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Jorge de Brito
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Jorge de Brito
Outubro de 1999
ÍNDICE
1. Introdução 1
2. Pré-fabricação de escadas 4
3. Escadas em betão armado 6
3.1. Escadas de troços rectilíneos 7
3.2. Escadas em caracol 13
4. Escadas em madeira 14
4.1. Escadas de troços rectilíneos 14
4.2. Escadas em caracol 16
5. Escadas metálicas 17
6. Escadas mistas 19
7. Bibliografia 20
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Soluções não tradicionais de escadas por Jorge de Brito
Instituto Superior Técnico Cadeira de Construção de Edifícios
Soluções não tradicionais de escadas por Jorge de Brito
1. INTRODUÇÃO
As escadas, elemento da construção comum a qualquer tipo de edifício com mais de um piso,
podem ser definidas como elemento resistente constituído por uma série de degraus para subir
e descer ligando desníveis de pavimentos ou de terreno. Podendo ser fixas ou amovíveis
(consoante podem ou não ser removidas se essa necessidade surgir), interiores ou exteriores
(consoante a sua situação relativamente ao espaço habitado do edifício) tomam diferentes
formas conforme o espaço onde são inseridas e o tipo de utilização pretendida (Fig. 1). Assim
as formas mais correntes são a escada de um só lanço rectilíneo (Fig. 1, à esquerda), as
escadas de dois a quatro lanços rectilíneos e ortogonais (Fig. 1, ao centro) e a escada em
caracol (Fig. 1, à direita). No entanto, só a imaginação dos arquitectos, a capacidade dos
engenheiros e construtores e as características dos materiais são limites às formas que as
escadas podem assumir, conforme a foto da capa, de uma escada helicoidal no Museu do
Louvre em Paris, pode demonstrar.
Nas escadas, existem duas zonas tipo: os lanços, troços inclinados nos quais estão
implantados os degraus (podendo o primeiro ser designado como de arranque), e os
patamares, troços horizontais e sem degraus (podendo o último ser designado como de
desembarque ou cimeiro). Por outro lado, os degraus propriamente ditos são constituídos pelo
cobertor (ou planta), a parte horizontal onde apoiam os pés dos utentes, e pelo espelho, a parte
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vertical, que define a altura do degrau e que nalguns casos poderá ser suprimida. Ambas estas
partes são frequentemente revestidas (a pedra, madeira ou outros materiais) com materiais
diferentes dos que constituem a estrutura da escada.
As soluções não tradicionais de escadas são entendidas neste documento como as soluções em
betão armado pré-fabricadas em fábrica ou em estaleiro (em qualquer dos casos fora do seu
futuro local de implantação), assim como todas as soluções em que o material estrutural
principal não é o betão armado (madeira, aço, alumínio ou a junção destes materiais entre si
ou com o betão), independentemente do facto de serem pré-fabricadas ou não, ainda que a
primeira opção seja de longe a mais corrente em edifícios correntes com este tipo de
materiais.
Este documento pretende servir de apoio aos alunos do Mestrado Avançado em Construção e
Reabilitação do Instituto Superior Técnico na Cadeira de Construção de Edifícios. Foca parte
do capítulo dessa mesma cadeira dedicado às soluções não tradicionais de pavimentos e
escadas que, tal como toda a restante matéria, se restringe fundamentalmente aos edifícios
correntes.
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Soluções não tradicionais de escadas por Jorge de Brito
A elaboração deste documento não resultou de investigação específica sobre o tema efectuada
pelo seu Autor mas sim de alguma pesquisa bibliográfica e de monografias escritas realizadas
por alunos do Instituto Superior Técnico, no Mestrado em Construção. Assim, muita da
informação nele contida poderá também ser encontrada nos seguintes textos, que não serão
citados ao longo do texto:
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Soluções não tradicionais de escadas por Jorge de Brito
2. PRÉ-FABRICAÇÃO DE ESCADAS
Apesar disso, existe uma indústria produtora destes elementos, tanto em betão armado (a
solução mais difundida para escadas de dimensões médias a grandes com sobrecargas
significativas) como em madeira, aço, alumínio ou um misto destes materiais (sobretudo em
comunicações verticais no interior de um mesmo espaço habitado). As formas adoptadas são
as utilizadas também nas escadas tradicionais (Fig. 1), a que se podem juntar algumas outra,
executadas por encomenda por empresas da especialidade: escada curva (Fig. 2, à esquerda) e
mista rectilínea - curva (Fig. 2, à direita).
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reutilização das cofragens (em betão armado), com grande rotatividade das mesmas;
assemblagem de um conjunto restrito de elementos de base para dar origem a uma
variedade de formas finais;
processo de produção programado;
processo de cura normalizado (em betão armado).
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De entre as escadas pré-fabricadas, aquelas que têm maior aplicação em edifícios correntes
em Portugal são as executadas em betão armado. Há várias razões para esta tendência: a
inegável implantação que este material estrutural tem em toda a construção; a facilidade de
ajuste a pequenas variações dimensionais, existente em todas os projectos, desde que
detectadas antes da encomenda para fábrica; a elevada resistência destas soluções,
indispensável quando a sobrecarga de utilização é também elevada. No entanto, as escadas
feitas com este material têm também alguns inconvenientes: são soluções geralmente fixas, o
que torna difícil posteriores variações de utilização dos espaços; originam peças muito
pesadas, com todos os inconvenientes associados, tanto no transporte e movimentação, na
fábrica e na obra, como nas cargas que introduzem na restante estrutura; alguma dificuldade
de adaptação a pequenos espaços.
Na desmoldagem, o ideal é que a escada seja colocada praticamente na vertical, apoiada sobre
um dos lados, para evitar a formação de fissuras e economizar armadura. Para tal, pode-se
recorrer a um sistema, em a escada é betonada logo nessa posição e em que um dos painéis é
içado lateralmente, ou a um outro, em que a escada é betonada na horizontal e um dos painéis
bascula lateralmente em torno de uma charneira.
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armado ao centímetro) todas as dimensões dos elementos estruturais assim como o posiciona-
mento dos elementos de ligação (Fig. 3). Não obstante este cuidado, é indispensável que os
moldes consagrem um conjunto de tolerâncias compatíveis com as condições de execução.
Em termos geométricos, existem fundamentalmente duas opções: uma em que tanto os lanços
como os patamares são pré-fabricados e monolíticos entre si (pré-fabricação total - Fig. 5, à
esquerda) e outra em que apenas os lanços são pré-fabricados (pré-fabricação parcial) e são
apoiados em patamares, vigas ou paredes betonados in-situ (Fig. 5, à direita).
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Diagrama a considerar
para dimensionamento da t máx
consola curta da escada
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O primeiro passo é a indicação dada pelo projectista ou pelo empreiteiro do desnível a vencer
e das dimensões dos degraus e patamares (recorde-se que a cofragem - Fig. 6, neste caso
mista metálica - madeira - Fig. 7, à esquerda, permite algum grau de adaptação às necessidade
específicas de cada obra). Passa-se à montagem da armadura (Fig. 7, à direita), feita de forma
automatizada em máquinas adequadas, também permitindo alguns ajustes dimensionais.
Para permitir a movimentação da escada, quer na fábrica quer na obra, são previstos ganchos
nos patamares (Fig. 9, à esquerda). O transporte da fábrica para a obra á feito em camiões
providos de cavaletes apropriados para minimizar as acções a que ficam sujeitas as escadas
durante esta operação. A colocação em obra (pela abertura existentes no último piso) é feita
com o auxílio de uma grua e requer cuidados especiais, para não introduzir nas escadas
esforços não previstos no cálculo e para não as danificar por choque ou a outros elementos já
instalados.
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Fig. 6 - Vista geral da cofragem (parte metálica) antes da montagem da cofragem de madeira
dos espelhos dos degraus
Fig. 7 - À esquerda, pormenor da cofragem mista metálica - madeira e; à direita, armadura das
escadas já montada e pronta a ser colocada
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Fig. 9 - À esquerda, ganchos para movimentação das escadas e ferrolhos de ligação aos lanços
e, à direita, cachorro para apoio dos lanços com patamar
patamar
Fig. 10 - Esquema dos ferrolhos na zona de apoio dos lanços nos patamares (pré-fabricados ou
não)
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Fig. 11 - À esquerda, escoramento das escadas numa fase provisória e, À direita, junta entre
escada pré-fabricada e parede betonada in-situ
O exemplo apresentado não esgota de forma alguma as soluções pré-fabricadas de escadas de
troços rectilíneos (Fig. 12 e 13). O exemplo da Fig. 13, à direita, merece uma alusão especial,
já que se trata de uma utilização particular da solução da pré-laje, normalmente utilizada em
pavimentos horizontais. Tanto a parte superior do patim como os degraus têm de ser
betonados in-situ, pelo que se trata de uma solução de pré-fabricação parcial. Pelo contrário,
noutras soluções até os degraus são pré-fabricados (Fig. 14), mesmo não contribuindo para a
resistência da escada como um todo, sendo posteriormente fixados à estrutura.
Fig. 13 - Escada com degraus apoiados em pinos [2] (à esquerda) e escada executada com
pré-laje (à direita)
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A opção por uma escada em caracol prende-se normalmente com aspectos de ordem
arquitectónica e com a exiguidade do espaço disponível em planta para a comunicação
vertical. Em face dessas limitações, a solução é normalmente circunscrita a escadas interiores
em duplex.
Os degraus (Fig. 15, à esquerda) apresentam medidas normalizadas, sendo o maior ou menor
desnível vencido através de um número variável de peças acopladas. O eixo central pode ser
também pré-fabricado (e depois fixado convenientemente à base com chumbadouros) ou
executado in-situ.
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4. ESCADAS EM MADEIRA
Não faz parte do âmbito deste documento ou da cadeira na qual ele se insere a descrição dos
processos tecnológicos associados às construções em madeira ou metálicas, pelo que esses
aspectos não serão tratados na descrição das soluções de pré-fabricação de escadas com esses
materiais. Quanto ao dimensionamento, ele é feito pelo fabricante, limitando-se o técnico
projectista a consultar os prospectos comerciais, apresentados por vezes sob a forma de
tabelas de “cálculo”. Tal como para as escadas em betão armado, as duas soluções mais
correntes em madeira são a escada em troços rectilíneos e a escada em caracol.
De entre as muitas soluções disponíveis no mercado, seleccionou-se uma [3] concebida à base
de peças que são acopladas formando uma trave de apoio dos degraus (Fig. 16, à esquerda).
As guardas, em madeira ou metálicas, estão dispostas de forma a contribuírem para a
estabilidade do conjunto, possibilitando o apoio dos degraus superiores sobre os inferiores.
As peças que formam a trave ligam-se por meio de parafusos e ferrolhos e são conveniente-
mente fixadas aos pavimentos (superior e inferior) do desnível. Aproximadamente de metro a
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metro, colocam-se também apoios que são fixados à trave e à parede por meio de peças
metálicas. Existe um conjunto alargado de componentes fixas e opcionais (Fig. 16, à direita).
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5. ESCADAS METÁLICAS
A escada da Fig. 19, à esquerda, disponível em diâmetros entre 1.00 e 1.50 m, corresponde a
um sistema em tudo semelhante ao descrito nas escadas em caracol em madeira. O prumo é
sempre metálico, tal como os degraus. O guarda-corpos é composto por balaustradas
metálicas, fixas ao degrau, com corrimão do mesmo material.
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6. ESCADAS MISTAS
As escadas mistas são aquelas em que os materiais estruturais, ou seja, os que não têm
exclusivamente a função de revestimento, são mais do que um. As razões desta associação são
várias: opções arquitectónicas / estéticas, aproveitamento das características mais propícias de
cada material, factores económicos e outras. Não apresentam novidades em termos de forma
(os sistemas da Fig. 16, à esquerda, e da Fig. 20, ao centro, apenas diferem entre si no
material de que é feita a trave, que passe de madeira a aço), de processo construtivo ou ainda
de dimensionamento estrutural. As associações materiais podem ser: metálicas - madeira (Fig.
20), metálicas - mármore (Fig. 21), metálicas - betão, betão - madeira, metálicas - polímeros
ou outras.
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Fig. 21 - Exemplo (IST) de escada mista metálica (2 vigas reticuladas) - mármore (degraus)
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7. BIBLIOGRAFIA
[1] José Igoa, “Escadas - Traçado, Cálculo e Construção”, Plátano Edições Técnicas, 4ª
Edição, 1996.
[2] Raymond Chaise, “Les Escaliers en Béton Armé”, Les Dossiers de Construire, Dunod.
[3] Pereira da Costa, “Enciclopédia da Construção Civil. Escadas de Madeira”, Portugália
Editora.
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