no caso “homem dos ratos”. Nesse sentido, o estudo se torna
relevante para apontar novas vertentes sobre a temática, bem como possibilitar
diálogos com a psicanálise e a psicologia.
Palavras-chave: Neurose Obsessiva, Sigmund Freud, Psicanálise.

1. Considerações Iniciais
A neurose obsessiva se caracteriza como uma doença mental grave,
podendo ser entenda a partir de um conflito decorrente de uma experiência
traumática que acomete a estrutura do sujeito no contexto libidinal. O trabalho
defensivo da neurose obsessiva consiste, portanto, em transformar a
representação forte da experiência infantil penosa numa representação
enfraquecida e em orientar para outros usos a soma de excitação, por esse
estratagema, foi desligada de sua fonte verdadeira.
Desse modo, a neurose obsessiva se desenvolve a partir do Complexo de
Édipo, onde a libido do indivíduo encontra-se fixada no estágio anal de
maturação da sexualidade. O sentimento de culpa, pode se caracterizar como
uma forte tendência do neurótico obsessivo, em que tentam usar objetos como
tentativa de aliviar conflitos internos.
As obsessões podem ser identificadas a partir de pensamentos, ideias,
sentimentos, frases, números, superstições mágicas, atitudes compulsivas que
invadem a consciência de forma repetida e recorrente, o que provoca no sujeito
uma sensação de mal-estar e impotência diante de tais pensamentos.
Assim, o pensamento do sujeito obsessivo é abstrato, não tem uma ligação
com a realidade. Os obsessivos se preparam constantemente para o futuro, e
não conseguem viver o presente. Na psicanálise, há mais dificuldade no
tratamento desse indivíduo tendo em vista a dificuldade de associação livre,
assim como na internalização do conflito apresentado.

2. DSM-IV e Neurose Obsessiva: um paradoxo


O DSM-IV, considera-se o Transtorno da Personalidade Obsessivo-
Compulsiva (F60. 5 - 301.4) um padrão invasivo de preocupação com
organização, perfeccionismo e controle mental e interpessoal, às custas da
flexibilidade, abertura e eficiência, que começa no início da idade adulta e está
presente em uma variedade de contextos, indicado por pelo menos quatro dos
seguintes critérios:
“(1) preocupação tão extensa, com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários,
que o ponto principal da atividade é perdido; (2) perfeccionismo que interfere na conclusão
de tarefas (por ex., é incapaz de completar um projeto porque não consegue atingir seus
próprios padrões demasiadamente rígidos); (3) devotamento excessivo ao trabalho e à
produtividade, em detrimento de atividades de lazer e amizades (não explicado por uma
óbvia necessidade econômica); (4) excessiva conscienciosidade, escrúpulos e
inflexibilidade em assuntos de moralidade, ética ou valores (não explicados por identificação
cultural ou religiosa); (5) incapacidade de desfazer-se de objetos usados ou inúteis, mesmo
quando não têm valor sentimental; (6) relutância em delegar tarefas ou ao trabalho em
conjunto com outras pessoas, a menos que estas se submetam a seu modo exato de fazer
as coisas; (7) adoção de um estilo miserável quanto a gastos pessoais e com outras
pessoas; o dinheiro é visto como algo que deve ser reservado para catástrofes futuras; (8)
rigidez e teimosia.”

Tais critérios levantam as características psiquiátricas desse adoecimento,


criadas com base no contexto geral, o que leva ao debate sobre destacar e
entender também a história individual de cada sujeito. Essa ideia apresentada
pelo DSM-IV entra em contradição com a psicanálise, que nomeia o problema
de neurose obsessiva.
Uma questão que é levantada é que o DSM, ao lado da CID-10, exclui a
subjetividade e toma o sintoma pela estrutura, ou seja, aquilo que responde à
uma classe, esmaga o sujeito e o exclui de cena, uma vez que a particularidade
do sujeito não tem a ver com a classificação, mas com aquilo que escapa a ela
(GOMES, 2009).

3. Um Ideia Psicanalítica sobre a Neurose Obsessiva


Entende-se que a neurose obsessiva é uma das psiconeuroses de defesa,
pelo fato de ser resultante de uma ação “traumática” de experiências sexuais na
vida infantil e se constitui um esforço de defesa contra qualquer representação
e qualquer afeto oriundo de tais experiências e tendem a perpetuar o que elas
tinham de incompatível com o eu.
Freud (1996), em seu texto sobre as neuroses, apresenta sua preocupação
com tal problema e a partir de seus estudos sobre o tipo clínico Neurose
Obsessiva, pode entender que o paciente que analisou gozava de boa saúde
mental até o momento em que houve uma ocorrência de incompatibilidade em
sua vida representativa – isto é, até que seu eu se confrontou com uma
experiência, uma representação ou um sentimento que suscitaram um afeto tão
aflitivo que o sujeito decidiu esquecê-lo, pois não confiava em sua capacidade
de resolver a contradição entre a representação incompatível e seu eu por meio
da atividade de pensamento.
Assim, a tarefa que o eu se impõe, em sua atitude defensiva, de tratar a
representação incompatível, simplesmente não pode ser realizada por ele. Tanto
o traço mnêmico como o afeto ligado à representação lá estão de uma vez por
todas e não podem ser erradicados. Mas uma realização aproximada da tarefa
se dá quando o eu transforma essa representação poderosa numa
representação fraca, retirando-lhe o afeto – a soma de excitação – do qual está
carregada. A representação fraca não tem então praticamente nenhuma
exigência a fazer ao trabalho da associação (GOMES et al 2009).
Desse modo, o que caracteriza a construção de uma neurose, é que o Eu
está submetido às exigências da realidade e imposições do superego. Nesse
sentido, o sujeito obsessivo passa a ter falsas conexões psíquicas, e assim, tem
a tentativa de retirar do pensamento alguma representação incompatível, através
de outros pensamentos, o que geram diversos pensamentos ritualísticos, para
conseguir lidar com tal incompatibilidade.

4. O Caso “Homem dos Ratos” e a Neurose


Obsessiva
Para responder a questão da neurose obsessiva, Freud (1909) se deteve a
estudar um caso clínico em específico. Esse estudo pôde ser conhecido como
caso “homem dos ratos”, em que tece algumas considerações sobre a neurose
obsessiva. Seu protagonista é um jovem advogado que sofria de sintomas
clássicos de neurose obsessiva, como ideias terríveis que sempre voltam e que
requerem o cumprimento de certos rituais para que não se tornem realidade.
O paciente teme que coisas terríveis ocorram com seu pai e com uma dama
venerada. Está submetido a impulsos obsessivos, como o de fazer mal à dama,
que lhe ocorrem quando ela está ausente; mas estar longe dela lhe faz bem. Ele
se impõe interdições e se atrasa em seus estudos de direito, pois apresenta
inibições ligadas ao combate contra seus sintomas. Ele vem consultar Freud
porque leu a “Psicopatologia da vida cotidiana”. Pode-se dizer que houve ali o
encontro com o sujeito suposto saber, encontro que o conduz à hipótese de que
seus sintomas querem dizer alguma coisa (SUAREZ, 2011).
Para analisar a formação da neurose obsessiva, Freud (1909) discorre sobre
algumas especificidades acerca da sintomatologia desse indivíduo, como a
onipotência de seus pensamentos, bem como a necessidade de incerteza e da
dúvida em suas vidas. A onipotência decorre da superestimação dos efeitos de
seus sentimentos hostis sobre o mundo externo. Em relação a incerteza e a
dúvida, o obsessivo tende a protelar qualquer decisão e são incapazes de chegar
a um decisão, especialmente no que tange ao aspecto afetivo.
De acordo com Suarez (2011) o neurótico obsessivo é um sujeito afetado
por seu pensamento, que sofre de seus pensamentos. Na neurose obsessiva,
contrariamente à histeria, o recalcamento não é ligado à amnésia e ao
esquecimento, mas a uma disjunção da relação de causalidade que se produz
em função de um deslocamento do afeto. O sintoma obsessivo é o resultado de
deformações destinadas a mascarar o pensamento, que provêm da censura
primária. O pensamento obsessivo torna-se alheio ao sujeito.

5. Considerações Finais
Com base nas discussões apresentadas nesse trabalho pôde-se
compreender que a estrutura neurótica obsessiva é um tipo de estrutura que
realiza várias conexões através de pensamentos ritualísticos na tentativa de
retirar da consciência algumas representações que foram conflituosas em
determinado momento da vida do sujeito. Desse modo, o indivíduo cria uma série
de estratégias ou pensamentos obsessivos a fim de lidar com essa situação de
forma mais tolerável. O debate empreendido tem a finalidade de apontar qual a
função da psicanálise no manejo com o sujeito obsessivo, identificando que a
psicanálise pretende fazer o indivíduo falar sobre suas demandas, a fim de que
este possa ressignificar o afeto mal elaborado.

Fonte: https://psicologado.com/abordagens/psicanalise/introducao-ao-conceito-de-
neurose-obsessiva © Psicologado.com

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