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RESUMO:

O objetivo deste trabalho é mostrar como e onde se deu o inicio da reforma


psiquiátrica. Relatando um pouco da historia, apontamos seus autores e o
porque da necessidade destas transformações. Falamos sobre a importância
das redes (terapêuticas singulares), tipos de órgãos que foram criados para
atender a demanda de sujeitos portadores de sofrimentos psíquicos, bem como
sobre o conceito de CAPS. Fazemos uma abordagem sobre a forma como
os pacientes eram vistos e tratados antes da reforma psiquiátrica e analisamos
a luta antimanicomial através da declaração de Caracas. Salientamos a
importância da declaração e o efeito da mesma na inclusão dos portadores de
doenças psíquicas. No nosso contexto, damos um prisma sobre a reforma
psiquiátrica no Brasil ao mesmo tempo que fazemos também uma critica em
relação aos novos dispositivos que vieram para atender a demanda no setor
da saúde mental, fazendo um retrospecto daquele cenário onde os pacientes
viviam isolados da sociedade e sofrendo maltratos e vitimados pelo
preconceito.

Palavras chaves: Reforma psiquiátrica,história, terapêuticas singulares,


redes.

INTRODUÇÃO:

Ao olhar para a história da reforma psiquiátrica vemos um medico que


por não aceitar as condições a que seus pacientes eram expostos passa a
lutar no sentido de haver transformações naquele hospital do qual era diretor.
Este medico foi o Dr.Basaglia. Este logo que assume o hospital psiquiátrico, se
sente incomodado pela total desumanidade com que os pacientes eram
tratados.

Começa então a fazer algumas mudanças, com o objetivo de


transformar o ambiente hospitalar em uma comunidade terapêutica. Seu
primeiro passo em relação a reestruturação foi mudar a forma como os
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pacientes eram acolhidos nas hospedarias e os cuidados técnicos que a eles


eram prestados.

Ao ampliar sua percepção em relação as necessidades, viu que as


modificações que estava realizando eram muito superficiais e insuficientes.
Percebeu-se que as mudanças teriam que ser mais profundas, tanto na
assistência psiquiátrica médicos-pacientes, quanto nas relações da sociedade
com a loucura.

O que mais o incomodava era a postura tradicional da cultura medica,


que não conseguia ver o paciente em sua subjetividade. O que via era um
corpo que precisava de intervenções clinicas.“Foi então que ao ler a obra do
Filosofo francês Michel Focault “ A Historia da Loucura na Idade Clássica,”
Basaglia formulou a negação da psiquiatria.”Procurando com isso repensar as
formas de tratamentos a que os pacientes estavam sendo submetidos.

Com isto o Dr. Basagla chegou a conclusão que a psiquiatria sozinha, não
poderia dar conta do fenômeno complexo que era a loucura. Ele passa a ver o
paciente além do que se considerava uma patologia e descobre que este
sujeito possuía outras necessidades no qual a psiquiatria não conhecia.
Através desta nova ótica, o Dr. Basaglia repudia todo tipo de tratamento clinico
considerado desumano e começando pela retirada do tratamento de choque.

Foi na cidade de Trieste que se deu o inicio do processo de fechamento


do hospital psiquiátrico substituindo o tratamento hospitalar e manicomial por
uma rede territorial de atendimento da qual faziam parte os serviços de atenção
comunitários, emergências psiquiátricas em hospitais gerais, cooperativas de
trabalho protegido, centros de convivências e moradias assistidas, chamadas
por ele de “grupos-apartamento” para loucos.

Inspirado nas lutas travadas por Basaglia, em 1973 a Organização


Mundial de Saúde (OMS) credenciou o serviço Psiquiátrico de Trieste, como
principal referencia mundial para uma reformulação da assistência em saúde
mental.

Foi no ano 1992, que se iniciaram os movimentos sociais no Brasil,


tendo como referencia as transformações que Basaglia fez na Italia e inspirado
na reformas que estava acontecendo naquele país e no Projeto de Lei Paulo
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Delgado. Começam a tramitar no próprio senado, leis que aprovadas levariam


estas conquistas à vários Estados brasileiros. Leis determinando a substituição
progressiva dos leitos psiquiátricos por uma rede integrada de atenção à saúde
mental.

E assim nascem as políticas do Ministério da Saúde para a saúde


mental. Acompanhando as diretrizes para a construção da Reforma
Psiquiátrica, iniciam assim um grande e importante passo neste sentido. Em
1990 o Brasil como sinal de compromisso com a saúde mental assina a
Declaração de Caracas e participa da II Conferência Nacional de Saúde
Mental, onde se começa a dar iniciativa no país, a mudanças nas normas
federais, colocando em vigor a implantação de serviços de atenção diária,
fundadas nas experiências dos primeiros CAPS, NAPS e Hospitais-dia e as
primeiras normas para fiscalização e classificação dos hospitais psiquiátricos.

DECLARAÇÃO DE CARACAS.
A Declaração de Caracas, enfatizou a reestruturação da atenção
psiquiátrica vinculada á atenção primaria á saúde e na constituição de redes de
apoio social e serviços comunitários que pudesse dar suporte aos indivíduos
em seus contextos de vida.
Seguindo a reforma basagniana, houve uma substituição dos
atendimentos de hospitalização que antes mantinha o louco distante do seu
espaço familiar, excluindo-o totalmente da sociedade. A declaração de Caracas
trouxe como proposta primordial um meio de serviços de qualidades em saúde,
educação, moradia e trabalhos. mostrando que a atenção básica é para todos,
sejam portadores de doenças psíquicas ou deficientes. O objetivo maior é ter
uma sociedade sem preconceito, sem discriminação. Uma sociedade que
esteja baseada na equidade, justiça e igualdade. Onde o respeito ao ser
humano seja visível em seus valores fundamentais.
Que o ser humano seja tratado como tal, que seja respeitado em suas
diferenças e que estas sejam vistas não como uma deficiência e sim como uma
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essência. Como uma peça de um quebra cabeça que precisa da outra peça,
mesmo que a mesma seja diferente ela completará e dará forma a paisagem.
Foi através da declaração de Caracas que passou-se a dar uma maior
importância em relação a cooperação de uma forma mais ampla, atendendo
as problemáticas da deficiência e os movimentos associativos de pessoas com
deficiência e suas famílias, para um fortalecimento efetivo da sociedade civil
que garanta uma participação direta dos benefícios na elaboração das politicas
publicas e dos serviços a eles destinados.

PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE REDES DE ATENÇÃO EM


SAUDE MENTAL (TERAPEUTICA SINGULAR).

Com a intenção de reintegrar o sujeito com transtornos mentais graves e


persistentes à sociedade da qual o mesmo foi excluído, sofrendo maus tratos,
roubado da sua dignidade, excluídos de seus direitos, tendo sido tirado a sua
autonomia, tornando se totalmente isolados da vida social e familiar, vivendo
assim, uma vida sem qualidade nenhuma.

Para que o tempo de trevas venha a ser totalmente amenizado, o SUS


vem se dedicando com especial empenho nos últimos anos, com o intuito de
devolver a este sujeito a sua dignidade e promovendo instrumentos de
potencialidade de cuidados que venha reintegra-los na sociedade. Além de
ferramentas de organização e sustentação das atividades do Núcleo de Apoio
a Saude da Familia, baseadas nos conceitos de corresponsabilização e gestão
como o projeto terapêutico singular.

A “implementação” destes serviços tem sido de suma importância, pois


tem procurado acolher a demanda de portadores de transtornos mentais
graves persistentes, amparando-os em suas necessidades, dando até mesmo
suporte aqueles que residiam nos hospitais psiquiátricos, que ao tempo em que
foram fechados ficaram sem moradias.

As políticas de saúde mental do Ministério da Saúde tem procurado


buscar a concretização das diretrizes de superação do modelo de atenção, as
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quais eram centradas no hospital psiquiátrico criando varias redes de


sustentação. Assim se expressou Melman:

Para a psiquiatria democrática italiana, o processo de desinstitucionalização não podia


ser reduzido ao simples fechamento dos velhos, sujos e violentos hospícios. Mais do que
derrubar paredes, muros e grades, desinstitucionalizar significava desmontar estruturas
mentais (formas de olhar) que se coisificam e se transformam em instituições sociais
(MELMAN, 2001, p. 59).

REDE DE ATENÇÃO EM SAUDE MENTAL.

A rede de cuidados se organiza através dos seguintes dispositivos:


Atenção Primária à Saúde, Ambulatórios Especializados, Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS),organizados em várias modalidades, de acordo com a
população do território, Retaguarda Noturna, Centros de Convivência, Grupos
de Produção e Geração de Renda, Serviços Residenciais Terapêuticos,
Programa de Volta pra Casa.

Foi inaugurado em março de 1986, o primeiro CAPS do Brasil, na cidade


de São Paulo: Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da Rocha
Cerqueira. Já em 1987 aconteceu em Bauru, SP o II Congresso Nacional do
MTSM que adotou o lema: “Por uma sociedade sem manicômios”. Neste
mesmo ano, é realizada a I Conferência Nacional de Saúde Mental no Rio de
Janeiro (BRASIL, 2005).

Na casa de saúde Anchieta, local onde havia muitos maus tratos e até
mortes de pacientes, em 1989 acontece intervenções a fim de que este hospital
fosse fechado e que acontecesse construções de redes de cuidados e
substitutivas ao hospital psiquiátrico. Começam a surgir neste período Núcleos
de Atenção Psicossocial (NAPS) que passam a funcionar 24 horas. Também
surgem cooperativas; residência para egressos do hospital e associações
(BRASIL, 2005).

O CAPS segue ao inverso do manicômio, enquanto os pacientes eram


tratados isoladamente da sociedade. No CAPS os pacientes são tratados com
transparência e serviço qualificado . Ambas são ferramentas usadas para
promover uma inclusão destes sujeitos com sofrimentos mentais que até então
eram mantidos excluídos e tratados de forma sub-humanos.
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CONCEITOS DO CAPS e NAPS E A SUA IMPORTANCIA:


CAPS é um serviço de saúde aberto e comunitário do SUS, local de
referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais,
psicoses, neuroses graves e persistentes e demais quadros que justifiquem
sua permanência num dispositivo de atenção diária, personalizado e promotor
da vida.

NAPS/CAPS são unidades de saúde locais/regionalizadas que contam


com uma população adstrita definida pelo nível local e que oferecem
atendimento de cuidados intermediários entre o regime ambulatorial e a
internação hospitalar, em um ou dois turnos de 4 horas, por equipe
multiprofissional

O objetivo do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é atender os


pacientes com distúrbio psíquico graves, chamados psicóticos, que necessitam
de acompanhamento intensivo, sem separa-los da sociedade. Sem que se
torne a isola-los, tendo assim uma integração com seu convívio familiar, e ao
mesmo tempo tenha uma atenção de qualidade. Com isto também diminui os
números de internações psiquiátricas.

Conquistaram um espaço de acolhimento , onde o usuário tem direito a


três refeições, assistência de seus familiares, da comunidade,
acompanhamento de uma equipe multiprofissional, oficinas terapêuticas. O
paciente permanece internado no hospital diurno e se precisar permanecerá no
hospital noturno. Tem atendimento individual junto com a família, em forma de
entrevistas, aconselhamentos, grupos, acompanhamento clinico, ambulatorial.

O importante para o paciente é que sempre se dará ênfase a sua


reabilitação. Os usuários do CAPS também terão visitas domiciliares, onde o
profissional estará acompanhando de perto a evolução do paciente nos
tratamentos.

Devido a necessidade diversificada dentro da sociedade e para que


todos os sofrimentos psíquicos fossem atendido em sua essência, criou-se
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órgãos que fossem capaz de atender a demanda populacional podendo estes


ser identificados em CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPS ad (álcool e drogas),
CAPS I (infantil).

A IMPORTANCIA DESTES DAS REDES

As politicas de saúde mental, são projetos que tem se apresentado com


prioritários, quando se fala de modelo de atenção, dando a este sujeito que
muito sofreram maus tratos, um espaço onde a sua subjetividade individual tem
tido oportunidade de ser valorizada e tem recebido um acolhimento das
diferenças proporcionais de sua situação de sujeito em sofrimento psíquico.

A potencialidade destes serviços alternativos, como o CAPS no cuidado


em saúde mental tem proporcionado a estes sujeitos de direitos a oportunidade
de se movimentar na sociedade e gerar efetivações na relação social e familiar.
Com isto, este espaço de troca tem aberto o horizonte para que este sujeito
tenha suas inter-relações culturais, valores, papéis e possibilidades de uma
vivencia diversificada em relação as construções em sua totalidade.

Quanto a atenção em meios as situações criticas do sujeito em


sofrimento mental, passa a ser construída a partir de um olhar das interações
usuários/equipe terapêutica, dando uma ressignificação aos tratamentos. À
família neste momento é importantíssimo assumir o papel de destaque para
que os tratamentos sejam bem sucedidos e todos os projetos de
ressignificação do usuário aconteçam. É importante fazer com que o sujeito
não venha se sentir culpado pela sua doença. Por muitas vezes não conseguir
assumir a responsabilidade do sustento famíliar de uma forma integral.

Quando a família entende esta situação, torna o sofrimento menos


pesado para o sujeito em sofrimento psíquico. Quintas e Amarantes colocam a
relação que o CAPS estabelece com o olhar da sociedade para a loucura.
Desta forma a sociedade passa a olhar para o louco e ver um sujeito que é
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capaz de conviver com a sociedade, trabalhar e prover o sustento familiar e se


relacionar com a mesma sem necessidade de um isolamento. De ter uma vida
e tratamento qualificado e receber o apoio de amigos e familiares.

CONCLUSÃO:

Assim chegamos a conclusão que as politicas publicas de saúde


mental, tem criado projetos, estatutos sociais para o portador de
sofrimento mental. Tem procurado promover a dignidade e a
autonomia deste sujeito que ate então, sofreu injuria, foi apedrejado,
trancado em jaulas, tratado como um alienado e sofrido todo tipo de
exclusão, tanto dos amigos como da família, tirando o direito de ter
contato com seus filhos.

E hoje com a luta pelo fim dos manicômios, tem-se tentado


devolver seus direitos. Uma luta que está longe de acabar, mas que
visa a desconstrução de aparatos antissociais que abreviaram a vida
de muitas crianças, jovens, velhos. Os aspectos sócio–políticos,
jurídicos precisam se unir a esta luta para que estes sujeitos tenham
a garantia do respeito aos seus direitos e individualidades
(AMARANTE,2007).

Há ainda muito jogo de interesses em relação ao acolhimento


destes portadores de doença mental, e este é o maior motivo de
ainda se encontrar tanta resistência em relação ao fechamento dos
manicômios que ainda estão em funcionamentos. Quanto às políticas
de atenção da saúde mental, de acordo com alguns autores e
militantes no campo da saúde mental em âmbito nacional, a citar
(DELGADO, 1992), (DIMENSTEIN, 2004) e (AMARANTE, 2007):
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Apresenta-se como questão central de discussão, o direcionamento


que esse movimento vem assumindo. A proposta de ação ancorada na
sobreposição entre o antigo padrão tutelar e alienante e o novo
modelo baseado na ideia de reinserção social, acaba por fortalecer a
estrutura manicomial e não atende às propostas de modificações das
formas de cuidado.

REFERENCIAS:

AMARANTE, P. Saúde mental e atenção psicossocial. Editora Fiocruz, Rio de


Janeiro,2007, 117.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM nº 52/04, de 20 de janeiro de 2004.


Institui o Programa Anual de Reestruturação da Assistência Psiquiátrica
Hospitalar no SUS. Brasília, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação


Geral de Saúde Mental e Outras Drogas. Reforma psiquiátrica e política de
saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de
Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. Brasília:
OPAS, nov 2005

DEJOURS, C. (1991,outubro). Normalidade, trabalho e cidadania


[Entrevista]. Cadernos do CRP-06.

DELGADO, P. G. G. Perspectiva da psiquiatria pós- asilar no Brasil IN Silvério


A. Tundis e Nilson R. Costa (Orgs.) : Cidadania e loucura: Políticas de saúde
mental no Brasil. Petrópolis: Vozes, Rio de Janeiro 1992, p. 171 – 202.

DIMENSTEIN, M. A. A reorientação da atenção em saúde mental: sobre a


qualidade e a humanização da assistência. Psicologia Ciência e Profissão, São
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Paulo, 2004, p.112- 117. SILVA e SILVA, O. M. (org.). Avaliação de Políticas


Públicas e Programas Sociais. Veras editora, São Paulo, 2001, p. 7-37.

DIMENSTEIN, M. A. A reorientação da atenção em saúde mental: sobre a


qualidade e a humanização da assistência. Psicologia Ciência e Profissão, São
Paulo, 2004, p.112- 117.

MERTY, E. E. (2006). A rede básica como uma construção da saúde pública e


seus dilemas. In E. E. Merhy& R. Onocko (Orgs.), Agir em saúde: um desafio
para o público (pp. 197-228). São Paulo: Hucitec

QUINTAS, R. Amarante P. A ação territorial do Centro de Atenção Psicossocial


em sua natureza substitutiva. Saúde em Debate jan/dez. 2008;32(78/79/80):99-
107.

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