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Sumário
Resumo ....................................................................................................................... 1
Introdução ................................................................................................................... 2
1. Da Crise de Percepção e seus Impactos no Meio Ambiente ............................. 4
2. Das Percepções das Relações Interdependentes na Teia da Vida e Suas
Manifestações Contributivas .................................................................................... 9
2.1. Panorama da Democracia Participativa a Partir da Percepção das Relações
Interdependentes ..................................................................................................... 16
3. Considerações Finais ........................................................................................... 19
Referências ............................................................................................................... 20
RESUMO
O presente artigo tem por objeto de análise o desenvolvimento das percepções das relações
interdependentes da ecologia profunda, a Teia da Vida, como forma de superação das crises
políticas, econômicas e sociais, que são ramificações objetivas de uma só crise subjetiva: A
crise de percepção. Serão tratados os princípios ecológicos que indicam um complexo estado
de inter-relação e interdependência na diversidade de tudo que compõe a vida. A partir deste
ponto, serão expostos os aspectos contributivos e transformadores dessa visão de universo
unificada no mundo político e jurídico em prol da sustentabilidade, em vista de desconstruir a
privatização e a pessoalidade, transformando-as em sentimento de participação e co-relação
para com a coletividade e a natureza. Como demonstração de seus efeitos, analisar-se-á a
prática da Democracia Participativa como consequencia lógica da majoração dos indivíduos
que deixam desabrochar a individuação através das percepções ampliadas, conceito tratado no
artigo. Utilizou-se o método indutivo como forma ordenada do raciocínio, desenvolvendo-se a
pesquisa por intermédio da pesquisa bibliográfica transdisciplinar.
1
Acadêmico do 10º Período do curso de direito da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.
camilo_garcia@univali.br. 9917 0938.
2
Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Professor
orientador.
2
INTRODUÇÃO
3
Individuação significa tornar-se um ser único, na medida em que por "individualidade"
entendermos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que
nos tornamos o nosso próprio si-mesmo. Podemos, pois traduzir "individuação" como "tornar-
se si-mesmo" ou "o realizar-se do si-mesmo".
JUNG, Carl. O Eu e o Inconsciente. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 2008. P. 60.
3
4
“[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma
percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica:
teoria e prática. 11 ed. Florianópolis: Conceito Editorial; Millennium, 2008. P. 86.
5
“Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais.”.
PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. P. 209.
RODRIGUES, Maria Lúcia. Caminhos da Transdisciplinaridade: Fugindo a injunções
6
lineares. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, No.64, AnoXXI, Ed.Cortez, Nov/2000.
A transdisciplinaridade surge como possibilidade para o alargamento da compreensão do real,
como renascimento do espírito e de uma nova consciência, de uma nova cultura para enfrentar
os perigos e horrores desta época. Instiga a tomar consciência da gravidade do momento e a
colocar em conexão os conhecimentos e as capacidades de pensar para transformar a si
mesmo e o mundo em que vivemos, levando a termo uma nova praxis.
4
7
BAHIA, Mirleide Chaar; SAMPAIO, Tânia Mara Vieira. O turismo de aventura na região
amazônica: desafios e potencialidades. In: UVINHA, Ricardo Ricci (Org.). Turismo de
aventura: reflexões e tendências. São Paulo: Aleph, 2005. P. 4.
8
CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida: Uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São
Paulo: Cultrix, 1996. P. 22.
PENTEADO, Claudio Luis de Camargo; FORTUNATO, Ivan. Crise Ambiental e Percepção:
9
10
CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida: Uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São
Paulo: Cultrix, 1996. P. 40
11
NICANOR (Espírito). Evangelho, Psicologia, Ioga: Estudos espíritas. [Psicografado por]
América Paoliello Marques. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1995. P. 221
12
MORIN, Edgar. A Cabeça Bem-Feita: repensar a reforma, reformar o pensamento.
Tradução de Eloá Jacobina. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. P. 13
13
MAFESSOLI, Michel. Saturação. São Paulo: Iluminuras, 2010. P. 89
6
14
MAFESSOLI, Michel. Saturação. P. 22.
15
SANTOS, Milton. Por Uma Outra Globalização: Do pensamento único à consciência
universal. 6. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001, P. 114.
16
MAFESSOLI, Michel. Saturação, P. 79.
17
MAFESSOLI, Michel. Saturação, P. 79.
7
18
FRANCO, Juliana Oshima. O Papel do Estado em Tempos de Globalização: Uma Outra
Abordagem Midiática. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação. Disponível em:
<http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2006/resumos/R0573-1.pdf>. Acesso em: 23 de
Maio de 2011.
19
CARNEIRO. A Antropologia Filosófica na Perspectiva de Jiddu Krishnamurti: a
educação como elemento fundante do homem. 2009, 226 páginas. Tese (Doutorado em
Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador. P. 28.
20
ZEITGEIST. Produção de Peter Joseph. 2007. Disponível em:
<http://video.google.com/videoplay?docid=-1459932578939373300#docid=-
1437724226641382024>. Acesso em: 25 de Maio de 2011. (118 min.).
21
ZEITGEIST. Produção de Peter Joseph. 2007. Disponível em:
<http://video.google.com/videoplay?docid=-1459932578939373300#docid=-
1437724226641382024>. Acesso em: 25 de Maio de 2011. (118 min.).
22
PENTEADO, Claudio Luis de Camargo e FORTUNATO, Ivan. Crise Ambiental e
Percepção: Fragmentação ou complexidade? P.2.
8
23
ZEITGEIST: Moving Foward. Produção de Peter Joseph. 2011. Disponível em:
<http://video.google.com/videoplay?docid=-1459932578939373300#docid=-
1437724226641382024>. Acesso em: 25 de Maio de 2011. (161 min.)
24
NAVARRO, Marli B.M. de Albuquerque; CARDOSO, Telma Abdalla de Oliveira. Percepção
de Risco e Cognição: reflexão sobre a sociedade de risco. Revista Ciências & Cognição,
Rio de Janeiro/RJ, vol. 06, Nov. 2005, p. 69.
9
25
MAFESSOLI, Michel. Saturação. P. 71
A ecosofia, termo abordado por Guatarri, trata de uma articulação ético-política entre o meio
26
CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida: Uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. P.40
28
10
29
CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida: Uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. P.23
30
CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida: Uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. P.231
11
contém o Todo. Como cita a antiga escritura budista, sabedoria milenar que
hoje a ciência começa a certificar: “Em cada átomo dos domínios do universo,
existem vastos oceanos de sistemas de mundo31”.
Todo aquele que assimila a percepção interdependente da realidade
pode extrair disto a verdadeira e inabalável auto-estima. O estímulo que o faz
erguer-se perante os estigmas do mundo moderno e de si mesmo, a auto-
superação.
Para os estudiosos que tratam dessa relação entre os sistemas de
percepções e a harmonia sustentável inerente à ecologia profunda, tal
fenômeno de ampliação da percepção resulta em transformações na própria
estrutura psíquica do ser, a qual, conseguintemente, manifesta-se nas ações
conscientes em forma de contribuição, as quais, atualmente, se notam em
estado embrionário, como que ideias e movimentos político-sociais em
gestação.
Num sentido jurisdicional, aos poucos se pode ver surgindo no âmbito
dos bens jurídicos coletivos, protegidos pelo o que a doutrina chama de Direito
Penal do risco, as relações de interdependência que antes não eram
compreendidas. Coletivos, pois, referidos bens não estão à mercê da luxúria
pessoalíssima tendenciosa do modelo capitalista. Estes bens difusos são
imateriais, intangíveis e intransferíveis e dizem respeito a um mundo
ecologicamente equilibrado.
A ideia do Direito Penal de Risco encontra fundamento na norma
constitucional do art. 225, §1º32. A tutela individualista preconizada pela
31
O grande ornamento floral – antiga escritura budista
32
Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico
das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a
serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora
de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se
dará publicidade;
12
ordenação Penal Clássica dá lugar a um novo direito criminal que põe de lado
a característica antropocêntrica estritamente punitiva. Relaciona, com objetivo
de prevenir o dano ecológico, a administração e tutela penal como, por
exemplo, intencionou a Lei. 9605/98.
Tendo esta nova roupagem, a diretriz penal na sociedade de risco é a
capacidade de unir diferenciando e distinguindo33 diversas faces do mundo
jurídico com as complexidades da natureza. Tal premissa torna claro o dever
constitucional de proteção ao meio ambiente, envolvendo, indiretamente, os
princípios das percepções interdependentes da ecologia profunda. De acordo
com o Dr. Leal Júnior34:
Como se vê, existe uma obrigação constitucional do Poder
Público de preservar os processos ecológicos essenciais e
prover o manejo ecológico dos ecossistemas. Um manejo
ecológico envolve a observância dos princípios da ecologia,
que asseguram o equilíbrio dos ecossistemas e que mitigam as
influências externas sobre os referidos sistemas locais. Um dos
mais importantes desses princípios é o “agir localmente, pensar
globalmente”, que deve pautar a conduta de todos aqueles que
procurem viver em harmonia com o meio ambiente e com seus
ecossistemas. Significa dizer que a natureza não pode ser
repartida em pedaços isolados e dissociados do restante de
seus elementos integrantes, porque tudo se relaciona com
tudo. O meio ambiente não conhece fronteiras e os respectivos
danos não ficam circunscritos às fronteiras que o homem traça.
O meio ambiente não respeita os limites do homem, é o
homem que deve respeitar as possibilidades do meio ambiente.
(grifo nosso).
35
LEAL JÚNIOR, Cândido Alfredo Silva. O Princípio da Insignificância nos Crimes
Ambientais: a insignificância da insignificância atípica nos crimes contra o meio ambiente da
Lei 9.605/98.
NAVARRO, Marli B.M. de Albuquerque e Cardoso, Telma Abdalla de Oliveira. Percepção de
36
38
MAFESSOLI, Michel. Saturação. P. 62
JUNG, Carl. O Eu e o Inconsciente, p. 64.
39
40
NICANOR (Espírito). Evangelho, Psicologia, Ioga: Estudos espíritas. [Psicografado por]
América Paoliello Marques. P. 216
15
41
SOARES, Josemar Sidnei. Consciência de Si e Reconhecimento na Fenomenologia do
Espírito e Suas Implicações a Filosofia do Direito. Tese (Doutorado em Filosofia) -
Faculdade de Filosofia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. P 54.
42
SOARES, Josemar Sidnei. Consciência de Si e Reconhecimento na Fenomenologia do
Espírito e Suas Implicações a Filosofia do Direito. P. 87.
43
GUATARRI, Félix. As Três Ecologias. Campinas, São Paulo: Editora Papirus, 1990. P. 16
16
44
MAFESSOLI, Michel. Saturação. P. 23/24.
45
GUATARRi, Félix. As Três Ecologias. Campinas, São Paulo: Editora Papirus, 1990, P. 9
46
PENTEADO, Claudio Luis de Camargo; FORTUNATO, Ivan. Crise Ambiental e Percepção:
Fragmentação ou complexidade? P. 06
17
47
CHEREN, Luiz Eduardo Dado; CRUZ, Paulo Márcio; RAMOS, Flávio. Parlamento,
Democracia Representativa e Democracia Participativa. Revista Filosofia do Direito e
Intersubjetividade, Itajaí/SC, 2º Edição. P. 8.
48
PLATÃO. A República. São Paulo: Martin Claret. 2006, p 34-35.
49
ZEITGEIST: Addendum. Produção de Peter Joseph. 2007. Disponível em:
<http://video.google.com/videoplay?docid=-1459932578939373300#docid=-
1437724226641382024>. (117 min.). Acesso em: 25 de Maio de 2011
ZEITGEIST: Addendum. Produção de Peter Joseph. 2007. Disponível em:
50
<http://video.google.com/videoplay?docid=-1459932578939373300#docid=-
1437724226641382024>. (117 min.). Acesso em: 25 de Maio de 2011
51
CHEREN, Luiz Eduardo Dado; CRUZ, Paulo Márcio; RAMOS, Flávio. Parlamento,
Democracia Representativa e Democracia Participativa. Revista Filosofia do Direito e
Intersubjetividade, Itajaí/SC, 2º Edição. P. 13.
18
52
CHEREN, Luiz Eduardo Dado; CRUZ, Paulo Márcio; RAMOS, Flávio. Parlamento,
Democracia Representativa e Democracia Participativa. P.18
53
Palavra em latim que indica re-conexão.
19
54
SANTOS, Thiago Mendonça & CRUZ, Paulo Márcio. O Modelo de Democracia
Participativa Como Solução à Crise do Sistema Democrático. Revista de Iniciação
Científica do CEJURPS - RICC, Itajaí/SC, Julho/Dezembro 2010. P. 10.
55
Projeto de Lei de iniciativa popular em andamento. Disponível em:
http://www.fbes.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=5086&Itemid=262. Acesso
em: 05 de Maio de 2011.
20
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
<http://video.google.com/videoplay?docid=-1459932578939373300#docid=-
1437724226641382024>. (117 min.).
21
REFERÊNCIAS
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&
artigo_id=8802. Acesso em: 07/05/2011.