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Soluções não tradicionais de escadas

Technical Report · October 1999


DOI: 10.13140/RG.2.1.2485.8082

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Jorge de Brito
University of Lisbon
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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO

MESTRADO AVANÇADO EM CONSTRUÇÃO E


REABILITAÇÃO

CADEIRA DE CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS

SOLUÇÕES NÃO TRADICIONAIS DE ESCADAS

Jorge de Brito

Outubro de 1999
ÍNDICE

1. Introdução 1
2. Pré-fabricação de escadas 4
3. Escadas em betão armado 6
3.1. Escadas de troços rectilíneos 7
3.2. Escadas em caracol 13
4. Escadas em madeira 14
4.1. Escadas de troços rectilíneos 14
4.2. Escadas em caracol 16
5. Escadas metálicas 17
6. Escadas mistas 19
7. Bibliografia 20
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Soluções não tradicionais de escadas por Jorge de Brito
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Soluções não tradicionais de escadas por Jorge de Brito

SOLUÇÕES NÃO TRADICIONAIS DE ESCADAS

1. INTRODUÇÃO

As escadas, elemento da construção comum a qualquer tipo de edifício com mais de um piso,
podem ser definidas como elemento resistente constituído por uma série de degraus para subir
e descer ligando desníveis de pavimentos ou de terreno. Podendo ser fixas ou amovíveis
(consoante podem ou não ser removidas se essa necessidade surgir), interiores ou exteriores
(consoante a sua situação relativamente ao espaço habitado do edifício) tomam diferentes
formas conforme o espaço onde são inseridas e o tipo de utilização pretendida (Fig. 1). Assim
as formas mais correntes são a escada de um só lanço rectilíneo (Fig. 1, à esquerda), as
escadas de dois a quatro lanços rectilíneos e ortogonais (Fig. 1, ao centro) e a escada em
caracol (Fig. 1, à direita). No entanto, só a imaginação dos arquitectos, a capacidade dos
engenheiros e construtores e as características dos materiais são limites às formas que as
escadas podem assumir, conforme a foto da capa, de uma escada helicoidal no Museu do
Louvre em Paris, pode demonstrar.

Fig. 1 [1] - Representação esquemática em planta de diversas formas correntes de escadas

Nas escadas, existem duas zonas tipo: os lanços, troços inclinados nos quais estão
implantados os degraus (podendo o primeiro ser designado como de arranque), e os
patamares, troços horizontais e sem degraus (podendo o último ser designado como de
desembarque ou cimeiro). Por outro lado, os degraus propriamente ditos são constituídos pelo
cobertor (ou planta), a parte horizontal onde apoiam os pés dos utentes, e pelo espelho, a parte

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vertical, que define a altura do degrau e que nalguns casos poderá ser suprimida. Ambas estas
partes são frequentemente revestidas (a pedra, madeira ou outros materiais) com materiais
diferentes dos que constituem a estrutura da escada.

É frequente distinguir as soluções construtivas das escadas em dois tipos: as tradicionais e as


não tradicionais, por vezes também designadas por pré-fabricadas ou racionalizadas. As
primeiras correspondem, no caso dos edifícios correntes, a escadas em betão armado
executadas no próprio local de implantação das mesmas, com o auxílio de cofragens e
escoramentos, sendo as armaduras montadas e o betão colocado in-situ. Estas soluções
apresentam ainda a característica de normalmente serem monolíticas com as lajes, vigas ou
paredes a que se ligam e em que se apoiam, funcionando geralmente como lajes maciças de
funcionamento unidimensional e simplesmente apoiadas em ambos os apoios de extremidade.
Não estão incluídas no âmbito deste documento.

As soluções não tradicionais de escadas são entendidas neste documento como as soluções em
betão armado pré-fabricadas em fábrica ou em estaleiro (em qualquer dos casos fora do seu
futuro local de implantação), assim como todas as soluções em que o material estrutural
principal não é o betão armado (madeira, aço, alumínio ou a junção destes materiais entre si
ou com o betão), independentemente do facto de serem pré-fabricadas ou não, ainda que a
primeira opção seja de longe a mais corrente em edifícios correntes com este tipo de
materiais.

Este documento pretende servir de apoio aos alunos do Mestrado Avançado em Construção e
Reabilitação do Instituto Superior Técnico na Cadeira de Construção de Edifícios. Foca parte
do capítulo dessa mesma cadeira dedicado às soluções não tradicionais de pavimentos e
escadas que, tal como toda a restante matéria, se restringe fundamentalmente aos edifícios
correntes.

O documento aborda fundamentalmente a descrição das soluções existentes e dos processos


construtivos associados às soluções não tradicionais de escadas, independentemente do facto
de estas técnicas serem, no cômputo geral dos edifícios correntes, relativamente pouco
utilizadas.

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A elaboração deste documento não resultou de investigação específica sobre o tema efectuada
pelo seu Autor mas sim de alguma pesquisa bibliográfica e de monografias escritas realizadas
por alunos do Instituto Superior Técnico, no Mestrado em Construção. Assim, muita da
informação nele contida poderá também ser encontrada nos seguintes textos, que não serão
citados ao longo do texto:

 Anaíza Hassam, “Sistemas Não Tradicionais de Escadas”, Monografia apresentada no


Mestrado em Construção, Instituto Superior Técnico, 1999, Lisboa;
 Filomena Carvalho, “Soluções Não Tradicionais de Escadas. Soluções à Base de Pré-
Fabricação em Betão, Metálicas e em Madeira”, Monografia apresentada no Mestrado em
Construção, Instituto Superior Técnico, 1999, Lisboa.

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2. PRÉ-FABRICAÇÃO DE ESCADAS

Uma definição possível de pré-fabricação é o fabrico de elementos em local exterior ao local


da obra, normalmente em série, cuja montagem e ligação à restante construção é executada no
local da obra segundo um plano ou modelo pré-determinado. Esta noção, susceptível de ser
aplicada a um conjunto alargado de elementos da construção (pavimentos, painéis exteriores e
interiores, platibandas, etc.), tem tido uma divulgação relativamente restrita no nosso País no
que se refere às escadas de edifícios correntes.

Apesar disso, existe uma indústria produtora destes elementos, tanto em betão armado (a
solução mais difundida para escadas de dimensões médias a grandes com sobrecargas
significativas) como em madeira, aço, alumínio ou um misto destes materiais (sobretudo em
comunicações verticais no interior de um mesmo espaço habitado). As formas adoptadas são
as utilizadas também nas escadas tradicionais (Fig. 1), a que se podem juntar algumas outra,
executadas por encomenda por empresas da especialidade: escada curva (Fig. 2, à esquerda) e
mista rectilínea - curva (Fig. 2, à direita).

Fig. 2 [1] - Formas menos correntes de escadas pré-fabricadas (representação em planta)

As vantagens da pré-fabricação de escadas são as seguintes:

 a boa integração numa concepção racionalizada (modular) da arquitectura do edifício;


 a repetitividade de processos, que se reflecte em melhor qualidade a prazo e diminuição
do tempo de execução;

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 a rapidez de execução (encomenda, transporte e colocação), com clara vantagem em


locais desabrigados quando as condições climatéricas não são favoráveis;
 o melhor controlo de qualidade dos materiais, processos de execução e dimensões;
 o facto de as escadas não ocuparem espaço em estaleiro, na medida em que podem ser
instaladas assim que chegam da fábrica.

Apresenta, no entanto, algumas desvantagens:

 dificuldades de transporte da fábrica para a obra e na movimentação dentro desta nas


soluções em betão armado ou de grandes dimensões, obrigando à mobilização de
equipamento adequado;
 independentemente do peso, a movimentação na obra torna-se difícil e susceptível de
produzir danos (na própria escada ou nos elementos da construção já colocados) para
escadas de grandes dimensões, sobretudo quando já foram executadas as paredes
divisórias ou quando se pretende instalar a escada num piso intermédio; esta questão
obriga a um bom planeamento, ao nível das encomendas mas não só;
 é frequente surgirem dificuldades de compatibilização dimensional entre as escadas e os
negativos deixados na obra para as mesmas assim como os pés direitos reais, dificuldades
estas de resolução extremamente difícil e onerosa;
 como em toda a pré-fabricação, as ligações são fonte de um conjunto de problemas
estruturais e de durabilidade;
 necessidade de grandes investimentos iniciais.

Subjacente ao conceito da pré-fabricação, estão os seguintes:

 reutilização das cofragens (em betão armado), com grande rotatividade das mesmas;
 assemblagem de um conjunto restrito de elementos de base para dar origem a uma
variedade de formas finais;
 processo de produção programado;
 processo de cura normalizado (em betão armado).

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3. ESCADAS EM BETÃO ARMADO

De entre as escadas pré-fabricadas, aquelas que têm maior aplicação em edifícios correntes
em Portugal são as executadas em betão armado. Há várias razões para esta tendência: a
inegável implantação que este material estrutural tem em toda a construção; a facilidade de
ajuste a pequenas variações dimensionais, existente em todas os projectos, desde que
detectadas antes da encomenda para fábrica; a elevada resistência destas soluções,
indispensável quando a sobrecarga de utilização é também elevada. No entanto, as escadas
feitas com este material têm também alguns inconvenientes: são soluções geralmente fixas, o
que torna difícil posteriores variações de utilização dos espaços; originam peças muito
pesadas, com todos os inconvenientes associados, tanto no transporte e movimentação, na
fábrica e na obra, como nas cargas que introduzem na restante estrutura; alguma dificuldade
de adaptação a pequenos espaços.

Do ponto de vista da forma de fabrico, é possível classificar os sistemas de pré-fabricação em


betão em duas classes:

 cofragens fixas, em que o equipamento de distribuição e vazamento do betão se desloca


ao longo das cofragens para as encher; o elemento permanece na cofragem até que o betão
faça presa e só depois é levado para armazenamento;
 instalação de betonagem fixa, em que as cofragens são colocadas sobre mesas que se
deslocam, passando pelo equipamento de betonagem para serem enchidas.

Na desmoldagem, o ideal é que a escada seja colocada praticamente na vertical, apoiada sobre
um dos lados, para evitar a formação de fissuras e economizar armadura. Para tal, pode-se
recorrer a um sistema, em a escada é betonada logo nessa posição e em que um dos painéis é
içado lateralmente, ou a um outro, em que a escada é betonada na horizontal e um dos painéis
bascula lateralmente em torno de uma charneira.

Como já foi referido, a pré-fabricação é muito sensível a incompatibilidades geométricas


detectadas apenas durante a construção. Daí que haja necessidade de definir de forma
extremamente rigorosa (ao milímetro, quando normalmente essa definição é feita no betão

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armado ao centímetro) todas as dimensões dos elementos estruturais assim como o posiciona-
mento dos elementos de ligação (Fig. 3). Não obstante este cuidado, é indispensável que os
moldes consagrem um conjunto de tolerâncias compatíveis com as condições de execução.

O dimensionamento de elementos pré-fabricados obriga à consideração das fases de


transporte e colocação in-situ. Neste sentido, torna-se necessário ter em conta, em particular
os aspectos seguintes: adesão aos moldes; transporte em posição diferente da do
funcionamento na situação final; efeitos dinâmicos.

No que se refere à fase definitiva, as soluções pré-fabricadas não apresentam grandes


novidades em relação tradicionais do mesmo tipo estrutural. Assim, nas escadas de troços
rectilíneos, o esquema de cálculo de esforços e dimensionamento tem o aspecto apresentado
na Fig. 4, à esquerda, ou seja, laje maciça simplesmente apoiada e armada numa só direcção.
Nas escadas em caracol ou em situações em que o apoio seja assimétrico (Fig. 13, à
esquerda), poderá haver necessidade de verificar a escada como um todo ou os degraus à
torção. Na solução apresentada na Fig. 15, os degraus apenas têm de ser calculados como
consolas encastradas no eixo central. O dimensionamento tem ainda que ser estendido a
certos elementos de importância secundária em termos macro-estruturais (consolas curtas -
Fig. 4, à direita, ancoragens, etc.).

As duas soluções mais correntes na pré-fabricação de escadas em betão armado em Portugal


são a escada composta por troços rectilíneos e a escada em caracol. Ambas serão focadas
neste documento, sobretudo no que se refere ao processo construtivo.

3.1. ESCADAS DE TROÇOS RECTILÍNEOS

Em termos geométricos, existem fundamentalmente duas opções: uma em que tanto os lanços
como os patamares são pré-fabricados e monolíticos entre si (pré-fabricação total - Fig. 5, à
esquerda) e outra em que apenas os lanços são pré-fabricados (pré-fabricação parcial) e são
apoiados em patamares, vigas ou paredes betonados in-situ (Fig. 5, à direita).

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Fig. 3 - Desenho de projecto de um lanço pré-fabricado de uma escada em betão armado

Diagrama a considerar
para dimensionamento da t máx
consola curta da escada

Fig. 4 - Esquema geral de dimensionamento de escadas de troços rectilíneos (à esquerda) e


esquema de dimensionamento das zonas de apoio (à direita)

Fig. 5 - Escadas pré-fabricadas de troços rectilíneos em betão armado

O processo construtivo de escadas pré-fabricadas é semelhante ao das escadas fabricadas in-


situ com as diferenças que decorrem da existência de melhores condições para o controlo de
qualidade, de moldes, armaduras, dimensões e processos normalizados e da necessidade de
armazenamento posterior ao fabrico. O processo será ilustrado com base nos elementos
fotográficos obtidos numa fábrica da especialidade que forneceu as escadas de um edifício de
habitação social em Lisboa.

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O primeiro passo é a indicação dada pelo projectista ou pelo empreiteiro do desnível a vencer
e das dimensões dos degraus e patamares (recorde-se que a cofragem - Fig. 6, neste caso
mista metálica - madeira - Fig. 7, à esquerda, permite algum grau de adaptação às necessidade
específicas de cada obra). Passa-se à montagem da armadura (Fig. 7, à direita), feita de forma
automatizada em máquinas adequadas, também permitindo alguns ajustes dimensionais.

Passa-se à betonagem da escada, à vibração para compactação do mesmo e ao alisamento a


talocha das superfícies lisas dos patamares e degraus (Fig. 8, à esquerda). Segue-se um
processo de cura normalizado. Em face da forma complexa destas peças, é indispensável
utilizar óleos descofrantes durante a desmoldagem, por forma a minimizar as forças de adesão
aos moldes e, portanto, os esforços não previstos nas peças durante esta operação. A
armazenagem dos elementos prontos é objecto de particular cuidado, procurando que estes
fiquem na posição em que ficarão no seu local definitivo (Fig. 8, à direita). Em obra, estes
procedimentos são um pouco descuidados (Fig. 5), ainda que se procure evitar esforços
(locais ou globais) nos elementos para os quais estes não foram concebidos.

Para permitir a movimentação da escada, quer na fábrica quer na obra, são previstos ganchos
nos patamares (Fig. 9, à esquerda). O transporte da fábrica para a obra á feito em camiões
providos de cavaletes apropriados para minimizar as acções a que ficam sujeitas as escadas
durante esta operação. A colocação em obra (pela abertura existentes no último piso) é feita
com o auxílio de uma grua e requer cuidados especiais, para não introduzir nas escadas
esforços não previstos no cálculo e para não as danificar por choque ou a outros elementos já
instalados.

Passa-se à ligação da escada pré-fabricada à estrutura executada in-situ. Os lanços de escada


com patamar apoiam em consolas curtas (cachorros) dimensionadas para o efeito (Fig. 9, à
direita). Por sua vez, os lanços intermédios sem patamar apoiam nos lanços com patamar
através de um sistema de ligação à base de ferrolhos (Fig. 10). Numa fase intermédia em que
os ferrolhos ainda não estão selados com resina epoxi, convém escorar a escada (Fig. 11, à
esquerda). As juntas entre os elementos estruturais executados in-situ e os pré-fabricados são
preenchidas com uma argamassa não retráctil (Fig. 11, à direita).

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Fig. 6 - Vista geral da cofragem (parte metálica) antes da montagem da cofragem de madeira
dos espelhos dos degraus

Fig. 7 - À esquerda, pormenor da cofragem mista metálica - madeira e; à direita, armadura das
escadas já montada e pronta a ser colocada

Fig. 8 - À esquerda, betonagem de um lanço e, à direita, forma de armazenamento correcto


em fábrica das escadas pré-fabricadas

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Fig. 9 - À esquerda, ganchos para movimentação das escadas e ferrolhos de ligação aos lanços
e, à direita, cachorro para apoio dos lanços com patamar

reservas de ligação (pelo menos


duas na largura do lanço)
ferrolho

patamar

gancho emergente do patamar

Fig. 10 - Esquema dos ferrolhos na zona de apoio dos lanços nos patamares (pré-fabricados ou
não)

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Fig. 11 - À esquerda, escoramento das escadas numa fase provisória e, À direita, junta entre
escada pré-fabricada e parede betonada in-situ
O exemplo apresentado não esgota de forma alguma as soluções pré-fabricadas de escadas de
troços rectilíneos (Fig. 12 e 13). O exemplo da Fig. 13, à direita, merece uma alusão especial,
já que se trata de uma utilização particular da solução da pré-laje, normalmente utilizada em
pavimentos horizontais. Tanto a parte superior do patim como os degraus têm de ser
betonados in-situ, pelo que se trata de uma solução de pré-fabricação parcial. Pelo contrário,
noutras soluções até os degraus são pré-fabricados (Fig. 14), mesmo não contribuindo para a
resistência da escada como um todo, sendo posteriormente fixados à estrutura.

Fig. 12 [1] - Exemplos de escadas pré-fabricadas de troços rectilíneos

Fig. 13 - Escada com degraus apoiados em pinos [2] (à esquerda) e escada executada com
pré-laje (à direita)

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Fig. 14 [2] - Exemplos de degraus pré-fabricados


3.2. ESCADAS EM CARACOL

A opção por uma escada em caracol prende-se normalmente com aspectos de ordem
arquitectónica e com a exiguidade do espaço disponível em planta para a comunicação
vertical. Em face dessas limitações, a solução é normalmente circunscrita a escadas interiores
em duplex.

Os degraus (Fig. 15, à esquerda) apresentam medidas normalizadas, sendo o maior ou menor
desnível vencido através de um número variável de peças acopladas. O eixo central pode ser
também pré-fabricado (e depois fixado convenientemente à base com chumbadouros) ou
executado in-situ.

No fabrico dos elementos constituintes da escada, recorre-se a moldes de madeira e seus


derivados, os quais permitem obter a forma pretendida com relativa facilidade.
Periodicamente, o sistema de cofragem é revisto com vista a garantir a qualidade do elemento
pré-fabricado. As armaduras dos degraus (Fig. 15, à direita) são fabricadas de forma
automatizada. Na betonagem, feita por processos normalizados, pode-se recorrer a betão
branco para conseguir um efeito estético agradável.

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Fig. 15 - À esquerda, armazenamento de degraus de escada em caracol e, à direita, armaduras


desses mesmos degraus

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4. ESCADAS EM MADEIRA

As escadas pré-fabricadas em madeira ou em derivados da madeira possuem algumas


características comuns às escadas metálicas e às mistas, ou seja, aquelas em dois ou mais
materiais são utilizados na superestrutura da escada e/ou dos degraus, que as separam das
escadas pré-fabricadas em betão armado. São muito mais leves, com todas as vantagens que
daí advêm. Por outro lado, têm geralmente uma capacidade de escoamento de pessoas
substancialmente inferior, o mesmo se passando com a resistência e a sobrecarga admissível.
São com frequência amovíveis, o que permite remodelações do espaço ao longo do tempo.
Finalmente, ocupam um espaço relativamente pequeno em planta, sobretudo nas versões em
caracol. A estas características, dever-se-á juntar, no caso particular da madeira, um inegável
conforto estético e visual. Por todas estas razões, a sua utilização é propícia em acessos
verticais dentro do mesmo espaço habitado (uma loja com mais de um piso, um apartamento
duplex, etc.), ou seja, em escadas interiores, mas não em escadas comuns a várias entidades.

Não faz parte do âmbito deste documento ou da cadeira na qual ele se insere a descrição dos
processos tecnológicos associados às construções em madeira ou metálicas, pelo que esses
aspectos não serão tratados na descrição das soluções de pré-fabricação de escadas com esses
materiais. Quanto ao dimensionamento, ele é feito pelo fabricante, limitando-se o técnico
projectista a consultar os prospectos comerciais, apresentados por vezes sob a forma de
tabelas de “cálculo”. Tal como para as escadas em betão armado, as duas soluções mais
correntes em madeira são a escada em troços rectilíneos e a escada em caracol.

4.1. ESCADAS DE TROÇOS RECTILÍNEOS

De entre as muitas soluções disponíveis no mercado, seleccionou-se uma [3] concebida à base
de peças que são acopladas formando uma trave de apoio dos degraus (Fig. 16, à esquerda).
As guardas, em madeira ou metálicas, estão dispostas de forma a contribuírem para a
estabilidade do conjunto, possibilitando o apoio dos degraus superiores sobre os inferiores.

As peças que formam a trave ligam-se por meio de parafusos e ferrolhos e são conveniente-
mente fixadas aos pavimentos (superior e inferior) do desnível. Aproximadamente de metro a

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metro, colocam-se também apoios que são fixados à trave e à parede por meio de peças
metálicas. Existe um conjunto alargado de componentes fixas e opcionais (Fig. 16, à direita).

Fig. 16 [3] - Vista geral e mostra de componentes de escada pré-fabricada em madeira,


rectilínea e de um só tramo

Fig. 17 - Exemplos de escadas em caracol em madeira ou derivados; à esquerda, fixação do


prumo central ao pavimento
4.2. ESCADAS EM CARACOL

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Existe uma infinidade de soluções de escadas em caracol em madeira ou derivados da mesma


(Fig. 17). De entre estas, seleccionou-se uma [3] (Fig. 17, segunda a contar da esquerda), em
que o eixo central é constituído por um prumo de madeira (ou metálico), fixado ao pavimento
com buchas e parafusos (Fig. 17, à esquerda), onde são acoplados os cilindros ocos e os
degraus num sistema macho - fêmea. A estes últimos são fixadas as peças que constituem a
guarda (também por meio de parafusos). Os degraus apresentam medidas normalizadas (o
diâmetro da escada pode variar entre 1.00 e 2.00 m), sendo o desnível vencido através de um
número variável de degraus acoplados. O último degrau da escada possui um sistema de
fixação ao pavimento (com chapa metálica e parafusos) que tem por objectivo garantir a
segurança e solidez do conjunto.

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5. ESCADAS METÁLICAS

As escadas metálicas apresentam em relação às escadas em madeira a vantagem da resistência


acrescida e, desde que protegidas, uma menor sensibilidade aos agentes atmosféricos,
nomeadamente a água, mas perdem em termos de conforto visual. No entanto, as muitas
soluções existentes permitem dar um bom enquadramento estético a este tipo de escadas (Fig.
18 e 19). Tal como para os outros materiais, as duas formas mais correntes de escadas
metálicas são a escada de troços rectilíneos (Fig. 18) e a escada em caracol (Fig. 19), com
forte predominância destas últimas em edifícios correntes.

De entre as escadas metálicas, há que distinguir fundamentalmente as de perfilados de aço e


as de ligas de metais leves como o alumínio. As primeiras, exigem pelo seu peso elevado
meios de transporte e manuseamento mais pesados e necessitam de ser protegidas
periodicamente contra a corrosão. As segundas podem ser facilmente manuseadas,
praticamente não precisam de manutenção e permitem a correcção de eventuais
empenamentos em obra, embora o preço seja um inconveniente e a resistência seja um pouco
menor.

A escada da Fig. 19, à esquerda, disponível em diâmetros entre 1.00 e 1.50 m, corresponde a
um sistema em tudo semelhante ao descrito nas escadas em caracol em madeira. O prumo é
sempre metálico, tal como os degraus. O guarda-corpos é composto por balaustradas
metálicas, fixas ao degrau, com corrimão do mesmo material.

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Fig. 18 - Exemplo de escadas metálicas de troços rectilíneos: Instituto do Mundo Árabe em


Paris

Fig. 19 - Exemplos de escadas metálicas em caracol

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6. ESCADAS MISTAS

As escadas mistas são aquelas em que os materiais estruturais, ou seja, os que não têm
exclusivamente a função de revestimento, são mais do que um. As razões desta associação são
várias: opções arquitectónicas / estéticas, aproveitamento das características mais propícias de
cada material, factores económicos e outras. Não apresentam novidades em termos de forma
(os sistemas da Fig. 16, à esquerda, e da Fig. 20, ao centro, apenas diferem entre si no
material de que é feita a trave, que passe de madeira a aço), de processo construtivo ou ainda
de dimensionamento estrutural. As associações materiais podem ser: metálicas - madeira (Fig.
20), metálicas - mármore (Fig. 21), metálicas - betão, betão - madeira, metálicas - polímeros
ou outras.

Fig. 20 - Exemplos de escadas mistas metálicas (vigamento) - madeira (degraus) de troços


rectilíneos

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Fig. 21 - Exemplo (IST) de escada mista metálica (2 vigas reticuladas) - mármore (degraus)

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7. BIBLIOGRAFIA

Nota: as referências bibliográficas indicadas de seguida não incluem as referidas no capítulo


de introdução a este documento, assim como um número não especificado de sites da Internet
e catálogos comerciais.

[1] José Igoa, “Escadas - Traçado, Cálculo e Construção”, Plátano Edições Técnicas, 4ª
Edição, 1996.
[2] Raymond Chaise, “Les Escaliers en Béton Armé”, Les Dossiers de Construire, Dunod.
[3] Pereira da Costa, “Enciclopédia da Construção Civil. Escadas de Madeira”, Portugália
Editora.

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