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Os ciganos são o povo nômade mais antigo e nosso planeta. Seus costumes e
religião seguem sempre a tradição, quer seja no nascimento, batismo, casamento,
procriação ou morte. Toda a sua vida segue um curso traçado pelos ritos de seus
ancestrais. É o respeito imenso que eles têm a hierarquia, a Kris Romani (Justiça
Cigana), que os mantém dentro do círculo mágico altamente protecionista que faz
com que os ciganos preservassem até os dias de hoje todo conhecimento
ritualístico tão antigo.
Em quanto os ciganos puderem ser mais fiéis a sua tradição, como na Europa,
manterão o poder do Saber através de determinados ritos. O grande conhecimento
dos ciganos chama a atenção, pois utiliza os ritos nas fases corretas da lua, do sol,
utilizam os serem das estrelas e do vento, coisas que nós, não ciganos, não
reparamos, somos poucas as pessoas que conseguem ter esta sensibilidade e
utilizá-las no dia-a-dia.
Muito recebemos deste povo que influenciou com seus dons a música, a
dança, a culinária, os conhecimentos medicinais, a cosmetologia, o vestuário, os
adereços exóticos de vários países. Todo o seu folclore exerceu fascínio em povos
de todos os continentes.
Muitas origens são propostas, mas pode-se dizer que todas elas foram
ocorrendo com um esforço para se resolver o enigma deste povo, e suas versões
foram correndo mundo: Etiópia, Pérsia, Palestina, Egito, Grécia, dentre outros
tantos lugares da Europa, das Américas e etc.
Mas não é porque a ciência moderna diz ter realmente chegado à origem dos
Ciganos neste planeta, que vamos descartar tantas outras que atravessaram
também os milênios, acompanhando este povo nômade pelo mundo afora. Se em
muitas destas origens existem partes fantasiosas, temos que reconhecer e aceitar
que as mesmas também têm uma parte bem coerente.
Onde está a verdade? Onde está a ficção? Apenas um tênue fio as separa, e
por isto eu digo que o estudo a sério da Ciganologia é antes de tudo um desafio
mágico para todo aquele que deseja fazê-lo.
Por ter ficado tanto tempo imersa na obscuridade, não havia até então grande
interesse por ela, a história do povo cigano teve grandes perdas, muito de seu
conteúdo diluiu-se como por um passe de mágica através da passagem dos
tempos. Talvez, quem sabe, fosse esta até a vontade dos próprios ciganos, eles não
gostam até os dias de hoje, que “gadjés” adentrem em seu “mundo particular”,
um círculo protetor de magia na certa foi traçado e seu poder é infinito.
Devemos saber que grande parte desta magia outorgada a este povo, foi
sistematicamente alimentada por inúmeros ocidentais, que até os dias de hoje
gostam de projetar sobre os ciganos certa aura de mistérios, de maravilhas, de
fantástico, e parece interessar aos próprios ciganos manterem o carisma desta
aura, tirando de todo este “clima” não criado por eles, certa vantagem.
Seu tipo físico moreno, de traços fisionômicos fortes, mas não muito
refinados, comportamento singular, sua liberdade de ser, seu idioma estranho,
incompreensível, os nomes variados pelos quais eles se designam a si mesmos,
enfim, tudo isto serviu de um perfeito suporte para que fossem criadas lendas, as
mais inverossímeis concernentes a origem e natureza dos ciganos.
Esta impressão de “estrangeiros” fica muito reforçada pelo fato que estes
nômades se dizem cristãos ou maometanos, e no entanto executam toda a sorte de
práticas pagãs, como a quirologia, a quiromancia, a cartomancia e etc,
além, de realizarem rituais mágicos, que para muitos parecem ser de bruxaria ou
feitiçaria. Seu comportamento algo “sui generis” de não terem escrúpulos em
tomar posse de bens alheios, especialmente animais úteis como cabras, cavalos,
cães, galinhas, coelhos, etc.
Toda esta imaginação popular encontrou por parte dos ciganos como que
uma conivência, principalmente com relação as suas origens, que é tratada por eles
mesmos em meio a um ambiente secreto, repleto de segredos e confidências
“parciais”.
Assim sendo até os seus próprios nomes como povo, reinvindicados por
muitos deles mesmos, evocam mistérios orientais, em particular aquele de
Égyptiens, de onde advêem Egitianos e Gitanos em espanhol, Egypsies e Gypsies
em inglês, e, sobretudo o de Tsiganes, nome que vem de uma seita originária da
Ásia Menor, os Atsinganes, e deste nome adveio: Zigeuner em alemão, Zíngaro em
italiano, Cigan no velho francês e Tsigane no francês moderno, e Ciganos em
português. Ainda existem as denominações de Bohêmios e Roms, esta última com
duas explicações, falarei sobre ambas no decorrer dos nossos estudos.
O cigano por medo dos soldados romanos fez os 4 cravos ou pregos, mas
na hora de entregá-los escondeu um dos pregos, entregando somente 3.
Uma terceira versão desta mesma lenda é também relatada por eles, e desta
feita para que tivesse um real cunho de veracidade, os ciganos “fabricaram” um
álibi perfeito, vejamos o que contam:
Pelo gesto de piedade que teve para consigo aquele servo cigano, Jesus
reconhecido, num gesto de gratidão, concedeu do alto de sua cruz, o direito de
todos os ciganos roubarem sempre que precisassem para seu sustento.
Com tudo isto, chegamos a clara conclusão de que são características ciganas
a inteligência, a criatividade, a intuição, a argúcia, a esperteza convincente e o
carisma pessoal.
Outros vêem nos ciganos os descendentes de uma tribo de Israel que, após o
cativeiro da Babilônia, não retornaram à Terra Santa. Os pesquisadores que vêem a
origem cigana desta forma se apóiam no fato de que este povo venera Santa
Sara, e eles identificam esta Santa como sendo Sahara, esposa de Abraham, o
patriarca bíblico.
Outra lenda bíblica contada pelos próprios ciganos nos leva bem mais longe,
pois ela remonta ao casamento de Adão com uma primeira mulher anterior a Eva, e
seria desta primeira mulher que os ciganos seriam descendentes.
Mais uma vez a comprovação da inteligente argúcia cigana, caso isto tivesse
realmente ocorrido, os ciganos não teriam contraído o Pecado Original, como o
resto de todos os humanos, estando, pois dispensados de ganhar seu pão com o
suor de sua fronte. Com efeito, este é o texto da Bíblia, Gênese 3, 19: “é obrigação
de o homem ganhar o seu pão com o suor de sua fronte(isto é, trabalhando muito),
por ser esta uma punição consecutiva a desobediência de Adão e Eva.”
B) Hipóteses variadas
Mas as hipóteses que no início das pesquisas pareciam as mais sérias, são
seguramente aquelas que reportam a origem cigana ao Egito, em razão de seu
nome e de suas pretensões de se dizerem originários de um “Pequeno Egito”.
No Século XVII esta teoria foi adotada por inúmeros estudiosos do assunto;
Voltaire, o grande escritor francês, lhes deu a notoriedade e celebridade ao dizer
que reconhecia nos ciganos os descendentes dos sacerdotes e sacerdotisas de Ísis.
Ou ainda que fossem descendentes dos Sigynes dos quais falam Herodote, o
pai da história, e Strabon, historiador e geógrafo, ambos gregos, ou os Sinti do
tempo de Homero, grego famoso por ter escrito a Ilíada e Odisséia nos quais relata
os vinte anos da Guerra de Tróia.
Existe a de Vaillante, esta hipótese surgiu em meio o século XIX, que faz
deste povo nômade e exótico, os ROMS, como também se autodenominam os
próprios ciganos, os últimos representantes de um povo misterioso que deu origem
as grandes civilizações orientais e européias.
Da fusão dos JÃTS, dos NATS e dos DOMS, surgiu uma quarta casta
indiana, os ROMS, reconhecidos por seus predecessores como os verdadeiros
ciganos. Parte deles migrou da ÍNDIA até a PÉRSIA e retornou a terra-mãe,
outra parte migrou mundo a fora, jamais retornando à Índia, ultrapassaram
espaços, fronteiras, costumes regionais de outros povos, sem perder sua própria
identidade, que são sua TRADIÇÃO e IDIOMA, ambos permanecem inalterados
até os dias de hoje, e são de conhecimento de âmbito internacional por todos os
verdadeiros ciganos.
Aliás, é o próprio cigano quem diz: “Seu idioma, o ROMANI, é a sua
verdadeira pátria, pois ele é comum entre todo o seu povo, seja em que parte do
mundo for que esteja”.
É por isto que o cigano protege de tudo e de todos a sua língua, não gostam
de ensiná-la aos “gadjés”, pois dizem que mantendo o seu idioma em segredo, eles
estão protegendo a si próprios, acreditam que os “segredo de sua língua” é a
sua proteção. E isto é uma verdade atestada principalmente durante a Segunda
Guerra Mundial, por ter um idioma somente compreendido entre si, muitos ciganos
conseguiram escapar da GESTAPO.
DOMS – Como em que tudo o que Deus criou existe o positivo e o negativo,
também o povo cigano tem o seu lado escuro e nada relevante. Dos DOMS
herdaram o hábito de roubar, gostar de negociar na contravenção, mentir,
não ter muito asseio, praticar a magia negra, tendência ao alcoolismo,
ludibriar as pessoas que neles confiam e etc.
É claro que não são todos os ciganos que possuem estas características, mas
muitos as têm.
Na atualidade há inúmeras tribos ciganas pelo mundo a fora, mas entre elas
não há uma união que os tornem uma potência como um povo, que lhes conceda a
força da unidade, como ocorre com o povo JUDEU, também espalhado por todo o
planeta Terra. A grande força judaica reside em todos serem um só, independente
de padrão social, cultural, raça ou cor da pele. Judeu é Judeu, e fim de papo.
Com os ciganos ainda a tempo de eles reverterem esta sina, basta que
1) Aqueles que são atraídos pelo que podemos chamar de “qualidades dos ciganos
JÃTS e NATS europeus” - seus talentos exuberantes, sua aura exótica
proveniente de lugares distantes e a afinidade com a natureza – e que, em
função do seu “charme”, os desculpam por suas “irregularidades”, fazendo com
que até mesmo esses seus admiradores os classifiquem com “contraventores
encantadores” .
Teriam sido aceitos com facilidade por estes povos que não os conheciam?
Estas e outras perguntas serão respondidas na apostila número 3, onde
levantaremos mais um dos véus que encobrem o mundo cigano.
O contanto com tantos povos de culturas diversas fez com que os ciganos
tomassem empréstimos lingüísticos, culturais e religiosos destes povos e são
“empréstimos” que explicam a diversificação atual dos ciganos.
O primeiro país em que os ciganos permaneceram por longo tempo foi o Irã,
no qual, aliás, todo um grupo se fixou definitivamente. Os demais, provavelmente
depois da invasão Árabe a Rússia, partiram para Armênia e Cáucaso, penetrando
pouco a pouco no Império Bizantino e misturando-se com numerosas outras
populações. Lá eles assumem a denominação de Atsingari (nome que
primitivamente designava uma velha seita), talvez em razão da semelhança com as
crenças iranianas manifestadas nos novos viajantes chegados da Pérsia.
Está comprovado que os ciganos tiveram uma longa estada na Grécia e mais
ainda nos paises dependentes de Bizâncio. Eles foram então fortemente marcados
na sua língua e em seus costumes, em particular, na conversão ao cristianismo.
No século XVIII foram à vez da Sibéria ver a chegada de várias tribos as suas
terras geladas.
Mas só foi no século XIX que numerosos grupos de ciganos se misturaram aos
imigrantes que partiram da Europa rumo ao Novo Mundo. Porém, ao chegarem ao
seu destino, em vez de se erradicarem em determinados lugares, como fizeram
seus companheiros de imigração não ciganos, eles continuaram a viajar,
percorrendo enormes distâncias. Errantes como sempre atingiram a expansão
máxima, pois hoje podemos encontrar tribos de ciganos no Alasca e na Patagônia.
Enfim, deve-se registrar que estes movimentos migratórios não pararam com
o século XX; a imensa maioria dos ciganos nômades é doravante encontrada no
interior de uma região bem determinada que é como “seu território de caça” e lá
eles permaneceram. Mas, existe também nômades que se deslocam no “interior de
um continente inteiro”, sobreviventes de um passado nômade ciganos.
Isto é impossível. É preciso ter documentação para viajar de uma região para
outra, além de não haver segurança necessária para um acampamento.
A suposta dispersão dos ciganos pela Europa data de 1417, quando um bando
de 300 andarilhos nômades chegou a Alemanha, na primeira etapa do que eles
afirmam ter sido um peregrinação de 50 anos imposta pelo rei da Hungria como
castigo por sua apostasia(que quer dizer não ter uma crença especificada, um
partido ou uma opinião).
Ao mesmo tempo em que a leitura das leis revela as tribulações dos ciganos,
a literatura, mesmo mais escassa, revela sua sedução.
Nota: Em pesquisa feita por mim, tomei conhecimento de uma linda lenda:
“Contam-nos os ciganos que não é por acaso que o nosso BRASIL tem a
forma de uma LIRA. Dizem eles que este símbolo nos foi presenteado por Deus
para que todo o resto do mundo soubesse que este país teria o dom musical (como
na realidade o tem). E que como esta musicalidade para cantarem sua liberdade
especial de ser e viver aos quatro cantos da Terra, livres como a música, para a
qual não há fronteiras, distâncias e é eterna.”
Por tudo isto, em nenhuma parte do mundo o cigano se sente melhor que
aqui, pois em nosso país de tamanho continental “eles” se sentem livres para irem
e virem de onde e para onde quiserem.
Seus trajes variam por demais dependendo de que região do mundo estão,
mas todos no fundo têm um pouco do exotismo e beleza dos “saris” indianos,
exceto os trajes dos ciganos CALONS.
Mas há CALONS com seus trajes coloridos, as mulheres com seus vestidos de
corpo justo, mangas pretas e longas (até os pulsos), muitos babados na saia, nos
punhos, no decote do vestido, ou então, eles são substituídos por franjas, longas
franjas...
Eles apreciam muito o uso do chale, adereço que sempre acompanha seus
trajes, e em ocasião festiva usam flores a enfeitar os seus cabelos em coques, ou
travessas de ouro (se ricos), ou de pedrarias coloridas, as quais as “gitanas”
denominam de CHAMA ARDENTE, e uma jovem quando deseja chamar a atenção
de um pretendente, sempre colocam em seus cabelos uma chamativa “CHAMA
ARDENTE”.
Nos pés usam sapatos fechados, com pequeno salto quadrado, e têm por
costume tachearem a sola e o salto dos mesmos, pois “eles” são a base rítmica de
sua dança. Além destes sapatos, usam chinelas bordadas, mas nunca sandálias.
Nota: Este costume das “jaquetas de ouro” não é generalizado entre todos
os Calons, e sim só algumas de suas tribos.
Em sua maioria estes ciganos usam botas, mas podem também fazerem uso
de sapatos, mas adoram enfeitar seus calçados com fivelas, taxeados e etc.
Aqui em nosso Brasil, a maioria dos CALONS é muito pobres, muitos dentre
eles são nômades, e vestem-se de andrajos, suas barracas são precárias, não tem
instrução alguma, nem propiciam para que suas crianças as tenham. Analfabetos,
arredios, mas meigos e sensíveis, estes CALONS vivem na periferia das grandes
cidades, sob viadutos, muitas vezes confundidos como sendo mendigos,
desocupados, são muito maltratados pela nossa polícia tão mal informada, não
possuem um profissão definida, e sobrevivem com as vendas de pequenos objetos
contrabandeados, tais como relógios, tapetes, mantas e etc.
Deveriam ser, mas amparados, mas não o são, o que é uma pena, pois
embora andrajos, trazem em si arraigada toda uma TRADIÇÃO CIGANA CALON.
Todos os do grupo ROMS usam trajes muito semelhantes, sejam de que tribo
for.
Por serem de região fria, usam botas de couro ou de camurça, que podem ser
pretas ou vermelhas.
Nota: Esta tiara ou torçar com fitas será posto sobre o DIKLO caso a cigana
já seja casada.
Em dias de rituais vestem suas melhores roupas; um noivo usa camisa tipo
bata, aberta ao peito sem botões, de mangas fartas, por vezes bufantes, outras
plissadas, de preferência na cor vermelha.
Quando o frio chega todos usam longos abrigos de pele animal sobre os seus
trajes exótico (ROMS e ROMIS).
Nas tribos destas regiões a maioria dos ROMS e ROMIS gostam de fazer uso
de cachimbo, onde colocam o tabaco misturado à folhas aromáticas.
As KAKUS destas tribos usam sob a saia que aparecem outra com inúmeros
bolsos onde guardam suas ervas, seus ungüentos, seus elixires, seu almofariz, seu
soquete (ferramentas para confeccionar pós e pastas medicinais), seus talismãs,
enfim, seus segredos de magia que só a ela ou ele pertencem por descendência
hierárquica.
Muitas KAKUS trazem seus punhais sob as saias, mas outras os usam
escondidos às costas. Os KAKUS por vezes escondem seus punhais nos canos de
suas botas, em vez de os trazerem presos à cintura como os demais ciganos.
Trajes femininos: As ciganas sob sua saia colorida, alegre, bordada, usam
outras de lã pesada e mais uma calça de lã que é atada aos tornozelos.
Trajes Masculinos: Os homens usam pesados trajes de lã, cujas calças são
sempre bombachas, suas blusas são longas túnicas que podem ser coloridas, mas a
preferência recai na cor branca, atadas na cintura por faixas dos mais variados
tipos. Usam abrigos de lã ou pele animal durante as estações frias, e jamais
dispensam o barrete de lã ou pele animal. Que para os ciganos destas regiões
substitui o chapéu. Quando estes barretes são de lã ou veludo, normalmente são
ricamente bordados.
Atadas a cintura, tanto homens como mulheres, usam faixas coloridas, outros
amarram pequenas faixas de tecido colorido em torno de suas botas, ou penduram
patacas douradas ou de ouro nas mesmas.
Por causa do clima usam quase sempre luvas e “anéis sobre elas”, o que os
torna muito exóticos.
Estas saias com lenços presos das quais falamos, normalmente têm palas nos
quadris rebordadas de moedas, suas blusas são fartas, de mangas longas ou não,
com ombros a mostra ou não. Na cabeça sempre os DIKLOS, se casadas.
Os ROMS dos Balcãs, usam calças largas e bombachas, coletes, blusas tipo
longa bata com mangas fartas, nas cores das mais diversas.
O traje dos KAKUS não diferem dos demais, mas só eles usam adornos na
forma de serpente, corujas, cigarras ou escaravelho. Também penduram em seu
pescoço inúmeros talismãs misturados a corrente com moedas e crucifixos de ouro,
de prata, de cobre ou de pedras coloridas.
Quando homens estes KAKUS trazem sempre consigo uma sacola de pano
escuro que tem a mesma finalidade dos bolsos das KAKUS.
É importante registrar que os ciganos desta região não usam punhal e sim
adaga, como muitos de seus irmãos que vivem em países árabes, e há belíssimas,
com o cabo na forma de serpente, ou encimado por cabeça de falcão ou cravejados
de pedrarias, inscrições simbólicas e etc.
Os KAKUS não diferem em trajes dos demais de sua tribo, exceto por
carregarem pendurados ao pescoço e na cintura amuletos e etc. Também trazem
oculto o seu punhal.
Só pude notar que seus cachimbos são curvos ou retorcidos e entalhados, que
suas botas por vezes são de tecido grosso, encorpado e bordados e que as ROMIS
sempre trazem chales de veludo lã atados a cintura, talvez como precaução para
um eventual frio.
No mais, é tudo igual aos trajes de outros ciganos dos quais eu já falei.
Seus chales são usados como adereços, ou como agasalho contra o frio ou
como apetrecho de dança.
Sendo assim encontramos ciganos vestidos com longas túnicas sobre calças
bombachas, com o costume de trançarem dois longos lenços a altura do tórax e
outro longa a cintura.
Falemos um pouco agora das ciganas destas regiões, seus trajes por vezes
diferem, mas têm algo em comum, seus diklos são longos, caem por sobre seus
cabelos e vão até o chão como mantos, presos à cabeça por tiaras ou torçais
enfeitadas(como podem observar, é resquício da tradição de sua origem indiana).
Mas cedente às influências árabes, em muitas regiões há ciganas usando barretes
adornados por sobre estes seus longos diklos.
Existem tribos em que as mulheres usam longas túnicas sobre suas saias
tradicionais, em outras amarram sobre suas túnicas inúmeros lenços trançados à
cintura, e outros(de comprimento bem longo) dois cruzados na altura do busto.
Enfeitam-se com medalhas, guizos, borlas de seda, e passamanaria (galões, fitas
bordadas, franjas e etc)
Ciganas atam guizos em seus tornozelos, ou os penduram em seus
braceletes, e ciganos sobre suas botas, ou também em seus tornozelos, quando são
de regiões em que usam alpargatas, todos com a finalidade de afastarem os maus
espíritos ou más influências.
As ROMIS destas regiões usam sapatilhas rebordadas ou adamascadas, só
quando pertencem à algum grupo de situação de vida muito precária é que fazem
uso de sandálias (isto para homens e mulheres).
Em tão extensa região é claro que o trajar dos ciganos que aí estão diferem
em inúmeros, de país para país, e um deles é o seguinte: Os ciganos apreciam o
uso de barretes sobre os cabelos ou sobre os lenços que atam à cabeça. É
costume enfeitarem estes barretes com moedas, escudos e pequenos maços de
gravetos aromáticos, atados com uma tira de couro; as mulheres também
penduram em meio aos seus ornamentos saquinhos contendo essências aromáticas
(até sob suas roupas), e pequenos molhos de gravetos aromáticos atados em fios
de couro ou em trançado de fios de seda, como também penduram maços de flores
secas ou de favas, com o intuito de obterem proteção. Muitas usam brinco que une
sua orelha esquerda a sua narina esquerda, por meio de correntes delicadas onde
são penduradas diminutas medalhas, como também braceletes ligados aos anéis
por delicadas correntes (ambos os detalhes de ornamento pertencem aos resquícios
de sua origem Hindu)
Onde já se viu algum um cigano calvo? É raro...Qual será por tanto o por que
de tão farta cabeleira? Naturalmente, em grande parte, é devido à loção que os
ciganos fabricam, mas destinada a prevenir a calvície do que a curar.
Entre estas “loções”, são poucas as que se conservam, e sua eficácia, não
ultrapassa a duração do quarto crescente ou minguante. É por isso que muitas
ciganas, só vendem seus elixires em pó, jamais vendem ou dizem quais são as
plantas que os compõem, pois isto lhes tiraria a freguesia, podendo qualquer
pessoa prepará-la.
Soube dos componentes deste elixir que cito a seguir totalmente por acaso, e
aqui estão eles:
Da crina da égua elas só aproveitam a gordura cuja colheita tem que ser feita
à luz solar. Esta gordura, derretendo-se sob os raios do sol, vira um óleo amarelo
dourado que escorre para dentro de um recipiente de barro.
A KAKU que está a fazer este “elixir”, bate este óleo com um garfo de
madeira e vai acrescentando, aos poucos, a aguardente, que também é aquecida
ao sol.
Todo isto parece por demais misteriosos, mas é assim que deve ser...
Cada frasco contem 2 cebolas cortadas com casca, junta-se então um colher
de café rasa de gordura de égua preparada com álcool e completasse o conteúdo
com aguardente.
Vem de uma cigana que de tão linda e sábia nos segredos de beleza, ficou
conhecida pelo nome de MARIE LA JEUNESSE, ou seja Maria, A juventude. Ela
dizia que este seu “elixir de beleza” usado diariamente, sempre impede o
aparecimento das rugas. Aquelas que surgem no rosto dos homens e mulheres e
que traduzem o que foram durante a vida, bons ou maus.
Conta-se que usou este elixir durante toda a vida, a partir do casamento
celebrado no dia em que completou 15 anos, e só o deixou de usar no dia em que
voltou para o seio de sua Mãe Natureza.
Esta pesagem é importante para que o remédio funcione, já que deverá ser
reduzido, em fogo lento, até obter-se um oitavo peso total.
Tomado 3 vezes por dia em colher de sopa, uma ao levantar, outra antes do
almoço e a terceira antes de deitar, durante 15 dias, as unhas ganharão força e não
quebrarão mais. Também terá ótimo efeito em pessoas que sofrem de problemas
ósseos.
Dizem eles....
Os ciganos sempre que podem utilizam para os seus preparos, para a sua
toalete e o cozimento dos legumes, a água da chuva. Nunca usam outro tipo de
água, exceto a das fontes, no preparo de suas infusões. Como acontecem com a
argila, eles dizem que a água em contacto com o metal perde a pureza.
É com a água da chuva que se prepara a ÁGUA DE BONINA DO CAMPO
que fará desaparecer a vermelhidão do rosto e tornará translúcido o nariz tão
luminoso como um farol, a menos, é lógico que tenha sido causado pela ingestão
excessiva de vinho.
Assim, no instante em que o cansaço toma conta dos ombros, por termos
feito uma caminhada muito longa e a estrada foram estafante, você notará daqui a
um pouco, assim que tiver esvaziado um Porrarró Di Mole, ou seja UM COPO DE
VINHO, o calor e a força tomando conta do seu corpo. Isto porque o “vinho” de
forragem (alimento de gado) faz renascer as “forças” desaparecidas. Pertence à
TRADIÇÃO ROMANÉ (talvez pouco usada nos atuais), o costume das ROMIES
beberem um copo deste vinho antes de irem se agachar para ter seu filho (a), que
ao ser expelido de sua mãe caía sobre um monte de alfafa.
Iniciemos, pois, a nossa jornada pelo sagrado leito de rio, cujas águas cor de
rubi, são o sangue das videiras.
Deve-se vedar o frasco com uma rolha de cortiça recoberta de cera de vela.
Enterra-se durante o período de uma Lua, verticalmente.
Vejamos alguns;
SIFRIT - Vinho de ERVAS, criado pela avó do cigano Wassilio, cujo nome
“SIFRIT” era uma homenagem a um “gail” (artista que se exibe na praça pública,
feiras cartonais e etc), que ela tinha amado. A propriedade deste vinho é levar
quem o beba ás magníficas paisagens do sonho, é meio alucinógeno. Ora, o
cansaço, como o sonho, nada mais é senão a passagem através de uma resultante
concreta.
Colhamos as folhas. Estas devem ser tão sadias quanto o fruto que você
comerá; pois a folha, assim como o fruto, alimenta-se da árvore que lhe serve de
sustentáculo. A fruta que despenca não é uma fruta colhida no tempo devido. O
mesmo acontece com relação à folha.
Não se costuma dizer que a folha caída da árvore é uma folha morta?
Não para os ciganos, com sua sabedoria eles dizem que a folha que cai não é
uma folha perdida para a vida, ela ao cair nada mais faz senão retornar ao lugar de
onde veio a Mãe Terra.
Os ciganos também nos ensinam que árvore, assim como o homem, mantém
o mesmo teor de qualidade (boa ou ruim) das raízes às folhagens, da casca
medula, da seiva à semente. O homem pode fazer o que bem entender para
dissimular seu verdadeiro odor; de nada adiantará e nunca conseguirá enganar seu
cachorro, seu gato, seu cavalo e etc.
“ Ah! A velha FREDIANNI, minha avó, sabia das coisas. Ela era linda, foi a
mais bela amazona que o CIRCO NAPOLEON III já teve. Homens famosos
apaixonaram-se por ela. Um príncipe italiano chegou ao ponto de querer raptá-la.
Mas minha avó só tinha um homem no cora: meu avô, um cigano que conhecia
melhor os cavalos do que os homens. Era um artista, sonhador, o meu avô. Mesmo
naquela manhã em que seguiu seu sonho, e não quis mais acordar”.
Todos estes assados são feitos com as carnes bem lavadas, esfregadas com
limão e bastante sal grosso, durante a feitura do assado, regam as carnes com sal
grosso dissolvido em água pura, e para isto usam um ramo de ervas aromáticas:
hortelã, tomilho, orégano verde e sálvia; com este ramo de “ervas” eles borrifam as
carnes de água salgada.
Vinho branco semi seco, vinho ácido, conhaque, alhos, tomilho, cebolas
picadas, páprica, pimenta-do-reino (branca ou preta), cominho, cravo-da-índia e
sal.
Um dos pratos ROMANÉ que denotam a origem hindu dos ciganos e é muito
apreciado por todos é a carne de porco cortada em pedaços grandes, mareada
dentro do padrão e refogada em azeite de oliva. Depois de frita, acrescentar
batatas, cary e um pouco de água, deixando que em fogo brando as batatas
cozinhem. Serve-se este ensopado com arroz branco.
Podemos ainda dizer que estes ciganos têm por costume ao cozinharem o
macarrão colocarem na água do seu cozimento (além de sal e um pouco de óleo)
cebolas inteiras espetadas com cravos-da-índia, para aromatizar a água em que
será cozida a massa. Depois, destas cebolas retiram-se os cravos, e elas são
consumidas junto a macarrão.
Esta receita passou a ser difundida pelos ciganos que habitam a região da
PROVENCE, na FRANÇA, mas se caminharmos de uma tribo a outra, notaremos
que, quase sempre, o preparo do Mexicano foi melhorado, seja por um toque de
mão, seja por uma erva, uma planta, um elemento suplementar.
E onde estará toda esta magia do mexicano que abre o apetite dos Roms e
Gadjés?
Talvez seja pelo frango de molho amarelo como o milho maduro, e a carne de
vaca igual à bochecha do cavalo de tão macia, e a vitela tão branca quanto a lã de
uma ovelha...será?
É comum entre os ciganos cortar uma tampa no nabo e raspá-lo por dentro
até que fique como uma cuia. Enchem a cavidade com açúcar em pó, recolocam a
parte de cima do nabo, a fim de cobrirem o açúcar e esperem pacientemente, que
a noite realize a sua tarefa.
Come-se.
Este tônico respiratório é tão maravilhoso, que após o ter experimentado uma
única vez, passará a apreciá-lo.
Quer dizer que na sua intuitiva sabedoria, os ciganos “sentiam” que a cenoura
é riquíssima em vitamina A, importantíssima para todo o tecido cutâneo.
Deve-se, em seguida, colocá-lo num vaso de vidro com gargalo longo e deixá-
los macerar em vinagre de cidra (na sua falta serve vinho branco). Uma vez
concluída a maceração, aplicas-se em compressa quatro ou cinco quadradinhos
superpostos, mantidos com uma atadura, e que devem agir por toda uma noite.
Não se deve, de forma alguma, calçar sapatos com este remédio, pois o ALHO
PORRÓ só realiza sua tarefa quando o pé, durante o sono, está em repouso
relaxado.
Derrame por cima um quarto de litro de água, quando estiver morno, passe
para um recipiente de louça contendo 200 grs de açúcar mascavo. Coloque o
recipiente em banho-maria durante cerca de meia hora. Tornou-se um
xarope....Toma-lo-á quatro vezes ao dia, da seguinte forma: em 4 xícaras de chá de
favas de genebra coloque um colherzinha da mistura ao invés de açúcar. Só isto. É
gostoso e eficaz.
Nas crises de reumatismo agudo, assim como nas angústias mórbidas, e nas
ansiedades da insônia é eficaz tomar uma decocção feita com 25 gramas da planta
(das folhas) na proporção de meio litro d´água ao qual se acrescentou 3 colheres
de sopa de vinagre de cidra, ou vinho branco.
“Há vinhos que são feitos para o prazer e a saúde, outros que devemos
suportar para recuperá-la. A vida é assim mesmo...”
Deixe repousar durante 6 horas mais ou menos, depois filtre a mistura com a
mesma quantidade de calda feita com açúcar-de-cana. Se o paciente tiver o coração
fraco, deve tomar 4 colheres de sopa ao dia, o mais longe possível das refeições.
Isto é tudo!
A panela onde será feito o Mexicano deverá ser bem grande, e se pretender
faze-lô em um acampamento seria melhor assentá-la sobre dois tijolos, pois assim
estarão mais à vontade para mexê-lo com uma colher de pau ou vara grande.
Em seguida, juntem as batatas, o sal e meia hora estarão prontos esta obra-
prima. Assim que o retirar do fogo, retirem os aspargos silvestres contidos no saco,
as cebolas espetadas com cravos-da-índia e o aipo. Retirem também o saco de
pano onde estão os dois frangos e enquanto o caldo repousa, ocupem-se com eles;
coloquem-nos num prato e tirem-lhes os ossos que se soltam da carne com
facilidade. Assim que esta operação estiver terminada, corte em pedaços a carne
dos frangos e coloquem-na num recipiente. Tampem novamente o caldo e
coloquem-no sobre um fogo de brasas para que a carne dos frangos se desmanche
até que possam enrolar com “rillettes à la mitonnée” (expressão idiomática que
quer dizer punhos macios de lã ou pele animal).
O Mexicano é comido de pé, garfo e faca na mão, sem o uso do prato. Mais
uma vez as crianças são bem-vindas: Correm entre as pernas dos adultos,
surrupiam pedaços de legumes, rolam pela relva, gritam de alegria, finalmente
dispersam-se pelos prados e voltam assim que escutam os primeiros acordes da
guitarra para atirarem pedaços de lenha seca na fogueira fumegante. Pois o
importante na fogueira não é a lenha e sim a chama.
E, depois, o sol declina e eis Vênus e sua corte. O disco opalino da Lua abre
passagem por entre as copas das árvores, as guitarras ou violinos gemem, as
moças dançam, os homens batem palmas, as velhas ficam em silêncio, os anciãos
fumam os olhos presos na fogueira, os cães, acomodados embaixo das carroças, o
focinho entre as patas, aguardam as novas viagens, e todos cantam canções
ritualísticas que aprenderam com os mais velhos. Homens, mulheres, crianças,
toda a tribo, esbanjam alegria...
Rolos de fumaça viva igual às cabeleiras das mulheres elevam-se do fogo; ele,
o fogo, também está festejando o Mexicano.
Para que dê certo, será necessária uma gamela de um litro, pois isto dará
equilíbrio à mistura. Assim que tiver terminado a colheita, corte os frutinhos em
duas partes e retire as sementes. Lave-os e, para quatro litros de frutos,
acrescente um litro de água de chuva, numa panela de barro ou esmaltada, jamais
num recipiente de metal.
É preciso que o fogo esteja bem baixinho, não pode estar forte. Assim que as
bagas se partirem sob a colher de pau, reduza-as a um purê que colocará num saco
de lã. Deixo-o suspenso até o dia seguinte a fim de que goteje – pois a noite faz a
sua tarefa.
Para cada dois litros de suco conseguido, deverá acrescentar um quilo e meio
de açúcar, meio litro de compota de maçã e o suco de 5 limões. Deixe cozinhar
lentamente, em quantidade pequena. O doce estará cozido assim que uma gota
posta sobre um prato endurecer. A geléia estará então pronta para ser colocada
em panelas de barro, nunca em vidros, ou então será necessário enrolá-los em
papel de jornal, pois os raios do sol anulam os princípios ativos do doce.
A natureza é assim diz a Sabedoria Cigana. É o sol que dá essa coloração tão
bonita aos frutos da roseira silvestre e é o próprio sol quem destrói aquilo que fez.
Fritada Florida
Assisti algumas tribos na Europa fazerem uma exótica fritada para comerem
pela manhã com café bem quente: colhiam lindas e exuberantes flores de abóbora,
lavavam e colocava-nas de molho em água e vinagre por uma hora. Enquanto isto
batia ovos, primeiro as claras em ponto de neve, depois juntavam as gemas, um
pouco de sal e uma pitada de Rizza, bastante salsa picadinha e pronto!
Em frigideira com óleo bem quente colocam os ovos batidos, mais as flores de
abóbora (antes enxutas com um pano). Aí estão uma bonita e deliciosa fritada
zíngara.
Lírios Brancos
Enquanto isto se desfia bem fininho peitos de galinha cozida em água e sal,
passas brancas são aferventadas em água e açúcar, até que amoleçam, coem as
passas do caldo que se formou.
Em uma panela com azeite de oliva já bem quente dora-se 2 dentes de alho
socados, acrescenta-se o caldo das passas, uma pitada de Rizza, a carne de peito
de frango desfiada, mexa por um segundo, desligue o fogo e deixe esfriar.
Samarli
Prato da culinária cigana apreciado por todos deste povo, mas este prato tem
sua origem na Tradição dos Países Árabes e entre os Gregos.
Aproveitamento de Cascas
É norma no mundo cigano, de que nada que tenha algum valor, seja
medicinal, nutritivo, aromático ou utilitário, deva ser desperdiçado, portanto eles
também aproveitam certas cascas para determinados fins. Cito exemplos abaixo:
Cascas de Bananas
Estas são delicadamente lavadas quando ainda envolver seus frutos, depois
de separadas dos mesmos não é postas fora, são picadas em pedacinhos miúdos e
postas a dourar junto à cebola no preparo de pratos de carne (seja qual for), peixes
ou aves.
Kraknie
Sirva a Kraknie com arroz branco polvilhado com coco ralado (outra
característica indiana).
Bom Apetite!!!
Tal e qual o seu caminhar por séculos mundo a fora, a culinária cigana é
também extensa, variada e exótica por vezes. De canto em canto do mundo onde
estiverem os ciganos assimilaram o costume local, adaptando-o para o seu gosto,
principalmente ao agrado de seu paladar.
Assim, além de carnes variadas, ovos, mel, farinhas, cereais, leite e seus
derivados e etc. Encontramos de tudo um pouco em suas receitas culinárias.
Acrescentar água e cozinhar até começar a soltar partes de carne dos ossos.
O Peixe – Tão apreciado por várias tribos ciganas, na Grécia sempre surge
servido assado após ter passado umas 2 horas na marinada padrão cigana,
acompanhado de lentilhas refogadas em alhos e cebolas dourados em óleo de oliva
e depois postas para cozinhar em água e sal a gosto.
Ingredientes:
Os ciganos acreditam que ele traga sorte, portanto este doce está sempre
presente nas festividades ciganas.
Modo de Fazer:
Em uma tigela coloque 3 xícaras bem cheias de farinha de trigo, uma xícara
bem cheia de açúcar, uma colher de chá de sal, misture bem e vá aos poucos
colocando leite ou simplesmente água, sempre mexendo, até que a massa adquira
a consistência de massa de bolo.
Em óleo bem quente frite colheradas (colher grande, de sopa) desta massa
que se transformará em bolinhos a serem comidos ainda quentes polvilhados de
açúcar mascavo.
Guibanitza (Pão de Queijo) – Misture 1 quilo de farinha de trigo, 1 ovo, ½
tablete de margarina derretida e a sal a gosto. Despeje leite devagar até que fique
na consistência de massa de pão. Dividida então a massa em 2 partes. Estenda
uma toalha em cima da mesa e enrole a massa (primeiro uma parte, depois a
outra) junto com o pano da toalha e deixe-a descansar por 20 minutos.
Após este tempo desenrole-a e estique a massa com as mãos até ficar fina
mas sem arrebentar, e acrescente o recheio enrolando-a novamente.
Ingredientes:
2colheres de sopa de fermento
¼ de xícara de água morna
2 xícaras de leite quentes
2 colheres de sopa de açúcar bem cheias
2 colheres de sopa de manteiga ou margarina
2 ½ colheres de chá de sal
Ingredientes:
250 gramas de farinha de trigo
25 gramas de fermento frescos
1 ovo
250 ml de leite
Sal e Açúcar a gosto
150 gramas de passas, é opcional.
Nota: Este doce é servido com chá, café, em algumas regiões de Europa
com vinho tinto ou branco seco.
Manrô (pão) de Aveia: Muito apreciado em meio aos ciganos que estão na
Europa Oriental e Sudeste Europeu.
Ingredientes:
3 xícaras de aveia –
4 xícaras de água fervendo
8 xícaras de farinha de trigo (ou menos)
2 colheres de sopa de sal (se preferir 1 e ½ ou só 1)
½ xícara de melado ou açúcar mascavo (na Europa a preferência recai sobre o
açúcar mascavo)
2colheres de sopa de fermento Fleishmann, seco.
4 colheres de sopa de óleo.
Amantes das Frutas : Como as que vemos enfeitar está página, e outras
tantas em geral, têm por costume os ciganos o hábito de as comerem junto à
comidas de sal, como simples acompanhamento de prato em si, ou em saladas,
com é o caso do abacate que eles apreciam ao vinagrete e salpicados de salsas
picadinhas. Assim sendo:
Nos países tropicais comem junto aos seus pratos de sal, principalmente as
carnes e feijão, bananas, laranjas, tangerinas, mangas e cajus;
Na Europa fazem uso para este fim de pêssegos, figos, maçãs assadas ou
cozidas, pêras cozidas, castanhas cozidas, morangos, tâmaras, nozes, damascos,
ameixas, melão, avelãs e amêndoas trituradas e etc.
Os ciganos têm por tradição serem amantes das hortaliças em geral, pois
sabem como ninguém suas propriedades medicinais; vejamos duas receitas
romanês:
1) Hortaliças á Zíngara
Ingredientes:
1colher de café d óleo de gergelim
1 pitada de canela em pó
½ colher de café de cury
1 pitada de cominho
1 pitada de pimenta-do-reino
1 pitada de coentro moído
½ xícara de nabos cortados
1 xícara de cenouras raladas
Berinjelas á Zíngara
Ingredientes:
1 berinjela grandes
2 colheres de sopa de manteiga
1 cebola grande picadas
2 centímetros de gengibre picado bem fininho
2 tomates grandes picados
1 colher de chá de cominho moído
1 colher de chá de sal
1 pitada de pimenta-do-reino
Nota: Os ciganos comem esta nutritiva pasta com pão árabe ou manrô.
Com o aumento das tribos começaram a surgir ciganos com o mesmo nome,
foi então adotado mais um nome para facilitar a identificação de cada um, um
nome de família, muitos deles copilados da nobreza européia, ou regionais, quase
sempre de alguma família gadjé que tinha uma certa importância social. Antes da
necessidade deste sobrenome os ciganos só possuíam os seus 3 primeiros nomes
outorgados pelo batismo, quer seja o “materno” o “tribal” ou o “cristão”.
Nota: Os ciganos dizem que Deus quando criou a TERRA e tudo o que nela
há colocou nomes, menos em seus filhos, os homens, e assim o fez para que eles
copiassem para si os próprios nomes naturais já criados por Deus.
ADALBERTO – Origem Teutônica, muito comum entre a tribo Oursuri, este nome
significa “ URSO”
ALÉIA – Origem Teutônica, significa ala de árvores, nome encontrado em meio aos
ciganos MANOUCHES.
ANECI – Origem Francesa, significa cheia de graça, nome encontrado em meio aos
ciganos MANOUCHE
BERILO - Origem Grega, jóia verde do mar nome usado tanto para o feminino,
quanto para o masculino.
BOGUMIL – Origem Eslava, O que ama (mil) a Deus (Bogu), amado de Deus.
DEVAKI – Origem Indiana, nome muito antigo em meio aso ciganos em geral,
salvo os do grupo CALON
ÉRIK – Forma Germânica de Érico, significa “poderoso como uma águia”, variante
deste nome: ERICHSEN, Erich, forma escandinava de Érico e Sen=filho de
FÁTIMA – Origem Árabe, significa “mulher perfeita”. Nome muito usado pelos
ciganos do grupo CALON
FEDRA – Origem Latina, significa “brilhante”
GEISEL – Origem Teutônica, significa quem “lida com cabras ou com gatos”
GILCA OU GILKA – Origem Suíça, nome muito encontrado em meio aos ciganos
do grupo SINTI. Este nome é o mesmo que EGÍDIO de origem Grega/Latina, e
significa “o protegido com pele de cabra”, seu feminino EGÍDIA
MIO – Origem Latina, significa “meu”, ou pode ser um derivado do nome MIRO
SÔNIA – Origem Russa, significa sabedoria e ciência, Sonja é outra variação Russa
para Sônia
VLADISLAU – Origem Eslava, significa aquele que governa com glória, o mesmo
que LADISLAU
ZADA E ZADO – Origem Árabe, significa aquele ou aquela que tem sorte
ZARCO – Origem Portuguesa, significa “o que tem olhos azuis”. Nome encontrado
em meio aos ciganos do grupo CALON
Figuras Masculinas:
Ativem sua ação tomando um chá feito com cem gramas de brotos de
BÉTULAS para um litro de água que ingerirá durante o suador.
Finalmente, quem “sofria” de reumatismo já se encontra pronto para dar uma
corrida pela montanha”
YAKOV DIMITRE, KAKU RUSSO E MESTRE DO FOGO – Ele possuía
imenso poder de clarividência, que muito auxiliou seus compatriotas durante a
Segunda Guerra Mundial. Diziam os ciganos desta região, que YAKOV possuía um
PACTO com o INVERNO, através dele estranhamente o FOGO se compactuava
com o GELO, coisa impossível de ocorrer para muitos, mas nada em MAGIA é
impossível..
KNOS – Era conhecido como um feiticeiro cigano dos BALCÃS, por ser o
nono filho de uma mesma mulher que havia dado a luz até o seu nascimento a tão
somente filhos homens, KNOS já veio ao mundo predestinado pela Magia, segundo
a TRADIÇÃO CIGANA e a muita outras pertencentes a povos antigos.
Contam os ciganos desta região, até os dias de hoje, que KNOS tinha por
costume afastar-se dos demais por uns tempos indo viver solitariamente nas
florestas, onde dizem, aprendia e trabalha com as KECHALIS (ou fadas da
floresta), espíritos femininos que possuem o DOM de determinarem o destino dos
homens
Por ter sido um excelente preconizador, dizem os contos regionais, que KNOS
o cigano, manteve por toda vida uma caso amoroso com ANA, a rainha das
KECHALIS
REY LAWRING – Uns dizem que este KAKU viveu na Inglaterra, outros na
Alemanha Central, magnetizador por excelência ficou conhecido por suas curas, e
por trazer sempre consigo um exótico e longo cachimbo, que possuía a forma de
uma serpente
JURIM – KAKU SINTI, que por ter nascido com 6 dedos em cada mão era
considerado em meio aos seus como um enviado dos NIVACHIS, espíritos
aquáticos que também possuem este número de dedos. Em sua magia de cura e
seu dom de preconização, usava como veículo a própria água.
Esta “trilogia” é muito rara de vir acontecer em uma mesma tribo, quanto
mais em uma mesma família cigana!!!
BERTH pertencia ao grupo ROM, era bela, pequena, cabelos escuros e olhos
verdes, pele mate, naturalidade Alemã, mas trazia ainda em si fortes traços fortes
traços de uma origem indiano, salvo pela cor de seus olhos. Possuía uma exótica
particularidade, suava sempre a cintura a guiza de cinto, um CHICOTE de cabo de
prata, que na verdade estava ocultamente a simbolizar uma SERPENTE ( no
hieróglifo cigano chicote=serpente), o que denotava ser “ela uma feiticeira,
seguidora de antiga estirpe mágica. Gostava de trajes de cor azul e verde, com
saias e sobressaias em vários matizes destas cores, e assim foi retratada cingida
pelo chicote em bonito quadro a óleo exposto nesta cidade de HOMBURG DER
HOHE. BERTH BACKT a brandir o “seu chicote” no piso de pedra das inúmeras e
estreitas galerias da TORRE HEXENHURM.
Encantado pelos os seus “dons”, com os olhos fixos em seus gestos sinuosos,
todos os presentes a admiravam, mal conseguindo respirar.
Nunca se soube ao certo em que ano nasceu, somente que morreu em 1898
em Páris, França. Diziam os ciganos SINTIS, que ela deveria esta nesta ocasião
Muito estranha foi a sua morte, nunca adoeceu, certa noite de plenilunho, em
doce maio de 1898, SANDRA vestiu sua saia de rendas verde esmeralda, sua cor
preferida, afastou-se do acampamento, caminhou para o campo cheiroso de
primavera, deitou-se fitando a Lua e as estrelas, e no dia seguinte seu corpo foi
encontrado já sem vida, mas com um doce sorriso nos lábios. Assim contam os
SINTIS.
À SANDRA, A SINTIS
Praticamente até o início do século, o Romanê era uma língua ágrafa, mas
com a chegada deste novo século (XX) vários ciganos começaram a se alfabetizar,
alguns por vontade própria, a maioria como uma exigência das leis dos países onde
tinham se estabelecidos. Aprendiam a ler e a escrever na língua vigente do país
onde se encontravam, então, como conseqüência de já possuírem o conhecimento
da leitura e da escrita, e pressionados pelo modernismo galopante deste século,
começaram a sentir a necessidade de criarem uma escrita própria para a língua do
seu povo, o idioma ROMANÊ.
E, assim o fizeram só que escreviam pelo SOM e não por uma gramática em
si, onde a importância dos radicais, das declinações, das conjunções, dos sufixos e
prefixos e etc, baseiam uma “escrita”
Por tudo isto o ROMANÊ é escrito de diversas formas e não tem caracteres
próprios, exemplo:
Durante as Grandes Guerras estes símbolos sempre foram de muita valia para
a sobrevivência dos nômades em geral, incluindo os ROMS.
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A ÁGUIA – é LIVRE, ALTIVA, CORAJOSA, e no cativeiro refratário à
domesticação.
Simboliza a LIBERDADE, o ORGULHO, a CORAGEM, a FORÇA e a
VIOLÊNCIA
HIERÓGLIFO: o pássaro a bater,portanto é um ALVO.
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O GATO - Representa a “DISPONIBILIDADE PERMANECE”, a PACIÊNCIA, a
INDIVIDUALIDADE e a MEDITAÇÃO. É TRAIÇOEIRO e ao mesmo tempo
LEAL, por isto também representa a AMBIVALÊNCIA.
HIERÓGLIFO: Um olho
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O RATO – É admirado por sua INTELIGÊNCIA E ORGANIZAÇÃO da sua
horda.
HIERÓGLIFO: É um CARACOL
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O VAGA-LUME – Que a luz do dia é uma criatura insignificante transforma-
se à noite numa pequena e brilhante estrela que se move.
SIMBOLIZA O GUIA
HIERÓGLIFO: Uma lanterna ou um candeeiro.
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O MOCHO OU CORUJA – Enxerga somente a noite, simbolizando então,
perfeitamente, a VIDÊNCIA-SENSORIAL.
SÃO DOIS SEUS HIERÓGLIFOS: A meia lua deitada com dois olhos, ou a
estrela de cinco pontas com dois olhos.
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O SAPO – Representa a LUZ, o OLHAR DA ALMA, a FEMINILIDADE e a
FECUNDIDADE, porque a forma de seu corpo evoca a de um útero revirado.
HIERÓGLIFO: Uma meia lua deitada com um olho aberto no seu cimo.
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A POMBA – Este animal para muitos é o emblema da paz, o símbolo do
Espírito Santo, mas para os ciganos que como ninguém sabe observar o
“verdadeiro” comportamento animal, a POMBA é a própria encarnação da
crueldade, é o único pássaro que mata simplesmente por prazer de matar. Ela
não tem nobreza como o Lobo, é um animal ESTÚPIDO, OBEDIENTE EM
DEMASIA.
HIERÓGLIFO: É o MACHADO, pois ele é o símbolo da destruição insensata.
É a arma do verdugo e a do lenhador que destrói as florestas.
SIGNIFICA ESTRADA
SIGNIFICA INFORMAÇÃO
IGREJA OU PROTEÇÃO
PRAÇA OU ÁDRIO
CLAREIRA NA FLORESTA
UMA PONTE
SIGNIFICA FLORESTA
UM RIO
O MAR
MONTANHA OU MONTE
OBSTÁCULO
ESCONDERIJO SEGURO
AMOR, PAIXÃO
É importante que tomem conhecimento pelo menos destes, para que possam
vir a entender a genialidade da “ESCRITA HIERÓGLIFICA”, sua praticidade e
objetividade.
Pedido de casamento
Perigo na Floresta
CIGANOLOGIA
O outro tipo de sinal cigano são os símbolos hieróglifos dois quais começaram
a falar na apostila anterior. Nesta faremos de outros, que simbolizavam cidades,
situações...
Quanto aos símbolos que representavam cidades, dou como exemplos alguns
Neste caso o PAI não é invejado, nem temido, é um “igual”. O filho não é
apenas a “imagem” e “semelhança” do pai: “O FILHO É DO PAI”.
Imaginário? Simbólico? A “realidade física” e a “realidade espiritual” se encontram,
há uma sinceridade.
Mas quanto a lista das práticas que envolvem o nascimento seria longa e
diversificada quanto os precedentes, e constituiria mais um “inventário de
costumes” de que “ritos” propriamente ditos.
Mas é antes que este “batismo ritualístico tribal” ocorra que as ciganas
fazem seus “ritos de Tradição”:
DANILO, NICOLAS, MIRKO, situam as origens tais como OLGA, IDA YOCHKA,
Este RITO ocorre uma vez ao ano, no dia consagrado ao santo escolhido.
Além da família também são convidados os amigos muito considerados,
poderão ser gadjés ou não. Todos se reúnem à mesa na qual serão servidos pães,
frutas diversas, e outras iguarias.
Ela deve ficar cada vez mais bonita, gorda, viçosa, alegre, movimentada,
feliz = XUKHAR em romanê, dado que os ciganos tem como certo que a gestante
partilha o seu corpo e sua alma para completar o corpo e alma da futura
CHINORRI.
Uma cigana sempre terá que ser virgem para se casar, isto é...TABU nas
tradições Ciganas. E, isto é passado às meninas desde cedo, mas mesmo assim
elas serão “vigiadas” pelas outras mulheres de sua família até se casarem.
Este lençol é exposto para que todo o CLÃ do jovem casal o veja, e aí eles
aplaudem, comemoram com alegria, música, dança o cumprimento do
RONTAMENTO.
NOIVADO
EX.: Caso for menina casará com meu filho, diz um pai cigano ao outro pai
da criança que ainda está por nascer. Eles selam o compromisso se
comprometendo para isto a sua palavra e a sua honra, e este passam a existir e
deverá ser cumprido
Mas se na juventude não se manifeste o interesse pela escolha feita por seus
pais, este jovem cigano ou cigana, terá seus sentimentos respeitados. Mas este
caso é raro de ambas as partes, porque, para os ciganos o matrimônio, além de ser
um ato de consagração divina para a formação de uma família, é um dos mais
importantes laços para a perpetuação do POVO CIGANO, e os jovens ciganos têm
consciência, muitas vezes através de sua vida, por seus pais, parentes, etc...
É um belo Ritual o de noivado quando celebrado com o uso dos punhais, pena
que nos dias de hoje ele esteja tão esquecido pelos atuais representantes do Povo
Cigano.
PUNHAIS UNIDOS retratam o zelo que o casal deverá ter para superar as
dificuldades do relacionamento, e sempre tentarem manter-se unidos como os
PUNHAIS.
A) CHÁ CIGANO
- Chá preto
- Vinho tinto suave - Purificado com alecrim
- Torradas, biscoito salgado
- Doces caramelados
- Bolo de frutas (tipo panetone, bolo inglês)
- Água de rosas (água mineral + pétalas de rosas ou pétalas de flor de laranjeira)
- Açúcar mascavo
- Pão salgado
- Água
- Vela pequena
- Sal grosso
- Pão redondo salgado
Arrume em uma toalha bem bonita, de forma harmônica a água, a vela, o sal
grosso e o pão e faça uma oração agradecendo as ancestrais ciganas.
2º. Passo - Lave as mãos em um grande tacho de cobre com a água de rosas
mencionada acima.
3º. Passo - Beba o vinho preparado com as ervas secas tais como: alecrim,
hortelã, manjericão. Antes de trabalhar coloque 30 minutos no sol, com o vinho
destampado (para solarizar).
Para os ciganos a morte é tão somente uma passagem, e esta deve ser
recebida com alegria, pois a ordem natural das coisas, tudo que nascem em mundo
físico um dia morre, deve partir para outro mundo de mais luz. Crêem os ciganos
que todos os de sua etnia vão para o mesmo lugar, portanto todos mais cedo ou
mais tarde acabam por se reencontrarem. Na verdade crêem que há um “céu
cigano”.
Nota: Todo o cigano tem a certeza de que a morte não é um término e sim
um recomeço, mas como é longa esta nova viagem, cheia de etapas, é necessário
que haja um rito que ajude a quem partiu seus irmãos ainda em plano físico se
preocupam com o bem estar de quem já se foi, e é precisamente aí que surge a
POMANA.
Sua alma é simbolizada por uma borboleta que sai por sua boca como um
último suspiro, este se chama DUHO (respiro), e crê ele por sua Tradição, que
esta alma na parte imediatamente para o céu, e sim permanece ainda na Terra por
mais quarenta dias, revisitando os lugares por onde passou, lembrando-se de tudo
que lhe fizeram de bem ou de mal, e neste período vingam-se de seus inimigos.
Para evitarem que esta “vingança” ocorra que esta ira tome conta desta
alma, o que atrasaria sua evolução na caminhada pra o céu, todos os ciganos do
grupo do pretenso moribundo se revezam a velar junto ao seu leito de morte, e
nesse período, todos falam muito bem dele, procurando demonstrar-lhe afeto e
gratidão.
Com estas duas atitudes eles tentam acalmar a ira pós-morte do moribundo, e
a que por ventura possa estar a existir no coração dos que já se foram, ambos
devem sentir-se confortavelmente muito queridos.
Mas há outro lugar para onde pode ir esta alma cigana. O CATRANO, que
nada mais é que o INFERNO dos ciganos. Lugar terrível situado no âmago da
terra, lugar de danações e sofrimento, para onde vão as almas dos condenados
julgados por ARANGELOUDAN, que é uma divindade que representa a justiça
divina.
A TRADIÇÃO CIGANA nos ensina que após a morte física a alma entra em
peregrinação. O DUHO inicia sua “viagem” dentro de um ambiente de início
repleto de terror e angústia. A alma deve atravessar sete montanhas, mas para
isto deve combater com uma serpente que interdita o seu acesso.
Depois de passar pelas sete montanhas, ela deve atravessar doze desertos
onde sopra um vento glacial, e é para “aquecer” a alma do falecido durante este
período, que existe o costume dos amigos e parentes acenderem durante 7 dias e
noites o FOGO DOS MORTOS, e de “alimentarem” o falecido oferecendo-lhe os
restos de suas refeições, tudo isto a fim de que a pobre alma se aqueça e se
alimente, e não se torne fraca.
Com uma fita vermelha, esta será a identificação do morto para com o seu espírito
protetor.
Com este RITO o cigano demonstra que se preocupa com a proteção de seu
ente querido até depois de sua morte.
Por tudo isto é que é de costume cigano, após o enterro, durante 3 dias
colocarem sobre uma mesa o sal, o pão e água, a disposição da alma do falecido, e
junto aos mesmos sempre haverá uma vela ou um candeeiro eternamente aceso,
este, então, durante os 40 dias
A POMANA jamais poderá ser vista tão somente como um jantar muito farto,
pois os ciganos acreditam que ao se reunirem para comer e brindarem o morto,
dão à ele uma prova de eterna amizade e solidariedade.
ROMANCE SONÂMBULO
CIGANOLOGIA
Pode-se encontrar uma terra sem rei, sem governante, sem poder, sem
riquezas, sem nome, mas nunca houve uma sem seu Deus e deidades ou santos; o
homem não vive se não tiver algo sobre natural a que venerar obedecer e servir,
faz parte de nossa natureza.
Até há bem pouco tempo nunca se tinha ouvido falar de algum "ODOR DE
SANTIDADE" em meio aos grupos ciganos. Segundo a Tradição deste povo eles
veneram a todos os seus antepassados como se "santos" o fossem, e
determinados KAKUS que marcaram suas passagens por esta vida de alguma fora,
Mais eis que de repente surgiu uma novidade em meio aos ciganos, e justo
em nosso país, O BRASIL. Esta novidade é o culto à VOVÓ IVANA que ocorre na
cidade de SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, a quem são atribuídos milagres, não só
ciganos que procuram suas bênçãos, e sim, também, inúmeros gadjés, muitos
vindos de outras cidades, algumas longínquas, para pedirem ou agradecerem
graças que receberam de VOVÓ IVANA, a cigana.
IVANA não possuía qualquer vaidade física, como se soubesse que esta vida
é uma mera passagem, e que nossos apegos materiais são infundados.
Velas das mais variadas cores, metros de fitas coloridas, jóias, bijuterias,
maços de cigarros, roupas ciganas, Diklos (lenços), alianças, moedas, baralhos
completos, tarôs, chumaço de fitas coloridas entremeadas de medalhas douradas,
pandeiros, cruzes, terços, medalhas de Nossa Senhora da Aparecida e etc.
É claro que IGREJA CATÓLICA não reconhece como uma "beata em odor
da santidade", muito menos como "santa", mas também nada diz para impedir
que devotos procurem a ajuda da VOVÓ IVANA, nem que mandem rezar
assiduamente missas em sufrágio de usa alma, apenas se omite em reconhecer os
milagres.
NOVENA: Acender uma vela branca junto a um copo d'água, rezar pela alma
da VOVÓ IVANA, fazer seus pedidos pessoais ou de sua família, e recitar
contritamente 9 (nove) PAI NOSSOS, 9 (nove) AVE MARIAS; quando chegar
ao término das orações deve-se beber a água do copo e deixar que a vela branca
queime até o seu final.
Nota: Toda novena, é claro, ocorre por 9 (nove) dias, mas em caso de
necessidade, devido ao peso dificultoso do pedido, esta pode ser estendida para um
MAIO é um mês de esperança; portanto não haveria mês melhor para ser
dedicado á GRANDE MÃE, a MÃE TERRA, a MÃE NATUREZA, e isto acontece
em várias antigas tradições, em meio aos povos a elas ligados, e os ciganos não
escapam a esta regra, festejam em MAIO a sua PHURI-DAI, a sua MÃE DE
Nem bem MAIO se inicia, começa também os ritos que preparam a chegada
da noite onde SARA KALI será homenageada por todos os ciganos, seja eles de
que tribo for, cada um a sua maneira, pois os costumes tribais prevalecem. Passo
a relatar o rito típico de tribos SINTIS que está na Alemanha, Áustria, e de Roms
do leste Europeu, pois muito se assemelham. Um rito não possui uma regra geral
em meio aos ciganos, dentre eles tudo é mutável.
Para termos total compreensão de que lança mão os ciganos para conformar
este seu íntimo rito de sua SARA KALI, passo a passo, vamos saber os valores
simbólicos, e os poderes inerentes de tudo que é usado durante todo o ritual. Não
Porque ele encontra-se em meio à cripta de SARA KALI gravado ali ninguém
sabe por quem há muito mais de 2.000 anos; comprova ser a imagem negra de
mulher encontrada no interior desta cripta francesa, uma imagem de divindade
TAURABÓLICA, portanto TELÚRICA.
O SAL simboliza o próprio FOGO LIBERTO DAS ÁGUAS. Ofertar SAL tem
o valor de uma comunhão, de um laço fraterno. Ele é purificador e protetor, é a
própria incorruptibilidade. O SAL ofertado em ritual é considerado como "SAL DA
ALIANÇA", é um pacto.
RAÍZES
Para os ciganos esta oferenda e raízes significa uma comunhão com SARA
KALI, através delas tentam comunicar-se com os níveis subterrâneos, enfim como
o âmago da GRANDE MÃE.
MOEDAS
As moedas simbolizam para algumas Tradições a alma, pois ela traz impressa
a marca de Deus, como a moeda traz a do soberano.
AREIA
CÍRCULO DE AREIA
Este círculo de areia trará repouso para TOURO E SUA ESTRELA, como
também para a própria SARA KALI em seu interior, e ainda mais, segurança e
regeneração.
Não poderia ser feito de outra coisa este círculo, pois ele está a abrigar uma
força maternal e telúrica, e assim, DE AREIA, ele na verdade se torna não tão
somente um CÍRCULO MÁGICO, mas sim um verdadeiro útero, matriz da vida.
ENXÔFRE
VELA
PRATA – Este nobre metal tem relação com a LUA e a ÁGUA, pertencem ao
princípio feminino. Simboliza sabedoria divina, pureza e proteção. Para os ciganos
a PRATA é tudo isto, e ainda as águas límpidas dos lagos, os cristais transparentes,
o brilho do diamante, enfim, O ESPELHO DA MÃE TERRA, PRATA-ESPELHO,
ESPELHO-PRATA, que ela, TERRA, divide com a MÃE LUA.
Para os ciganos o COBRE contem todas as belezas da terra, e tudo o que for
com este metal possui um som mágico.
CRISTAL – Ele é considerado tanto pelos ciganos como por todas as outras
Antigas Tradições como o embrião da TERRA, é o intermediário entre o visível e o
invisível, e esta é sua função no lado LESTE DO HIERÓGLIFO DE TOURO.
O RITO EM SI
O RITO
A) Todos os dias, desde o 1 dia de MAIO até o dia 25 deste mesmo mês,são
colocados no interior do círculo uma semente de GIRASSOL, cada semente
equivale a um pedido à SARA KALI, no final do ritual haverão 25 semente
dentro do círculo, elas são recolhidas e transformadas em amuletos da
PHURI DAÍ SARA, as demais sementes serão plantadas onde se desejar,
pois a intenção é retornar á terra as suas sementes de vida.
B) No dia 5 de MAIO fazem a sua primeira oferenda a SARA KALI, colocando
no interior do círculo o frasco de azeite de oliva.
Nota Elucidativa: O RITO pode vir a ser feito tão somente por uma ou
mais pessoas, isto não interfere em nada na a elaboração, continua sendo a
mesma. Se houver mais de uma pessoa a participarem do RITO, irão uma a uma,
se por a si frente ao altar TAURABÓLICO DE SARA KALI, onde oficiarão o seu
“RITO PARTICULAR”.
Enquanto assim o fazem, solicitam boa saúde, ou que esta seja regenerada, e
pedem uma benção especial de SARA.
Por fim colocam a mão direita pairando por sobre o prato de raízes e moedas,
e dizem com a voz da alma que aí está o veículo de sua comunhão com SARA.
Enfim, com tudo isto quer dizer que a MAGIA ORIENTAL persiste em
acompanhar os CIGANOS em sua longa viagem mundo a fora.
Comecemos, então, o nosso mergulho em uma pequena parte das mil facetas
da "Personalidade Cigana":
O MUNDO para o cigano só tem um dono, Deus, que doou sua propriedade
para DOMÍNIO PÚBLICO, em que tudo o que há na terra deveria ser repartido
em igualdade em meio a todos os HOMENS. O mundo mineral, o vegetal e o
animal, pertenceriam a todos aqueles que deles tivessem necessidade para
sobreviverem.
Como este indivíduo soube fazer nesta sua atual existência um bom uso da
oportunidade que recebeu de Deus, dedicando toda a sua vida a trabalhar em prol
de uma fórmula que viria a beneficiar toda a humanidade, quando na verdade
poderia ter escolhido outro caminho para dedicar todo este seu trabalho dentro do
mesmo ramo, a Física, mas sim em benefício próprio, por vaidade, por ganância,
por maldade e etc., mas assim não o fez. Então, por pior que tenha sido o seu
KARMA "criado" por más vibrações altruístas de tônica sutil, repercutem em
ressonâncias harmoniosas principalmente no plano MENTAL, são mais fortes e
anulam pouco a pouco as suas penas a resgatar.
O futuro está para os ciganos na mesma linha que o passado, ambos não
podem ser modificados, foram apenas "doados" ao seu Povo, já possuindo de
antemão um início, um meio e um fim, previamente traçados pela mão de DEUS, o
"DESTINO". Nem mesmo lutam contra a hostilidade que outros povos têm para
com eles, as aceitam como um estigma a ser vivenciado pelos ciganos em geral, e
vivem inventando lendas que atestem o "por que" deste seu tão difícil DESTINO,
é mais fácil do que tentar modificá-lo, mesmo porque dentro do modo de SER
CIGANO eles nos diriam:
Dentro deste seu peculiar modo de ser frente sua TRADIÇÃO, o cigano só
identifica-se sobremaneira com a sua Tribo, ma presa por demais sua liberdade
individual, que é, no entanto uma estranha liberdade:
Cada cigano faz o que quer, quando quer, onde quiser desde que não
infrinja as normas de sua TRADIÇÃO, quer dizer, na verdade, é uma
liberdade mais utópica que real, pois ela é limitada.
Como vemos é o cigano altamente passional, vive suas emoções com muita
intensidade, passam do ódio ao amor, da ira a passividade, com a maior facilidade.
Um cigano pode estar a brigar com outro e um minuto depois estarão os dois
Uma cigana que pragueja contra outra, pode um instante depois estar a
dançar alegremente com a mesma companheira destinaria de seus insultos.
É de costume cigano praguejar a esmo, chorar com facilidade, rir a solta, ter
uma autocomiseração exagerada, preocupar-se por demais com a opinião dos
outros, principalmente de seus irmãos de raça e, sobretudo de seus parentes.
Gostar de ostentação é uma característica cigana. Apreciam cores fortes, dourados,
brocados, jóias espalhafatosas, etc
Quando estão eufóricos, felizes, fazem de viva voz, em alto e bom tom, vários
vaticínios sobre sua própria pessoa, como por exemplo:
"O cigano gosta de ter muitos filhos, vive apaixonadamente a sua vida, mas
permanece calmo ante a morte como diante do perigo eminente. Ele é fatalista
sim, deixa-se conduzir pela ordem natural das coisas, não se revolta nunca contra o
seu DESTINO"
Os ciganos de início tiveram duas reações com relação a esse novo mundo
nobiliárquicas que estavam passando a conhecer: assustaram-se por um lado e por
outro maravilharam-se!
Tudo era diverso dos seus costumes, em meio ao sistema social europeu, e
A verdade não era bem essa, ao contrário, eram os ciganos quem acolhiam
em seu meio as crianças abandonadas, rejeitadas, era o orfanato de uma EUROPA
(e mais tarde das AMÉRICAS) preconceituosa, que não aceitava filhos ilegítimos,
adúlteros, ou de moças ainda solteiras.
Jamais eles diziam as crianças adotadas que não eram seus filhos legítimos, o
segredo do seu nascimento era mantido para sempre no esquecimento de todas
estas crianças ou seus descendentes jamais souberam que pertenciam a poderosas
e ricas famílias nobres.
Foi daí que por verem crianças com biótipos tão diferentes dos ciganos em
meio as suas tribos, que as populações começaram a criar o estígma que
acompanha injustamente os ciganos até os dias de hoje, de são ladrões de
crianças. Nem para se defenderem destas infâmias quebravam os ciganos o
juramento feito de manterem no anonimato a origem destes meninos e meninas,
faz parte do seu código de honra ser fiéis ao juramento que fizeram.
Por certo que ganhavam os ciganos algum "prêmio" para receberem de uma
vez para sempre estas crianças em seu meio, mas isto não era tão importante
como muitos historiadores nos querem fazer crer. É claro, que como todos, os
ciganos tinham precisão deste ouro, jóias ou moedas, mas não lhes era difícil
aceitar seus filhos adotivos com real alegria e amor, e tanto é verdade que não se
sabe que alguns desses "prentenços filhos" tivessem descoberto sua verdadeira
origem, amavam seus pais adotivos, seu povo adotivo, sua vida adotiva nômade e
Todo cigano "pensa grande", gosta de luxo e ostentação, faz parte do seu
modo de ser, gostaram, então, por demais dos TÍTULOS NOBILIÁRQUICOS que
aos poucos foram se tornando familiares aos seus ouvidos, mas não a sua
compreensão. Tomaram conhecimento de que além de IMPERADORES, REIS,
PRÍNCIPES, ainda existiam os DUQUES, MARQUESES, CONDES, VISCONDES
BARÕES E CAVALEIROS, gostaram de suas pompas galantes, passaram,
simplesmente porque acharam bonito, a adotar para si próprios os mesmos títulos
de nobreza, gozando dentre os seus irmãos étnicos de certos privilégios que os
distinguiam dos demais. Com o passar do tempo foram surgindo reis, príncipes,
duques, barões e etc, todos ciganos, uma aristocracia alegre, boêmia, trigueira,
exótica, de bem com a vida e com todos os povos, não importando de que etnia
fosse. Uma "aristocracia" sem fronteiras, sem posses de terras, irreverentes, que
na verdade ironizava os "verdadeiros e emperdenidos fidalgos".
Em meio aos ciganos não existem grupos de castas aristocráticas, nem pelo
fato incontestável de que por certo muitos deles descendem dos nobres órfãos
perfilados como ciganos autênticos.
Seu histórico nos conta que em 1981 ele foi eleito para presidir o
CONGRESSO DOS CIGANOS, em 1988 tornou-se representante de seu povo na
ONU, e finalmente teve a surpresa e a honra de ver reconhecido pelo Conselho
Nacional Provisório da Unidade Nacional Romena, como o REI DOS
CIGANOS.Talvez a predominância em seu sangue das características de seus
ancestrais os valorosos e garbosos JÃTS, fez com que ÍON CIOABHA, homem
cigano, portanto de raça ariana, soubesse ser com galhardia um verdadeiro REI
dentre os seus "pares"
CIGANOLOGIA
E foi atentando para os suaves e inebriantes odores que vem das flores,
frutos, madeiras, ervas, sumos e seivas e etc, que os ciganos passaram a desejar
possuírem em si estes perfumes.
Com o passar dos séculos eles foram elaborando pouco a pouco o manufator
de seus perfumes, acrescentando às resinas e madeiras...
Isto vem reforçar que realmente a vida nômade pode ser mais difícil,
trabalhosa, sacrificante, e até mesmo, por que não dizer, perigosa, mas ela
REFORÇA A TRADIÇÃO CIGANA, a mantém viva, as dificuldades dão alento
para que a ANTIGA SABEDORIA que sempre garantiu aos ciganos a sua
sobrevivência por milênios, não caia no esquecimento.
Diz uma lenda cigana que dentro dos grãos e semente que possuem
agradáveis perfumes vivem pequeninos seres, fadinhas muito delicadas e
vaidosas, são elas quem os odorífica, e que devemos sempre agradá-las com o
que mais apreciam: “Sons harmônicos, agradáveis”, por isso sempre deve-se
balançar junto aos vidros onde guardamos os grãos e semente pequenos sinos
ou guizos, assim elas ficam felizes e eles não perdem o perfume.
Talvez seja os mais usados por serem de fácil acesso, os componentes deste
décimo item estão sempre a mão em qualquer carroça, trailer, tenda ou casa
cigana.
Ainda nos resta falar de mais cinco “fontes naturais”, dentre cujos itens
alguns são desconhecidos a nível popular aqui em nosso país, o Brasil, por serem
de origem oriental ou européia, mas por certo bem conhecidos pelos perfumistas
do mundo todo.
Por serem sempre obrigados a acampar nas preferias das cidades, desde sua
chegada as terras européias, onde ficavam os grandes depósitos de lixo, foram os
ciganos os primeiros recicladores de lixo da história. Do que era jogado fora
pelas populações gadjés, os ciganos sempre tiraram o seu sustento: matéria
orgânica para adubo, couro, fibras, metais (principalmente o cobre), madeiras,
mármores, tecidos e etc.
E nos últimos séculos “frascos” que embora vazios eram de grande valia par
que guardassem seus vinhos, remédios, bálsamos, ungüentos e principalmente
“perfumes”!!!
Mas quanto aos “frascos para perfumes” recebiam um trato especial, além
do comum a todos os outros: passavam por uma esterelização com água de
chuva fervente.
E assim, com imaginação e habilidade manual que lhes são peculiares, foram
os ciganos criando os seus próprios frascos e trajes, decorados ou ornamentados ao
seu gosto, tornando-os “ambos lindos peças de arte, e Únicas!!! Isto é válido
tanto para os seus ornamentos quanto par os seus criativos trajes.
2) Os perfumes são uma oferenda para a entidade com que se quer estabelecer
a comunicação, na maioria das vezes solicitando proteção do Anjo da
Guarda. Santo...A “comunicação” também pode ser pretendida para obter
ajuda de um elemental da natureza, ou a um símbolo do gênio Divino, ou do
Eu superior (a Alma). Em operações mais específicas, há um aroma para
cada classe de ser das dimensões mais internas, funcionando como uma
espécie de “cartão de visitas”.
Nota Elucidativa: Devo aqui registrar que todo este conhecimento cigano e
os de outros povos antigos, encontra-se registrado dentro da CABALA, cuja
Como vemos vem dos tempos que passaram no Egito e outras terras dos Islam
e conhecimento cigano sobre como fazer seus próprios perfumes, e a valorização
que dão a elas, que passaram a fazer parte de seus costumes tradicionais. Muito
devem ter aprendido com os árabes que parece foram os descobridores do método
da destilação ou extração do espírito da substância fragrante. Os “óleos
essenciais” eram equiparados ao “enxofre volátil”, também conhecido como a
“alma dos perfumes”.
Trinta e seis litros dessa água são redestilados, produzindo apenas quatro
litros e meio de destilado. Quando ele resfria, o “atar” se evapora e é coletado
com uma pequena concha semelhante a um cone invertido. O óleo rapidamente se
solidifica, e o excesso de água é filtrado.
EXEMPLO:
Cortavam essas misturas simples com álcool a fim de criar uma variedade de
perfumes.
- Com a mistura de fragrâncias nas mãos, olhe para um céu estrelado, procure
VÊNUS e diga com devoção, respeito e sobretudo firmeza a pequena trova...
Seja o que for você por certo obterá, pois assim firmemente o deseja.
O PATCHULI é obtido das raízes secas de planta oriental cujas folhas são
ovaladas. Preferida planta atinge quase um metro de altura e produz flores
esbranquiçadas que, às vezes, revelam nuances púrpuras. O ÓLEO DE PATCHULI
é marrom avermelhado escuro, e tem um odor semelhante a MIRRA, doce e
pesado. Ele é considerado afrodisíaco, com poderes mágicos, atrae o sexo oposto
ou facilita separ...
ÓLEO DE CANELA está ligado ao SOL, ele exala um cheiro que lembra o
doer de um dia quente de verão, é altamente sensual a sua fragrância.
ÓLEO DE SEMENTE DE AIPO usado para purificar a mente e clarear as
idéias em trabalhos psíquicos.
Em vários rituais os ciganos fazem uso de perfumes, na sua maioria das vezes
o odor dos mesmos é fundamental para o bom andamento do rito em si. Vejamos
agora alguns exemplos de como isto funciona:
1) O ÓLEO DE PATCHULI é usado por uma noiva cigana antes de dar início a
sua noite de núpcias. O RITUAL consiste em banhar-se em água morna,
mais uma colher de sopa deste óleo, pedindo que o magnetismo de sedução
apodere-se do seu corpo. Após o banho não deve enxugar-se com toalha, e
sim naturalmente.
2) O ÓLEO DE ALOÉ é usado em ritual por uma Kaku quando vai fazer um
parto, ou por um Kaku quando vai prestar um serviço de cura. Para tanto
ambos esfregam em suas mãos boa quantidade de perfume a base deste
Além destes, é claro que outros óleos aromáticos também são usados em
determinados rituais, mas os nesta apostila especificados são os mais corriqueiros.
pelo Kaku (seja homem ou mulher) de sua tribo, mas a razão real de magia, o
"chamado pulo do gato", um cigano (a) jamais o saberá, muito menos os
porquês e senões que circundam e velam todo rito mágico, isto pertence a uma
casta e seus membros não os revelam. Não se "faz um feiticeiro ou mago
cigano", ele nasce assim com esta função pré estabelecida dentre seu povo.
SIMPATIAS AMOROSAS
Procure tirar despercebidamente algo pessoal feito de tecido sem que ele
(ela) se aperceba. Em seguida ensope este tecido com perfume a base de ÓLEO
DE AMÊNDOA, passe-o a ferro, e enquanto o calor sobe do tecido úmido,
aquecido pelo ferro, vá dizendo:
"Fragrância de Amêndoa, tu que possui a virtude de estabelecer
vibrações harmônicas e magnéticas no amor e na amizade, faze com que
fulano(a)....(dizer o nome completo), mantenha-se feliz ao meu lado, que
me receba como companheiro(a) no espaço de cem sóis e me dê tão
grande confiança como São José depositou na Virgem Maria. Que assim
seja. Eu (dizer seu nome completo) me ponho nas mãos de...(dizer o
nome completo do pretendido), ornada com a fragrância com que
perfumei este tecido,que tornará ao sei dono(a) e o manterá ao meu lado
por obra e graça do Senhor que rege o sutil poder dos odores. Amém"
Tomar com freqüência, pelo menos uma vez por semana, um banho com
água perfumada com fragrância a base de ÓLEO DE SÂNDALO e "adoçada"
com uma colher de sopa de açúcar cristal.
Deixe-se secar naturalmente.
- Amarre como oferenda ao elemental que vive nesta planta, um laço de fita
roxa embebido em fragrância de violeta, e durante todo o tempo que aguardar,
que seja atendido o seu desejo, use abundantemente em si perfume a base de
ÓLEO DE VIOLETA.
Esta simpatia também servirá para cortar o mal que alguém fez a você, ou lhe
desejou. Para tanto basta entregar as raízes do pé de violetas o nome completo
de quem quis malignamente lhe atingir, e proceda o ritual da mesma forma que
SIMPATIAS CURATIVAS
Fazer um chá com uma xícara e meia de água fervente, mais 5 gotas de
essência de VIOLETA, em seguida bochechar. Entre um bochecho e outro
diga:
Numa 6a feira de lua cheia, a meia noite, escrever atrás de uma porta de
casa, ou de um tecido que cerra uma tenda, ou de uma porta de carroça ou
trailer, o nome de quem se deseja, usando par isto um pequeno estilete com
ponta envolta em algodão e embebido em perfume a base de ÓLEO DE
MIRRA.
Diga, então, por 3 vezes: - Fulano de tal foi-se embora e não voltou. Que o
poder da fragrância de MIRRA o traga de volta, pois para o poder do ODOR não
existe tempo, espaço, distância, nem lonjuras. Que assim seja, o que PERFUMA O
BEM TEM FORÇA!!!
Colocar junto a sua cama uma pequena moringa com água perfumada com
fragrância a base de ÓLEO DE BENJOIM. Todas as noites passar suas mãos
umedecidas nesta água aromática por seus cabelos, seu rosto e todo o seu corpo.
Depois colocar a moringa sobre sua cabeça, e a equilibre apenas com a ajuda de
sua mão direita. Ande 37 passos para frente e 37 passos para traz e diga:
SIMPATIAS PROTETORAS
Use sempre consigo um lenço que foi embebido em perfume a base de ÓLEO
DE LAVANDA
Conservar com aparência jovem, plena de energias e atrativos, deve fazer uso
de perfume a base de ÓLEO DE CRAVO, plantar um pé de cravo e mante-lo
em sua casa, ou ter sempre destas flores em seus vasos ornamentais.
Procure saber o dia devotado ao seu SANTO PADROEIRO ou preferido, neste dia
procure a IGREJA onde tem sua imagem consagrada.
Vá até ele ou ela, e lhe ofereça um maço de belos cravos (na cor desejada), e
diga com respeito, devoção e firmeza:
CIGANOLOGIA
Existe uma grande controvérsia dentre os próprios ciganos com relação a que
denominação classificatória específica deles mesmos.
Vamos então viajar conduzidos por esta LUZ, com a pretensão de chegarmos ao
final desta viagem à sua conclusão de como classificar os ciganos.
A) RAÇA:
B) POVO:
C) ETNIA:
E) GRUPO:
F) BANDO:
G)FACÇÃO:
H)TRIBO:
É muito difícil caracterizá-los como um povo ou uma raça, não preenchem todos
os quesitos necessários.
Aqui em nosso país, os ciganos não suportam serem classificados pela palavra
TRIBO, talvez por desinformação, já que poucos possuem o básico de uma
escolaridade, eles associam esta “classificam” (TRIBO) como a querer igualá-los
a povos subdesenvolvidos, primitivos, selvagens, com acentuadas características
indígenas, pois para “eles” TRIBO é de ÍNDIO, o que não é real, nem de uma
foram, nem de outra.
- São comunidades humanas, fixadas em sua maioria num mesmo território cujos
membros estão ligados por laços históricos, étnicos, lingüístico e culturais.
Os índios são originários somente das Américas, e na vastidão territorial destes
continentes (América do Norte, Central e Sul) houveram grandes NAÇÕES
INDÍGENAS aniquiladas pela selvageria de irresponsáveis e gananciosos
representantes da RAÇA BRANCA, e até os dias de hoje ainda valorosamente
resistem algumas NAÇÕES, vivendo em territórios restritos à eles outorgados, cujo
nome é “RESERVAS INDÍGENAS”.
Os ÍNDIOS com sua pureza de espírito e sua sabedoria milenar muito nos
ensinaram, e ainda temos muito o que aprender com eles. Quem sabe então
deixaríamos de ser tão selvagens!...
CIGANO: - Indivíduo dos ciganos, povo nômade de origem incerta e discutida, que
pratica quiromancia, quirologia, cartomancia e comércio em geral.
- Indivíduo de vida errante,
- Indivíduo velhaco, astuto, trapaceiro, sabido...
- Boêmio, errante
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ASSOCIACIÓN SECRETARIADO GITANO Y FEDERACION DE
ASOCIANCIONES GITAS
C/ MAGDALENA, 151
FERROL (LA CORUÑA) – ESPANHA
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ASSOCIATION LES AMIS DES GENS DU VOYAGE EM ILLE FT VILAINE
------------------------------------------------------------------------------------------------------
CENTRO STUDI ZINGARI
[CENTRO DE ESTUDIOS GITANOS]
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ASSOCIAZONE ITALIANA ZINGARI OGGI(A.I.Z.O)
SEDE NAZIONALE
CORSO MONTEGRAPPA, 118 – 10145 TORINO
TEL: 011/7496016
FAX: 740171
HP: HTTP://WWW.FLASHNET.IT/USERS/FNO29392
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CENTRO SOCIALE NOMADI
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CENTRO CULTURAL GITANO
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ASSOCIACIÓN GITANA DE SABADELL
C/SAL, 75 (ESTANCO)
SABADELL – BARCELONA/ESPANHA
LÍNGUAS CIGANAS.
Em síntese, queriam dizer que a língua cigana seria composta por pretensos
vocábulos, com dicções compostas de uma mistura do calo com o alemão, e mais
inúmeros termos aciganados e flamencos.
CIGANOLOGIA
A cada mês que passar na vida de uma casal, ele e ela, na noite de plenilúnio
colocarão sementes (quantas o desejarem) dentro do VASO DE HARMONIA, cada
um de per si, reservadamente, e estas sementes, que possuem valores simbólicos,
deverão estar representando como foi durante o último mês o relacionamento dos
dois, ambos coincidentemente podem até qualificarem com as mesmas sementes,
ou diversamente, pois o que para ele pode esta bom, para ela pode esta tedioso,
vice-versa...
Ao passarem seis (6) plenilúnios, isto é, meio ano, o casal deverá procurar um
lugar reservado aos dois, a sua escolha, abrir a sua frente um bonito lenço, e sobre
ele despejarem as sementes contidas no VASO DE HARMONIA, sendo assim
poderão dar com franqueza um balanço real à sua relação.
Caso haja uma maioria de sementes com simbolismo negativo, eles deverão
conversar e chegar a um acordo em comum, para melhorarem a relação, cada um
relatando suas queixas ou pesares; mas se a maioria das sementes tiver simbolismo
positivo, então o casal deverá comemorar com alegria brindando a sua “sadia
união” com um copo de qualquer vinho cigano, comendo juntos bonito manrô (pão
cigano)
Novo período, novas sementes, e se com o passar dos anos elas terminarem,
deverão ser substituídas de imediato por novas, que serão acondicionadas nos
mesmos saquinhos das primeiras.
A) O VASO DE HARMONIA poderá vir a ser qualquer tipo de vaso que possua
tampa, não importa se é feito de argila, porcelana, vidro fosco, cobre,
estanho, prata ou ouro, sua beleza está no que ele simboliza.
B) Inteligentemente pode vir-se a usar esta tradição cigana do VASO DE
HARMONIA, que ajuda a equilibrar satisfatoriamente o relacionamento
mútuo, pois promove o diálogo, e isto é ótimo, não tão somente entre casais,
e sim, entre pais e filhos, irmãos, amigos, sócios, patrão e empregados e daí
por diante...
C) Os valores simbólicos das sementes variam de região para região por
RELAÇÃO DOS VALORES SIMBÓLICOS DOS GRÃOS, SEMENTES E
CAROÇOS QUE UM A UM SERÃO COLOCADOS NO VASO DE
HARMONIA.
Nesta apostila vamos entrever o mundo festivo cigano que tanto fascina o
gadjé. E por que há sempre a envolver este povo um alo repleto de sons musicais,
Simplesmente por que sendo os ciganos fatalistas aceitam a vida tal qual ela
é, tornando-a mais fácil por mais penosa que pareça ser. Um grupo cigano sempre
comemora suas alegrias com festejos, mas espanta suas tristezas e suas angústias
do mesmo modo; festejam o nascimento e falecimento, e daí por diante, afina tudo
é cíclico, e a RODA DA VIDA gira sempre para frente, nunca para traz.
Mas e que mais seduz são as mãos das ciganas ao dançar, como deidades,
elas inconscientemente repetem milenar gesto ancestral: suas mãos ondulam ora
para dentro, ora para fora, buscam através dos centros energéticos localizados no
meio das palmas de suas mãos captarem energias positivas externas e as
direcionam ao seu plexo solar (área do tórax), de outra forma retiram de si prana
de vitalidade e distribuem ao ambiente onde estão a dançar, são dádivas que
ofertam a quem as admira.
Mesmo que, nos dias de hoje, muitas ciganas infelizmente não saibam o
“por que” do movimento de suas mãos, ou de seus pés, não importa, os
gestos sagrados se repetem e o valor intríseco é o mesmo.
Nota: Em meio aos ciganos CALONS (ibéricos), o ato de fazer sons com os
solados de seus calçados ao batê-los ao solo funciona como um código, assim eles
se comunicam entre si, mandam recados de amor, de alerta, de apoio, de raiva e
daí por diante...
Durante uma dança cigana a volta de uma fogueira, ou me meio a uma sala,
gestos simbólicos ocorrem e têm específicas interpretações:
- Uma jovem com uma flor em meio aos seios = está apaixonada.
- Um rapaz dança com uma flor presa aos lábios ou segura pela orelha direita =
está apaixonado.
- Uma cigana deixa cair seu pandeiro aos pés de determinado cigano = tem
interesse por ele.
- Um cigano dançar com um lenço vermelho nas mãos = quer um encontro com
quem recebeu com recebeu seu lenço ao final da dança, ou deixou propositalmente
cair perto. Este encontro é secreto e poderá ser amoroso, de negócios, um pacto a
ser feito, uma informação sigilosa que tem de transmitir etc.
- Com o leque como adereço de dana fazem inúmeros gestos simbólicos, falaremos
a seguir sobre isto mais especificamente.
TROVA CIGANA:
A ALMA CIGANA
NÃO ENGANA
É MÚSICA
É CANTO
É DANÇA
E TUDO É MAGIA
Sua simbologia como não poderia deixar de ser vem da tradição Hindu, e
portanto está muito próxima dos ciganos.
B) Outra lenda oriental nos conta que não se deve agitar as mãos junto ao rosto
para abanar-se, pois este gesto poderia atrair os maus espíritos; por esse
motivo, os orientais adquiriram o hábito de usarem leques.
FESTAS CIGANAS.
Citarei aqui apenas algumas das tradicionais festas ciganas, quase sempre de
cunho religioso e veladamente repleta de supertições.
A união das árvores simboliza o acasalamento que dará bons e fortes frutos,
principalmente em meio as tribos ciganas, com os nascimentos de belas crianças
que darão continuidade a sua ETNIA, idéia fixa de todos os ciganos.
Devo ressaltar, que também estas festas, assim como todas as outras, com
particular louvor a de SANTO ANDRÉ, SÃO JOÃO, e de SANTA SARA KALI da
Camargue, a noite de SÃO SILVESTRE (ano novo), são todas geralmente
ligadas a práticas mais ou menos com uma finalidade sexual; durante seus
Nota: Podemos nitidamente notar como que nestas festas religiosas ciganas
há um total e harmonioso sincretismo entre o PAGANISMO(a velha Religião ou
Antiga Tradição) e o CRISTIANISMO.
Para se apresentarem nestas festas onde por certo exibirão suas danças, seus
cantos e sua música, os ciganos se vestem alegremente, com muita cor e adornos.
Como fabricam esta sua moda cigana tão exótica e especial, só encontrada em
Nota: Encontramos belas pinturas ciganas não tão somente em seus ícones,
baús, mas sim também nas partes externas e internas de suas carroças ou trailers.
LENDA CIGANA: Dizem os ciganos que ao bordarem muito suas vestes, bem
rebuscadamente, estão tendo como que uma revanche sobre o demônio, seu
pretenso professor nesta arte.
Como a dança simboliza a alma cigana, sua música é a própria vida deste
povo nômade, com pedaços tristes, outros muitos alegres; ciganos sedentários não
abandonam sua música, formam pequenos grupos musicais, pequenas bandas ou
orquestras, que alegram os vilarejos, como também as grandes cidades. Muitos se
tornam professores de música abalisados e respeitados por seu profundo
conhecimento da matéria, sem terem eles mesmos tidos um único professor
sequer, tocam porque tocam, para eles é simples como falar, pular, deitar, o
domínio da arte de ser músico faz parte do seu ser.
Houve um tempo em que toda esta arte FLAMENCA andou meio empanada
pelo ostracismo, mas no século XIX redescobriram o folclore ANDALUZ, dando
atenção a sua beleza e alegria contagiante; as tavernas freqüentadas por ciganos
transformaram-se pouco a pouco em cafés-cantantes para turistas, e os GITANOS
recomeçaram a ganhar a vida com sua música, seu canto e sua dança.
A dança ROMANÊ recebeu forte influência dos povos das terras por onde
passaram estes nômades desde o século IX E X quando partiram da ÌNDIA, mas
também influenciaram em muito as danças folclóricas destes mesmos povos, até
em meio as árabes.
Para os ciganos esta arte possui grande importância, vejamos por que: ela
lhes granjeava notoriedade, mais que as outras modalidades da arte circence. Para
adestrar cavalos os ciganos possuíam um dom nato, agora para domar ursos eles
usavam outro dom que sua etnia possuí, o da esperteza que ilude. Infelizmente os
métodos que usavam como domadores não acrescenta nada que gratifique a
história dos ciganos, através da dor alheia eles alcançavam aplausos. Devido,
então, ao sucesso, tinham os ciganos particular interesse pelos ursos.
- ensinavam ao urso dançar fazendo-o andar sobre uma placa de ferro aquecida
que o obrigava a elevar as patas alternadamente para evitar que se queimassem, e
isto ao som de determinada música; sempre a mesma, esta melodia criava um
reflexo condicionado no urso, portanto quando durante o espetáculo tocava-se a tal
música, mesmo sem a presença da placa quente o pobre urso executava a mesma
coreografia de elevar seus pés para que não se queimasse.
Mais uma vez é o MUNDO NÃO CIGANO que dota destas qualidades
fantásticas o MUNDO CIGANO, na verdade nunca foram eles, os ciganos, que as
inventaram, apenas por serem sumamente espertos tomam partido dos poderes a
eles outorgados em benefício próprio e extensivamente geram ganhos para
sobrevivência de seu CLÃ OU TRIBO.
B) O trabalho com ferro e metais. Muitas tribos ciganas são conhecidas por seus
tipos de trabalhos, neste grupo encontram-se os caldeireiros, denominados
de kalderash ou Calderari (Caldeireiros). Conheciam estes a arte de forjar o
ferro e outros metais, principalmente o cobre. Suas peças artesanais
correram mundo, muito bonitas e bem feitas, nasciam de um trabalho
totalmente manual. Panelas, tachos, bandejas, samovares de cobre enfeitam
até os dias de hoje muitas casas de ricos gadjés; fundindo o ferro criaram os
ciganos lindas obras de arte, e o exemplo delas encontramos nos belos
arabescos gradeados dos portões e janelas da ESPANHA E PORTUGAL.
- O fogo que esquenta, o ar que sopra e água que resfria o metal. Em meio a
numerosas civilizações ligam a idéia do forjador (o que trabalha na forje) com
a do Feiticeiro ou Bruxo, até mesmo o MAGO, pois acreditam que estas
pessoas têm conivência implícita com um mundo misterioso de forças ocultas
e sobrenaturais. Encontramos esta mesma postura frente a prática da
adivinhação exercida pelas mulheres ciganas.
O mascate cigano não consegue competir com os bazares, quanto mais com
os grandes magasins e shopin´s.
Todo cigano tem pelos cavalos uma amor e respeito imenso, sua relação com
estes animais é perfeita, por isso são excelentes domadores, treinadores,
adestradores, tratadores e cavaleiros. Um cigano sobre um cavalo sente-se um só,
uno, ele e o cavalo se integram com perfeição.
Vamos conhecer um rito praticado pelos ciganos logo que ganham o seu
cavalo, é considerado um rito mágico, e ele o oficia desta forma:
- leva seu cavalo até a fogueira que deverá estar acesa a porta de usa tenda, ou
próxima a sua carroça, pega um pau semi-carbonizado e passa sobre as costas do
TROVA CIGANA;
CIGANOLOGIA
INTRODUÇÃO:
AS PEDRAS
TURQUESA tem relação mágica com o fogo ou o sol. É a pedra secreta dos
KAKUS que a usam em algum adereço em seus ritos ou cultos.
AS JÓIAS SAGRADAS
Como exemplo posso citar alguns desses objetos, os mais conhecidos pelo
público, pois muitos são ocultos. Na religião católica encontramos o cibório, o
ostensório, a paterna, o anel de um Bispo (ametista), a cruz de um Cardeal e etc,
os oráculos entre as tribos itinerantes árabes, a espada ou tocha nas seitas secretas
ocultistas, a vara entre os Celtas, instrumentos mágicos por excelência, “ela” é o
símbolo do poder dos sacerdotes Druidas sobre os Quatro Elementos da
Natureza.
Nos diz PIERRE DERLON que dentre os ciganos SINTIS, o ponto de partida
na transformação de uma jóia “oculta”, é sempre uma pedra preciosa, redonda,
convexa, inserida no metal e levada como anel em um dos dedos da mão. A
escolha do tipo de pedra, implicava no valor mágico deste anel. O conjunto
formado pela pedra, o metal e o dedo que o porta, tem uma significação particular.
Certos chefes de grandes tribos levaram ou levam, no anular, um enorme diamante
russo, incrustado em platina e não o podiam trocar, por exemplo, pelo anel do
SABER, anel mágico feito de ÔNIX NEGRO montado em prata. Esse anel não
pertence ao homem que o usa, ele é apenas depositário de uma jóia que lhe foi
entregue, e que um dia terá de entregá-la a uma pessoa digna de recebê-la.
A real importância destas jóias de magia, nunca estão no seu externo, e sim
na parte interna da jóia, não sendo visível ao olho profano, simboliza a faze
oculta da lua, onde existe a revelação de todos os mistérios. Somente o dedo que
porta este anel, “VÊ” sua face oculta, quer dizer que este dedo é posto em contato
com o conhecimento, e passa a servir de elo entre seu possuidor e o mundo oculto
da magia.
Estas jóias chamadas pelos ciganos de “jóias ocultas” tem na sua face
externa muitas decorações rebuscadas, ou são incrustadas de pedrarias. Mas tudo
isso é apenas um sábio disfarce, para distrair os não iniciados, pois é a outra face
que revela a significação profunda da jóia. Como exemplo de um desses anéis,
transcrevo o que nos conta PIERRE DERLON: “O sinal de perigo de morte entre
os YENISH que conheci, era um círculo descentrado, expressava uma anomalia de
vida, de trabalho, de insegurança. Em compensação, esse mesmo sinal é entre os
joalheiros KALDERASH, o “hieróglifo do gato”. Um anel mágico traduzia-se
por uma superfície oval, em ouro, servindo de suporte a uma pedra azul (de
preferência uma turquesa), também esta descentrada, porém colocada no
prolongamento da linha do dedo que a levava. O que havia de oculto
em sua contraparte, jamais seria revelado.
Nota: O sábio prevê o alimento de sua tribo e vela para o seu recebimento,
diz uma máxima dos ciganos do grupo SINTI!
A cigarra está fixada na posição da MORTE, mais ainda, ela está ornada
como “múmias egípcias”. Suas asas incrustadas de pedras e a estilização, foi
influenciada pela arte funerária egípcia (não esqueçamos que na idade média os
ciganos pensavam serem originários do Egito ou se auto-denominavam “Príncipes
do Pequeno Egito”, situado na Grécia).
Com respeito a jóia, esse segredo está marcado com um traço horizontal
entre os olhos do inseto e o CALOR DA GLÓRIA. E mais, cada escama das asas
estilizadas da CIGARRA, simboliza um poder ou uma faculdade particular. Vê-se
que esta jóia, aparentemente inofensiva, possui um número impressionante de
significações. PIERRE DERLON nos indicou algumas, mas as possibilidades de
interpretar, tornam-se quase indefinidas, e um iniciado encontraria aí muito a
acrescentar, sem dúvida levando em consideração o número de cores.
Durante mais ou menos dois anos, Claude, deixou a jóia no fundo de usa
bolsa, entre as chaves e as pequenas coisas necessárias, levando-a sempre
consigo. O incrível é que a jóia conservava intacto o brilho do ouro e deus pedras.
Depois, um dia, ela pôs a CIGARRA no “nó do equilíbrio” à volta do pescoço e
não a tirou mais. A partir desse dia a CIGARRA perdeu o brilho. O ouro, pouco a
pouco como que absorvido, deixava aparecer o esqueleto de madrepérolas. Uma
pedra do olho caiu. Lentamente o objeto mutilava-se. Dois anos de contatos,
choques, roçadelas no fundo da bolsa não tinham chegado a alterá-la em nada.
Outros tantos ao ar livre reduziram-na a sua primeira forma recebida dos ourives,
antes que lhe pusesse o manto de outro e pedrarias. Claude não se apercebeu logo
da deterioração de usa jóia, mas certo dia, seu marido Pierre abriu ao acaso a
revista em que estava a CIGARRA em toda sua plenitude e brilho, só então ambos
perceberam-se que a jóia estava morta.
Assim que a jóia morreu, o cigano HARTISS que era irmão de sangue (pacto
dos punhais) de PIERRE DERLON, ofereceu outra jóia a sua mulher Claude, era
uma CIGARRA muito mais antiga, fora talhada diretamente num material
grosseiro, osso ou marfim. Essa CIGARRA também possui um enigma pois vista
pelo reverso sua silhueta lembra o botão da flor de lótus e para Pierre Derlon
este simbolismo era totalmente desconhecido, mas observou entretanto,
reconhecer nas costas do inseto um outro hieróglifo da sabedoria. Sete
pequenos traços horizontais com uma cruz e um ponto sobreposto. Não
conseguiu interpretar as gravações no reverso da jóia, mas quis o destino que certo
dia se encontrasse com o Chefe de Tribo Kalderash, nome YOTSA. Ele não fala,
pois teve uma grave doença que não o matou, mas o tornou mudo, mas isto não o
impede de ser um sábio. Ao ver as duas CIGARRAS, a sua frente, a de ossos e a
Nota Elucidativa: O KAKU que criou estas JÓIAS CIGARRA, sabia que
seu portador estaria sob estas sutis influencias celestiais.
O OURO
Façamos então, um adendo para falarmos um pouco sobre o por que dos
ciganos valorizarem tanto o OURO, quer seja como garantia de subsistência de
vida, quer seja como adorno.
Quer dizer que, o abundante uso do ouro em seus enfeites, adornos e etc,
não existe só por mera vaidade, e sim por respeito a sabedoria de sua tradição.
SETE - (os sete traços na JÓIA CIGARRA) inúmeras são as definições para
a simbologia como número 7, tentaremos sintetizar, dizendo que o número 7, é
um número cármico e sagrado. Dentre suas variadas simbologias ele também
simboliza o homem perfeitamente realizado, os sete graus da consciência,
as sete etapas da evolução. O SETE (7) simboliza a conclusão do mundo e a
plenitude dos tempos. Segundo Santo Agostinho o SETE mede o tempo da
história, o tempo da peregrinação terrestre do homem. Se DEUS reserva u dia
para descansar, dirá Santo Agostinho, é porque quer SE distinguir da criação, SE
fazer independente dela, e quer permitir-lhe que descanse NELE. Além disso, o
próprio homem é convidado pelo número 7 ao repouso, ele indica o descanso, a
cessação do trabalho, e a voltar-se para DEUS, a fim de descansar somente NELE.
AS JÓIAS CORUJAS
A parte OCULTA DA JÓIA lhe confere, por um lado, o poder de ter força e
segurança para se ter uma escolha acertada em suas decisões, saber usar seu
LIVRE-ARBÍTRIO.
Por outro lado a JÓIA confere ao seu dono o poder de pensar, refletir, usar
de seu poder de meditação, sempre que tiver de tomar uma decisão importante em
benefício próprio ou de outros.
Nota: Existe um estilo próprio nas jóias ciganas, e que vem influenciando “o
mundo dos joalheiros”, há séculos!.
AS JÓIAS BORBOLETAS
A) O físico
B) O frontal
C) O olho do coração
Cada par de olhos são identificados como dois luzeiros: SOL E A LUA; este
conhecimento, os ciganos trouxeram da Índia, pois o encontramos nos
conhecimentos deste povo oriental.
Falemos agora dos RUBÍS que ornam esta JÓIA (pode ser substituída por
pedrinhas vermelhas).
“QUAL UM BORBOLETA
VAGUEIA A ALMA CIGANA
ORA AQUI, ORA ALI...
LIGEIRA SUAS ASAS ELA ABANA,
A SAUDAR A LIBERDADE DE SER ALMA”
Nota: Há tribos que durante o ritual do pão com o sal, enterram moedas de
ouro neste pão, para atraírem fortuna para os noivos, já em outros grupos estão
presentes como prendas durante o ritual de ablução que também ocorre durante os
festejos de um casamento.
DADO: Simboliza a sorte em jogo, catalisa para seu portador sorte e proteção
Toda a pedra preciosa, ou não, usada nas jóias ciganas, tem seu valor
intrínseco, jamais será usada por seu portador aleatoriamente. Assim, elas surgem
em colares, brincos, pulseiras, pedantifes e etc. O mesmo critério ocorre com a
escolha do material com o qual será feita a jóia: ouro, prata, cobre, ferro, marfim e
etc.
Vejamos a seguir a que simbologia estão ligados os anéis que os fazem tão
importante entre todos os povos de Culturas Antigas.
Deixei para o final, para falar de uma JÓIA bem singular e tipicamente
cigana. É o KEPARA; assim é chamada uma moeda de ouro, um coração de
ouro, ou simplesmente um círculo maciço de ouro que sob a forma de um
pedantife, é usado suspenso ao pescoço. Esta jóia tem o mesmo valor
simbólico que o de uma aliança matrimonial. O KEPARA representa um
compromisso de casamento assumido entre dois pais ciganos, quando a tribo
possui um regime social patriarcal. DUAS KEPARAS são colocadas então nos
“pretendentes”. Isto ode ocorrer desde os seus nascimentos, pois muitos
casamentos ciganos são selados entre famílias, cujas mulheres ainda estão
grávidas, ou então, quando os “pretendentes” são ainda crianças. Inúmeros
casamentos são resolvidos a distância sem que os pretendentes se conheçam,
apenas os pais viajam para se encontrarem, firmam o PACTO ENTRE
CIGANOLOGIA
“CADA COISA COM SEU USO, CADA ROCA COM SEU FUSO” nos ensina
o velho provérbio, e assim também o é em meio aos KAKUS, cada um segue com
convicção e sabedoria a “sua senda mágica”, que por DIEULA (DEUS) lhes foi
outorgada.
Enquanto, em certas famílias gadjés, estes feios sinais, são encarados como
estigmas, são ocultados de todos, em aos ciganos eles são expostos aos olhos da
tribo que se achega para “reconhecer” os sinais do(a) KAKU que acaba de
agraciar àquele grupo com seu nascimento em seu meio. Esta criança, passa então
A chegada deste ciganinho ou ciganinha em uma tribo é tida como uma graça
milagrosa recebida por todos, a Tradição Cigana esclarece o que os antigos KAKUS
de todos os tempos já o sabiam, as tais “marcas” assinalam a chegada de uma
criança com uma sensibilidade psíquica fora de comum, está predestinada a se
tornar um(a) KAKU, e terá cuidados e educação especial.
Mas não lhe será fácil carregar por toda a sua existência este poder, é uma
carga pesada, maior do que a de um CHEFE DE TRIBO ou de uma PHURI-DAI,
pois não só direcionará os homens, mas penetrará no âmago da alma deles.
Como KAKU ele será sempre a eminência parda do CHEFE DE TRIBO, deve
manifestar-se com sabedoria, nunca ser tendenciosa, nunca ludibriar, sua
responsabilidade é permanente, dia e noite, deve estar sempre disponível, sua vida
particular é quase nenhuma.
PETER e PEPÉ já faleceram, mas PIETRO HARTISS vive, ainda hoje aos
seus 95 anos mais ou menos.
Talvez até seja para preservar este “mundo mágico”, que os próprios
ciganos “marcados” não mais se mostram a público, muito menos fazem alarde de
seus “dons”, calam-se, pois silêncio é magia, e os segredos também o são.
OS PREDICADOS MÁGICOS:
São, então, sete (7) os animais postos com relação a MAGIA DO OLHAR,
mas apenas o nome de quatro (4) foram revelados, 3 permanecem ocultos.
Vejamos quais são:
O SAPO: Que com seu olhar hipnótico atrai para si suas presas; um olhar
cismador de que medita ou de que contempla; um olhar manso e profundo a
sonhar, olhar de devaneios, de divagação...Os ciganos denominam estes OLHAR
tão especial do SAPO, de “O OLHAR DA ALMA”.
São estes KAKUS com o PODER DO OLHAR que exercitavam a visão dos
jovens ciganos (sempre aos 14 anos) que se dedicava a arte do malabarismo, do
equilibrismo, do vôo no trapézio e etc...São aulas que exigem uma disciplina
rigorosa, pois vidas estão em jogo.
O (A) KAKU que possui este poder domina seu físico, por exemplo:
- Consegue ler facilmente um livro colocado na ponta do seu nariz, conseguem ver
com perfeição no escuro, ou então, dar ao seu próprio olhar a expressão que
deseje sem que altere suas emoções. Seu olhar disciplinado possui tal força que é
capaz de conduzir qualquer pessoa ao estado de espírito desejado por ele próprio,
sem que ela ao menos se aperceba disto.
Quem possui este DOM adquire uma perene tranqüilidade, pois domina com
seu mental as sua emoções, em qualquer situação. Podem “ver” objetos
1 – Contrações ótica
2 – Técnica avançada de respirações
3 – Controle de percepção sensorial
4 – Técnica de relaxamento sensorial
Como podemos notar tudo isto está estreitamente ligado aos seus
conhecimentos da YOGA.
Isto tudo ocorre rápido, apenas com um golpe de vista. O olhar do(a) KAKU
passará de um ponto a outro progressivamente, até “envolver” o resto e o corpo
todo, sem que para isto mexa os músculos de seus olhos. Tudo isto exige uma
concentração extrema, o paciente sob esta força se tornará passivo e receptivo a
qualquer sugestão do(a) KAKU.
MAGNETISMO
Os KAKUS dizem que as mãos são como O SOL E A LUA que se buscam,
Suas mãos darão voltas ao redor do corpo como a LUA em torno da TERRA,
e a terra em torno do SOL, repetindo o próprio movimento do COSMO.
E daí por diante são inúmeros os passes magnéticos, mas todos têm
fundamento na sabedoria HINDU assimilada pelos ciganos, possuem ao seu modo
conhecimento de “bocas de chacra”, “pendunculos de chacra”, dos “nadis”, e
dos “canais Ida e Pingala”, como também da existência de “pranas
vitalizantes”, do “Forrat estabilizante” e do “Kundalini vivificante”
Este magnetismo humano ou animal, é muito bem assimilado pela argila, por
isso é muito importante no fabrico das máscaras exorcizantes dos males que afetam
o equilíbrio emocional ou mental, conhecidas como as MÁSCARAS DE
SERENIDADE, pois com o tempo elas restabelecem a paz interior do paciente.
LEITURA DE PENSAMENTOS
É usada por KAKUS que possuem este DOM como intervenção terapêutica;
mas antes de aplicarem esse “remédio”, eles primeiro procuram saber quem na
verdade é a pessoa que irão “tratar”, como também a real origem de suas
perturbações. Eles utilizam-se de sua faculdade paranormal em beneficio dos
outros, ciganos ou gadjé.
Na verdade todo(a) KAKU sabe que todo ser humano pode se manifestar
pelos 5 sentidos, o essencial é criar a emoção necessária ao feitiço mágico. O
fenômeno da “leitura de pensamento” obedece geralmente a leis que não são
físicas, mas são, sem dúvida, bem reais.
Mas, MAGIA tem princípio e tem fim, tem técnica e aprendizado, tem
constância nos exercícios, tem polaridades magnéticas e energéticas, tem
perseverança, tem obstinação, tem sacrifício, e acima de tudo é SEGREDO.
- “A MAGIA, como é vista pela maioria das pessoas, não existe, tudo está
inscrito na ordem natural das coisas, e o que os homens e mulheres chamam do
MILAGRE é apenas uma palavra para vestir a própria ignorância.”
MAGNETIZADOR:
Os esforço desprendido após uma seção de magnetismo pode ser tão grande
que o(a) KAKU fica extenuado e muitas vezes, dependendo do “trabalho”
empreendido, ele(a) deve ficar deitado na cama mais de 24 horas para se
recuperar.
HOMENS-ÁRVORES
A Tradição Cigana nos ensino que meio a 24 árvores apenas uma está para à
mente, e quatro personalizam os HOMENS-ÁRVORES, que a elas são ligados em
ritual específico tão logo tenham nascido.
Quem na vida tiver a oportunidade de cruzar, nem que seja por um instante
com um(a) KAKU, jamais esquecerá, pois ao se abandonar ao magnetismo do
olhar que mergulha nos seus, sentirá em seu âmago toda a nobreza da MAGIA
CIGANA.
CIGANOLOGIA
Exemplo: Uma criança passa por provas perante a outros KAKUS para que
comprovem sus poderes, uma delas é a seguinte:
Junto aos ciganos alguns tipos de dores físicas são relacionadas com o FOGO,
e os KAKUS com poder de magnetismo ligado à esse elemento da natureza são
denominados de os MESTRES DO FOGO, e a eles ficam o encargo de cura destes
tipos de males, inclusive o alívio quase que imediato de pequenas e grandes
queimaduras, estas muito comuns entre os ciganos caldeireiros.
A ligação intensa deste povo com este “elemento” não permitia que “ele” os
consumisse, esta história de mortos pelo fogo não era par ser escrita na
TRADIÇÃO CIGANA.
E são eles que a volta de suas fogueiras, nas noites belas e frias de outono
europeu, contam para seus filhos, netos e amigos, esta curiosa história, cujo maior
valor está na sua veracidade:
-“Por ocasião do seu suplício, o MESTRE JACQUES, nem uma só vez parou
de falar no tom de um homem insensível à dor das queimaduras que lhe
consumiam o corpo pouco a pouco. E mais, predisse ao seu verdugo coisas que
aconteceram, pois o FOGO se torna igualmente um apoio da adivinhação e mostra
no presente o que se passará amanhã, assim se torna fácil para um MESTRE DO
FOGO predizer o futuro”.
Não, por certo, mas ambos possuem seu lugar de importância em meio aos
Estes os depositam aos pés do KAKU para que ele separe os ovos chocos dos
que não o estão, estes últimos é que serão vendidos, os outros retornam à granja.
Em troca de uma balaio de ovos metade chocos e metade não, que servirão de
alimento à sua tribo, o KAKU começa o seu “trabalho” : através de seu
magnetismo ele...
- Quando alguém esta doente é transferido para uma árvore o mal que o
aflige, isto pode ocorrer de formas variadas: fazem um orifício no tronco escolhido
e mandam que o doente cuspa por 3 vezes em seu interior, ou então, que a pessoa
em estado febril balance uma árvore, dizem então:
- O mesmo ocorre com o nono filho de uma série de meninos, que deve
tornar-se vidente de alguma forma.
Tanto a 7ª filha, como o 9º filho, são tidos em suas tribos como afortunados,
e sempre terão apaixonados por sua pessoa.
Para ilustrar, em resumo, tudo o que falamos até agora, citemos um costume
cigano que fala um pouco sobre todos estes personagens mágicos evocados pelos
ciganos, sempre ligados a um dos elementos da natureza, vejamos:
- Quando uma mãe começa a sofrer as dores do parto, é feita uma fogueira
diante de sua tenda, que é mantida acesa até que a criança seja batizada, com a
finalidade de afastar os maus espíritos. Algumas ciganas ficam com a função de
alimentar esse FOGO par que não se extinga, enquanto o abanam (são usados
leques como foles) murmuram os seguintes versos de encantamento, em romanê
húngaro:
Se a MAÇÃ só for cortada uma tampa denota que o paciente não quer se
deixar conhecer, está recluso em si mesmo, e repleto de problemas. Deverá ser
feito um “trabalho” para que ele confie...então, poderá vir a ser auxiliado em seus
problemas.
Não importa muito o método usado, mas sim o seu objetivo, que é tão
simplesmente ajudar, pois é ajudando que se cresce interiormente.
CIGANOLOGIA
Diversas partes da galinha, são entretanto utilizadas com finalidades que nada
têm a ver com as culinárias. Assim uma pata de frango colocado isoladamente num
certo lugar é um “aviso”, em verdade um sinal de MORTE. A utilização torna-se
ainda mais insólita quando os KAKUS jogam patas, cabeças de frango, moelas,
corações, testículos de galos novos, misturados num recipiente e confiam tudo ao
gelo invernal. O bloco solidificado num objeto de aspecto alucinante, serve depois
de ajuda à vidente em estado de transe.
Esta arma de garras é muito mais temível que os soco americano ou inglês,
não só ele mata, como lacera profundamente a carne. Um homem pode ficar com
o ventre rasgado na hora com um só golpe da “garra”. Esse instrumento mortal
era destinado a combater os cães selvagens e os lobos que muitas vezes atacavam
as companhias ciganas, ou então contra um malfeitor relacionado principalmente a
honra agredida, como por exemplo, num caso de estupro.
A sustentação desta arma na mão é perfeita, ideal; uma vez o punho fechado
sobre a arma, a extremidade oposta à garra encaixa-se exatamente na concavidade
da palma da mão.
Era de costume o jovem cigano receber essa arma, que lhe era atribuída
pessoalmente, no curso de uma cerimônia ritual. Antes das crianças da tribo
atingirem o décimo quarto ano PHURI-DAI (mãe de tribo), segurando um ovo,
símbolo da vida, recebia o juramento de proteção, da parte das crianças. Cada
criança recebia nesta ocasião, uma pata de galo, que exibia ao prestar juramento.
Uma vez terminada a cerimônia, as crianças devolviam a pata ao KAKU que em
troca lhes dava patas de frangos com as quais eles deviam simular o aperto das
mãos símbolo de amizade entre irmãos de tribo, neste momento eles selavam um
pacto de não agressão mútua, depois disto iriam passar a “prova do fogo”,
O mais surpreendente nesse costume, é que era no OVO que o(a) KAKU
escolhia a arma futura, antes que o doador, em estado embrionário se tornasse
pinto, depois frango e por fim galo. Como o KAKU podia adivinhar que desse ovo
sairia um galo e não um galinha? Isto são segredos mágicos....Mas ouçamos uma
história que o KAKU HARTISS contou quando estava com 88 anos e,
considerando-se que há 5 gerações de ciganos em cada século o avô de PIETRO
HARTISS, protagonista desta história, teria vivido lá por 1840. Nessa época os
ciganos “tocadores de ovos” viajavam pelas feiras das aldeias. Conhecidos e
respeitados pelos camponeses, o “tocador” marcava encontro todos os anos diante
da igreja da vila e depois visitava as fazendas para tocar os ovos que lhe traziam.
Seu “trabalho” consistia em colocar os ovos em duas cestas, uma de vime natural
e outra escurecida com tintura de nogueira. Um ovo fêmea ia para a primeira
cesta, os outros para segunda. Mas seu estranho poder não parava aí. Uma vez
determinado o sexo, seguia-se uma segunda operação que os KAKUS chamavam
de “o sopro da vida”. Retomando um por um os ovos escolhidos, fosse para o
galo ou galinha, o cigano KAKU “tocava” de novo e escolhia os ovos mais aptos
ao desenvolvimento do pintinho até sua eclosão. Os camponeses juravam guardar
segredo sobre tudo o que tinham “visto”, como realmente o fazem todos aqueles
que por ventura tiveram um dia a oportunidade de assistirem um ritual de magia
verdadeira, quer seja ela da Tradição Cigana ou não.
Para que pudessem fazer isto, os (as) KAKUS fabricavam duas cestinhas de
junco seco e trançado; estas ficavam suspensas por quatros fios tirados da crina de
um cavalo e presas uma a outra em cada extremidade de uma vara de vime partida
ao meio, como a balança dos gadjés. Numa das cestinhas era colocado 6 ou 8
ovos, na outra correspondente em cascalhos. Tão logo a haste de vime ficasse na
horizontal, o(a) KAKU tirava os ovos, envolvia-os com terra argilosa e aguardava
até que a sombra da carroça passasse par o lado oposto. Retirava então, o
invólucro de argila, limpava-os e voltava a colocá-los nas cestinhas, as quais
chamavam de “barquinhas”; e ali, para assombro de muitos, os ovos não ficavam
mais em equilíbrio. O(A) KAKU, então, juntava aos ovos o peso de seus brincos de
ouro, as vezes, uma serpente de outro que usava no dedo médio, isto se fosse uma
cigana; mas caso fosse um cigano, colocaria na “barquinha” um seu anel, algumas
moedas, ou um de seus medalhões, todos feitos do mesmo material: ouro. Assim
feito, a “barquinha” tornava a se equilibrar. Diziam, então a viva voz: - “O BENG
(o mal, o diabo) foi para o fundo da terra e o ovo transformou-se em sol.”
Não se sabe porque os ovos perdem peso quando envolvidos na argila, nem
como esta pode conservar o seu, isto se vermos todo este processo através da
ciência física, mas todo um entendimento ocorre se olharmos para tudo isto através
dos conhecimentos esotéricos.
A argila absorve o peso do ovo avaliado pelo prato da balança. E o que nos
diz a Tradição Cigana sobre isto? Ela nos repassa que a argila se nutre do
negativo, e como não pode digeri-lo, morre; é por isso, que é jogada fora
imediatamente após o seu uso, ela não digeriu o veneno das impurezas com o qual
se “alimentou”. O homem sadio, nos diz a Tradição, a partir do primeiro dia da
lua até a lua nova, mantém o mesmo peso, não importa a quantidade de alimentos
ingeridos. A argila é igual, porque é feita como o homem; nutre-se, digere, e assim
como ele, envelhece e morre no dia em que o seu alimento se transformou em
veneno.
Inúmeros são estas lendas sobre os ovos e cascas de ovos, muitos, como os
do cuco são dados de presente porque os ciganos acreditam que eles atraem sorte
Vamos relatar aqui apenas duas destas lendas, sendo que a primeira tenta
explicar o porque do costume de se “quebrarem os ovos”.
1ª LENDA – “Certa vez, uma moça cigana, observando que doas as pessoas,
quando comiam ovos, costumavam quebrar as cascas, perguntou o porque desse
comportamento a uma KAKU, e recebeu a seguinte resposta:
Então, disse a jovem cigana: - Não vejo por que as pobres feiticeiras não
possam ter seus barcos como todas as pessoas, de repente elas não o são assim
tão más como dizem.
E, isso dizendo, atirou a casca de ovo que comia bem longe, enquanto
gritava: - CHOVINANI, LVA TRO BERO! (Feiticeira, tome o seu bote!). E qual
não foi a sua surpresa, quando viu que a casca fora como que arrancada pelo
vento, indo para bem longe, até tornar-se invisível, enquanto uma voz gritava:
-PARAKA! (obrigado!).
Algum tempo depois, a cigana estava numa ilha onde permaneceu alguns
dias. Quando quis voltar, percebeu que a maré subira, arrastando seu barco para
longe. A água continuou a subir, a subir, até que ficou fora da água somente uma
pontinha da ilha, exatamente onde a moça se encontrava, e ela pensou que iria
morrer. Nesse mesmo instante, viu que um barquinho branco vinha em sua
direção, sentada dentre dele, estava uma mulher como olhos de feiticeira, muito
belos e carismáticos, remava com uma vassoura, e um gato lindo, todo preto,
estava acocorado em seu ombro esquerdo.
Pule para dentro de meu barco, gritou para a cigana. Esta a obedeceu a
feiticeira e levou-a de volta para terra firme, salvando-lhe a vida.
Quando já estava na praia, segura, a mulher que aparentava ser uma
feiticeira disse: - Cigana, dê 3 voltas completas para a direita e, cada vez que
completar uma delas, olhe par o meu barco.
- Essa é a casca que você jogou para mim, até mesmo uma feiticeira sabe ser
MORAL DA LENDA CIGANA -”Não existe o mal no mundo onde vivem estes
seres etéricos, eles nos tratam da mesma forma que nós os tratamos, respondem
na mesma tônica vibratória; se emitimos amor, solidariedade, o mesmo
receberemos deles, mas se emitirmos crueldades, perfídias, então, podemos estar
certos que são exatamente estes mesmos sentimentos que “eles” nutrirão por nós.
- “Havia uma jovem cigana que era muito inteligente e , sempre que ouvia
conversas sobre feiticeiras prestava muita atenção para não se esquecer de nada.
Certo dia, pegou um ovo, fez um buraquinho na casca com muito cuidado e, por ali
bebeu a clara e a gema; colocando-o sobre um monte de areia branca perto de
uma correnteza, onde pudesse ser visto, e escondeu-se atrás de uns arbustos.
Quando a noite caiu, chegou uma feiticeira que vendo a casca novinha de ovo, se
aproximou dela e disse algumas palavras mágicas, transformando-a em um lindo
barco branquinho, entrou nele e saiu velejando pelo mar.
A cigana lembrava-se das palavras proferidas pela feiticeira, foi para casa, fez
a mesma coisa com outro ovo, transformando-o em um barco.
Mas existia na aldeia onde vivia esta cigana com sua tribo, uma mulher muito
malvada com as crianças e sumamente invejosa da felicidade alheia. Como a
cigana era gentil com ela assim mesmo, a tal mulher a odiava por isto, como
também por sua riqueza e saúde. Então, esta feia criatura, pois a feiúra da alma é
horripilante, começou a espionar e vasculhar a vida da moça, para descobrir o
segredo de sua prosperidade e alegria.
- “ Para a África!”, e o bote voou com ela mar a fora...a mulher observou tudo
e ficou aguardando. Depois de um tempo, a cigana retornou. O barco estava cheio
de coisa lindas como penas de avestruz, ouro, pedras, coloridas e preciosas, frutas
e flores exóticas, e a cigana carregou tudo para dentro de sua tenda.
O barco tão somente ficou a boiar com a tal mulher, e mesmo assim
lentamente, e ela gritava com raiva: -“Mais depressa barco miserável!”. Ela assim
gritou por um bom tempo inutilmente, o barco não lhe obedecia, finalmente
possessa de ódio exclamou: “- Droga de feitiço, em nome de Deus me obedeça,
vamos depressa!”.