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■ Apresentar o campo de estudo e os objetivos da Resistência dos Materiais.

■ Mostrar a importância da modelagem matemática e física de estruturas.


■ Citar a linha do tempo da evolução do cálculo estrutural.
■ Indicar os elementos constituintes das estruturas.
■ Descrever as bases da Resistência dos Materiais.
■ Conceituar as cargas e esforços atuantes em estruturas.
■ Representar sistemas de força dinamicamente equivalentes.

É possível observar na natureza vários exemplos de estruturas que servem de suporte para as
necessidades de sobrevivência do homem, como as cavernas e as árvores. Com seu estabelecimento em
áreas fixas, o homem vem procurando ao longo de sua história executar estruturas artificiais que possam
garantir sua sobrevivência frente às ações da natureza. Essas construções artificiais fizeram com que ele
estudasse os materiais e desenvolvesse tecnologias construtivas capazes de garantir a estabilidade de
suas edificações.

Problema 1.1
Um dos desafios do homem é obter suporte para poder ver mais longe, por exemplo, enxergar mais longe a aproximação de animais hostis.
Na natureza, para poder enxergar mais longe, ele estaria subindo no topo das árvores (Figura 1.1). Hoje, no século XXI, qual seria a solução
física para se enxergar mais longe?

Figura 1.1 Árvore que pode ser utilizada como suporte para aumentar o alcance da visão. Foto: © Thorsten | Dreamstime.com.

Solução
Pensando em solução física para se enxergar mais longe, é possível utilizar torres construídas artificialmente, como a Torre Eiffel, que foi
inaugurada em 31 de março de 1889 e está situada na cidade de Paris, na França – Europa (Figura 1.2).
Figura 1.2 Torre Eiffel, situada na cidade de Paris, França. Foto: © Aleksas Kvedoras | Dreamstime.com.

Problema 1.2
Outra necessidade do homem é a de transpor obstáculos, como no caso de pequenos rios. Em uma construção rústica utilizava-se, por
exemplo, troncos de madeira ou de bambu (Figura 1.3). Qual seria uma solução para transpor rios maiores?

Figura 1.3 Ponte em bambu. Foto: © Suryo | Dreamstime.com.

Solução
As estruturas de pontes constituídas em concreto ou em aço, que são materiais que possuem grande resistência, podem ser excelentes
soluções para transpor grandes obstáculos, como grandes rios (Figura 1.4).
Figura 1.4 Ponte em aço e concreto armado. Foto: © Brandon Seidel | Dreamstime.com.
Figura 1.5 (a) El Pont del Diable, um aqueduto romano em Tarragona, na Espanha. (b) Ponte de plataforma dupla
exposta no Castelo de Clos Lucé, em Amboise, França. Fotos: (a) © Jordi Clave Garsot | Dreamstime.com. (b) ©
Aagje De Jong | Dreamstime.com.

Como visto, é possível a construção de estruturas artificiais, com o objetivo de resolver problemas
consequentes da fixação do homem em determinadas regiões. Contudo, esses elementos superficiais
devem ser dimensionados para suportar todas as ações a que estarão sujeitos.
Em tempos primitivos, as construções eram realizadas por tentativa e erro. Assim, faziam os
construtores das pirâmides egípcias (3000 a.C.), os construtores dos templos gregos (500 a 200 a.C.) e os
construtores romanos dos prédios e aquedutos (200 a.C. a 200 d.C.), Figura 1.5(a). Esses construtores já
utilizavam os conhecimentos básicos da Estática.
Arquimedes (matemático grego, 287 a.C.-212 a.C.) desenvolveu a Estática, por meio da análise de
forças paralelas em alavancas e do estudo do centro de gravidade de corpos.
Leonardo di Ser Piero da Vinci, conhecido como Leonardo da Vinci (cientista italiano, 1452-1519),
é considerado um gênio inventivo do Renascimento e da história da humanidade. Além de pintor e
escultor, ele concebeu e elaborou vários produtos de engenharia, como helicóptero, tanque de guerra e o
uso de energia solar, promovendo vários avanços tecnológicos na área de engenharia civil. Ele realizou o
primeiro estudo sobre Resistência dos Materiais, por meio de ensaios de tração em fios metálicos. A
última residência de Leonardo da Vinci foi em Amboise, no Vale do Rio Loire, França. Nessa cidade,
que fica nas margens dos rios Cher e Loire, ele se estabeleceu no Castelo do Clos Lucé, no qual, entre
tantos inventos, criou a ponte de plataforma dupla exposta no Parque de Leonardo da Vinci dentro do
próprio castelo (Figura 1.5(b)).
Simon Stevin (engenheiro, físico e matemático belga, 1548-1620) foi diretor do serviço de águas e
general. Estudou estática e hidrostática, formulando o princípio do paralelogramo para a composição de
forças. Utilizou segmentos de reta orientados para representar forças e colocou setas nas suas
extremidades, para indicar o sentido da força. Também sugeriu o sistema decimal de pesos e medidas.
Galileu di Vincenzo Bonaiuti de Galilei, conhecido como Galileu Galilei (matemático italiano,
1564-1642) foi o primeiro a procurar explicar o comportamento de elementos estruturais submetidos a
carregamentos externos. Esse assunto foi apresentado em seu livro Discurso e Demonstração
Matemática sobre Duas Novas Ciências, conhecido como Diálogos sobre Duas Novas Ciências,
publicado em 1638. Essa obra foi dividida em quatro partes, denominadas jornadas. Na primeira parte,
são introduzidas duas novas ciências: a Resistência dos Materiais e o Estudo do Movimento. Na segunda
parte, é realizado o estudo da Estática, conceitos e modelos de Resistência dos Materiais. Na terceira e
quarta partes, são feitas considerações sobre movimento acelerado e estudo de movimento dos projéteis.
Nessa obra foi realizada a primeira abordagem científica sobre estudos de mecânica das barras e vigas
engastadas (Figura 1.6).
Figura 1.6 Ilustração do estudo de Galileu Galilei sobre vigas engastadas. Fonte: Adaptado de
http://www.fmboschetto.it/didattica/DimostrazioniMatematiche.pdf.

A evolução do cálculo estrutural como se conhece hoje, início do século XXI, somente foi possível com o aprofundamento do conhecimento
matemático, das teorias da Mecânica e da experimentação prática deste campo tecnológico da engenharia. Alguns dos pesquisadores que se
destacaram nessa evolução são:
■ René Descartes (matemático francês, 1596-1650): apresentou a ideia de decompor vetores em projeções paralelas a eixos
coordenados.
■ Robert Hooke (físico inglês, 1635-1703): apresentou a relação entre a tensão e a deformação nos materiais.
■ Sir Isaac Newton (físico inglês, 1642-1727): formulou as leis do movimento.
■ Gottfried Wilhelm Leibniz (matemático austríaco, 1646-1716): formulou a teoria do cálculo diferencial e integral.
■ Pierre Varignon (matemático francês, 1654-1722): deu forma ao princípio do paralelogramo de forças de Stevin, para o momento de
forças concorrentes e coplanares, enunciando no tratado Nouvelle Mécanique, denominado Teorema de Varignon.
■ Jacob Jacques Bernoulli (matemático suíço, 1654-1705): realizou estudos sobre eixo de rotação em vigas e problemas de dinâmica.
■ Johann Bernoulli (matemático suíço, 1667-1748): irmão de Jacob Jacques Bernoulli, desenvolveu o princípio dos deslocamentos
virtuais, ou princípio do trabalho virtual.
■ Daniel Bernoulli (matemático suíço, 1700-1782): filho de Johann Bernoulli, formulou a teoria da flexão em vigas.
■ Leonhard Paul Euler (matemático e físico suíço, 1707-1783): foi aluno de Daniel Bernoulli e, juntamente com ele, desenvolveu a
teoria da flambagem de barras comprimidas.
■ Charles Augustin de Coulomb (físico francês, 1736-1806): apresentou a análise da linha elástica de barras.
■ Joseph-Louis Lagrange (matemático e físico italiano, 1736-1813): estudou a flambagem em colunas.
■ Thomas Young (físico inglês, 1773-1829): desenvolveu o estudo do módulo de elasticidade dos materiais.
■ Claude-Louis Marie Henri Navier (engenheiro civil francês, 1785-1836): apresentou o tratado do comportamento elástico de
estruturas.
■ Augustin-Louis Cauchy (matemático francês, 1789-1857): apresentou a caracterização das equações de campo elástico.
■ Gabriel Lamé (engenheiro de minas francês, 1795-1870): elaborou o primeiro livro sobre a teoria da elasticidade.
■ Jean-Marie Duhamel (matemático e físico francês, 1797-1872): estudou as tensões térmicas e desenvolveu o princípio da
superposição.
■ Adhémar Barré de Saint-Venant (engenheiro civil francês, 1797-1886): desenvolveu a teoria da flexão dos elementos sólidos.
■ Benoît Paul-Émile Clapeyron (engenheiro de minas francês, 1799-1864): apresentou a análise dos três momentos para vigas
contínuas.
■ Henri Édouard Tresca (engenheiro mecânico francês, 1814-1885): fez estudos sobre fluência.
■ Hermann von Helmholtz (físico alemão, 1821-1894): formulou a teoria da conservação da energia.
■ James Clerk Maxwell (físico e matemático inglês, 1831-1879): apresentou o método de deformações e declividades equivalentes.
■ Christian Otto Mohr (engenheiro civil alemão, 1835-1918): apresentou um método gráfico para o cálculo de tensões e deformações.
■ Carlo Alberto Castigliano (engenheiro mecânico e matemático italiano, 1847-1884): apresentou o teorema do trabalho último.
■ John William Strutt, conhecido como Lord Rayleigh (matemático e físico inglês, 1842-1919): estudou problemas de vibrações em
estruturas.
■ Charles Edward Greene (engenheiro civil norteamericano, 1842-1903): desenvolveu o método do momento área.
■ Heinrich Müller-Breslau (engenheiro militar alemão, 1851-1925): apresentou os princípios para a construção de linhas de influência.
Augustus Edward Hough Love (matemático inglês, 1863-1940): elaborou um livro sobre a
matemática na teoria da elasticidade.
■ Walter Ritz (físico suíço, 1878-1090): estudou problemas de vibrações em estruturas.
■ George Alfred Maney (engenheiro civil norte-americano, 1888-1947): desenvolveu o método básico para a matriz de rigidez.
■ Hardy Cross (engenheiro civil norte-americano, 1885-1959): desenvolveu o método da distribuição de momentos.

Esses pesquisadores foram destaque em suas épocas, porque contribuíram com novos conceitos, ou no detalhamento de conceitos já
existentes, com isso permitindo a evolução do conhecimento sobre os mecanismos estruturais. A contribuição de outros pesquisadores, embora
não citados nominalmente nessa relação, também é destaque em diversas áreas, tais como novos materiais e métodos inovadores utilizando
modelos matemáticos de simulação computacional.

O mapa mental é um desenho explicativo sobre os assuntos que serão abordados neste capítulo e a
interligação entre seus principais itens.

Convenção. Critérios adotados em Resistência dos Materiais.

Definição. Explicação do significado de um termo.

Terminologia. Conjunto de termos técnicos específicos adotados pelos autores desta obra.
Resistência dos materiais. Também denominada Mecânica dos Sólidos, estuda as propriedades
mecânicas dos elementos sólidos reais, com o objetivo de determinar as tensões e deformações que
ocorrerão nos elementos estruturais. A Resistência dos Materiais é uma ciência baseada em constatações
obtidas em ensaios experimentais e a partir de análises matemáticas de fenômenos físicos relacionados
ao equilíbrio de corpos.
A Resistência dos Materiais é parte constituinte do estudo da estabilidade das estruturas. Uma
estrutura é composta de seus elementos constituintes, cujas formas e características mecânicas, químicas
e estéticas dependem de aspectos como funcionalidade e estética, que são as bases da concepção
estrutural. Toda estrutura está sujeita a ações externas, que irão gerar esforços internos solicitantes
durante sua vida útil.

Vida útil. Tempo em que uma estrutura permanecerá isenta de problemas operacionais que
comprometam sua utilização, ou até sua ruína (colapso).
A escolha dos elementos estruturais e das soluções tecnológicas deve atender simultaneamente aos
seguintes critérios:

■ Critério tecnológico. Significa dominar os aspectos teóricos e a prática construtiva de determinada


tecnologia, criando estruturas que atendam à sua funcionalidade e sejam estáveis aos carregamentos
que irão solicitar seus elementos estruturais constituintes.
■ Critério estético. Representa conceber formas estruturais, estilos, materiais e acabamentos que
tenham harmonia, leveza e beleza estética representativa de cada sociedade em seu tempo.
■ Critério econômico. Conduz a custos de materiais, de mão de obra capacitada e de prestação de
serviço, adequados à competitividade de determinada economia.

Os pesquisadores da área de estruturas têm procurado obter soluções para os diversos problemas
estruturais. Uma das soluções tecnológicas utilizada é a criação de materiais compósitos. O compósito
deve possuir pelo menos dois componentes, que têm propriedades distintas, em sua composição. Quando
os elementos constituintes são misturados, os componentes do compósito formam um novo composto
com propriedades que não seriam obtidas com apenas um deles — por exemplo, o concreto armado
utilizado na construção civil, cuja constituição é feita por um ligante (cimento), agregados graúdo
(pedra), miúdo (areia), e, também, pela armadura de aço.
Também é possível criar uniões de elementos estruturais distintos, por exemplo, com a utilização de
colas, pregos, parafusos, soldas, ou mesmo elementos singulares, como um anel ligando elos de
diferentes correntes (Figura 1.7).

Figura 1.7 Anel metálico sofrendo esforço de alongamento. Foto: © Stuart Miles | Dreamstime.com
A percepção de conceitos estruturais faz parte da cultura do homem, desde seus primórdios. Por exemplo, em Salisbury, uma planície ao sul
da Inglaterra, existe um complexo monolítico chamado Stonehenge (Figura 1.8). Ele é o monumento préhistórico mais importante da
Inglaterra usado há 5.000 anos e até hoje no século XXI não se tem certeza absoluta qual era sua finalidade. Os saxões — o povo que
habitava essa região —, chamavam esse grupo de pedras eretas de “Stonehenge” ou “Hanging Stones” (pedras suspensas). Muitas dessas
chamadas “pedras azuis” foram trazidas pelo mar, por distâncias de até 400 km, das montanhas de Gales. Algumas dessas pedras pesam
cerca de 50 toneladas e têm 5 metros de altura. Nesse monumento, ao se traçar uma linha no chão, que passe no meio do círculo formado
pelas pedras, percebe-se que esta linha aponta para a posição do nascer do sol na estação de verão. Para saber mais, acesse:
http://www.revistaturismo.com.br/passeios/stonehenge.htm.

Figura 1.8 Stonehenge, perto de Amesbury, Wiltshire, na Inglaterra. Foto: © Phillip Minnis | Dreamstime.com.
Atenção

No dimensionamento de uma estrutura são importantes três características para manter a estabilidade estrutural. Essas características são
associadas entre si, e devem ser atentamente observadas, para se evitar o colapso estrutural ou a interrupção de sua vida útil por falha
estrutural. Essas características são:

■ Resistência. Cada elemento estrutural deve resistir aos esforços internos solicitantes que nele agem. Esses esforços geram tensões
no elemento estrutural que podem causar sua ruptura e conduzi-lo à ruína estrutural, que poderá levar ao colapso parcial, ou global,
da estrutura.
■ Rigidez. Os esforços internos solicitantes, também, conduzem à deformação do elemento estrutural em que agem. O elemento
estrutural deve ter rigidez adequada, para que suas deformações estejam dentro de padrões aceitáveis, em termos estruturais e de
estética.
■ Tipos de vínculos e distribuição dos elementos estruturais. Os elementos estruturais são interligados entre si e ao meio
exterior por meio de vínculos. Os vínculos e a distribuição dos elementos estruturais devem ser suficientes para fornecer ao conjunto
estrutural uma estabilidade adequada. Isso significa permitir que ocorram deslocamentos estruturais compatíveis, que mantenham a
estrutura estável às solicitações de carregamento a que estará sujeita durante a sua vida útil.

Estabilidade estrutural. Resultado das condições de estabilidade que mantêm uma estrutura estável
após ser aplicado determinado carregamento.

Desde a antiguidade, o homem tem procurado descrever os sistemas reais por meio de modelos
representativos. O objetivo de um modelo é proporcionar a compreensão de fenômenos observáveis nos
sistemas reais.
No caso da modelagem estrutural, é constituído um sistema organizado, descrito formalmente a
partir do raciocínio lógico sobre o tipo de estrutura e seu respectivo comportamento perante as cargas ou
deslocamentos a que estará submetida. Na descrição de um sistema construtivo estão compreendidas as
características dos componentes do sistema, suas propriedades e relações.
Sempre que forem estabelecidas hipóteses simplificativas para a solução de um problema, surge a
necessidade da sua verificação, especialmente a partir da experimentação. A experiência tem
demonstrado que o projeto ou maquete é basicamente, um processo iterativo, por meio do qual se
avaliam os resultados, retorna-se à fase anterior, refaz-se a análise e assim por diante, até otimizar e
sintetizar uma solução.
O modelo é importante pela sua praticabilidade e pela previsão que proporciona, e não
necessariamente pela sua precisão.

Modelo. Representação lógica conceitual de um sistema. O modelo estrutural pode ser físico,
matemático, gráfico ou descritivo.
■ Modelo físico. Um modelo concreto, que é a representação conceitual simplificada de um Sistema
Físico Real (SFR). O modelo físico pode ser executado em escala real, de redução ou de ampliação.
Quando o modelo for em escala de redução ou de ampliação, uma das dificuldades é com relação ao
campo gravitacional, porque geralmente não se consegue alterar dinamicamente sua influência nos
elementos do modelo. A vantagem do uso de modelos físicos é a facilidade de representação da
estrutura real, devido ao fato de ser possível a representação de detalhes significativos, o que torna
bastante simples a visualização de processos e sistemas. O modelo físico conceitual ou modelo
físico geométrico, que apenas descreve a geometria da estrutura, não representando sua condição
dinâmica, é denominado maquete ou mockup.
■ Modelo matemático. Tipo de modelo abstrato, também denominado modelo analítico. Ele descreve
relações matemáticas, que suportam análise quantificável sobre os parâmetros do sistema real. A
modelagem matemática de estruturas tem como objetivo descrever o comportamento de elementos
estruturais por meio da simulação de modelos numéricos (uso de equações matemáticas
paramétricas) e de elementos gráficos. Os mo-delos numéricos são utilizados na engenharia porque
é muito dispendioso e pouco prático construir todas as alternativas do Sistema Físico Real (SFR),
até encontrar uma solução; a precisão do processo pode ser aumentada com o aprimoramento do
modelo matemático; e, com apoio computacional, diversas combinações de variáveis podem ser
analisadas mais rápida e economicamente. Os modelos matemáticos estruturais podem ser
classificados em modelos estáticos e modelos dinâmicos.
□ Modelo matemático estático. Realiza cálculos que representam um sistema que não varia ao
longo do tempo, como no caso das cargas permanentes.
□ Modelo matemático dinâmico. Descreve o estado de um sistema em escala geralmente de
redução, em relação à variação do tempo, representando o desempenho de um sistema, tais
como a ação de cargas cíclicas ao longo do tempo, ou a ação de cargas dinâmicas em um
veículo em movimento.
■ Modelo gráfico. Um tipo de modelo abstrato, que é o desenho representativo de características
físicas associadas ao produto real. Esse tipo de modelo pode ser conceitual, diagramático ou
icônico.
□ Modelo gráfico conceitual. Esse tipo de modelo geralmente é utilizado para representar as
características estéticas da futura estrutura que será executada (Figura 1.9).

Figura 1.9 Ilustração da ponte Golden Gate, em San Francisco – Estados Unidos. Foto: © Eazu11 | Dreamstime.com.

□ Modelo gráfico diagramático. Constituído por um conjunto de linhas e símbolos,


representando a característica mais importante do Sistema Físico Real (SFR), sua estrutura ou
seu comportamento, com pouca semelhança física entre o modelo e o seu equivalente real.
Como exemplo, a representação simbólica de uma viga (Figura 1.10).
Figura 1.10 Modelo simplificado de uma viga.

□ Modelo gráfico icônico. Representa o Sistema Físico Real (SFR) na forma mais fiel possível,
guardando um alto grau de semelhança com seu equivalente real. Neste início do século XXI é
comum a utilização de impressoras 3D para a confecção de peças. Como exemplos têm-se
maquetes e peças (Figura 1.11).
Figura 1.11 (a) Maquete de um sobrado, (b) pesquisadora utilizando impressora 3D e (c) peças feitas por impressora
3D. Fotos: (a) © La Fabrika Pixel S.I. | Dreamstime.com, (b) © Luchschen | Dreamstime.com e (c) © Sergey Markov
| Dreamstime.com.

□ Modelo descritivo. Um tipo de modelo abstrato, que descreve as relações lógicas das partes
com o todo, as funções que executam seus componentes e os casos de teste usados para
verificar os requisitos de sistema (Figura 1.12). Como, por exemplo, a descrição de possíveis
variáveis intervenientes na relação entre cargas e tensões que ocorrem nos elementos
estruturais.
Em determinados produtos que serão produzidos em escala industrial, como no caso de veículos
automotores, é possível a construção de modelos físicos em escala natural, até a construção de uma
unidade precursora da série que será produzida em escala industrial. Esses modelos são denominados
protótipos.
Figura 1.12 Diagrama mostrando a relação lógica entre elementos.

Protótipo. Produto em fase de teste e que ainda não foi comercializado (Figura 1.13). Ele é construído
em escala real após a fase de modelagem matemática e/ou modelagem física. Assim, em produtos
industrializados, o protótipo tem como objetivo testar suas características de desempenho antes de sua
fabricação em escala. No caso de obras da construção civil, por questões de custo e escala, dificilmente
são constituídos protótipos, sendo o produto final executado logo após estudos em modelos matemáticos
e/ou modelos físicos.

Figura 1.13 (a) Protótipo feito em resina e (b) protótipo feito em argila. Fotos: (a) © Dzmitry Marhun |
Dreamstime.com e (b) © Ijansempoi | Dreamstime.com.

As equações matemáticas paramétricas fornecem os valores de determinada grandeza física em função de sua posição relativa a eixos
referenciais.
Estrutura. Designação dada ao conjunto de peças que são ligadas entre si e ao meio exterior, de modo a
formar um conjunto estável, capaz de receber solicitações externas, absorvê-las internamente e transmiti-
las aos apoios externos, nos quais essas solicitações externas serão equilibradas.
Os elementos constituintes de uma estrutura são: barras, placas e blocos:
■ Barras. Corpos materiais estruturais que possuem duas dimensões (a, b) muito menores que a
terceira dimensão (c), que é seu comprimento (Figura 1.14). Assim, em notação matemática: a, ≈ b≈
c.

Figura 1.14 Desenho de uma barra.

■ Placas. Corpos materiais estruturais que possuem duas dimensões muito maiores que a terceira
dimensão, que é sua espessura (Figura 1.15). Assim, em notação mate-mática: a, b >> c.

Figura 1.15 Desenho de uma placa.

■ Blocos. Corpos materiais estruturais que possuem três dimensões com a mesma ordem de grandeza
(Figura 1.16). Assim, em notação matemática: a b c.
Figura 1.16 Desenho de um bloco.

No cálculo estrutural, as barras serão representadas por seus eixos longitudinais. É no eixo longitudinal
das barras que se realiza o cálculo estrutural.

Eixo longitudinal. Lugar geométrico dos centros de gravidade das seções transversais (Figura 1.17).
Seção transversal. Superfícies do elemento estrutural que são normais ao eixo longitudinal (Figura
1.17).

Conforme a forma do eixo longitudinal, a barra poderá ser reta ou curva.


■ Barra reta. Barras que possuem o eixo longitudinal reto.
■ Barra curva. Barras que possuem o eixo longitudinal curvo.

Figura 1.17 Representação de uma barra por meio do eixo longitudinal.

De acordo com a forma da seção transversal, a barra poderá ser prismática ou de inércia variável.
■ Barras prismáticas. Barras que possuem a mesma seção transversal ao longo de seu comprimento.
■ Barras de inércia variável. Barras nas quais a seção transversal varia ao longo de seu
comprimento.
Uma das atividades do cálculo estrutural é identificar quais são as cargas que estarão agindo simultaneamente em determinada estrutura.
Se essas cargas forem superestimadas, a estrutura será superdimensionada e, portanto, inviável do ponto de vista econômico. Se essas
cargas forem subestimadas, a estrutura será subdimensionada e, quando as cargas reais agirem, ela poderá entrar em colapso. As normas
técnicas apresentam valores mínimos para essas cargas, procurando assim apresentar valores referenciais para o cálculo de estruturas.

Ações. São as causas que provocam esforços, ou deformações, nos elementos estruturais. As ações
podem ser classificadas quanto a sua origem e quanto a sua duração.

Quanto à sua origem, as ações nas estruturas podem ser:


■ Carga ou força. São ações diretas sobre os elementos que constituem a estrutura.
■ Deformação imposta. São as ações indiretas sobre os elementos que constituem a estrutura.

Quanto à sua duração, as ações nas estruturas podem ser:


■ Ações permanentes. São as ações que atuam com valores constantes, ou de pequena variação em
torno de um valor médio, durante toda a vida útil da estrutura. Essas cargas ocorrem em situação
temporal duradoura. Essas ações permanentes podem ser diretas (cargas ou forças) ou indiretas
(deformações impostas).

Exemplos de ações permanentes diretas (cargas ou forças), também denominadas cargas


permanentes:
□ Peso próprio dos componentes estruturais.
□ Peso próprio dos elementos construtivos fixos: alvenarias, revestimentos, contrapisos,
coberturas etc.
□ Peso próprio de instalações permanentes: máquinas de elevadores, bombas hidráulicas de
recalque e demais máquinas e equipamentos fixos.
□ Empuxos de solo permanentes.

Exemplos de ações permanentes indiretas (deformações impostas):


□ Deformações impostas por retração.
□ Deformações impostas por fluência.
□ Deformações impostas por deslocamentos de apoio.
□ Deformações impostas por imperfeições geométricas globais e/ou locais.
□ Deformações impostas por protensão.

■ Ações variáveis. São ações que ocorrem com valores que apresentam variações significativas em
torno de seu valor médio, durante a vida útil da construção. Podem ser as cargas acidentais, bem
como outros efeitos indiretos. São cargas variáveis que atuam eventualmente sobre a estrutura,
durante sua vida útil em função do seu uso. Essas cargas ocorrem em situação temporal transitória.

Exemplos de ações variáveis diretas (cargas ou forças), também denominadas cargas acidentais:
□ Sobrecargas de utilização (ocorrem em função da utilização do compartimento da construção,
pessoas, mobiliário, veículos e materiais diversos).
□ Vento.
□ Cargas móveis.
□ Empuxo de solo.
□ Empuxo de fluido.
□ Cargas naturais (terremotos, nevascas, chuvas etc.).
□ Variação de temperatura.
□ Recalque diferencial.

Exemplos de ações variáveis indiretas (deformação imposta):


□ Deformações impostas para compensar a ocorrência de uma ação variável direta.

Quando cessar a ação variável direta seriam retiradas as deformações impostas. Como exemplo,
tem-se os sistemas compensadores das deformações provocadas por abalos sísmicos, como os pêndulos
em sistemas de pesos móveis.

■ Ações excepcionais. São as ações que excepcionalmente atuam sobre a estrutura, durante sua vida
útil. Podem ser cargas excepcionais, bem como outros efeitos indiretos. Essas cargas têm baixa
probabilidade de ocorrer, sendo consideradas em apenas determinadas estruturas. Essas cargas têm
duração temporal extremamente curta e seus efeitos são catastróficos, podendo levar a estrutura ao
colapso.

Exemplos de ações excepcionais diretas (cargas ou forças), também denominadas cargas


excepcionais:
□ Explosões.
□ Choques.
□ Ventos fortes.
□ Abalos sísmicos.

Exemplo de ações excepcionais indiretas (deformação imposta):


□ Deformações excepcionais impostas para compensar a ocorrência de uma ação excepcional
direta.

Quando cessar a ação excepcional direta seriam retiradas as deformações impostas. Como exemplo,
têm-se os sistemas compensadores das deformações provocadas por abalos sísmicos, como os pêndulos
ou sistemas de pesos móveis.


Ações de construção. São as ações que ocorrem somente na etapa de construção. Essas cargas de
construção têm duração transitória.

Exemplos de ações de construção diretas (cargas ou forças), também denominadas cargas de


construção:
□ Transporte de elementos estruturais.
□ Manipulação de elementos estruturais.

Exemplo de ações de construção indiretas (deformações impostas):


□ Deformações impostas para ajustes de peças estruturais, ou para compensar as ações de
construção diretas.

Carregamento. Conjunto de ações que atuam simultaneamente em uma estrutura.

Exemplos de carregamentos:
■ Carregamento 1: peso próprio.
■ Carregamento 2: peso próprio + vento.
■ Carregamento 3: peso próprio + impacto de veículo.
■ Carregamento 4: peso próprio + vento + impacto de veículo.

Representação gráfica conceitual das cargas. Expressão gráfica conceitual das cargas que atuam nos
elementos constituintes de uma estrutura. Assim, a expressão gráfica conceitual é o desenho que
representa simbolicamente uma carga.
As cargas são representadas por forças (vetores) ou momentos (produtos vetoriais):
Vetor. Ente matemático (criação da matemática) representado por módulo (intensidade), direção, sentido
e ponto de aplicação.
Produto vetorial. Operação matemática entre vetores. O momento é a ação de uma força que tende a
girar um corpo em torno de um eixo.

As cargas atuantes nas barras podem ser:


■ Carga uniformemente distribuída. São as cargas cujas características vetoriais de intensidade e
sentido não variam ao longo do comprimento da barra em que são aplicadas.
■ Carga uniformemente variável. São as cargas cuja característica vetorial de sentido não varia ao
longo do comprimento da barra em que são aplicadas. Esse tipo de carga tem sua intensidade
variando de forma linear ao longo do comprimento da barra em que são aplicadas.
■ Carga concentrada. São as cargas cuja característica vetorial é única, sendo representada por
intensidade, sentido e ponto de aplicação. Elas são simplificações do carregamento real, cujo
objetivo é simplificar o cálculo estrutural.

As cargas que atuam simultaneamente em uma estrutura constituem um sistema de forças. Para o
cálculo estrutural, é necessário realizar o deslocamento vetorial de forças. Esse deslocamento é possível
com o conceito de sistema de forças dinamicamente equivalente ao sistema de forças original. Assim:
Sistema de forças original. Sistema de forças que atua em um elemento estrutural.
Sistema de forças dinamicamente equivalente. Sistema de forças que apresenta características
dinâmicas iguais às existentes no sistema de forças original, no movimento ou no equilíbrio do corpo.

As cargas têm representações gráficas conceituais específicas: Representação gráfica conceitual da


carga uniformemente distribuída. Representada por uma figura retangular, com vetores indicando seu
sentido (Figura 1.18). Simbolicamente, é representada pela letra latina minúscula (q), sendo definido seu
comprimento ao longo da barra (L). No Sistema Internacional (SI), sua unidade é N/m. Essas cargas,
geralmente, são a representação de cargas como o peso próprio de elementos estruturais, ou de outras
cargas que produzam pressões uniformes.

Figura 1.18 Representação gráfica conceitual de uma carga uniformemente distribuída.

Representação gráfica conceitual da carga uniformemente variável. Representada por uma figura
triangular ou trapezoidal, com vetores indicando o seu sentido (Figura 1.19). Simbolicamente, é
representada pelas letras latinas minúsculas (q ou q1 e q2), que representam as cargas de sua extremidade,
sendo definido seu comprimento ao longo da barra (L). No Sistema Internacional, sua unidade é N/m.
Essas cargas quando na forma triangular, geralmente, são a representação de cargas como o empuxo de
líquidos sobre as paredes de reservatórios. Quando na forma trapezoidal, geralmente são a representação
de cargas como o empuxo de solos sobre as paredes de contenção ou sobre os muros de arrimo.

Figura 1.19 Representação gráfica conceitual de uma carga uniformemente variável: (a) triangular e (b) trapezoidal.

Representação gráfica conceitual da carga concentrada. Representada por um vetor ou por um


momento, sendo indicado seu sentido e seu ponto de aplicação (Figura 1.20). Simbolicamente, são
representadas pelas letras latinas maiúsculas, para o vetor (P) e para o momento (M), bem como é
definida sua posição na barra (a, b). No Sistema Internacional, a unidade para o vetor é N e para o
momento é Nm. Essas cargas geralmente representam a simplificação das reações de outros elementos
estruturais, que possam estar apoiados no elemento em estudo.

Figura 1.20 Representação gráfica conceitual de uma carga concentrada: (a) carga concentrada vetor e (b) carga
concentrada momento.

Para efeito de cálculo estático, a carga uniformemente distribuída é dinamicamente equivalente a


uma carga concentrada representada pela área da figura original aplicada em seus centros de gravidade
(Figuras 1.21, 1.22 e 1.23).
No caso de um trapézio (Figura 1.23), deve-se utilizar o Princípio da Superposição de Cargas e
transformar a carga trapezoidal como a soma de uma carga retangular (q1) com uma carga triangular (q2
– q1).
Figura 1.21 Representação de carga dinamicamente equivalente à carga retangular.

Figura 1.22 Representação de carga dinamicamente equivalente à carga triangular.

Figura 1.23 Representação de carga dinamicamente equivalente à carga trapezoidal.

Para mais informações sobre as cargas atuantes nas estruturas consulte a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Disponível em:
<www.abnt.org.br>.

Faça a representação do sistema de forças dinamicamente equivalente ao sistema de forças original


representado na Figura 1.24.

Figura 1.24 Sistema de forças original – retangular.

Solução:
A Figura 1.25 representa o sistema de forças dinamicamente equivalente ao sistema original de forças
representado na Figura 1.24. A força resultante (área do retângulo) é posicionada no centro de gravidade
do retângulo, isto é, no meio da barra.

Figura 1.25 Sistema de forças dinamicamente equivalente ao sistema de forças original da Figura 1.24.

Faça a representação do sistema de forças dinamicamente equivalente ao sistema de forças original


representado na Figura 1.26.

Figura 1.26 Sistema de forças original – triangular.


Solução:
A Figura 1.27 representa o sistema de forças dinamicamente equivalente ao sistema original de forças
representado na Figura 1.26. A força resultante (área do triângulo) é posicionada no centro de gravidade
do triângulo, isto é, a 1/3 da barra, medida em relação à posição em que existe o maior valor de carga
distribuída.

Figura 1.27 Sistema de forças dinamicamente equivalente ao sistema de forças original da Figura 1.26.

Faça a representação do sistema de forças dinamicamente equivalente ao sistema de forças original


representado na Figura 1.28.

Figura 1.28 Sistema de forças original – trapezoidal.

Solução:
A Figura 1.29 representa o sistema de forças dinamicamente equivalente ao sistema original de forças
representado na Figura 1.28. Utilizando o Princípio da Superposição de Forças, a carga trapezoidal é a
soma de uma carga retangular (50 kN/m), sendo a força resultante (área do retângulo) aplicada no centro
de gravidade do retângulo, com uma carga triangular (80 kN/m – 50 kN/m = 30 kN/m), e sendo a força
resultante (área do triângulo) aplicada no centro de gravidade do triângulo.

Figura 1.29 Sistema de forças dinamicamente equivalente ao sistema de forças original da Figura 1.28.

Neste capítulo foram apresentados:


■ campo de estudo e os objetivos da Resistência dos Materiais;
■ importância da modelagem matemática e da modelagem física de estruturas;
■ elementos constituintes das estruturas e a representação gráfica das barras;
■ ações que devem ser levadas em consideração no cálculo estrutural;
■ exemplos gráficos conceituais das cargas em elementos estruturais.

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