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A INFLUÊNCIA DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS NO

ESTADO EMOCIONAL DOS INDIVÍDUOS CADASTRADOS NO


ESF/PRIMAVERA
The Influence of an Exercise Program Physical and Emotional State of Individuals
Registered at ESF / Spring

Maria Deise Justo Panda1


RESUMO
Pesquisa quase experimental com o objetivo de investigar a influência de um programa de
exercícios físicos no estado emocional de seus praticantes. A população foi composta pelos
indivíduos cadastrados na ESF/ Primavera de Cruz Alta/RS. O critério de inclusão/exclusão
dos sujeitos na amostra foi por espontaneidade após indicação médica e assinatura do
termo de compromisso livre e esclarecido. A amostra ficou constituída por 14 indivíduos do
sexo feminino com média de idade de 54,64 ± 8,2 anos. Foi realizada a avaliação em uma
aula de exercícios físicos orientados com aplicação do instrumento antes e após a sessão.
Para a avaliação dos estados de humor foi utilizado o teste POMS (Profile Of Mood States)
que avalia 06 estados (Tensão; Depressão; Raiva; Vigor; Fadiga e Confusão Mental). Os
dados foram tratados utilizando a estatística descritiva, média e desvio padrão e o teste “t”
de student, no programa SPSS. O estudo teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
da UNICRUZ sob o CAAE 0007.0.417.000-11. O estudo concluiu que o programa de
exercícios físicos tem uma influência altamente significativa na melhora do estado emocional
de seus praticantes, pois dos seis estados de humor apenas um teve aumento significativo
nas médias dos escores correspondentes, justamente a varável positiva, o vigor. Isso leva a
indicar que o exercício físico interfere justamente no vigor físico que quando aumentado
tende a diminuir as variáveis negativas melhorando significativamente o estado geral de
humor.

Palavras-chaves: Humor. Atividade Física.

ABSTRACT
Quasi-experimental research in order to investigate the influence of an exercise
program in the emotional state of its practitioners. The population was composed of subjects
enrolled in the FHS / Spring Cruz Alta / RS. The criteria for inclusion / exclusion of subjects in
the sample by spontaneous and medically indicated after signing the free and clear
commitment. The sample consisted of 14 females with a mean age of 54.64 ± 8.2 years.
Evaluation was performed in a class with exercise-oriented application of the instrument
before and after the session. For the assessment of mood states POMS test was used
(Profile Of Mood States), which assesses 06 states (Tension, Depression, Anger, Vigor,
Fatigue and Confusion). The data were processed using descriptive statistics, mean and
standard deviation and "t" student in SPSS. The study was approved by the Ethics
Committee in Research of UNICRUZ 0007.0.417.000-11 under the CAAE. The study
concluded that the exercise program has a highly significant influence in improving the
emotional state of its practitioners, because of the six mood states only had a significant

1
Educação Física/CCS/UNICRUZ/Cruz Alta/RS/Brasil/ dpanda@ibest.com.br
increase in mean scores corresponding precisely varável positive, the force. This leads to
indicate that physical exercise affects just the physical force that tends to decrease when
increasing the negative variables significantly improving the overall mood.
Keywords: Humor; Physical Activity.

INTRODUÇÃO
O homem é originalmente um ser social, mas a medida que avança a idade
reduz sua participação na sociedade e o convívio com seus familiares e amigos. Este
isolamento (físico) é uma tendência do amadurecimento, onde as crianças estão com
as crianças, os jovens com os jovens, os adultos com os adultos, os idosos com os
idosos. A comunicação entre as quatro gerações se torna cada vez mais reduzida. É
uma situação danosa para todos, mas particularmente pesada com o avançar dos anos.
Paradoxalmente, a pessoa em idade pré-idosa sente uma experiência
semelhante à do adolescente. Essa fase, no adolescente é entre a juventude e a fase
adulta do ser humano, no adulto ocorre quando está à margem da fase idosa, ele
enfrenta uma verdadeira crise de identidade durante a qual é afetado em sua auto-
estima positiva e na aceitação de si mesmo, levando ao rebaixamento da auto-estima e
as inseguranças quanto à identidade. Estes litígios se refletem na autonomia, na
liberdade, no convívio social e afetam não apenas a freqüência como, também, a
qualidade dos relacionamentos interpessoais e dos vínculos afetivos no grupo.
(GÁSPARI E SCHWARTZ ,2005).
As relações pessoais têm se tornado cada vez mais complexas, e muitas
pessoas não se sentem satisfeitas e tranqüilas em seu convívio familiar e social,
com isso, os níveis de tensão e insegurança vão se tornando significativos,
alterando o seu estado de humor.
Não há como ignorar atualmente que fatores emocionais intervêm sobre
fatores físicos e vice-versa, isto concebe dizer que, não podemos abordar a temática
de forma fragmentada, mas, procurar entender a multidimensionalidade do
fenômeno. Ignorar as inter-relações e interpolarizações do físico, do social, do
psicológico e do espiritual no desenvolvimento do ser humano é realizar uma leitura
limitada do humano. (REBUSTINI et. al., 2005).
Os sentimentos são uma das formas motivadoras fundamentais para a
realização de determinado ato que, com muita freqüência, se convertem em motivos
da conduta do homem. (POLITO E BERGAMASCHI, 2003).
Deste modo, as emoções, os sentimentos, os afetos, e o humor são os quatro
elementos essenciais que constituem a vida afetiva do indivíduo e que fornecem
brilho, cor e calor a todas as experiências humanas. As emoções são reações
afetivas agudas e momentâneas, geradas por um estímulo significativo seguido por
uma descarga somática, enquanto que os sentimentos são estados afetivos e,
quando confrontados com as emoções, são mais estáveis e menos intensos. O afeto
é a qualidade emocional que está acompanhada de uma representação ou idéia.
(GAZZANIGA e HEATHERTON, 2005).
O estado de humor ou o ânimo pode ser definido como o tônus afetivo do
indivíduo, que muda a maneira de percepção das vivências reais, aumentando ou
diminuindo o impacto destas. Acompanha os processos intelectuais (percepções,
representações e conceitos). (DALGALARRONDO, 2000)
O humor desempenha, na esfera afetiva, o mesmo papel que a consciência
desenvolve na esfera intelectual; portanto, perpassa todo pensamento ou ato
intencional, já que estes sempre estão providos de um significado. (GAZZANIGA e
HEATHERTON, 2005).
A emoção se refere a um sentimento específico e seus pensamentos
distintos, estados psicológicos e biológicos, que levam as diversas tendências de
agir. Um estado emocional específico é ditado por determinadas sensações que são
dominantes em um dado momento, gerando mudanças comportamentais. Uma
determinada emoção torna as pessoas melancólicas, tímidas ou alegres.
(REBUSTINI, 2005).
A compreensão das emoções pode ser entendida como “um processo
complexo que possui componentes cognitivos, psicológicos, comportamentais e
experimentais” (BOUTCHER, 1991, p.799).
A multidimensionalidade da emoção pode ser apreciada na abordagem dada
por Kleiniginna e Kleiniginna que definem a emoção como um complexo de
interações entre fatores subjetivos e objetivos, mediada pelo sistema
neural/hormonal que pode desencadear quatro fatores, elevar as experiências
afetivas como as sensações de ativação, prazer/desprazer; aumentar os processos
cognitivos gerais como a percepção dos efeitos das emoções relevantes; ativação
expressiva dos ajustamentos fisiológicos para a condição de ativação; e conduzir ao
comportamento freqüente, mas não permanente, expressivo, objetivo e de
adaptação. (apud BOUTCHER, 1991, p.800).
Complementando as colocações acima, o estado emocional afeta a saúde
considerando que mente, emoção e corpo não sejam entidades separadas, mas
intimamente ligadas. (GOLEMAN, 2001).
Portanto, cabe ressaltar que da mesma forma que têm sido relatados efeitos da
atividade física e do exercício sobre os aspectos biológicos e ligados à saúde, as
evidências apontam também efeitos sobre os aspectos psicológicos e sociais tais como:
melhora do auto-conceito; melhora da auto-estima; melhora do humor; melhora da
imagem corporal; desenvolvimento da auto-eficácia; diminuição do estresse e da
ansiedade; melhora da tensão muscular e da insônia; diminuição do consumo de
medicamentos; melhora das funções cognitivas e da socialização. (MATSUDO, 2001)
As pessoas sentem-se bem consigo mesmas, após a atividade física, o que
pode ser devido a numerosos fatores, como melhora da imagem corporal resultante
da perda de peso ou do aumento da massa muscular. Outro aspecto importante se
refere a auto-valorização aumentada, decorrente da experiência de domínio, sentida
através da realização por completar um esforço anteriormente pensado como
impossível, ou por ocorrer pela primeira vez. Essas experiências geram estados
emocionais positivos e aumentam a auto-valorização. (Okuma, 2002).
A diminuição do nível de atividade física relacionada à idade que acontece nos
seres humanos tem uma base biológica que sustenta que esse declínio na atividade é
igualmente observado em várias espécies de animais. Tal declínio é conseqüência de
uma liberação reduzida do neurotransmissor dopamina (associado com à motivação)
ou perda dos receptores de dopamina (especificamente o receptor D2 R) que estão
associados com alteração de vários parâmetros da locomoção. (MATSUDO 2001).
O corpo humano foi feito para o movimento, não para o descanso. O sistema
cardiovascular, o metabolismo, ossos, articulações e músculos estão fisicamente
adaptados a realizar diretamente atividades em qualquer idade. Os benefícios que os
exercícios podem promover se constroem progressivamente por uma prática contínua e
sistemática. A prática regular de atividade física não restringe alterações no
desempenho físico e neste sentido o prolongamento do tempo de vida não está
assegurado, mas a proteção à saúde nas fases subseqüentes está. Talvez o maior
benefício da atividade física seja o grau de independência que as pessoas fisicamente
capazes revelam em sua luta pela sobrevivência do corpo-sujeito do mundo e o reflexo
que essa independência proporciona a saúde emocional da pessoa. (SIMÕES,1998).
Existem indícios consideráveis de que os exercícios podem adiar ou reduzir a
ocorrência de ataques cardíacos, angina, diabetes não depende de insulina,
osteoporose e hipertensão. A prática de exercícios também pode produzir uma
sensação geral de bem estar, provocando uma melhoria no estado emocional do auto-
conceito, da auto-estima e de bem estar, reduzindo a ansiedade, depressão, tensão e
os efeitos do estresse. (HAYFLICK, 1996)
A atividade em geral, seja física ou de outra ordem, é uma variável
freqüentemente citada na literatura como sendo de grande relevância para a qualidade
de vida no passar dos anos. Assim, estar ativo é afastar-se do sedentarismo, uma das
causas de quase todas as doenças mais comuns, principalmente as de nível
psicosomático. (MIRANDA; GODELI, 2003).
A relação entre os aspectos psicobiológicos e o exercício físico vem sendo
mais estudado nas pesquisas científicos a partir da década de 70. A influência do
exercício físico no tratamento das doenças mentais e na promoção do bem-estar
mental está enfocado em diversas investigações. Estão evidenciados ainda,
consistentes efeitos positivos em aspectos psicobiológicos e em diversas variáveis
do bem-estar como humor, ansiedade, auto-percepção, auto-estima, além de
resultados positivos em relação ao sono e seus possíveis distúrbios, têm sido
documentados. (MELLO; BOSCOLO; TUFIK, 2005).
O emocional está diretamente ligado a diversos traços do humor já citados,
sejam eles negativos (tensão, raiva, fadiga e depressão) ou positivos (auto-estima,
vigor e bem-estar). Um aspecto muito relevante quanto aos objetivos e efeitos da
atividade física e sua relação com o estado emocional, foram citados por autores
neste estudo, mas de que forma esse fenômeno ocorre?
Considerando essa colocação relacionando aspectos positivos e negativos da
emoção e da forma como o exercício físico pode interferir nessas dimensões do
estado de humor, bem como as alusões feitas pelos autores citados no que se refere
à relação entre atividade física, a percepção dos níveis de esforço e o estado
emocional de seus praticantes é que esta pesquisa tem como objetivo investigar a
influência de um programa de exercícios físicos no estado emocional de indivíduos
cadastrados em um programa de Estratégias de Saúde da Família.

METODOLOGIA
Este estudo se caracteriza como uma pesquisa quase experimental, pois irá
investigar a influência da variável independente - exercício físico sobre a variável
dependente - estado emocional, sem ter tido condições de estruturar um grupo
controle devido às condições do contexto estudado.
A população composta por todos os 4.000 indivíduos cadastrados na ESF-
Estratégias de Saúde da Família do bairro primavera, da cidade de Cruz Alta/RS. O
critério de inclusão/exclusão dos sujeitos na amostra foi por espontaneidade, após
assinar o termo de compromisso livre e esclarecido e por indicação médica. A
amostra se formou com quatorze (14) sujeitos cadastrados no ESF/Primavera
indicados pela equipe médica e que aceitarem participar do experimento.
A escolha pela ESF/Primavera se justifica pelo desenvolvimento dos projetos
de extensão do Centro de Ciências da Saúde – UNICRUZ, “Movimento e Ação na
ESF/Primavera” do curso de Educação Física e “Prevenção e Reabilitação
Cardiorrespiratória na ES/Primavera” do curso de Fisioterapia, proposto pelo Grupo
Multidisciplinar em Saúde. (PANDA & KRUG, 2011; CALLEGARO & KRUG, 2011).
O contexto estruturado e em plena atividade favoreceu a aplicabilidade da
pesquisa.
Para a avaliação dos estados de humor foi utilizado o teste POMS (Profile Of
Mood States) que avalia 06 estados (Tensão; Depressão; Raiva; Vigor; Fadiga;
Confusão Mental). Esse teste foi traduzido por Brandão e colaboradores (1996).
Quanto aos procedimentos relacionados à realização dos exercícios físicos, o
programa de exercícios, variável independente, teve a duração de uma hora. A
sessão seguiu quatro fases:
 Fase preparatória: Aquecimento e alongamento - 5min.
 Fase Aeróbica: Exercícios aeróbicos de baixa a média intensidade - 30min,
utilizando a música para determinar o rítmo e a intensidade dos movimentos .
 Fase Local: Exercícios localizados para os grandes grupos musculares- 20min.
 Fase de Finalização: Exercícios de esfriamento e alongamento- 5min.
Quanto aos riscos e benefícios, os participantes da pesquisa não correram
nenhum risco porque o programa foi prescrito e orientado conforme as capacidades
e necessidades de seus praticantes, não determinou nenhum risco para a sua
saúde. Os participantes do estudo são cadastrados no ESF/Primavera e foi
solicitado o aval do exame médico atualizado.
Foram controlados os parâmetros hemodinâmicos nos indivíduos hipertensos,
antes e após o programa de exercícios e a freqüência cardíaca estava na zona alvo
de treinamento aeróbico respeitando os limites de segurança. Qualquer desconforto
seria encaminhado ao posto de saúde.
Os aspectos éticos de pesquisa envolvendo seres humanos foram
respeitados (Resolução nº 196/96 – Conselho Nacional de Saúde). O Estudo teve
aprovação CEP - Comitê de Ética em Pesquisa da UNICRUZ sob o CAAE
0007.0.417.000-11.
O tratamento dos dados foi através da estatística descritiva, média e desvio
padrão e o teste “t” Student com nível de significância de p<0,01 no SPSS.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para favorecer o entendimento dos dados adquiridos através da aplicação do
teste POMS (Profile Of Mood States) os seis estados avaliados (Tensão; Depressão;
Raiva; Vigor; Fadiga e Confusão Mental) seguem descritos de forma detalhada.
Esse procedimento tem a finalidade de esclarecer os significados de cada uma das
seis dimensões mensuradas pelo teste POMS.
Este instrumento POMS (Profile Of Mood States), traduzido por Brandão e
colaboradores (1996), caracteriza o estado emocional através da avaliação da
manifestação de seis variáveis:
 Tensão - Entendida por sentimentos tais como nervosismo, apreensão,
preocupação e ansiedade, descritos pelo somatório das variáveis: tenso, agitado, a
ponto de explodir, apavorado, intranqüilo e nervoso.
 Depressão - É associada a uma baixa auto-estima, caracterizada pelos
construtos, falta de esperança, deficiência pessoal, auto - piedade e falta de
valorização descrita pelo questionário a partir dos itens: infeliz, arrependido, triste,
abatido, sem esperança, desvalorizado, abandonado, desanimado, sozinho,
miserável, deprimido, desesperado, inútil, aterrorizado e culpado.
 Raiva - É caracterizada por sentimentos que variam dentro de uma
intensidade que pode se intensificar de raiva amena se estendendo a um estado
de fúria, que está associada com um nervosismo automático; normalmente
provoca perturbação do sistema nervoso central. É descrita pelo o somatório dos
itens: bravo, mal humorado, resmungão, rancoroso, irritado, ressentido,
amargurado, briguento, rebelde, decepcionado, furioso e genioso.
 Vigor: Caracterizado por sentimentos de excitação, energia física e estado de
alerta descritos pelos itens: animado, ativo, energético, alegre, alerta, cheio de
energia, Sem preocupação e vigoroso.
 Fadiga - Entendida a partir dos construtos, cansaço físico e ou mental
descritos pelos itens: esgotado, apático, cansado, exausto, preguiçoso, aborrecido,
fatigado.
 Confusão mental - É um estado de sentimento elaborado para representar a
incerteza associada a um distúrbio ou descontrole geral da atenção e das
emoções. Pode ser descrito pelo somatório dos valores das variáveis do
questionário: confuso, incapaz de se concentrar, atordoado, desorientado,
esquecido.
Esse teste foi aplicado em iguais condições para todos os participantes do
estudo antes e após uma sessão de exercícios físicos estruturada em aquecimento
e alongamento, exercícios aeróbicos com música, exercícios localizados e
alongamento e descontração.
A tabela a seguir mostra os resultados obtidos.

Tabela 1: Estado Emocional dos sujeitos do estudo


Pré - teste Pós - teste
x±s x±s T
Tensão 12,57 ± 6,47 5,07 ± 4,49 0,00 *
Depressão 10,28 ± 12,18 2,57 ± 6,08 0,00 *
Raiva 13,71 ± 11,78 5,78 ± 5,71 0,00 *
Vigor 15,14 ± 3,54 20,00 ± 5,68 0,00 *
Fadiga 8,92 ± 6,84 3,35 ± 4,23 0,00 *
Confusão Mental 12,14 ± 6,95 7,42 ± 4,60 0,00 *
* = Existe diferença altamente significativa ao nível de p  0,00

Como pode ser observado na tabela o estudo científico mostrou diferença


estatisticamente significativa (p≤0,00) em todos os seis estados avaliados Tensão
(p≤0,000), Depressão (p≤0,008), Raiva (p≤0,001), Vigor (p≤0,000), Fadiga (p≤0,000)
e Confusão Mental (p≤0,000),
Panda et al. (2011) em estudo científico encontrou resultados semelhantes,
quando avaliou a Perturbação Total de Humor (PTH) utilizando o método de Cruz e
Mota (1997), desenvolvido a partir do teste Profile of Mood States (POMS). Os
estudiosos mediram a PTH antes e após um programa de exercício físico orientado
e diagnosticaram a influência altamente significativa na melhora da PTH –
Perturbação Total do Humor após a prática dos exercícios físicos.
Pereira e Gorski, 2011 estudaram as percepções e sensações relacionadas
ao exercício físico, no humor do dependente químico em tratamento. Foi um estudo
utilizando como instrumento a Escala de Humor de BRUMS, que contém 24 ítens
referentes ao estado de humor do individuo. O sujeito respondeu a escala antes da
sessão de exercícios físicos e após a mesma. O grupo foi composto por cinco
homens e uma mulher, com idade em sua maioria abaixo dos 30 anos, dependentes
químicos de drogas ilícitas, que participavam do programa de exercício físico no
hospital há dois meses. Os itens referentes à escala de humor de BRUMS se
mostraram diferentes após a sessão de exercícios com predominância de
indicadores de uma tendência a melhora geral no estado de humor. O estudo
concluiu que o exercício físico tem associação positiva nas melhoras do perfil humor,
e que o programa de tratamento proposto pela Educação Física mostra resultados
satisfatórios e convincentes, em relação ao uso de exercício físico no tratamento da
dependência química.
Importante salientar que Rohlfs, 2006 traduziu e validou a Escala de Humor
de Brunel (BRUMS – The Brunel of Mood Scale) desenvolvida por Peter C. Terry e
Andrew M. Lane em 2003. A Escala de Humor de Brunel, BRUMS, também foi
desenvolvida a partir da versão abreviada do Profile of Mood States (POMS).
Stort et al (2006) avaliaram 26 funcionários trabalhadores de uma empresa de
São Paulo e encontraram resultados semelhantes a este estudo. O objetivo da
pesquisa foi verificar os efeitos da atividade física (ginástica laboral) nos estados de
humor no ambiente de trabalho. Os estados de humor foram mensurados através do
teste POMS. No estudo ficou evidente que as interferências provenientes da
atividade física sobre os estados de humor ficaram claras e denotaram que a
atividade física no ambiente de trabalho pode ser uma ferramenta eficiente na
tentativa de conduzir o funcionário a uma percepção de bem-estar e,
conseqüentemente, melhora no seu desempenho no trabalho.
Observando novamente os resultados da tabela é importante salientar que
cinco das dimensões do teste, apresentaram uma diminuição significativa nas
médias dos escores correspondentes após a prática do exercício físico. Ou seja, os
sujeitos apresentaram-se em média menos tensos, menos depressivos, menos
raivosos, menos fadigados e menos confusos.
No entanto se percebe que na dimensão vigor, considerado a variável positiva
do teste, ocorre um aumento significativo nas médias do escore após a prática da
sessão de exercícios físicos.
O estudo prossegue ilustrando e analisando essa questão de forma mais
detalhada.
O gráfico a seguir tem a finalidade de evidenciar ilustrando a influência do
exercício físico no comportamento dos seis estados de humor que caracterizam o
estado emocional dos sujeitos do estudo.

25

20

15
Pré-teste
10
Pós-teste
5

0
Tensão Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão
Mental

Gráfico 1: Influência do Exercício Físico nos seis estados de humor (POMS)

A intensão da representação gráfica é evidenciar que dos seis estados de


humor apenas um teve aumento significativo nas médias dos escores
correspondentes, justamente a variável positiva do humor, o vigor. Isso leva a indicar
que o exercício físico interfere justamente no vigor físico que quando aumentado
tende a diminuir as variáveis negativas do estado de humor, tensão, depressão,
raiva, fadiga e confusão mental, melhorando consideravelmente o estado emocional
dos que praticam exercícios físicos.
Vieira et. al., 2006 realizaram estudo com o objetivo de investigar a relação
entre o desempenho esportivo e o perfil do estado de humor dos atletas de voleibol,
e concluiram que as equipes masculina e feminina apresentaram o perfil iceberg
esperado para atletas de rendimento.
Brandão e Rebustini, 2002 em estudo sobre estados emocionais de técnicos
brasileiros de alto rendimento, utilizando o POMS como instrumento de coleta dos
dados explicam o que é o perfil iceberg e citam William Morgan, psicólogo
americano como estudioso do teste POMS. Ele tem utilizado o mesmo como uma
maneira de relacionar determinadas características de personalidade com sucesso
no esporte. Em um estudo realizado com atletas da elite americana de remo, luta e
Maratona concluiu que em média, os valores obtidos pelos atletas para tensão,
depressão, raiva, fadiga e confusão mental eram substancialmente menores do que
a média da população americana não atleta, e substancialmente maior que a média
da população no fator vigor. A esta tendência de resultados, Morgan chamou de
“Perfil Iceberg”.
Giacobbi et. al., 2005 realizaram estudos em laboratorio com individuos de
diferentes grupos de idade. Os resultados mostraram que o exercício físico pode
melhorar o humor positivo e reduzir o humor negativo. Indivíduos que se
exercitavam menos durante a semana percebiam mais fontes de stress do que
aqueles que se exercitavam mais. Os autores salientam que existem crescentes
evidências de que uma sessão aguda de exercício é relacionada à redução na
ansiedade, sintomas depressivos, humor negativo e ganhos no humor positivo e
bem-estar.
Pereira e Gorski, 2011 encontraram aumento porém, não estatisticamente
significativo, dos escores dos fatores Fadiga e Vigor. Salientam o fato de aplicar o
instrumento logo após a sessão, ese procedimento não permite aos participantes
desfrutaram do período necessário para a recuperação orgânica do gasto energético
proveniente dos exercícios, apresentando maior sensação de fadiga após a
atividade. No entanto, eles ponderaram, reforçando que apesar desta maior
sensação de fadiga após o exercício, o fator Vigor também apresentou uma
tendência a aumento, o que leva ao raciocínio de que o exercício físico (agudo)
através de seus mecanismos bio-psico-sociais proporciona ao praticante, apesar do
gasto calórico e cansaço, uma melhora no vigor interagindo positivamente no humor.
Panda et al. (2011) seguiram o mesmo raciocínio na análise dos resultados
que indicaram o aumento do vigor e a redução das outras cinco variáveis, em um
estudo utilizando o POMS como instrumento de coleta de dados. Para eles, como o
exercício físico produz melhoramentos na energia e força física, isso quer dizer que
o fator positivo do estado de humor, no caso o Vigor Físico, quando aumentado tem
a capacidade de reduzir os fatores negativos do estado de humor, Tensão;
Depressão; Raiva; Fadiga e Confusão Mental, melhorando consideravelmente o
estado de humor.
Abordando o aspecto intensidade do exercício físico , Días (2007) analisou as
relações e as diferenças existentes entre o Perfil dos Estados de Humor (POMS)
com as variações da carga de treino (intensidade do exercício) e os resultados
competitivos obtidos por atletas de Natação em uma amostra de 19 sujeitos, durante
29 semanas, em 15 momentos. Os resultados mostraram que os momentos em que
o POMS apresentou melhores resultados no estado de humor dos atletas coincidiu
com o período em que a intensidade da carga de treino era menor.
Considerando que a sessão de exercícios físicos utilizou a música para o
controle da intesidade, mantendo a aula no limiar moderado e refletindo as
indicações da pesquisadora, este pode ter sido um fator positivo na condução do
estudo e determinante dos resultados obtidos.

CONCLUSÃO
O estado emocional, caracterizado por variáveis referentes ao estado de
humor representadas no estudo pela tensão, depressão, raiva, vigor, fadiga e
confusão mental, melhora significativamente após uma sessão de exercícios físicos
estruturada em uma hora com intensidade moderada. Esse resultado pode ser
explicado pela influência que o exercício físico tem sobre a variável positiva do
estado de humor que é o vigor, aumentando-o significativamente, com isso as
dimensões negativas do estado de humor são significativamente reduzidas
conduzindo a pessoa para a melhora considerável do seu estado geral de humor.

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