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Fev/2009
Programa
1. Introdução
1.1 Histórico
1.2 Operações de desmonte, carregamento e transporte
1.3 Características dos maciços rochosos
1.4 Métodos de desmonte
2. Desmonte mecânico
3. Desmonte a explosivo
São diversos e consideráveis os fatores que apontam para o emprego da mineração a céu
aberto, dadas as suas tendências econômicas e tecnológicas. Dentre eles destacam-se o aumento de
produção de bens minerais (resultante da ampliação na demanda por substância mineral que o
crescimento populacional e o consumo per capita acarretaram), e a diminuição de teor e qualidade
dos minérios. Paradoxalmente, com a queda no teor e na qualidade das jazidas, a produtividade tem
também crescido, graças ao rápido progresso tecnológico que tem ocorrido na mineração a céu
aberto. Tudo isso tem possibilitado a recuperação de muitas reservas minerais anteriormente
consideradas anti-econômicas.
De um modo geral, pode-se considerar que a mineração a céu aberto é mais vantajosa do
que a mineração subterrânea em termos de recuperação, controle de teor, economia, flexibilidade de
operação, segurança e ambiente de trabalho. Há, entretanto, muitos depósitos que são demasiado
pequenos, irregulares e profundos para serem extraídos economicamente por mineração a céu
aberto. Além disso, onde a mineralização se estende a uma grande profundidade, o considerável
aumento na quantidade de capeamento a ser movimentado impõe gastos muito elevados, sendo
mais economicamente profícuo optar pela lavra subterrânea, Possivelmente, uma grande força a
favor da mineração subterrânea resulta do aperfeiçoamento de técnicas geológicas, geofísicas, de
avaliação e de lavra para descobrir e lavrar depósitos minerais além da profundidade econômica para
mineração a céu aberto.
Além disso, vários estudiosos da Engenharia de Minas consideram que as condições atuais
e futuras forçarão uma reversão na tendência atual de lavra a céu aberto para lavra subterrânea.
Mudanças de atitude da sociedade no que diz respeito ao controle ambiental têm contribuído para o
aumento substancial nos custos de operações de lavra a céu aberto. Futuras leis poderão tornar
proibitiva a mineração a céu aberto próxima a áreas urbanas. Entretanto, no processo de lavra
subterrânea, a busca da máxima recuperação conduz à utilização de técnicas de abatimento que
implicam em problemas ambientais significativos. E apesar das implicações econômicas impostas à
lavra a céu aberto pela preservação do meio ambiente, ainda é possível manter a viabilidade
econômica de inúmeras minerações a céu aberto, como também viabilizar novos projetos de
mineração. Isto se deve principalmente ao fato da crescente preocupação que os mineradores têm
manifestado com os problemas ambientais, o que tem possibilitado o desenvolvimento de técnicas de
controle do meio ambiente e de recuperação das áreas degradadas. Tudo isso tem sido considerado
no estudo de viabilidade da mineração.
1.1. Histórico
A mineração foi, sem dúvida, a segunda atividade mais primitiva do homem, considerando
que a agricultura foi a primeira. Agricultura e mineração, certamente, figuram juntas como as
atividades industriais primárias ou básicas da civilização humana.
Desde os tempos pré-históricos a mineração tem sido essencial para a existência do
homem, fornecendo materiais para combustível, abrigo e obtenção de alimento. O grande impacto
dos produtos de mineração no homem pode ser evidenciado pelo fato dos antropólogos terem
relacionado os grandes períodos da história a atividades de mineração: Paleolítico ( idade da pedra
lascada ), Neolítico ( idade da pedra polida), idade do Bronze ( 4000 - 1800 AC no oriente e 2000 -
1000 AC na Europa ) e idade do Ferro, após a idade do bronze. Depois sucederam a era do Aço
(1780 a 1945) e a era Nuclear (a partir de 1945).
Hoje em dia o padrão de vida dos povos do mundo muitas vezes é comparado na base do
consumo per capita de vários metais. E não é uma coincidência que muitos acontecimentos
importantes na história da humanidade tenha sido realizados tendo a busca de minerais como o
principal objetivo. Como exemplo, pode-se citar a viagem de Marco Pólo à China, de Vasco da Gama
à África e à Índia, a descoberta do novo continente por Colombo e a moderna corrida do ouro que
conduziu à colonização da Califórnia, África do Sul, Austrália, Canadá etc.
Também é possível associar os minerais e a mineração com a ascensão da civilização
Grega, a expansão do império Romano na Espanha, Portugal e Grã-Bretanha, a conquista das
Américas pelos Portugueses, Espanhóis, Franceses e Ingleses e a colonização da África e parte da
Ásia, todas elas motivadas pela cobiça por riquezas minerais.
Como uma das mais primitivas atividades do homem, e estando certamente entre suas
primeiras tarefas organizadas, a mineração tem uma história antiga e respeitável. Para entender as
práticas modernas na indústria mineral, por exemplo, é necessário ter conhecimento da evolução da
tecnologia de mineração, que tem um paralelo com a própria evolução do homem e o avanço da
civilização.
Os mineiros primitivos utilizavam suas mãos e implementos de madeira, osso, pedra e mais
tarde de metal com os quais escavavam e extraiam os minerais. Provavelmente, com o advento do
sistema social, a mineração tornou-se mais organizada, utilizando trabalho escravo sob supervisão.
Nas sociedades primitivas, implementos foram improvisados, a cunha e o malho foram inventados,
cestas foram feitas para transporte de rocha e água, escadas e molinetes (guinchos) ajudavam no
transporte e iluminação com candeias ou outras lâmpadas foram introduzidos.
A mineração teve início com o homem paleolítico há uns 450.000 anos atrás. No início era
extraído material em bruto a partir de escavações à superfície. Posteriormente, na idade da pedra
polida, foi implementada a mineração subterrânea, utilizando-se aberturas de 0,6 a 0,9 metros de
diâmetro e cerca de 9 metros de profundidade. Desde o início, os mineiros empregavam métodos
rudimentares de controle de terreno, ventilação, içamento, iluminação e fragmentação da rocha.
Inicialmente, os metais eram extraídos na sua forma nativa, provavelmente obtidos em
depósitos de placer. Com o advento das idades do bronze e do ferro, entretanto, o homem
desenvolveu técnicas de fundição e aprendeu a reduzir minérios para a forma de metal ou ligas.
Minas subterrâneas foram escavadas até profundidades de várias centenas de metros, por
exemplo, no antigo Egito; minas de esmeralda no mar vermelho chegaram a cerca de 250 metros de
profundidade e a uma extensão suficiente para empregar 400 trabalhadores ao mesmo tempo.
Algumas minas Romanas na Espanha foram a 200 metros de profundidade.
Muitas minas foram trabalhadas, em tempos antigos, em torno do Mediterrâneo. E já na
Grécia Clássica Aristóteles mencionara minerações em suas obras. Entretanto, nenhum tratado
notável sobre mineração foi publicado até o século XVI. O primeiro grande tratado só foi publicado em
1556 por Georgius Agricola, com o título "De Re Metalica", somente traduzido para o inglês em 1912.
O primeiro grande desafio tecnológico que os mineradores enfrentaram foi, certamente, a
quebra do material rochoso. Para tanto, eram utilizadas ferramentas rudimentares de osso, madeira e
pedra que provocavam fendas na rocha, que eram depois abertas através de cunhas. Logo cedo foi
inventada a técnica revolucionária que utilizava calor para aquecer e expandir a rocha e água para
resfriá-la, contraindo-a e fragmentando-a. Dentre as grandes descobertas do gênero humano,
aquelas relativas à arte e à ciência da fragmentação da rocha são de fundamental importância, as
quais foram as primeiras a vencer dificuldades tecnológicas em mineração.
A Revolução Industrial criou uma demanda de metais que intensificou a procura de minerais
e acelerou o desenvolvimento de novas minas nos séculos XVII e XVIII. A primeira importante
mudança na prática de mineração foi a introdução da pólvora negra para desmonte de rocha em
1627, na Hungria. Em 1718, a mina de estanho de Cornish foi drenada por bombeamento. Este foi
um grande avanço que possibilitou a lavra de veios a grandes profundidades.
A utilização da máquina a vapor e do compressor de ar amplificou enormemente a energia
em relação ao esforço muscular humano, até então o mais comumente aplicado na mineração. No
final do século XIX, as perfuratrizes de rocha, sob carretas, foram introduzidas e a descoberta da
eletricidade deu grande ímpeto à mecanização e tornou a aplicação de maquinaria mais flexível.A
introdução da pá-mecânica, a vapor, na mineração a céu aberto, um pouco antes da primeira Guerra
Mundial, foi um outro acontecimento importante para o aumento de produtividade.
O progresso tecnológico da indústria mineral foi bastante acentuado após a Primeira Guerra
Mundial. Atualmente já é possível utilizar mineradores contínuos em lavras subterrâneas,
dispensando o uso de perfuração e desmonte por explosivos. O transporte do material também pode
ser feito de modo contínuo até a superfície, por meio de correias transportadoras.
Em mineração a céu aberto, já na década de 70 era utilizada dragline com capacidade de
caçamba de 220 jardas cúbicas e shovel com 180 jardas cúbicas, em lavras por tiras.
A tendência ao aumento de mecanização e o projeto de usinas com alta capacidade de
produção tem aumentado consideravelmente a eficiência das atividades de mineração e tem sido
responsável por ganhos em produtividade, tudo isto como conseqüência do aumento na demanda por
minerais.
Não só a evolução dos equipamentos de mineração foi responsável pela evolução da
mineração, mas sobretudo o desenvolvimento de tecnologia aplicada ao processo produtivo. Neste
aspecto, devem ser considerados o desenvolvimento da geoestatística, da mecânica das rochas, da
pesquisa operacional e a utilização cada vez mais intensa de recursos de informática nas várias fases
da mineração.
1.2. Operações de desmonte, carregamento e transporte
Os equipamentos a serem usados nas operações de lavra são determinados pelo projeto de
mineração. Entretanto, isto pode ficar condicionado à existência de fornecedores do equipamento
selecionado, desde que as especificações requeridas pelo projeto de mineração sejam satisfeitas.
Uma avaliação de todos os equipamentos deve ser feita no que diz respeito a itens tais como: preço,
disponibilidade, assistência técnica, idoneidade do representante local etc..
É muito importante procurar informações sobre o comportamento do equipamento em
operações similares antes de sua escolha, se possível propor ao fabricante um teste do equipamento
na situação real de trabalho. A assistência técnica disponível é também de muita valia no processo de
seleção de qualquer equipamento. Isso diz respeito ao pessoal de manutenção necessário, bem
como ao custo com oficina e ferramentas. Dependendo do tamanho do projeto, o fornecedor do
equipamento, em muitos casos, faz concessões específicas como suporte do produto para um projeto
particular.
Em adição, os representantes de equipamentos não são iguais. Alguns representantes
oferecem muito pouco suporte enquanto outros fornecem suporte significante tanto na disponibilidade
de peças e suprimentos como fornecendo pessoal de manutenção. E caso a mineração esteja
situada em local remoto, é fundamental considerar a infra-estrutura integrada com respeito a peças e
suprimentos. Uma avaliação deve ser feita dos sistemas de entrega de peças e suprimentos para as
operações de mineração, que podem incluir uso do sistema de transporte dos produtos tais como
ferrovias, rodovias, hidrovias etc..
Um dos principais itens de suprimento de qualquer operação de mineração é a fonte de
combustível e lubrificantes. Cuidado deve ser tomado para avaliar todos os possíveis fornecedores de
tais produtos verificando preços, capacidade de fornecimento, e avaliação do produto.
O fornecimento de explosivos é uma outra área para avaliação. Há muitas restrições legais
na manufatura e transporte de explosivos em todo o mundo. Em muitos países, o governo realmente
controla o movimento de explosivos por meio de legislação específica. Em outros países como nos
E.U.A., explosivos são distribuídos por corporações privadas. Deve-se, pois, fazer uma avaliação de
potenciais fornecedores, considerando preço de aquisição, modo de entrega e disponibilidade de
produtos específicos. É preciso ainda verificar se esses produtos atendem às necessidades das
operações de mineração e como eles serão transportados para o local de utilização.
Quanto à seleção dos equipamentos de escavação, há quatro grupos de fatores que a
determinam. Esta discussão é válida tanto para mina a céu aberto como subterrânea.
1. Fatores de desempenho – Estão diretamente relacionados com a produtividade do
equipamento, incluindo tempo de ciclo, força disponível (potências), capacidade de escavação,
capacidade da caçamba, velocidade e confiabilidade.
2. Fatores de projeto – Tais fatores relacionam-se com o conhecimento sobre a qualidade e
a eficiência de detalhes do projeto, incluindo a sofisticação da interface homem-máquina, seu nível
técnico e tecnológico, assim como com os tipos de controle e potência disponíveis.
3. Fatores de suporte – Algumas vezes uma visão superficial na avaliação do equipamento
podem ser refletida nos fatores de suporte, em reparos e manutenção. Facilidades de serviços,
habilidade especial envolvida, disponibilidade de peças e suporte de fabricante são pontos
importantes a se observar.
4. Fatores de custo – São provavelmente os fatores mais quantitativos e determinantes.
Custos são determinados por procedimentos padrão de estimação para mineração grande e
equipamentos de construção. Se forem feitas suposições razoáveis de vida, taxas de juros, inflação,
combustível e manutenção, então os resultados serão magníficos. O costume é usar custos unitários,
todos computados na base $/h e convertidos para $/ton ou $/m³.
Para propósito de estimação envolvendo escavação, dados tais como os listados na tabela
2.1 podem ser usados se as especificações reais não estiverem disponíveis.
Características de operações de grandes escavadeiras para mineração a céu aberto
(shovel, dragline, bucket wheel, font-end loader, and hydraulic excavator) são disponíveis em diversas
a a
referências (Pfleider, 1973 ; Anon., 1976 ; Martin et al. 1982).
O trator de esteira ou de pneus, quando adaptado com uma lâmina capaz de escavar e
empurrar o material, é designado unidade escavo-empurradeira
escavo empurradeira e recebe o nome de trator de lâmina
ou "bulldozer" figura 2.1.
A lâmina tem sua seção transversal curva para facilitar a operação de
d desmonte e na parte
inferior recebe a ferramenta de corte, constituída de uma peça cortante denominada faca da lâmina,
nela parafusada. Nas extremidades, situam-se
situam se duas peças menores que são os cantos da lâmina.
(b)
A razão de uma tal montagem reside no ganho de aderência que as rodas motrizes do trator
passam a ter em conseqüência do peso que incide sobre elas.
c- Unidades escavo-carregadoras
Horas trabalhadas
Disponibilidade mecânica (%) = X 100
Horas trabalhadas + horas de reparos
Horas trabalhadas, ou horas de operação, são definidas como o tempo que a equipe de
operadores e o equipamento estão em condições de operação.
Horas de reparos são definidas como o tempo gasto realmente em reparos.
Impedimentos incluem o tempo perdido em transporte de e para a frente de trabalho,
posicionamento, lubrificação e abastecimento, o tempo de espera e o tempo perdido devido a
condições de intempéries, condições de segurança etc.. Esses impedimentos muitas vezes são
incluídos no tempo de trabalho por questão de simplificação, sendo neste caso considerados parte
dos custos de operação e cálculo de produtividade.
Exemplo:
300 horas trabalhadas
100 horas reparos
200 horas stand-by
600 horas totais
300 + 200
Disponibilidade física (%) = X 100 = 83%
600
300
Disponibilidade mecânica (%) = X 100 = 75%
300 + 100
Horas trabalhadas
Utilização de disponibilidade (%) = X 100
Horas trabalhadas + horas de stand-by
Horas trabalhadas
Utilização efetiva (%) = X 100
Horas totais
2.3.2. Ciclo
t c min = ∑ t f + ∑ t v
Tempo de ciclo efetivo é aquele gasto realmente pelo equipamento para executar o ciclo de
operação, computados os tempos de parada (tp) que ocorrem necessariamente no decurso de muitos
ciclos.
t c ef = ∑ t f + ∑ t v + ∑ t p ou,
t c ef = t c min + ∑ t p
Q = C×f
1
Qmax = Cmax ×
t c min
1
Qef = Cmax ×
t c ef
2.3.5. Rendimento de operação ou fator de eficiência
Qef
R=
Qmax
1
Cmax
t c ef t c min
R= =
1 t c ef
Cmax
t c min
Portanto, o rendimento da operação é dado pela relação, sempre inferior à unidade, entre o
tempo de ciclo mínimo e o tempo de ciclo efetivo.
t c min t cmin
R= =
t c ef t cmin + ∑ t p
ou,
1
R=
∑tp
1+
t c min
Deste modo, o rendimento depende dos valores assumidos pelos tempos de parada Σtp.
Se Σtp = 0, R = 1 ou 100% e o tempo de ciclo seria mínimo ( t c ).
min
Se Σtp ≠ 0, R < 1 ou 100% e o tempo de ciclo seria o efetivo ( t c
).
ef
Portanto, o rendimento da operação é afetado diretamente pelos tempos de parada,
concluindo-se que o aumento de produção será conseguido pela diminuição destes.
2.5.1. Operação
Os sistemas de penetração da rocha que têm sido desenvolvidos e classificados por ordem
de aplicação são:
a- Mecânicos Percussão
Rotação
PercussãoRotação
b- Térmicos Sopro ou lança térmica
Plasma
Fluído quente
Congelação
c- Hidráulicos Jorro d'água
Erosão
Cavitação
d- Sônicos Vibração de alta frequência
e- Químicos Microdesmonte
Dissolução
f- Elétricos Arco elétrico
Indução magnética
g- Sísmicos Raio laser
h- Nucleares Fusão
Fissão
Fig. 3.1
.1 - Tipos de ações de perfuração no ataque mecânico da rocha
(esq.) percussão, (cen.) corte, (dir.) combinação
com corte + percussão
Por outro lado, segundo o tipo de trabalho que se realiza em mineração ou obra civil, os
equipamentos de perfuração mais utilizados e os diâmetros mais comuns para desmonte em
bancadas são mostrados na figura 3.3.
Outros critérios que influenciam a seleção de equipamentos de perfuração são: econômico,
manutenção, capacidade operacional e adaptabilidade às condições de trabalho e ao sistema (tipo de
rocha, fonte de energia etc.).
Ainda que o aparecimento das coroas tri-cone-bits como ferramenta de perfuração remonte
ao ano de 1910, pode-se dizer que até o desenvolvimento dos equipamentos rotativos na década de
60 não houve um aperfeiçoamento deste tipo de coroa. Inicialmente, as coroas tri-cone-bits só eram
aplicáveis a formações rochosas brandas ou de pouca resistência. Mas na atualidade essas coroas
competem com os outros métodos empregados em rochas duras.
O trabalho de uma coroa tri-cone-bits baseia-se na combinação de duas ações:
a - indentação - os dentes ou insertos do tri-cone penetram na rocha devido ao empuxo
sobre a rocha. Este mecanismo é responsável pela trituração da rocha;
b - esmagamento - os fragmentos de rocha se formam devido ao movimento lateral dos
cones provocando o esmagamento do material ao girarem sobre o fundo do furo.
A ação de cisalhamento só ocorre em rochas brandas, uma vez que o movimento lateral
dos cones é uma combinação complexa de trituração e cisalhamento, no caso de rochas brandas o
cisalhamento predomina tendo em vista a baixa resistência ao cisalhamento das mesmas.
As coroas tri-cone-bits são formadas por 3 cones com dentes ou insertos cujos elementos
são mostrados na figura 3.5.
Os dois métodos descritos acima são responsáveis pela quase totalidade dos desmontes de
rocha realizados tanto em mineração como em obra civil.
3.2. Explosivos
A figura 3.9 mostra a pressão da onda de choque gerada por duas detonações. Nota-se
que a máxima pressão e duração do pulso de onda é diretamente proporcional à energia gerada. A
curva A representa um alto explosivo, o qual possui um grande poder de quebra; a curva B mostra um
explosivo comercial com baixa sensibilidade. Nota-se na curva A que este explosivo libera os
produtos gasosos muito rapidamente. A distância entre a frente de choque e o plano C-J é muito
curta, resultando em um pulso de pressão de alta amplitude e curta duração. Por outro lado, a curva
B mostra um decréscimo na amplitude da pressão e um longo comprimento do pulso. Neste caso, a
reação é lenta e o volume de gás é maior.
Fig. 3.9 – Formas de pulso de pressão da onda de choque para um alto explosivo
(A) e para um explosivo comercial (B) com grande volume gasoso.
Os explosivos possuem várias propriedades que indicam como eles vão atuar em
condições práticas. As principais propriedades são: gases nocivos gerados pela detonação,
densidade, resistência à água, resistência a baixas temperaturas, velocidade de detonação, pressão
de detonação, pressão nas paredes dos furos, sensibilidade e força.
−Resistência à água: A capacidade do explosivo ficar exposto à água por um longo período
de tempo sem perder sua força ou capacidade de detonar define a resistência à água. Existem
diversas categorias de resistência à água. Tem-se, portanto, explosivos com boa, moderada e má
resistência à água. Em ambientes com mais de 5% de umidade, os explosivos com má resistência à
água dissolvem seus componentes químicos e alteram a composição dos gases produzidos,
contribuindo para a formação de gases tóxicos e diminuindo a energia, de forma que o explosivo
pode nem mesmo detonar.
- Explosivos nitroglicerinados
Dinamite é o nome comercial introduzido por Alfred Nobel. Os três tipos básicos são:
granulares, gelatinas e semi-gelatinas, os quais são considerados altos explosivos (HE). As gelatinas
e semi-gelatinas contêm nitrocelulose, a qual se combina à nitroglicerina para formar a estrutura de
gel. Já a dinamite amoniacal ou extra dinamite é uma mistura granular que contém uma pequena
quantidade de nitroglicerina misturada a nitrato de amônio e nitrato de sódio.
Os altos explosivos derivam suas fontes de energia da nitroglicerina (NG), sendo a dinamite
com 50% de nitroglicerina o produto de uso mais comum. Estas dinamites são caracterizadas por alta
velocidade e brisância, baixa temperatura de chama e boa resistência à água, e apresentam elevada
energia da onda de choque e uma pequena atuação dos gases.
Nitrato
Amônico
Combustível
(Diesel)
produzindo cerca de 920 kCal/kg, o que pode ser inferior nos produtos comerciais segundo o
conteúdo de materiais inertes. A mistura estequiométrica corresponde a 95,3% de nitrato de amônio e
5,7% de óleo-diesel.
O conteúdo de combustível afeta também a quantidade de gases nocivos desprendidos na
explosão (CO+NO). Quando os gases das detonações apresentam uma coloração alaranjada
significa que existe uma porcentagem insuficiente de óleo-diesel, ou que o ANFO absorveu água ou
não foi corretamente iniciado. A variação da sensibilidade é sensivelmente afetada pela quantidade
de combustível, figura 3.11.
Sendo assim, com 2% de óleo diesel a iniciação pode ser conseguida com uma espoleta de
número 8, porém a energia disponível será baixa. Já com uma quantidade de nitrato de amônio
superior a 7% a sensibilidade inicial decresce notavelmente.
Conforme foi descrito anteriormente para o nitrato de amônio, a água é muito prejudicial ao
ANFO. Em ambientes com mais de 10% de umidade o ANFO torna-se insensível, nestes casos o
único recurso é o de envolver o ANFO em recipientes ou embalagens impermeáveis à água.
As características explosivas do ANFO variam também com a densidade. A medida em que
a densidade aumenta, a velocidade de detonação também aumenta, porém a iniciação torna-se
3
difícil. Acima de 1,2 g/cm o ANFO torna-se inerte, não podendo ser detonado satisfatoriamente. As
densidades normais do ANFO variam de 0,8 a 0,85, figura 3.12.
Embora o ANFO seja empregado predominantemente como carga a granel, é importante
saber que a energia por metro linear de coluna diminui com o desacoplamento. Quando o
confinamento da carga não é grande, a velocidade de detonação “VD” e a pressão máxima sobre as
paredes dos furos diminuem. A velocidade de detonação máxima do ANFO é de cerca de 4.500 m/s e
é atingida em furos maiores do que 15 polegadas. O diâmetro crítico do ANFO está compreendido
entre 2 e 4 polegadas. Este é um ponto de controvérsia, pois existem diversas detonações
satisfatórias em diâmetros pequenos. O diâmetro crítico vai depender das condições de
carregamento, entretanto o ANFO não detona de forma confiável neste intervalo citado acima.
- ALANFO
Como a densidade do ANFO é baixa, a energia que resulta por unidade de comprimento é
pequena. Para elevar essa energia, desde 1968 estão sendo adicionados a esse agente explosivo
produtos como o alumínio, obtendo-se bons resultados técnicos e econômicos, sobretudo quando as
rochas são muito resistentes e maciças.
O limite prático da porcentagem de alumínio no ANFO encontra-se entre 13 e 15%.
Porcentagens superiores a 25% diminuem a eficiência energética, figura 3.13. O alumínio a adicionar
deve possuir uma granulometria entre as 20 e 150 malhas (“mesh”). Relativo a pureza, esta deve ser
superior a 94%. O Alumínio muito fino pode produzir explosões descontroladas.
- Hidrogéis
São agentes explosivos constituídos por soluções aquosas saturadas de nitrato
de amônio, contendo também em pequena quantidade outros oxidantes como o nitrato de
sódio e cálcio. Contém também os combustíveis sensibilizantes, agentes espessantes e
gelatinizantes, os quais evitam a segregação dos produtos sólidos.
O desenvolvimento destes explosivos teve lugar no final da década de 50,
quando Cook e Farman conseguiram os primeiros resultados positivos com uma mistura de
65% de nitrato de amônio, 20% de alumínio e 15% de água. Após estes primeiros
resultados, Cook começou a utilizar como sensibilizante o TNT e assim começou no
Canadá a fabricação comercial. Em 1969, a Dupont desenvolveu novos hidrogéis que se
caracterizavam por não conter os compostos explosivos tradicionais nem metais
particulados como sensibilizantes fundamentais, apenas incorporavam como combustíveis
substâncias orgânicas como as derivadas das aminas, parafinas, açucares etc.
Como em suas composições os hidrogéis não levam sensibilizantes
intrinsecamente explosivos, possuem uma segurança muito alta tanto na fabricação quanto
no manuseio. Apesar disto possuem uma sensibilidade grande para a detonação e podem
ser iniciados pelos iniciadores tradicionais.
A resistência à água é excelente e a potência, que é uma característica
fundamental, é equivalente ou superior à dos explosivos convencionais, podendo ajustar-se
em função da formulação do hidrogel. As energias desenvolvidas oscilam entre 700 e 1500
Cal/g.
3
A densidade pode também modificar-se, desde 0,8 até 1,6 g/cm , partindo de um
valor básico compreendido entre 1,4 e 1,5. A variação da densidade influencia na
velocidade de detonação e na sensibilidade. A velocidade de detonação dos hidrgéis varia
de 4.115 a 6.096 m/s, de acordo com o diâmetro dos furos. A pressão de detonação varia
de 5 a 10 GPa.
A variedade de produtos que podem ser obtidos com as diferentes composições
dos hidrogéis é muito grande. Desde os hidrogéis encartuchados semelhantes aos
explosivos gelatinosos convencionais até os vertíveis, os quais possuem algumas
características reológicas que fazem com que possam ser tratados como fluidos. Neste
último caso pode-se aproveitar as vantagens de uma carga mecanizada e da facilidade de
preencher totalmente os furos.
- Emulsões
Este grupo de explosivos, que é o de mais recente aparição no mercado, mantém
as propriedades dos hidrogéis, mas possui melhor potência e resistência à água. O
interesse nestes produtos surgiu no começo da década de 60, quando se investigavam as
necessidades básicas de um explosivo para melhor produzir o desmonte e ser eficiente em
furos úmidos.
Do ponto de vista químico, uma emulsão é um sistema bifásico em forma de uma
dispersão de um líquido imiscível em outro. As emulsões explosivas são do tipo
denominado “água em óleo” nas quais a fase aquosa é composta por sais inorgânicos
oxidantes dissolvidos em água e a fase oleosa por um combustível líquido imiscível em
água, do tipo hidrocarboneto.
O desenvolvimento dos explosivos foi acompanhado por uma redução
progressiva do tamanho das partículas passando desde sólido até as soluções salinas com
sólidos e por último às microgotas de uma emulsão explosiva. A estrutura das emulsões é
poliédrica e não esférica como no NA e possui uma fase oleosa que a envolve. O tamanho
das microgotas das emulsões é cerca de cem vezes menor do que o tamanho dos prills de
nitrato de amônio.
As características reológicas das emulsões são distintas, assim como suas
aplicações e métodos de utilização de acordo com o tipo de combustível (óleo diesel,
parafinas, gomas etc.).
Sabe-se que o pó de alumínio aumenta a energia desenvolvida, mas diminui a
velocidade de detonação. Sabe-se também que a sensibilidade da emulsão diminui
conforme aumenta a densidade, sendo necessário trabalhar acima do diâmetro crítico e
utilizar iniciadores potentes.
A tendência atual de empregar as emulsões nas operações de desmonte a
explosivo, é devida às inúmeras vantagens que este explosivo apresenta: menor preço;
3
excelente resistência à água, possibilidade de variar a densidade entre 1 e 1,45 g/cm ;
grande segurança de fabricação e manuseio; possibilidade de fazer um carregameto
mecanizado dos furos; condição de fazer misturas com o ANFO. Por outro lado como
desvantagens tem-se: condições restritas de preparação; alteração nas baixas
temperaturas; contaminação da carga se esta for feita a granel; impossibilidade de ser
armazenado por muito tempo. As emulsões produzem altas pressões de detonação (10 a
12 GPa) com velocidades de detonação compreendidas entre 4.420 e 5.640 m/s .
- ANFO Pesado
Na tecnologia atual é inquestionável que o ANFO constitui o explosivo básico.
Tem-se então buscado formas para aumenta a energia deste agente explosivo. Uma
maneira encontrada é a adição de emulsão ao ANFO, mistura que deu origem a um novo
agente explosivo chamado de ANFO pesado (“heavy ANFO”).
O ANFO apresenta vazios que podem ser ocupados por um explosivo líquido,
como a emulsão, que atua como uma matriz energética. As vantagens principais deste
agente explosivo são: maior energia do que o ANFO; melhores características de
sensibilidade; grande resistência à água; possibilidade de efetuar cargas com variação de
energia através do furo.
A fabricação é relativamente fácil, pois a matriz (emulsão) pode ser preparada em
uma planta fixa e transportada em caminhão tanque até o depósito de armazenagem (paiol)
ou ser bombeada diretamente de caminhão misturador, para os furos de detonação. Com
estes caminhões podem ser preparadas, in situ, as misturas de emulsão com nitrato de
amônio e óleo diesel nas proporções adequadas às condições de trabalho.
Forma de aplicação
Método Agente ou máquina
de energia
Pneumática Ar comprimido
Mecânica Corte Trator (dozer)
Impacto Martelo de impacto
É importante ressaltar que o método de desmonte mecânico tem ampliado sua utilização
com a evolução de equipamentos e técnicas de escavação. Hoje em dia, a escavação mecânica pode
ser aplicada inclusive em rochas bastante consolidadas.
3.3.1. Mecanismos de ruptura da rocha por detonação de explosivo
t = l / v = 0,30m/6435m/s = 47 x 10-6 s
No estudo e projeto do desmonte as variáveis que são controláveis podem ser classificadas
nos seguintes grupos:
a- Geométricas (diâmetro, comprimento da carga, afastamento, espaçamento etc).
b- Físico-químicas ou do explosivo (tipo de explosivo, potência, energia, sistema de
iniciação etc).
c- De tempo (tempo de retardo e seqüência de iniciação).
A figura 3.18 representa um plano de fogo em bancada onde são ilustradas as diferentes
variáveis de projeto e as expressões utilizadas com mais freqüência no desmonte a explosivo.
Variáveis de projeto
H = altura da bancada
D = diâmetro do furo
L = comprimento do furo
d = diâmetro da carga
B = afastamento nominal
S = espaçamento nominal
LV = comprimento do desmonte
AV = largura do desmonte
Be = afastamento efetivo
Se = espaçamento efetivo
T = tampão
J = subperfuração
l = comprimento da carga
θ = ângulo de saída
v/w = grau de equilíbrio
tr = tempo de retardo
1 = repé
2 = seção do furo
3 = rocha saliente ou em balanço
4 = sobre-excavação
5 = fenda de tração
6 = descabeçamento
7 = cratera na boca do furo
8 = carga não confinada
O diâmetro dos furos depende dos seguintes fatores:
T ritu raçã o
p rim á ria
T ritu ra çã o
se cu nd á ria
M o a ge m
P ro d uto
b en e ficiá vel
Deste modo, a fragmentação e o empolamento da rocha devem ser estudados com uma
ótica global do conjunto, relacionando-as com as variáveis que correspondem às outras operações
subseqüentes.
O custo de perfuração por metro linear de furo é proporcional ao diâmetro do furo, tanto na
perfuração rotativo-percussiva quanto na rotativa (tri-cone-bits), figura 3.20. Entretanto, na perfuração
tri-cone-bits o gradiente de crescimento não é tão grande.
A variação dos custos de desmonte com o aumento do diâmetro é diferente daquela dos
custos de perfuração. A seguir são mostradas suas vantagens e inconvenientes.
Vantagens:
- aumenta a velocidade de detonação dos explosivos e, por conseguinte, a energia de
tensão desenvolvida por eles;
- facilita o emprego de explosivos a granel e a mecanização do carregamento do furo, com a
conseqüente economia, tanto no preço de explosivo como na mão de obra;
- a planificação e o controle dos desmontes grandes é mais simples e completa,
fundamentalmente pelo seu menor número relativo.
Incovenientes:
- os consumos específicos de explosivos são maiores para uma mesma granulometria e o
controle estrutural das rochas é cada vez mais importante;
- limitações pelo porte dos equipamentos de carregamento e transporte;
- níveis de vibrações e de onda aérea, mais altos;
- maior risco de projeções, pelo tamanho dos fragmentos;
- fraturação do maciço remanescente mais interno;
- aumento da diluição.
Em resumo pode-se dizer que os grandes diâmetros de furo são interessantes quando são
apresentadas as seguintes condições:
- grandes ritmos de produção;
- não existe limitação pelas dimensões dos equipamentos de carregamento, transporte e
britagem;
- não é necessária britagem posterior do material, por exemplo, no caso dos estéreis na
mina;
- o maciço rochoso é homogêneo ou está intensamente fraturado e não aparecem
problemas de repé nem sobre-escavação;
- não existem problemas ambientais, referentes a vibrações, onda aérea etc.
H = 10 + 0,57 (Cc - 6)
onde: Cc = capacidade da caçamba da escavadeira (m3).
Tendo em conta a resistência da rocha, “H” pode também ser estimado a partir de “D” com
os valores médios indicados na tabela 3.2.
Altura da bancada - H 52 D 44 D 37 D
Em alguns casos, a altura da bancada está limitada pela geologia da jazida, por imperativos
de controle da diluição e por razões de segurança. Em geral, em minas metálicas é mantida uma
relação H/B < 2.
A inclinação da face da bancada está relacionada aos aspectos de segurança tanto no que
diz respeito à estabilidade da face quanto à segurança nas operações de carregamento e perfuração.
Embora a perfuração inclinada apresente maior eficiência para o desmonte, dificulta as
operações de escavação e de carregamento.
As principais vantagens da perfuração inclinada são:
- melhor fragmentação, deslocamento e empolamento da pilha de material, já que o
espaçamento se mantém mais uniforme ao longo do furo e aumenta o ângulo da trajetória de
projeção, figura 3.23;
3.4. Meio-ambiente
Quando se pretende efetuar um projeto de desmonte a explosivo, seja para mineração, seja
para obras civis, é imprescindível realizar um planejamento dos trabalhos de perfuração e desmonte.
Isto é exigido não só pela necessidade de coordenação dessas duas operações básicas do ciclo de
lavra como também porque é necessário conjugar uma série de informações e aspectos das
operações de lavra em sua totalidade: entorno geológico e topográfico, unidades de carregamento e
transporte e especificações dos materiais na seqüência de utilização.
O planejamento do desmonte deve considerar uma abordagem sistêmica correlacionando
as operações de perfuração e desmonte com a seqüência de operações de carregamento, transporte
e britagem, bem como com o ritmo de produção, prazos de execução e custos operacionais.
Alguns fatores devem ser considerados no planejamento do desmonte. Tais fatores podem
ser divididos em duas categorias: a) gerais – quando afetam o projeto como um todo ou intervêm nos
planos à longo prazo b) operacionais – quando incidem sobre os aspectos da programação de
produção considerados no curto e médio prazo.
Os fatores gerais mais importantes são:
- volume a desmontar, ritmo e prazo de execução;
- equipamento de carregamento;
- altura da bancada;
- geometria da escavação;
- situação geográfica;
- propriedades geomecânicas e estruturais do maciço rochoso;
- granulometria do material desmontado;
- limitações ambientais;
- custo global de perfuração e desmonte.
A elaboração de um projeto de desmonte em bancada tem sido vista como um dos itens
mais importantes no projeto de lavra. A determinação da disposição geométrica dos furos (malha), o
tipo de explosivo e a quantidade a utilizar, a seqüência de iniciação e os tempos de retardo são
elementos fundamentais neste projeto. Um projeto de desmonte bem elaborado tem como implicação
não só a redução do custo de desmonte, mas principalmente a redução do custo global de lavra. Isso
ocorre pelo fato do desmonte bem feito gerar uma pilha bem formada, o que facilita sua retomada
pelos equipamentos de escavação e de carregamento como também a uma fragmentação adequada
às operações subseqüentes.
Atualmente, a abordagem sistêmica é largamente utilizada no planejamento do desmonte,
uma vez que todo o sistema produtivo na mineração depende dos resultados do desmonte. Tal
abordagem considera não apenas os aspectos econômicos como também os aspectos técnicos.
Muitas vezes o custo individual de desmonte pode ser comparativamente maior para que se forme
uma pilha mais adequada ao equipamento de carregamento. Também pode ocorrer um aumento
neste custo individual para se conseguir uma fragmentação mais homogênea e de granulometria
menor, implicando numa redução de custo de cominuição e de classificação do material no
beneficiamento.
A partir da década de 50 foi desenvolvido um grande número de fórmulas e métodos para a
determinação das variáveis geométricas: afastamento, espaçamento, subperfuração etc.. Estas
fórmulas utilizam um ou vários grupos de parâmetros: diâmetro do furo, características dos
explosivos, resistência do maciço rochoso etc..
No desmonte em bancada o diâmetro é a variável mais importante para efeitos de projeto.
A ela estão relacionadas todas as outras variáveis. Neste aspecto, consideram-se duas classes de
diâmetro: desmonte com furos de pequeno diâmetro (até 165mm) e desmonte com furos de grande
diâmetro (de 180 até 450mm).
Nos desmontes com diâmetros pequenos considera-se o princípio da detonação linear que
é uma técnica sueca desenvolvida por Langefors e Kihlström. Para os grandes diâmetros, utiliza-se a
técnica da cratera enunciada por Livingston.
Apesar de terem sido desenvolvidos inúmeros estudos teóricos sobre o equacionamento do
projeto de desmonte, devido à grande heterogeneidade e anisotropia dos maciços rochosos os
métodos de cálculo se baseiam em um processo contínuo de aplicação dos aspectos teóricos e
análise dos resultados obtidos, que conduzem a ajustes nas variáveis envolvidas. Ao se aplicar uma
fórmula para projeto do plano de fogo, os resultados devem ser analisados e os ajustes são feitos de
modo a adequar os resultados do desmonte às condições desejadas.
A resistência à compressão simples é uma das propriedades da rocha mais utilizadas e
apresenta uma boa correlação com o grau de dificuldade do desmonte. O único inconveniente é
estabelecer qual valor da resistência deve ser considerado, uma vez que ele varia muito de ponto
para ponto do maciço, em função de sua heterogeneidade.
São considerados nesta categoria diâmetros entre 65mm e 165mm. Nesses diâmetros,
normalmente são utilizados dois tipos de explosivos, um para a carga de fundo e outro para a carga
de coluna. Nesta faixa de diâmetros, a influência das variáveis do plano de fogo se dá da seguinte
forma:
- Diâmetro do furo – A escolha do diâmetro do furo depende da produção desejada, do
ritmo de escavação e da resistência da rocha. Com relação aos custos de perfuração por tonelada
desmontada, eles diminuem, na maioria dos casos, com o aumento do diâmetro.
- Altura da bancada – A altura da bancada é função das dimensões e características do
equipamento de carregamento, tabela 3.3. Por questões operacionais e de segurança a altura
máxima recomendada é de 15m e somente para aplicações especiais são utilizadas alturas que
podem alcançar 20m.
8 – 10 65 – 90 Carregadeia de rodas
10 - 15 100- 150 Escavadeira hidráulica ou a cabo
Afastamento – B 39 D 37 D 35 D 33 D
Espaçamento – S 51 D 47 D 43 D 38 D
Tampão – T 35 D 34 D 32 D 30 D
Subfuração - J 10 D 11 D 12 D 12 D
H β
L= + 1 − × J
cos β 100
sendo “β” o ângulo em relação a vertical em graus, “H” a altura da bancada e “J” a
subfuração.
- Distribuição das cargas – Pela teoria das cargas seletivas, a energia por unidade de
comprimento no fundo do furo deve ser de 2 a 2,5 vezes superior à energia requerida para a ruptura
da rocha na carga de coluna. Esta energia também é proporcional à resistência da rocha. A tabela 3.5
apresenta os comprimentos das cargas de fundo recomendadas, que são determinadas em função
do diâmetro. A altura da carga de coluna é determinada pela diferença entre o comprimento do furo e
a soma das dimensões do tampão e da carga de fundo.
Dentro deste grupo encontram-se os desmontes com furos de 180 a 450 mm de diâmetro.
A perfuração é feita com equipamentos rotativos tri-cone-bits ou percussivo-rotativos para rocha dura.
Neste tipo de desmonte os critérios de projeto são desenvolvidos a partir da teoria da cratera de
Livingston, tendo as cargas cilíndricas uma configuração que obedeça a relação I / D < 50, onde “I” é
o comprimento da carga de explosivo e “D” o diâmetro do furo.
Nesta faixa de diâmetros, a influência das variáveis do plano de fogo se dá da seguinte
forma:
- Diâmetro do furo – A influência do diâmetro é a mesma do caso dos diâmetros pequenos.
A escolha desse parâmetro é realizada a partir da produção desejada e do tipo de rocha que se
deseja desmontar.
Altura da bancada – A altura da bancada é determinada pela capacidade da escavadeira
ou carregadeira. A seguinte relação pode ser usada para determinar a altura da bancada:
H = 10 + 0,57(Cc − 6)
Em alguns casos a altura da bancada está limitada pela geologia da jazida, por imperativos
de controle da diluição do mineral e por razões de segurança.
- Tampão – O comprimento do tampão é determinado em função do diâmetro e a
resistência da rocha, tabela 3.6.
Tampão - T 40 D 32 D 25 D
Diâmetro do furo
(mm)
Variáveis de projeto
180 - 250 250 – 450
Afastamento – B 28 D 23 D 21 D
ANFO
Espaçamento - S 33 D 27 D 24 D
Hidrogéis e Afastamento – B 38 D 32 D 30 D
Emulsões Espaçamento - S 45 D 37 D 34 D
Utilizam-se os hidrogéis nos casos em que não é possível utilizar o ANFO. Por exemplo,
quando os furos apresentam água em seu interior. Ou simplesmente quando os cartuchos são
colocados no fundo do furo atuando como iniciadores ou reforçadores do resto da coluna de
explosivos.
Atualmente, o desenvolvimento das emulsões e a possibilidade de se obter no próprio
caminhão de carga misturas de emulsão e ANFO (ANFO-pesado) têm propiciado a utilização das
cargas seletivas. O sistema consiste na criação de uma carga de fundo de um explosivo denso com
um comprimento de 8 a 16 vezes o diâmetro segundo o tipo de rocha, preenchendo o restante do furo
com ANFO. Esta técnica de carga proporciona o custo mínimo de perfuração e desmonte em relação
aos melhores resultados da operação em termos de fragmentação, empolamento, condições do piso
e geometria da pilha.
L. Jimeno
Andersen
Fraenkel
Konya e
Allsman
Hansen
PARÂMETROS UTILIZADOS
Foldesi
Pearse
Praillet
Walter
Konya
Berta
Ucar
Hino
Carr
Ash
Acredita-se que num futuro próximo todas as equações clássicas poderão ser usadas como
ferramentas do projeto de desmonte. A partir de uma classificação preliminar para o desmonte
determinam-se os parâmetros a serem utilizados nas equações. Com essas equações elaboram-se
planos de fogo experimentais que permitirão monitorar as principais variáveis envolvidas. Além disso,
pela análise dos resultados do desmonte e de amostras de material coletado na perfuração e após o
desmonte é possível aprimorar a classificação e retro-alimentar as equações para melhorar o projeto
de desmonte. Cabe ressaltar que um dos parâmetros de controle mais importantes – e muito fácil de
se obter – é a velocidade de penetração da broca no furo. Essa velocidade tem uma relação direta
com as características de desmonte do material. A seguir são apresentadas algumas fórmulas
originadas dessas pesquisas:
1. Andersen (1952)
B = k × D' × L
B = Afastamento (pés)
D’ = Diâmetro do furo (pés)
L = Comprimento do furo (pés)
K = Constante empírica
Como em muitos casos foram obtidos bons resultados com K = 1, tomando-se o diâmetro
em polegadas, generalizou-se a fórmula como:
B = D×L
onde:
Essa fórmula não leva em conta as propriedades do explosivo nem da rocha. O valor do
afastamento aumenta com o comprimento do furo, porém a prática tem mostrado que isto não se dá
indefinidamente.
2. Fraenkel (1952)
3. Pearse (1955)
1
−3 PD 2
B = K v × 10 × D ×
RT
B = Afastamento máximo(m)
Kv = Constante que depende das características das rochas (0,7 a 1,0)
D = Diâmetro do furo (mm)
PD = Pressão de detonação do explosivo (kg/cm2)
RT = Resistência a tração da rocha (kg/cm2)
4. Hino (1959)
1
D PD n
B = × '
4 RT
onde:
B = Afastamento (m)
D = Diâmetro do furo (mm)
PD = Pressão de detonação do explosivo (kg/cm2)
RT’ = Resistência dinâmica a tração da rocha (kg/cm2)
N = Coeficiente característico que depende do binômio explosivo-rocha e que se calcula a
partir de desmontes experimentais em cratera.
PD
log
n= TR'
D
log 2 0
d
2
onde:
1
D g = ∆ ∑ Ve 3
onde:
d = diâmetro da carga do explosivo
Dg = Profundidade do centro de gravidade da carga
Dg
∆ = Relação de profundidades << >>
Dc
Dc = Profundidade crítica do centro de gravidade da carga
Σ = Constante volumétrica da cratera
Ve = Volume da carga usada
5. Allsman (1960)
Impulso × g PD × D × ∆t × g
Bmax = =
π × ρr × u ρr × u
onde:
6. Ash (1963)
KB × D
B=
12
Classe da rocha
Tipo de explosivo
Branda Média Dura
3
Baixa densidade (0,8 a 0,9 g/cm ) e baixa
potência 30 25 20
3
Densidade média (1,0 a 1,2 g/cm ) e potência
média 35 30 25
3
Alta densidade (1,3 a 1,6 g/cm ) e alta
potência 40 35 30
7. Langefors (1963)
D ρ e × PRP
Bmax =
33 c × f × ( S )
B
onde:
B = 1,4 a 15 m c = c + 0,75
B < 1,4 m c = 0,07/B + c
O afastamento prático é determinado por:
B = Bmax - e’ - db x H
onde:
8. Hansen (1967)
H H
Qb = 0,028 + 1,5 × B 2 + 0,4 × Fr + 1,5
B B
onde:
Fr RC RT
Tipo de rocha
(kg/m3) (MPa) (MPa)
I 0,24 21 0
II 0,36 42 0,5
9. Ucar (1972)
1,5 × B 2 H + 2 B × q1 − 3H × q1 = 0
onde:
B = Afastamento (m)
H = Altura da bancada (m)
q1 = Concentração linear da carga (kg/m)
sendo:
3
ρe = Densidade do explosivo (g/cm )
D = Diâmetro da carga (mm)
S = Espaçamento (m)
0 , 33
ρ
B = 3,15 × D × e
ρr
onde:
B = Afastamento (pés)
D = Diâmetro da carga (polegadas)
ρe = Densidade do explosivo
ρr = Densidade da rocha
H + 2B
H < 4B S=
3
H > 4B S = 2B
H > 4B S = 1,4B
o Tampão
ρe
B = 0,88 × D ×
m × CE
onde:
B = Afastamento
D = Diâmetro do furo (mm)
3
ρe = Densidade do explosivo dentro do furo (kg/m )
3
CE = Consumo específico de explosivo (kg/m )
0,693
m = 1+
ln( ρ e × VD 2 ) − ln RC − 1,39
sendo:
No caso detonação instantânea toma-se 2,2 < m < 2,8, e para seqüência com microrretardo
1,1 < m < 1,4.
Determinação dos outros parâmetros:
- Espaçamento S = mxB
- Distância entre filas Bf = 1,2 x B
B × VD ρe
- Tampão T = 1,265 × ×
VC ρs
- Subfuração J = 0,3 x B
onde:
B = Afastamento (m), S = B
H = Altura da bancada (m)
K = Constante (12,5 para escavadeira a cabo e 51 para drag-line)
ρe = Densidade do explosivo
Vd = Velocidade de detonação do explosivo (m/s)
J = Subfuração (m)
T = Tampão (m)
D = Diâmetro do furo (mm)
RC = Resistência a compressão da rocha (MP)
O valor de “B” não pode ser determinado diretamente. Sua determinação deve ser feita por
aproximações sucessivas.
B = 0,76 x D x F
onde:
B = Afastamento (m)
D = Diâmetro do furo (polegadas)
F = Fator de correção em função da classe de rocha e tipo de explosivo. F = fr x fe.
0 , 33
2,7 × 3500
fr =
ρ r × VC
0 , 33
ρ × VD 2
fe = e 2
1,3 × 3660
sendo:
3
ρr = Densidade da rocha (g/cm )
VC = Velocidade sísmica de propagação do maciço rochoso (m/s)
3
Ρe = Densidade da carga de explosivo (g/cm )
VD = Velocidade de detonação do explosivo (m/s)
Esta fórmula é indicada para diâmetros superiores a 165 mm. Para furos com diâmetros menores, o
valor do afastamento será afetado por um coeficiente redutor de 0,9.
onde:
B = Afastamento (m)
d = Diâmetro da carga (m)
3
ρe = Densidade do explosivo (kg/m )
3
CE = Consumo específico de explosivo (kg/m )
g f ×εs
CE =
n1 × n2 × n3 × ε
sendo:
2 3
gr = Grau de fraturação volumétrica (m /m )
Supondo que gr = 64/M, onde “M” é o tamanho máximo do fragmento em metros
2
εs = Energia específica superficial de fragmentação (MJ/m )
ε = Energia específica do explosivo (MJ/kg)
n1 = Característica do binômio explosivo/rocha
n2 = Característica geométrica da carga
n3 = Rendimento do desmonte, normalmente 0,15
(ρ e × VD − ρ r × VC )2 1
n1 = 1 − e n2 =
(ρ e × VD + ρ r × VC )2 e
D
d
− (e − )
sendo:
VC
- Impedância da rocha Z = 1,31 × ρ r ×
1000
onde:
sendo:
ρe = Densidade do explosivo
VD = Velocidade de detonação do explosivo (pés/s)
Z
- Consumo específico característico: CEC =
PD
ρe × d 2
- Espaçamento entre furos: S =3
CEC
onde:
- Afastamento: B = S x 0,833
- Tampão T = B
- Subfuração J = (0,3 – 0,5) x S
2ρ
B = e + 1,5 × d
ρr
onde:
B = Afastamento (pés)
ρe = Densidade do explosivo
ρr = Densidade da nrocha
d = Diâmetro da carga (polegadas)
- Espaçamento - S (pés):
H + 2B
H < 4B S=
3
H > 4B S = 2B
C – BIBLIOGRAFIA