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Brasília, DF
Dezembro de 2016
THALITA LUZIA BARROS GUIMARÃES
Brasília, DF
Dezembro de 2016
FICHA CATALOGRÁFICA
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CESSÃO DE DIREITOS
BANCA EXAMINADORA:
____________________________________________
Tairone Paiva Leão
Ph.D., Universidade de Brasília (FAV/UnB)
Orientador / email: tleao@unb.br
__________________________________________
Marina Rolim Bilich Neumann
Doutora, Universidade de Brasília (FAV/UnB)
__________________________________________
Ernandes Rodrigues de Alencar
Doutor, Universidade de Brasília (FAV/UnB)
DEDICATÓRIA
Agradeço a Deus, meu adorado Senhor e ao seu filho, Jesus Cristo meu amado
Mestre. Sou grata pela misericórdia de não me dar o que eu mereço, a morte, e pela
graça de me dar o que eu não mereço, a salvação em Cristo.
Ao meu orientador, Tairone. Obrigada pela compreensão e apoio durante toda
a minha graduação. O senhor se tornou muito mais que um professor, eu te considero
um amigo para a vida toda, eu te respeito e admiro muito.
Aos professores, Nandes e Marina, agradeço por terem aceitado o convite de
participação na banca e por terem sido tão atenciosos e prestativos ao emprestar o
colorímetro e a carta de Munsell para que eu pudesse fazer as determinações da cor
dos solos.
Aos meus Pais, Geraldo e Clerice, eu agradeço todo amor, dedicação que
sempre tiveram comigo. Agradeço por todos os sacrifícios que fizeram para me dar o
melhor, muitas vezes me colocando antes de vocês mesmos. Vocês são os melhores.
Ao meu irmão, Juninho, companheiro de todas as horas. Agradeço por você ter
crescido e ter ficado tão forte para poder me carregar no colo kkkk. Eu te amo!
À minha família pelo carinho e amor. Especialmente aos meus primos,
Nandinha e Dudu, por terem me recebido na casa de vocês durante todos esses anos de
faculdade.
Ao meu namorado, Lucas. Agradeço por ser sempre presente, por provar que o
amor sobrevive à distância e por me entender mesmo quando eu mesma não me
entendo, por ser tão calmo e tranquilo equilibrando minha falta de equilíbrio!
À família que construí na UnB. Meus amigos do ilustríssimo BMFC, Marrie,
Barbarrá, Morena, Karenzita, Cathê, Tailinda, Jas, Lara, Larinha, Máira, Ana Paula,
Léo, Di, Gui, Daniboy, Zoião, Pedro, Bacon, Erick e André, obrigada por todos os
churrascos, jogos e momentos inesquecíveis. Minhas amigas, Bruninha e Deusa filha,
obrigada por sempre acreditarem no meu potencial. E ao meu amado amigo Kil,
obrigada pela melhor massagem e por ser o único capaz de estralar meu dedão, vou te
amor sempre, príncipe!
À minha família do Arizona, as Travas mais lindas, Smiggle, Celi, Marina,
Matheus, Matheuzinho, Maysa, Raina, Talita, Tatty, Thais e Thaisinha. Eu agradeço
por serem meu oásis no deserto, literalmente!
Agradeço às mestrandas Bruna e Helen, por toda ajuda e apoio que me deram.
Agradeço especialmente a Bruna pelos dados das análises químicas e físicas dos solos.
Aos professores, Tairone, Eiyti, Alessandra, Lucrécia, Thais, Cícero e ao
pesquisador da Embrapa Hortaliças Juscimar, eu agradeço pela prestatividade em
participar como observadores convidados.
E finalmente, ao meu querido Perninha, o cachorro de três patas mais massa do
mundo. Obrigada por me fazer rir sempre.
“Ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor
nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras,
e agora, e por todos os séculos. Amém! ” Judas 1.25
GUIMARÃES, THALITA LUZIA BARROS. DETERMINAÇÃO DA COR DO
SOLO PELA CARTA DE MUNSELL E POR COLORIMETRIA. 2016.
Monografia (Bacharelado em Agronomia). Universidade de Brasília – UnB.
RESUMO
A cor é uma propriedade física mundialmente utilizada na classificação dos solos e na
diferenciação dos horizontes. A cor do solo pode ser determinada por comparação
visual com a carta de Munsell e com o uso de instrumentos de sensoriamento remoto
como colorímetros, espectrofotômetros e espectrorradiômetros. O objetivo deste
trabalho foi comparar determinação da cor do solo feitas com o uso da carta de Munsell
e por colorimetria, avaliando a precisão de cada método e as possíveis divergências
entre eles. Foram feitas determinações da cor seca e úmida dos horizontes superficiais e
subsuperficiais de cinco solos do Distrito Federal. Os coeficientes de correlação
mostraram coerência entre os dois métodos de determinação da cor dos solos.
Observou-se que há divergência entre os métodos para o componente valor, onde
percebeu-se tendência de superestimação deste componente pelo método de Munsell. O
método de determinação da cor com o uso do colorímetro mostrou-se mais preciso que
o método de determinação visual, pois a medição da cor é dada em condições
controladas e não subjetivas. Também foram observadas influências da mineralogia dos
solos, umidade, e acúmulo de matéria orgânica sobre os componentes da cor do solo.
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13
3. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 32
3.1. Objetivo geral .............................................................................................................. 32
3.2. Objetivos específicos ................................................................................................... 32
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................ 38
5.1. Caracterização dos solos utilizados no experimento.................................................... 38
5.2. Cor do solo ................................................................................................................... 38
5.3. Análise de Correlação (R de Pearson) ......................................................................... 40
5.4. Análise de Variância (ANOVA) .................................................................................. 41
5.5. Teste de Tukey para comparação de médias................................................................ 43
5.6. Curvas espectrais dos solos.......................................................................................... 45
5.7. Desvio Padrão .............................................................................................................. 49
6. CONCLUSÕES .................................................................................................................. 51
14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
15
As argilas são utilizadas como princípio ativo em cosméticos, como as máscaras
faciais, sendo recomendadas no tratamento de inflamações da pele e oleosidade devido
a sua capacidade em absorver óleos e toxinas (CARRETERO, 2002). Com uma grande
variedade de cor (branco, amarelo, cinza, verde, etc.) cada uma das argilas utilizadas em
tratamentos estéticos tem uma função específica que depende de suas propriedades
físico-químicas (LÓPEZ-GALINDO et al., 2007).
A cor do solo é uma característica morfológica de grande importância na ciência
do solo. Por sua fácil visualização e determinação, a cor do solo, é amplamente utilizada
para classificar e interpretar os solos (SANTOS et al., 2005). Há mais de dois mil anos
os filósofos romanos e gregos já classificavam o solo pela cor associando-a com a
produtividade do solo. Os solos pretos eram tidos como férteis e os mais claros como
inférteis. Columela, escritor romano do século primeiro, discordava deste ponto de vista
considerando a infertilidade de solos pretos de pântanos e a alta fertilidade dos solos
claros da Líbia (LAPIDO-LOUREIRO et al., 2009).
O povo indígena Xicrin que habita a reserva indígena Kayapó-Xicrin no estado
do Pará, desenvolveu o seu próprio sistema de classificação dos solos. Neste sistema o
atributo cor divide o solo em quatro categorias, branco, vermelho, amarelo e preto.
Além da cor eles avaliam a textura, pedregosidade e umidade do solo (COOPER et al.,
2005).
Cientistas Russos passaram a dar atenção à cor dos solos no início do século 19.
Durante a década de 1920, começaram a descrever a cor do solo de acordo com a
tonalidade, brilho e saturação (ZAKHAROV, 1927). Nos Estados Unidos, o atributo cor
do solo não foi considerado no sistema de classificação até o ano de 1914 quando a
divisão de solos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA - United
States Department of Agriculture) publicou uma lista com vinte e dois nomes para cores
de solo, mas não havia, até então, nenhum padrão de cores. O USDA juntamente com a
Munsell Company preparou uma série de cartas de cores que foram adotadas a partir de
1951 no manual de levantamento de solo (SOIL SURVEY STAFF, 1993). Desde então
o sistema de cores de Munsell (MUNSELL SOIL COLOR COMPANY, 1950) e uma
nova lista de nomes passaram a ser utilizados e recomendados pela USDA na
determinação das cores dos solos (SIMONSON, 1993). Esse sistema passou a ser
aderido por pesquisadores de solos do mundo todo.
16
O sistema Brasileiro de Classificação de Solos-SiBCS (EMBRAPA, 2013)
surgiu como uma evolução do antigo sistema de classificação americano. Começou a
ser desenvolvido no ano de 1950, sendo a sua primeira edição publicada no ano de
1999. O SiBCS utiliza a carta de Munsell (MUNSELL SOIL COLOR COMPANY,
1950) como padrão na classificação da cor do solo.
2.2 Importância
2.3.1 Mineralogia
18
2008). A presença desses minerais pode mascarar a influência de outros constituintes
sobre a cor do solo (STONER & BAUMGARDNER, 1981). De acordo com os autores,
quando em teores maiores que 4%, os óxidos de ferro podem disfarçar o efeito da
matéria orgânica.
Os óxidos de ferro apresentam cores diferentes devido à absorção seletiva da luz
na região do visível, que é causada pela transição de elétrons na camada orbital
(DALMOLIN et al., 2005). A hematita apresenta transição eletrônica no espectro em
530 nm e a goethita em 480 nm (SHERMAN & WAITE, 1985), em outras palavras,
quando a hematita absorve um comprimento de onda de 530 nm, ocorre a transição de
elétrons entre os orbitais moleculares, sendo observada a cor vermelha, enquanto a
transição eletrônica do goethita ocorre quando é absorvida uma radiação
eletromagnética no comprimento de onda de 480 nm, sendo observada a cor amarela. A
goethita absorve um comprimento de onda menor, apresentando maior reflectância que
a hematita (VITORELLO & GALVÃO, 1996; KOSMAS et al., 1984). Stoner et al.
(1991) observaram que o predomínio de hematita no solo eleva o poder de absorção de
luz deixando-o mais opaco.
A goethita, óxido de ferro hidratado, é o óxido de ferro mais comum nos solos,
pode ser encontrada tanto em regiões tropicais como em regiões temperadas e confere
aos solos uma cor amarelada. A hematita, óxido de ferro não-hidratado, confere ao solo
uma cor vermelha forte. Em amostras heterogêneas, mesmo em pequenas quantidades, o
matiz avermelhado da hematita mascara o matiz amarelo da goethita, sobressaindo a cor
vermelha (RESENDE, 1976; SCHAETZL & ANDERSON, 2005; SCHWERTMANN,
1988). Os solos tropicais e subtropicais são solos mais avermelhados, pois apresentam
níveis variados tanto de hematita quanto de goethita. Já os solos de climas temperados
são dominados por goethita e normalmente não apresentam hematita em sua
composição, portanto são mais amarelos a amarronzados (SCHWERTMANN &
TAYLOR, 1989).
Em condições hidromórficas, onde ocorre prolongada saturação com água, e
quando em condição anaeróbica, o ferro presente no solo sofre um processo de redução
(Fe+3 → Fe+2) conferindo uma coloração cinzenta ao solo. Esse processo é conhecido
como gleização e é típico dos Gleissolos (SCHWERTMANN, 2008).
A cor específica de cada mineral é decorrente da sua interação com a luz visível
e depende da estrutura cristalina e do tamanho da partícula. Partículas maiores de
19
goethita conferem uma cor mais amarelada aos solos enquanto partículas menores
produzem uma coloração mais amarronzada. Partículas de hematita de tamanhos
maiores apresentam cores mais púrpuras que as partículas menores (TORRENT &
SCHWERTMANN, 1987).
A Tabela 1 apresenta os minerais do solo e suas respectivas fórmulas, relaciona-
os com a notação Munsell referente a cada um deles. Destacando-se a influência do
tamanho da partícula na determinação da cor. Os nomes das cores foram traduzidos para
o português de acordo com Santos et al. (2005).
20
2.3.2 Umidade
O sistema Munsell de cores foi criado pelo professor Albert H. Munsell no início
do século XX e classifica as cores em três componentes: Matiz, Valor e Croma (Hue,
Value e Chroma em inglês) (Figura 1).
22
Figura 1. Diagrama representando os três componentes da cor pelo sistema Munsell de
Cores (adaptado de RUS, 2007).
24
Figura 2. Carta de Munsell com exemplo de notação de cor.
2.4.2 Colorimetria
Os valores de XYZ definem as cores, mas não são de fácil visualização, por este
motivo o CIE, ainda no ano de 1931, criou outro espaço colorimétrico importante: o
CIE xyY. Cujas coordenadas de cromaticidade x, y, z são derivadas dos valores de
X Y Z
Tristimulos pelo cálculo: x = X+Y+Z ; y = X+Y+Z ; z = X+Y+Z. Onde x + y + z= 1. Os
27
lócus não espectral, pois é composta por uma mistura de uma série de tons de roxo que
não estão no espectro visível da luz, logo, não são monocromáticas e não fazem parte
das cores do arco-íris, portanto não possuem valores para comprimento de onda (KERR,
2010).
28
Figura 7. Esquema para identificação da tonalidade e saturação da cor pelo diagrama de
cromaticidade (CIE, 1931).
29
Figura 8. Gama de cores de Munsell para os solos (círculos pretos) representada no
diagrama de cromaticidade do CIE (adaptado de ROSSEL, 2006).
31
3 OBJETIVOS
Comparar determinação da cor do solo feita com o uso da carta de Munsell e por
colorimetria.
32
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Amostragem
As amostras de solo para este estudo foram coletadas na Fazenda Água Limpa
(FAL), campo experimental da Universidade de Brasília (UnB), localizada na Vargem
Bonita, Brasília, Distrito Federal. Ao todo, a fazenda possui uma área de 42,36 km²,
delimitada pelas coordenadas 47°59’02,23”W e 47°53’16,15”W e 15°58’32,77”S e
15°58’56,84”S. A fazenda está inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia
do Gama e Cabeça de Veado apresentando 80% de sua vegetação nativa preservada.
Foram retiradas amostras de cinco perfis de solos, classificados de acordo com o
Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2013) como: Gleissolo
Melânico (15,93750°S; 047,93525°W), Latossolo Vermelho (15,94580°S;
047,94553°W), Latossolo Amarelo (15,94595°S; 047,94753°W), Neossolo Regolítico
(15,98028°S; 047,94934°W) e Organossolo Háplico (15,93693°S; 047,93586°W)
(Figura 9).
Para a obtenção da terra fina seca ao ar (TFSA), as amostras foram secas ao ar,
destorroadas e passadas em peneira de malha 2 mm antes das determinações. No
Laboratório de Física do Solo da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da
Universidade de Brasília (FAV/UnB) foram realizadas análises de granulometria pelo
método do hidrômetro, conforme EMBRAPA (1997) e densidade de partículas pelo
método do balão volumétrico, conforme Flint & Flint (2002). As análises químicas de
pH em água, alumínio (Al3+), cálcio e magnésio (Ca2+ + Mg2+), potássio (K+), fósforo
(P), teor de matéria orgânica (M.O.) e carbono orgânico (C), foram realizadas no
Laboratório de Química do Solo da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da
Universidade de Brasília (FAV/UnB) seguindo o manual de análises químicas de solos,
plantas e fertilizantes da EMBRAPA (2009).
4.3 Delineamento
34
4.3.1 Experimento 1
Figura 10. Leitura da carta de Munsell para amostra de solo seca e úmida do horizonte
Cg do Organossolo.
35
Figura 11. Leitura da carta de Munsell para amostra de solos secas e úmidas em
condição de laboratório
37
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
38
escala cromática x,y,Y, e os valores médios de x,y,Y obtidos por colorimetria são
apresentados na Tabela 4.
Tabela 4. Valores de x,y,Y da escala cromática CIE (1931) para os diferentes solos
analisados.
Colorímetro Munsell Campo Munsell Laboratório
Perfil Horizonte Umidade
x y Y x y Y x y Y
GL Sup Úmido 0,36 0,36 4,28 0,34 0,34 6,39 0,35 0,33 4,50
GL Sup Seco 0,36 0,36 9,73 0,34 0,33 11,70 0,34 0,33 11,70
GL Sub Úmido 0,36 0,36 12,72 0,35 0,34 19,27 0,35 0,35 19,27
GL Sub Seco 0,36 0,36 25,70 0,34 0,35 41,99 0,35 0,35 29,30
LV Sup Úmido 0,42 0,37 4,68 0,46 0,37 11,70 0,45 0,35 4,50
LV Sup Seco 0,45 0,38 7,85 0,51 0,38 11,70 0,46 0,37 11,70
LV Sub Úmido 0,44 0,37 5,40 0,50 0,37 6,39 0,50 0,37 6,39
LV Sub Seco 0,47 0,38 8,72 0,51 0,38 11,70 0,51 0,38 11,70
LA Sup Úmido 0,42 0,38 4,67 0,47 0,40 11,70 0,41 0,37 6,39
LA Sup Seco 0,42 0,39 12,85 0,44 0,41 19,27 0,42 0,39 11,70
LA Sub Úmido 0,44 0,39 6,60 0,48 0,40 19,27 0,47 0,40 11,70
LA Sub Seco 0,45 0,40 15,92 0,48 0,41 19,27 0,44 0,40 19,27
NE Sup Úmido 0,42 0,38 5,22 0,42 0,38 11,70 0,44 0,39 6,39
NE Sup Seco 0,41 0,38 14,06 0,44 0,40 19,27 0,40 0,37 19,27
NE Sub Úmido 0,45 0,38 6,76 0,47 0,39 11,70 0,47 0,39 11,70
NE Sub Seco 0,43 0,39 19,98 0,44 0,40 19,27 0,42 0,39 29,30
ORG Sup Úmido 0,32 0,34 1,02 ND ND ND ND ND ND
ORG Sup Seco 0,34 0,35 2,45 0,35 0,34 3,05 0,35 0,34 3,05
ORG Sub Úmido 0,34 0,34 2,58 0,35 0,34 3,05 0,35 0,34 3,05
ORG Sub Seco 0,35 0,35 7,74 0,34 0,33 11,70 0,34 0,34 11,70
Organossolo (ORG); Gleissolo (GL); Neossolo (NE); Latossolo Amarelo (LA); Latossolo Vermelho (LV); Horizonte
superficial (Sup); Horizonte subsuperficial (Sub); ND não determinado (Cor não contemplada na carta de Munsell)
39
Epiphanio et al. (1992) obtiveram resultados semelhantes, onde duas amostras avaliadas
pelos autores apresentaram-se idênticas segundo a carta de Munsell, porém a análise
espectral mostrou diferenças entre as amostras para as características valor e matiz.
41
considera-se que as variâncias entre as populações são iguais (BANZATTO &
KRONKA, 2008).
Verificou-se que o fator tratamento apresentou diferenças significativas aos
níveis de 1% e 0,1% de probabilidade pelo teste F entre as médias dos componentes x e
Y, respectivamente. Isso indica que a escolha do método de determinação da cor dos
solos exerce influência nas variáveis dependentes croma e valor. O componente Y é
altamente influenciado pela escolha do método, sendo que os valores de Y pelo
colorímetro são em média quase 4 unidades menores que os obtidos pela carta de
Munsell (Tabela 4. Valores de x,y,Y da escala cromática CIE (1931) para os
diferentes solos analisados.) o que indica uma possível superestimação do componente
Y pelo método Munsell. A carta de Munsell também apresenta maiores valores para o
componente y em relação aos valores obtidos pelo método do colorímetro para 65% das
amostras avaliadas.
O fator umidade apresentou diferença significativa ao nível de 1% de
probabilidade pelo teste F para as médias do componente Y. Ou seja, a umidade do solo
exerce influência sobre a característica valor da cor. A cor das amostras úmidas
apresentaram valores de Y menores do que a das amostras secas indicando haver uma
diminuição na luminosidade da cor dos solos à medida que a umidade aumenta. O
mesmo foi observado por Bowers e Hanks (1965), os autores observaram uma
diminuição na reflectância dos solos com o aumento da umidade.
O fator solo apresentou diferença significativa ao nível de 0,1% de probabilidade
pelo teste F para os componentes x e y. Indicando que as diferenças entre os solos,
principalmente no que diz respeito à concentração de matéria orgânica e à mineralogia,
influenciam na pureza (croma) e no comprimento de onda dominante (matiz) da cor.
Observou-se que o Gleissolo e o Organossolo apresentaram baixos valores de croma em
relação aos demais solos. O branco, o cinza e o preto são cores neutras e possuem
valores de croma baixos. A cor cinza do Gleissolo é decorrente do processo de
gleização, em que o ferro presente no solo é reduzido (Fe+3 → Fe+2) conferindo essa
coloração característica do solo. A cor preta do Organossolo deve-se ao elevado teor de
matéria orgânica que mascara os efeitos dos demais constituintes do solo. Os demais
solos possuem cores mais vivas, pois são geralmente pobres em matéria orgânica. O
Latossolo Vermelho e o Latossolo Amarelo apresentam maiores valores de x e y devido
à alta concentração de óxidos de ferro (Fe+3) (SCHWERTMANN, 2008). Os altos
42
valores de x e y observados para o Neossolo estudado indicam possível presença de
óxidos de ferro, isso explicaria o matiz vermelho amarelo desses solos pela notação
Munsell.
O fator horizonte apresentou diferença significativa ao nível de 0,01% pelo teste
F para x e ao nível de 5% de probabilidade para y e Y. Com o aumento da profundidade
ocorre uma mudança na cor dos solos. Os horizontes superficiais geralmente
apresentam menores valores de croma, matiz e valor que os horizontes subsuperficiais
devido, principalmente, à maior concentração de matéria orgânica nos horizontes
superficiais. O caráter acromático da matéria orgânica influencia principalmente o
componente croma, pois, a adição do pigmento escuro diminui significativamente a
pureza da cor. O matiz e o valor também são afetados de forma significativa, uma vez
que quanto maior for o conteúdo de matéria orgânica, mais escuro será o solo. Os
horizontes subsuperficiais apresentam cores mais vivas, puras e com mais brilho devido
a uma diminuição na concentração dos compostos orgânicos tornando a cor dos demais
constituintes do solo mais aparente. Epiphanio et al. (1992) obtiveram resultados
semelhantes ao observar uma tendência de os horizontes subsuperficiais terem maiores
valores de matiz e croma principalmente devido à presença de matéria orgânica.
Entretanto os autores não observaram uma influência do horizonte para os valores de
brilho.
0.8
0.6
x a a a
0.4
0.2
0
C MC ML
0.8
0.6
y a a a
0.4
0.2
0
C MC ML
a a
12
9
b
Y
6
0
C MC ML
45
Figura 16. Curvas espectrais dos horizontes A e Cg do Gleissolo para amostras secas e
úmidas. Gleissolo (GL); Horizonte superficial (A); Horizonte subsuperficial (Cg).
46
Já para o Latossolo Vermelho, Latossolo Amarelo e Neossolo, o efeito da
umidade é maior, pois estes solos têm teores baixos de matéria orgânica, sendo assim as
amostras secas, de ambos os horizontes, apresentaram maior R/T% que as amostras
úmidas. O Neossolo (Figura 18) apresentou os maiores valores de R/T% entre os solos
observados, a constituição mineralógica do Neossolo é rica em quartzo e a coloração
tende a ser mais clara e esbranquiçada (AZEVEDO, 2006; EMBRAPA, 2013).
Observou-se também que o Latossolo Vermelho (Figura 19) apresenta menor R/T% que
o Latossolo Amarelo (Figura 20), isso se deve ao fato de a goethita, predominante no
LA, elevar a reflectância do solo uma vez que absorve um menor comprimento de onda
que a hematita, predominante no LV, além de a presença de hematita no LV eleva o
poder de absorção de luz deixando-o mais opaco (VITORELLO & GALVÃO, 1996;
KOSMAS et al., 1984; STONER et al., 1991).
Figura 18. Curvas espectrais dos horizontes A e Ac do Neossolo para amostras secas e
úmidas. Neossolo (NE); Horizonte superficial (A); Horizonte subsuperficial (Ac).
47
Figura 19. Curvas espectrais dos horizontes A e Bw do Latossolo Vermelho para
amostras secas e úmidas. Latossolo Vermelho (LV); Horizonte superficial (A);
Horizonte subsuperficial (Bw).
48
5.7. Desvio Padrão
A Tabela 7 apresenta os valores médios das sete leituras dos componentes de cor
x,y,Y obtidos pelo colorímetro e a média das determinações feitas pelos sete
observadores convidados por meio da comparação visual com a carta de Munsell e
convertidos para os valores de x, y e Y da escala cromática CIE (1931) utilizando
código Phyton desenvolvido por Mansencal et al. (2015).
Os resultados obtidos pelo colorímetro apresentaram menor desvio padrão
demostrando uma maior precisão deste método em relação à comparação visual com a
carta de Munsell. Shields et al. (2011) obtiveram resultados semelhantes na
determinação da cor de dois solos utilizando a carta de Munsell e um espectrofotômetro.
Observou-se uma grande variação principalmente na característica valor (Y)
para as determinações feitas com o uso da carta de Munsell, indicando uma tendência de
os observadores convidados superestimarem as determinações realizadas pelo
colorímetro. Foram observadas pequenas variações nos componentes matiz e croma
para a mesma amostra entre os diferentes observadores.
49
Tabela 7. Valores de x,y,Y da escala cromática CIE (1931) para os diferentes solos analisados com o uso de um colorímetro e pela leitura da
carta de Munsell por 7 observadores convidados (média±desvio padrão).
Colorímetro Munsell
Perfil Horizonte
x y Y x y Y
GLE A 0,3609±0,0020 0,3604±0,0010 9,7500±0,2376 0,3352±0,0114 0,3371±0,0080 19,2718±5,6018
GLE Cg 0,3607±0,0003 0,3630±0,0001 25,6100±1,1589 0,3283±0,0082 0,3329±0,0072 41,9853±10,8828
LV A 0,4492±0,0026 0,3790±0,0007 7,8500±0,1881 0,4651±0,0258 0,3777±0,0091 11,7007±2,8616
LV Bw 0,4740±0,0045 0,3768±0,0003 8,7100±1,0009 0,5071±0,0293 0,3777±0,0059 11,7007±2,8616
LVA A 0,4166±0,0019 0,3909±0,0005 12,8900±2,2541 0,3995±0,0174 0,3840±0,0120 19,2718±3,7907
LVA Bw 0,4511±0,0011 0,3980±0,0011 15,9350±0,6731 0,4596±0,0195 0,4064±0,0088 19,2718±8,7876
NE A 0,4129±0,0017 0,3829±0,0003 14,0550±0,1865 0,3991±0,0338 0,3767±0,0149 19,2718±5,3608
NE Ac 0,4315±0,0019 0,3881±0,0001 19,9250±1,1834 0,4242±0,0268 0,3876±0,0110 29,3011±8,0493
ORG O 0,3441±0,0002 0,3471±0,0003 2,4550±0,1060 0,3456±0,0018 0,3269±0,0090 4,4988±0,8375
ORG Cg 0,3538±0,0003 0,3529±0,0001 7,7400±0,5445 0,3380±0,0002 0,3354±0,0036 11,7007±0,0000
Organossolo (ORG); Gleissolo (GL); Neossolo (NE); Latossolo Amarelo (LA); Latossolo Vermelho (LV); Horizonte superficial (Sup); Horizonte subsuperficial (Sub).
50
6 CONCLUSÕES
i) Existe uma alta correlação entre as medidas de cor realizadas com a carta de
Munsell e com o colorímetro indicando coerência entre os métodos.
iii) Os componentes de cor dos solos são influenciados pela mineralogia dos solos,
pela umidade, e pelo acúmulo de matéria orgânica nos horizontes superficiais
51
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