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Igreja
LuteranaREVISTA TEOLóGICA
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da Igreja Evangélica Luterana do Brasil .

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Ano XXIV Pôrto Alegre 1963


.CASA PIJBLICADORA CONCóRDIA S. A.
IGREJA LUTERANA REVISTA TEOLÓGICA
da Igreja Evangélica Luterana do Brasil
(trimestral)
Autorizada a circular por despacho do D. I. P. - Proc. 9.631-4G

Redatores: Prof. Dr H Rottrnann Editora Casa Publicadora Concórdia S.A.


Prof. O. A. Goerl Tiragem: 350
Ano XXIV Porto Alegre 1963 N" 2

MARXISMO E CRISTIANISMO
Arnaldo SCHÚLER
Trabalho apresentado à conferência de pastores e professo-
res do distrito de Porto Alegre, em julho do ano em curso.

"Todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em co-


mum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o pro-
duto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade" (Atos
2.44,45).
"Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Nin-
guém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que pos-
suía; tudo, porém, lhes era comum. Com grande poder os apóstolos
davam o testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos
eles havia abundante graça. Pois nenhum necessitado havia entre
eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, tra-
ziam os valores correspondentes, e depositavam aos pés dos após-
tolos; então se distribuía a qualquer um ã medida que alguém tinha
necessidade" (Atos 4.32-35).
É comum verem-se referidas em apoio do marxismo as passa-
gens que epigrafamos. Cristianismo e marxismo é o assunto que
vamos conferenciar.

Questão terminológica
Devemos tratar, preliminarmente, uma questão terminológica.
Existe a tendência de sinonimizar marxismo e comunismo. Anuncia
um autor que vai criticar o marxismo, e, a certa altura, autoriza-se
com a Quadragésimo Anno, de Pio XI: O comunismo considera a
produção como fim único da organização social que preconiza. Seus
leitores passam adiante a noção: Um dos erros de Marx foi ensinar
que a produção é o fim único, etc. Vai-se às fontes, e descobre-se
que a produção, para Marx, nem sequer é o fim principal. Mais
além, nosso autor afirma que o marxismo nada mais é do que a
exploração do proletariado por um sistema de capitalismo estatal
— e aponta a União Soviética, provando que lá não se discutem
70 Marxismo e Cristianismo

salários, explora-se a mais-valia, não se paga na medida da neces-


sidade de cada um, mas segundo o .trabalho, pratica-se, enfim, um
monopólio da pior espécie, um capitalismo com alguns dos vícios prin-
cipais do pré-capitalismo. Vai-se às fontes, e deseobre-se que o pro-
testo contra a exploração do trabalho por parte de qualquer forma
de capitalismo é a substância do miolo das ideias marxistas sobre
o problema económico. O sonho de Marx era ver os instrumentos
de produção a serviço da sociedade humana, não a serviço de um
Estado.
Queremos esclarecer que marxismo ou marxista, em nossos
comentários, referir-se-á sempre à doutrina da Carlos Marx e Fre-
derico Engels, ou à concepção do mundo — obra coletiva — que
tem na figura de Marx um de seus principais representantes. Mar-
xismo, nestes comentários, nunca designará a ideologia e a prática
do bolchevismo. Não analisaremos, portanto, oposições entre o cris-
tianismo e o mundo dos horrores e comunistas de hoje, ou entre
cristianismo e um marxismo deturpado e caluniado por ignorantes,
por comentadores de pouca exação ou por simples maldosos a ser-
viço de interesses menos nobres. Procuraremos verificar o que
Marx e Engels realmente ensinaram e quais os elementos de sua
doutrina, ou da mundivivência de cuja estruturação foram os prin-
cipais arquitetos, em antagonismo efetivo com o cristianismo, não
com possíveis preconceitos de cristãos ou com um cristianismo de-
turpado e rnal compreendido. Mais. Procuraremos evitar também
os inúmeros erros de interpretação ocasionados por incoerências
do próprio Marx.

Retificações preambulares
Afirmamos que existe um Marx deturpado, caluniado, não bem
interpretado. Ilustrando a afirmação, avançar-nos-emos na análise
de nosso assunto.
Já se condenou como praga marxista a ideia do comunismo
sexual, a ideia da transformação da mulher em rameira, internacio-
nal. Eis o que escreveu Marx: "Na relação com a mulher, como
presa e serva da luxúria comunal, expressa-se a infinita degrada-
ção de si próprio existente no íntimo do homem" (Manuscritos Eco-
nómicos e Filosóficos, pág. 126). Esta é sua opinião sobre a ideia
de alguns pensadores comunistas que julgavam razoável abolir tam-
bém a propriedade privada no que diz respeito às mulheres. A ideia
do comunismo quanto às mulheres é do sublime Platão. Preconi-
za-a em seu Estado ideal, restringindo, porém, a abolição da pro-
priedade privada às duas classes superiores: os filósofos e os vigi-
lantes, ou guerreiros. Do que se pode colher dos escritos de Marx,
pensava êle que numa sociedade de comunismo integral o amor
seria livre, sim, mas no sentido de a mulher não ser nunca escrava
do homem e no sentido de a união monogâmica só perdurar en-
quanto haja amor, não havendo nenhum empecilho à dissolução
Marxismo e Cristianismo 71

do matrimónio e à constituição de outro. Claro que isto não se har-


moniza com a posição cristã. Todavia, é claro também que a ideia
de Marx não se confunde com quaisquer teses de comunismo sexual,
entendido este como comércio sexual de grupos de homens com gru-
pos de mulheres, ou de todos os homens com todas as mulheres.
Basta dizer que Marx foi materialista — lembra alguém. Cre-
mos que não basta. Convém esclarecer em que sentido o foi. Mate-
rialismo, na acepção filosófica do termo, não é sinónimo de hedo-
nismo, ou epicurismo, no sentido de sensualidade; não é a afirmação
do primado do ganho e conforto materiais, o primado do deus-ventrc
e do bezerro de ouro. Estas coisas o materialismo de Marx as expro-
bra ao capitalismo de seu tempo. Materialismo, em filosofia, designa
sistemas que negam a substância imaterial. Quando se fala em
materialismo a propósito de Marx, deve entender-se o termo nesta
sua acepção filosófica, não no sentido que se lhe empresta em
debates de natureza ética ou axiológica, ou quando se discute psi-
cologia das paixões.
Vejamos agora duas inexatidões muito difundidas no que diz
respeito ao míaterialismo histórico, designação equívoca que deve-
ria ceder o lugar à expressão materialismo económico. Dêmos a
palavra a Marx, para que nos diga o que entende por materialismo
histórico: "O resultado geral a que cheguei, e que, uma vez al-
cançado, serviu de guia a meus estudos, pode ser assim sintentiza-
do: na produção social de sua vida, os homens ingressam em rela-
ções definidas, que são indispensáveis e independem de sua von-
tade, relações de produção correspondentes a determinada etapa de
evolução de suas forças produtivas materiais. O grande total dessas
relações de produção constitui a estrutura económica da sociedade,
o verdadeiro alicerce sobre o qual se ergue uma super-estrutura ju-
rídica e política à qual correspondem formas definidas de consciên-
cia social. O sistema de produção da vida social condiciona o pro-
cesso da vida social, política e intelectual em geral. Não é a cons-
ciência dos homens que determina seu ser social, porém pelo contrá-
rio, seu ser social é que determina a consciência deles" (Prefácio
a uma Contribuição à Crítica da Economia Política, Obras Seletas,
Marx-Engels, vol. I, Moscou, 1955, páginas 362-362).
Notemos, em primeiro lugar, que, segundo o materialismo
histórico, o modo de produção determina o modo de pensar, os dese-
jos, os interesses, ao passo que segundo o materialismo na acepção
vulgar, extrafilosófica, a motivação fundamental do homem é o
ouro, o estômago e a libidinagem.
De passagens como a que transcrevemos, poder-se-ia inferir que
o homem, no entender de Marx, é mero joguete de circunstâncias.
Todavia, não foi esta a exata posição de Marx. Nega-o êle explici-
tamente: "A doutrina materialista referente à mudança das cir-
cunstâncias e da educação esquece que as circunstâncias são modifi-
cadas pelos homens e que o próprio educador tem de ser educado"
(Ideologia Germânica, Marx-Engels, N. Iorque, 1939, nág. 197). É
72 Marxismo e Cristianismo

paradoxal e é incoerente que Marx afirme a existênxia de ideais


inerentes ao homem, bem como a capacidade do homem no sentido
de fazê-los valer no processo histórico, mas a verdade é que êle afir-
ma ambas as coisas. Voltaremos à questão mais a diante.
Convém chamar ainda a atenção para um ataque ao marxismo
que representa uma incoerência da parte de muitos de seus críticos
quando feito em termos absolutos: a agressão à tese marxista sobre
o uso da violência. Como é sabido, Marx defende o apelo para a
revolução pelas armas, que foi o método usado em' 70 % das revolu-
ções, segundo uma equipe de pesquisadores da Universidade de
Harvard. Muitos democratas costumam falar dessa tese com ares
de mahatma Ghandis contrafeitos por semelhante filosofia de ani-
mais. Esquecem que a revolução é a mãe da democracia ocidental.
Se não há dúvida que o ideal é a transformação pacífica do quei
deva ser transformado, também não há dúvida que os democratas
sempre admitiram, pelo menos na prática, a hipótese da revolução
sangrenta. Apenas queremos dizer que não é muito convincente
atacar, de um lado, e em termos absolutos, a ideia que legitima o
uso da força, e de outro, fazer discursos vibrantes sobre o Sete de
Setembro, exaltar a Revolução Francesa, celebrar figuras como
Jorge Washington e Abraão Lincoln, ou endossar o nosso Rui Bar-
bosa quando afirma, numa conferência em que tritura o governo
do marechal Hermes: "A maior das revoluções estaria cem vezes
justificada com esses desvarios, que anulavam a federação, des-
truíam o regímen constitucional, aboliam a justiça e canibalizavam
a política brasileira" (A Crise Moral, Organização Simões, pág. 104).
Marx via na atividade revolucionária apenas um meio de le-
var a termo uma nova ordem social já em gestação: "A força é' a
parteira de toda sociedade antiga que carrega no ventre uma nova"
(O Capital, vol. I, pág. 824). O certo é que a maioria dos demo-
cratas escandalizados com a defesa da violência sempre aplaudiu
de pé as intervenções cesarianas da parteira marxista. Observa-se
que os elogios ou as condenações de que ela é objeto dependem do
ventre em que mete ou ameaça meter o bisturi.
Outro* equívoco diz respeito à tese marxista da abolição da
propriedade privada. Há quem diga: Não abro mão do direito de
posse exclusiva de uma casa, uma horta, um automóvel, etc. Impor-
ta notar que Marx usa a expressão propriedade privada num sen-
tido histórico bem definido. Em seus escritos, esta expressão designa
a posse individual dos meios de produção no sistema capitalista.
Meios de produção, para êle, é matéria-prima e ferramenta. ISfão
interfere com a casa, a horta e o automóvel de ninguém, É interes-
sante citar aqui a Constituição Soviética, de 1936. Diz ela, no arti-
go décimo, que a lei protege o direito pessoal de propriedade, o di-
reito de salário e economias, de moradia e atividade económica a
ela anexa, dos instrumentos da atividade económica anexa e dos
utensílios de uso doméstico, dos objetos que satisfaçam necessi-
Marxismo e Cristianismo 73

dades ou o conforto pessoal, bem como o direito de herança no que


diz respeito à propriedade pessoal do cidadão.
Ainda uma advertência para os que desejam julgar acertada-
mente da economia política de Marx, a parte de sua obra que mais
interessa ã ciência: é preciso não perder de vista que sua análise
crítica tinha por objeto o capitalismo decimononista, da primeira
revolução industrial, fato que torna sua análise caduca em grande
medida, pois as coisas evoluíram de lá para cá. Já ingressamos na
era da revolução técnica, na era da cibernética, da aplicação da
energia atómica, etc. O elemento positivo de sua crítica está nos
defeitos que apontou no capitalismo da velha guarda, defeitos que
o neoliberalismo económico de nossos dias tenta superar.

Contexto histórieo-social

É oportuno acrescentar aqui algumas palavras que ajudem a


compreender o surgimento e florescimento da ideologia marxista.
Criaram-lhe ambiente propício as consequências práticas da
concepção imoral de uma economia absolutamente autónoma. O
liberalismo do século passado, que concebia o Estado como orga-
nismo destinado a manter a ordem pública e fazer cumprir a lei,
deixando o bem-estar económico do povo à mercê do jogo de inte-
resses da livre empresa (laissez-faire), provocou também o surgi-
mento dos Estados totalitários. O individualismo liberal, que rela-
xou, sem dúvida possível, o aspecto social do ser humano, atomi-
zando a sociedade, só poderia resolver os problemas económicos e
sociais se fossem verdadeiros seus pressupostos. Um destes presu-
postos é o da espontânea autolimitação de cada um. A história do
século passado e a do nosso evidencia a insuficiência de se assegurar
a autodeterminação do indivíduo num sistema de livre concorrên-
cia, sonhando que daí resultará a harmonia no plano económico e
social. Este sistema não impede, por exemplo, a formação de mo-
nopólios que suprimam exatamente a livre concorrência. O fato in-
discutível é que o simples aumento da produção de forma nenhuma
garante automaticamente mais bem-estar para todos. Também não
padece contestação que só a gancho os operários conseguiram a fi-
xação de salário-mínimo, seguro contra acidentes, limitação das
horas de trabalho, férias remuneradas, direito de se associarem para
a defesa de seus interesses, etc.
Marx tornou-se intérprete da vasta desilusão produzida nas
massas pelo liberalismo selvagem de seu século, que rebaixou o
trabalho humano a mercadoria e o explorou criminosamente.
O interesse único que orienta o mau capitalismo é o lucro do
indivíduo. Sacrifica ao lucro, sempre que possível, todo e qualquer
interesse coletivo. A criatura humana lhe é um animal capaz de
realizar determinados trabalhos e obrigado a comprar determina-
dos produtos. Este inumanismo, praticamente materialista, é o gran-
de responsável pelo surgimento e florescimento da esquerda radical.
74 Marxismo e Cristianismo

Ninguém pode negar que o capitalismo liberal em sua primeira fase


desempenhou papel útil e até necessário em sua época, criando o
desenvolvimento técnico e o progresso industrial. Reconhecem-no
Marx e Engels no Manifesto Comunista (1848), onde afirmam que
a burguesia realizou maravilhas superiores às pirâmides egípcias,
aos aquedutos romanos, às catedrais góticas: civilizou as nações. É
falso, contudo, o princípio deste capitalismo: o maior lucro possí-
vel para o dono absoluto da empresa. Marx afirma que esta ânsia
desvairada de lucro na economia liberal-individualista conduz fa-
talmente à exploração do operário. Nenhum cristão duvidará esta
afirmação. Nem assinará a tese do dono absoluto da empresa. Se-
gundo o cristianismo, não há proprietários absolutos de nada; ape-
nas há mordomos. A tese do dono absoluto da empresa nem se pode
sustentar à luz da razão. Por sua finalidade, a empresa não interessa
exclusivamente ao dono. Sua finalidade social não permite que o
proprietário lide com ela como se lida com bens de uso e consumo.
O bom senso jurídico sujeitará o dono a preceitos de direito público
que defendam os interesses coletivos envolvidos na empresa.
O cristão repudiará também o princípio do livre jogo das for-
ças económicas. Seu princípio é outro: Amarás o teu próximo como
a ti mesmo. Estes dois princípios mutuamente se excluem. A men-
sagem social do cristianismo é a lei do amor, não o catch as catch
can do liberalismo económico em sua forma selvagem. •
Não se cometa, porém,, o erro de pensar que Marx apenas cri-
ticou defeitos do pré-capitalismo de sua época. Para êle, o esbulho
capitalista é da lógica do sistema. Baseia esta crítica na teoria da
mais-valia. Exporemos, rapidamente, esta teoria e em seguida apon-
taremos as divergências irredutíveis entre marxismo e cristianismo,
que é propriamente nosso tema.

Conceito de mais-vaíia
Diz Marx que o assalariado vende força ou capacidade de tra-
balho, produzindo, entretanto, valor superior ao que recebe. A di-
ferença é a mais-valia, que vai ao bolso do dono da empresa. Em
outras palavras: o assalariado trabalha mais do que seria neces-
sário ao seu sustento. Desse tempo a mais apropria-se o capitalis-
mo. Ilustremos com um exemplo hipotético: um operário ganha
Cr$ 500,00 por dia. Em quatro horas de trabalho produz, por hipó-
tese, mercadoria no valor deste salário. Trabalhando, porém, oito
horas, produz mercadorias no valor de Cr$ 1.000,00. Sustentando-se
o operário com apenas quatro horas de trabalho, no sobretempo
(mais quatro horas) realiza produto cujo valor comutativo corres-
ponde aos víveres de mais um dia de trabalho. Deste sobretempo
beneficia-se o capitalista. O aumento de valor correspondente ao
trabalho do sobretempo é a mais-valia. O capitalista emprega parte
de seu capital em melhorias e aquisições — capital constante; em-
prega outra parte em salários — capital variável. É este capital
Marxismo e Cristianismo 75

variável, assim chamado porque varia conforme a força de tra-


balho empregada pelo empresário, que produz a mais-valia, pois o
capital gasto em salários produz mais valor do que o valor dos
salários. A tendência do empresário será, pois, aumentar a taxa da
mais-valia (o lucro é o motor da economia capitalista). Na época
de Marx o capitalista podia alcançar esse objetivo através da ex-
ploração dos assalariados, diminuindo o salário ou aumentando as
horas de trabalho. Quando surgiram as leis que limitam as horas
de trabalho e fixam o salário-mínimo, viu-se o capitalista obrigado
a seguir outro método: aumentar a produtividade através de máqui-
nas cada vez mais aperfeiçoadas. Mas isto implica em aumento mais
rápido do capital constante do que do variável. Nesta situação, a
taxa de lucros tende a baixar. Os prejudicados reagiram de várias
maneiras. Uma delas é a formação de monopólios, o que lhes per-
mite controlar a produção.
Em resumo, a tese de Marx é a seguinte: o direito ao valor to-
tal da produção é do conjunto dos que produzem. Não procede a
afirmação de que Marx haja defendido o direito do indivíduo ao valor
total do que produz. Falsa também é a afirmação, muito comum,
de que segundo Marx apenas o trabalho manual produz valor, e que
apenas este trabalho tem direito a remuneração. Marx reconhece
que também produz valor o cérebro que dirige a produção, e defen-
de, como é óbvio que fizesse, a remuneração de quem trabalha na
distribuição dos produtos. Sua crítica incide sobre o fato de um
indivíduo ou grupo se beneficiar da mais-valia.
Não teria cabida aqui uma análise pormenorizada da economia
política de Marx. Cairíamos fora de nosso tema. Expusemos o con-
ceito de mais-valia porque a êle já nos referimos duas vezes. Acres-
centaremos tão somente algumas linhas a propósito das expressões
"valor comutativo" e "valor de uso", de que acima nos valemos.
Valor comutativo de uma mercadoria é a estimativa dela quan-
do encarada sob o seu aspecto de capacidade de troca. Valor de uso
de uma mercadoria é a estimativa do objeto sob o aspecto de sua
utilidade. Marx defende a tese de que o trabalho humano é a me-'
dida pela qual se afere o valor de troca, Salta aos olhos que é defei-
tuosa esta teoria, que se aplica apenas na hipótese de ser o valor
da mercadoria determinado pelo trabalho. Qualquer madeireiro dirá
que o valor de troca do jacarandá é superior ao do pinheiro por
causa do diferente valor de utilidade dos dois, não por causa do
trabalho humano. E se dois moços por exemplo, visitam, durante
o mesmo espaço de tempo, uma escola tecnológica, e, formados,
empregam, por hipótese, o mesmo tempo de trabalho na produção
de determinados utensílios, e assim mesmo o valor comutativo do
utensílio de um deles é superior ao do outro, a causa da diferença
de valor estará na maior ou menor perfeição do produto, devida a.
diferença de talento. Em ambos os exemplos, o valor de utilidade
pesa na determinação do valor de permuta. Segundo a teoria
económica aceita pelo maior número de teóricos de hoje, o valor
76 Marxismo e Cristianismo

da mercadoria é determinado pela utilidade que ela representa para


o comprador. Todos este teóricos, por isso mesmo, estão de acordo
com Joseph Schumpeter quando o renomado professor declara a
teoria marxista morta e sepultada (cf. Capitalismo, Socialismo e
Democracia). É uma teoria que só funciona quando se pressupõe
uma série de condições que não se verificam na realidade. O prin-
cípio do trabalho-quantidade não leva em consideração o trabalho
especializado, a habilidade, as diferenças naturais entre operários, a
maior ou menor aplicação. Considera o trabalho apenas do ponto de
vista do tempo médio social, isto é, o tempo socialmente necessário
para fabricar certa espécie de objetos: aqueles que podem ser re-
produzidos em série.
Se é justo salientar estes pontos fracos da teoria, não é justo,
porém, de outro lado, dar a entender, como tantas vezes se faz, que
Marx não percebeu estas lacunas. Marx não pretende, por exem-
plo, que sua teoria tenha aplicação ao trabalho artístico. Podería-
mos dizer ainda que do ponto de vista do dever-ser marxista, a;
ilustração do jacarandá e do pinheiro não subsiste, pois no mundo
sonhado por Marx o dono destas riquezas naturais é a humanidade.

Antagonismo fundamental entre marxismo e cristianismo


Passaremos a estudar agora o antagonismo doutrinário funda-
mental e irredutível entre marxismo e cristianismo. Este é espiri-
tualista. É-lhe essencial a finalidade extra-terrena. Aquele é mate-
rialista. O horizonte de sua filosofia — e o marxismo é acima de
tudo uma filosofia — é a vida terrena. Em oposição ao terrenismo
marxista, que sonha com uma pátria utópica do aquém a ser orga-
nizada pelo homem, o cristianismo nos aponta um mundo renovado
por Deus, afirmando que só nele o homem se realizará integral-
mente.

Base filosófica do marxismo


A base filosófica do marxismo é o materialismo dialético. Cha-
ma-se assim porque sua filosofia do ser é materialista e seu método
de pesquisa é o método dialético.
O conceito dialética vem da filosofia grega. A técnica dialéti-
ca, a princípio, era a arte da discussão, a arte de raciocinar divindo
os conceitos em géneros e espécies, a fim de descobrir as contradi-
ções do adversário e superá-las, para alcançar a verdade. Era o
movimento do logos. No vocabulário marxista, dialética é a lei da
mudança, a lei das contradições no mundo e no pensamento. A ideia
fundamental da filosofia dialética é a unidade de todas as contradi-
ções. A partir desta ideia, Hegel, filósofo idealista (identificou o
conteúdo do pensamento com o objeto do pensamento e negou a
existência de objetos reais independentes do pensamento), criou a
fórmula tese (posição ou afirmação) —antítese (oposição ou nega-
Marxismo e Cristianismo 77

ção) — síntese (composição ou negação da negação). Segundo este


jogo trifásico, firmada a síntese, transforma-se ela em tese, reinician-
do-se o processo. A tese é o equilíbrio primitivo, a antítese é a ruptura
do equilíbrio e a síntese é o restabelecimento do equilíbrio em nova
base. Esta tríade ocorre nas ideias, que constituem a substância da
realidade. A história universal é o desenvolvimento do espirito no
tempo, como a Natureza é o desenvolvimento da ideia no espaço.
Esta é, em síntese, a filosofia dialética de Hegel, um dos mais difíceis
sistemas filosóficos. Não precisa sentir-se muito deprimido quem não
entendeu nada. Confessou Hegel, quando se aproximava a hora de
sua morte, que ninguém o havia entendido, com exceção de Miche-
let. E acrescentou, desolado: E este ainda me entendeu mal.
Os discípulos de Hegel dividiram-se em direita e esquerda hege-
liana. Aqueles, conservadores, adotaram o método e a doutrina do
mestre e procuraram conciliar hegelianismo e cristianismo. Estes
aceitaram o método, rejeitando, porém, o idealismo de Hegel e
substituindo-lhe o materialismo. Entre eles estão Ludwig Feuerbach
e Marx.
Entendia Marx que as ideias de Hegel valiam para algumas
coisa, todavia só depois de desponta-cabeceadas. E tratou de virar
a dialética hegeliana, porque esta estava de ponta-cabeça, em vir-
tude do idealismo de Hegel, que concebia a história do mundo como
história da luta de ideias. Com o método dialético hegeliano despido
de sua vestimenta idealista e acrescido da crítica feita a Hegel pelo
materialista Ludwig Feuerbach, formulou os princípios do mate-
rialismo dialético. Segundo a ideia nuclear do neo-hegelianismo
marxista, as contradições do pensamento não se devem exclusiva-
mente à imperfeição da inteligência. Têm um fundamento na rea-
lidade extra-mental. O método dialético pretende ser o instrumento
adequado para a análise dos elementos contraditórios da realidade
objetiva, cuja unidade está no todo em movimento. Proletariado e
burguesia, por exemplo, são dois elementos contraditórios da rea-
lidade objetiva, duas classes nascidas do entrechoque de forças eco-
nómicas, não de ideias, como pretendia Hegel. A burguesia é tese,
o proletariado é antítese, a sociedade comunista será a síntese.
O Dicionário Filosófico Soviético de Judin e Rosental assim
define a dialética: "A dialética é a ciência das leis gerais da evolu-
ção na Natureza, na sociedade humana e no pensamento." Esta
última, a ciência das leis gerais evolutivas do pensamento, é a cha-
mada dialética subjetiva. Corresponde, mais ou menos, à nossa Ló-
gica.
Segundo Estaline, os quatro elementos básicos da dialética
marxista são os seguintes:
1. Considera todos os fenómenos da Natureza em sua conexão
e em seu condicionamento recíproco;
2. Concebe a Natureza e todas as suas manifestações como
estando em contínuo movimento, modificação e desenvolvimento;
78 Marxismo e Cristianismo

3. Considera o processo evolutivo a) como evoluir do inferior


ao superior; b) como evolução desigual, sujeita a saltos repentinos
— graduais modificações quantitativas causam repentinas modifica-
ções qualitativas (É o chamado salto dialético, desesperada saída
de emergência em presença do enigma da realidade espiritual);
4. Considera o processo evolutivo como luta dos contrários.
É aqui o lugar para algumas observações adicionais sobre o
terceiro elemento básico da dialética marxista. Da. matéria, elemen-
to primacial, originou-se a consciência, dogmatizam os filósofos
marxistas. Ficariam atarantados se os reptássemos, seguindo a ve-
lha e boa norma científica, a que provassem sua afirmação. Per-
guntasse-lhes um Sócrates que é matéria e qual o elemento da ma-
téria que gerou o mistério indecifrado da consciência, e far-se-ia
um silêncio de chumbo entre os eloquentes defensores da tese. Quanto
à matéria, o deus desconhecido dos marxistas, ainda não elabora-
ram dela um conceito claro. É uma das lacunas essenciais de sua
filosofia, materialista. Teóricos do comunismo identificam matéria,
ser, natureza e realidade. Tudo em nome do preconceito do monismo
materialista. E está matéria, ou ser, ou natureza se reduz a um puro
vir-a-ser, o que equivale a afirmar a mudança e ao mesmo tempo ne-
gar a coisa que muda, a substância. Fica muito mal chamar a esta
barafunda antifilosófica tranquilamente de ciência e alegar que tudo
está garantido pelo método dialético, método com o qual pretendem
pesquisar, cientificamente, a realidade total e radical do devenir.
Ensinam Marx e Engels que o animal principiou a tornar-se
homem quando começou a produzir seus alimentos. É pelo trabalho,
pela produção de víveres, assegura Engels, que o macaco se tornou
ser pensante. Engels deixou de explicar como é que o macaco che-
gou a valer-se de instrumentos para o fim inteligente, refletido, de
produzir víveres, se a reflexão surgiu apenas com esta espécie de
atividade, como afirma. Só fabrica instrumentos quem sabe pre-
ver-lhes a utilidade, e quem sabe fazer isto já é ser pensante. É
difícil compreender como é que um animal racional pode sustentar
a tese de que o homo sapiens nasceu do macaco fabricante.

Materialismo histórico
Analisemos agora um pouco o materialismo histórico, aplica-
ção ou extensão do materialismo dialético à pesquisa da história da
sociedade humana.
Divergem os autores na exposição do pensamento de Marx so-
bre as relações entre a base económica e a superstrutura ideoló-
gica. Entendem uns que na interpretação económica de Marx o
homem é movido e determinado inteiramente pelo fator material
da produção. Outros afirmam que a teoria marxista não ignora os
motivos extra-econômicos, pretendendo apenas que o modo de pro-
dução determina fundamentalmente a estrutura social, e esta mol-
da atitudes, opiniões, princípios. Marx efetivamente afirma que
Marxismo e Cristianismo 79

as relações de produção constituem a base, a infra-estrutura sobre


a qual se edifica a superstrutura ideológica, mas também deixa
claro que a seu ver as condições económicas não constituem a única
causa ativa. A superestrutura ideológica, embora seja estéril no
sentido de não criar nada de novo, reage em alguma medida sobre
a sua base económica. Não ensinasse esta interação e perderia o
sentido a propaganda comunista, que pressupõe a possibilidade de
a ação humana acelerar o processo de transformação da infra-es-
trutura económica, apressando a sonhada síntese final. Quem estu-
da atentamente a obra de Marx verificará uma evolução de seu-
pensamento que o levou a modificar a tese do exclusivismo causal
afirmado de início. Lerá até esta concessão de Marx: certos perío-
dos de máximo desenvolvimento da Arte não têm relação direta com
a base material (cf. Crítica da Economia Política).
Também é preciso ter o cuidado de evitar a confusão
entre o que Marx realmente ensinou e o que expositores-
do marxismo deduzem de suas ideias básicas. O que o analista do
marxismo pode dizer em todo caso é que em seu modo de ver a
filosofia marxista conduz logicamente à tese de que o fator material
é, em última análise, o único fator. Os marxistas não podem negar
que todo e qualquer valor espiritual, em seu monismo materialista,
sendo necessariamente produto da matéria, dela depende inteira-
mente.
Há uma boa dose de verdade na tese marxista: a consciência
reflete, em grande parte, certas condições objetivas. Quanto ao
papel que as relações de produção realmente desempenham, é ques-
tão que não nos cabe discutir aqui. Apenas ainda uma ligeira refe-
rência a uma das contradições da teoria marxista. Afirma-se que
a base material condiciona e gera a vida espiritual da sociedade.
Acontece, porém, que qualquer organização económica humana já
inclui elementos de natureza espiritual. Ensina, demais, a História
que determinados tipos de organização económica surgiram era
consequência de ideias ou teorias. Em tais casos, a superstrutura
condicionou a base. Haja vista o caso da teocracia judaica. Para
evidenciar a debilidade científica da teoria pré-fabricada do mate-
rialismo histórico, basta fazer uma série de perguntas bem con-
cretas: quais as relações de produção que geraram e condiciona-
ram o sermão do monte? e as sinfonias de Beethoven? e a Reforma
Luterana? e a língua grega? e a filosofia de Spinoza? . . . Devem os
marxistas optar entre duas coisas: reconhecer a insuficiência de
sua teoria, ou repetir a frase que um crítico espirituoso atribuiu a
Hegel: Se os fatos concordam com minhas ideias, muito bem; se
não concordam, pior para os fatos. Pior, por exemplo, para o fato
de que não se verificaram mudanças técnicas radicais entre a baixa
Idade Média e o surgimento do capitalismo, ao passo que a vida
cultural passou por transformações profundas no mesmo período
(cf. Teoria Literária, Rene Wellek y Austin Warren, Editorial Gre-
dos, 1953, pág. 178). Fatos inúmeros e de sentido evidente destroem
80 Marxismo e Cristianismo

a suposição de que os fatôres objetivos aniquilam praticamente


a vontade do homem. Mas esta falsa suposição está implícita na
aplicação do materialismo dialético à pesquisa da história da socie-
dade humana, pois esta aplicação pressupõe que as regularidades
dialéticas da Natureza são as mesmas da sociedade. Há transforma-
ções necessárias, que arrastam o homem, uma direção básica do
processo histórico que o homem não pode desviar de seu rumo. Mas
dentro dessa direção básica, o homem pode orientar o fluxo dos
acontecimentos com seu livre arbítrio. Isto sem mencionar o fato
de que Deus orienta todo o curso da História em direção a fins esta-
belecidos por êle. O erro está em nivelar o determinismo de natureza
moral com a ordem existente no mundo da Natureza.

Marxismo e religião
à luz das teses analisadas até aqui já podemos concluir que a
religião, para o marxismo, é superstrutura, produto de lutas so-
ciais, fruto da alienação económica. Qualquer religião é fenómeno
relativo, e seu tipo é determinado, fundamentalmente, pelo sistema
económico dominante. A religião é a pior das alineações. Às qui-
meras da religião — Deus, céu, inferno, etc. — o homem sacrifica
sua liberdade, sua independência, sua autenticidade humana. Por
ela o homem se diminui, projetando para fora de si elementos de
sua natureza e personificando-os num outro — Deus. E este outro
não existe. Admite o marxismo que um elemento qualquer da su-
perstrutura, bsm como o conjunto dela, pode exercer influência
sobre outro elemento, mas a estrutura económica da sociedade é
o cimento real sobre o qual se ergue, em última instância, todo o
edifício das ideias jurídicas, políticas, artísticas, filosóficas e reli-
giosas, e as correspondentes instituições, como afirma Engels no
Anti-Dúhring. ,
A pior das alienações — a religião — é, por isso mesmo, a
maior das ilusões, o mais prejudicial dos entorpecentes. Afirma Le-
nine que a tese da religião como ópio do povo, tese sustentada por
Marx em sua crítica à filosofia do Direito de Hegel, é a pedra an-
gular da concepção marxista de religião. Deus é criação do homem.
O conceito do Deus único surge da realidade do déspota oriental
com pretensões a chefe único e todo-poderoso. Antes só havia di-
vindades tribais e nacionais. Ainda que nosso tema não abrange a
refutação do marxismo no plano filosófico e científico, é, contudo,
interessante assinalar que a teoria acima delineada está em con-
flito com os resultados mais recentes da pesquisa etnológica. Gui-
lherme Schmidt, a maior autoridade na matéria, publicou uma obra
em cinco volumes sobre a questão: Der Ursprung der Gottesidee.
Trata-se de um trabalho rigorosamente científico, pois suas con-
clusões se firmam em vastíssimo acervo de fatos. Segundo êle, um
monoteísmo primitivo não mais é negado por nenhum especialista
autorizado.
Marxismo e Cristianismo 81

Para negar a oposição radical que há entre cristianismo e mar-


xismo é preciso ignorar a filosofia marxista ou a essência da reli-
gião cristã.
Afirma Erich Fromm que Marx combateu a religião por ela
estar alienada e não atender às necessidades verdadeiras do homem.
E acrescenta, que Marx lutava contra um ídolo a que chamam Deus
(cf. Conceito Marxista do Homem). Quanto a esta última afirma-
ção, note-se que Marx não lutava apenas contra ídolos. Seu monis-
mo é a negação do Deus verdadeiro. Além disso, criou vários ído-
los, entre eles o grande ídolo MATÉRIA, de onde provém tudo e
em que tudo consiste. A outra afirmação de Erich Fromm, a de
que Marx combateu a religião por ela estar alienada e não aten-
der às necessidades verdadeiras do homem, nos leva ao núcleo do
debate entre marxismo e cristianismo. Marx quer uma sociedade
que satisfaça as verdadeiras necessidades do homem. Quais são es-
tas necessidades? Não se pode responder a esta pergunta sem antes
haver respondido a outra: qual a natureza e o destino do homem?
Com esta pergunta entramos no vivo da questão entre marxismo e
cristianismo.
Conceito de alienação
Precisamos analisar agora o conceito marxista de alienação.
Para Marx, a alienação é estágio fatal da evolução humana. Antes
de chegar ao humano, o homem passa pelo inumano, que é a alie-
nação do humano. O homem trabalha, produz objetos, mas, ao in-
vés de fruir todo o proveito do objeto produzido, encarnação de
sua inteligência e atividade, trabalha para um outro, que o escra-
viza. É a alienação do trabalho. Alienação de que o próprio capita-
lista é vítima, pois também a êle o capital escraviza (convém lem-
brar que o objeto produzido também representa o suor e o talento
do empresário). O homem cria o Estado, mas o Estado torna-se
uma realidade autónoma e passa a dominar o homem, como um
fetiche hostil, um outro, um estranho. As relações que o homem
mantém com uma criatura do homem (o Estado, v.g.), mas que
se libertou dele e o domina e explora, implica em perda de si mes-
mo: é alienação. A religião apresenta ao homem problemas falsos.
Deus, pecado, redenção, vida eterna são fetiches da alienação reli-
giosa, fetiches que escravizam o homem, não lhe permitindo to-
mar consciência de sua verdadeira alienação, que se verifica prin-
cipalmente na vida prática. Por isso mesmo — note-se bem isso —,
a religião é a pior das alienações. É ópio que entorpece o homem,-
véu místico de que se valem os opressores para estorvar a visão dos
oprimidos, impedindo-os de se libertarem da alienação produzida
pelo capital, que cria e explora falsas necessidades. Alienado de
seu trabalho, do produto de seu trabalho, de si mesmo, do seme-
lhante, da Natureza, o homem é escravo que só pode alcançar
sua libertação no processo de produção, processo este que gera o
próprio homem, como iá vimos.
82 Marxismo e Cristianismo

Para o cristianismo, a alienação fundamental do homem, a


raiz de todas as demais alienações, é sua rebelião contra Deus. Alie-
nado de Deus, e, consequentemente, de si mesmo, de sua natureza,
de seu destino. Cristo o liberta desta alienação. Isto é religião, su-
perstrutura ideológica, reflexo das relações de produção, fantasia
que surge na consciência em virtude dos sentimentos de imperfei-
ção e impotência, responderia Marx. "Como na religião o homem
é governado pelos produtos de seu próprio cérebro, assim na pro-
dução capitalista é governado pelos produtos de suas próprias mãos"
(O Capital, I, pág. 681). Liberte-se o homem desses produtos, dei-
xe de ser escravo das coisas que produz, e estará livre também da
alienação religiosa, produto de seu cérebro. É uma antropologia em
oposição fundamental com a antropologia cristã.

Ética marxista

Outro ponto que nos interessa particularmente é a posição mar-


xista relativamente à moral. Ensina o marxismo que qualquer mo-
ral não passa de código em que se sanciona a prática social média
de uma época e de um lugar, prática determinada pelas condições
de existência. Moral burguesa, que é sempre moral classista, não
passa de um conjunto de normas com que se acoberta a classe do-
minante para explorar a massa de assalariados. Aos que os acusam
de ensinarem um relativismo ético radical, os marxistas respondem
que eles combatem o relativismo ético entendido como arbitrarie-
dade, subjetivismo. Seu critério de moralidade é o interesse do
que chamam classe obreira. Moral, portanto, que acompanha —
dizem —• o desenvolvimento objetivo da humanidade em busca da
sociedade comunista. Pretendem resolver o problema ético pela
criação de uma moral fundamentada no que lhes parece ser a rea-
lidade. Esta realidade está em constante evolução, que obedece a
certas leis. Participar desta evolução, superando-se a si mesmo, é
imperativo de ação que nasce do próprio devir. É isto o que os
marxistas querem dizer quando falam de uma nova ética, fundada
no real, ética que acompanhe o desenvolvimento objetivo da hu-
manidade. De sorte que a idéia-mater da ética marxista é a fide-
lidade à revolução. Moral, conclui Lenine, é tudo o que constribui
para a destruição dos exploradores.

As classes e o Estado

A propósito de "classe obreira", "classe dominante" e "luta


de classes", algumas observações sobre o conceito de classe. Este
conceito continua sendo uma das dores de cabeça dos filósofos mar-
xistas. Um gerente de grande firma, por exemplo, e que não é pro-
prietário de meios de produção, deve ser considerado como per-
tencente à classe operária, segundo o conceito marxista. Um frágil
Marxismo e Cristianismo 83

sapateiro, a partir do momento em que contrata um auxiliar, deve


ser considerado capitalista.
Já existiu, dizem os marxistas, uma sociedade sem classe.
Quando esta sociedade se partiu em classes, surgiu, da luta das
classes, o Estado. A segunda organização social foi escravocrata.
A esta seguiu-se o feudalismo, e deste nasceu o capitalismo. No dia
em que estiverem abolidas as classes, morrerá o Estado. Essa parte
da teoria marxista foi explanada por Frederico Engels num ensaio
de sociologia genética intitulado "Origem da Família, da Proprie-
dade Privada e do Estado". O Estado sempre é o elemento de que
se vale a classe dominante para oprimir os pobres. Querem os rus-
sos que se abra uma exceção a essa sentença: o Estado soviético.
Mas a verdade é que o Estado soviético nada mais é do que um
grande capitalista que domina e explora o proletariado. Embora
a propriedade privada, que consideram origem de todos os males,
esteja abolida há quase meio século na União das Repúblicas Socie-
listas Soviéticas, continuam todos os males que lhe são atribuídos.
Seria o caso de os filósofos soviéticos examinarem a hipótese de que
a origem de todos os males do Paraíso Socialista talvez seja a pro-
priedade privada dos americanos . . .

Propriedade privada
Examinemos agora a questão da propriedade privada, no sen-
tido em que Marx usa a expressão: posse individual de bens pro-
dutivos.
A palavra comunismo designava, inicialmente, a socialização
dos meios de produção. Em algum dos sentidos da palavra, pode
falar-se em comunismo dos cristãos primitivos de Jerusalém. En-
saiaram aqueles cristãos um sistema aliás mal sucedido, pois os
comunistas de Jerusalém a breve trecho estavam necessitando es-
molas dos irmãos de outras igrejas. Importa notar o seguinte quan-
to àquele comunismo:
1. era praticado por irmãos na fé;
2. era prática espontânea, livre iniciativa do amor;
3. não consideravam roubo a propriedade privada: "Conser-
vando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não es-
taria em teu poder?" (Atos 5.4).
Quem condenava a propriedade privada eram os maniqueus e
outras seitas, não os cristãos. Nem Cristo nem os apóstolos consi-
deravam a propriedade privada como roubo. Já citamos a palavra
de Pedro e Ananias. Lembremos ainda o conselho de Cristo ao jovem
rico. O Mestre não aconselharia a ninguém que vendesse seu roubo.
A Bíblia sanciona, em muitos textos, .a posse individual dos meios
de produção. Podemos, pois, dizer que à luz da Escritura a posse
privada de bens produtivos de forma nenhuma pode ser considerada
intrinsecamente má.
84 Marxismo e Cristianismo

O acesso de todos aos bens materiais é postulado do direito na-


tural. Deus destinou estes bens a todos. E o direito de cada indi-
víduo à subsistência material impõe uma limitação inquestionável
ao direito de propriedade: este cessa na medida em que prejudica
aquele. Até aqui todos concordaremos. A primeira divergência pode
surgir em torno da seguinte questão: tem o Estado o direito de su-
primir a propriedade privada dos meios de produção?
Defendemos a tese de que o Estado exorbitaria se eliminasse
esse direito. O direito à posse de bens de produção é direito natural,
direito, portanto, que o próprio Criador conferiu à criatura. O di-
reito natural funda-se na necessidade que o indivíduo tem de valer-se
dele. Assim sendo, é direito que resulta da natureza humana, cujo
autor é Deus. Argumenta-se que o Estado pode resolver com salários
o problema da subsistência do indivíduo. Esta maneira de argu-
mentar é superficial. Certo que o problema da subsistência do indi-
víduo pode ser resolvido com salários pagos pelo Estado, mas com
isso não cessa o direito natural da criatura humana à posse de bens
de produção. E a questão é saber se uma lei positiva pode sobre-
por-se a esse direito, que lhe é anterior e superior. Já dissemos que
o exercício desse direito pode e deve sofrer as limitações exigidas
pelo bem comum- Apenas impugnamos a tese dos que defendem
o direito de o Estado suprimir o próprio direito de posse. Esse direito
o Estado nem pode concedê-lo. É direito natural, como o direito de
trabalhar, de ser livre, de viver. Cabe ao Estado reconhecer esses
direitos, não concedê-los ou suprimi-los.
Sobre a questão da propriedade privada pronunciou-se, recen-
temente, a carta encíclica Mater et Magistra, reafirmando posição já
anteriormente firmada pela Igreja Romana. Sua posição, em traços
sumários é a seguinte: a propriedade privada, mesmo dos bens
produtivos, é direito natural que o Estado não pode suprimir. Se-
gundo a encíclica, o direito de o indivíduo ser e permanecer, nor-
malmente, o primeiro responsável pela manutenção própria e da
família, é direito essencial da pessoa humana. Entende qúe o exer-
cício desta responsabilidade implica o livre exercício das atividádes
produtivas, não admitindo, por isso, que o Estado suprima a inicia-
tiva pessoal no campo económico. Afirma que esse direito natural
se funda sobre a prioridade ontológica e final de cada ser humano
em relação à sociedade. Quanto à ação social do Estado no setor
económico, a encíclica reafirma o princípio da suplementação ou
subsidiariedade: o Estado, em vez de reprimir ou suprimir a ini-
ciativa particular, deve suplementá-la.
Notemos bem a força do argumento "da propriedade ontológica
e final de cada ser humano relativamente à sociedade. O indivíduo
precede a sociedade na ordem do ser e a sociedade existe em fun-
ção da finalidade de cada uma das pessoas que a compõem, que não
o inverso.
Marxismo e Cristianismo 85

A igreja e a ordem natural


Já criticamos, com base na História, o Estado da concepção
liberal do século passado. Estado policial, que não intervém na or-
dem económica, deixando os assalariados à mercê da ganância de
maus patrões. Ainda firmados na História, podemos fazer agora a
crítica do Estado que suprime a iniciativa particular: esse Estado
tende a suprimir outras liberdades. Tende ao totalitarismo. Isto
nos interessa particularmente. É muito comum a afirmação de que
às igrejas deve ser indiferente o modo de organização da sociedade.
Há mesmo quem chegue a dizer que à igreja é indiferente que o
Estado seja totalitário ou democrático. É provável que não saiba o
que significa totalitarismo quem assim pensa. Se o soubesse, com-
preenderia que a afirmação implica em dizer que a igreja não faz
diferença entre o Estado que quer absorver e substituí-la e o Esta-
do que não interfere em sua missão espiritual. Quanto a organiza-
ções econômico-sociais, erraria tragicamente a igreja se canonizasse
determinada estrutura econômico-social, declarando-a sua estrutu-
ra. Xnteressa-lhe, porém, e sobremodo, a prática de sistemas que ga-
rantam e favoreçam o desenvolvimento da personalidade e não nos
ameacem no exercício de nossa missão. A dimensão essencial da
religião cristã é de natureza espiritual e escatológica, mas nem por
isso a igreja deixa de ter uma palavra a dizer sobre justiça na esfe-
ra econômico-social, sobre família, sobre o uso e abuso de bens
materiais, sobre a dignificação do trabalho, que não deve ser re-
baixado a mercadoria, enfim, sobre os princípios basilares que, de-
vidamente aplicados, favoreçam o desabrochar completo da perso-
nalidade humana. A igreja tem uma palavra a dizer sobre liberdade
efetiva para todos, submissão de todos os homens a Deus, primado
do espírito, promoção do bem-estar material da coletividade. É de-
ver da igreja advertir, por exemplo, a todos: "O que oprime ao
pobre insulta aquele que o criou" (Provérbios 14.31). Dizer, por
exemplo, que a igreja nada tem que ver com o problema de massas
humanas esfomeadas, é dizer, em outras palavras, que a igreja não
deve preocupar-se com as condições sócio-econômicas que predis-
põem os homens a se deixarem envolver pelas promessas dos líde-
res comunistas, que procuram incutir ódio à religião.
Lê-se e ouve-se muitas vezes que o dever da igreja se resume
em anunciar aos homens o conselho de Deus para a salvação das
almas e que o resto é evangelho social. É tese insustentável. Claro
que a missão precípua da igreja é anunciar o conselho de Deus para
a salvação eterna do homem. Disto, porém, não se conclui que a
igreja deve dispensar-se do dever de lembrar princípios de moral
cristã que dizem respeito à ordem natural e do dever de praticar a
caridade. O erro do evangelho social consiste em, fazer com que
a igreja abandone ou relaxe sua missão de transformar o indivíduo
pela pregação do Evangelho, engajando-a na tarefa de transformar
o ambiente em que o homem vive. Mas praticar a caridade, ou
86 Marxismo e Cristianismo

lembrar princípios bíblicos para a ordem natural, incutindo ao go-


verno — poder a serviço da justiça — os deveres que lhe são pres-
critos por Deus, opondo à tese marxista sobre a origem do Estado a
afirmação bíblica segundo a qual as autoridades que existem foram
instituídas por Deus, e pregando a todos os homens a segunda tábua
da lei, isto não é evangelho social. A igreja só mete a foice em seara
alheia no momento em que com,eça a discutir assuntos que não in-
teressam a princípios de ordem moral, como, por exemplo, técnicas
de governo ou de organização económica. Mas quando num país uma
minoria de privilegiados vive a esbanjar o supérfluo, enquanto milhões
carecem do necessário, quando se queimam produtos alimentícios
a fim de manter os preços, não obstante o fato de dois terços da
humanidade passar fomes, estamos em presença de realidades eco-
nómicas e sociais que têm claras implicações de natureza moral, e
uma igreja que não tem nada a dizer em questões desta natureza é
uma igreja que ignora parte dos seus deveres. Mais um exemplo:
quando poderosos grupos económicos são acusados de tentarem pôr
o Estado a serviço de seus interesses particulares, em prejuízo do
bem comum, e uma igreja alega que não tem nada a dizer sobre o
assunto, esta igreja precisa reestudar a epístola aos romanos, onde
o Apóstolo afirma que a autoridade é ministro de Deus para o bem
do cidadão. Claro que uma igreja não se pronunciará sobre a pro-
cedência ou improcedência de semelhantes acusações. Apenas lem-
brará princípios aplicáveis a hipótese.
Cristo nos deixou princípios que obrigam a todos os homens
e que a razão humana endossa como a expressão da mais elevada
moralidade: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo", e "Tudo
quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós
também a eles". É dever da igreja lembrar estes e outros preceitos
divinos.
Nossa posição no problema da propriedade privada
e
considerações finais
Resumindo: admitimos vários tipos de apropriação dos meios
de produção (individual, privada associativa, pública). Admitimos
que a lei positiva restrinja o exercício da propriedade privada de
bens produtivos, condicionando-o ao bem comum. Objetamos à
propriedade pública absoluta dos meios de produção pelo fato de
tal coisa ferir um direito natural do indivíduo e constituir ameaça
ao bem-estar material da coletividade e à liberdade, além de ser
fator de desestímulo. Os marxistas poderiam responder-nos que al-
gumas destas objeções deixam de subsistir na hipótese de uma so-
ciedade integralmente comunista, sociedade em que tudo será de
todos e em que o próprio Estado desaparecerá. Responderíamos que
nossa preocupação não é criticar uma sociedade utópica. Falta-nos
espaço, tempo e vontade para inquirir como ficaria tudo numa so-
ciedade que os homens nunca chegarão a estruturar.
Marxismo e Cristianismo 87

Contra a heresia marxista que profetiza a extinção da maldade


humana numa sociedade sem classes e sem Estado, repetimos a crí-
tica fundamental que antecipadamente lhe fêz Aristóteles, em sua
Política, crítica que parece escrita por Lutero: "Semelhante legis-
lação tem uma aparência artifical de benevolência e bondade (re-
fere-se a legislações comunistas). Uma assembleia a saudará en-
cantada, na suposição de que sob um regime comunista todos os
homens serão, miraculosamente, amigos uns dos outros. E isto se
crerá tanto mais facilmente, enquanto se atribuir todo abuso do
sistema político atual à propriedade privada. Todavia, a verdadeira
causa desses males não é a ausência de uma ordem comunista, e,
sim, a malignidade da natureza humana."
Esta crítica atinge em cheio todas as utopias sonhadas pelo
homem, bem como a tese rousseauniana da bondade natural do
homem, corrompido pela sociedade civilizada, tese com que Rousseau
se torna o precursor moderno do que nos parece constituir a ma-;
triz dos erros marxistas: sua falsa antropologia.
Concordamos com Marx quando insiste que a produção deve
estar a serviço do homem e não vice-versa; que o homem não deve
ser reificado, isto é, transformado em coisa a serviço da máquina; que
o capital deve deixar de explorar falsas necessidades do homem.
Discordamos de sua tese da malícia intrínseca da posse individual
dos instrumentos de produção, que estaria em contradição com o
caráter social da produção (Não se pode negar esse caráter social,
pois todos colaboram na feitura dos produtos, mas é falso dizer que
por isso a posse dos instrumentos de produção por um indivíduo ou
por um grupo de capitalistas — germe de coletvismo — é intrinseca-
mente má. Esta propriedade privada é má enquanto o objetivo
supremo e único do capitalisca é o lucro). Rejeitamos a pregação
marxista do ódio e da violência, não porém, como alegam os mar-
xistas, para acobertar a exploração com as virtudes do amor e da
mansidão, sim porque o ódio e as lutas de classe, além de repug-
narem ao espírito cristão, não conduzem à solução do problema
social. Discordamos de sua mundividência materialista, de sua con-
cepção do homem, de sua visão utópica do desaparecimento final
do Estado, que é ordenação divina. Mas não nos limitamos a re-
comendar paciência e espírito de renúncia aos oprimidos e altruísmo
aos ricos. Insistimos no direito de todos a uma vida realmente digna,
e no dever do Estado de atender este direito.
Para terminar; um pensamento de Nicolas Berdyaev: A única
coisa a contrapor ao comunismo integral é o cristianismo integral.
Bibliografia Sumária
Bourgin, Georges, et Rimbert, Pierre — Le Socialisme, 1950
Engels, Frederico — Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado
Fromm, Erich — Conceito Marxista do Homem, 1962
Konstantinov, F. V. — El Materialismo Histórico, 1957
Lajugie, Joseph — Os Sistemas Económicos, .1959
88 Der Christ und die Arbeit unter dem Ersten Gebot

Lefebvre, Henri — O Marxismo, 1960


Manacorda, Guido — Marxismo e Catolicismo, in Heresias do nosso tempo, 1956 .
Marx, Carlos — Manuscritos Económicos e Filosóficos
Marx, Carlos — Prefácio a uma Contribuição ã Crítica da Economia Política
Marx-Engels — Ideologia Germânica
Marx-Engels — Manifesto Comunista
Marx, Carlos — O Capital
Messer» August — História da Filosofia
Piettre, André — Marxismo, 1961
Schmidt, Guilherme — Der Ursprung der Gottesidee
Schumpeter, Josepn — Capitalismo, Socialismo e Democracia

Der Chrtst -und die ãrSielt unter dem Ersten Oebot


(Fortsetzung und Schluss)
Wilhelm Rehr, Frankfurt I Main
AusblicTc auf die ubrigen Gébote der l. Tafel
Das 2. Gebot:
"Du sollst den Namen deines Gottes nicht unnútzlich fúhren!"
Kol. 3,17: "Alies, was ihr tut mit Worten oder mit Werken,
das tut alies in dem Namen des Herrn Jesu!"
Unter das 2. Gebot gehõrt die Frage nach dem persõnlichen
Bekenntnis des Christen an seinem Arbeitsplatz. Gerade von hier
aus gewinnt das gewissengebundene Verhalten des Christen zu den
Ordnungen der gefallenen Welt seine grosse Bedeutung. Wie unter
dem ersten Gebot besteht hier die Gef ahr der Verleugnung des Glau-
bens. Es wurde schon oben davon geredet im Zusammenhang mit
der unmõglichen Trennung von Glaube und Leben, Wir wiederholen
noch einmal- die Stelle aus dem Kolosserbrief 5,4: "Wandelt iweislich
gegen die, die draussen sind und schicket euch in die Zeit." Eine
Stelle, die fúr das Gemeindeglied das gleiche sagt wie 1. Tim. 3.7
íiir den Pfarrer: "Er muss aber auch ein gut Zeugnis haben von
denen, die draussen sind, auf dass er nicht falle dem Lásterer in
die Schmach und Strick!" In 1. Thess. 4,11 bekommt dies Wandeln
gegen die, die draussen sind, noch eine besondere Bestimmtheit,
námlich die Unabhángigkeit von denen, die draussen sind: "Ringet
danach, dass ihr still seid und das Eure schaffet und arbeitet mit
euren eigenen Hãnden, wie wir euch geboten haben, auf dass ihr
ehrbarlich wandelt gegen die, die draussen sind und ihrer keines
bedúrfet." Der Christ muss hier in rechter Weise verzichten kõnnan,
um sich diese Unabhángigkeit zu wahren. Eins wird sich allerdings
nicht vermeiden lassen, námlich der Vorwurf einer stillen Nutznies-
Der Christ und die Arbeit.unter dem Ersten Gebot 89

sung der Einrichtungen innerhalb der Arbeit und Geschâftswelt, die


von Christen um des Gewissens willen gemieden werden. Das reizt
die Welt zu offenem Hass und wird in jedem Fali ais grober Verstoss
gegen die Solidaritát der Verbandspartner empfunden. Gerade an
diesem Punkt wird es dem Christen schwer, wenn es sein muss,
eigene Wege zu gehen, weil der Christ hier unter dem Schein des
Unrechts steht, also nach der Meinung der Welt sich gerade ais
ein Nicht-Christ erweist. Eine Seite unseres Bekenntnisses in Wort
und Tat, die gerade in heutiger Zeit unter dem Materialismus mit
teuflischem und diabolischem Wirken finsterer Máchte den Chri-
sten zu verwirren in der Lage ist. Durchbricht der Christ hier den
Teufelsbeweis, dann kommt es zum Leiden, und zwar steht dieses
Leiden unter dem MUSS des Kreuzes Christi und seiner Nachfolge:
"Ihr musset gestraft werden." 2. Tim. 3,12: "Alie, die gottselig le-
ben wollen" — es ist also ein Wollen wirklich nõtig —• "alie, die
gottselig leben wollen, in Christo Jesu, mússen Verfolgung leiden.
Zusammenfassend noch einige Schriftstellen: Mt 5,13-16: "Ihr seid
das Salz der Erde — Ihr seid das Licht der Welt . . . Lasset euer'
Lícht leuchten vor den Leuten, dass sie eure guten Werke sehen
und euren Vater im Himmel preisen." Das Ziel ist dabei immer
missionarisch. Ein Christ hat hier dies zu wissen und zu erkennen:
Die Schõpfungsordnung Gottes ist um seiner Gnadenordnung
willen da. Anders und einfacher gesagt: Die Welt steht
noch, dam.it noch Leute selig werden. Das soll uns Christen
zu unserem Arbeitsauftrag im Bau des Reiches Gottes getrost und
kiihn machen. Du stehst hier im Namen Jesu Christi! Du bist das
Salz und das Licht der Welt! Du sollst Fackeltráger Gottes sein,
das Feuer des Reiches Gottes weiter zu tragen! Unser Handeln ist
dabei bestimmít von dem Wissen und Glauben, was Christus sagt:
"Wer mich bekennet vor den Menschen, den wili ich bekennen vor
meinem himmlischen Vater. Wer mich aber verleugnet vor den
Menschen, den will ich auch verleugnen vor meinem himmlischen
Vater." Mt. 10.32,33.
Kommts zum Leiden — so trágst Du dabei das Kreuz Christi.
Wird dein Leben dabei zu einem Opfergang, so hat doch Christus
vor uns und fur uns sich geopfert.
Luter 7 WA 41, 304 zu Ag 9,16:
"So Du willst ein Miterbe sein des Herrn Jesu Christi
und nicht mitleiden und sein Bruder sein und ihm
nicht gleich werden, so wird er dich gewisslich am
júngsten Tage fur keinen Bruder und Miterben er-
kennen, sondem wird dich fragen, òb du deine Dor-
nenkron, dein Kreuz und Nâgel und Geissel habest,
ob du auch der ganzen Welt ein Greuel gewesen seiest,
wir er und alie seine Glieder gewesen sind von Anfang
der Welt her. Wo du denn solchs nicht beweisen kannst,
so wird er dich auch nicht fur seinen Bruder halten
kõnnen. Surrtma: Es muss mitgelitten sein und miissen
90 Der Christ und die Arbeit unter dem Ersten Gebot

alle gleichformig werden dem Sohne Gottes oder wir


werden mit zu der Herrlichkeit nicht erhoben wer-
den. — Die Zeichen Nagel, Dornkron, Geissel u.s.w.
miissen ich und alle Christen auch haben, nicht an
die Wand gemalet, sondern in unser Fleisch und Blut
gedriickt. Diese Narben des Herrn Christi vermahnet
hiermit Skt. Paulus einen jeden Christen auch zu tra-
gen. Trostet also die Christen, dass sie nicht davor er-
schrecken, ob man ihnen schon alles Leid anlegt."
Mt. 24,9-14: "Lange nicht mehr, darum kaufet die Zeit aus".
Ebenso 1. Petr. 2,12: "Fiihret einen guten Wandel unter den
Heiden, auf dass die, so von euch afterreden als von tibeltatern,
eure guten Werke sehen und Gott preisen." Phil. 2,14.15: "Tut alles
ohne Murmeln und ohne Zweifeln, auf dass ihr seid ohne Tadel und
lauter und Gottes Kinder mitten unter dem unschlachtigen und ver-
kehrten^Geschlecht, unter welchem ihr scheinet als Lichter in der
Welt." Wir Christen miissen zunm Spiegel werden, in dem der noch
Unbelehrte den Christus sieht, der auch ihn erlost hat. Liebe zu
dem Mitsiinder! Das bedeutet ganz klare Scheidungen Eph. 5,8-11:
"Ihr waret weiland Finstemis, nun aber seid ihr ein Licht in dem
Herrn. Wandelt wie die Kinder des Lichts . . . und priif et, was da
sei wohlgefallig dem Herrn. Und habt nicht Gemeinschaft mit den
unfruchtbaren Werken der Finsternis, strafet sie aber vielmehr."
2. Kor. 6 v. 14: "Ziehet nicht am fremden Joch."
Wo hier unser Reden mit unserem Tun auseinanderfallt, unser
Glaube vom Leben getrennt wird — und das gerade bei der Arbeit,
die auch zeitlich die breitesten Beriihrungspunkte zwischen Christen
und Unchristen gibt — da wird es zur Lasterung des Namens Gottes
durch die Heiden kommen: Rom. 2,23f.: "Du riihmest dich des Ge-
setzes und schandest Gott durch Ubertretung des Gesetzes. Denn
eurethalben wird Gottes Namen gelastert werden unter den Hei-
den!" Die Gelegenheit zur Lasterung des Namens Gottes durch die
Unglaubigen wird auch iiberall da gegeben, wo in unbefugter Weise
hier die beiden Reiche vermischt werden, das geschieht in diesem
Zusammenhang auch namentlich dort, wo von christlicher Seite ge-
fordert wird, dass Dinge im Bereich des Arbeits- und Geschafts-
lebens verchristlicht werden. Das kommt immer wieder vor in Ver-
folgung materialistischer Ziele, wo jeder Zweck alle Mittel heiligt.
Da steckt man den Materialismus ins Schafskleid eines Nennchri-
stentums. Das ist ein unerhorter Bruch des 2. Gebotes, ein himmel-
schreiender Missbrauch des Namens Gottes.
Luther 18: WA 22,321 zu 2. Kor. 6,3: "Lasst uns niemand
ein Argernis geben."
"Ein Christ soil sich huten, dass er mit seinem Leben
niemand argerlich sei, damit nicht Gottes Name ge-
lastert werde. Es ist ein gross Ding um einen Christen,
der da ist ein neuer Mensch, nach Gott geschaffen und
ein rechtschaffen Gottesbild, darin Gott selbst leuchten
Der Christ unci die Arbeit unter dem Ersten Gebot 91

und scheinen will. Darum, was ein Christ Guts tut,


oder wiederum Boses tut (unter dem Namen eines
Christen), das reichet Gottes Namen zur Ehre oder
Schanden. Wo ihr nun euren Liisten folget und tut,
was euer alter Adam will, so tut ihr nichts, denn dass
ihr dem Lasterer Raum und Ursaeh gebet, dass Gottes
Name um euretwillen gelastert wird. — Hier soil sich
ein Christ zum Hochsten vor scheuen und hiiten, wenn
er sonst nichts ansehen wollte, dass er doch seines
^ieben Gottes und Heilandes Christi Narnen schone!"

Das 3. Gebot: "Du sollst den Feiertag heiligen!"


"Wir solleh Gott fiirchten und lieben, dass wir die Fredigt und
sein Wort nicht verachten!" Das kann durch die Arbeit geschehen.
Fiir die Sorge wurde das schon ausgesprochen! Das gilt aber auch
fiir die Arbeit als soiche. Darum hat uns der HI. Geist die Geschichte
von Maria und Martha aufschreiben lassen. Bei Martha ist das Got-
tesdienstliche an ihrer Arbeit gegenuber dem Herrn Jesu ganz
greifbar. Und doch widerspricht Jesus ihren Bemuhungen, die eigen-
tlich SORGE sind. Jesus hatte der Arbeit Marthas hier gewiss nicht
widersprochen, wenn eben diese wohlgemeinten Bemuhungen nicht
in Konkurrenz gestanden hatten zu dem Wort des Herrn Christi.
Wir horen die Stelle: Luk. 10.38—42: "Und er ging in einen Markt.
Da war ein Weib mit Njamen Martha, die nahm ihn auf in ihr Haus.
Und sie hatte eine Schvvester, die hiess Maria, die setzte sich zu des
Herrn Fussen und horte seiner Rede zu. Martha aber machte sich
viel zu schaffen, ihm zu dienen, und sie trat hinzu und sprach: Herr,
fragst du nicht danach, dass mien meine Schwester lasst allein die-
nen? Sage ihr doch, dass sie auch angreife. Jesus aber antwortete
und sprach zu ihr: Martha, Martha, du hast viel Sorge und Miihe!
Eins aber ist not, Maria hat das gute Teil erwahlet, das soil nicht
von ihr genommen werden." — Uberall da, wo unser vermeintlicher
Gottesdienst — Martha nennt ihr Schaffen hier in dem! Sinne einen
Dienst — allzusehr dabei auf dies schaut, was wir dabei Gott als
Gabe opfern und geben, da steht auch hier wieder die Arbeit in
Gefahr, Gotzendienst zu werden. Zumal sie hier davon abhalt, den
1. Gottesdienst, sich selbst gefallen zu lassen, gegenuber der Gabe,
die Gott uns gibt und mit der er uns dient.
Nur inwieweit wir bereit sind, auf Gottes Wort zu horen, in
dem Christus, das Licht der Welt, uns begegnet, nur insoweit kon-
. nen wir bei all unserer Arbeit wieder unser Licht vor den Leuten
leuchten lassen, dass sie unsere guten Werke sehen! Wir miissen
immer an der Quelle des Glaubens bleiben, wenn unser Glaube nicht
sterben soil, gerade in der heutigen Zeit des Materialismus. Diese
Zeit bringt es nun mit sich, dass wir mehr und mehr in der Hetze
3 eben und nicht zu der notigen Ruhe kommen. Wir brauchen fiir
das Horen der Stimme Gottes aber immer wieder Ruhe und Stille,
92 Der Christ und die Arbeit unter dem Ersten Gebot

zeitliche Ruhe und innere Ruhe. Die haben wir und konnen wir
nur haben, wenn wir alle Abeit Und alles Werkzeug aus der Hand
legen. Die moderne Entwicklung auf dem Gebiet der Arbeit wirft
hier ernste Problem^ auf. Zunachst fur das Horen des Wortes
Gottes im Hausgottesdienst. Die arbeitseilige Gesellschaftsordnung
mit Schichten etc. lasst die Familie gar nicht mehr vollzahlig zu-
sammenkommen. Das ist ein ernster Schade, wo diese kleinste Form
einer christlichen Gemeinde so zerbrockelt. Die Folgen iassen sich
noch gar nicht absehen, besonders im Blick auf'die Unterweisung
der Kinder, wo sSch in den letzten Jahren namentlich im Leben einer
Stadtgemeinde spiirbarer Erkenntnissch'wund bemerkbar gemaeht
hat. Der Seelsorger findet sich hier mit den Eltern in einer grossen
Not. Die Familie und das Elternhaus sind naeh Gottes Wort und
Willen Trager der Seelsorge im kleinsten Rahmen. So heisst es
5. Mose 6.6: 'Die Worte, die ich Dir heut gebiete, sollst du zu Herzen
nehmen und sollst sie deinen "Kindern scharfen!" Und die aposto-
lische Mahnung an die Eltern heisst fiir ihre Kinder: "Ziehet sie
auf in der Zucht und Ermahnung zum Herrn." Wo hier die Ruhe,
die Zeit und die St'ille fiir Hausgottesdienste verlorengeht durch ein
freiwilliges Aufgaben der Zeit, indem dem Materialismus Zeit und
Arbeit geopfert wird, da ist ganz ernstlich zu warnen und zu horen:
"Eins aber ist not!" Manche Eltern schicken ihre Kinder fort, urn
entweder selbst Ruhe zu haben vor ihnen, wenn die Arbeit den Men-
schen zermiirbt hat, oder — was noch schlimmer ist — um sich ein
bequemes Leben zu machen. Gotzendienst ist das. Der Christ und
christliche Eltern sollen sich wohl ernstlich prufen, wie sie sich hier
verhalten. Christliche - Eltern konnen ihre seelsorgerliche Verant-
wortung nicht vertreten Iassen. Und wie ist das nun mit dem Ge-
meindegottesdienst ?
Ich mochte hier auf die von dieser Seite her bestimmjte Proble-
matik der gleitenden Arbeitswoche zu sprechen kommen. Die glei-
tende Arbeitswoche liegt in der Konsequenz der technischen Struktur
von dem industriellen Wirtschaftsgeflige, das als solches immer
mehr von der Arbeitsteilung bestimmt ist. Eine Entwicklung, die
vielleicht in ihren Ausmassen dadurch charakterisiert werden kann,
dass fiir die vorliegenden Jahre 20.000 handwerkliche Kleinunfer-
nehmen aufgegeben wurden. Genug, es ware ein ungeheuerlicher
Schade, wenn durch diese technisch — industrielle Entwicklung ein-
mal der Sonntag als der einheitliche gesetzliche Feiertag in Wegfall
kame. Die Folgen sind fiir die Arbeit des Reiches Gottes, besonders
an der Gemeinde, kaum auszudenken. Die Glaubensgememschaft
konnte da kaum mehr unter dem Wort Gottes und am Tisch des
Herrn ihre Verwirklichung erfahren. Noch ist es nicht so weit! Und
wir wissen uns auch gerade in dieser Frage in Gottes Hand. Sollte
es einmal so weit kommen, was durchaus nicht augeschlossen ist,
dann ist eine solche Entwicklung wohl bedauernsweft, es ist aber
die Frage: Ob eine Kirche in dem Fall, bzw. schon jetzt im Laufe
der Entwicklung befugt ist, hier als Kirche in den weltlichen Raum
Dio Haupterfordornisse der Predigt, die grundlegend sind . . . 93

Forderungen und Weisungen hineinzusprechen. Ich sage: Die Kir-


che ist als Kirche nicht befugt, will sie. anders Kirche bleiben. Was
allerdings hier der einzelne Christ erreichen kann — je nach seinem
Einfluss —, das sollte er zu erreichen suchen und seinen Einfluss
an dem Ort geltend machen, wo ihn der gottliche Ruf hingestellt, hat.
Kommt trotzdem die gleitende Arbeitswoche, dann ist es Aufgabe
der Kirche und der Pastoren, durch Abendgottesdienste, Friihgot-
tesdienste* durch Wortverkundigung und Sakramentverwaltung in
den Hausern hin und her die Gemeinde zu bedienen. Eine Entwick-
lung, die uns wieder in die Nahe urchristlicher Gottesdienstformen
kommen liesse. Wir wtirden dabei moglicherweise ganz neu die Gna-
denfiille dieses Jesuswortes erfahren diirfen: "Wo zwei oder drei
versammelt sind in Meinem Namen, da bin ich mitten unter ihnen."
Bei der Diskussion um die Frage der gleitenden Arbeitswoche gilt
noch mehr eine Weisung, wir diirfen den 7. Tag hier nicht in irgen-
deiner Weise falsch werten und so zu einem neuen Sabbatgebot kom-
men, wie das haufig im Raum der ev. Kirche geschieht.
Die Frage nach dem Arbeitspfarrer ware auch hier zu stellen,
und sie miisste vielleicht auch von uns durchdacht werden.
Noch einige Hinweise: Unsere Gemeindeglieder sollten bei der
Wahl ihres Berufes, des Arbeitsplatzes und der Wohnung immer
darauf bedacht sein: Habe ich dort eine Kirche und Gemjeinde von
uns am Ort? Das Verhalten unserer Christen ist dabei nicht immer
von dieser Frage bestimmt. Und gerade hier gilt: "Trachtet am
ersten nach dem Reich Gottes, so wird euch solches alles
zufallen!"
Schliesslich noch ein wesentlicher Zweck unserer Arbeit: Erhal-
tung des Predigtamtes! Das Qpfer fur Gottes Reich, Lob und Dank
fur seine Gnade. Hier steheri wir an dem Altar rechten Gottesdien-
stes und werden von den Altar en des Gotzendienstes frei.

Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend


sind fur den Ban der Gemeinde Christi
A. O. GOERL
(Vorstehendes Referat, gehalten auf der Theologentagung'
in Thiensville, Wisconsin, Juli 1960, gelangt hier zum Druck
auf Beschluss der Pastoralkonferenz des Missioneirokreises).

In der Einleitung zum 51. Psalm sagt Luther: "Der eigentliche


Gegenstand der Theologie ist der Mensch, seiner Suende halber an-
geklagt und verloren, und Gott, der da rechtfertigt und der Erloeser
des siindigen Menschen ist." Schlichter und doch gewaltiger — und
warum nicht sagen: rrfutiger fuer unser Zeitalter — koennten wir
84 Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind . . .

den Inhalt der Theologie nicht zum Ausdruck bringen. Nehmen wir
diese beiden Stuecke heraus, ganz oder auch.nur teilweise, so wird
die Theologie ihres Inhaltes beraubt und sinkt herab zum Tum-
melplatz subjektiver Anschauungen und kurzfristiger Spekulationen.
"Der Mensch, der Suende halber angeklagt und verloren", ist doch
eingentlich das Motiv der gottlichen Heilsokonomie dadurch, dass
er das Objekt der erbarmenden Liebe Gottes geworden und in dem
Brenitpunkt des gottlichen Waltens steht, schon ehe der Welt Grund
gelegt war (Eph. 1,4). Und nachdem der Welt Grund gelegt war, in
der Fuelle der Zeit, wird das Wort wahr, das im heiligen Rat der
ewige Logos vor seiner Menschwerdung und angesichts des armen,
verlornen Suenders gesprochen: "Siehe, ich komme; im Buch ist
von mir geschrieben. Deinen Willen, mein Gott, tue ich gerne."
Ps. 40,8.9. Dieser Wille Gottes offenbart sich als einen Gnadcrjwillen,
der sich des verlornen Menschen annimmt und ihm, um Jesu willen
seine Suenden vergibt und die urspruengliche Gemeinschaft wieder
herstellt. So wird die Theologie zum Hohenlied der Gnade Gottes —
"Von seiner Fuelle haben wir alle genommen Gnade um Gnade".
Joh. 1,16.
Es wird nun leicht, die Predigt in die rechte Beziehung zu dieser
Theologie zu bringen. Die Aufgabe der Predigt besteht darin, dem
Menschen zu sagen, wie er vor Gott steht, um ihm darauf zu Ge-
muete zu fuehren, wie Gott zu ihm steht. Der Dualismus der Theo-
logie, als der Kern ihres innersten Bestandes, wird zum Dualismus
unserer Predigt.
So steht der Prediger vor seiner Gemeinde und redet im An-
gesichte Gottes ueber den "eigentlichen Gegenstand der Theologie".
Es waere strafliche Vermessenheit, ja seelenverderblich.es Unterfan-
gen, wollte er eigene Wege gehen, hat er doch nicht teilgehabt an
dem Walten Gottes bei der ersten Schoepfung — "Wo warst du,
da ich die Erde gruendete?" Hiob 38,4 — und auch nicht bei der
zweiten Schopfung — "Er hat uns gemacht, und nicht wir selbst,
zu seinem Volk und zu Schafen seiner Weide." Ps. 100,3. Ja, auch
ohne sein Zutun vollzieht sich das Walten Gottes bei seiner Beru-
fung zum Amt des Wortes, denn Jer. 1,5 gilt nicht nur von der
vocatio immediata sondern auch von der mediata: "Ich kannte dich,
ehe denn ich dich in Mutterleibe bereitete, und sonderte dich aus,
ehe denn du von der Mutter geboren wurdest, und stellete dich zum
Propheten unter die Volker."
So steht der Prediger vor seiner Gemeinde — und neben ihm
der Herr, gegenwartsnah, und beruehrt ihm den Mund und spricht
zu ihm: "Siehe, ich lege meine Worte in deinen Mund." Jer. 1,9.
1.
Was soil er sagen? Er soil als armer Sunder zu armien Siindern
reden. Er soil reden von der Not der Siinde, die er an sich selbst
erfahren hat. Wo das Schuldbekenntnis in der Predigt fehlt, wo der
Die Hauptorfordernisse der Predigt, die grundlegend sind . . . 95

Prediger es unterlaszt, das Schuldbewusztsein wachzurufen und


stetig zu scharfen, da wird von vornherein der christliche Charakter
der Wortverkiindigung verwischt und durch den heidnischen Cha-
rakter ersetzt. Diesrechte Erkenntnis des siindlichen Verderbens
1st die Lime, die beide Mar scheidet. "Das Heidentum kennt dieses
Problem nicht. Denn das Bose ist dem Heidentum nur Beschrankung,
Unvvissenheit, ein Mangel der Natur, ein Schicksal, das der Endlich-
.keit anhaftet, aber nicht Sunde, nicht die Storung eines heiligen
Gottesverhaltnisses, entstanden in dem Willen des Geschopfes."
(Martensen) Aus diesem Grunde sucht der Mensch in seiner Na-
turreligion nicht so sehr die Befreiung von einer Schuld als vielmehr
Schutz und Abwehr gegen allerlei korperliche Gebrechen und irdische
Note, wie daher die Ausiibung seines Kultes, in Gestalt von Gebeten,
Opfergaben und Kasteiungen, gemeiniglich eine Bezahlung fiir den
erbetenen oder bereits erhaltenen Dienst darstellt. Sein Gewissen
wird wenig beruhrt, sein Innerstes selten aufgewuhlt. Darum kam
Paulus auf dem Aeropag in Athen nicht weit mit seiner Predigt.
Kaum dass er Busse, Gericht und Auferstehung erwahnte, schwand
das Interesse der mit epikureischen und stoischen Philosophie ge-
sattigten Zuhorer. Die heidnische Philosophie weiss nichts von einer
Schuld bei Gott. Und die Predigt, die diese Schuld leugnet oder
abschwacht, wird zum Sprachrohr der Naturreligion.
Nikodemus, als Vertreter der Naturreligion, steht dem Heiland
verstandnislos gegenuber, und mit ihm die ganze Zunft der Pha-
risaer und Schriftgelehrten. Sie fanden es unerhort, dass die Stimme
in der Wiiste sich vermass, ihre Frommigkeit anzutasten und damit
folgerichtig ihren Gottesdienst umzustossen. Und obschon sie die
alttestamentlichen Waschungen verschiedenster Art gewohnt wa-
ren, verwarfen sie die Taufe, weil sie Gnadenmittelcharakter besass
und Schuldbewusstsein voraussetzte. Und als Jesus bei seinem, Auf-
treten die gleiche ernste Rede fiihrte und ihr durch die Tempelreini-
gung (Joh. 2) besonderen Nachdruck verlieh, eine Handlung, die
Schatten vorauswarf, da richtete sich ihre Front auch gegen ihn,
ungeachtet dessen, dass er sich als den Sohn Gottes vorstellte und
dies sein Zeugnis durch Wunder erhartete.
Das ist die Reaktion des verderbten Fleisches: es baumt sich
auf in Trotz und Diinkel gegen die Predigt von der Schuld bei Gott
und macht dieses Stuck der Wortverkiindigung zum schwersten Teil
unserer Aufgabe. Und dennoch soil und darf uns nichts davon abhal-
ten, von der Macht der Siinde zu unserer Gemeinde zu reden, den
einzelnen Christen zu warnen vor dem Feind im Busen, auf dass
ein jeglicher Zuhorer, ohne Ausnahme, sich dessen bewusst werde,
als arrrter Sunder vor Gott zu stehen.
Erst dann kann die Predigt ihre eigentliche Aufgabe erfiillen,
die ihr von Gott gesetzt ist, namlich die Heilsbotschaft in Christo
zu ubermitteln. Die Wortverkiindigung ist vornehmlich Heilsver-
kiindigung. Unser Amt ist das Amt, das die Versohnung predigt, und
unsere Predigt eine Bitte, die grosse Bitte an Christus Statt: "Lasst
98 Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind , . .

ouch versohnen mit Gott!" 2. Kor. 5,20. Das herrliche Evangelium,


das jede Kanzel, auch die unscheinbarste und unansehnlichste, zu
einer wahren Freudenstatte fiir den Prediger macht, bietet dem
Sunder an Eii5sung von Schuld und Strafe, vollige Vergebung aller
seiner Missetaten, ja ein Versenken seiner Siinden in die Tiefe des
Meers (Micha 7,19), und das alles frei und umsonst, ohne auch die
geringste Bedingung oder Forderung.
Diese Verkiindigung ist einzig in ihrer Art. Sie verlangert und
verstarkt den Trennungsstrich, der Christentum und Heidentum von
einander scheidet, wie Tag und Nacht geschieden sind. An dieser
Linie steht der Prophet Micha, wenn er vergleichsnd und in tieier
Ergriffenheit ausruft: "Wo ist solch ein Gott, wie du bist? der die
Sunde vergibt und erlasset die Missetat den ubrigen seines Erbteils;
der seinen Zorn nicht ewiglich behalt; denn er ist barmherzig."
(7,18)
Es ist notig, dass sich der Prediger dessen immer bewusst ist,
dass in dem Evangelium auch die Kraft liegt, dem Herzen die notige
Willigkeit zu geben, das dargebotene Heil durch den Glauben zu
ergreifen. Das Evangelium ist ja nicht nur eine vis dativa sondern
auch eine vis operative!.. Wahrend bei der vis dativa dem Prediger
eine gewisse Beteiligung zukommt, insofern er in der Heilsverkiin-
digung als Sprachrohr in Betracht kommt, so liegt die vis operativa
ausserhalb seines Bereichs; sie liegt ganz in der Hand des Heiligen
Geistes. Aber — und das sollte sich der Prediger immer wieder zu
Gemote fuhren — wenn wir auch nichts dazu tun konnen, weil wir
doch "glauben nach der Wirkung seiner machtigen Starke", so
konnen wir doch leider dem Heiligen Geiste in der Ausiibung seines
Amtes recht grosse Hindernisse in den Weg legen, besonders durch
Vermischung von Gesetz und Evangelium. Auch wir Prediger werden
tins nie, solange wir in dem sterblichen Leibe wallen, von der opinio
legis ganzlich freimachen.
Besonders leiden wir gern unter Mutlosigkeit, zumal auf Mis-
sionsfeldern, oder uberall da, wo wir harten Boden zu bearbeiten
haben. Da werden wir oft kleinmiitig und verzagt und zweifeln an
der vis operativa, und dieser Zweifel macht sich an unserer Pre-
digtweise bemerkbar. Wir lassen das Evangelium nicht immer zur
rechten Geltung kommen, zu seiner vollen Entfaltung, sondern
hemmen es ein und verengen seine Schleusen aus Furcht, zu freige-
big zu werden und Gottes Gnadenschatze zu vergeuden. Und so
kommt es, dass wir zuweilen einen kleinen, durftigen Glauben pre-
digen statt eines sieghaften, alliiberwindenden Glaubens, der, wie
Luther sagt, "mit ausgebreiteten Armen freudig den Sohn Gottes
ergreift, der fiir uns dahin gegeben ist". Es sollte unser Bestreben
sein, Glaubensgewissheit, Glaubensfreudigkeit in die Gemeinde hi-
neinzupredigen, sintemalen der wahre Glaube nichts anderes ist
als eine felsenfeste Gewissheit, die sich griindet auf Gottes Gnaden-
verheissungen in seinem Wort, das Wort, das wir verkundigen.
Hinter jedem Wort steht der Heilige Geist und gibt ihm Kraft und
Die Haupterf ordernisse der Predict, die grundlegend sind. . . 97

Nachdruck in den Herzen der Zuhorer, so dass bei einem Kinde


Gottes das innere Zeugnis des Heiligen Geistes zustande kommt.
Paulus driickt dies Gal. 4 und Rom, 8 folgendermassen aus: Durch
die Erlosung, so durch Christum • geschehen ist, haben wir die Kind-
schaft empfangen (Gal. 4,5); die Frucht dieses seligen Verhaltnisses
ist: "Weil ihr denn Kinder seid, hat Gott gesandt den Geist seines
Sohnes in eure Herzen, der schreiet: Abba, lieber Vater!" (V. 6)
Also kommt durch das Wort der Heilige Geist immerfort zu uns.
Er gibt uns Kraft und Freudigkeit zu beten: Abba, lieber Vater! (So
auch Rom. 8 — Paulus kann es sich nicht versagen, diese kindlich
schlichte Formel, in der seine ganze Theologie den Hohepunkt er-
reicht, zweimal zu gebrauchen.) Dieser Geist nimmt uns alle Furcht
aus dem Herzen (V. 15) denn es ist kein knechtllcher sondern ein
kindlicher Geist. "Und derselbige Geist gibt Zeugnis unserm Geist,
dass wir Gottes Kinder sind." O herrliche Gabe, dies testimonium
internum des Heiligen Geistes im Gegensatz zu dem monstrum in-
certitudinis der romischen Kirche! O herrliches Amt, das diese Gabe
darreicht und Trost, uberreichen Trost spendet! "Trostet, trostet
mein Volk!" ist der Grundton jeder wahrhaft evangelischen Predigt.
Wir fdssen das erste Erfordernis unserer Predigt zusammen:
Wollen wir eine Gemeinde J.esu samrneln, so miissen wir "predi-
gen in seinem TStamen Busse und Vergebung der Siinden" (Luk.
24,47) wie auch Paulus den Altesten von Ephesus erklart: "Und
habe bezeuget beide den Juden und Griechen die Busse zu Gott und
den Glauben an unsern Herrn Jesum Christum." Ap. 20,21.
Mogen unsere treulutherischen theologischen Hochschulen in
der Betonung dieser Aufgabe ihre Daseinsberechtigung erkennen
und sich durch nichts beirren lassen, die Zeugen Jesu in seinem
Sinne auszuriisten. Mogen sie standhaft bleiben inmitten der Stro-
mungen, die der Predigt von Busse und Glaube wohl in dern refor-
matorischen Zeitalter noch einen Platz zuweisen, nimmermehr aber
in unserer heutigen Zeit. Da sei diese Predigt, so sagt man, nicht
mehr opportun. Der menschliche Geist habe sich zu solchen Hohen
emporgeschwungen, dass es heute mit seiner Wurde unvereinbar
sei, die Theologie vergangener Jahrhunderte an den Mann bringen
zu wollen. Die moderne Zeit beanspruche eine moderne Predigt.
Und man schaut mit einer unverhehlten Geringschatzigkeit auf die
Kreise, in denen Siinde und Gnade noch Begriffe sind fiir Kanzeln
und Katheder. Man vergisst jedoch, dass es, strikt genommen, gar
keine moderne Predigt geben kann, und zwar aus dem einfachen
Grunde, weil es, genau genommen, keine moderne Zeit gibt. Tragt
doch jedes Jahr der Weltgeschichte diesen Stempel und wird ihn
voraussichtlich auch in Zukunft tragen. Und was den Fortschritt in
der Technik und auf den andern Gebieten des menschlichen Wissens
betrifft, wird nicht zu leugnen sein, dass er den innern Menschen
nicht beriihrt. Er ist derselbe geblieben mit der ganzen Tragik sei-
ner Erbschuld, von der Siinde geknechtet, ein Sklave seiner selbst,
der am eigenen Diinkel krankt, einerlei in welchem Jahrhundert er
98 Die H a u p t e r f o r d e r n i s s e d e r P r e d i g t , die g r u n d l e g e n d s i r d . . .

lebt. Der Mensch, der Siinde halber angeklagt und verloren, beno-
tigt die Predigt von Busse und Glaube — heute mehr denn je.
2.

Wenn Jesus seinen Jungern sagt: "Wer euch horet, der horet
mich, und wer euch verachtet, der verachtet mieh" (Luk. 10,16)
dann soil dies Wort uns nicht nur daran erinnern, dass wir in sei-
nem Namen und Auftrag predigen, sondern auch dass wir ihn selbst
predigen. Jesus hat sich selbst gepredigt. So muss unser Predigen
ehristuszentrisch sein, wie ja eine Heilsverkiindigung, die sich nicht
auf Christum griindete, undenkbar ware. Man merkt dem Apostel
Paulus die Erregung an, die aus seinen Worten spricht: "Meine
lieben Kinder, welche ich abermal mit Angsten gebare, bis dass
Christus in euch eine Gestalt gewinne." Gal. 4,19.
Klar und umrissen muss diese Gestalt in den Ilerzen unserer
Zuhorer sein, denn die Erlosung hangt von einem personlichen Hei-
land ab. Er ist das Heil. Er nennt sich den Weg, die Wahrheit und
das Leben. Er ist das Licht der Welt. Er ist die Auferstehung und
das Leben. Er ist das Lamm, das der Welt Siinde tragt. "Er ist
uns gemacht von Gott zur Weisheit und zur Gerechtigkeit und zur
Heiligung und zur Erlosung." 1. Kor. 1,30.
Klar und umrissen ist diese Gestalt erst dann, wenn sie Kne-
chts gestalt annimmt und als solche am Kreuze hangt und f tir unsere
Siinden stirbt. Nur diesen Christus kennt Paulus, wie er seiner Ge-
meinde in Korinth bezeugt: "Denn ich hielt mich nicht dafiir, dass
ich etwas wiisste unter euch ohn allein Jesum Christum, den Ge-
kreuzigten." I, 2,2,. Einen andern Christus gibt es nicht. Die lieben
Jiinger, die eine falsche Vorstellung hatten von der Gestalt ihres
Heilandes, mussen sich von ihm belehren lassen, ja, Petrus sogar
auf eine scheinbar harte Weise: "Heb dich, Satan, von mir! Du
bist mir argerlich: denn du meinst nicht, was gottlich, sondern was
menschlich ist." Matth. 16,23. Selbst innlitten der grossen Ereig-
nisse erspart ihnen der Herr die Ruge nicht: "O ihr Toren und
trages Herzens, zu glauben alle dem, das die Propheten geredet
haben! Musste nicht Christus solches leiden und zu seiner Herrli-
ckeit eingehen?" Luk. 24,25.26.
Ein "Aber" lasst uns jedoch aufhorchen. Es steht in diesem
Zusammenhange und will uns Prediger und Zuhorer warnen vor
einer grossen Gefahr, die stetig zunimmt. Wenn Paulus sagt: "Wir
aber predigen den gekreuzigten Christum", dann will er mit diesem
"Aber" uns in eine Gegenstellung bringen zu denen, die nicht den
gekreuzigten Christum predigen. Es gehort das zum grossen Betrug
des Erzgauklers, dass auf vielen Kanzeln ein Christus verkundigt
wird, der nur ein Zerrbild ist von dem wahren Christus, der uns
zugut in den Tod gegangen. Man macht sich einen Christus, wie
man ihn gebraucht. Und ich wiisste keinen Unterschied zwischen
diesem Verfahren, wie es in vielen Kirche und theologischen Schu-
Die Haupterfordermsse der Predigt, die grundlegend smd . . . 99

len ublich ist, und dem der Heiden, laut Zeugnis eines ihrer beriihm-
testen Philosophen: "Der Menseh hat die Gotter nach seinem Bilde
gemacht und ihnen seine Lebensweise gegeben." (Aristoteles, die
Politik) Standig haben unsere Christen in der Lektiire, im Radio,
in Aussprachen einen Christus vor Augen, der nicht in biblischer
Gestalt auftritt. Im Zuge der sozialisierenden Evangeliumsverkiin-
digung tritt der Christus der Bergpredigt in den Vordergrund, wah-
rend das Bild von Golgatha ganz verblasst. Das Evangelium wird
zum "socialgospel", das Reich Christi ein Diesseitsreich, sein tati-
ger Gehorsam ein anspornendes Vbrbild, sein leidender Gehorsam
die Martyrertat eines Idealisten, sein Sammlen, sein Werben, mithin
die Aufgabe der Kirche, wird zum Anstreben einer allgemeinen Ver-
briiderung unter dem Leitwort "Okumene". Und unsere Christen
horen und lesen, wie Jesus einem Buddha oder irgendeinem andern
heidnischen Religionsstifter gleichgestellt wird, und wie vor allem
Manner, die das Wesen des Christentums nicht erkannt haben, den-
noch wegen ihrer grossen Liebeswerke, die an sich der iustitia ci-
vilis zuzuweisen und als solche anerkennenswert sind, als echte Jun-
ger und Nachahmer Christi geriihmt werden.
Mogen wir doch als treue Diener Jesu die uns anvertrauten
Seelen immer wieder mit Angsten gebaren, bis dass Christus in
ihnen eine Gestalt gewinne. Und damit hatten wir das zioeite Erfor-
dernis der Predigt gekennzeichnet: Wir sollen Christum den Ge-
kreuzigten predigen.

3.

Mit den beiden vorgenannten Stiicken legen wir bei unsern


Zuhorern den Grund zum wahren Christentum. Nun gilt es, auf
diesem Grunde weiterbauen, Stein auf Stein, damit sie den ganzen
Rat Gottes zu ihrer Seligkeit kennen lernen, wie Paulus es in sei-
nem Rechenschaftsbericht vor den Altesten aus Ephesus ausdruckt.
EG ist von jeher das GharaJderistikum der lutherischen Predigt ge-
wesen, ihre Starke und ihr Ruhm, lehharft zu sein, das heiszt, be-
strebt zu sein, die Zuhorer mit oiler Lehre der Schrift vertraut zu
machen — das dritte Erfordernis unserer Predigt.
Ob logos, ob didaskalia, ob didachee — Lehre ist das, was Gott
in seinem Worte sagt, auch wenn die Form nicht immer spezifisch
didaktisch ist. Ist doch alle Schrift von Gott eingegeben, urn. uns als
Lehre nutze zu sein zur Unterweisung zur Seligkeit. Es ist bezeich-
nend, mit welchem Nachdruck Christus und die Apostel auf das
Wort, auf die Lehre verwiesen haben. Denn die Worte der Schrift
sind Geist und sind Leben. Das haben die Jiinger erkannt: "Herr,
wohin sollen wir gehen? Du hast Worte des ewigen Lebens." Joh.
6,68. Jesus macht die Jungerschaft und das Freiwerden von der
Sunde abhangig von dem Bleiben an seiner Rede. Darum verzehrte
sich Jesus selber im Dienst des Wortes. Wo immer er sich auch be-
fand, Jesus lehrte — im Tempel, in Hausern bei Freund und Feind,
100 Die Haupterfordernisse der Predict, die grundlegend sind . . .

auf dem Berg, auf der Strasse, auf dem Wasser — Jesus lehrte. Und
dann, als sich seine Stunde naherte, fleht er im hohenpriesterlichen
Gebet fur seine Jiinger: "Heilige sie in deiner Wahrheit; dein Wort
ist die Wahrheit", um sie auszuriisten fiir den grossen Auftrag, der
noch heute gilt: Gehet hin in alle Welt und lehret — ja, lehret sie
halten alles, was ich euch befohlen habe. Denn wer da glaubet und
getauft wird — im Einklang mit dieser meiner Lehre — der wird
selig werden. Mit diesem, Auftrag lauft die Warming parallel: "Las-
set euch nicht mit mancherlei fremden Lehren umtreiben." Hebr.
13,9. Und: "Auf dass wir nicht mehr Kinder seien und uns wagen
und wiegen lassen von allerlei Wind der Lehre durch Schalkheit der
Menschen und Tauscherei, damit sie uns erschleichen zu verfuhren."
Eph. 4,14. -
Den ersten Christen wird nachgeriihmt, dass sie bestandig blie-
ben in der Apostel Lehre. Und Paulus, vom Heiligen Geiste inspiriert,
lasst sichs angelegen sein, den Dienern am Wort das Festhalten an
der reinen Lehre auf die Seele zu binden: "Hab' acht auf dich selbst
und auf die Lehre; beharre in diesen Stiicken! Denn wo du solches
tust, wirst du dich selbst selig machen, und die dich horen." 1. Tim.
4,16. "Du aber rede, wie sichs ziemet nach der heilsamen Lehre."
Tit. 2,1. "Allenthalben aber stelle dich selbst zum Vorbild guter
Werke mit unverfalschter Lehre, mit Ehrbarkeit, mit heilsamem
•und untadeligem Wort." Tit. 2,7.8. Paulus denkt nicht daran, eine
paulinische Schule ins Leben rufen zu wollen, es ist auch nicht
Uberhebung, wie manche meinen, sondern eine von Gott gewollte
Ordnung, wenn er an Timotheus schreibt: "Halt an dem Vorbilde
der heilsamen Worte, die du von mir gehort hast", 2. Tim. 1,13,
denn nur so kann die Kirche Jesu erbauet werden auf den Grund
der Apostel und Propheten, das ist, auf den Grund ihrer von Gott
eingegebenen Lehre. Eph. 2,20.
Es ist etwas Herrliches um gutgegriindete Kinder Gottes, die
in alien Fragen des Glaubens und des Lebens aufhorchen auf die
Stimme, die zu ihnen redet. Zum innigen Gemeinschaftsleben mit
Gott, geklart durch Gottvertrauen und selige Christenhoffnung,
gehort das Vertrautsein mit seinem Wort, mit seinen Verheissun-
gen, mit seinen Forderungen. Je tiefer wir unsere Gemeinden in
die Lehre hineinfuhren, desto reicher 'wird die Erkenntnis, desto tie-
fer ihr Glaube, desto starker ihre Liebe, desto mutiger ihr B,e-)
kenntnis.
Die Einwande, die man gegen die Lehrpredigt namhaft macht,
bleiben stets die gleichen. Man redet vom "Dogmatismus", von "toten
Formeln", vom "erstarrten Orthodoxismus", vom "Buchstaben, der
da totet" (spottisch redet man auch vom "Buchstabulismus") und
man fordert, statt Lehre zu predigen solle man das Leben betonen,
auf Liebe dringen, Gottseligkeit fordern und auf diese Weise das
Christentum betatigen. Leider lassen sich auch hier und da schwa-
che Glieder von solcher Rede betoren, ohne die eingentliche Ursa-
che solcher Ablehnung der Lehre zu erkennen.
Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind . . . 101

Selten sind Einwande so widerspruchsvoll und so unrichtig, be-


sehen im, Lichte einer halbwegs gesunden Vernunft, dass man mit
D. F. Pieper von einer "fast unbegreiflichen Geistesverwirrung" re-
den mochte. "Die christliche Religion", sagt Pieper in seiner Dog-
matik 1,77, "ist von allem Anfang an als Lehre oder Lehrmitteilung
in die Welt getreten." Und darin liegt ja gerade der Widerspruch,
dass die Gegner der Lehrpredigt selbst Lehre treiben, es sei denn,
was sie nun nicht wollen, sie beabsichtigten, die Zuhorer mit litera-
rischer Kurzweil oder mit Politik oder sonstigen Allotria zu erbauen.
Sie tragen Lehre vor, aber — und das ist doch in den meisten Fal-
len die wahre Sachlage — anstatt die Rechtfertigung in den Mittel-
punkt zu riicken, stellen sie die Heiligung, besser gesagt, seichte
Morallehre obenan, wie sie jeder heidnische Tugendlehrer feilbietet.
Der Kampf gegen den Othodoxismus hat aber eine tiefere Be-
deutung. Zunachst steht doch fest, dass es ja in Wirklichkeit keine
"toten Formeln" gibt. Entweder ist eine Formel das, was der Name
sagt- dann ist sie lebendig - oder sie verdient diesen Namen nicht.
Die Formeln der Medizin retten Menschenleben. Die Formeln der
Jurisprudenz regieren die menschliche Gesellschaft. Die Formeln
der Physik entfalten ungeahnte Krafte. Nur die Formeln der Theo-
logie sollen tot sein, iiberflussig, ja hinderlich und schadlich. Vom
Arzt oder Apotheker fordert man im Namen der Wissenschaft
angstliche Befolgung der Formeln, ebenso vom Ingenieur oder Rich-
ter — in der Theologie fordert man im Namen der Wissenschaft
vollige Nichtachtung der Formeln, Tot sollen die Formeln sein:
Das Blut Jesu Christi. . . Siehe, das ist Gottes Lamm . .. Es ist in
keinem andern H e i l . . .
Aber es mochte jemand einwenden und fragen, ob es denn nicht
so etwas gebe, das man "toten Orthodoxismus" nennen konne. Ge-
wiss kann es den geben, sowohl auf Seiten der Zuhorer als auch auf
Seiten des Predigers. Toter Orthodoxismus ist die verstaubte Bibel
auf dem Biicherbrett; ist die Predigt, die man uber sich ergehen
lasst, ohne dass das Herz beriihrt wird; ist das'Auawendiglernen des
Katechismus, ohne seinen Inhalt zu erfassen. Und der Prediger kann
leicht seine Gemeinde in einen toten Orthodoxismus hineinwiegen,
wenn er jahraus, jahrein es in der Anwendung fehlen lasst, so dass
seine Predigten keine rechten Spitzen habeh, die in das Gemut
eindringen. Das Gesetz verursacht keine terrores conscientde, und das
Evangelium erwarmt und belebt nicht. Die Predigt enthalt wohl
die sana doctrina, aber es fehlt ihr an Kraft und Feuer. (Jesus pre-
digte gewaltig.) Genau besehen, gibt es keinen Orthodoxismus, der
an sich tot ware, sondern durch menschliches Verschulden kann
seine Kraft gelahmt werden. (Vergl. Hebr. 4,2.12) Im Lichte dieser
Feststellung miissen wir nicht nur das 17. Jahrhundert sondern
irgendein Jahrhundert besehen. Am allerwenigsten aber darf der
Pietismus von einem toten Orthodoxismus reden, weil er (der Pie-
tismus) abgesehen von einem gesunden Anfang, bald die ganze
102 Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind .. .

Orthodoxie iiber den Haufen warf und ein heilloses Durcheinander


anrichtete.
Damit kommen wir auf den Kern der Sache, namlich auf die
tiefere Bedeutung des Kampfes gegen den Orthodoxismus. Was Va-
lentin Loscher vom Pietismus sagt, kennzeichnet die wahre Situa-
tion derer, die den Dogmatismus in der Predigt bekampfen, namlich,
"dass frommscheinender Indifferentismus ein Spezialcharakter des
mall pietistici sei". Indifferentismus, Gleichgultigkeit in der Lehre
ist der Spezialcharakter der Kreise, die die Lehrpredigt verponen.
Der Kampf richtet sich nicht gegen den toten Buchstaben, sondern
gegen den Buchstaben schlechthin. Man will sich nicht binden, weil
alles lecht sein soil. Und weil Formeln binden, tut man sie ab als
trite Formeln. Man begniigt sich mit Halbheiten, und Halbheiten
bedingen Konzessionen, die auf eine Verleugnung der Wahrheit hi-
nauskommen.
4.

Soil es wohl stehen um unsere Kirche; wollen wir, soviel an


uns. liegt, fur den Bestand des wahren Luthertums Sorge tragen;
wollen wir unsern Kindern das uberkommene Erbe des reinen Evan-
geliums erhalten, so miissen wir unsern Zuhorem eine heilige Scheu,
eine aufrichtige Hochachtung vor Gottes Wort einflossen. Der Man-
gel an Hochachtung vor Gottes Wort ist der Krebsschade unserer
Zeit. Man zieht nicht die Schuhe aus am heiligen Ort, heilig durch
die Nahe Gottes, der da spricht. Man erbebt nicht mehr vor dem
Donnern udd Blitzen auf dem Berge, da der Herr zu den Menschen
redet. Man erschrickt nicht vor den Drohungen auf dem letzten
Blatt der Bibel. Man baut einen Turm, des Spitze bis an den Him-
mel reichen soil und diinkt sich klug und tut noch stolz ob des Un-
terfangens '•— trotz der greulichen Verwirrung, die da herrscht. Das
Babelunternehmen der protestantischen Theologie der letzten hun-
dert Jahre stellt das im Lande Sinear stattgehabte in den Schatten
und wiirde, wenn Gott seinem Buche ein drittes Testament anfiigen
wollte, ein besonderes, ein grosses Kapitel des Abf alls' bilden, etwa
nach dem Muster von Jeremias 23, wo wir lesen: "Gehorchet nicht
den Worten der Propheten, so euch weissagen! Sie betriigen euch;
denn sie predigen ihres Herzens Gesicht und nicht aus des Herrn
Munde. V. 16. Wann wollen doch die Propheten aufhoren, die falsch
weissagen und ihres Herzens Trugerei weissagen und wollen, dass
mein Volk m/eines Namens vergesse- iiber ihren Traumen, die einer
dem andern predigt? V. 26.27. Darum sollt ihr zum Propheten also
sagen: Was antwortet dir der Herr und was sagt der Herr?" V. 37.
Oder nach dem Muster von Hesekiel 13, wo der Herr sagt: "Dnsj
Volk bauet die Wand, so tunchen sie dieselbe mit losem Kalk. Sprich
zu den Tunchern, die mit losem Kalk tiinchen, dass es abfallen
wird; denn es wird ein Platzregen kommen, und werden grosse
Hagel fallen, die es fallen, und ein Windwirbel wird es zerreissen."
V. 10.11.
Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind . . . 103

Der Turm zu Babel steht unvollendet da, dem Sturm und Ha-
gel des gottlichen Zornes ausgesetzt — und trotz alledem wird wei-
ter gebaut. Die lose Tunche tuts dem Menschen an. Und nicht nur
unsere Laien, sondern auch wir Prediger sind nicht unempfindlich
fiir die hochtonenden Schlagworter, die dem Zeitgeist Rechnung
tragen. Die Wissenschaft, die wir auf andern Gebieten freudig aner-
kennen; die Wissenschaft, die wir auch in der Theologie anerkennen,
soweit sie ihre ancilla-dienste verrichtet, die drangt sich nur zu oft
in das Heiligtum Gottes, um sich als Meisterin zu gebarden und —
darin besteht fiir uns die grosse Gefahr — um unserer Vernunft
das Wort zu reden, in der sie eine Verbiindete hat. Wenn das Virus
des Zeitgeistes in einen Kirchkorper eindringt und dort gefahrliche
Herde bildet, so geschieht es immer auf dem Wege der rationalisie-
renden Theologie. Es sind Breschen, die der Feind schlagt. Denn all
die grossen Lehrkampfe der Kirchengeschichte mit ihren vielarti-
gen Auseinandersetzungen bis in die scheinbar kleinsten Auswir-
kurigen hin, lassen sich auf diesen Ausgangspunkt zuriickf iihren:
Schrift oder Vernunft!
Und hier geht der Trennungsstrich durch die lutherischen Kir-
chen unserer Tage. An der Quelle scheiden sich die Geister. Man
tut dem Namen "lutherisch" fu'rwahr Gewalt an, wenn man glaubt,
denselben tragen zu diirfen, selbst wenn man einem Prinzip huldigt,
wie es etwa in der folgenden Erklarung zum Ausdruck kommt:
"Wir haben nun als Quelle, aus welcher die christliche Glaubens-
lehre Stoff zu schopfen hat, eine dreifache erkannt, namlich die
erleuchtete Vernunft des dogmatisierenden Subjektes, die Lehre
der Kirche und die kanonische Schrift des Alten und Neuen Testa-
mentes." (F. A. Philippi) Statt einer dreifachen erkennt die Kirche
Luthers nur die einige Quelle an: die kanonische Schrift Alten und
Neuen Testaments. Vor dieser bezeugt sie mit Luther Ehrfurcht
und heilige Scheu.
Anders hat es Jesus nicht gehalten und mit ihm alle heiligen
Schreiber. Jesus selbst redet im Alten Testament: "Von der Zeit
an, da es geredet wird, bin ich da; und nun sehdet mich der Herr
HERR und sein Geist. "Jes. 48,16. Vergl. Jes. 43; 49; 50; 61; Hes.
34 und andere. Jesus bestatigt sein Wort im Alten Testament, wenn
er Jes. 61 vorliest und dann erklart: "Heute ist diese Schrift er-
fiillet vor euren Ohren." Luk. 4,21. Und er bestatigt alles, was uber
ihn im Alten Bunden gesagt ist: "Sie (die Schrift) ists, die von mir
zeuget." Joh. 5,39. Den Emmausjungern "fing er an von Mose und
alien Propheten und legte ihnen alle Schriften aus, die von ihm ge-
sagt waren." Luk. 24,27. Und die Jiinger bekannten nachher:
"Brannte nicht unser Herz in uns, da er mit uns redete auf dem Wege,
als er uns die Schrift offnete?" 24,32. Moge alien unsern Zuhorern das
Herz brennen, wenn wir auf unsern Kanzeln die alten Manner Gottes
erstehen lassen, einen Moses, einen David, einen Jesaias, Manner,
die sich in Ehrfurcht beugten vor dem einigen wahren Gott Israels,
der personlich zu ihnen sprach, und der durch sie auch zu uns redet,
104 Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind .. .

und der sie gewisslich nicht im unklaren liess iiber sein gottlich
Wesen und somit iiber die Theologie als Lehre von Gott, als ob sie,
wie kiirzlich behauptet worden ist, an die Koexistenz anderer realer
Gotter glaubten. Ich wiederhole: moge auch unsern Zuhorern das
Herz brennen, wenn sie sehen, wie alle Glaubigen im Alten Bunde
mit uns eins sind in der Erkenntnis des barmherzigen Gottes, der
zu Mose kam und diesen bewog, ergriiien auszurufen: "Herr, Herr
Gott, barmherzig und gnadig und geduldig und von grosser Gnade
und Treue; der du beweisest Gnade in tausend Glied und vergibst
Missetat, Ubertretung und Siinde." 2. Mos. 34,6.
Und wie soil ihnen das Herz brennen, wenn auf unsern Kanzeln
die Manner Gottes zu Wort kommen, die um Jesu waren, von.denen
die meiston sagen konnten: "Das Wort ward Fleisch und wohnete
unter uns, und wir sahen seine Herrlichkeit als des eingebornen
Sohnes vom Vater, voller Gnade und Wahrheit." Jon. 1,14.
Wir sitzen an der Quelle und schopfen nur. Wir brauchen nicht
neue Brunhen zu graben, locherichte Brunnen, die kein Wasser ge-
ben. Jer. 2,13. Und wir wollen auch nichts Neues suchen. Die Neu-
gier der Athener, Apost. 17.21, nchits anderes als intellektueller Juck-
reiz, darf nimmerrnehr die Forsehungstatigkelt des Theologen
kennzeichnen. Und wenn eine sogenannte "wissenschaftliche" Theo-
logie sich entsetzen mag ob des Mangels an "lebendiger Funking mit
den wissenschaftlichen Kraften der eigenen Zeit" und das Festhal-
ten an der Schrift als "eine gebundene Marschroute" bezeichnet
(Joh. 14,6 finden wir ein Synonym) und verachtlich die echt lu-
therische Theologie eine Repristinationstheologie nennt, so fallt sie
unter das Urteil, das die Schrift bereits gesprochen hat 1. Tim. 6,3:
"So jerriand anders lehret und bleibet nicht bei den heilsamen Wor-
ten unsers Herrn Jesu Christi und bei der Lehre von der Gottselig-
keit, der ist verdiistert und weiss nichts" — also eine Wissenschaft,
die unwissend ist, weil sie von Dingen redet, die jenseits der men-
schlichen Erkenntnis liegen. Was einst ein Theologe, der richtungge-
bend wurde, an uns tadelte, ist geradezu das, was die Schrift als
unsere- einige Aufgabe hinstellt: "Wer von keiner friihern und in-
nerlichern Aufgabe weiss, als dass er den Inhalt der Heiligen Schrift
oder eines kirchlichen Bekenntnisses, oder auch die zu einer ge-
wissen Zeit in der Kirche geltenden Lehre zusammenhangend dar-
stelle, der bleibt bloss Berichterstatter in einer ihm vielleicht nicht
fremden, aber doch ausser ihm gelegenen Sache." (v. Hofmann).
Wollen wir den Menschen sagen, wie sie selig werden sollen, wollen
wir die Gemeinde Jesu bauen, so diirfen wir nichts anderes sein als
Berichterstatter, Botschafter und Zeugen einer ausser uns gelege-
nen Sache, von der wir gar nichts wussten, wenn Gott sie uns nicht
in seinem Wort geoffenbart hatte. Unser wissenschaftliches For-
schen und Suchen kann nur das Ziel verfolgen, immer tiefer in die
gegebenen Heilswahrheiten einzudringen, sie sowohl nach alien Sei-
ten hin zu erfassen wie auch ihren wunderbaren Zusammenhang
festzustellen und sie auch immer wieder gegen neue Fronten zu
Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind . . . 105

verteidigen. So konnen wir Lessing einmal recht geben, wenn er


sagt: "Die gottliche Offenbarung verhalt sich zu seinem Forschen,
wie das im voraus gegebene Facit zu einer Rechenaufgabe." Bei
dem beroensischen Rechenexempel (Apost. 17,11) klappte das Re-
sultat famos.
Die Hochachtung vor Gottes Wort, die wir unsern Zuhorern
einflossen wollen, leidet dadurch keine Einbusse, dass wir es ernst
nehmen mit unsern lutherischen Bekenntnisschriften in Lehre und
Praxis und ihnen nicht nur dokumentarischen, historischen Wert
beimessen oder bestenfalls einen Quatenusgebrauch von ihnen ma-
chen. Wollen doch die Bekenntnisse nicht eine Quelle neben der
Quelle bilden, sondern sind Wasser, aus der Quelle geschopft, eine
norma normata, und zwar "eine einhellige, gewisse, allgemeine
Form der Lehre, dazu sich unsere evangelischen Kirchen samtlich
und insgemein bekennen, aus und nach welcher, weil sie aus Gottes
Wort genommen, alle andern Schriften, wiefern sie zu probieren und
anzunehmen, geurteilt und reguliert werden sollen." KF. Sie sind
eine systematische Zusammenfassung der Hauptlehren der Schrift
und wollen gerade auch unsere Laien in den Stand setzen, die Geis-
ter zu priifen, ob sie von Gott sind. Wir konnen gar nicht genug
tun, um unsere Christen mit dem Kleinen Katechismus, mit der
Augsburgischen Konfession und mit der Konkordienformel ver-
traut zu machen — die rechte Schulung flir Laientheologen. Mit
Recht schreibt ein Theologe: "In der popularen Darstellung des
Katechismus keimt die ganze Dogmatik."
Die Ablehnung der lutherischen Bekenntnisse kann nur auf
zwei Ursachen zuriickgefuhrt werden. Einmal kann es pure
Schwarmgeisterei sein, die sich hinter der Losung versteckt: Nur
die Bibel! Doch darf ein solcher Bruder auch nicht das Apostolikum
gebrauchen, ja, er darf beileibe keine Predigt haiten sondern muss
sich angstlich derauf beschranken, Blatt fur Blatt aus dem Bibel-
buch seiner Gemeinde vorzulesen. Der eigentliche Grund aber der
ablehnenden Haltung innerhalb von Kirchen, die sich lutherisch
nennen, ist doch der, dass unsere Bekenntnisschriften aus der Quelle
geschopft sind und deshalb so klar und unmissverstandlich reden, dass
sie, weil sie verbindlich sind fur Pastoren und Gemeinden, auch flir
solche, die auf den Namen "lutherisch" nicht verzichten mochten
aus ethriischen oder gefuhlsmassigen Griinden, keine Raum lassen
flir die vielgepriesene Freiheit des Geistes — in der das Fleisch
seine Triumphe feiert. Luthers Ausfiihrungen iiber das Wort Jesu
Joh. 7,17: "So jemand will des Willen tun, der wird inne werden, ob
diese Lehre von Gott sei, oder ich von mir selber rede" (aus einer
Predigt aus dem Jahre 1531) lassen sich in treffender Weise auf
unsern Gegenstand anwenden. Er sagt: "Ein Christ kann scheiden
Lehre von Lehre und sagen: Das hat Gott geredet, das hat er nicht
geredet." Und dann spricht Luther, als ob er das Konkordienbuch
vor sich hatte: "Die christliche Kirche hat Arium, Pelagium und
alle andern Ketzer geurteilt und verdammt, ia das Meer voll Ketzer
106 Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind . . .

gecttirzt in Abgrund der Holle, durch das gottliche Wort; nicht, dass
sie eine Herrin ware iiber das Wort Gottes, sondern, dass sie sich dahin
ergeben hat in das Wort Gottes, dass sie Christum allein hort, und
den Willen des tut, der ihn gesandt hat, und dass sie eine Schiilerin
ist dieses Mannes, seines Worts oder Lehre. Daher wird sie eine
Meisterin iiber alles. Und aus diesem Worte hat sie beschlossen,
dass diese Lehre recht, jene aber unrecht; item, dass dieser ein
Ketzer sei und nicht recht lehre. Und ob ich schon unterscheiden
kann, welche Lehre von Gott ist, oder von Menschen herkommen,
dennoch habe ich die Macht nicht, iiber das Wort Gottes zu herr-
schen, oder Gottes Wort zu verwerfen, sondern, dieweil ich Gottes
Schiilerin bin, so werde ich mit meinem Schiileramt ein Magister
iiber Menschensatzung und Lehre, aber nicht iiber Gottes Wort und
iifeer Gott." St. L. VIII, 35.
Wir sind es der Zukunft der lutherischen Kirche schuldig, un-
sere Gemjeindeglieder mit den lutherischen Bekenntnisschriften
vertraut zu machen, auf dass sie befahigt werden, ein wohlbegriin-
detes Urteil zu geben dariiber, wer den Namen lutherisch zu Recht
tragt in Lehre und Praxis, gleiehviel ob es sich urn einen Pastor
oder um eine ganze Synode handelt, und dass sie sich nicht beirren
iassen, wenn sie des lieblosen Richtens, des unbriiderlichen Verhal-
tens, der engherzigen Intoleranz und dergleichen mehr bezichtigt
werden. Moge hier ein Wort Dr. Walthers angebracht sein aus "Der
Konkordienformel Kern und Stern": "Ware unser lutherisches Volk
in den Bekenntnisschriften unsere Kirche bewandert, und angewie-
sen und gewohnt gewesen, nach denselben, die Lehre ihrer Predi-
ger und der in Kirche und Schule einzufiihrenden Schriften zu prii-
fen, so wiirde unsere Kirche nie in den erschrecklichen Verfall ge-
raten sein, in welchem sie sich jetzt (namentlich im alten deutschen
Vaterlande) befindet. Dann wiirde man unserm lutherischen Volke
nimmermehr die greulichen Ketzereien, welche in unserer Kirche
jetzt miindlich und schriftlich gelehrt werden fiir lutherische Leh-
ren haben verkaufen konnen. Auch der Einfaltigste hatte dann gar
nicht notig gehabt, mit den listigen, verschlagen'en Keizern erst
lange aus der Schrift zu disputieren, sondern ein jeder hatte dann
sagen konnen: So bekennt unserer Kirche in ihrer Ungeanderten
Augsburgischen Konfession, so lehrt sie in ihren Schmalkaldischen
Artikeln, so steht mit klaren Worten in ihrer Konkordienformel
usw. Llarauf bist du als ein lutherischer Prediger oder Lehrer heilig
verpflichtet worden: Gehst du davon ab, lehrst du anders, so will
ich dich nicht horen, sondern auf Befehl rmeines Herrn: Sehet euch
vor vor den falschen Propheten (Matth. 7,15) vor dir als einem
falschen Propheten fliehen." Und das gilt auch von den Laien in
den Aufsichtsbehorden der Lehranstalten oder in andern leitenden
Stellen. "Gebe Gott" so sehrieb vor fast zwanzig Jahren unser
ehrwiirdiger Herr Prases. Dr. Behnken, "dass in der gegenwartigen
Zeit immer mehr Laientheologen erstehen, wie wir sie in der Ver-
gangenheit hatten." Laientheologen sollen an Hand der Bibel und
Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind . . . 107

der Bekenntnisschriften ihre Pastoren und Berufstheologen auf ihre


Ehrfurcht hin vor dem Worte Gottes priifen, und das sollen sie tun
als Innhaber des Amts der Schliissel.
Damit kommen wir auf uns Lehrer zu reden, die wir an den
theologischen Bildungsstatten der lutherischen Kirche stehen. Die
Zukunft will uns mit banger Sorge erf Men. Eine schwere Verant-
wortung ruht auf unsern Schultern. Fordert Gott Rechenschaft von
einem jeden Diener am Wort, wieviel mehr von den Anstaltsleh-
rern. Generationen von Predigern gehen durch unsere Hande. Wir
beeinflussen mehr oder weniger die Kanzeln, um die sich sonnta-
glich die Gemeinde Gottes schart. Unsere Seminare sollten sein im
wahren Sinne des Wortes die Werkstatten des Heiligen Geistes. Seien
wir uns dieser Verantwortung bewusst. Tun wir alles im Angesichte
Gottes. Menschenkult, falsche Rucksichtnahme, Leisetreten aus
Furcht vor geringschatziger Kritik, Nachgiebigkeit in scheinbar
geringfiigigen Dingen, eine falsche Friedensliebe, ein Liebaugeln
mit der hochwissenschaftlichen Zunft konnen das Ende der Kirche
bedeuten, der Kirche, die in heissen Kampfen und im blutigen Rin-
gen gegen die Vergotterung des Menschlichen im Heiligtum Gottes
geboren worden ist. Denn wo die Ehrfurcht vor dem Worte Gottes
im Verschwinden begriffen ist, steht die Kirche vor ihrem Ruin —
mag sie auch Luthers Grab mit kostbaren Kranzen schmiicken wol-
len. Braucht die Kirche mutige Christen, so braucht sie vor allem
mutige Professoren der Theologie.
Gott gebe, dass es immer und uberall so heisse, was der selige
Dr. F. Pieper vor fast vierzig Jahren geschrieben hat: "Die Lehrer
an den Anstalten der Missourisynode ubertreiben nicht, wenn sie
die Studenten erinnern, ihre ausgearbeiteten Predigten noch einmal
daraufhin genau zu priifen, ob nicht etwa ein "schriftloser" Gedanke
(Luthers Ausdruck) sich eingeschlichen habe, und ihn schonungslos
zu streichen, weil er als Ichprodukt keine Berechtigung in Gottes
Kirche habe, die auf den Grund der Apostel und Propheten erbauet
ist." I, 63.
Im Buche Gottes stehen die Namen von Mannern Gottes. Njoah,
Daniel und Hiob stehen noch besonders in Hesekiel, Kapit'el 14 —
sie sind errettet, aber sie konnen das Gericht, das iiber die Verachter
des Wortes in Jerusalem geht, nicht aufhalten. Wir haben sie nicht
mehr, die teuren Hanner Gottes: Walther, Wyneken, Stockhardt,
Pieper, Furbringer, um nur etliche von meiner Synode namhaft zu
machen ,oder Schaller, Hoenecke und andere von der hiesigen
Schwestersynode. Aber ihrem Beispiel folgend, stehen wir, Predi-
ger und Lehrer, Laien und Synodalbeamte als W7achter auf Zions
Mauern. Lasst uns auch, woimmer notig, herabsteigen und von
innen einen Wall bilden und wider den Riss stehen (Hes. 22,30)
auf dass durch Gottes Gnade, wie so oft nach schweren Tagen, wie-
der ein Frtihlingswehen durch die Kirche gehe — "Aus Zion bricht
an der schone Glanz Gottes." Ps. 50,2.
108 Estudo Homiletico

ESTUDO HQfVISLETICO
sobre o 16° Domingo depois da Trindade
Lucas 7.11-17
O CONTEXTO
O. A. GOERL
Dos relatos das tres ressurreigoes reaiizadas por Jesus — a fi-
lha de Jairo, o filho da viuva de Nairn e Lazaro — so um e regis-
trado conjuntamente pelos tres evangelhos sinopticos, a saber, o
da filha de Jairo. Joao apenas relata a ressurreigao de Lazaro, e e o
unico que o faz, enquanto que Lucas como unico informa ainda a
respeito da ressurreicao do jovem de Nairn.
Contribui este fato para dificultar a tarefa de estabelecer a
seqiiencia exata dos dois primeiros casos e assim determinar com
seguranga a ordem cronologica dos eventos. Se alguns comentaris-
tas opinam que a ressurreicao da filha de Jairo ocorreu antes da
do filho da viuva de Nairn (crianga, jovem, adulto) outros ha que
invertem a ordem com argumentos de igual peso.
Basta olharmos o quadro dos evangelhos sinopticos com alguns
acontecimentos que poderiam servir de pontos de referenda, para
compreendermos a pouca probabilidade de chegarmos a uma conclu-
sao convincente a respeito do contexto.
Mateus Marcog Lucas
Cap. 8 Centuriao 3 Missao dos doze 6 Missao dos doze
9 Jairo 5 Jairo 7 Centuriao
10 Missao dos doze 7 Nairn
8 Jairo

E ponto pacifico que os evangelistas nem sempre fazem preva-


lecer a continuidade dos fatos, preferindo com frequencia outro cri-
terio, razao porque situam deferminados acontecimentos, ou isola-
dos ou em grupos, em lugares oportunos sem liga-los diretamente
ao contexto.
O pregador que adota a serie das pericopes tera oportunidade
de apontar o evangelho do domingo anterior (Mt 6.25-34) no qual
Jesus censura os cuidados exagerados pela conservacao da vida.
Contem aquele evangelho verdades que sintonizam perfeitamente
com o conteudo maximo de nosso texto. "Nao e a vida mais do
que o alimento, e o corpo mais do que as vestes?" indaga Jesus para
entao conduzir o homem aos extremes confins do humano e de suas
possibilidades, a fim de reconhecer as limitag5es que lhe sao impos-
tas: "Qual de vos, por ansioso que esteja, pode acrescentar um co-
vado ao curso da sua vida?" Nesta divisa o homem defronta-se com
a morte, e nenhum covado sequer podera arrebatar-lhe.
Estudo Homiletico 109

O TEXTO
11 — Em dia subsequente dirigia-se Jesus a uma cidade cha-
mada Nairn, e iam com ele os sens discipulos e nume-
rosa multidao.
O evangelista acaba de contar a historia do centuriao de Cafar-
naum, para em seguida localizar Jesus na cidade de Nairn, tambem
na Galileia, bem ao sul daquela cidade. Jesus escolhera Cafarnaum
para centro de suas atividades na Galileia, a ponto de Mateus cha-
ma-la de "sua propria cidade". Partindo dali, o Senhor percorria
"todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando
o evangelho do reino e curando toda sorte de doencas e enfermi-
dades". Mt 9.35.
E assim Jesus. chegou a Nairn. Nairn e uma pequena cidade
situada a 9 km do sudeste de Nazare. Seu nome, interpretado por al-
guns como a "aprazivel", tern o significado de prado, campo relvoso.
"Em dia subsequente" nao significa, neeessariamente, no dia
imediato, antes permite a intercalagao de um periodo de descanso
e reclusao, conforme calcuios de alguns comentaristas.
Jesus viajava em companhia de seus discipulos e de uma nu-
merosa multidao. Haveria testemunhas em profusao para o grande
feito que a providencia divina reservara para esta localidade, per-
petuando o seu nome nos anais da historia sagrada e proporcionando
aos seus moradores uma bencao toda especial.
Poderia-se perguntar por que Jerusalem, a cidade santa, sim-
bolo da cidade eterna da Siao do Novo Testamento, tao glorificada
pelos profetas e cantores sacros do Antigo Concerto, nao teve o pri-
vilegio que tantos lugarejos e pequeninas e humildes cidades tive-
ram de ser o palco dos grandes milagres de Jesus. Pois com pou-
quissimas excegoes, todas elas relatadas exclusivamente por Joao
(3.23;5.1-47:9) a nao ser a referenda de Mateus (21.14) com res-
peito a curas de cegos e coxos efetuadas no templo, Jerusalem nao
ocupa lugar de destaque no rol dos milagres. Nao fora esta cidade
ja bem aquinhoada ao abrigar o templo sagrado e com ele a centra-
lizagao da vida religiosa do povo, sem, no entanto, reconhecer as
dadivas celestes, conforme a queixa de Jesus em Mt 23.37? Ej com
base em Lc 4.22-28 podemos falar num "criterio divino" quarito a
escolha do cenario para as manifestagoes da gloria de Deus.

12 — Como se aproximasse da porta da cidade, eis que saia


o enterro do filho unico de uma viuva; e grande multi-
dao da cidade ia com ela.
Jesus se aproximava da porta da cidade no momento exato em
que por ela passava um enterro. Foi um encontro providential, Os
encontros de Deus, na verdade, sao sempre providenciais. Deus
marca estes encontros na hora precisa, pois a alma do homem Ihe
110 Estudo Homiletico

e por demais preciosa, e sua misericordia e por demais sublime e


sua sabedoria por demais gloriosa, para que deixasse o curso da
eternidade a merce de fatores incertos na pequenina vida terrena
do homem.
"Qual foi a hora mais importante na sua vida?" a esta pergunta
alguem respondeu com acerto: "A presente hora." Ela e sempre
oportuna para Deus nela operar seus desinios, tanto mais quando
conduzir o homem ao territorio da morte.
E um enterro e assunto nosso, todo nosso. Jesus se encontrou
com a nossa morte a porta de Nairn. Nao somos apenas expectado-
res, meros assistentes de um acontecimento transcendental — so-
mos altamente interessados, melhor, somos nos a figura central da
ocorrencia.
De dois ressuscitados sabemos o nome: Jairo, o sobrenome, e
Lazaro. Aqui nao ha nome porque nao importa. E um morto que
representa os mortals. No entanto, na hora da morte o anonimato
e so aparente. Esta em jogo uma vida, a vida do corpo e, em certo
sentido, a vida da alma. Esta vida e ceifada. A alma se desliga e o
corpo desfalece, como uma flor do campo quando murcha. fi algo
desnatural, violento, chocante. Apagou-se a chama que ardia. Nao
sera mais reacendida nesta existencia. Perdura o vazio.
EI o que vemos deste lado da divisa. Mas no outro continua a
Jornada. E e por isso que Jesus marca o encontro com a morte, nao
por causa de um prolongamento deste lado, como se quisesse es-
tender um pouco mais o territorio da vida — se bem que uns pouoos
tiveram este beneficio — Jesus procura o encontro acima de tudo por
causa da continuagao da vida na eternidade, com o fim de nos ga-
rantir a vida na morte.
Eis, portanto, um duplo significado do encontro, real e sim-
bolico. Real, quanto ao que vemos na historia: Jesus vence a morte
terrena restituindo um morto a vida; simbolico, por prefigurar sua
vitoria sobre a morte eterna por ocasiao de sua propria morte e de
sua gloriosa ressurreicao no dia da Pascoa.
Esta ultima morte e chamada no Apocalipse a "segunda morte",
2.11: "O vencedor, de nenhum modo, sofrera dano da segunda mor-
te." Igualmente em 20.6: "Sobre esses a segunda morte nao tern au-
toridade." '•
Por meio da interjeigao "eis" o evangelista chama a atengao
do leitor para tracos dominantes de um quadro de real tristeza. Mor-
reu um jovem — filho unico — de uma viuva.
Tratando-se nos outros casos de uma menina e de um adulto,
teriamos assim as tres idades que sobremaneira apreciam a vida:
a crianca, o jovem e o homem maduro. Faltaria o ultimo quarto da
existencia, a velhice, tao bem representada por Simao, quando de
sua prece: "Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo." Lc 2.29.
"Que homem ha que viva, e nao veja a morte? ou que livre a
sua alma das garras do sepulcro?" exclama o salmista (89.48). Tam-
hem o jovem esta sujcito a morrer. O ano da vida pode terminar
Estudo Homiletico 111

com a primavera. EJstamos habituados a ver em cada anciao, ar-


queado pelo peso dos anos e cansado da vida, um autentico candi-"
dato a morte, e dificil se-nos torna conformar-nos com a ideia de
um manto negro cobrir de chofre um quadro pintado em cores dou-
radas, a irradiar vida, calor e alegria. E o porque langado na noite
da dor e do desespero, causada pela morte, torna-se mais angus-
tiante, quando estamos junto ao esquife de uma pessoa jovem.
— Por que, Senhor, o permites?,— A palavra do jovem Davi ao seu
amigo Jonatas, embora dita por motivacao especial, lembra a todo
iovem sua condigao de mortal: "Anenas ha um passo entre mim e
a morte." 1 Sm 20.3.
A razao nenhum crente ignora. Paulo a indica: "Assim como
por um so homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte,
assim tambem a morte passou a todos os homens, porque todos pe-
caram." Rm 5.12. E Moises, que, como guia experimentado de um
grande povo, havia testemunhado mais do que qualquer outro ho-
mem toda gama de miseria humana, vai ao fundo da questao quan-
do confessa: "Pois somos consumidos pela tua'ira, e pelo teu furor
conturbados. Diante de ti puseste as nossas iniqiiidades, e sob a luz
do teu rosto os nossos pecados ocultos." SI 90.7,8. Seja qual for a
nomenclature elaborada por homens ao falarem em "morte estu-
pida" ou "obra da fatalidade" ou "destino cruel", a chancela de
Deus estampa ao vivo a palavra "pecado".
Era filho unico de urrxa viuva, o morto. Como tambem eram
"unicos" os outros dois: a menina era filha unica de Jairo (Lc 8.2)
e Lazaro o irmao unico. Mas aqui havia uma nota sumamente tris-
te. A mae era viuva e este mancebo seu unico arrimo. Como ela se
consolara quando o marido Ihe fora arrebatado: "Resta-me pelo
menos o filho; nao estarei completamente abandonada; ele ha de
crescer, sera homem, e no seu lar encontrarei um abrigo." E agora
tudo desabou. A alma despedagada gritava na mais profunda dor.
Nao via luz no escuro. A mae caminhava a frente do esquife do fi-
lho, rumo a cova, rumo a um abismo — com um abismo no coragao.
Compreendemos agora a "grande multidao" que ia com ela.
Era geral a consternagao do povo, e sua comiseracao traduzia-se no
acompanhamento ate ao tumulo.
13 — Vendo-a, o Senhor se compadeceu dela e Ihe disse: Nao
chores!
Jesus viu a mae. E bastante significativo o fato de Jesus olhar
para a mae e nao para o morto. A mae estava no centro — sao os
vivos que reclamam nossa atencao em situagao identica. A Jornada
que teve seu fim nao pode mais sofrer alteragao da parte dos ho-
mens; os que permaneeem necessitam de nos.
Jesus viu a mae e compadeceu-se dela. Compartilhou sua dor e
sentia com ela. Jesus tambem tinha mae, e quando ela teria sorte
112 Estudo Homiletico

identica, a de perder o seu filho, ele, na hora da morte, se corripa-


deceria de sua mae proporcionando-lhe arrimo seguro.
E motivo de imenso consolo para os crentes saberem-se objeto
do amor e da compaixao divina. Nao ha filho da grande familia de
Deiis que passasse despercebido aos cuidados do Pai carinhoso. E
exatamente nos momentos da mais pungente dor, quando nos senti-
mos desamparados por Deus e os homens, o coragao paterno, no alto,
se enternece ante a nossa magoa ern profunda compaixao com; a
triste sorte provoeada pelo pecado.
E nestes transes Deus nos quer falar. Ja nos conforta a presen-
ca de amigos, que nos vem trazer sua solidariedade, mesmo que
nada possam, fazer para nos socorrer; bastam-nos seu amor, seus
sentimentos que procedem de um coragao leal e sincere Quanto
mais nos deve confortar a presenga de nosso Deus que por meio de
sua palavra poderosa pode mitigar o sofrimento e levantar a alma
do po e da destruigao, consoante a prece do salmista: "A minha alma
esta apegada ao po: vivifica-me segundo a tua palavra." 119.25.
Pouco Jesus diz a mulher, apenas: "Nao chores!" E evidente
que tal palavra nao expressa o desagrado de Deus ante as lagrimas
e as manifestacoes de dor, proprias da natureza humana. Lagrimas
aliviam o peso da magoa que comprime o coragao e suavizam o
sofrimento. Sabemos que tambem Jesus chorou (Hb 5.7) sendo
uma das oportunidades identica a do nosso texto, frente ao tumulo
de Lazaro.
Jesus quer realmente enxugar as lagrimas da viuva, e por isso
suas palavras deixam de ser uma simples tentativa de consolo, tao
comum entre amigos, para adquirirem carater de ordem, transpi-
I'ando autoridade e prenunciando algo de exceptional e empolgante.
A propria pena de Lucas, ao assenta-las sobre o papiro, parece sen-
tir a grandiosidade do momento e instintivamente rende homena-
gem a pessoa do Filho de Deus, usando pela primeira vez em seu
relate evangelico o designativo "Senhor" em lugar de Jesus, como
ate entao. E o Senhor quem diz: Nao chores.

14 — Chegando-se, tocou o esquife e, parando os que o con-


duziam, disse: Jovem, eii, te mando: Levanta-te.
Jesus falara com a mae que ia a frente. Agora pretende falar
ao filho. Nao importa que esteja morto. Deus fala aos vivos e aos
mortos. Como fala aos ventos, as aguas, a rocha. Sua voz nao en-
contra barreiras que a pudessem deter. "Tu dominas sobre tudo, na
tua mao ha forga e poder." 1 Cr 29.12.
Chegando-se, tocou o esquife. Era um gesto inusitado e ines-
perado. Os que conduziam o esquife pararam incontinenti em obe-
diencia ao estranho personagem que vinha interromper o cortejo "•
de uma m|aneira fora de comum.
Os judeus costumavam levar os defuntos, depois de lavados e
envoltos em panos, numa maca ou num esquife aberto para a se-
Estudo Homiletico 113

pultura numa das caver nas naturais ou .preparadas, for a da cidade.


Agora Jesus fala ao morto, cujos ouvidos nao mais ouviam e
cuja boca emudecera. Jovem — uma voz altissonar.te e clara eorta
o silencio sepulcral que se originara apos a cessacao abrupta do
coro lamjuriento das carpideiras e o choro irrefreado da viuva. E
palpavel a tensao que paira no ar. Todos ret em a respiracao, os
olhos fitos naquele vulto que pretende falar com urn morto. Falar?
nao falara a rriae com o filho em sua dor dilacerante, sem obter
resposta? Este falar de Jesus era diferente, era um ordenar em
termos de autoridade: Eu te mando: levanta-te.
Um "Eu" enfatico, jamais usado por um homem em circuns-
tancias semelhantes, e este que enfrenta a morte. Homens reali-
zaram milagres por comissionamento, tornando-se o seu "eu" ape-
nas instrumento e nao causa. Demonstra-o o prirrieiro milagre dos
apostolos, descrito em pormenores, quando Pedro, em companhia
de Joao, assim falou ao coxo: "Em nome de Jesus Cristo, o Nazare-
no, anda!" At 3.6. Sobremodo ressalta este fato nas quatro ressurrei-
coes realizadas por homens conforme o relato biblico. Elias esten-
deu-se tres vezes sobre o menino da viuva de Sarepta e clamou ao
Senhor. 1 Rs 17.21. Eliseu orou ao Senhor e duas vezes se estendeu
sobre o menino da sunamita. 2 Rs 4.33-35. Pedro pos-se de joelhos
e orou para trazer Tabita, ou Dorcas, a vida. At 9.40 Paulo' in-
clinou-se sobre o jovem Eutico e o abracou. At 20.10.
O presente "Eu" possui autoridade propria para dar ordens a
quern quer que seja. E deu ordens a morte. Pois foi com ela, real-
mjente, que Jesus falou. O jovem apenas foi presa, foi vitima de um
poder superior a ele. Sucumbiu como qualquer outro teria sucum-
bido ao assalto da morte. A cieneia medica pode, em determinados
easos, prolongar a vida, isto e, adiar a aproximagao -da morte. Mas
quando esta se fizer presente, nao ha forca humana que pudesse di-
zer: Levanta-te.
E um desafio que o Nazareno lanca a morte. Dois poderosos se
defrontam, o principe da vida e o principe da morte. Este parecia
triunfar, vibrando seu cetro cruel na pequenina Nairn e deleitan-
do-se com o coro dos que choravam. Mas agora aconteceu o impre-
visto. E o povo assiste, estarrecido, ao embate. Ouve o desafio do
Nazareno. Homem algum havia falado desta forma. Um repto poe a
prova a posicao do reptador. O Nazareno poe a prova sua missao,
seus ensinarrtentos, suas promessas, enfim, sua pessoa e — a fe da-
queles que o seguiam.
15 — Sentou-se o que estwera morto e passou a falar; e Je-
sus o restituiu a sua mae.
Na simplicidade do relato revela-se a grandiosidade do evento.
Sem enfeite, sem adjetivos ou interjeicoes, o evangelista apenas diz
o estritamente necessario. O que estivera morto sentou-se no esquife.
114 Estudo Homiletico

Voltou a vida, e, como sinal de sua imediata recuperagio e sua rein-


tegragao na vida, o jovem comegou a falar.
E Jesus o restituiu a sua mae. A forma como o evangelista o
expressa, sugere um gesto especial acompanhado de palavras cor-
respondentes. Certamente conduziu o jovem aos bracos da mae, que
mal podia refazer-se do estado de choque ante o acontecido. O co-
ragao tumultuado, com um misto de pasmo e alegria, a mae, pela
segunda vez, recebe seu filho do Senhor.
Foi completa a vitoria do Filho do homem. A vida triunfa so-
bre a morte, a vida personificada na pessoa daquele que diz: Eu sou
a vida. Constituiu sua luta um teste com vistas para o grande e ulti-
mo embate no Golgota. Seu proprio morrer na cruz teve sabor de
vitoria, confirmada no terceiro dia, vitoria essa ja festejada em
Os 13.14: "Eu os remirei do poder do inferno, e os resgatarei da
morte: onde estac, 6 morte, as tuas pragas? Onde esta, 6 inferno,
a tua destruigao?"
Todo crente compartilha o triunfo do Filho de Deus. A morte
deixa de ser morte no sentido comum, e isto em virtude de Jesus a
ter vencido e esmagado a cabeca da serpente, causadora de todo o
mal. Embora a alma chore junto a um esquife, ela nao desespera.
Embora a nossa carne sinta o espinho provocado pela lembranga
do proprio morrer, o espirito se eleva as alturas, de onde nos vem
paz, alegria e gozo no Senhor.
E falaremos como o jovem falou. Nao e do feitio dos sagrados
relatores de satisfazer a curiosidade humana. Ignoramos, portanto,
o que o jovem pronunciou., Sem duvida foram palavras que refletiam
o significado do que lhe sucedera. Exatamente disso falaremos, dan-
do testemunho de nossa redengao pela graga divina a todos quantos
ainda vagueiam no vale da morte.
Arremata o quadro da misericordia salvadora a cena final:
Jesus restitui ao Pai celeste os filhos por ele arrebatados das garras
da morte e revificados por obra do Espirito Santo. "Eram teus, tu
mos confiaste." Jo 17.6.
16 —• Todos ficaram possuidos de temor, e glorificaram a Deus,
dizendo: Grande prof eta se levantou entre nos, e: Deus
visitou o seu povo.
17 — Esta noticia a respeito dele divulgou-se por toda a Ju~
deia e por toda a circunvizinhanga.
Foi tremendo o impacto do milagre. A multidao ficou possuida
de temor. Sempre que o homem pisa as proximidades do territorio
da morte, sente no seu intimo em que de temor e repugnancia.
Quanto maior deve ser o choque, o sobressalto, quando se assiste
a uma invasao nos dominiOs da morte com um desfecho inteiramen-
te inesperado, qual e o retorno daqueles dominios.
Estudo Homiletico 115

Passados os primeiros instantes, refizeram-se do susto e co-


megaram a glorificar a Deus. Sao unanimes, em atribuir ao Onipo-
tente a autoria deste autentico milagre. E ao( faze-lo, usam de uma
expressao feliz: "Deus visitou o seu povo." E que sabem tirar as
devidas conclusoes da ocorrencia impressionante recem presenciada.
Se Deus revela sua gloria e seu amor em beneficio de um e de
outro, certamente nutrira a mesma intencao para com todos os ho-
mens, pois tanto a forga. de seu braco como a intensidade de seus
sentimentos nao se esgotam a ponto de limitar-se a casos isolados.
"Visitar" significa fazer sentir sua presenga. A Escritura nos
ensina que Deus manifesta sua presenga por meio de expressoes de
sua justiga punitiva. Os grandes juizos da historia sagrada sao visi-
tagoes da ira divina com o fim de castigar os rebeldes e advertir
os homens de que Deus nao pactua com o mal, com;o muitos o quei-
ram fazer crer para engano proprio, e, sim, que ele aborrece a ini-
qiiidade e a todos que a praticam. SI. 5.4,5. Deus faz sua apresenta-
gao ao mundo — e fa-lb em termos graves: "Sou.. . Deus zeloso,
que visita a iniqiiidade dos pais nos filhos ate a terceira geragao."
Ex 20.5. E referindo-se ao culto abominavel que o povo rendia ao
bezerro de ouro, Deus se manifesta: "No dia da minha visitagao
vingarei neles o seu pecado." Ex 32.34.
Mas tambem ha as visitagoes da graga divina em que Deus se
faz presente com suas riquissimas bencaos que derrama sobre os
homens. O salm|ista nelas incluiu a providencia em torno da ma-
nutengao da familia humana: "Tu visitas a terra e a regas; tu a
enriqueces copiosamente." 65.9. Em especial as visitagoes de Deus
visam o nosso bem-estar espiritual, trazendo-nos o imenso tesouro
de sua graga salvadora. Neste sentido o salmista suplica: "Visita-me
com a tua salvagao." 106.4. E duas vezes o velho Zacarias emprega
o termo "visitar" no seu cantico como sinonimo de abengoar e re-
dimir o povo. Lc 1.68,78.
O fato de alguns dentre a multidao usarem frase identica per-
mite-nos deduzir que os verdadeiros crentes em» Israel alimentavam
a firme esperanga na grande visitagao da graga divina, profusamen-
te anunciada pelos profetas do Antigo Concerto. — Faltava ao povo
reconhece-la integralmente.
De igual modo tambem o outro grupo estava perto da verdade,
sem, contudo, concebe-la em todo o seu esplendor. Viram em Jesus
um grande profeta dotado por Deus de poderes especiais, nos mol-
des dos veneraveis vultos da igreja antiga, onde sobressaiam Moises,
Elias e Eliseu, cada um com folha impressionante de sinais autenti-
cos. E bem possivel que em algum coragao nascia a chama da espe-
ranga, do sincero desejo por maiores manifestacoes deste Nazareno
que o qualificassem para a realizagao daquela obra que os fieis em
Israel ardentemente ansiavam.
Divulgou-se a noticia do acontecimento "por toda a Judeia e
por toda a circunvizinhanga". Estranha, a primeira vista, a mengao
da Judeia, ja que o milagre ocorrera na Galileia. Mas o evangelista
116 Estudo Homiletico

nao considera necessario referir o que por si e evidente, a saber, a


enorme repercussao que o feito de Jesus teve nas terras da Gali-
leia. Antes acha importante relatar que tambem na Judeia, o centro
da vida religiosa do povo, sob controle irnediato do sinedrio, como
igualmente nas areas circunvizinhas, com, populagao mista, o acon-
tecimento de Nairn encontrou eco correspondente.
StrMULA DOUTRINARIA
O evangelho focaliza a morte com o seu dominio nefasto sobre os ho-
mens e mostra o encontro vitorioso que com ela teve o Pilho de Deus, o Prin-
cipe da vida.
A Biblia distingue tres especies de morte: a morte temporal, espiritual e
eterna. Toquemos ligeiramente nas duas ultimas, para entao, motivados pelo
texto, estudarmos a primeira, a morte temporal.
A — A morte espiritual
1. Todo homem descrente vive separado de Deus e esta espiri-
tualmente morto.
Cl 2.13 — Estaveis mortos pelas vossas transgressoes.
Lc 15.24 — Este meu fillio estava morto.
Ap 3.1 — Conhego as tuas obras. que tens o nome de que vives, e
estas morta.

2. Por meio da conversao a graca divina vivifica o homem.


Ef 2.1 — Ble vo's deu vida. estando vos mortos nos vossos delitos e
pecados.
Ef 5.14 — Desperta, 6 tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e
Cristo te iluminara.
3. O crente deve estar sempre alerta para nao sucumbir nova-
mente.
SI 13.3 — Ilumina-me os olhos, para que eu nao durma o sono da morte.

B — A morte eterna
1. Com a morte temporal nao finda a existencia —: havera o julga-
mento quo determinara o destino eterno do homem.
Hb 9.27 — Aos homens esta oidenado morrerem ury.a so vez e, depois
disto, o juizo.
2. A sorte dos descrentes e a condenagao eterna, chamada a morte
eterna (a segunda morte - Ap 20.6; 21.8).
Dn 12.2 — Muitos dos que dormem no po da terra ressuscitarao, uns
para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno..
Is 66.24 — O seu verme nunca morrera, nem o seu fogo se apagara; e
eles serao urn horror para toda a carne.
Ap 14.11 — A fumaca do seu tormento sobe pelos seculos dos seculos.

' k ~ k
Estudo Homiletico 117

Ap 9.6 — Naqueles dias os homens buscarao a morte e nao a acharao;


tambem terao ardente desejo de morrer, mas a morte foge
deleu.

C — A morte temporal
1. Sobre a vida paira a'sombra da morte — uma tremjanda rea-
lidade.
a) Ninguem resiste ao poder — todo homem nasce com o ger-
men da morte.
SI 89.48 — Que homem ha que viva, e nao veja a morte? ou que livre
a sua alma das garras do sepulcro?
Jo' 7.7 — A mir.ha vida e um sopro.
SI 39.5 — A tua presenca o prazo da minha vida e nada.
Jo 14.5 — Tu ao homem puseste limites, alem dos quais nao passara.

b) Devemos te-la presente a cada momento.


1 Sm 20.3 — Apenas ha um passo entre mim e a morte.
Ec 9.12 — O homem nao sabe a sua hora.
SI 90.12 — Ens:na-nos a contar os nossos dias.
SI 39.4 — Da-me a conhecer, Senhor, o meu fim.

Pv 27.1 — Nao te glories do dia de amanha, porque nao sabes o que tra-
ra a luz.

2. A causa da morte e o pecado, introduzido no mundo pelo diabo,


que tem o poder da morte.
Jo 8.44 — Ele (o diabo) foi homicida desde o principio.
Rm 5.12 — Portanto. assim como por um so homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado a morte, assim tambem a morte passou
a todos os homens, porque todos pecaram.
Rm 6.23 — O salarios do pecado e a morte (temporal e eterna).
Tg 1.15 — O pecado, uma vez eonsumado, gera a morte.
SI 90.7 — Somos consumidos pela tua ira.

3. A morte leva tristeza e miseria em seu rastro e infunde medo e


pavor.
Mt 2.18 — Era Raquel chorandb por seus filhos e inconsolavel porque
nao-mais existem.
Hb 3.15 — Pelo pavor da morte (os homens estao) sujeitos a escravidao
por toda a vida.
118 Estudo Homiletico

Jo 18.14 — O perverso sera arrancado de sua tenda, onde esta confiado,


e sera levado ao rei dos terrores.
1 Co 15.26 — O ultimo inimigo a ser destruido e a morte.

Jesus salva da morte.


a) Me e o Senhor todo-poderoso, o principe da vida.
1 Jo 5.20 — Este e o verdadeiro Deus e a vida eterna.
SI 68.20 — O nosso Deus e o Deus libertador; com Deus, o Senhor, esta
o escaparmos da morte.
Ap 1.18 — Tenho as chaves da morte e do inferno.

b) Ele humanou-se e se submeteu a morte na cruz para ven-


eer a morte temporal e eterna vencendo o autor da morte,
o diabo.
Is 53.12 — Porquanto derramou a sua alma na morte.
Os 13.14 — Eu os remirei do poder do inferno, e os resgatarei da morte:
onde estao, 6 morte, as tuas pragas? Onde esta, 6 inferno,
a tua destruigao?
Hb 2.14 — Para que, por sua morte, destruisse aquele que tern o poder
da morte, a saber, o diabo.

Pela fe em seu Salvador o crente nao teme a morte.


a) O crente esta liberto da segimda morte.
Ap 20.6 — Sobre eisses a segunda morte nao tern autoridade.
Ap 2.11 — O veneedor, de nenhum modo, sofrera dano da segunda morte.

b) A morte terrena perdeu para ele o seu terror.


SI 116.15 — Preciosa e aos olhos do Senhor a morte dos seus santos.
Is 25.8 — Tragara a morte para sempre, e assim enxugara o Senhor
Deus as lagrimas de todos os rostos.
Ap 1.18,19 — Nao temas eu sou o primeiro e b ultimo, aquele que vive.

c) Ele vive na esperanga da ressurreicdo e da vida eterna.


Ap 21.4 — E a morte ja nao existira.
Pv 14.32 — O justo, ainda morrendo, tern esperanga.
Jo 8.51 — Em verdade, em verdade vos digo: Se alguem guardar a
minha palavra, nao vera a morte, eternamente.
Jo 11.25 — Eu sou a ressurreigao e a vida. Quem ere em mim, ainda que
morra, vivera e todo o que vive e ere em mim, nao morrera,
eternamente.

" * " ft
Estudo Homiletico 119

Jo 6.40 — De fato a vontade de meu Pai e que todo homem que vir o
Pilho e nele crer, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei
no ultimo dia.

d) Para o crente a morte constitui a passagem para o paterno


lar.
SI 14.13 — Deus remira a minha alma do poder da morte, pois ele me
tomara para si.
Fl 1.21 — Para mini o viver e Cristo, e o morrer e lucro.
Ap 14.13 — Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no
Senhor.
Mt 22.32 — file nao e Deus de mortos, e, sim, de vivos.

DISPOSI^OES
A VERDADE COMSOLADORA QUE RESSALTA
EM NOSSO EVANGELHO
1. Deus nao e Deus de mortos 2. E, sim, de vivos
O ENCONTRO COM A MORTE
1. O encontro que Jesus teve 2. O encontro que nos teremos
DOIS PODEROSOS SE DEFRONTAM EM NOSSA VIDA
1. O rei dos terrores (Jo 18.14) 2, O autor da vida (At 3.15)
A NOSSA VIDA E UM S6PR0
1. Um sopro fugaz que se esvai num instante
2. Um sopro divino que perdura para sempre
EM JESUS TEREMOS A VIDA
1. Jesus nos remiu da segunda morte
2. Nao precisamos temer o aguilhao da primeira morte
COM O SENHOR ESTA O ESCAPARMOS DA MORTE
1. Da morte espiritual 2. Da morte eterna 3. Da miorte temporal
O ULTIMO INIMIGO — A MORTE
1. E3 um inimigo cruel que infunde terror
2. E um inimjigo derrotado que nao nos pode assustar
DEUS VISITA O SEU POVO
1. Com manifestacoes de sua justa ira que condena a morte
2. Com provas de sua mcomensuravel graga que redime da morte
120 Der moderne Wissenschaftler und 1. Mose 1

NO ARRAIAL DA MORTE (Hb 13.11-13)


1 Paira a sombra da angustia e afligao da carne
2. Resplandece a luz da esperanca crista

Der moderne Wissenschaftler mi 1. Mose 1


Bernhard F. Keiser *)

«AIs das Alter der Erde kann man die Zeit bezeichnen, seit
welcher unser Planet in etwa der gegenwartigen Masse und Dichte
besteht. Zur Zeit ist die zuverlassigste Schatzung fiir diese Periode
4 Milliarden Jahre.» Mit dieser ganz 'selbstverstandliehen' Feststel-
lung beginnt ein sehr angesehenes amerikanisches Nachschlage-
werk 1) seine Abhandlung iiber das Alter der Erde. Christliche
Wissenschaftler, die daran glauben, dass die ganze Bibel Gottes
eingegebenes, irrtumsloses Wort ist, sind allgemein der Ansicht,
dass die Erde viel jiinger ist. Ihre Ansicht griindet sich auf die
Geschlechtsregister im 1. Buch.Mose, zusammen mit den Aussagen
in 1. Mose 1,24-31, wo die Erschaffung der ersten Menschen am
sechsten Tage nach der Erschaffung der Erde berichtet wird. Die
Bibel gibt damit an, dass die Erde ungefahr sechstausend Jahre
alt ist, jedenfalls nicht viel alter.

Wer hat recht?

Es hat oft Widerspruch zwischen den Ideen des Menschen und


der Bibel gegeben— oder wenigstens hat der Mensch einen Wider-
spruch gesehen. Wir wollen uns hier auf die Untersuchung des
Konflikts beschranken, der zwischen Bibel und moderner Wissen-
schaft zu.bestehen scheint, was das Alter der Erde und die Entste-
hung des Lebens betrifft. Diese Gebiete scheinen besonders schwierig
zu sein, und sie sind schon deshalb nicht einfach, weil die Zeit
stetig fortschreitet. Niemand kann die Zeit zuriickdrehen, um fest-
zustellen, was sich in einem vergangenen Zeitalter ereignet hat. Wir
haben schriftliche Geschichtszeugnisse, die uns iiber das Geschehen
einiger Jahrtausende der Vergangenheit informieren. Aber je weiter
*) Der Verfasser, Dr. Bernhard F. Keiser, ist Wissenschaftler auf dem Gebiet
des Nachrichtenwesens und gehort dem technischen Stab der RCA-Labo-
ratorien in Princeton, New Jersey (USA) an. Er ist verantwortlich fiir
Forschungsarbeiten, die Studien auf manchen Gebieten der Naturwis-
senschaften erfordern, einschliesslich der Geologie und der Physik der
oberen Atmosphare, sowie des modernen Nachrichtenwesens. Der Artikel
ist ubersetzt von Ralph Bente aus «Journal of Theolog-y», herausgegeben
von der «Church of the Lutheran Confession, New Ulm, Minn. (USA),
Okt. 1962, S. 12 ff.
1) McGraw-Hill: Encyclopedia of Science and Technology, 1960, S. 330.
Der moderne Wissenschaftler und 1. Mose 1 121

wir zuriickgehen, urn so skizzenhafter und unvollstandiger werden


diese Urkunden. Und schliesslich bleibt dann dem Menschen nichts
weiter iibrig als der Versuch, seine auf geschichtliche Gegebenheiten
gegriindeten Schliisse in unbekannte Zeiten hineinzuprojizieren in
der Annahme, dass diese Schliisse auch fur diese Zeiten giiltig sind.
Warum ein Konflikt?
Warum gibt es einen Konflikt zwischen Naturwissenschaft und
Bibel iiber das Alter der Erde? Haufig entstehen Konflikte dadurch,
dass man sich nicht die Zeit und Miihe zur Verstandigung unter-
einander nimmt. Zuviele Christen, die von Widerspriichen zwischen
der «Wissenschaft» und ihrem Glauben horen, neigen dazu, die Wis-
senschaft als etwas Boses anzusehen — zumindest als etwas, das
man mit Argwohn betrachten und darum sich moglichst vom Leibe
halten sollte. Ebenso haben zuviele Wissenschaftler versaumt, das,
was die Bibel sagt, sorgfaltig in Augenschein zu nehmen. Schliesslich
gibt es auch eine Gruppe von «Zaungasten», denen es Freude bereitet,
die Bibel des Irrtums zu beschuldigen, «weil die Wissenschaft das
festgestellt hat». Wir sollten uns dariiber im Klaren sein, dass diese
Unglaubigen immer Ausreden fiir ihre Ablehnung der Bibel finden
werden, ganz gleich, was die Wissenschaft entdecken oder nicht
entdecken mag.
Einige Definitionen
Was eigentlich ist Wissenschaft? Was ist die Bibel? Websters
«Collegiate Dictionary*, das amerikanische Standardlexikon, erklart
«Wissenschaft» als «Erkenntnis» und spezifischer als «ein Studien-
zweig, der sich mit der Beobachtung und Klassifizierung von Tatsachen
beschaftigt, insbesondere mit der Aufstellung erwiesener allgemeiner
Gesetzmassigkeiten...» Wissenschaft ist also Erkenntnis des Men-
schen von seiner Umwelt, wie er sie sich durch Beobachtungen in
Gegenwart und Vergangenheit erworben hat. Wiederum nach
Websters "Collegiate Dictionary" ist die Bibel "die Sammlung von
Schriften, die von den Christen als von Gott eingegeben und gott-
liche Autoritat besitzend angesehen werden». Wahrend die Christen
anerkennen, dass die Bibel nicht ein Handbuch der Geschichte oder
Naturwissenschaft ist, glauben sie dennoch, dass die Bibel auch da
irrtumslos ist, wo sie im Vorbeigehen ein Gebiet der Wissenschaft
anschneidet. Die Wissenschaft ist die Erkenntnis des Menschen,
wahrend die Bibel Gottes Botschaft an den Menschen ist.

Was sagt die Wissenschaft wirklich?


Man hat verschiedene Methoden angewandt, um das Alter der
Erde zu bestimmen. Die Meteoritenblei — Methode wird gegen-
wartig als die zuverlassigste angesehen. Von verschiedenen Eisen-
122 Der moderne Wissenschaftler und 1. Mose 1

und Steinmeteoriten 2) werden Bleiteile abgesondert und deren


verschiedene isotopische Zusammensetzung verglichen. Mit Hilfe
der fur die verschiedenen Isotope 3) bekannten radioaktiven Zerfalls-
zeiten wird dann das Alter der untersuchten Bleiproben errechnet.
Sicherlich erwecken die untersuchten Gesteinsproben den Anschein,
viele Jahrmillionen alt zu sein.
Eine Methode, das Alter von kohlenstoffhaltigem Mineral zu
bestimmen, das sich in Kontakt mit der Atmosphare gebildet hat,
ist als Radiokarbonmethode bekannt. Diese Methode grundet sich
auf den radioaktiven Zerfall von «Kohlenstoff 14», eihem Isotop,
das durch kosmische Strahlung entstanden ist. Einige auf diese Weise
untersuchte Proben scheinen nicht weniger als '70 000 Jahre alt
zu sein.
Annahmen
Die folgenden Erorterungen beabsichtigen ins keiner Weise, die
Leistungen zu schmalern, die das Wissen des Menschen liber seine
Umwelt vergrossert haben. Die Ergebnisse der Gesteinsforschungen
etwa sind als Mittel zur Klassifizierung von verschiedenen Gesteins-
gruppen sicherlich sehr wertvoll. In vielen Fallen jedoch muss man,
um zu «wissenschaftlichen Ergebnissen» zu gelangen, von gewiscen
Annahmen ausgehen; bei der Gesteinsuntersuchung z. B. ist die
Annahme die, dass die auf den radioaktiven Zerfall sich beziehenden
physikalischen und chemischen Gesetze sich in den vergangenen 4
Milliarden Jahren nicht geandert haben. Eine solche Annahme stiitzt
sich auf die Tatsache, dass eine Anderung in diesen Gesetzen seit
vielleicht 400 oder allenfalls 4 000 Jahren nicht erfolgt ist.
Eine andere Annahme hat es mit den Ausgangsbedingungen
des Problems zu tun. Zur Losung der meisten mathematischen Auf-
gaben verwendet man eine Reihe von «Ausgangsbedingungen*. Die
schreiben die angenommenen Werte der verschiedenen veranderlichen
Grossen zu einer bestimmten Ausgangszeit (gewohnlich «Zeit null»
genannt) vor. Nach «Zeit null» beginnen die Veranderlichen sich
entsprechend vom Mathematiker vorgegebenen Regeln zu verhal-
ten. Da bei der Erschaffung der Welt keine wissenschaftlichen
Untersuchungen vorgenommen worden sind und die Zeit nicht zuriick-
gedreht werden kann, kann kein Wissenschaftler nur auf Grund
menschlicher Beobachtung feststellen, welches die Ausgangsbedin-
gungen des Weltalls waren und wann sie zustandegekommen sind.
2) Meteorite — Meteorsteine, zur Erde gefallene Sternschnuppen, entweder
steinartige Massen, oft mit Eisen, oder nur Eisen, Kobalt und Nickel.
3) Isotope — Chemisch nicht unterscheidbare Elemente, die jedoch verschie-
denes Atomgewicht haben. Isotope entstehen besonders auch durch radio-
aktiven Zerfall. So entsteht z. B. aus dem radioaktiven Uran durch Aus-
strahlung allmahlich Blei mit dem Atomgewicht 206, wahrend gewohnliches
Blei ein Atomgewicht von 207,2 hat. Nach den heute giiltigen Naturgesetzen
hat jedes radioaktive Element eine bestimmte Zerfallszeit, nach welcher
es sich in ein nichtstrahlendes Element verwandelt hat.
Der moderne Wissenschaftler und 1. Mose 1 123

Obwohl es also heute den Anschein hat, als sei die Erde viele
Jahrmillionen alt, konnte sie — rein wissenschaftlich betrachtet —
in ihrer gegenwartigen (oder in irgendeiner) Gestalt zu irgendeiner
Zeit von einem allmachtigen Schopfer erschaffen worden sein. Es
kann kein wissenschaftlicher Beweis fiir das Gegenteil beigebracht
werden.
Der Ursprung des Lebens
Bis jetzt hat sich unsere Untersuchung nur mit der Erschaffung
der Erde befasst. Auch der Ursprung des Lebens ist Gegenstand
vieler wissenschaftlicher Spekulation. Eine Enzyklopadie z. B.
schreibt: «Man hat einmal gelehrt, dass Leben durch ein iibernatiir-
liches Ereignis geschaffen worden sei. Das ist bei vielen Menschen
allgemeiner Glaube gewesen, gegriindet auf die wortliche Auslegung
des 1. Kapitels der Genesis, das die Erschaffung aller lebendigen
Organismen als einen unmittelbaren Akt Gottes beschreibt. Diese
Art von Lehrsatz wird von den meisten Wissenschaftlern nicht in
Erwagung gezogen, da er wissenschaftlicher Untersuchung nicht
zuganglich ist.» 4)
Die Grundlage der heutigen Anschauung vieler Wissenschaftler
iiber die Entstehung des Lebens bildet eine im Jahre 1938 aufgestellte
Theorie, nach welcher das Leben sich in den Urozeanen bildete, die
grosse Mengen organischer Verbindungen enthielten ahnlich denen,
die in lebenden Organismen vorkommen. Nach vielen moglichen
nicht-biologischen chemischen Reaktionen konnte vermutlich die
Synthese des ersten lebenden Organismus sich ereignet haben. —
Obwohl einige Wissenschaftler eine Theorie iiber die Entstehung
des Lebens aufstellen konnten, ist eine solche Theorie auf keinen
Fall ein B e w e i s irgendwelcher Art.

Wie ist nun alles vor sich gegangen?


Das hervorragendste Merkmal lebender Organismen ist ihre
Fortpflanzungsfahigkeit. Eine interessante Bemerkung hierzu machte
kiirzlich Dr. M. J. E. Golay, Sargent-Preistrager der «American
Chemical Society* fiir chemische Instrumentation.
"Nehmen wir an, wir an, wollten eine Maschine bauen, die f ahig
ware, sich alle ihre entsprechenden Einzelteile zusammenzusuchen
und von diesen Einzelteilen eine zweite, genau gleiche Maschine
zusammenzustellen. Was ware das Mindestmass an Struktur oder
Information, die der ersten Maschine mitgegeben werden miisste?»
Die Antwort bewegt sich in den Grossenordnungen von 1 500 Ver-
bindungen — ein 1500 maliges Auswahlen unter den gegebenen
Moglichkeiten, das die Maschine zu entscheiden hatte. Diese Ant-
wort ist sehr interessant; denn zufallig ist 1 500 dieselbe Grossenord-
4) McGraw-Hill: Encyclopedia of Science and Technology, .S. 496.
124 Der moderne Wissenschaftler und1. Mose 1

nung wie die der Verbindungen im einÍaehsten grossen Protein-Mole- denken


kü1 5), welches, eingetaueht in ein Bad von Nãhrstoffen, die Vereini- sonst (-
gung diesel' NãhrstofÍe zu einem weiteren grossen Protein-Molekül ta1..Wcc -
einleiten und sich dann von ihm trennen konnte. Das ist das, was ei8:;:::

den «Leben» genannten Prozess ausmacht, und wenn wir nicht einen
neuen Prozess entdecken, in dem einfachere MolekÜle lebenãhnliche
Eigenschaften haben, kann sich die Erforsehung der Geburt des
Lebens auf die Erforschung der Moglichkeit und \Vahrscheinlichkeit
der spontanen Vereinigung eines solchen MolekÜls aus einem Bad
seiner wesentlichen Bestandteile beschrãnken. Und genau hier stossen
wir auf eine interessante Schwierigkeit. Wenn wir die gÜnstigsten
Bedingungen voraussetzen, unteI' denen diese spontane Entstehung
des Lebens auf diesel' Erde sich el'eignet haben k6nnte, kommen
wir nirgendwo der spontanen Vereinigung von 1500 Verbindungen
aueh nur nahe; wir k6nnen vielleicht ein Zehntel diesel' Zahl in
Reehnung stellen. Man sollte das nicht damit abtun, dass dies nur
ein Untersehied um eine einzige Gr6ssenordnung sei. Es geht immer-
hin um eine Differenz von 10 in der Potenz, und es ist ein erheb-
lieher Untersehied zwischen der Vlahrseheinlichkeit einer Verbindung
im VerhãItnis 1: 150 und einem WahrscheinHchkeitsverhãltnis
1:2150°. Man k6nnte \veiter eimvenden: dies hãUe an vielen Stellen
des Weltalls vor sich gehen konnen, und \venn es nicht hier auÍ
der EI'de geschehen ware, würden wir heute gar nicht darÜber spre-
chen. Nun - multipliziert man 2 150 mit der Zahl der Steme, d. h.
mit der Zahl der m6glichen Sonnensysteme im Weltall, dann erhãlt
man die Zahl 2 200 und ist damit noch immer weit vom Zie1. Und
dennoeh: das Leben h a t begonnen, und wenn wir zurückschauen, anglDT
etkennen wir zwei Geheimnisse, oder zumindest zwei h6ehst un- lior.en ê:l'
wahrseheinliche Ereignisse: erstens die Entstehung des Unlversums, Lichtj2:-~.c~
von Raum, Zeit und Materie; zweitens die Entstehung des Lebens ... MenscL,=~:,
Wir m6gen sogar eines Tages Radikal um Radikal 6), ein unwahr-
seheinlich grosses Molekül zusammensetzen, das sich selber fort-
pflanzt. AbeI' auch dies wÜrde nieht das geschichtliche Geheimnis der
Entstehung des ersten lebenden Moleküls lOsen.» 7)

Gegenwart gegen Vergangenheit


Bei irgendeiner wissenschaftlichen Untersuchung muss man dle
Notwendigkeit eI'kennen,zwischen der Kenntnis Über das gegen-
wartig Bestehende und den Vermutungen Über das in der Vergan-
genheit, insbesondere der vorgesehichtlichen Vergangenheit, Gesche-
hene zu unterscheiden. Ein kleines Kind mag jeden Tag ein grosses .. ~
llcrlê
-;

Gebãude sehen, nnd vi/eil dieses Gebaude da \var, solange das Kind UIIl \.. ;.~-·T:
dlC
5) Protein - Eiweisskorperchen; Molekül - kleinstes Teilchen einer chemi- Sch1.us:::f;~
schen Verbindung, zusámmengesetzt aus zwei oder mehreren verschie-
denen Atomen. ln cHe
6) Radikal - Atomgruppe chemischer Verbindungen. 1St, ein ..
:~::-:
7) M. J. E. Golay, 1Reflection of a Communication Engineer», 1961, S. 1378 ff. SCllen :.
J\Tose 1 Der m.oderr.e Wissenschaftler und 1. Mose 1 125

1 grossen Protein-Mole- denken kann, und aIter aussieht ais irgendetwas, das dem Kinde
ahrstoffen, die Vereini- sonst bekannt ist, mag es zu denl Glauben kommen, dass das Ge-
['ossen Protein-Molekül baude schon immer da waI'; es kann sich einfach nicht voI'stellen,
mte. Das ist das, was dass solch eil1 gI'osses BauweI'k einen ganz bestimmten Anfang ge-
d \venn wir nicht einen habt hat. Nicht jedeI'mann kann ihm das AlteI' des Gebaudes nennen;
\IolekÜle lebenahnliche am besten kann es das von jemanden erfahren, der den Erbauer
:hung der Geburt des kennt.
md \Vahrscheinlichkeit Niemand kann die Zeit zurückdI'ehen. AlIe vorgeschichtliche
,leküls aus einem Bad Vergangenheit muss 8pekulation bleiben, éS sei denn, wir halten
Und genau hier stossen uns an das Zeugnis, das der Weltschopfer selber hinterlassen hat:
111 \Vir die günstigsten die Heilige 8chrift. Olme die Führung dieses Euches sind wir ge-
~ spontane Entstehung zwungen, Rückschlüsse aus unserer geschichtlichen Zeit in vorge-
aben k6nnte, kommen schichtliche Zeiten hineinzutragen; wir sind dabei ebenso fehlbar wie
'11 1 500 Verbindungen bei einem VeI'such, die Zukunft vorauszusagen - beide MaIe bewegen
:ehnte1 diesel' Zah1 in wir uns im Raum des Unbekannten.
t abtun, dass dies nur Astronomen erklaren uns, dass einige 8te1'ne Millionen Licht-
19 sei. Es geht immer- jahI'e entfernt zu sein seheinen. Die Lichtstrahlen diesel' 8teme
und es ist ein erheb- verlaufen nahezu paralIel und lassen darum auf ext1'em g1'osse Ent-
hkeit einer Verbindung fernungen schliessen. Man sollte allerdings nicht vergessen, dass
'heinlichkei tsverha1 tnis derselbe Gott, der die Erde und alle ihre Lebe\vesen schuf, auch
ha tte an vie1en 8te11en fãhig ist, paI'allele LichtstrahIen Z1.1 schaffen ebenso wie 8teme in
2nn es nicht hier auf einem unendlich grossen V/ eltraun1.
;0.1' nicht darüber spre-
Zahl der 8terne, d. h. Aber warum '?
n We1tall, dann erha1t
r weit vom Ziel. Und Wenn abeI' das \Veltall tatsachlich so jung ist, wie die BibeI
nn \vir zurÜckschauen, angibt, warum legte Gott solehe Steine de:; Anstasses wie Jahrmil-
dest zwei hõchst un- lionen alt erscheinendes Gestein, Fossilien und 8teme «Millionen van
,hung des UniveI'sums, Lichtjahren entfemb in unsem Weg? Warum senur e1' den ersten
stehung des Lebens ... lVIenschen ais Erwachsenen und nicht ais Kind? Gewiss hat Gott
,dika1 6), ein unwahI'- seine Gründe .für das alIes, lInd. \vir kõnnen seine Absichten h1 dem,
das sich se1beI' foI't- was er tut, nicht ergrLlnden. VielIeicht so11eneinige dieser Probleme
cht1iche Geheimnis der
on.» 7)
zuI' P1'ürung unseres Glaubens dienen. Gott der Seh6pfe1' sehuf aueh
alle Naturgesetze. Das Wissen des. Menschen Uber seine Um\cvelt
lÍleit
ist jedoch gegemvartig naeh weit davon entfemt, vallstãndig Z1.1 sein.

uchung muss man die Weiche Haltung some die Kirche einnehmen?
tnis ÜbeI' das gegen- Obwahl die Bibel nach Gattes Absicht nieht ein wissenschaft-
T das in der Vergan- Uches Lehrbuch ist, 50 ist 5ie nichtsdestoweniger Gottes unfehIba1'es
.el'gangenheit, Gesche- \\1ort und ais solches aueh dann im Reeht, wenn sie naturwissenschaft-
jeden Tag ein gI'osses liehe Gebiete streift. Die erste Aufgabe der KiI'che ist nicht, sich
"0.1',solange das Kind um VeI'lautbarungen von «\Vissenschaftlern» Gedanken zu machen,
tes Teilchen einer chemi- die die Annahmen darzulegen veI'saumen, unteI' denen sie zu ih1'en
"der mehreren verschie- 8chlussfalgerungen gelangt sind; floch ist es die Aufgabe der Kirche,
in die VeI'gangenheit zu «spekulieren». Die Aufgabe der Kirche
ist, einen unveI'anderlichen Christus aIs alleinigen Er16ser der IvIen-
;gineei';, 1961, S. 1378 ff. schen von seinen 8Ünden zu verkündigel1.
126 Der moderne Wissenschaftler und 1. Mose 1

Gottes Wort ist unfehlbar; dennoch lasst sich der Mensch bei
der Auslegung der Bibel manchmal Irrtiimer zuschulden kommen.
Es hat Irrtiimer von Kirchenmannern gegeben in Bezug auf Dinge,
die auch fur die heutige Zeit noch gelten und wissenschaftlich de-
monstrierbar sind, wie etwa die geometrische Gestalt der Erde oder
die Bewegungen der Planeten. Die Frage nach dem Alter der Erde
kann jedoch nicht durch wissenschaftliche Demonstration entschieden
werden. Das einzige, was man sagen kann, ist, dass es den Anschein
hat, als habe die Erde dies und dies Alter, wenn man von den gegen-
wartig bekannten physikalisehen und chemischen Gesetzen aus-
geht. Aber: wie alt e r s c h i e n die Erde an dem Tag, da Gott
sie schuf? Solange es keine Moglichkeit gibt, die Zeit zuriickzudre-
hen, kann es keinen • wissenschaftlichen Beweis dafur geben, dass
die Erde irgendeine gegebene Zahl von Jahren alt ist. Sollte die
Kirche nun lehren, dass die Schrift in Randfragen unrecht haben
konnte? Solche Lehre wird von keiner b e w i e s e n e n wissen-
schaftlichen Tatsache gefordert.

Giaube raid Wissenschaft

Soil die Kirche versuchen, sich von diesen Fragen iiberhaupt


fernzuhalten?, indem sie fiir sich nur in Anspruch nimmt, in Dingen
des Glaubens zu sprechen, und das Gebiet der Wissenschaft andern
uberlasst? Eine solche «sauberliche Trennung» konnte in mancher
Beziehung ratsam erscheinen; sie wiirde uns von der Notwendig-
keit zu befreien scheinen, unsern Glauben zu verteidigen, wo «die
Wissenschaft» widerspricht. Aber wenn wir den Aussagen der Bibel
iiber wissenschaftliche Gebiete nicht glauben — wie sollen wir denn
Tod und Auferstehung Jesu ansehen: als medizinische oder als
theologische Aussage? Die «Moderne» Medizin» sagt, dass eine Wider-
belebung nach vielen Stunden des Todes nicht eintreten kann. Wenn
man nun darauf besteht, dass Wissenschaft und Giaube zwei vollig
voneinander getrennte Gebiete sind, kann man dadurch schliesslich
direkt zur Leugnung des christlichen Glaubens gefiihrt werden. Viele
dieser Fragen lassen sich auf die eine Grundfrage zuruckfiihren:
Sollen wir das Wort des Menschen mit seiner begrenzten Beobach-
tung annehmen oder das Wort des Schopfers selber? Noch kurz vor
dem Zweiten Weltkrieg lehrte die «Wissenschaft», dass Materie weder
geschaffen noch vernichtet werden konnte. Dann kam die Atom-
kernspaltung und die Verwandlung von Materie in Energie. Wenn
Menschen behaupten, dass neue «wissenschaftliche» Ergebnisse einen
Teil der Bibel als unrichtig «bewiesen», ist es gut, sich an eine Stelle
wie Eph. 4,14 zu erinnern: « . . . auf dass wir nicht mehr Kinder seien
und uns bewegen und wiegen lassen von allerlei Wind der Lehre,
durch Schalkheit der Menschen und Tauscherei, womit sie uns
erschleichen, uns zu verfiihren.». Es ist fiir irgendeine Kirche gefahr-
lich, ihre Lehren der Wissenschaft des Tages anzupassen; die Kir-
che, die sich andert, um jeder Laune des Publikums gerecht zu
Der moderr.e Wissenschaftler und 1. Mose 1 127

werden, verliert bald die Achtung aller. Rom. 12,2 warnt uns:
«Stellet euch nicht dieser Welt gleich», und 1. Tim. 6,20 ermahnt:
«Bewahre, was dir vertrauet ist, und meide die ungeistlichen, losen
Geschwatze und das Gezanke der falsch beriihmten Kunst.»
Ausreden
Wer sich weigert, sich der Kirche anzuschliessen, weil sie un-
wissenschaftlich sei, sucht ganz einfach eine Ausflucht, — versucht,
vor Gott zu fliehen. Solche Angaben lassen Anbetung des Menschen
und seiner Weisheit, nicht aber Gottes, erkennen. Mark. 10,27 aber
sagt Jesus uns, dass «alle Dinge moglich sind bei Gott». Andererseits
darf der Christ niemals die Stellung einnehmen, dass wissenschaft-
liche Forschung als solche vom libel ist. Gerade in 1. Mose 1 gibt
Gott dem Menschen den Auftrag, seine Umwelt zu untersuchen:
«FiAllet die Erde und macht sie euch untertan und herrschet iiber
die Fische im Meer und iiber die Vogel unter dem Himmel und
iiber alles Getier, das auf Erden kriecht.»

Zum Abschluss

Der Wissenschaftler kann die ganze Bibel als Gottes eingege-


benes Wort annehmen; denn sie ist unfehlbar, d. h. sie enthalt
keinen Irrtum, insbesondere keinen wissenschaftlichen Irrtum. Die
in wissenschaftlichen Kreisen oft gebrauchte Redensart:, «Es wird
allgemein angenommen», ist einer der grossten Feinde wahren wis-
senschaftlichen Fortschritts. Ein Mensch. wird ein um so besserer
Wissenschaftler und echterer Forscher sein, je mehr er an der
klaren Unterscheidung zwischen Annahme und bevviesener Tatsache
festhalt.
Die Offenbarung St. Johannes' schliesst mit einer ernsten War-
ming an alle, die die Lehre der Kirche im Namen der «Wissenschaft»
oder irgendeiner andern Lehre verandern mochten: «So jemand
dazusetzt, so wird Gott zusetzen auf ihn die Plagen, die in diesem
Buch geschrieben stehen. Und so jemand davontuf von den Worten
des Buches dieser Weissagung, so wird Gott abtun sein Teil vom
Holz des Lebens und von der heiligen Stadt,- davon in diesem Buch
geschrieben ist» (22,18 f.).
Abschliessend sei noch einmal festgehalten: Wenn die Heilige
Schrift iiber wissenschaftliche Dinge spricht, ist sie irrtumslos.
Offensichtlich weiss der Schopfer, was er geschaffen hat.
128 Miscelanea

MISCELANEA
«Die Kechte der Christen mit Fiissen getreten»
(Ein Brief russisch-orthodoxer Monche an ihre Regierung und die
Weltchristenheit)

In der Sowjetunion hat, trotz der. «weicheren Welle», mit der nach Ansicht
mancher Leute im Westen dort driiben heute regiert wird, die Verachtlieh-
machung, Unterdriickung und Verfolgung der Christen nicht aufgehort. Die
Methoden, die Kirche in den «Schwitzkasten» zu nehmen, sind fur die Weltdff-
entlichkeit nicht mehr so sichtbar wie zu Stalins Zeiten. Sie sind deswegen
nicht weniger grausam und folgenreich. Wir veroffentliehem im folgenden
mit einigen unerheblichen Kiirzungen einen. Brief, den russiseh-orthodoxe Monche
und Laienchristen an Chruschtschow und andere sowjetische Ftihrungsstellen
gerichtet haben. Ahnliche Briefe erhielten der amerikanische Prasident Kennedy
und der Oekumenische Rat der Kirchen.
Das beriihmte orthodoxe Maria-Himmelfahrt-Kloster von Potschaew in
der wolynischen Ebene, im 13. Jahrhundert gegriindet; hatte vor dem Ersten
'Weltkrieg liber 1000 Monche. Der winzige Rest von 36 leidet heute unter
Schikanen und Unterdruckungsmassnahmen, wobei der Mut jener Christen zu
bewundern ist, der sich nicht nur in der Tatsache ihres Briefes ausdnickt. —
Folgend der Brief:
Liebe Ftihrer und Regierende unseres freiheitsliebenden Staates!
Wir wenden uns an Sie und bitten Sie, die gesetzeswidrigen Handlungen
unserer Behorden, die gegen uns .Glaubige angewandt werden, abzustellen.
Wir leben in einem Land der Freiheit, die in der Verfassung und den Bestim-
mungen des Zentralkomitees der Kommunistischen Partei der Sowjetunion
verankert ist; aber das ist alles nur auf deni'Papier!
Wir erleiden allmogliche Unterdriickungen, Erniedrigungen, Belastigun-
gen, das Auslachen, Drohungen, wir sind ausserhalb des Gresetzes, man tut
mit uns, was man will.
Unsere Beschwerden erreichen die Regierung nicht, und gibt es denn
uberhaupt eine Steile, wo man sich beschweren kann? Die Behorden, die
offentlichen Stellen, die Gottlosen sind zu den reaktionaren Methoden des
Kampfes gegen glaubige Menschen mit einer Keule in der Hand
ubergegangen. Sie zerstoren unsere geistige Kultur, sie zerstoren und schan-
den unsere Kirchen, unsere heiligen Statten. Die Gesetze von Lenin iiber die
Freiheit des Glaubens, die fur die Glaubigen der orthodoxen Kirche festgesetzt
sind, werden mit Fiissen getreten, verkannt, ausgelacht und
geschandet. Wir erleiden unmogliehe Erniedrigungen. . . In unserem geliebten
Potschaew wurde sogar die Friedhofskirche verbrannt, und in der Heiligen
Lawar (Kloster) von Potschaew behandelt man die Monche so, wie man es
in den ersten Jahrhunderten des Christentums getan h a t . . .
Zu dieser schandlichen Tatigkeit wurden alle fiihrenden Behordenmit-
glieder und Organisationen yon Potschaew und vom Gebiet Tarnopol hinzu-
gezogen sowie die Organe der Ortsmiliz von Potschaew mit einer grossen
Anzahl von Milizleuten und sogenannten Helfershelfern von der Miliz, die
Miscelanea 129

wahrend der letzten zwei Jahre Tag fur Tag der Bevolkerung verbieten, die
Heilige Lawar zum Zwecke des Gottesdienstes und des Gebets zu besuchen.
Sie stellen ihre Wachen auf, am Heiligen Tor des Klosters haben sie den Stab
der Volksmiliz aufgestellt, sie ergreifen mit Gewalt die Wallfahrer, setzen
sie ins Auto und fahren sie in einen entfernten Wald mit der Drohung, dass,
wenn sie noch einmal sich im Gebiet der Heiligen Lawar zeigen, sie fiir fiinf
Jahre ins Gefangnis geworfen werden, «fiir Landstreicherei», was auch tatsach-
lich gesehieht.
Die Behorden verbieten den Wallfahrern die Benutzung jeder Art von
Verkehrsmitteln. . . Die Wallfahrer sind froh, die schwere Last des Zufuss-
gehens auf sich nehmen zu miissen, um nur die heiligen Statten yon Potschaew
zu erreichen, den Segen des Heiligen Berges zu bekommen, von der Quelle
der Gottesmutter Wasser zu trinken- aber dorthin werden sie nicht zuge-
lassen, sie werden durchsucht, es werden ihnen ihre Sachen und ihr Geld ab-
genommen, sie werden verhaftet, sie werden mit alien moglichen schandliehen
Worten beschimpft, sogar geschlagen, und nirgends konnen sie sich fiir ein
paar Tage verbergen, weder am Tag noch in der Nacht. Tag fiir Tag werden
die Passe kontrolliert und an Feiertagen sogar zweimal, am Tag und wahrend
der Nacht. Die Milizhelfer gehen mit dem Chef der Passabteilung von Wohnung
zu Wohnung und durchsuchen, ob sie nicht einen angekommenen Wallfahrer
dort finden, und wenn sie einen solchen finden, so wird der Wohnungsinhaber
mit einer Strafe liber 50 Rubel belegt, und es werden ihm fiir den Wider-
holungsfall die Verbannung aus Potschaew angedfoht.
Der Bevolkerung von Potschaew wurde es verboten, die Lawra zu besuchen,
wer dieses Verbot nicht befolgt, verliert seinen Arbeitsplatz und wird aus
Potschaew verbannt.
Wo ist die Freiheit der Keligionsausiibung ? Wo 1st die Freiheit des
Gewissens ? In Wirkliehkeit ist alles zertreten, ist alles geschandet. . .
Die Trennung von Kirche und Staat wird so verstanden: Die Monche
diirfen hichts haben, was vom Staat erzeugt wird. und unter diesem Vorwand
haben die ortlichen Behorden das Kloster von allem beraubt, was es noch. in
der- Zeit der polinischen Republik h a t t e . . . Es wurden der Lawra alie Ge-
bauden weggenommen, sogar solche, ohne die das Kloster nicht existieren
kann, wie zum Beispiel der Klosterfriedhof, das Heilige Tor, der Wasserturm,
die eigene Elektrizitatsversorgimg und alle Reparatur- und Baumaterialien,
die das Kloster braucht, das Dacheisen, die Marmor- und Metallplatten, bimte
Metalle, der Gemiisegarten sowie der Obstgarten. . .
Die Monche werden tagtaglich mit alien moglichen schandliehen Schimpf-
worten beschimpft, werden gemartert und geschlagen. Es wird von ihnen das
freiwillige Weggehen aus dem Kloster verlangt. So wurde z. B. letztes Jahr
der Wachhabende des Klosters, der Monch Isidoros, geschlagen, der Monch
Grigorios wurde im Gefangnis zu Tode gemartert. Ein anderer Monch wur-
de zu Tode geschlagen.
Aber die meisten Monche wollen, obwohl sie verschiedene Martyrer-
qualen erleiden miissen, bis zum Tode die Heilige Lawra nicht verlassen. . .
Gegen solche werden noch starkere Gewaltmassnahmen angewandt. Die jiin-
geren, die seinerzeit wegen Krankheit von der Soldatenmusterung befreit wur-
den und im Besitz der entsprechenden Bescheinigung sind, wurden auf Befehl
130 Miscelanea

des Komitees der Staatssicherheit vorgeladen und von den Arzten wieder
gesund geschrisben und zum Militardienst mobilisiert. Obwohl einige von ihnen
ganz invalide sind, wurden sie von der Heiligen Lawra auf diese Weise verjagt.
Einige von ihnen, die ganz ausserstande waren, den Kriegsdienst zu versehen,
wurden fiir untauglich erklart, weil sie augenscheinlich untauglich waren wie
Einbeinige und Einarmige. Aber ihnen w.urde der Zutritt zu der Heiligen
Lawra verboten. Es wurde ihnen sogar verboten, in dem Ort Potschaew zu
verbleiben.
Was die alteren Monche betrifft, so werden sie folgendermassen behan-
delt: Im Kloster werden tagtaglich medizinische Untersuchungen der Monche
durchgefiihrt, und es werden ihnen verschiedene Krankheiten zugeschrieben.
Sie werden mit Gewalt aus dem Kloster zur Heilung in Krankenhauser tiber-
fuhrt, obwohl sie in Wirklichkeit ganz gesund sind. Letztes Jahr wurde ein
Dutzend Monche eine langere Zeit in der Heilanstalt von Potschaew unterge-
bracht. Sie bekamen verschiedene sohreckliche Spritzen, so dass sie kaum am
Leben geblieben sind. Andere Monche wurden als ruhrkrank erklart und wur-
den, obwohl sie ganz gesund waren, in das Krankenhaus uberfiihrt, wo man
sie langer als zwei Monate gehalten hat. Dort verlangte man von ihnen, dass
sie das Kloster freiwillig verlassen, wenn sie vom Moskauer Gesundheitsamt
entlassen wurden. Den Monchen, die standhaft sind und die sich weigern,
sich einer solchen Kur zu unterziehen, werden die Passe weggenommen, und
sie werden dann dem Gericht iiberstellt, weil sie ohne Ausweispapiere sind.
So geschah es zum Beispiel dem alten Monch Wassilij, da er sich weigerte,
Spritzen zu empfangen. Er wurde zu zwei Jahren Gefangnis verurteilt. Das
glaubige "Volk war ilber diese Tatsache so emport, dass es zu einem Aufstand
kam.
Auf diese Weise haben die Behorden des Komitees der Staatssicherheit
wahrend der letzten zwei Jahre von 1961 bis 1962 den Stand des Klosters
von 140 Monchen auf 36 verringert.
Aber letztere erwartet das gleiche Sehicksal; denn auf Grund der letz-
ten medizinischen Untersuchungen wurden von ihnen 23 Monche als krank
erklart, von denen die meisten einer stationaren Behandlung bediirften. TJnd
das obwohl sie alle kerngesund sind.
Alle diese Gewalttaten sind selbstverstandlich dem Hochheiligen Patri-
archen Alexius von Moskau und besonders dem Bischof Grigorias von Lwow
und Tarnopol bekannt, aber ihre Hande sind gebunden, und sie haben keine
Moglichkeit zu helfen. Denn sie selbst stehen unter den Drohungen des Ko-
mitees der Staatssicherheit, auf dessen Anweisung auch schwache und nach-
giebige Monche benannt werden, wie zum Beispiel der Dekan der Lawra, der
Abt Wladislaw, der den gesetzwidrigen Handlungen der Behorden gegeniiber
sich nachgiebig zeigte und die Auslieferung der Monche duldete. Durch solch
einen Zustand und solche Handlungen der geistigen Piihrung des Klosters
haben die weltlichen Machthaber die ganze Macht im Kloster ubemommen
und handeln im Geistlichen Rat des Klosters, wie sie es wollen. . . Die Miliz
bestimmt auf Weisung des Komitees der Staatssicherheit die Sitzungen des
Geistlichen Rates, an denen die fuhrenden Behorden der Ortschaft und des
Ortskomitees, der Miliz, der Leiter der Passstelle und andere Parteiorgane
teilnehmen und dem Geistlichen Rat die Beschliisse abverlangen, die sie erreichen
Livros 131

wollen. Sie zwingen die Mitglieder des Geistlichen Rates der Lawra, eine
Unterschrift unter diese Entschliisse zu vollziehen.
Die ganze orthodoxe Bevolkerung unseres Landes ist iiber die Gewaltta-
ten der Parteiorganisationen emport. Von alien Enden unseres Landes werden
Protestsehreiben an die ho'chsten Stellen der Regierung, an Chrustschow, an
das Staatsoberhaupt Breschnew, in die Redaktion der Regierungszeitung Is-
westija und viele andere zustromen, aber alle diese Protestsehreiben werden
nach Tarnopol gesehickt, und keine Beschliisse werden gefasst; im Gegenteil,
die Repressalien verstarken sich.
Wir sind alle in Verzweiflung, und wir bitten Sie, diese unmenschlichen
Schandtaten, denen die Glaubigen unterworfen sind, zu beseitigen. Erhalten
Sie uns unsere heilige Statte.
(Aus «Kirche und Mann», Februar 1963, 5)

Dieser Brief zeigt nur zu deutlich, wie die wirkliche Einstellung des
Bolschewismus zu irgend einer Religionsausserung ist. Selbst wenn uns die
Einrichtungen der orthodoxen Kirche als nicht schriftgemass erscheinen,
miissen wir doch feststellen, dass es den Vertretern des militanten Atheismus
durchaus nicht darauf ankommt, ob es sich um eine orthodoxe — oder um
eine evangelische Kirche handelt. Im Bolschewismus ist • der sogenannte so-
zialistische Staat, ist die Idee zum Gott erklart. Neben diesem «Gott» kann
auf die Dauer keine Religionsausserung geduldet werden, die nicht innerhalb
der materialistischen Weltanschauung unterzubrmgen ist. Was hier an einem
Kloster der orthodoxen Kirche geschehen ist und geschieht, ist tausendfach
auch an evangelischen und lutherisehen Kirchen geschehen — und wird iiber-
all dort sich wiederholen, wo der Kommunismus. die Oberhand gewinnt. Kom-
munismus in seiner marxistischen Form ist vom Materialismus und Atheismus
nicht zu trennen. H. B.

LIVROS
Ministerio Eficiente. Da autoria do rev. Eduardo Mena Barreto Jaime.
128 paginas. A venda em diversas livrarias evangelicas.
Sobre a finalidade da obra, o autor, pastor idoso e bem conhecido em
meios evangelicos, escreve: «Urge que o obreiro do Senhor nao somente w-
nhega a arte de pregar, mas que saiba tambem dirigir eficientemente uma
par6quia, em sua ampla esfera de agao, bem assim o segredo de guiar os
que se acham dentro, de atrair os que se acham fora e de promover o cres-
cimento espiritual de todos.» Os temas da teologia pratica constituem, pois,
o conteudo do livrinho. Apesar de nao entrar profundamente em toda a ca-
suistica, o autor esta dando muitos bons conselhos. Escreve ele, por exem-
plo, sobre o conteudo do sermao: «A missao do pregador nao e ensinar filo-
sofia, a «rainha da ciencia», mas a sua missao e levar o ouvinte a luz do
Esplrito Santo a aceitar a Jesus como seu Salvador. Sua missao nao e agra-
dar o auditorio, entreter os ouvintes, e muito menos exaltar a importancia
e o valor da pessoa do ministro, a habilidade de seu genio, a eloqiieneia da sua
132 Livros

oratoria. No ministerio da pregagao desaparece a personalidade humana para,


somente aparecer a de Cristo, que e o tema central de todos e em todos
os sermoes.»
A finalidade principal do livrinho e enaltecer o santo ministerio e animar
todos os pastores a trabalharern com zele na vinha de Deus. No cerpi-
tulo «0 ministro no seu trono» lemos: '<Ergue-se (a pastor) na tribuna, re-
fletindo no rosto a luz da comunhao em que estivera com o Senhor Jesus.
Erecta posigao do corpo — nao encurvada e impropria — deixa em todos
uma impressao de alento e de vitoria. Sua presenca infunde no recinto o
maior silencio, no meio do qual se ouve a doce mensagem.» E no ultimo ca-
. pitulo: «0 ministro que habitualmente permanece no vale da tristeza e do
riesanimo, disse Jeferson, torna-se imprestavel. O servo de Cristo faz soar
os clarins da Esperanga benfazeja. Aquele que so vive a lamentar-se- nao
pode sef o embaixador do esperangoso e radiante Jesus.»
Recomendamos a obra a nossos pastores. P. S.

MINISTERIO EFICIENTE
encontra-se a venda na
CASA PUBLICADOEA CONCORDIA S.A.
Eua Sao Pedro, 633 - 639 — Cx. Postal, 916
PORTO ALEGRE — Rio Grande do Sul

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INDICE
Marxismo e Cristianismo 69

D^r Christ und die Arbeit unter dem Ersten Gebot (Schluss) 88

Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind fiir den Ban

der Gemeinde Christi 93

Estudo Homiletico .. 108

Der moderne Wissenschaftler und 1. Mose 1 120

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