Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Hans Medick*
Resumo: Este texto procura descrever o Abstract: This text tries to describe the debate
debate que se desenvolve há alguns anos na which has been going on for a few decades in
Alemanha entre Ciência Social Histórica (ou Germany between Historical Social Science
História Social) e Antropologia Histórica. (or Social History) and Historical
Nesse sentido, procura-se defender a segunda Anthropology. Hence it seeks to defend the
contra correntes radicais da primeira. Ao latter against radical streams of the former. At
mesmo tempo, porém, faz-se uma tentativa the same time, however, there is the attempt
de traçar limites claros entre a Antropologia to draw clear-cut limits between the Historical
Histórica aqui proposta e tentativas Anthropology proposed here and attempts
excessivamente “antropologizantes”, que excessively “anthropologizing”, which
caracterizam alguns setores da historiografia characterize some sectors of contemporary
contemporânea. historiography.
*
Professor de História Moderna e Antropologia Histórica na Universidade de Erfurt/Alemanha;
permanent fellow no Instituto Max Planck em Göttingen/Alemanha.
III.
Se me refiro a métodos, isso pode causar alguma estranheza à primeira
vista. Mas, para a compreensão da Antropologia Histórica como um campo
de pesquisa e de interpretação aberto, justamente é importante ter cuidado
para evitar um comprometimento metódico-conceitual estreito. Isso inclui
a apressada construção de uma contradição entre perspectivas micro e macro
(Medick, 1997, p. 13-37; Schlumbohm, 1998). A frase de Clifford Geertz de
que “os etnólogos não pesquisam aldeias [...], eles pesquisam em aldeias” (Geertz,
1983, p. 32) pode indicar para uma perspectiva de conhecimento mais ampla.
Ela foi referenciada ao trabalho dos historiadores por Giovanni Levi, um dos
mais interessantes representantes da micro-história italiana: “Micro-historiadores
não pesquisam aldeias, eles pesquisam em aldeias” (Levi, 1991, p. 93).
Levi queria iluminar, com isso, os procedimentos e os objetivos do
conhecimento que caracterizam a micro-história. Ambos, Geertz e Levi, no
entanto, foram mal-entendidos, nesse ponto. Etnólogos e microistoriadores
não estão presos a coisas pequenas, a detalhes históricos. Eles defendem,
pelo contrário, uma observação em escala pequena e a dedicação à pesquisa
Notas
1
Uma versão deste texto foi apresentada por Ciência da História), Historische
como Aula Inaugural na Faculdade de Kulturwissenschaft por Ciência Histórica
Filosofia da Universidade de Erfurt, no dia da Cultura; manteve-se História Social
3 de julho de 2000, no âmbito do Forum para Sozialgeschichte e Ciência Social
Kulturwissenschaften (Fórum sobre Histórica para Historische Sozialgeschichte,
Ciências da Cultura). Outra versão foi lembrando que esta última expressão é o
apresentada no Congresso History on the subtítulo da revista Geschichte und
move, em Basiléia nos dias 22 e 23 de Gesellschaft (História e Sociedade), que
setembro de 2000). A presente versão é representa a corrente com que o autor
dedicada a Martin Schaffner pelo seu 60º aqui polemiza (N. T.).
aniversário. 3
Cf., a respeito, Wehler (s. d., p. 307 ss).
2
Tendo em vista que este texto apresenta Ali há uma manifestação sobre a recepção
uma discussão típica da historiografia de Foucault nos Estados Unidos, onde
alemã, optou-se por traduzir os conceitos- este seria apresentado “livre de todos os
chave utilizados pelo autor de uma forma traços charlatanescos, imaculado de
tal que refletissem da maneira mais fiel qualquer conhecimento da Herme-
possível o original alemão. Assim, nêutica, representante do pensamento
traduziu-se Geschichtswissenschaft por selvagem pós-moderno, como gênio a
Ciência Histórica (e não por História nem indicar o caminho”.
MERTON, Robert. Auf den Schultern von WEHLER, Hans-Ulrich. Rückblick und
Riesen: ein Leitfaden durch das Labyrinth der Ausblick oder: arbeiten, um überholt zu werden?
Gelehrsamkeit. Frankfurt: 1980. Bielefeld: 1996.
OEXLE, Otto Gerhard. Geschichte als ______. Die Herausforderung der Kulturges-
Historische Kulturwissenschaft. In: chichte. Munique: 1998.
HARDTWIG, Wolfgang; WEHLER, Hans- ______. Umbruch und Kontinuität: Essays zum
Ulrich (Eds.). Kulturgeschichte heute. 20. Jahrhundert. Munique, 2000.
Göttingen: 1996. p. 14-40.
______. Historisches Denken am Ende des 20.
______. Naturwissenschaft und Geschichts- Jahrhunderts, 1945-2000. Essen: s. d.
wissenschaft: Momente einer Problemges-
WOLF, Eric R. Europe and the people without
chichte. In: OEXLE, Otto Gerhard.
History. Berkeley/Los Angeles: 1982.
Naturwissenschaft, Geisteswissenschaft,
Kulturwissenschaft: Einheit – Gegensatz – ______. Die Völker ohne Geschichte: Europa
Komplementarität? Göttingen: 1998. p. 99-151. und die andere Welt seit 1400. Frankfurt: 1986.