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Capítulo X - O conceito de mais valor relativo.

A parte da jornada de trabalho que produz apenas um equivalente do valor da força de trabalho pago pelo
capital foi tratada até este momento, segundo o raciocínio apresentado nos capítulos anteriores, como uma
grandeza constante, o que de fato ela é, sob dadas condições de produção e num dado grau de
desenvolvimento econômico da sociedade.
Além do trabalho necessário para a produção do valor para a sua sobrevivência, o trabalhador pode trabalhar
2, 3, 4, 5 ...10 horas a mais. A taxa de mais-valor depende do tamanho do prolongamento dessa jornada de
trabalho.
Para aumentar a taxa de lucro, um capitalista necessita aumentar a eficiência de seus trabalhadores
responsáveis pela produção dos produtos da companhia. No entanto existem dois modos de se fazer isso.
1) aumentando a jornada de trabalho. Por exemplo, antes os trabalhadores tinham 8 horas de trabalho e
passam a trabalhar 10 horas, sendo que eram necessárias 6 horas por dia para se produzir o valor dos salários.
Com isso, a taxa de mais valor criado para o capitalista aumenta.

8 horas - a_______________b____c
10 horas - a_______________b_________c
a-c = tempo total de trabalho.
a-b = tempo de trabalho necessário para a produção da própria remuneração
b-c = tempo de trabalho necessário para a produção do lucro do capitalista. (Mais valor)

2) Alterações no processo de produção com novas máquinas e ferramentas. Com novas máquinas, ferramentas
e meios produtivos, técnicas de produção, um capitalista pode melhorar a sua produtividade fazendo com que
seja diminuído o tempo necessário para que os seus funcionários produzam o montante necessário para os
seus salários, que como consequência faz com que aumente a produção, mas chegando até a possibilitar a
demissão de funcionários mantendo a mesma produtividade antecedente, ou até a diminuição da carga horária
com diminuição nos salários dos trabalhadores,.

8 horas - a_______________b____c
6 horas - a__________b____c

" O valor da força de trabalho, isto é, o tempo de trabalho requerido para a sua produção, determina o tempo
de trabalho necessário para a reprodução de seu valor."
Com a alteração nos meios de produção a medida de aumentar o tempo de trabalho necessário para que o
operário fique na empresa pode ser descartada. As mudanças nos meios de produção possibilitam que seja
encurtado a jornada dos trabalhadores.
Não podemos esquecer que o valor de uma mercadoria não é determinado apenas pela quantidade de trabalho
que lhe confere a sua última forma, mas também pela massa de trabalho contida em seus meios de produção e
insumos.
A queda no valor da força de trabalho também é causada por um aumento na força produtiva do trabalho e por
um barateamento das mercadorias naquelas indústrias que fornecem os elementos materiais do capital
constante (insumos e manutenção de ferramentas e equipamentos),
observação: Isso mostra que o problema do capitalismo, não são as máquinas que tiram os empregos dos
trabalhadores, mas o modo como é feita a distribuição das riquezas pelo funcionamento dos meios de
produção.

O valor efetivo de uma mercadoria não é seu valor individual, mas seu valor social, isto é, ele não é medido
pelo tempo de trabalho que ela de fato custa ao produtor em cada caso singular, mas pelo tempo de trabalho
socialmente requerido para a sua produção.
"O desenvolvimento da força produtiva do trabalho no interior da produção capitalista visa encurtar a parte da
jornada de trabalho que o trabalhador tem de trabalhar para si mesmo precisamente para prolongar a parte da
jornada de trabalho durante a qual ele pode trabalhar gratuitamente para o capitalista."

Capítulo XXI. Reprodução simples


Todo processo de produção é também processo de reprodução por conta da continuidade, e da periodicidade e por
percorrer um mesmo caminho ininterruptamente.
Nenhuma sociedade pode produzir continuamente sem reconverter parte de seus produtos em meio de produção.
“Determinada parte do produto anual pertence, portanto, à produção.” P. 661)
Se o capitalista só utiliza esse rendimento para consumo, gastando-o no mesmo período em que o ganha, ocorrerá
então, não se alterando as demiascircustâncias, reprodução simples. Embora esta seja mera repetição do processo
de produção na mesma escala, essa mera repetição ou continuidade imprime ao processo certos caracteres novos,
ou, antes, faz desaparecer os caracteres aparentes que se apresentava em sua ocorrência isolada.” (p. 662)
O trabalhador recebe na forma salário uma parte do seu próprio produto. “O que vai para o trabalhador sob a forma
de salário é uma parte do produto por ele constantemente reproduzido. Na verdade, o capitalista paga-lhe em
dinheiro, mas esse dinheiro não é mais do que a forma na que se converte o produto do trabalho, ou, mais
precisamente, uma parte dele.” (p. 662)
O dinheiro pago pela classe capitalista à classe trabalhadora são “letras” que permitem que a segunda receba parte
do produto produzido por ela mesma. Porém o trabalhador devolve esse dinheiro ao capitalista para receber parte do
seu produto na forma de mercadoria. Marx diz que o dinheiro e a mercadoria “dissimulam essa operação” porque o
pagamento da força de trabalho e a compra das mercadorias não revelam que todo o dinheiro é proveniente de uma
mesma fonte de valor: o trabalho alheio não pago, que entra em um círculo vicioso de compra e venda, sem fim e
mascara as relações de produção das mercadorias e da mais valia.
O capital variável precisa, portanto, ser produzido e reproduzido pelo trabalhador para que ele possa comprar seus
meios de subsistência, o que Marx chama de “fundo dos meios de subsistência”.
“NO capítulo IV, vimos que, para transformar dinheiro em caputal, não basta a existência da produção e da circulação
de mercadorias. É necessário haver antes, de um lado, possuidor de valor ou de dinheiro e, do outro, possuidor da
substância criadora de valor,; de um lado, possuidor dos meios de produção e dos meios de subsistência e, do outro,
possuidor aprnas da força de trabalho, tendo ambos de se encontrar como comprador e vendedor. A separação entre
o produto do trabalho e o próprio trabalhador, entre as condições objetivas do trabalho e a força subjetiva do trabalho,
é, portanto, o fundamento efetivo, o ponto de partida do processo de produção capitalista” (p. 665)
Como o processo de produção é processo de consumo da força de trabalho, Marx considera que o produto do
trabalhador se transforma não só em mercadoria, mas também em capital – “em um valor que suga a força criadora
de valor, em meios de subsistência que compram pessoas, em meios de produção que utilizam os produtores” (p.
666). Ou seja, a mercadoria, o capital, precisa do trabalho e do valor que o trabalho agrega à mercadoria. Consumir
esse trabalho é transformar essa “fonte criadora de valor” em capital, uma vez que ele se transforma nos meios de
subsistência que sustentam e propiciam a reprodução do trabalhador e produz as ferramentas para o trabalho
humano. Marx segue o raciocínio falando dos dois tipos de consumo realizados pelo trabalhador: o consumo
produtivo e o consumo individual. O primeiro se refere ao consumo da matéria prima, dos meios de produção,
realizado pelo trabalhador para a produção das mercadorias. É, ao mesmo tempo, o consumo dos meios de
produção que transforma, por meio do trabalho, os meios de produção em produtos com valor maior que aqueles
adquirido no início do processo, e também consumo da força de trabalho pelo capitalista. O consumo individual, no
entanto, é realizado pelo trabalhador para obter seus meios de subsistência. Os consumos são distintos. O produtivo
é a força propulsora do capital e pertence ao capitalista (mesmo sendo efetivamente exercido pelo trabalhador), já o
segundo é a fonte de força das funções vitais do próprio trabalhador. “O resultado de um é a vida do capitalista, e do
outro é a vida do próprio trabalhador” (p. 666)
Quando se analisa o processo de produção capitalista com sua continuidade e a relação entre a classe capitalista e a
trabalhadora, Marx mostra que é visível como o capital nunca sai das mãos do capitalista. “O capital que fornece em
troca da força de trabalho se converte em meios de subsistência” (p. 667). Ou seja, “o consumo individual do
trabalhador se transforma em nova força de trabalho explorável pelo capital”: “As bestas saboreiam o que comem,
mas seu consumo não deixa, por isso, de ser um elemento necessário do processo de produção” (p. 667). O
consumo individual é, portanto, fator de produção e reprodução do capital, como Marx expõe. O capitalista não se
desliga de seu capital em momento algum. Mesmo fazendo a limpeza da máquina e dando a ela uma pausa para
essa manutenção, o capital continua voltando para suas mãos por meio do consumo individual do trabalhador. Ou
seja, mesmo que consumo individual e consumo produtivo sejam diferentes e, na teoria, pertençam a pessoas
diferentes, o capital nunca será do trabalhador e sempre volta ao capitalista como um pombo correio que leva uma
mensagem ao trabalhador e volta com o papo cheio pronto para consumir mais força de trabalho alheio não pago.
“Do ponto de vista social, portanto, a classe trabalhadora, mesmo quando não está diretamente empenhada no
processo de trabalho, é um acessório do capital, do mesmo modo que o instrumental inanimado de trabalho” (p. 668).
Esse sistema não tem mais aquela conotação natural da economia clássica, na qual a troca é proveniente da
natureza humana e tudo ocorre seguindo uma lei da natureza do ser humano. Com o sistema de produção capitalista
o trabalhador e o dono do capital não se encontram naturalmente ou “ao acaso”, como Marx diz, no mercado de
trabalho. “É o próprio processo que, continuamente, lança o primeiro como vendedor de sua força de trbaalho no
mercado e transforma seu produto em meio que o segundo utiliza para compra-lo. Na realidade, o trabalhador
pertence ao capital antes de vender-se ao capitalista.” (p. 673). Se assemelha muito ao sistema de castas da cultura
indiana: o trabalhador nasce já pertencente ao capital e não consegue se desvencilhar desse destino que foi traçado
historicamente. O trabalhador recém-nascido só veio ao mundo por conta de um capital que propriciou a reprodução
da classe trabalhadora. Um capital que, com o sistema capitalista de produção, passou a ser a reprodução do
trabalho alheio não pago que sempre volta para as mãos do capitalista e fornece meios para novas produções
continuamente e ininterruptamente.

Capítulo XXII. Transformação da mais-valia em capital


Seção 1. A reprodução ampliada. Transmutação do direito de propriedade da produção mercantil em direito
de propriedade capitalista
“Aplicação de mais-valia como capital ou conversão de mais-valia em capital é o que se chama de acumulação de
capital.” (p. 677)
Na reprodução ampliada o capitalista não consome a mais-valia produzida no processo de produção. O produto
líquido da produção, ou seja, o valor que sobra após a produção repor os objetos que substituirão os elementos
materiais do capital consumido durante o ano, deve ser reaplicado para que ocorra a acumulação de capital. A mais-
valia tem de ser transformada em novos meios adicionais de produção e meios de subsistência. “Em suma, a mais-
valia só pode ser transformada em capital porque o produto excedente, do qual ela é o valor, já contém os elementos
materiais de um novo capital” (p. 678).
Para colocar esses novos elementos materiais em ação o capitalista precisa de forças de trabalho adicionais. Como a
reprodução dos trabalhadores já é assegurada pelo sistema capitalista, capital precisa apenas incorporar esses
novos trabalhadores.
Marx simplifica a transformação da mais-valia em capital: basta que a produção anual (1) reponha os materiais
usados na produção, (2) produza o excedente chamado de mais-valia, (3) a reaplique em novos meios de produção e
meios de subsistência e, finalmente, (4) incorpore novos trabalhadores ao processo de produção capitalista para que
haja acumulação. É um processo em espiral, crescente progressivamente. Mais-valia capitalizada. “De qualquer
modo, a classe trabalhadora criou, com o trabalho excedente do corrente ano, o capital que empregará, no próximo
ano, trabalho adicional. Isto é o que se chama produzir capital com capital” (p. 680). Esse movimento em espiral
permite que o capitalista consiga capitalizar cada vez mais-valia quanto mais trabalho alheio não-pago ele tiver
empregado nos processos de reprodução componentes desse sistema.
“No início, havia uma troca de equivalentes. Depois, a troca é apenas aparente: a parte do capital que se troca por
força de trabalho é uma parte do produto do trabalho alheio do qual o capitalista se apropriou sem compensar com
um equivalente” (p. 681) ou seja, é a mais-valia obtida, o trabalho alheio não-pago, fruto do trabalho excedente. “A
relação de troca entre capitalista e trabalhador não passa de uma simples aparência que faz parte do processo de
circulação, mera forma, alheia ao verdadeiro conteúdo, e que apenas o mistifica. A forma é a contínua compra e
venda da força de trabalho. O conteúdo é o capitalista trocar sempre por quantidade maior de trabalho vivo uma parte
do trabalho alheio materializado, do qual se apropria ininterruptamente, sem dar a contrapartida de um equivalente.”
(p. 681).

a) O capítulo XXII: No capítulo XXII, Marx demonstra que o capitalista não paga equivalente algum em troca da força
de trabalho, pois é o próprio trabalhador que produz este equivalente através de seu trabalho, cabendo ao
capitalista apenas lhe devolver, por meio do salário, o que ele próprio produziu. Marx afirma (1985: 166; 1988: 609):
o intercâmbio de equivalentes, que apareceu (erschien) como operação original [no capítulo V, FD], se torceu de tal
modo que se troca apenas na aparência, pois, primeiro, a parte do capital que se troca por força de trabalho nada
mais é que uma parte do produto de trabalho alheio, apropriado sem equivalente (ohne Äquivalent), e segundo, ela
não somente é reposta por seu produtor, o trabalhador, como este tem de repô-la com novo excedente. E conclui
Marx: “a relação de intercâmbio entre capitalista e trabalhadores torna-se, portanto, mera aparência (Schein)
pertencente ao processo de circulação, mera forma (blosse Form), que é alheia ao próprio conteúdo e apenas o
mistifica”. Neste momento sintético, nesta segunda transição dialética, depois de ter percorrido todo o processo,
iniciando pela esfera da circulação (Dinheiro --- Mercadoria = compra), passado pela esfera da produção (P), e
voltado para a esfera da circulação (Mercadoria que contém mais-valia --- Dinheiro valorizado = venda), ele mostra
que na esfera da circulação exposta inicialmente se manifestam apenas as formas mais aparentes dos fenômenos.
Portanto, a seção I não é, como pensa Lukács, uma descrição antropológica do desenvolvimento da relação dos
homens com a natureza que teria conduzido à produção e à troca de mercadorias. O que Marx expõe na seção I são
as ilusões próprias da economia política, segundo a qual todos os homens seriam iguais produtores de mercadorias,
que procuram o mercado para atender suas necessidades comuns. No capítulo XXII, estas ilusões de igualdade e
liberdade entre os homens no capitalismo são negadas de maneira determinada por Marx.10 Por não falar uma
única palavra sobre isso, Lukács leva o leitor a pensar que, para Marx, haveria equivalência na troca entre o
capitalista e o trabalhador – exposta na seção III, capítulo V11 - e que os direitos entre os dois seriam iguais (como
foi exposto na seção III, capítulo VIII). Lukács parece não perceber que Marx nega isso no capítulo XXII. Na realidade,
no capitalismo o trabalhador não tem direito sequer à troca de equivalentes, pois a troca de equivalentes entre o
capitalista e o trabalhador ocorre apenas na aparência. No capitalismo, o trabalhador não tem direito algum. É o que
Marx afirma no capítulo XXIV.

Capítulo XIII

Esse capítulo XIII, intitulado M aquinaria e grande indústria, da obra O capital, traz uma importante contribuição
para a compreensão do processo de construção da maquinaria até chegar à formação da grande indústria. O
objetivo do autor é mostrar essa transformação desde a manufatura, por meio da qual o trabalhador manuseava as
ferramentas, até chegar à formação da grande indústria com suas máquinas e ferramentas complexas. Nesse texto,
o autor aborda questões importantes, como: o desenvolvimento da maquinaria, a transferência de valor da
maquinaria ao produto, os efeitos imediatos da produção mecanizada sobre o trabalhador e, finalmente, a fábrica, a
qual combina máquinas e ferramentas num complexo processo de produção. 1. Desenvolvimento da maquinaria M
arx inicia sua explanação sobre o desenvolvimento da maquinaria utilizando um pensamento de John Stuart M ill, o
qual salienta que: “É de se duvidar que todas as invenções mecânicas até agora feitas aliviaram a labuta diária de
algum ser humano (p.7)”. M arx concorda com esse pensamento, mas exige dele um complemento. M arx salienta
que as invenções não aliviaram realmente a labuta, mas de qualquer ser humano que não viva à custa do trabalho
alheio, porque aqueles que vivem da apropriação do trabalho alheio, esses, sim, têm sua labuta

aliviada com as invenções mecânicas. Segundo M arx, a finalidade da invenção da maquinaria não foi essa, a de
aliviar a labuta do trabalhador, mas para baratear o custo das mercadorias, encurtar jornada de trabalho, enfim, ela
veio como meio para a produção da mais-valia. M arx nos mostra que a revolução do modo de produção através da
maquinaria não surge como fetiche, ou de uma maneira brusca. Esse modo de produção toma como ponto de
partida a força de trabalho na manufatura para chegar à grande indústria. O meio de trabalho é metamorfoseado de
ferramenta em máquina. Na manufatura, o processo de produção se dá na relação do homem com a ferramenta,
enquanto na grande indústria, dá-se com o uso da máquina, a qual tem uma força motriz natural. M arx esclarece
também, em seu texto, a diferença entre a ferramenta e a máquina. Para o autor, a ferramenta é um instrumento de
trabalho, do qual o homem seria a força motriz, enquanto a máquina é vista como um instrumento movimentado
por força natural: força animal, hidráulica, dentre outras. Para o autor, a máquina precede o trabalho artesanal,
como exemplo, ele nos fala do uso do arado movido à propulsão animal. M as, o início mesmo da Revolução
Industrial do Século XVIII somente se dá a partir de 1735, com a invenção da máquina de fiar de John Wyatt. M
áquina movida à força animal e não humana. Segundo M arx, é a partir daí que se dá todo o desenvolvimento da
maquinaria, a qual se constitui em três partes distintas: 1) A máquinamotriz: aquela que atua como força motora de
todo o mecanismo; 2) O mecanismo de transmissão: um composto de rodas, volantes, piões, correias [...]; e, 3) M
áquina-ferramenta: aquela que se constitui da integração das duas partes anteriores, ela é que se apodera do objeto
do trabalho e o modifica de acordo com a finalidade que se deseja. É dessa parte, da máquina-ferramenta que,
segundo M arx, se origina toda a Revolução Industrial do Século XVIII. A partir de então, com a máquina-ferramenta
ou máquina de trabalho, reaparecem de forma modificada os aparelhos e ferramentas que o artesão e o trabalhador
de manufatura usavam, mas agora como ferramentas de um mecanismo ou ferramentas mecânicas. Agora, a
máquina-ferramenta executa com suas ferramentas as mesmas operações

que o trabalhador executava antes com ferramentas semelhantes. Ela movimenta simultaneamente maior
quantidade de ferramentas, o que exige maior e contínua força motriz. A máquina a vapor, apesar de ter sido
inventada no século XVII por Waytt, não acarretou nenhuma revolução industrial, por ser uma máquina com poucas
ferramentas, portanto de ação simples. Foi somente a partir da criação das máquinas-ferramentas que se tornou a
máquina a vapor revolucionada. a) A máquina produzindo um produto por inteiro: De acordo com o pensamento de
M arx, a máquina produz um produto por inteiro: A máquina, da qual parte a Revolução Industrial, substitui o
trabalhador, que maneja uma única ferramenta, por um mecanismo, que opera com uma massa de ferramentas
iguais ou semelhantes de uma só vez, e que é movimentada por uma única força motriz, qualquer que seja sua força.
Aí temos a máquina, mas apenas como elemento simples da produção mecanizada (p. 11). Forças naturais
substituem o homem como força motriz, pois a máquina com maior número de ferramentas exige maior força
contínua, movimento perfeito, tudo que o homem não pode dar. Agora uma máquina motriz pode mover, ao
mesmo tempo, muitas máquinas de trabalho ou ferramentas. O produto inteiro é feito pela mesma máquina de
trabalho, a qual executa todas as operações que um artesão executava com a sua ferramenta. O processo global,
que era dividido e realizado dentro da manufatura numa série sucessiva, agora é realizado por uma máquina de
trabalho, ou, realizado pela combinação de várias máquinas da mesma espécie, ambas produzindo o mesmo
produto. b) Sistema de máquinas: Com o desenvolvimento da produção mecanizada, M arx nos fala do surgimento
da necessidade da criação do sistema de máquinas: uma sequência conexa de diferentes processos graduados, que
são realizados por uma cadeia de máquinas-ferramentas diversificadas, mas que se completam. Segundo o autor,
aqui reaparece a cooperação por meio da divisão do trabalho (como na manufatura), mas como combinação de
máquinas parciais. Cada máquina-ferramenta tem função específica no sistema do mecanismo combinado de
ferramentas. Se na manufatura o trabalhador deve ser adequado ao processo de produção, também o processo se
adapta a ele. Isso não ocorre no sistema de máquinas combinadas, o trabalhador é que deve se adequar ao
funcionamento delas. No Sistema de máquinas, cada uma prepara a matéria-prima para outra, formando uma
cadeia de produção. A produção mecanizada não surge como fetiche, ela tem uma base material, que é a
manufatura. Segundo o autor, a produção mecanizada só se deu em virtude de haver hábeis trabalhadores
mecânicos nas manufaturas. “A revolução no modo de produção da indústria e da agricultura exigiu também uma
revolução nas condições gerais do processo de produção social, isto é, nos meios de comunicação e transporte”
(p.18). Com o desenvolvimento das máquinas, a grande indústria se vê obrigada a construir novos instrumentos de
trabalho, assim, a maquinaria se apoderou da fabricação de máquinas-ferramentas e do trabalho coletivo, porque
nela o sistema de máquinas só funciona com base no trabalho coletivo, na produção objetivada e em série. 2.
Transferência de valor da maquinaria ao produto De acordo com M arx, “como qualquer outro componente do
capital constante, a maquinaria não cria valor, mas transfere seu próprio valor ao produto para cuja feitura ela
serve” (p. 21). Dessa forma,”[...] a maquinaria entra sempre por inteiro no processo de trabalho e sempre apenas em
parte no processo de valorização. Ela nunca agrega mais valor do que em média perde por seu desgaste” (p. 21).
Custos com a compra de maquinaria e ferramentas, assim como material de consumo, são agregados ao produto.
Então, máquinas e ferramentas atuam de graça, como as forças naturais. Dessa forma, quanto mais a maquinaria
atua, mais serviço não-pago. Se a maquinaria transfere valor para o produto, em virtude de seu desgaste, então:
“Quanto menos trabalho ela mesma contém, tanto menos valor agrega ao produto. Quanto menos valor transfere,
tanto mais produtiva é e tanto mais seu préstimo se aproxima do das forças naturais (p. 24). Em síntese: quanto
menos a maquinaria se desgasta, tanto mais produtiva e mais lucrativa ao capitalista. Segundo M arx, a maquinaria
agrega trabalho não-pago. Assim, a produtividade da máquina se mede pelo grau em que ela substitui a força de
trabalho humano. Nessa perspectiva, a maquinaria surge não para aliviar o sofrimento do trabalhador, mas para
aumentar o lucro dos capitalistas. Ela é mais utilizada quando o salário sobe, quando baixa, os capitalistas preferem
comprar os produtos produzidos (mesmo artesanalmente em outros lugares), no entanto, mais baratos. 3. Efeitos
imediatos da produção mecanizada sobre o trabalhador De acordo com M arx, os efeitos imediatos da produção
mecanizada sobre o trabalhador são dois: 1) a substituição da força de trabalho humana por máquinas mecânicas e,
2) o barateamento da força de trabalho humano. Com isso, para se manter no mercado de trabalho, o trabalhador
“deve” produzir sempre mais, gerando a mais-valia. Segundo o autor, as táticas utilizadas pelos capitalistas para
produzir mais-valia são: a) Apropriação de forças de trabalho suplementares pelo Capital. Trabalho feminino e
infantil. De acordo com o pensamento de M arx, a maquinaria, ao dispensar força muscular, torna-se meio de utilizar
trabalhadores sem grande força física (mulheres e crianças), com membros mais flexíveis. Dessa forma, a maquinaria
lança toda a família no mercado de trabalho. Ela reparte o valor da força de trabalho do homem entre todos os
membros da família, ampliando o material humano de exploração. Nessa perspectiva, a maquinaria provoca uma
revolução nas relações entre capitalista e trabalhador. O pressuposto inicial do contrato em que capitalista e
trabalhar se confrontariam como pessoas livres é rompido. O capital agora compra força de trabalho até de menores
e semidependentes. Com essa revolução nas relações, o trabalhador agora não vende só sua força de trabalho, mas
a da mulher e dos filhos, enfim, a força da sua família. Com a exploração da força de trabalho familiar surgem
também algumas consequências negativas, como: a) o aumento da taxa de mortalidade infantil, tanto na cidade
(com as fábricas) como no campo (com o cultivo do solo) com a introdução do sistema industrial; b) desestruturação
familiar; c) aumento do consumo de ópio; e, d) degradação moral. M as é preciso também lembrar, segundo o autor,
que as explorações capitalistas são tamanhas que acabaram gerando conflitos e resistências, levando o Parlamento
Inglês, em 1844, “a fazer do ensino primário a condição legal para o uso ‘produtivo’ de crianças com menos de 14
anos em todas as indústrias sujeitas às leis fabris” (p. 33). Nessa visão, a lei fabril estabelece cláusulas educacionais,
ensino compulsório para menores de 14 anos. No entanto, a escola do sistema fabril também é posta como uma
ilusão e não funciona, porque ela tem professores mal preparados, muitos atuam até sem mesmo saber ler e
escrever; são professores apenas para assinarem os certificados de obrigatoriedade de frequência das crianças
menores de 14 anos na escola. Assim, a escola fabril se constitui em um amontoado de crianças de todas as idades
nas salas de aula para aumentar os rendimentos dos professores e “satisfazer” as exigências legais de ingresso da
criança na escola. b) Prolongamento da jornada de trabalho (produção da mais-valia absoluta) De acordo com M arx,
a primeira “justificativa” dos capitalistas para o prolongamento da jornada de trabalho refere-se à “facilidade” que a
maquinaria proporciona ao trabalhador. Com máquinas de fáceis manuseios “qualquer” trabalhador pode manuseá-
las, inclusive, mulheres e crianças, que dispõem de pouca força muscular. Assim, o prolongamento da jornada de
trabalho vem associado ao aumento do número de trabalhadores. Agora não só o homem trabalha, mas também
mulheres e crianças, portanto um aumento do número de trabalhadores que gera mais trabalho não-pago e mais-
valia absoluta. Com a maquinaria, essa tática de prolongar a jornada de trabalho (com um grande número de
trabalhadores), o capitalista lucra cada vez mais. Com um maior número de trabalhadores, se o capitalista prolonga a
jornada de trabalho em mais uma hora, eles “não sentem muito”. Enquanto que, com um menor número de
trabalhadores, se o capitalista (com ânsia de lucro fácil) prolonga a jornada em mais de uma hora, ele cria conflito
com os trabalhadores.

c) Intensificação do trabalho (produção da mais-valia relativa) Com a reação da sociedade da época frente à
exploração capitalista pelo aumento do número de trabalhadores e prolongamento da jornada de trabalho, cria-se
um instrumento jurídico, o qual estabelece uma jornada. Assim, surge a Lei fabril de 1844 na Inglaterra, que
inicialmente estabelece uma jornada de 12 horas, sendo reduzida em períodos posteriores. Com a criação da Lei
Fabril, qual a tática usada pelo capital a partir daí? Intensificação do trabalho: reduz-se cada vez mais a jornada de
trabalho (consequentemente salário dos trabalhadores) e acelera-se cada vez mais o processo de produção pela
maquinaria (cada vez mais sofisticada e automatizada). Frente à impossibilidade de se prolongar a jornada, “o capital
lançou-se com força total e plena consciência à produção de mais-valia relativa por meio do desenvolvimento
acelerado do sistema de máquinas” (p.42). Quais as táticas agora para gerar a mais-valia relativa? a) “capacitar” o
trabalhador para produzir mais em menos tempo; b) pagamento de salários por peças produzidas, e; c) trabalhando
mais rápido e produzindo mais, o trabalhador tem mais tempo de “folga”, consequentemente, o capitalista
economiza no consumo de máquinas, lubrificação etc. 4. A fábrica Na sua configuração mais evoluída, qual o
conceito de fábrica? Para encontrar esse conceito, M arx usa a descrição do Dr. Ure, o qual, diz que a fábrica
funciona em duas configurações: por um lado, como: “cooperação de diferentes classes de trabalhadores, adultos e
menores, que com destreza e diligência, vigiam um sistema de máquinas produtivas, que é ininterruptamente posto
em atividade por uma força central (o primeiro motor)” (p. 51). Por outro lado, ela funciona também como: “um
enorme autômato, composto por inúmeros órgãos mecânicos e conscientes, agindo em concerto e sem interrupção
para a produção de um mesmo objeto, de modo que subordinados a uma força motriz que se move por si mesma”
(p. 51). M arx nos alerta que essas duas configurações não são idênticas. Na primeira, os trabalhadores são ativos, as
máquinas, objeto; na segunda, os trabalhadores precisam adaptar-se ao autômato das máquinas, tornando-se
objeto. Na fábrica automática, ressurge a divisão de trabalho numa nova ordem: a) distribuição de trabalhadores em
máquinas especializadas; e, b) massas de trabalhadores que não formam grupos articulados e que a qualquer
momento podem ser substituídos. Ao concluir seu texto e evidenciar todo o processo de expropriação do trabalho
das mãos do trabalhador pelos capitalistas, M arx faz o seguinte questionamento: o que sobra para o trabalhador?
Sobra apenas o ganho de sua sobrevivência e sua degeneração. Conforme diz o autor, o ambiente de trabalho fabril
degenera o trabalhador “todos os órgãos dos sentidos são igualmente lesados pela temperatura artificialmente
elevada, pela atmosfera impregnada de resíduos de matéria-prima, pelo ruído ensurdecedor etc., para não falar do
perigo de vida sob a maquinaria [...]” (p.58).

O Capital é um conjunto de livros de Karl Marx, escritos com o objetivo de criticar a economia política do
sistema capitalista. É considerada por muitos a obra que marca o pensamento socialista marxista. Apesar de
o “Das Kapital” tratar de vários e complexos aspectos do capitalismo, tais como mais-valia, capital constante
e capital variável, acumulação primitiva, entre outros, este trabalho visa abordar apenas o Capítulo XIII do
Livro I, denominado “A Maquinaria e a Indústria Moderna”.
Tal capítulo possui 10 tópicos e, já no primeiro momento, em que é esboçado o desenvolvimento da
maquinaria, Marx traz a afirmação de que a maquinaria, “igual a qualquer outro desenvolvimento da força
produtiva do trabalho, destina-se a baratear mercadorias e a encurtar a parte da jornada de trabalho que o
trabalhador precisa para si mesmo, a fim de encompridar a outra parte da sua jornada de trabalho que ele
dá de graça para o capitalista. Ela é meio de produção de mais-valia”, ficando nítida a dura e crítica
mensagem do autor que se faz presente na obra inteira.
Em todo o restante do capítulo, através de uma linguagem detalhista, apresentando fortes argumentos com
fartos dados, Karl percorre as entranhas do modo de produção capitalista, criando um ambiente propício
para a realização de suas críticas, suas observações aterradoras. O mecanismo do capitalismo e também
seus resultados são esmiuçados por Marx ao longo dos livros.
No segundo tópico do capítulo XIII, o autor afirma que, embora a ciência nada custe ao capital, ela se
constitui em um poderoso meio de produção de mais-valia, do mesmo modo que a força produtiva
resultante do trabalho coletivo. Assim, as forças da natureza são apropriadas com a ajuda de máquinas que,
ao contrário, têm um custo, enquanto elas mesmas são produto do trabalho passado. Esses custos de
produção do maquinário para exploração da ciência se transfere ao produto por ele criado.
Já o item (a) do terceiro tópico merece uma atenção especial, por tratar de um assunto muito discutido
inclusive em nossa atual sociedade: o trabalho infantil. Segundo Marx, “à medida que a maquinaria torna
a força muscular dispensável, ela se torna o meio de utilizar trabalhadores sem força muscular ou com
desenvolvimento corporal imaturo, mas com membros de maior flexibilidade. Por isso, o trabalho de
mulheres e de crianças foi a primeira palavra-de-ordem da aplicação capitalista da maquinaria!”. Ele cita um
chocante anúncio de um jornal em que um inspetor de fábrica inglês pretende contratar operários com idade
entre 12 e 20 anos, desde que aparentem (os de 12) possuir 13 anos (naquela época, crianças com menos
de 13 anos só podiam trabalhar 6 horas por dia). Vale ressaltar que a exploração direta do trabalho familiar
se constitui num poderoso meio de aumento da mais-valia, pois permite ao capital contar com vários dias
simultâneos de trabalho ao invés de apenas um, e, dessa forma, romper com os limites naturais do dia de
trabalho de um único indivíduo.
Karl trata de outros pontos espinhosos, como as longas jornadas de trabalho, a disputa entre trabalhador e
máquina, a teoria da compensação (a qual afirma que toda maquinaria que desloca trabalhadores sempre
libera, simultânea e necessariamente, capital adequado para empregar esses mesmos trabalhadores),
aspectos da legislação fabril, etc.
Entre as consequências da mecanização do processo de trabalho sobre a classe trabalhadora, Marx destaca
duas: o encarecimento da vida do trabalhador e de sua família e o aumento intensivo e extensivo da jornada
de trabalho.

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