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Revista de Ciências NOVA CONTABILIZAÇÃO DO ARRENDAMENTO

Gerenciais MERCANTIL CONFORME AS ALTERAÇÕES DA


Vol. 14, Nº. 20, Ano 2010 LEGISLAÇÃO VIGENTE

Bianca M. de Souza Silveira


Faculdade Anhanguera de Joinville RESUMO
unidade I
bianca@luzoliveira.com.br
As alterações previstas na Lei nº 11.638/07, destacam a nova forma de
contabilização do arrendamento mercantil financeiro. Primeiramente
conceitua-se arrendamento mercantil financeiro e operacional, para
Irene Petry Tomelin distinguir as operações. Após, apresenta-se as formas de contabilização,
Faculdade Anhanguera de Joinville dando ênfase nas modificações causadas pela nova legislação para o
unidade I arrendamento mercantil financeiro. Para as análises e comparações dos
irene.tomelin@aedu.com relatórios financeiros, utilizou-se uma empresa amostra, tributada pelo
Lucro Real, onde foram identificadas as diferenças e as alterações nos
valores para cada demonstração contábil. Ao final do estudo pontua-se
Mônica Gomes Westrup as variações encontradas nos principais Indicadores Econômico-
Faculdade Anhanguera de Joinville Financeiros com as modificações nas contas patrimoniais, onde ocorreu
unidade I o aumento no ativo imobilizado e no passivo. No resultado da empresa
monicawestrup@bol.com.br
houve uma redução no Lucro Líquido. A nova contabilização reflete a
real situação econômico-financeira da empresa.

Palavras-Chave: arrendamento mercantil; contabilização; indicadores


econômico-financeiros

ABSTRACT

The amendments made in the law no. 11.638/07 highlight the new
procedure of financial leasing accounting. Firstly, the definitions of
financial leasing and operational leasing are explained to distinguish
both operations. Then, the procedures of accounting are presented,
emphasizing the modifications made by the new law to financial
leasing accounting. To the analysis and comparison of the financial
reports, it was used a company as a sample, taxed as Real Profit, whose
were identified the distinctions and modifications of the values of each
financial statement. In the end of the research, the distinctions found in
the main financial economic indicators are pointed with the
modifications in the balance sheet, where there was a increase of the
fixed assets and the liability. In the accounting result of the company
there was a reduction in net profit. The new accounting reflects the real
situation of the company.
Anhanguera Educacional Ltda.
Keywords: financial leasing; accounting; financial economic indicators.
Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 4266
Valinhos, São Paulo
CEP 13.278-181
rc.ipade@aesapar.com
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original
Recebido em: 17/05/2010
Avaliado em: 24/03/2011
Publicação: 15 de março de 2012 67
68 Nova contabilização do arrendamento mercantil conforme as alterações da legislação vigente

1. INTRODUÇÃO

A contabilidade sofreu grandes alterações através da Lei nº 11.638/07, estando estas em


fase de adaptação por parte da contabilidade brasileira. Dentre os procedimentos
contábeis alterados, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, por meio do
Pronunciamento Técnico CPC nº 06 aprova a nova forma de contabilização do
Arrendamento Mercantil Financeiro.

Com esta nova contabilização haverá mudanças no valor das contas patrimoniais
e de resultado, causando modificações nos índices de liquidez, endividamento e
rentabilidade. Também será visível o valor do investimento e do financiamento em sua
totalidade, apresentando transparência no balanço patrimonial. Como consequência trará
aos acionistas e investidores maior clareza sobre a situação econômico-financeira da
empresa.

Para um melhor entendimento sobre os reflexos que serão causados nas


empresas tributadas pelo lucro real, através deste novo método que já é obrigatório a
partir do ano de 2009, é que a pesquisa abordará uma comparação entre a forma anterior e
a nova contabilização conforme a Lei nº 11.638/07, juntamente com as variações dos
índices econômico-financeiros.

Através de legislações, livros e internet foi realizada a pesquisa para o


entendimento do conteúdo abordado, e o estudo de caso elaborou-se com base nos dados
da empresa fictícia WS Transportadora Ltda. Será apresentada de forma clara e objetiva as
mudanças ocorridas no Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício
da empresa, finalizando com a análise de alguns indicadores econômico-financeiros para
identificar o reflexo das alterações na contabilização do arrendamento mercantil
financeiro.

2. ARRENDAMENTO MERCANTIL

O Leasing, palavra inglesa denominada arrendamento mercantil, é uma operação


financeira de médio ou longo prazo, realizada através de contrato onde uma instituição
financeira arrenda para a pessoa física ou jurídica um bem sem que esta tenha a obrigação
de adquiri-lo.

Pode se dizer também que o leasing, permite que uma empresa utilize de um
ativo permanente porém com a obrigação de pagar valores estabelecidos em contrato

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periodicamente e deduzir do imposto de renda, da mesma maneira que ocorre em um


empréstimo.

Gitman (2002) esclarece que para utilizar o bem, é firmado um contrato onde o
arrendatário deve pagar valores especificados no mesmo para poder usufruí-lo.

Muitas empresas utilizam-se das operações de arrendamento para adquirir novos


bens para uso nas atividades operacionais, evitando a utilização do capital de giro para
pagamento de tal operação. Para a aquisição do bem, é firmado um contrato onde o
arrendatário deve pagar valores especificados no mesmo e poder usufruí-lo.

O arrendamento mercantil é divido em financeiro e operacional, porém apenas o


financeiro sofreu alterações com a nova legislação.

2.1. Arrendamento Mercantil Operacional

É uma operação diretamente entre o fornecedor de um bem e o usuário, denominados


respectivamente como arrendador e arrendatários. A operação é regida por contrato onde
neste não há especificação de compra do mesmo. Pode-se ainda o arrendador se
responsabilizar pela manutenção ou assistência técnica que seja necessária para sua
funcionalidade, mesmo que em troca cobre pelos seus serviços (FORTUNA, 2002).

Ou seja, ao contrário do arrendamento mercantil financeiro, esta operação não


passa por uma instituição financeira para intermediar o uso do bem.

O contrato realizado nesta operação de arrendamento mercantil não pode


ultrapassar 75% do valor do bem e o arrendatário tem a opção de rescindi-lo a qualquer
data, mediante aviso prévio na forma estabelecida no contrato (FORTUNA, 2002).

Na operação de arrendamento operacional não há compromisso futuro por parte


do arrendatário, apenas fará uso do bem para as operações fins, seguindo as cláusulas
especificadas no contrato. No fim do contrato, devolve-se o bem ou renova-se para a
continuidade do uso por mais um período. Esta operação é caracterizada como um
contrato de locação, sendo os gastos registrados no resultado da empresa e ainda tem a
possibilidade de romper o contrato quando não precisar mais do uso do bem.

2.2. Arrendamento Mercantil Financeiro

O arrendamento mercantil financeiro, por ter como característica predominante o


financiamento que faz o locador, também é conhecido como arrendamento mercantil

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bancário. Esta é uma operação financeira em que uma empresa bancária adquire um bem
para uso de outra, chamada arrendatário.

Sendo que de acordo com Fortuna (2002) ao término do contrato o locador dispõe
de três opções:

š Efetuar renovação do contrato pelo valor estipulado.


š Adquirir o bem conforme estabelecido no contrato, podendo ser pelo
valor residual ou valor de mercado.
š Devolver o bem.

A operação de arrendamento financeiro possibilita a empresa efetuar aquisição


de novos bens e que transfere ao arrendatário todos os riscos referente ao uso do bem
arrendado, como depreciação e manutenção.

O valor residual é um valor de aquisição, expresso em percentual, que deve


constar nos contratos obrigatoriamente para que o arrendatário tenha a opção de compra
do bem ao término do contrato (AGUSTINI, 1999).

Contabilização do Arrendamento Mercantil Financeiro Conforme a Lei nº 6.099/74


O Conselho Monetário Nacional (CMN) regulamenta as operações de arrendamento
mercantil por meio da Lei nº 6.099 de 12 de setembro de 1974, com as devidas alterações
realizadas em 26 de outubro de 1983 através da Lei nº 7.132.

Uma das características específicas são as contraprestações, tratadas no Art. 11 da


Lei nº 6.099/74 onde relata que serão custos ou despesas operacionais (ligadas a atividade
principal) para a empresa adquirente do leasing (arrendatário) as parcelas pagas fazendo
valer o contrato de arrendamento mercantil.

Assim entende-se que para essas empresas (arrendatários) que forem tributadas
pelo lucro real o valor da parcela paga por meio de contrato de arrendamento mercantil
será considerado como despesa operacional dedutível do lucro para cálculo do imposto
de renda.

Nos contratos de arrendamento mercantil financeiro o arrendatário tem três


opções para pagamento do valor residual, sendo a vista no início do contrato, durante sua
vigência junto com a prestação, ou ainda ao término do contrato (AGUSTINI, 1999).

Considera-se a forma mais complexa de contabilização é a opção de efetuar o


pagamento do valor residual juntamente com a prestação do arrendamento mercantil
financeiro, pois tem tratamento contábil diferenciado, ou seja, ambos são lançados em

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contas específicas. Segue as formas de contabilização do arrendamento mercantil


financeiro anterior a Lei nº 11.638/07:

š Valor Residual pago com as parcelas: o valor da prestação do arrendamento


mercantil é debitado com uma despesa de aluguel. E o valor residual é registrado a
débito no ativo imobilizado. Em contrapartida lança-se o crédito na conta que se
refere ao pagamento (caixa, banco).

Quadro 1. Contabilização Valor Residual.


Débito/ Crédito Descrição da Conta
Débito Arrendamento Mercantil (Valor Residual Mensal) – Ativo Imobilizado
Débito Despesa de Aluguel – (Prestação) – Conta de Resultado
Crédito Caixa ou Banco (Valor total da parcela) – Ativo Circulante

š Valor Residual pago a vista: o mesmo é registrado no ato do pagamento, a débito no


ativo imobilizado e a crédito de caixa ou banco. Neste caso o valor das prestações
mensais é reconhecido como despesa operacional, a débito da conta de despesa de
aluguel e crédito na conta referente ao pagamento.

Quadro 2. Contabilização Valor Residual Pago a Vista.


Débito/ Crédito Descrição da Conta
Débito Arrendamento Mercantil (Valor Residual Mensal) – Ativo Imobilizado
Crédito Caixa ou Banco (Valor Residual Total) –Ativo Circulante
Débito Despesa de Aluguel – (Prestação) – Conta de Resultado
Crédito Caixa ou Banco (Valor total da parcela) – Ativo Circulante.

š Valor Residual pago ao término do contrato: as despesas são contabilizadas da


mesma forma mensalmente, alterando apenas o ativo imobilizado para registro ao
final do contrato.

Quadro 3. Contabilização Valor Residual Pago no Término do Contrato.


Débito/ Crédito Descrição da Conta
Débito Arrendamento Mercantil (Valor Residual Mensal) – Ativo Imobilizado
Crédito Caixa ou Banco (Valor Residual Total) – Ativo Circulante
Débito Despesa de Aluguel – (Prestação) – Conta de Resultado
Crédito Caixa ou Banco (Valor total da parcela) – Ativo Circulante.

š Depreciação: Apropriação das despesas pelo valor residual do bem.

Quadro 4. Contabilização da Depreciação.


Débito/ Crédito Descrição da Conta
Débito Despesa de Depreciação (Apropriação Mensal) – Conta de Resultado.
Crédito Depreciação Acumulada (Apropriação Mensal) – Ativo Imobilizado.

Em todas as formas de contabilização há o reconhecimento mensal da


depreciação sobre o valor residual acumulado na conta do ativo imobilizado. Sendo
lançado o débito na conta despesa de depreciação e o crédito na conta redutora do ativo
denominada depreciação acumulada.

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Nova Contabilização do Arrendamento Mercantil Financeiro Conforme a Lei nº


11.638/07
Os lançamentos referente arrendamento mercantil realizados na contabilidade a partir de
2009 serão obrigatórios que estejam em conformidade com o inciso IV do Art. 179 da Lei
nº 6.404/76, alterada pela Lei nº 11.638/07.

De acordo com a NBC T 10.2 as empresas arrendatárias não contabilizarão o


arrendamento mercantil em contraprestações mensais na conta de resultado, mas sim, em
seu valor total nas contas patrimoniais, lançando nas contas de resultado apenas o valor
referente as depreciações e encargos financeiros, apropriando mensalmente conforme o
regime de competência. Em consequência, esse novo método aumentará no ato da compra
o valor do ativo e também o capital de terceiros por compor o valor do arrendamento
mercantil no passivo circulante e não circulante.

A contabilização do contrato do arrendamento mercantil na empresa


arrendatária deverá acontecer da seguinte forma:

š Arrendamento Mercantil Financeiro: será debitado o valor do bem em sua totalidade


no ativo não circulante e como contrapartida terá seu crédito como financiamento no
passivo circulante e não circulante, conforme prazo.

Quadro 5. Contabilização do Arrendamento Mercantil Financeiro.


Débito/ Crédito Descrição da Conta
Débito Arrendamento Mercantil – (Valor Total do bem) - Ativo Imobilizado.
Crédito Financiamento Arrendamento Mercantil (curto prazo) – Passivo Circulante
Crédito Financiamento Arrendamento Mercantil (longo prazo) – Passivo Circulante

š Encargos Financeiros: serão lançados a débito em contas redutoras do passivo


circulante e não circulante, tendo como contrapartida as próprias contas de
financiamento do arrendamento mercantil em curto e longo prazo.

Quadro 6. Contabilização Encargos Financeiros.


Débito/ Crédito Descrição da Conta
Débito Encargos Financeiros a Apropriar (curto prazo) – Passivo Circulante.
Débito Encargos Financeiros a Apropriar (longo prazo) – Passivo Não Circulante.
Crédito Financiamento Arrendamento Mercantil (curto prazo) – Passivo Circulante.
Crédito Financiamento Arrendamento Mercantil (longo prazo) – Passivo Não Circulante.

š Apropriação dos Encargos Financeiros: será realizado mensalmente creditando a


conta Encargos Financeiros a Apropriar e debitando a conta de Despesa Financeira.

Quadro 7. Contabilização da Apropriação dos Encargos Financeiros.


Débito/ Crédito Descrição da Conta
Débito Despesa de Arrendamento Mercantil (Apropriação) – Conta de Resultado.
Crédito Encargos Financeiros a Apropriar (Apropriação) – Passivo Circulante.

š Depreciação: será apurada mensalmente, com base no valor total do bem arrendado
no ativo imobilizado, debitada na conta de despesa e com contrapartida a crédito na
conta redutora do Ativo Imobilizado depreciação acumulada. Modelo da
contabilização conforme a Quadro 05.

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2.3. Comparativo da Contabilização nas Demonstrações Contábeis

Com a nova forma de contabilização ocorrerá alterações nas contas patrimoniais e de


resultado, assim modificando o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do
exercício.

Balanço Patrimonial (BP)


Os grupos que sofrerão alterações no balanço patrimonial serão o Ativo não Circulante, o
Passivo Circulante e Não Circulante.

No Ativo, além do grupo “Permanente” que agora faz parte do “Ativo Não
circulante”, as mudanças foram apenas nos valores de lançamentos, sendo na conta de
Arrendamento Mercantil, que antes reconhecia apenas os valores residuais mensais e na
contabilização atual será lançado o valor total do bem. Consequentemente os valores das
depreciações mensais aumentarão, pois antes era lançada mensalmente sobre o montante
acumulado do valor residual, enquanto nesta nova forma será calculada sobre o valor
total do bem imobilizado.

Já no Passivo, as alterações refletiram em grande parte, pois na antiga


contabilização não era reconhecido valores no grupo do passivo. Agora o passivo
circulante e não circulante recebem o valor total do bem como financiamento e os
encargos para apropriação mensal, cada grupo abrange a proporcionalidade referente ao
seu prazo, sendo curto ou longo.

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)


Devido a mudança no lançamento das despesas, houve também alterações no valor e
contas da Demonstração do Resultado do Exercício.

Na DRE, as mudanças ocorrerão nas despesas financeiras e nos valores referente


as depreciações mensais. Na antiga contabilização era lançado mensalmente o valor da
contraprestação (despesa de aluguel) no grupo de despesas financeiras, agora este grupo
será utilizado para apropriação mensal dos encargos financeiros do arrendamento
mercantil financeiro.

A depreciação continua sendo lançada nas despesas operacionais mensalmente,


no entanto com a nova forma de contabilização o valor aumentará devido o cálculo ser
sobre o valor total do ativo imobilizado.

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2.4. Indicadores Econômico-financeiros

Para fazer as análises das demonstrações financeiras de uma empresa, são necessários
instrumentos básicos, que apresentem resultados para que sejam analisados e
visualizados de forma a melhorar o desempenho da entidade.

Segundo Matarazzo (2003, p. 147), “índice é a relação entre contas ou grupo de


contas das Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da
situação econômica ou financeira de uma empresa”.

Observa-se que através dos índices pode-se obter informações referentes às


contas das demonstrações e visualizar onde é investido mais ou menos, e de onde vem os
financiamentos, se de capital próprio ou de terceiros, de curto ou longo prazo.

Índices de Endividamento
Através deste pode-se verificar em que nível de endividamento encontra-se a empresa, se
as aplicações são financiadas por Capital de Terceiros ou Capital Próprio, que representa
o passivo total.

š Grau do Endividamento

Este índice mostra o quanto a empresa tomou de capital de terceiros em relação


ao capital próprio que são na realidade fontes de recursos da empresa, representando
assim o grau de dependência da empresa para com terceiros. Por outro lado, pode ser
vantajoso obter recursos de terceiros, quando utilizado para financiar ativo imobilizado,
pois as aplicações produtivas geram recursos para o pagamento das dívidas assumidas

É através deste índice que se observa quanto a empresa tem de dívidas para com
terceiros, ou seja, seu grau de endividamento. Por esta análise vê-se a importância de estar
atento ao capital da empresa, verifica-se em que precisa ser melhorado, pois quanto
menor o índice melhor. Os credores analisam esse índice para ver a situação da empresa
perante o mercado referente suas obrigações, como empréstimos e financiamentos.

Quadro 8. Fórmula – Grau de Endividamento.


Fórmula – Grau de Endividamento
GE = (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo) x 100
Patrimônio Líquido

š Endividamento Total

Esse índice segue a regra de quanto menor melhor, sendo assim, é correto dizer
que quanto maior for o percentual obtido, maior será a pressão no caixa para pagar os
compromissos.

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Segundo Marion (2006, p. 104):


[...] são os indicadores de endividamento que nos informam se a empresa se utiliza mais
de recursos de terceiros ou de recursos dos proprietários. Saberemos se os recursos de
terceiros têm seu vencimento em maior parte em curto prazo ou em longo prazo.

O indicador de Endividamento Total mostra se a dívida maior está para curto


prazo ou para longo prazo. Por isso quanto menor for o percentual existirá maior folga em
caixa para a execução dos pagamentos.

Quadro 9. Fórmula – Endividamento Total.


Fórmula – Endividamento Total
ET = (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo) x 100
Passivo Total

š Composição do Endividamento

Na composição do endividamento quanto menor for o indicador, melhor a


capacidade de pagamento num momento de crise financeira. Segundo Teles (2002) maior
será a pressão no caixa para pagar os compromissos, se tiver uma concentração de dívidas
no passivo circulante, porém se a empresa tiver um baixo índice terá uma folga maior
para honrar suas obrigações em curto prazo. Então pode-se dizer que a empresa busca
sempre um menor índice da composição do endividamento.

Quadro 10. Fórmula – Composição do Endividamento.


Fórmula – Composição do Endividamento
CE = Passivo Circulante x 100
Capital de Terceiros

Índices de Liquidez
Através dos índices de liquidez pode-se analisar a capacidade de pagamento da empresa
em relação as suas obrigações.

š Liquidez Corrente

Este índice indica a capacidade financeira que empresa dispõe no Ativo


Circulante (aplicações de curto prazo) para cada R$ 1,00 de Passivo Circulante (dívida de
curto prazo).

Este indicador é representado em valores e não em percentuais. Se uma empresa


obtenha um índice de R$ 1,50, esse número nos diz que essa empresa com os
investimentos constantes no ativo circulante é capaz de quitar suas dívidas a curto prazo e
ainda lhe restaria 50% do valor de investimentos.

Neste caso lê-se que para cada R$ 1,00 de dívida a empresa possui R$ 1,50 de
recursos para quitá-la. Pode-se interpretar então que, quanto maior o índice significa que

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a empresa possui maior capacidade imediata de solvência para as dívidas em curto prazo
(MATARAZZO, 2003).

Quadro 11. Fórmula – Liquidez Corrente.


Fórmula – Liquidez Corrente
LC = Ativo Circulante
Passivo Circulante

š Liquidez Geral

O índice de liquidez geral evidencia a capacidade que a empresa tem em recursos


de curto e longo prazo para liquidar as suas dívidas totais, quando esse índice ultrapassa
R$ 1,00 significa que a empresa está em condições boas de solvência de dívidas
(MATARAZZO, 2003).

A análise do indicador determina as condições de pagar os compromissos com


terceiros apenas com as disponibilidades mais os realizáveis a curto e a longo prazo, sem
precisar utilizar dos investimentos, imobilizado e intangível.

Quadro 12. Fórmula – Liquidez Geral.


Fórmula – Liquidez Geral
LG = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo
Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

Índices de Rentabilidade
Os índices de rentabilidade têm por finalidade medir a capacidade da empresa para
retribuir o capital investido pela empresa.

Os índices deste grupo mostram qual a rentabilidade dos capitais investidos, isto
é, qual é o retorno dos investimentos e, portanto, qual o grau de êxito econômico dos
investidores e gestores (MATARAZZO, 2003). Pode ser o retorno do capital próprio ou de
terceiros o seu conceito é quanto maior melhor.

š Giro do Ativo

O Giro do Ativo é de grande importância para as empresas, pois através dele é


possível visualizar se a empresa está tendo retorno sobre seus investimentos em relação as
vendas.

Este índice representa quanto a empresa vendeu para cada R$1,00 capital
investido, entende-se que quanto maior melhor (MATARAZZO, 2003).

Quadro 13. Fórmula – Giro do Ativo.


Fórmula – Giro do Ativo
GA = Vendas Líquidas
Ativo Total

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š Margem Líquida

Para medir a eficiência e a viabilidade do negócio analisa-se a margem líquida


que se dá pela fórmula lucro líquido dividido pelas vendas líquidas multiplicado por cem.

Em termos de expectativas futuras os resultados devem ser calculados


exclusivamente sobre as operações contínuas. Não se deve considerar resultados de
atividades não recorrentes ou que estejam em descontinuidade (AZEVEDO, 2006).

Pode-se ver que a margem líquida é importante pra se ter uma base do lucro da
empresa, pois nos mostra quanto a empresa obtém de lucro para cada determinado valor,
e pode-se dizer que quanto maior melhor.

Quadro 14. Fórmula – Margem Líquida.


Fórmula – Margem Líquida
ML = Lucro Líquido x 100
Vendas Líquidas

š Retorno sobre o Patrimônio Líquido

A rentabilidade sobre o patrimônio líquido visa mostrar a parte dos lucros que
sobra a os sócios, após o pagamento do capital de terceiros.

Esse indicador conjuga todos os demais indicadores de rentabilidade,


lucratividade, e de atividades, numa expressão final: o quanto ganhamos (PADOVEZE,
2004).

Então verifica-se que o retorno sobre o patrimônio líquido pode ser muito útil
para várias atividades na empresa, como para se comparar o quanto foi a rentabilidade do
capital que os sócios investiram.

Quadro 15. Fórmula – Retorno sobre PL.


Fórmula – Retorno sobre o PL
TRPL = Lucro Líquido x 100
Patrimônio Líquido

2.5. Regime Tributário Transitório – RTT

O regime tributário transitório foi criado pela medida provisória nº 449/08, com o intuito
de neutralizar os impactos ocorridos através da nova forma de contabilização, para
apuração dos tributos federais.

Para encontrar a base de cálculo dos tributos, os incisos II e III do Art. 17 da Lei
nº 11.941/09 esclarecem que as empresas optantes devem:
II - realizar ajustes específicos ao lucro líquido do período, apurado nos termos do inciso
I, no Livro de Apuração do Lucro Real, inclusive com observância do disposto no § 2º,
que revertam o efeito da utilização de métodos e critérios contábeis diferentes daqueles

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78 Nova contabilização do arrendamento mercantil conforme as alterações da legislação vigente

da legislação tributária, baseada nos critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de


2007, nos termos do art. 16;
III - realizar os demais ajustes, no Livro de Apuração do Lucro Real, de adição, exclusão
e compensação, prescritos ou autorizados pela legislação tributária, para apuração da
base de cálculo do imposto.

Portanto, as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real poderão optar por este
regime durante os exercícios de 2008 e 2009. A partir de 2010 a opção será obrigatória até
a entrada em vigor de lei que trate da apuração dos tributos federais.

2.6. Tributação das Empresas pelo Lucro Real

O lucro real é um dos regimes tributários aplicados as empresas nacionais, sendo que
todas as pessoas jurídicas podem ser optantes por este regime. Contudo, existem algumas
empresas que estão obrigadas a esta opção, e dentre estas destaca-se as de arrendamento
mercantil que conforme o inciso II do Art. 246 do RIR/99, estão obrigadas a optar pelo
lucro real as empresas:
II- cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de desenvolvimentos, bancos de
investimentos, caixas econômicas, sociedades de credito, financiamento e investimento,
sociedades de credito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores imobiliários e
câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento
mercantil, cooperativas de credito, empresas de seguros privados e de capitalização e
entidades de previdências privada aberta;

No Art. 247 do RIR/99 define o conceito de lucro real da seguinte forma: “O


lucro real é o lucro líquido contábil do período de apuração ajustado pelas adições,
exclusões ou compensações autorizadas pela legislação”.

Neste sentido, observa-se que o lucro real não é o mesmo do lucro contábil. Pois
este primeiro será resultado de adições – valores que serão somados ao lucro para
sofrerem tributação e subtrações, chamadas de exclusões – valores que são abatidos do
resultado, a fim de diminuir o lucro tributável, e ainda compensar o prejuízo de trimestres
anteriores em apenas trinta por cento do valor do lucro corrente.

Formas de Apuração
Para cálculo dos tributos, Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que são incidentes no lucro real apurado, a entidade
pode efetuar os cálculos com base no lucro real trimestral ou anual.

Os valores da IRPJ e da CSLL serão respectivamente os resultados da aplicação


do percentual de 15% sobre o lucro e adicional de 10% sobre o excedente a R$ 60.000,00
desse lucro no trimestre e 9% sobre o resultado positivo para o cálculo da CSLL. Ambos
os valores serão recolhidos ao fim do mês subsequente ao término do trimestre.

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Na opção pelo lucro anual, a empresa ainda pode escolher o recolhimento por
estimativa, onde se aplica um percentual estimado de acordo com a atividade que a
empresa exerce ou por levantamento do balancete mensal, chamado de balancete de
suspensão ou redução. Os percentuais aplicáveis sobre o lucro são os mesmos da
apuração trimestral. Contudo, no lucro real anual os recolhimentos são mensais.

2.7. Reflexos no Resultado

A nova forma de contabilização, do arrendamento mercantil financeiro, adotada através


da Lei nº 11.638/07 modificou as contas patrimoniais, devido ao aumento do ativo
imobilizado e do passivo circulante e não circulante. Dessa forma ocorrerão alterações nos
índices de endividamento, liquidez e rentabilidade.

No resultado da empresa teremos reflexo no Lucro Líquido, pois as despesas são


diferentes da antiga contabilização, há o aumento da depreciação e a apropriação mensal
dos encargos financeiros.

Conforme o Art. 16, capítulo III, Lei nº 11.941/09:


As alterações introduzidas pela Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, e pelos arts. 37
e 38 desta Lei que modifiquem o critério de reconhecimento de receitas, custos e
despesas computadas na apuração do lucro líquido do exercício definido no art. 191 da
Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, não terão efeitos para fins de apuração do lucro
real da pessoa jurídica sujeita ao RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os
métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007.

Entende-se que a legislação fiscal não foi alterada, portanto para cálculo do
Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, serão efetuados conforme
a legislação vigente em 2007.

A nova contabilização também deixará mais transparente o Balanço Patrimonial


da empresa, pois lá constará como financiamento o arrendamento mercantil que
anteriormente era lançado diretamente para resultado.

3. ANÁLISES E RESULTADOS

Para realização desta pesquisa documental será utilizada a empresa amostra WS


Transportadora Ltda., tributada pelo regime de apuração lucro real, que atua no mercado
desde 24 de março de 2004, com a prestação de serviços de transportes.

O objetivo deste estudo é apresentar as diferenças entre a forma anterior e a


forma atual de contabilização do arrendamento mercantil financeiro e analisar os reflexos
causados nos indicadores econômico-financeiros. Visto que a empresa amostra adquiriu

Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2010 š p. 67-85
80 Nova contabilização do arrendamento mercantil conforme as alterações da legislação vigente

veículos para a prestação de serviços de transporte, no exercício de 2008, serão


apresentadas as modificações causadas no Balanço Patrimonial e Demonstração do
Resultado do Exercício, com as duas formas de contabilização.

3.1. Comparativo da Contabilização nas Demonstrações Contábeis

Pode-se verificar com os resultados do estudo realizado nesta empresa que ocorre
modificações consideráveis nas demonstrações contábeis: Balanço Patrimonial e DRE.

Balanço Patrimonial
Nota-se que ocorre grande aumento de valor no ativo não circulante, pelo fato da
contabilização do arrendamento mercantil financeiro estar pelo valor total. Dessa maneira
traz no balanço patrimonial uma melhor visão de todos os investimentos realizados pela
empresa.

Tabela 1. Comparação do Ativo entre a Forma Atual e Anterior.


BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO FORMA ATUAL FORMA ANTERIOR
ATIVO CIRCULANTE 4.595.920,35 4.595.920,34
DISPONIVEL 43.859,79 43.859,79
BENS NUMERARIOS 31.735,77 31.735,77
DEPOSITOS BANCARIOS A VISTA 12.124,02 12.124,02
CLIENTES 1.747.693,83 1.747.693,83
OUTROS CREDITOS 1.896.416,93 1.896.416,93
ESTOQUES 903.014,57 903.014,56
DESPESAS DO EXERCICIO SEGUINTE 4.935,24 4.935,24
ATIVO NÃO CIRCULANTE 3.045.480,99 2.016.314,33
CREDITOS, VALORES E BENS 77.418,77 77.418,77
IMOBILIZADO 2.968.062,22 1.938.895,56
BENS E DIREITOS EM USO 2.302.278,66 1.052.278,66
* Veículos 1.250.000,00 41.666,68
IMOBILIZADO EM ANDAMENTO 1.063.866,04 1.063.866,04
DEPRECIACAO ACUMULADA (397.600,63) (218.433,96)
* Dep. Acum. Veículos (187.500,00) (8.333,33)
AMORTIZAÇÃO ACUMULADA (481,85) (481,85)
TOTAL DO ATIVO 7.641.401,34 6.612.234,68

No passivo encontra-se grande variação, pois não ocorrem apenas mudanças nos
valores, mas sim nas contas patrimoniais que antes não eram utilizadas. Na forma atual
de contabilização os valores do arrendamento mercantil financeiro foram reconhecidos
como obrigações e por isso devem constar no passivo, o que não ocorria na contabilização
anterior. Então para isso foi lançado em contas de Financiamentos – Leasing (circulante e
não circulante), também foram criadas as contas encargos financeiros a apropriar

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(circulante e não circulante), onde nelas são lançados os valores referente aos juros que
deve ser apropriado a medida que forem acontecendo, ou seja, conforme a competência,
por esse motivo o valor dos juros constam no passivo. Assim também traz maior clareza
no balanço patrimonial, sendo que da forma antiga não apresentava o valor das
obrigações na totalidade e nem o valor dos encargos financeiros.

Tabela 2. Comparação do Passivo entre a Forma Atual e Anterior.


BALANÇO PATRIMONIAL
FORMA
PASSIVO FORMA ATUAL
ANTERIOR
PASSIVO CIRCULANTE 5.188.125,38 4.837.083,71
OBRIGACOES COM FORNECEDORES 1.035.949,17 1.035.949,17
OBRIGACOES COM PESSOAL/ENCARGOS 370.355,38 370.355,38
OBRIGACOES TRIBUTARIAS 633.102,39 633.102,39
INSTITUICOES FINANCEIRAS 1.246.321,65 895.279,99
FINANC P/CAPITAL DE GIRO 895.279,99 895.279,99
FINANCIAMENTOS - LEASING 501.041,67 -
* Encargos Financeiros a Apropriar (150.000,00) -
OUTRAS OBRIG. DE CURTO PRAZO 1.902.396,79 1.902.396,79
PASSIVO NÃO CIRCULANTE 1.782.075,89 1.078.950,89
INSTITUICOES FINANCEIRAS 1.782.075,89 1.078.950,89
FINANC P/AQUISICAO DE ATIVO 30.781,44 30.781,44
PARCELAMENTOS A LONGO PRAZO 507.031,20 507.031,20
FINANCIAMENTOS - LEASING 1.040.625,00 -
* Encargos Financeiros a Apropriar (337.500,00) -
FINANC P/AQUISICAO DE ATIVO 541.138,25 541.138,25
PATRIMONIO LIQUIDO 671.200,08 696.200,08
CAPITAL E RESERVAS 671.200,08 696.200,08
CAPITAL SOCIAL 460.000,00 460.000,00
LUCRO DO EXERCÍCIO 211.200,08 236.200,08
TOTAL DO PASSIVO 7.641.401,34 6.612.234,68

Demonstração do Resultado
Nota-se que a demonstração do resultado teve modificações em função da contabilização
das despesas que também teve modificações. O valor da depreciação do veículo
comprado através de contrato de arrendamento mercantil aumentou consideravelmente,
em função do valor do bem agora ser contabilizado pelo seu valor total no ativo não
circulante.

Ainda tem diferença entre os valores de despesas do arrendamento mercantil,


que na forma anterior era denominada a conta de Despesa de Leasing, nela o valor das
despesas contabilizadas eram maiores, pois a parte que cabia ao valor do bem era lançado
como se fosse uma despesa de aluguel. Agora com a atual forma de contabilização é
lançada a despesa de leasing em conta chamada Encargos Financeiros – Leasing, onde o
valor corresponde apenas aos encargos que vão sendo apropriados mês a mês.

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82 Nova contabilização do arrendamento mercantil conforme as alterações da legislação vigente

Com a forma atual de contabilização, o aumento da depreciação foi tão


considerável que mesmo tendo diminuído o valor da contraprestação/encargos
financeiros, o valor total de despesas de leasing e depreciação ainda são maiores com a
forma atual de contabilização e por isso que diminuiu o lucro líquido contábil.

Tabela 3. Comparação da DRE entre a Forma Atual e Anterior.


DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
FORMA ATUAL FORMA ANTERIOR

RECEITA OPERACIONAL LIQUIDA R$ 4.145.788,97 R$ 4.145.788,97


(-) CUSTO DOS SERVICOS PRESTADOS R$ (2.674.166,04) R$ (2.674.166,04)
(=) PREJUÍZO BRUTO R$ 1.471.622,92 R$ 1.471.622,92
(+/-) DESPESAS OPERACIONAIS R$ (1.323.569,82) R$ (1.298.569,82)
RECEITAS FINANCEIRAS R$ 231.797,98 R$ 231.797,98
Despesas c/Pessoal e Encargos R$ (183.957,52) R$ (183.957,52)
Despesas Administrativas R$ (324.251,05) R$ (324.251,05)
* Depreciação Veículos R$ (187.500,00) R$ (8.333,33)
Despesas Tributárias R$ (23.690,49) R$ (23.690,49)
Despesas Financeiras R$ (723.468,74) R$ (990.135,41)
* Encargo Fin./Despesas - Leasing R$ (112.500,00) R$ (266.666,67)
(=) LUCRO OPERACIONAL LÍQUIDO R$ 148.053,11 R$ 173.053,11
RESULTADOS NAO OPERACIONAIS R$ 63.146,97 R$ 63.146,97
(=) LUCRO LIQUIDO DO EXERCICIO R$ 211.200,08 R$ 236.200,08

3.2. Indicadores Econômico-financeiros

Para análise das mudanças que a nova contabilização do Arrendamento Mercantil


Financeiro trouxe para as empresas tributadas pelo Lucro Real, neste estudo de caso será
apresentado as variações dos Índices de liquidez, endividamento e rentabilidade, que a
nova contabilização de acordo com a Lei nº 11.638/07, trouxe para as entidades.

Com base nos dados apresentados no Balanço Patrimonial foram calculados os


índices de liquidez que apresentaram os seguintes percentuais:

Tabela 4. Índices de Liquidez, Endividamento e Rentabilidade


Índices de Liquidez, Endividamento e Rentabilidade
CONTABILIZAÇÃO NOVA ANTERIOR
Liquidez Corrente 0,89 0,95
Liquidez Geral 0,67 0,79
Grau de Endividamento 1038,47% 849,76%
Endividamento Total 91,22% 89,47%
Composição do Endividamento 74,43% 81,76%
Margem Líquida 5,09% 5,70%
Taxa de Retorno do PL 31,47% 33,93%
Giro do Ativo 0,54 0,63

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Analisa-se a Liquidez Corrente e a Liquidez Geral, que a empresa apresenta


menor liquidez para saldar suas dívidas com a nova contabilização, isto ocorre pelo
motivo de o Passivo Circulante a não Circulante, onde se encontra as dívidas da empresa,
conter valor maior, pois recebe o lançamento a crédito do financiamento do arrendamento
mercantil financeiro, que antes não ocorria.

No Grau de Endividamento e no Endividamento Total, a empresa possui maior


percentual com a nova contabilização, como visto nos índices de liquidez, o financiamento
de arrendamento mercantil foi reconhecido no capital de terceiros de curto e longo prazo
da empresa, gera maiores dívidas. Na composição do endividamento se observa uma
pequena queda de percentual pela nova forma, por motivo do capital de terceiros, onde
constam os financiamentos a curto prazo conter valores menores em relação às dívidas
totais.

Na análise dos índices de rentabilidade, também observa-se que a empresa


possui menor rentabilidade com esta nova forma de contabilização. Isto ocorre pelo
motivo do capital de terceiros conter maior valor.

3.3. Reflexos no Resultado

A nova forma de contabilização, do arrendamento mercantil financeiro, adotada através


da Lei nº 11.638/07 modificou as contas patrimoniais, ocorreu o aumento do ativo
imobilizado de R$ 1.938.895,56 reais para R$ 2.968.062,22 reais, sendo assim trouxe uma
diferença de R$ 1.029.166,66 reais. No passivo circulante trouxe um aumento de
R$351.041,67 reais e ainda no passivo não circulante ocorreu um aumento de R$
703.125,00 reais. Por esse motivo acabou aumentando os índices de endividamento,
diminuindo a liquidez e a rentabilidade também reduziu com a forma atual de
contabilização.

No resultado da empresa houve uma redução no Lucro Líquido, pois as despesas


são maiores agora com aumento da depreciação e a apropriação mensal dos encargos
financeiros.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa foi realizada por decorrencia das alterações sofridas na Lei nº 6.099/74
através da Lei nº 11.638/07. Um dos procedimentos alterados foi a contabilização do
Arrendamento Mercantil Financeiro.

Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2010 š p. 67-85
84 Nova contabilização do arrendamento mercantil conforme as alterações da legislação vigente

Com a contabilização atual houve mudanças no valor das contas patrimoniais


com o aumento do ativo imobilizado, do passivo circulante e não circulante. Como
consequência desses aumentos, também mudaram os resultados dos índices de liquidez e
endividamento, já que o valor das dívidas estão maiores.

Nas contas de resultado também houve mudanças, o valor das despesas que
agora ficou maior, pois o valor da conta de depreciação aumentou consideravelmente e
com as alterações no resultado houve uma redução no Lucro Líquido e com isso
modificaram-se os índices de rentabilidade.

Com a comparação realizada entre a forma anterior com a forma atual de


contabilização do Arrendamento Mercantil Financeiro constatou-se que na forma atual o
Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado do Exercício ficaram mais
transparentes, pois demonstram a real situação financeira da empresa para os acionistas e
investidores.

REFERÊNCIAS
AGUSTINI, Carlos Alberto Di. Leasing Financeiro. 3.ed. São Paulo: Atlas S/A, 1999.
AZEVEDO, Marcos. Demonstrações Contábeis em Estudo. São Paulo: Saraiva, 2006.
BRASIL. Lei nº 6.099, de 12 de setembro de 1974. Tratamento Tributário de Arrendamento
Mercantil. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br>. Acesso em: 02 mar. 2009.
______. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera a Lei nº 6.404/76 - Disposições Relativas à
Elaboração e Divulgação das Demonstrações Financeiras. Disponível em:
<http://www.portaldecontabilidade.com.br>. Acesso em: 28 fev. 2009.
______. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a Legislação Tributária Federal Relativa ao
Parcelamento Ordinário de Débitos Tributários; concede remissão nos casos em que especifica;
institui regime tributário de transação. Disponível em:
<http://www.portaldecontabilidade.com.br>. Acesso em: 02 jun. 2009.
______. Regulamento do Imposto de Renda – RIR, de 26 de março de 1999. Regulamenta a
tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto de Renda e Proventos de
qualquer natureza. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 24 abr.
2009.
COMITE DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico nº 06, de 03 de
outubro de 2008. Operações de Arrendamento Mercantil. Disponível em:
<http://www.cpc.org.br>. Acesso em: 28 fev. 2009.
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MARION, José Carlos, Análise das Demonstrações Contábeis: contabilidade empresarial. 3.ed.
São Paulo: Atlas, 2006.
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de balanços: abordagem básica e gerencial.
6.ed. São Paulo: Atlas, 2003.
PADOVEZE, Clóvis Luís. Controladoria Básica. 4.ed. São Paulo: Pioneira, 2004.
TELES, Marcello. Análise Financeira. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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Irene Petry Tomelin, Bianca M. de Souza Silveira, Mônica Gomes Westrup 85

Bianca M. de Souza Silveira


Bacharel em Ciências Contábeis. Atuante na área
contábil, realizando serviços contábeis em
escritório para algumas empresas de pequeno e
médio porte da cidade de Joinville/SC.

Irene Petry Tomelin


Contadora; Professora Universitária da Faculdade
Anhanguera de Joinville – Unidade I; MBA em
Gerência Contábil, Perícia, Auditoria e
Controladoria; Especialista em Didática e
Metodologia do Ensino Superior; Especialista em
Psicopedagogia; Orientadora específica na
elaboração de artigo de produção científica do
curso de Ciências Contábeis; sócia de empresa de
serviços Contábeis.

Mônica Gomes Westrup


Bacharel em Ciências Contábeis. Atuante da área
contábil, realizando serviços contábeis em
escritório para algumas empresas de pequeno e
médio porte da cidade de Joinville/SC.

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